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Tecnologia em Processos gerenciais Economia Introdução à EconomIa II ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Ao final da UA deverá ser capaz de associar a importân- cia da economia e sua influência nas organizações. COmpetênCias Associar a economia com o dia a dia do aluno e das empresas. Habilidades Explicar os conceitos básicos da Economia como a curva de possibilidade de produção, o fluxo econômico e outros. 2 Economia Introdução à EconomIa II ApresentAção Agora que já entendemos a importância da Economia para o Gestor, daremos início ao aprofundamento do estudo econômico iniciando a análise da curva de pos- sibilidade de produção onde o gestor poderá observar as diversas possibilidade de produção e escolher qual a possibilidade que traz a maior relação custo/benefício para a organização. Na segunda parte iremos estudar como ocorre a circulação dos bens e serviços na economia e como as famílias ofertam mão de obra para as empresas, tam- bém iremos entender a diferença entre bens de capi- tal, bens de consumo e bens intermediários e entender suas classificações. Na terceira parte do estudo iremos aprender o que é economia positiva e economia normativa, para po- dermos entender a forma como o economista estuda o problema econômico e sugere um conjunto de solu- ções para que o gestor escolha qual melhor se adeque a sua necessidade. Para finalizarmos o estudo desta Unidade vamos en- tender a diferença entre macroeconomia e microecono- mia observando que uma complementa a outra. Vamos nessa? pArA ComeçAr Na UA anterior vimos importantes conceitos básicos em Economia: a definição de Economia, os sistemas capita- lista e socialista, os agentes econômicos, os fatores de produção, os tipos de bens. Nesta UA vamos retornar à discussão sobre trade-offs. Porém, antes de continuar propomos a você respon- der a uma questão: Imagine que você acaba de receber um dinheiro ex- tra, talvez uma herança ou um prêmio da loteria. Economia / UA 02 Introdução à Economia II 4 Cansado de trabalhar para os outros, você resolve mudar de categoria de agente econômico de consumidor e colocar em prática sua capacida- de empresarial. Você consultou alguns amigos economistas e eles o aconselharam a escolher entre duas alternativas: 1. Abrir uma franquia de uma rede de lanchonetes; ou 2. Adquirir uma fazenda. A questão é: Qual dos dois negócios você abriria? Você já sabe que este é um exemplo de trade-off; também sabe como as pessoas os enfrentam, ou seja, para tomar essa decisão você precisa- rá comparar os custos e benefícios das duas alternativas de ação. Você provavelmente escolherá a de maior custo/benefício. Pois saiba que tanto empresas quanto a sociedade também enfren- tam trade-offs. Esse assunto e outros conceitos introdutórios serão apresentados nesta UA. FundAmentos Você estudou em Administração Geral os conceitos de eficiência e eficá- cia, lembra-se? Eficácia mede a relação entre os resultados obtidos e os objetivos pre- tendidos, ou seja, ser eficaz é conseguir atingir um dado objetivo. Eficiência representa uma medida segundo a qual os recursos são con- vertidos em resultados de forma mais econômica, ou seja, ser eficiente é fazer da melhor maneira possível o que se tem a fazer. De acordo com Rossetti (2003), a Economia também trabalha com o conceito de eficiência, neste caso com a eficiência produtiva. Segundo o autor, a eficiência produtiva ocorre quando a economia está com pleno emprego dos recursos produtivos disponíveis, isto é, com zero taxa de de- semprego seja de pessoas ou da capacidade instalada (edifícios e equipa- mentos). Em outras palavras, quando todos os fatores de produção estão empregados na produção de bens e serviços temos o pleno emprego e logo temos a eficiência produtiva. Para obter maior eficiência econômica após o pleno emprego dos fa- tores de produção é necessário que haja a expansão das fronteiras de Economia / UA 02 Introdução à Economia II 5 produção, ou seja, que haja acréscimos no quanto uma Economia possui de fatores como terra, trabalho, capital e tecnologia. Mas, para ficar mais clara essa discussão vamos utilizar o conceito de Curva de Possibilidade de Produção e sua representação gráfica. 1. CUrva de pOssibilidade de prOdUçãO (Cpp) Vasconcellos e Garcia (2008, p. 5) explicam que a “Curva (ou fronteira) de Possibilidades de Produção expressa a capacidade máxima de produção da sociedade, supondo pleno emprego dos recursos ou fatores de produ- ção de que se dispõe em dado momento do tempo”. Esse conceito está apoiado no conceito da escassez de recursos que impõe um limite sobre a produção. Para melhor ilustrar essa Curva de Possibilidade de Produção, vamos supor uma Economia simplificada na qual se produzem somente dois pro- dutos: máquinas e alimentos. É difícil imaginar essa situação quando pensamos na Economia como a conhecemos, não é? Quantos produtos você imagina que são produzidos no Brasil? Milha- res? Milhões? Então, esse esforço de imaginação que estamos propondo a você deve ter uma razão e ela existe: o economista simplifica a realidade para me- lhor entendê-la. E é isso que vamos fazer. Verifique na Tabela 1 o quanto nossa economia imaginária é capaz de produzir de alimentos e máquinas. Na Figura 1 temos os mesmos dados da tabela representados na forma de um gráfico: produção máquInas (milhares) alImEntos (toneladas) A 25 0 B 20 30 C 15 47,5 D 10 60 E 0 70 Tabela 1. Possibilidades de produção. Fonte: Adaptado de Vasconcellos e Garcia (2008). Economia / UA 02 Introdução à Economia II 6 30 25 20 20 30 40 50 60 70 80 15 10 10 5 0 B C A D E F G Na alternativa A, todos os fatores de produção seriam alocados na pro- dução de máquinas e nenhum na produção de alimentos, de acordo com os dados da Tabela 1. Na alternativa E teríamos uma situação diametral- mente oposta, ou seja, todos os fatores de produção estariam alocados na produção de alimentos e nenhum na produção de máquinas. Os ou- tros pontos mostram situações igualmente possíveis, mas apresentando diferentes combinações entre a produção de máquinas e alimentos. Mas, lembre-se que em todos os pontos e ao longo da linha do gráfico temos o pleno emprego dos fatores de produção. Ou seja, na Figura 1, podemos observar todas as possibilidades de produção potencial de máquinas e alimentos de nossa Economia imaginária. A curva formada pelos pontos A, B, C, D e E representam a fronteira de possibilidades de produção. Qualquer ponto abaixo dessa curva, ou seja, mais próximo da origem, representam alternativas nas quais os recursos são subutilizados ou onde há desemprego dos fatores de produção, como é o caso do ponto F. Para a Economia não é interessante operar neste ponto porque a produção de alimentos e máquinas podem se expandir até chegar à fronteira de possibilidades representado pela linha do gráfi- co, como já dissemos. Já além da curva, ou seja, à direita e se afastando da origem do produto cartesiano, como o ponto G, temos pontos impossíveis de produção já que estão além da fronteira de possibilidade de produção. Mais para frente vamos retornar à discussão sobre os pontos além da fronteira, contudo agora vamos recordar o conceito de custo de oportunidade. Figura 1. Curva de possibilidade de produção. Fonte: autor deste documento. Economia / UA 02 Introdução à Economia II 7 O custo de oportunidade já estudado na UA 1 pode ser verificado aqui toda vez que essa Economia sai de um ponto para outro. Por exemplo, se a Economia deixa a situação B para ficar em C. Em C, ela produz mais ali- mentos do que em B, no entanto, deve sacrificar a produção de máquinas. A transferência dos fatores de produção de máquinas para produzir mais alimentos implica em um custo de oportunidade. Por isso, não há como aumentar a produção de qualquer um dos dois bens, sem sacrificar a do outro. Na alternativa A, todos os fatores de produção seriam alocados na pro- dução de máquinas e nenhum naprodução de alimentos, de acordo com os dados da Tabela 1. Na alternativa E teríamos uma situação diametral- mente oposta, ou seja, todos os fatores de produção estariam alocados na produção de alimentos e nenhum na produção de máquinas. Os ou- tros pontos mostram situações igualmente possíveis, mas apresentando diferentes combinações entre a produção de máquinas e alimentos. Mas, lembre-se que em todos os pontos e ao longo da linha do gráfico temos o pleno emprego dos fatores de produção. Ou seja, no Gráfico 1, podemos observar todas as possibilidades de produção potencial de máquinas e ali- mentos de nossa Economia imaginária. A curva formada pelos pontos A, B, C, D e E representam a fronteira de possibilidades de produção. Qualquer ponto abaixo dessa curva, ou seja, mais próximo da origem, representam alternativas nas quais os recursos são subutilizados ou onde há desemprego dos fatores de produção, como é o caso do ponto F. Para a Economia não é interessante operar neste ponto porque a produção de alimentos e máquinas podem se expandir até chegar à fronteira de possibilidades representado pela linha do gráfi- co, como já dissemos. Já além da curva, ou seja, à direita e se afastando da origem do produto cartesiano, como o ponto G, temos pontos impossíveis de produção já que estão além da fronteira de possibilidade de produção. Mais para frente vamos retornar à discussão sobre os pontos além da fronteira, contudo agora vamos recordar o conceito de custo de oportunidade. O custo de oportunidade já estudado na UA 1 pode ser verificado aqui toda vez que essa Economia sai de um ponto para outro. Por exemplo, se a Economia deixa a situação B para ficar em C. Em C, ela produz mais ali- mentos do que em B, no entanto, deve sacrificar a produção de máquinas. A transferência dos fatores de produção de máquinas para produzir mais alimentos implica em um custo de oportunidade. Por isso, não há como aumentar a produção de qualquer um dos dois bens, sem sacrificar a do outro. Economia / UA 02 Introdução à Economia II 8 concEito Segundo o conceito de custo de oportunidade, os custos não devem ser considerados absolutos, mas iguais a uma segunda melhor oportunidade de benefícios não aprovei- tada. Ou seja, quando a decisão para as possibilidades de utilização de A exclui a escolha de um melhor B, podem- -se considerar os benefícios não aproveitados decorrentes de B como custos de oportunidade. De acordo com Rossetti (2003, p.213), “a ocorrência de custos de oportu- nidade, quaisquer que sejam as alternativas adotadas, é inexorável. Todos os agentes econômicos, considerados isoladamente ou em conjunto, de- frontam com esta inexorável lei econômica”. No dia a dia o administrador é obrigado a fazer a escolha em sua em- presa com o objetivo de aumentar a rentabilidade da empresa, mas sem- pre ocorre o sacrifício de outra oportunidade que o administrador deixa de optar em busca da melhor escolha, ou seja, a que provavelmente irá fornecer um maior retorno financeiro. Agora vamos retomar nossa discussão sobre os pontos além da fron- teira de possibilidade de produção, além da CPP. Sabemos que nossa Economia imaginária só poderá operar no ponto G se houver um acréscimo da quantidade empregada de fatores de produção como a quantidade de equipamentos existentes nesta Economia. Só para você ter uma ideia mais clara do que são fatores de produção, Rossetti (2003) apresenta uma lista de fatores de produção que inclui: popu- lação economicamente mobilizável (homens e mulheres capazes de traba- lhar); reservas de recursos minerais; potencial hidrelétrico; solos favoráveis para a produção agrícola e animal; costas marítimas; e capital acumulado que inclui: infraestrutura econômica, infraestrutura social, máquinas e equi- pamentos, edificações e agrocapitais. Muita coisa, não é? Mas, para ficar mais fácil de lembrar, fatores de pro- dução são: força de trabalho, terra, capital e capacidade empresarial. Pois então, se a sociedade deseja operar no ponto G, terá que dispor de mais fatores de produção. Para chegar nesse ponto, a Curva de Possi- bilidade de Produção deverá ser deslocada para a direita. Isso é possível acontecer e demonstra um importante conceito econômico. Economia / UA 02 Introdução à Economia II 9 Dica Em um sistema capitalista, capital abrange os recursos usa- dos na produção de bens e serviços destinados à venda, isto é, as mercadorias. Aqueles meios de produção que são utili- zados para a satisfação direta das necessidades dos produ- tores não fazem parte do capital. 2. CresCimentO eCOnômiCO Isso mesmo, de acordo com Rossetti (2003), os deslocamentos das Curvas de Possibilidades de Produção são a representação teórica do processo de crescimento econômico. Por meio de um processo continuado que envolve o aumento da po- pulação, a acumulação de máquinas e outros bens de capital e, princi- palmente, um constante desenvolvimento da tecnologia e do conheci- mento, as economias de vários países, inclusive o Brasil, apresentam crescimento. No entanto, o deslocamento para a esquerda, significando a diminui- ção dos fatores de produção da economia, infelizmente, também podem ocorrer. Antigamente, as doenças epidêmicas, a exploração indiscrimina- da e irresponsável dos recursos naturais e as guerras eram as responsá- veis pelo deslocamento, hoje sabemos que os desarranjos institucionais (ou o mau governo) e as depressões econômicas podem sucatear o capital instalado em uma nação. concEito Crescimento econômico é o aumento da capacidade produti- va da economia e, portanto, da produção de bens e serviços de determinado país ou área econômica. É definido basica- mente pelo índice de crescimento anual do Produto Nacional Bruto (PNB) per capita. Para melhor entendermos como funciona a Economia, na sequência de apresentação de conceitos básicos, desejamos apresentar a você o Fluxo Circular de Renda. Economia / UA 02 Introdução à Economia II 10 3. FUnCiOnamentO de Uma eCOnOmia de merCadO Para entender o funcionamento do sistema econômico descrito na Unida- de 1, os economistas criaram uma representação gráfica na qual é possí- vel observar o fluxo real, o fluxo monetário e a união dos dois que forma- rão o fluxo circular da renda. Você deve estar se perguntando o que são estes fluxos? A economia tem dois lados que você pode perceber: de um lado tem o consumidor comprando bens e serviços (1) e de outro há empresas rece- bendo por esses bens e serviços. A atividade (1) se refere ao fluxo real da economia porque compõem o lado produtivo da economia. A atividade (2) representa esse mesmo fluxo em termos monetários. Isso se deve por- que na Economia moderna as transações se realizam com o pagamento em moeda. Para entender esses fluxos, mais uma vez utilizamos um recurso do economista: a simplificação da realidade. Imagine um sistema econômico no qual não há governo e nem transações com outras economias (estran- geiras), em outras palavras, imagine uma economia fechada. Nessa economia há dois agentes econômicos: aqueles que produzem – empresas e aqueles que consomem – famílias. Observe a representação gráfica da relação entre esses dois agentes na Figura 2. mercado de bens e serviços oferta oferta demanda demanda empresas mercado de fatores de produção famílias fluxo real da economia De um lado temos as famílias, ou seja, todos os consumidores de bens e serviços da nossa economia imaginária que procuram adquirir esses bens e serviços no mercado específico no qual as empresas oferecem os bens e serviços produzidos por elas. Em contrapartida, no mercado de fatores de produção as empresas demandam fatores de produção (terra, capital, Figura 2. Fluxo Real da Economia. Fonte: Adaptado de Vasconcellos e Garcia (2008). Economia / UA 02 Introdução à Economia II 11 mão de obra) que são ofertados pelas famílias. Isso porque as famílias são os proprietários dos fatores de produção que são oferecidos às empresas. Vasconcellose Garcia (2008) explicam que um fluxo é definido ao longo de um dado período de tempo (ano, mês etc.) no qual ele é medido. Esses mesmos autores esclarecem que o fluxo real só é possível com a presença da moeda, que é utilizada para remunerar os fatores de pro- dução e para o pagamento dos bens e serviços. Assim, paralelamente ao fluxo real da Economia, há o fluxo monetário que pode ser observado na Figura 3. Remuneração dos fatores de produção Pagamentos dos bens e serviços empresasfamílias fluxo monetário No mercado de fatores de produção, as empresas remuneram as famílias por meio dos salários, aluguel, juros ou lucro, e no mercado de bens e serviços as famílias remuneram as empresas que recebem o pagamento pelos bens e serviços. Rossetti (2003) lembra que a moeda, ao exercer sua função clássica, é o elo de interligação das transações praticadas pelos agentes econômicos. Os fluxos real e monetário interligam os dois agentes econômicos, completando-se e se realimentando. Em resumo, no lado real se dá o em- prego de recursos e o suprimento de bens e serviços e do lado monetá- rio se dá a remuneração dos recursos empregados e o pagamento pelos bens e serviços. A sobreposição desses dois fluxos nos dá uma ideia bem aproximada, porém simplificada, do funcionamento de um sistema econômico. A essa junção do fluxo real com o fluxo monetário da economia denominamos fluxo circular da renda. Observe na Figura 4. Figura 3. Fluxo Monetário da Economia. Fonte: Adaptado de Vasconcellos e Garcia (2008). Economia / UA 02 Introdução à Economia II 12 mercado de bens e serviços oferta de bens e serviços oferta de serviços dos fatores de produção demanda de bens e serviços demanda de serviços dos fatores de produção empresas mercado de fatores de produção famílias como produzir? para quem produzir? o quê e quanto produzir? Esse fluxo, de acordo com Vasconcellos e Garcia (2008), é chamado de fluxo básico. O fluxo completo incorpora o setor público – o governo e seu papel na economia – adicionando-se o efeito dos impostos e gastos públicos e incorpora o setor externo, que inclui as transações de bens e serviços, assim como o movimento financeiro com os sistemas econômi- cos (países e instituições) do resto do mundo. O fluxo circular da renda também nos ajuda a entender onde aconte- cem os problemas fundamentais da economia que discutimos na UA 1. → O que produzir? Quanto produzir? – questões que são resolvidas no mercado de bens e serviços. → Como produzir? – questão a ser resolvida no interior das empresas. As empresas, principalmente nos departamento de pesquisa e de- senvolvimento (P&D), é que desenvolvem novas técnicas para redu- ção de custos, aumento de produção e novas tecnologias. → Para quem produzir? – questão a ser resolvida no mercado de fa- tores de produção no qual a distribuição de renda acontece. A distri- buição de renda ou a justiça distributiva é a questão-chave da eco- nomia de aspecto mais complexo. De acordo com Rossetti (2003), em relação à justiça distributiva, há os que consideram norma a dis- tribuição desigual de recompensas pelo esforço social de produção. Mas, há os que consideram as desigualdades, sobretudo quando Figura 4. Fluxo Circular de Renda. Fonte: Adaptado de Vasconcellos e Garcia (2008). Economia / UA 02 Introdução à Economia II 13 muito acentuadas, como um dos mais perversos efeitos da ordem econômica histórica estabelecida em uma região ou em um país. Essa é uma questão complexa, sobretudo porque não se restringe so- mente à esfera econômica, sofre influências de forças políticas que ora podem privilegiar algumas classes sociais e ora podem privilegiar outras classes sociais. Apesar de ter melhorado, cabe lembrar que o Brasil ainda é um dos países com pior distribuição de renda do mundo. Como lembram Vasconcellos e Garcia (2008), a Economia é uma ciên- cia social e utiliza argumentos positivos e normativos, não obstante, não pode ficar neutra nesta questão. Mas, a seguir, vamos explicar melhor essas características da ciência econômica. 4. a eCOnOmia e seUs argUmentOs pOsitivOs e nOrmativOs. Os argumentos positivos (economia positiva) não envolvem juízo de valor, restringem-se a explicar o funcionamento da Economia. Trata da realida- de como ela é, portanto ela descreve o que está ocorrendo na economia por meio da observação do mundo real. Já os argumentos normativos (economia normativa), relativos à análise econômica, explícita ou implicitamente, trazem um juízo de valor sobre o que é correto ou incorreto em alguma ação econômica. Trata a realidade como ela deveria ser, portanto, ela faz uma análise do que foi descrito pela economia positiva, e baseado no juízo de valores cria uma proposi- ção de política econômica com o objetivo de definir uma melhor forma de gerenciar o problema proposto. Por exemplo: a taxa de juros está alta no Brasil (argumento positivo), logo devemos reduzi-la (argumento normativo). Portanto, segundo com Rossetti (2003), a economia descritiva e a teoria econômica possuem argumentos positivos. Já a política econômica é nor- mativa. Baseado no sistema de valores o governante acha que deve redu- zir a taxa de juros. A economia normativa pode afirmar que para evitar o aumento na inflação, o governo deve reduzir a taxa de juros. A Figura 5, que de acordo com Rossetti (2003) representa um esquema proposto por Bronfenbrenner, ajuda a esclarecer as diferenças entre os dois aspectos da Economia. Ela mostra como um fato econômico, por exemplo, o aumento do de- semprego, é explicado pela Economia positiva a partir da observação do mundo real, sua descrição e construção da análise econômica. No entan- to, se somarmos a essa análise um sistema de valores, por exemplo, uma inclinação ideológica para o sistema socialista ou capitalista, isso resulta Economia / UA 02 Introdução à Economia II 14 em proposições de política econômica que é constituído de argumen- tos normativos. Fatos econômicos Observação sistematizada do mundo real Economia descritiva Teoria econômica (Princípios, teorias, leis e modelos de economia) Análise econômica Posições filosóficas e político-ideológicas Juízos de valor sobre questões econômicas Proposições de política econômica Ex: Nível de desemprego de fatores de produção economia positiva sistema de valores economia normativa Na esfera da Economia positiva você pode observar que a Teoria econômi- ca implica na análise econômica. Vasconcellos e Garcia (2008) completam o esclarecimento sobre a ciência econômica ao apresentarem a divisão do estudo econômico. Esses autores explicam que a análise econômica, para fins didáticos e metodológicos, normalmente é dividida em quatro áreas de estudo: 1. A Microeconomia ou teoria de formação de preços – que estuda a formação de preços em mercados específicos, seja no mercado de bens e serviços, seja no mercado de fatores de produção. Em outras palavras, a microeconomia estuda como consumidores (famílias) e empresas interagem; 2. A Macroeconomia – que estuda a determinação e o comporta- mento dos grandes agregados econômicos. Os autores exemplifi- cam este nível de estudo da Economia com a determinação do PIB Figura 5. Economia positiva e normativa. Fonte: Adaptado Rossetti (2003). Economia / UA 02 Introdução à Economia II 15 (Produto Interno Bruto) e lembram que seu enfoque é basicamente de curto prazo, também chamado de conjuntural; 3. A Economia internacional – que analisa as relações econômicas entre os agentes econômicos residentes e os não residentes no país, exemplo empresas brasileiras que se relacionam (exportam seus produtos) para empresas ou governo estrangeiros. Esse estudo além de avaliar as transações comerciais de bens e serviços, avalia tam- bém as transações financeiras; 4. O Desenvolvimento Econômico – que inclui os estudos e conclu- sões sobre como é possível melhorar o padrão de vida da coletivida- de ao longo do tempo.O enfoque é estrutural e de longo prazo, ou seja, estuda a formação econômica de um país de uma perspectiva histórica, mas também avalia questões como o progresso tecnológi- co e as estratégias de crescimento. antena pArAbóliCA As bandeiras são outras1 Outro dia nos perguntaram por que há muito desempre- go nos países desenvolvidos e pouco nos emergentes. Trazendo a globalização para a localização, a pergunta podia ser formulada de outro modo: por que motivo tem mais desemprego na Grande São Paulo de que em Minas Gerais, no Amazonas ou no Nordeste? O mundo está sofrendo importante transformação. Está sendo implantada uma nova ordem econômica in- ternacional, com o esvaziamento do Estado-Nação e o crescimento da liberalização econômica. Leia-se multi e transnacionais. Também podemos dizer que estamos no fim da Era Industrial e no início da Era da Tecnologia. Se a Era Industrial está no fim, temos que entendê-la, acei- tá-la e conviver com ela. São ciclos históricos que não tem decreto-lei que impeça. A globalização faz parte dessa engrenagem. Tanto que ela é irreversível. Até as lideranças sindicais mais responsáveis já se convenceram. Procuram, agora, al- ternativas para sobreviver. As bandeiras são outras. Não adianta reclamar de aumento de salário, quando falta emprego. Não adianta pedir tíquete-refeição ou vale-transporte, quando tem empregados sobrando. E tantas outras vantagens trabalhistas. Então, nós perguntamos: é melhor poucos trabalhado- res com emprego garantido e muitas vantagens trabalhis- tas; ou muitos trabalhadores garantidos, com poucas van- tagens trabalhistas? É mais um desafio da globalização. Realmente, é um terrível impasse, principalmente para as lideranças sindicais. Pode ser lamentável, mas terá que prevalecer, sem dúvida, o bom senso: mais tra- balhadores empregados e menos vantagens trabalhis- tas. Essas vantagens oneram demasiadamente a folha de pagamentos das empresas. No Brasil, essas vantagens, ou encargos sociais, segundo cálculos do competente 1. COUTINHO, D. M. Entenda Globalização - Manual de Negócios. Aduaneiras, 2008. José Pastore, atingem 102% da folha, ou seja, represen- tam outro salário. e AgorA, José? Nesta UA estudamos a Curva de possibilidade de produ- ção que indica o nível de capacidade produtiva da econo- mia e o custo de oportunidade. Além disso, pudemos entender o funcionamento da economia com base no fluxo circular de renda que inclui o lado real e monetário da Economia. Além disso, terminamos nossa discussão mostrando os aspectos positivos e normativos da Ciência econômica. Agora que você já conhece um pouco sobre a econo- mia a sua importância para a decisão do administrador, apresentamos a história do pensamento econômico. AtividAdes É chegada a hora de reforçar seus conhecimentos sobre a influência da economia nas organizações com as ativi- dades que preparamos! Atenção e boa sorte. Economia / UA 02 Introdução à Economia II 18 glossário Capacidade ociosa: Diferença entre o volume efetivo da produção e o que seria possível produzir com a capacidade instalada. Depósito compulsório: É uma lei que obriga os bancos comerciais e outras instituições financeiras a depositarem junto ao banco central parte de suas captações financeiras. reFerênCiAs COUTINHO, D. M. �Entenda Globalização - Ma- nual de Negócios. Aduaneiras, 2008. ROSSETTI, J. P. �Introdução à Economia. São Paulo: Atlas, 2003. VASCONCELLOS, M. A. S; GARCIA, M. E. �Funda- mentos de Economia. São Paulo: Sarai- va, 2008.