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01-Direito Administrativo (Origem e Princípios)

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Profº Rafael Sieiro 
rsieiro2@gmail.com Facebook.com/ProfessorRafaelSieiro 
UNIDADE GARDÊNIA AZUL – Rua Menta, nº 200, sala 301 (próx. ao Barra Music). 
 3477-8723 / 3243-2217 / 3248-8366 / 98581-2307 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
(ano 2014) 
 
ORIGEM 
 
O Direito Administrativo surge com a 
Revolução Francesa, em 1789, ocasião em que 
aparece a figura do Estado de direito. 
 
O Estado de direito calca-se na: 
a) Separação dos Poderes; 
b) Legalidade (vontade geral da população 
através de seus representantes); 
c) Direitos Fundamentais (oponíveis ao Estado, 
devendo este protegê-los). 
 
* Estado absolutista – não havia limite legal 
para o Estado – “The king can do no wrong”. 
Estado de direito – limitado pela ordem 
jurídica. 
 
Quanto ao marco de nascimento do Direito 
Administrativo, há algumas teorias: 
 
Seria na França, com a publicação da Lei de 
28 Pluvioso, que tratava da relação Estado-
cidadão. 
 
Alguns autores dizem ter nascido com o caso 
Blanco (julgado pelo judiciário francês em 1783 
– conflito negativo de competência). 
 
REGIME JURÍDICO 
 
O Direito Administrativo possui regime 
jurídico próprio, sendo por isso, uma disciplina 
autônoma e norteada por princípios gerais e 
específicos. 
 
Esse regime jurídico se resume em 
prerrogativas do Estado (poderes 
administrativos) e sujeições do Estado (onde 
se situam os princípios administrativos que 
norteiam a atuação do Estado e protegem o 
cidadão). 
 
PRINCÍPIOS 
 
a) Explícitos (art. 37, caput da CRFB/88). 
b) Implícitos ou reconhecidos (presentes em 
legislações, reconhecidos pela doutrina, etc). 
 
Art. 2o da Lei nº 9.784/99 A 
Administração Pública obedecerá, dentre 
outros, aos princípios da legalidade, 
finalidade, motivação, razoabilidade, 
proporcionalidade, moralidade, ampla 
defesa, contraditório, segurança 
jurídica, interesse público e eficiência. 
 
Art. 2º da Lei nº 5.427/09-RJ - O 
processo administrativo obedecerá, 
dentre outros, aos princípios da 
transparência, legalidade, finalidade, 
motivação, razoabilidade, 
proporcionalidade, moralidade, ampla 
defesa, contraditório, segurança 
jurídica, impessoalidade, eficiência, 
celeridade, oficialidade, publicidade, 
participação, proteção da confiança 
legítima e interesse público. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1) PRINCÍPIOS EXPLÍCITOS 
 
1.1) Legalidade 
 
O Princípio da legalidade possui algumas 
interpretações, dentre as quais podemos 
destacar: 
 
a) Supremacia da lei – a lei é superior aos 
demais atos jurídicos, salvo a Constituição. 
 
É a chamada VINCULAÇÃO NEGATIVA DO 
ADMINISTRADOR, ou seja, mesmo sem lei, o 
Administrador poderia atuar para implementar 
as políticas públicas, não haveria necessidade 
de lei prévia para sua atuação, porém, deveria 
respeitar as leis já em vigor ou que viessem a 
ser criadas. 
 
A lei possuiria uma função limitadora, mas 
não seria habilitadora das ações do 
Administrador Público. 
 
b) Reserva de lei – o Administrador só pode 
atuar se houver lei prévia, caso contrário ficaria 
inerte. Há uma vinculação positiva do 
Administrador à lei. 
 
Nessa acepção, a lei habilita a atuação do 
Administrador Público. 
 
Segundo Hely Lopes Meireles, no Brasil, a 
ideia de legalidade para Administração Pública 
compreende a Supremacia da lei e a Reserva 
de lei. 
 
Enquanto a legalidade para o Administrador 
significa que ele só pode atuar quando houver 
autorização legal e que a lei é superior aos 
demais atos jurídicos, exceto a Constituição 
Federal, para o particular, a legalidade 
significa que ele pode atuar, mesmo sem 
previsão legal expressa – art. 5º, III da CRFB/88 
(Supremacia da lei). 
 
Art. 5º, III da CRFB/88 - ninguém será 
obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei. 
 
* Administração Pública = Supremacia da lei + 
Reserva de lei. 
Particular = Supremacia da lei. 
 
* O Direito Constitucional aponta para várias 
espécies de “reserva de lei”, em 03 grandes 
grupos principais: 
 
a) Reserva de lei relativa – o assunto deve 
estar na lei, mesmo que de forma geral, não 
havendo necessidade de a lei ser exaustiva 
sobre a matéria, deixando espaço para 
regulamentação. 
 
b) Reserva de lei absoluta – a lei deve tratar 
determinado assunto de maneira exaustiva, não 
se podendo falar em espaço para 
regulamentação. 
 
a) Reserva de lei simples – o legislador trata 
da hipótese, sem estabelecer qualquer 
condicionamento do direito, podendo o 
Administrador regular a matéria (ex.: liberdade 
de crença). 
 
b) Reserva de lei qualificada – o legislador 
traz alguns standards que deverão ser 
respeitados pelo Administrador (ex.: 
interceptação telefônica). 
 
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a) Reserva de lei formal – quando determinada 
matéria só pode ser tratada por lei em sentido 
formal, aquela oriunda do Processo Legislativo. 
 
b) Reserva de lei material – quando a matéria 
pode ser tratada por ato normativo não oriundo 
do Processo Legislativo (ex.: art. 62 da 
CRFB/88 – Medida Provisória). 
 
Art. 62 da CRFB/88. Em caso de 
relevância e urgência, o Presidente da 
República poderá adotar medidas 
provisórias, com força de lei, devendo 
submetê-las de imediato ao Congresso 
Nacional. 
 
* CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO – é 
uma filtragem constitucional de todo o 
ordenamento jurídico. 
 
As normas constitucionais, para maioria dos 
autores, se dividem em regras e princípios, 
estes possuindo maior grau de abstratividade 
e aquelas com baixo ou nenhum grau de 
abstratividade. 
 
Os princípios do direito passaram a ter 
normatividade primária, ou seja, deixaram de 
ter um papel secundário, de invocação apenas 
em caso de falta de lei, conforme expõe o art. 4º 
da LICC, passando a ter força mesmo diante da 
existência de lei, podendo até mesmo uma lei 
ser considerada inconstitucional se violar um 
princípio. 
 
Art. 4o da LICC - Quando a lei for omissa, 
o juiz decidirá o caso de acordo com a 
analogia, os costumes e os princípios 
gerais de direito. 
 
* Não havendo lei, o Administrador poderia 
atuar para garantir Direitos Fundamentais? 
 
A releitura do princípio da legalidade diz que 
sim, desde que não seja para restringir Direitos 
Fundamentais e sim para promovê-los. 
 
INFORMATIVO Nº 405 DO STF 
As normas constitucionais, para maioria 
dos autores, se dividem em regras e 
princípios, estes possuindo maior grau 
de abstratividade e aquelas com baixo 
ou nenhum grau de abstratividade. A 
Turma, concluindo julgamento, negou 
provimento a recurso extraordinário 
interposto contra acórdãodo Tribunal de 
Justiça do Estado do Rio de Janeiro que 
mantivera decisão que reintegrara 
associado excluído do quadro da 
sociedade civil União Brasileira de 
Compositores - UBC, sob o 
entendimento de que fora violado o seu 
direito de defesa, em virtude de o 
mesmo não ter tido a oportunidade de 
refutar o ato que resultara na sua 
punição - v. Informativos 351, 370 e 385. 
Entendeu-se ser, na espécie, hipótese 
de APLICAÇÃO DIRETA DOS 
DIREITOS FUNDAMENTAIS ÀS 
RELAÇÕES PRIVADAS. Ressaltou-se 
que, em razão de a UBC integrar a 
estrutura do ECAD - Escritório Central 
de Arrecadação e Distribuição, entidade 
de relevante papel no âmbito do sistema 
brasileiro de proteção aos direitos 
autorais, seria incontroverso que, no 
 
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caso, ao restringir as possibilidades de 
defesa do recorrido, a recorrente 
assumira posição privilegiada para 
determinar, preponderantemente, a 
extensão do gozo e da fruição dos 
direitos autorais de seu associado. 
Concluiu-se que as penalidades 
impostas pela recorrente ao recorrido 
extrapolaram a liberdade do direito de 
associação e, em especial, o de defesa, 
sendo imperiosa a observância, em 
face das peculiaridades do caso, das 
garantias constitucionais do devido 
processo legal, do contraditório e da 
ampla defesa. Vencidos a Min. Ellen 
Gracie, relatora, e o Min. Carlos Velloso, 
que davam provimento ao recurso, por 
entender que a retirada de um sócio de 
entidade privada é solucionada a partir 
das regras do estatuto social e da 
legislação civil em vigor, sendo incabível 
a invocação do princípio constitucional 
da ampla defesa. 
RE 201819/RJ, rel. Min. Ellen Gracie, rel 
p/ acórdão Min. Gilmar Mendes, 
11.10.2005. (RE-201819). 
 
* Deslegalização – é uma releitura do Princípio 
da legalidade e está ligado ao tema das 
Agências reguladoras. 
 
Para Diogo de Figueiredo Moreira Neto é a 
retirada, pelo próprio legislador, de determinada 
matéria, do domínio da lei, passando-a para o 
domínio do ato administrativo. 
 
Haveria o rebaixamento do grau hierárquico 
de determinada matéria, uma vez que a lei é de 
grau maior que o ato administrativo. 
Celso Antônio Bandeira de Mello não admite 
tal instituto, considera inconstitucional, dizendo 
que não seria admitido pelo ordenamento 
jurídico pátrio, pois contraria o Princípio da 
Legalidade e da Separação dos Poderes. Diz 
ele que, se admitida a deslegalização, um ato 
administrativo poderia até mesmo contrariar a 
lei. 
 
Para José dos Santos Carvalho Filho, 
havendo rebaixamento, poderia a Agência 
reguladora editar atos normativos com maior 
autonomia, que prevaleceriam sobre a lei 
pretérita, porém, deveria respeitar a legislação 
criada posteriormente, se viesse a ser admitida. 
 
1.2) Impessoalidade 
 
O Princípio da impessoalidade possui duas 
acepções básicas: 
 
1ª acepção – se confunde com a isonomia ou 
igualdade – a Administração deve tratar todos 
os administrados de forma isonômica, 
impessoal (ex.: concurso público, licitação, 
precatórios). 
 
Porém, em algumas situações, desde que 
autorizadas por lei, poderá determinado 
administrado ter tratamento diferenciado, como 
no caso das microempresas e empresas de 
pequeno porte. 
 
Para Maria Sylvia e Hely Lopes, essa 
isonomia pode ser chamada de interesse 
público. Se há impessoalidade, há atendimento 
ao interesse público. 
 
 
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2ª acepção – O Administrador não pode se 
autopromover utilizando a máquina pública, os 
recursos que o Estado lhe põe a disposição. 
 
O Administrador não atua em nome próprio, e 
sim, em nome do Estado. 
 
O Agente não representa o Estado, ele é o 
próprio Estado naquela situação, ele presenta o 
Estado. 
 
A Constituição não permite a pessoalização 
ou personalização da atuação administrativa 
(art. 37, § 1º da CRFB/88). 
 
Art. 37, § 1º da CRFB/88 - A publicidade 
dos atos, programas, obras, serviços e 
campanhas dos órgãos públicos deverão 
ter caráter educativo, informativo ou de 
orientação social, dela não podendo 
constar nomes, símbolos ou imagens que 
caracterizem promoção pessoal de 
autoridades ou servidores públicos. 
 
1.3) Moralidade 
 
A atuação administrativa deve ser ética, 
moral. 
 
A Lei de Improbidade é um dos instrumentos 
de preservação do princípio. 
 
O princípio deve ser respeitado mesmo sem 
lei prévia (ex.: Súmula Vinculante nº 13 do STF 
– Nepotismo, o STF diz que tal preceito só se 
aplica a cargos administrativos, não a cargos 
políticos). 
 
 
1.4) Publicidade 
 
Em regra, os atos do Poder Público devem 
ser publicados, não podendo ser sigilosos. 
 
É uma consequência do Princípio 
Democrático (art.1º da CRFB/88), já que o 
Administrador Público atua em nome do povo. É 
uma forma de controle social do Poder. 
 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, 
formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito 
Federal, constitui-se em Estado 
Democrático de Direito e tem como 
fundamentos: 
(...) 
 
O art. 5º, XXXIII da CRFB/88 é uma exceção 
à publicidade, quando os atos praticados 
puderem causar riscos à segurança da 
sociedade e do Estado. 
 
Art. 5º, XXXIII da CRFB/88 - todos têm 
direito a receber dos órgãos públicos 
informações de seu interesse particular, ou 
de interesse coletivo ou geral, que serão 
prestadas no prazo da lei, sob pena de 
responsabilidade, ressalvadas aquelas 
cujo sigilo seja imprescindível à 
segurança da sociedade e do Estado; 
 
* Atos administrativos – costuma-se afirmar 
em doutrina que a publicação do ato é condição 
para sua eficácia. 
 
 
 
 
 
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1.5) Eficiência 
 
O princípio sempre foi obrigatório, porém, só 
foi positivado após a Emenda nº 19/98 – 
(Reforma Administrativa). 
 
Representou a passagem da Administração 
Pública burocrática para uma Administração 
Gerencial, ou seja, a Administração Pública 
Burocrática se prendia às formalidades legais. 
Na gerencial, a atuação administrativa deve 
buscar resultados, o atendimento efetivo dos 
Direitos Fundamentais. 
 
O princípio também incide de forma direta na 
conduta dos Agentes Públicos, pois se estes 
não forem eficientes nas suas funções, poderão 
ser demitidos, através da Avaliação Periódica 
de Desempenho (art. 41, III da CRFB/88).Art. 41. São estáveis após três anos de 
efetivo exercício os servidores nomeados 
para cargo de provimento efetivo em 
virtude de concurso público. (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 19, 
de 1998) 
§ 1º O servidor público estável só perderá 
o cargo: (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 19, de 1998) 
I – (...) 
II – (...) 
III - mediante procedimento de avaliação 
periódica de desempenho, na forma de 
lei complementar, assegurada ampla 
defesa. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 19, de 1998) 
 
* O Princípio da eficiência pode ser invocado 
isoladamente para o controle dos atos do 
Executivo? 
Para José dos Santos Carvalho Filho não é 
possível que o Judiciário analise atos do 
executivo com fundamento apenas na 
eficiência, deve este trazer algum aspecto de 
legalidade. 
 
Para jurisprudência e maior parte da doutrina, 
é possível esse controle, pois o princípio é 
norma jurídica e vincula a atuação do 
Administrador. 
 
2) PRINCÍPIOS RECONHECIDOS 
 
2.1) Razoabilidade e proporcionalidade 
 
Esses princípios foram consagrados no art. 
2º da Lei nº 9.784/99. 
 
Alguns autores tentam diferenciar os 
princípios (Humberto Ávila, Jane Reis Pereira): 
 
Proporcionalidade – seria aplicada em uma 
situação que envolve relação entre meios e fins 
(ex.: demissão do servidor por falta leve – 
haveria violação à proporcionalidade). 
 
Razoabilidade – é uma análise mais interna da 
norma jurídica. Seria sinônimo de não 
arbitrariedade. Seria a vedação ao excesso 
(ex.: uma lei que dá gratificação de férias para 
servidor público na ativa e estenda essa 
gratificação aos aposentados – não há justa 
causa para essa norma). 
 
A diferença entre esses princípios seria 
histórica, pois a razoabilidade surgiu nos EUA, 
 
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de uma evolução da cláusula do devido 
processo legal, para um processo substantivo, 
onde o Estado deve ser razoável com as regras 
processuais e a proporcionalidade surgiu na 
Alemanha, oriunda do Estado de Direito e do 
catálogo de Direitos Fundamentais colocados 
no texto constitucional. 
 
Porém, a maioria da doutrina não faz 
distinção quanto ao conteúdo dos princípios, 
dizem que são fungíveis entre si (Luis Roberto 
Barroso e STF). 
 
O princípio da razoabilidade ou 
proporcionalidade se subdivide em 03 
subprincípios ou testes da 
proporcionalidade/razoabilidade: 
a) Adequação 
b) Necessidade 
c) Proporcionalidade em sentido estrito 
 
a) Adequação ou idoneidade – a medida deve 
ser idônea para alcançar o resultado pretendido: 
“é impossível tapar o sol com uma peneira”. 
 
b) Necessidade ou vedação ao excesso – o 
ato estatal é proporcional se não houver outro 
ato que restrinja menos Direitos Fundamentais 
e alcance o mesmo fim: “não se amputa a perna 
de alguém, por conta de um problema de 
menisco” ou “não se mata pardais com tiros de 
canhão”. 
 
c) Proporcionalidade em sentido estrito – 
análise do custo-benefício da medida. É onde 
reside a ponderação de interesses. 
 
É a avaliação se a medida foi proporcional ao 
fim atingido, se gerou benefícios que justifiquem 
a restrição a outro princípio que fora afastado. 
 
É proporcional a medida estatal quanto 
maiores forem os ganhos do administrado. 
 
* Exemplos de aplicação da 
proporcionalidade, sob o prisma dos testes 
da proporcionalidade: 
 
- Adequação: 
 
a) Corretor de imóveis (exigência de 
comprovação de capacidade técnica para o 
particular exercer a profissão): o STF entendeu 
inconstitucional a exigência, pois não seria 
razoável se exigir comprovante técnico para 
exercer a profissão. 
 
b) Exigência de diploma de jornalismo para 
exercer a profissão – o STF entendeu não ser 
necessário diploma de nível superior. 
 
c) Proibição, por decreto, do Prefeito, de vender 
bebida alcoólica durante o carnaval, para 
diminuir o contágio do vírus HIV (exemplo de 
Luis Roberto Barroso). 
 
Esse ato seria inconstitucional por violar a 
adequação, pois o ato não seria o adequado, 
pois não haveria relação causal entre consumo 
de bebidas e transmissão do HIV. Haveria 
outros meios para se alcançar os fins 
pretendidos. 
 
 
 
 
 
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- Necessidade: 
 
a) Fábrica que emite resíduos poluentes acima 
do permitido por lei (exemplo de Luis Roberto 
Barroso). 
 
O Fiscal, dentre as opções de determinar a 
adoção de medidas que adéquem a fábrica à lei 
e a aplicação de uma multa ou a interdição da 
fábrica, se esta não puder se adequar à lei, 
resolve interditar a fábrica. 
 
A medida seria desnecessária, 
desproporcional, pois havia meios menos 
gravosos para atingir os fins pretendidos. 
 
- Proporcionalidade em sentido estrito: 
 
a) Uma lei estadual exigiu dos comerciantes de 
botijão de gás que os mesmos deveriam, na 
hora da venda, pesar o botijão na frente do 
consumidor e, se houvesse diferença no peso, o 
comerciante deveria dar a diferença em dinheiro 
ao consumidor. 
 
O STF entendeu inconstitucional tal medida, 
pois haveria conflito entre os princípios da livre 
iniciativa e o da proteção ao consumidor. 
 
No caso, afastou-se o princípio da proteção 
ao consumidor, aplicando-se o da livre iniciativa, 
porém, sem invalidar o primeiro. 
 
O benefício que a lei traria não justificava a 
forte restrição à livre iniciativa. 
 
Portanto, se a medida estatal esbarrar em 
qualquer dos três testes, ela será 
desproporcional/desarrazoada. 
2.2) Finalidade ou Supremacia do Interesse 
Público 
 
* Visão tradicional (majoritária): 
 
O princípio é um pilar fundamental do Direito 
Administrativo. 
 
É um poder-dever do Estado, atender ao 
interesse público, podendo limitar interesses 
privados para esse atendimento. 
 
Essa doutrina, inspirada na doutrina italiana, 
divide o interesse público em: 
 
- Interesse público primário – interesses que 
envolvam toda coletividade, é o atendimento 
aos interesses, às necessidades da 
coletividade, são os objetivos primários do 
Estado (ex.: segurança pública, saúde, 
educação, transporte público, etc). 
 
- Interesse público secundário – engloba os 
mecanismos que são necessários para que o 
Estado proteja/atenda aos interesses públicos 
primários (ex.: dinheiro para custear interesses 
públicos, patrimônio usado na satisfação dos 
interesses públicos primários, agentes 
públicos). 
 
Diogo de Figueiredo Moreira Neto fala em 
Administração Pública Extroversa, que seria 
a relação da Administração com terceiros. 
Relação Estado–cidadão (ex.: Poder de polícia, 
atividade de fomento, prestação de serviços 
públicos). Seriam os interesses públicos 
primários.Profº Rafael Sieiro 
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Fala também em Administração Pública 
Introversa, que é a relação interna da 
Administração Pública com ela mesma, com as 
pessoas que atuam dentro da Administração 
pública. 
 
* Visão moderna (minoritária): 
 
Não haveria em abstrato a supremacia do 
interesse público sobre o interesse privado 
(Humberto Ávila, Daniel Sarmento, Alexandre 
Santos de Aragão, Gustavo Binenbojm, Ricardo 
Schier). 
 
O texto da CRFB/88 dá destaque e proteção 
aos direitos fundamentais individuais privados e 
ao mesmo tempo, traz a necessidade de o 
Estado garantir proteção a esses direitos. 
 
Se a Constituição prevê proteção ao 
interesse público e ao interesse privado ao 
mesmo tempo, não há como se falar 
abstratamente que o interesse público irá 
prevalecer sempre sobre o interesse privado. 
 
Deverá haver, quando do conflito entre 
interesse público e interesse privado, 
ponderação no caso concreto. 
 
O que ocorreria na prática seria a conciliação 
entre interesse público e interesse privado e 
não um conflito entre eles (Humberto Ávila). 
 
Poderia se dizer que, em alguns casos, a 
Constituição já afirma que haverá prevalência 
do interesse público sobre o privado, mas deve 
haver análise do caso concreto. 
 
Por esses motivos, os adeptos da corrente 
moderna adotam a denominação Princípio da 
finalidade e não da Supremacia do interesse 
público. 
 
2.3) Continuidade 
 
É um princípio específico do Direito 
Administrativo, aplicado aos serviços públicos. 
 
Os serviços públicos devem ser prestados de 
maneira ininterrupta, contínua, porém, não se 
trata de um princípio absoluto. 
 
Exemplo: 
 
a) Interrupção do serviço público concedido, por 
falta de pagamento por parte do usuário. 
 
O art. 22 do CDC garante a continuidade do 
serviço público. 
 
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou 
suas empresas, concessionárias, 
permissionárias ou sob qualquer outra 
forma de empreendimento, são 
obrigados a fornecer serviços 
adequados, eficientes, seguros e, 
quanto aos essenciais, contínuos. 
 
Já o art. 6º, § 3º, II da Lei nº 8.987/97 admite 
a interrupção do serviço público por 
inadimplemento do usuário. 
 
§ 3o Não se caracteriza como 
descontinuidade do serviço a sua 
interrupção em situação de emergência 
ou após prévio aviso, quando: 
 
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I - motivada por razões de ordem 
técnica ou de segurança das 
instalações; e, 
II - por inadimplemento do usuário, 
considerado o interesse da 
coletividade. 
 
O STJ, em regra, diz que prevalece a Lei nº 
8.987/97, pois a continuidade pressupõe o 
preenchimento de certos requisitos por parte do 
consumidor, entre eles, condições técnicas para 
receber o serviço e o pagamento pelo serviço. 
 
b) Greve dos servidores estatutários. 
 
Para o trabalhador comum há a Lei nº 
7.783/89, porém, o servidor público estatutário, 
apesar da previsão do art. 37, VII da CRFB/88, 
não possui lei regulamentando seu direito de 
greve. 
 
VII - o direito de greve será exercido nos 
termos e nos limites definidos em lei 
específica; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 19, de 1998) 
 
O STF dizia que era norma de eficácia 
limitada ou não autoexecutável, porém, passou 
a entender que o próprio STF poderia suprir a 
lacuna legal por Mandado de Injunção e aplicou, 
por analogia, a lei de greve destinada ao 
particular, preservando-se algumas atividades 
essenciais, ou seja, há o impedimento e 
paralisação total de serviços públicos. 
 
2.4) Autotutela ou autocontrole 
 
A Administração Pública pode controlar seus 
próprios atos (Súmulas nº 346 e 473 do STF). 
Súmula nº 346 – A Administração Pública 
pode declarar a nulidade dos seus próprios 
atos. 
 
Súmula nº 473 – a administração pode 
anular seus próprios atos, quando eivados de 
vícios que os tornam ilegais, porque deles não 
se originam direitos; ou revogá-los, por motivo 
de conveniência ou oportunidade, respeitados 
os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos 
os casos, a apreciação judicial. 
 
A Administração Pública no exercício do 
autocontrole se vale, principalmente, da 
anulação (por ilegalidade do ato) e da 
revogação (por conveniência e/ou 
oportunidade). 
 
Há o dever de anular atos ilegais e faculdade 
de revogar atos inconvenientes ou inoportunos. 
 
Atualmente há vários limites a essa 
autotutela. Um deles seria o estabelecimento de 
prazos para o seu exercício, em atenção à 
segurança jurídica e à confiança legítima, 
ocorrendo a decadência administrativa (Art. 54 
da Lei nº 9.784/99 e art. 53 da Lei nº 5.427/09-
RJ). 
 
Art. 54 da Lei nº 9.784/99 – O direito da 
Administração de anular os atos 
administrativos de que decorram efeitos 
favoráveis para os destinatários decai 
em cinco anos, contados da data em 
que foram praticados, salvo comprovada 
má-fé. 
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais 
contínuos, o prazo de decadência 
contar-se-á da percepção do primeiro 
pagamento. 
 
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§ 2o Considera-se exercício do direito de 
anular qualquer medida de autoridade 
administrativa que importe impugnação 
à validade do ato. 
 
Art. 53 da Lei nº 5.427/09-RJ – A 
Administração tem o prazo de cinco 
anos, a contar da data da publicação da 
decisão final proferida no processo 
administrativo, para anular os atos 
administrativos dos quais decorram 
efeitos favoráveis para os administrados, 
ressalvado o caso de comprovada má-
fé. 
§ 1º No caso de efeitos patrimoniais 
contínuos, o prazo de decadência 
contar-se-á da percepção do primeiro 
pagamento. 
§ 2º Sem prejuízo da ponderação de 
outros fatores, considera-se de má-fé o 
indivíduo que, analisadas as 
circunstâncias do caso, tinha ou devia 
ter consciência da ilegalidade do ato 
praticado. 
§ 3º Os Poderes do Estado e os demais 
órgãos dotados de autonomia 
constitucional poderão, no exercício de 
função administrativa, tendo em vista 
razões de segurança jurídica ou de 
excepcional interesse social, restringir os 
efeitos da declaração de nulidade de ato 
administrativo ou decidir que ela só 
tenha eficácia a partir de determinado 
momento que venha a ser fixado. 
 
Ao exercer a autotutela, também deve 
proporcionar a ampla defesa e o contraditório 
ao administrado (RE 594296 RG / MG - MINAS 
GERAIS). 
 
RE 594296 RG / MG - MINAS GERAIS 
REPERCUSSÃO GERAL NO 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
Relator(a): Min. MENEZES DIREITO 
Julgamento: 13/11/2008 
EMENTA DIREITO ADMINISTRATIVO. 
Anulação de ato administrativo cuja 
formalização tenha repercutidono 
campo de interesses individuais. poder 
de autotutela da administração 
pública. necessidade de instauração 
de procedimento administrativo sob o 
rito do devido processo legal e com 
obediência aos princípios do 
contraditório e da ampla defesa. 
existência de repercussão geral. 
 
2.5) Participação administrativa e 
consensualidade ou consensualismo 
 
Há uma pequena diferença entre participação 
administrativa e consensualidade. 
 
- Consensualismo – denota oposição a uma 
atuação impositiva da Administração. 
 
Haveria sim, uma atividade orquestrada entre 
a Administração e o administrado. 
 
Traz uma ideia de substituição do ato 
administrativo pelo contrato administrativo ou 
processo administrativo. 
 
Essa ideia se contrapõe ao absolutismo, 
encarando o Estado como um parceiro nas 
prestações de serviço para coletividade. O 
Estado passa a prestar serviços para sociedade 
a fim de garantir direitos não só de 1ª geração 
(direito à vida, à liberdade, à propriedade, à 
liberdade de expressão, à participação política e 
religiosa, à inviolabilidade de domicílio, à 
liberdade de reunião, entre outros.), mas de 
todas as gerações. 
 
 
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Ele promove Direitos Fundamentais das 
pessoas, atuando através de parcerias com os 
administrados. 
 
A ideia é que, antes de tomar uma decisão, o 
Estado ouça os destinatários do ato. 
 
Temos a legitimidade originária da sociedade 
de um lado (se dá pelo voto) e legitimidade 
finalística de outro (a atuação do Administrador 
deve corresponder aos anseios da sociedade, 
através do consenso e não pela imposição de 
sua vontade). 
 
- Participação administrativa – permite que o 
cidadão participe da elaboração de uma norma 
administrativa ou de uma decisão 
administrativa. 
 
Essa participação se dará pelos destinatários 
diretos do ato a ser praticado. É menos amplo, 
mais restrito que o consensualismo, ou seja, 
dentro do conceito de consensualismo está 
inserido o da participação administrativa. 
 
As legislações recentes que consagram a 
necessidade de consulta pública ou audiência 
pública para tomada de decisões 
administrativas (leis que criam as Agências 
Reguladoras, em sua maioria, garantiram a 
participação do cidadão em consulta ou 
audiência pública), são exemplos dessa 
participação. 
 
A doutrina exige resposta das Agências 
Reguladoras para os cidadãos que emitirem 
questionamentos em audiência ou consulta 
pública. 
 
Outra lei que consagra estes princípios é a nº 
9.784/99, em que em alguns processos, a 
população afetada deverá ser consultada. 
 
Mais um exemplo é a Lei nº 11.079/04, que 
regula as Parcerias Público-privadas, que exige 
que o Poder Público que vai fazer a parceria 
público-privada coloque ao dispor dos 
interessados a minuta do edital para consulta 
pública. 
 
Surge assim a expressão “Administração 
Pública Democrática ou Consensual”. 
 
2.6) Segurança jurídica, boa-fé e confiança 
legítima 
 
A ideia básica é a da segurança jurídica, de 
onde extraem-se os outros dois princípios, da 
boa-fé e da confiança legítima. 
 
A segurança jurídica traz a ideia de uma 
atuação estável, coerente do Estado, que 
respeita a boa-fé do particular e sua expectativa 
legítima. 
 
A doutrina tradicionalmente divide a 
segurança jurídica em: 
 
a) Sentido objetivo – significa estabilização 
das relações jurídicas. Relações jurídicas 
perfeitas e acabadas devem ser respeitadas 
pelo Estado. 
 
b) Sentido subjetivo – é o respeito à boa-fé do 
particular e à confiança que a atuação do 
Estado gera no particular. Daqui a doutrina 
extrai os princípios da boa-fé e da confiança 
legítima. 
 
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Por vezes até mesmo algumas expectativas 
de direito devem ser respeitadas, em atenção 
ao princípio da confiança legítima (ex.: mudança 
no limite de idade para aposentadoria). 
 
Devem os atos da Administração que inovem 
no ordenamento jurídico, prejudicando 
determinada pessoa, passar por um período de 
transição. 
 
Proteção da confiança legítima – tem um 
efeito negativo e impede, por vezes, que o 
Estado atue (ex.: limitação do exercício da 
autotutela administrativa – Lei nº 9.784/99, art. 
54 e seguintes – 05 anos na Administração 
Federal – protege a boa-fé, a confiança legítima 
que o ato gera no particular). 
 
Havendo má-fé do particular, este não 
poderá suscitar o presente princípio. 
 
Doutrina majoritária afirma que, mesmo sem 
prazo expresso para autotutela administrativa, o 
Estado deve respeitar alguns limites, ou seja, 
deve haver algum prazo para que o Estado 
pratique seus atos. Diz a doutrina que, esse 
prazo deve ser estabelecido por analogia com a 
legislação administrativa, em até cinco anos. 
 
O princípio da proteção da confiança legítima 
possui, também, efeito positivo, uma obrigação 
de fazer por parte do Estado (ex.: concurso 
público e candidato aprovado dentro do número 
de vagas – segundo o STF este possui direito à 
nomeação e à posse - AG. REG. NO RE N. 
733.110-RS). 
 
AG. REG. NO RE N. 733.110-RS 
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI 
EMENTA: Agravo regimental no 
recurso extraordinário. Administrativo. 
Concurso público. Ato administrativo 
ilegal. Controle judicial. Possibilidade. 
Candidata aprovada dentro do número 
de vagas previstas no edital. Direito à 
nomeação. Análise de cláusulas de 
edital. Reexame de fatos e provas. 
Impossibilidade. Precedentes. 
1. Não viola o princípio da separação dos 
poderes o controle de legalidade exercido 
pelo Poder Judiciário sobre os atos 
administrativos. 
2. O Plenário da Corte, ao apreciar o 
mérito do RE nº 598.099/MS-RG, Relator 
o Ministro Gilmar Mendes, concluiu que o 
candidato aprovado em concurso 
público dentro do número de vagas 
previstas no edital tem direito subjetivo 
à nomeação. 
3. Inadmissível, em recurso extraordinário, 
a análise das cláusulas de edital de 
concurso público e o reexame dos fatos e 
das provas dos autos. Incidência das 
Súmulas nº 454 e 279. 
4. Agravo regimental não provido. 
 
O princípio da proteção à confiança legítima 
foi positivado no art. 2º da Lei nº 5.427/09/RJ. 
 
Art. 2º da Lei nº 5.427/09/RJ - O 
processo administrativo obedecerá, 
dentre outros, aos princípios da 
transparência, legalidade, finalidade, 
motivação, razoabilidade, 
proporcionalidade, moralidade, ampla 
defesa, contraditório, segurança jurídica, 
impessoalidade, eficiência, celeridade, 
oficialidade, publicidade, participação, 
 
Profº Rafael Sieiro 
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UNIDADE GARDÊNIA AZUL – Rua Menta, nº 200, sala 301 (próx. ao Barra Music). 
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proteção da confiança legítima e 
interesse público. 
 
* Permissão de uso de bem público 
qualificada – a permissão de uso seria 
revogável a qualquer tempo, porém, as 
permissões qualificadas ou condicionadas, em 
que o próprio Estado se limita (ex.: dando prazo 
máximo para permissão), segundo a doutrina, 
essa revogação gerará indenização para o 
particular. Fala-se no venire contra factum 
proprium.

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