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2018 Cadeia Produtiva da SuinoCultura e da aviCultura Prof. Jade Varaschim Link Copyright © UNIASSELVI 2018 Elaboração: Prof. Jade Varaschim Link Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. SI586c Link, Jade Varaschim Cadeia produtiva da suinocultura e da avicultura. / Jade Varaschim Link – Indaial: UNIASSELVI, 2018. 208 p.; il. ISBN 978-85-515-0199-3 1. Suínos - Criação – Brasil. 2.Aves - Criação - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 336.243 III aPreSentação Olá, acadêmico! Seja bem-vindo à Cadeia Produtiva da Suinocultura e da Avicultura, o setor do agronegócio que aborda as técnicas e fundamentos para criação de suínos e aves. A suinocultura consiste na criação de suínos destinados ao abate, para a produção de banha, carne, e seus derivados (defumados, como o bacon e o toucinho; e embutidos, como a linguiça, presunto, salame, mortadela e salsicha; entre outros). Por sua vez, a avicultura é caracterizada pelo manejo de aves para produção de alimentos, em especial carne e ovos. Para uma melhor compreensão do conteúdo que envolve a cadeira produtiva da suinocultura e da avicultura, distribuímos nosso estudo em três unidades. Na primeira unidade, abordaremos a cadeia produtiva da suinocultura, destacando o panorama mundial e brasileiro da produção de suínos; os sistemas de produção de suínos; a comercialização, produção e qualidade da carne suína; bem como a gestão na produção de suínos e os principais desafios do setor. Na segunda unidade, estudaremos a cadeia produtiva da avicultura, evidenciando a situação atual e as perspectivas do mercado mundial e nacional da avicultura, os sistemas de produção, instalações e equipamentos nos diferentes segmentos, bem como a criação e manejo de frangos de corte e a incubação artificial. Na terceira unidade, aprofundaremos os estudos sobre a avicultura, analisando a importância da água na avicultura; a criação e manejo de poedeiras; a composição, produção e beneficiamento de ovos e o gerenciamento nos diferentes segmentos da avicultura. Assim, esperamos que os conteúdos abordados e os materiais selecionados estimulem sua leitura e que este livro de estudos seja de grande importância e relevância em seu aprendizagem e formação profissional. Boa leitura e bons estudos! Prof. Dr. Jade Varaschim Link IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 - CADEIA PRODUTIVA DA SUINOCULTURA ................................................... 1 TÓPICO 1 - PANORAMA DA SUINOCULTURA ......................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 3 2 PANORAMA DA PRODUÇÃO DE SUÍNOS NO BRASIL E NO MUNDO ........................ 3 3 ÍNDICES DE PRODUTIVIDADE .................................................................................................. 10 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 15 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 17 TÓPICO 2 - SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE PRODUÇÃO NA SUINOCULTURA ...... 19 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 19 2 SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS .................................................................................. 19 3 BEM-ESTAR NA PRODUÇÃO DE SUÍNOS ............................................................................... 21 4 FLUXO DE PRODUÇÃO E INSTALAÇÕES ................................................................................ 27 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 32 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 34 TÓPICO 3 - PRODUÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO E QUALIDADE DA CARNE .................. 37 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 37 2 CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO E PROCESSAMENTO DE SUÍNOS ...................................... 37 3 PRODUTOS OBTIDOS COM A CARNE SUÍNA ...................................................................... 41 5 PRÉ-ABATE E QUALIDADE DA CARNE EM SUÍNOS ........................................................... 43 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 48 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 49 TÓPICO 4 - GESTÃO NA PRODUÇÃO DE SUÍNOS .................................................................. 51 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 51 2 MÃO DE OBRA NA PRODUÇÃO DE SUÍNOS ......................................................................... 51 3 PROGRAMAS DA QUALIDADE EM PRODUÇÃO DE SUÍNOS ......................................... 53 4 GESTÃO AMBIENTAL .................................................................................................................... 55 5 PRINCIPAIS DESAFIOS DO SETOR ........................................................................................... 59 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 61 RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 63 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 65 UNIDADE 2 - INTRODUÇÃO À AVICULTURA .......................................................................... 67 TÓPICO 1 - A EVOLUÇÃO DA AVICULTURA ............................................................................. 69 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................69 2 SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVA DO MERCADO ........................................................... 69 3 ÍNDICES ZOOTÉCNICOS NOS DIFERENTES SEGMENTOS DE PRODUÇÃO .............. 77 4 PRINCIPAIS LINHAGENS PRODUTIVAS ................................................................................. 79 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 84 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 85 Sumário VIII TÓPICO 2 - INSTALAÇÃO E EQUIPAMENTOS NOS DIFERENTES SEGMENTOS DA AVICULTURA 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 87 2 SISTEMAS DE PRODUÇÃO E INSTALAÇÕES NA AVICULTURA ..................................... 87 3 BIOSSEGURANÇA E SANITIZAÇÃO DA GRANJA ............................................................... 92 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 98 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 99 TÓPICO 3 - INCUBAÇÃO ARTIFICIAL ......................................................................................... 101 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 101 2 NASCIMENTO .................................................................................................................................. 101 3 MANEJO DO OVO INCUBÁVEL .................................................................................................. 103 4 INCUBAÇÃO DOS OVOS .............................................................................................................. 106 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 112 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 114 TÓPICO 4 - CRIAÇÃO E MANEJO DE FRANGOS DE CORTE ................................................ 117 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 117 2 ESCOLHA DO PINTO ...................................................................................................................... 117 3 ALOJAMENTO DOS PINTOS........................................................................................................ 118 4 FASE DE CRESCIMENTO ............................................................................................................... 122 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 127 RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 129 UNIDADE 3 - APROFUNDANDO OS CONHECIMENTOS SOBRE A AVICULTURA ....... 131 TÓPICO 1 - A ÁGUA NA AVICULTURA ........................................................................................ 133 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 133 2 A ÁGUA NO ORGANISMO DA AVE .......................................................................................... 133 3 FATORES QUE AFETAM O CONSUMO DE ÁGUA ................................................................. 135 4 SISTEMAS DE BEBEDOUROS, SANEAMENTO DA ÁGUA E LIMPEZA DOS SISTEMAS .................................................................................................................................. 138 5 ANÁLISE DA ÁGUA ........................................................................................................................ 143 6 ELIMINAÇÃO DE CONTAMINANTES DA ÁGUA ................................................................. 144 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 147 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 149 TÓPICO 2 - CRIAÇÃO E MANEJO DE POEDEIRAS .................................................................. 151 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 151 2 SISTEMAS DE PRODUÇÃO .......................................................................................................... 151 3 FASE DE CRIA ................................................................................................................................... 154 4 FASE DE RECRIA .............................................................................................................................. 160 5 FASE DE POSTURA ........................................................................................................................ 161 6 ADITIVOS NA ALIMENTAÇÃO ................................................................................................... 164 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 166 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 167 TÓPICO 3 - OVO – COMPOSIÇÃO, PRODUÇÃO E BENEFICIAMENTO ............................ 169 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 169 2 COMPOSIÇÃO DO OVO ................................................................................................................ 169 IX 3 FATORES QUE INFLUENCIAM A PRODUÇÃO DOS OVOS................................................ 173 4 PERIGOS RELACIONADOS AOS OVOS .................................................................................. 174 5 BENEFICIAMENTO DO OVO ...................................................................................................... 177 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 182 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 183 TÓPICO 4 - GERENCIAMENTO NOS DIFERENTES SEGMENTOS DA AVICULTURA .. 185 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 185 2 CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAL ............................................... 185 3 SUSTENTABILIDADE NA AVICULTURA .................................................................................. 188 4 SISTEMA DE AVICULTURA INTEGRADA ............................................................................... 192 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 195 RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 199 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 201 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 203 X 1 UNIDADE 1 CADEIA PRODUTIVA DA SUINOCULTURA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Esta unidadetem por objetivos: • entender o panorama atual e as projeções futuras da suinocultura; • aprender sobre os sistemas e o planejamento de produção na suinocultura; • compreender sobre a produção, comercialização e qualidade da carne suína; • conhecer as ferramentas de gestão na produção de suínos. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – PANORAMA DA SUINOCULTURA TÓPICO 2 – SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE PRODUÇÃO NA SUINOCULTURA TÓPICO 3 – PRODUÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO E QUALIDADE DA CARNE TÓPICO 4 – GESTÃO NA PRODUÇÃO DE SUÍNOS 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 PANORAMA DA SUINOCULTURA 1 INTRODUÇÃO Olá, acadêmico, neste momento você está iniciando seus estudos da disciplina de Cadeia Produtiva da Suinocultura e da Avicultura. No primeiro tópico, analisaremos a cadeia produtiva da suinocultura no Brasil e no mundo, além de aprender a respeito dos índices de produtividade de uma granja de produção de suínos, que podem ser classificados em três grandes grupos: índices reprodutivos, índices de crescimento e índices de plantel. A partir de estudos pertinentes realizados por entidades como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE); a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS); o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), foram selecionados dados e informações a respeito da produção, consumo e exportação de carne suína que servirão de fundamentos a respeito da situação atual e das projeções futuras para a cadeia produtiva da suinocultura. A parte final deste tópico apresenta algumas autoatividades para você testar seus conhecimentos referentes ao assunto do tópico. Bons estudos! 2 PANORAMA DA PRODUÇÃO DE SUÍNOS NO BRASIL E NO MUNDO Prezado acadêmico, antes de começarmos a analisar o panorama da produção de suínos, vamos destacar e entender o sistema agroindustrial de suínos (SAGS). De acordo com Guimarães et al. (2017), o sistema agroindustrial (SAG) é caracterizado pelo conjunto de atividades produtivas integradas e interdependentes. No caso dos suínos, os autores destacam que o sistema agroindustrial é composto por indústrias produtoras de insumos (ração, vacinas, medicamentos, equipamentos e genética), granjas (criação de animais), agroindústria (abatedouros/frigoríficos), indústria de alimentos, distribuidores (atacado e varejo) e consumidores finais. O setor de genética, o primeiro segmento relacionado à cadeia produtiva, é o responsável pelo melhoramento de raças ou de linhagens, tornando-as mais produtivas e menos suscetíveis a doenças. Em relação aos insumos, cabe destacar que a soja e o milho são matérias-primas essenciais para a formulação da ração animal (GUIMARÃES et al., 2017). UNIDADE 1 | CADEIA PRODUTIVA DA SUINOCULTURA 4 No setor de criação de animais estão as unidades de reprodução e de produção, que abrangem as fases de cruzamento, gestação, reprodução, desmame, recria e engorda das matrizes; além do armazenamento, tratamento e disposição dos dejetos gerados (GUIMARÃES et al., 2017). Nos elos finais da cadeia, encontram-se a agroindústria (abatedouros e frigoríficos); as indústrias de transformação, que englobam as indústrias de alimentos e as indústrias processadoras de subprodutos (couros, farinhas de carne, de osso e de sangue); os atacadistas, os varejistas, os agentes exportadores e importadores e os consumidores internos e externos (GUIMARÃES et al., 2017). FIGURA 1 – SISTEMA AGROINDUSTRIAL DE SUÍNOS (SAGS) FONTE: Guimarães et al. (2017, p. 92) TÓPICO 1 | PANORAMA DA SUINOCULTURA 5 De acordo com os dados divulgados em 2016, em um estudo desenvolvido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e pela Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) denominado “Mapeamento da suinocultura brasileira”, no ano de 2014 o mundo somava 986,65 bilhões de cabeças de suínos. De acordo com o estudo, aproximadamente 59,9% dos animais desse rebanho estavam na Ásia, 18,8% na Europa, 17,3% nas Américas, 3,5% na África e 0,5% na Oceania. Segundo Guimarães et al. (2017), o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos afirma que em 2015 era 1,2 trilhão de suínos no mundo todo, sendo que a China aparece como proprietária do maior rebanho de suínos (696 milhões de cabeças), seguida pela União Europeia (265,8 milhões de cabeças), Estados Unidos (121,4 milhões de cabeças), Rússia (39,7 milhões de cabeças) e Brasil (39 milhões de cabeças). O Quadro 1 apresenta a produção total de carne suína (em 1.000 t) por país nas últimas duas décadas (considerando de 1995 a 2015). Podemos perceber que, entre os anos de 1995 a 2015, a produção de carne suína teve um aumento de 42%, sendo os países em desenvolvimento os maiores contribuintes nesse aumento. Podemos observar que nos países em desenvolvimento, como a China e o Brasil, a produção aumentou aproximadamente 58%, enquanto nos países desenvolvidos o crescimento foi de aproximadamente 22%. QUADRO 1 - PRODUÇÃO TOTAL DE CARNE SUÍNA (EM 1.000 T) POR PAÍS NAS ÚLTIMAS DUAS DÉCADAS País Ano1995 2000 2005 2010 2015 Mundo 82.803,90 90.304,77 99.223,78 109.834,23 117.738,05 Países desenvolvidos 35.826,26 37.437,15 38.713,78 41.148,94 43.637,85 Países em desenvolvimento 46.977,64 52.867,63 60.509,99 68.685,29 74.100,20 Brasil 1.430,00 2.556,00 2.708,00 3.238,00 3.480,00 Canadá 1.416,87 1.854,88 2.267,36 2.123,16 2.114,14 China 36.661,05 40.468,53 45.701,84 51.201,20 54.870,00 União Europeia* 20.352,52 21.592,56 21.906,20 22.753,18 23.440,84 Japão 1.322,07 1.264,33 1.245,71 1.292,45 1.270,00 Coreia 798,71 915,90 899,35 1.109,85 1.219,89 México 920,95 1.01578 1.066,73 1.172,77 1.307,60 Filipinas 804,86 1.212,93 1.414,99 1.635,74 1.723,81 Rússia 1.865,00 1.568,68 1.569,68 2.330,80 3.084,76 Tailândia 488,88 693,75 908,76 967,07 1.110,62 Estados Unidos 7.956,33 8.389,42 9.058,05 10.013,64 10.956,42 Vietnã 1.008,94 1.409,02 2.288,23 3.036,30 3.353,84 * União Europeia soma 28 países. FONTE: Adaptado de SEBRAE-ABCS (2016, s.p.) A China lidera o ranking de países produtores de carne suína, com uma produção de aproximadamente 54.870 mil toneladas no ano de 2015, seguida pela União Europeia, com uma produção de cerca de 23.440 mil toneladas e dos Estados Unidos, com aproximadamente 10.956 mil toneladas. O Brasil aparece UNIDADE 1 | CADEIA PRODUTIVA DA SUINOCULTURA 6 logo em seguida, como o quarto maior produtor, com mais de 3.480 mil toneladas produzidas em 2015. De acordo com o SEBRAE-ABCS (2016), o consumo mundial de carne aumentou consideravelmente nas últimas décadas. Esse comportamento também pode ser observado no consumo de carne suína (Quadro 2). A maior parte desse crescimento ocorreu nos países em desenvolvimento, sendo que nesses países o consumo de carne suína cresceu aproximadamente 83% entre os anos de 1995 e 2015. QUADRO 2 – CONSUMO DE CARNE SUÍNA POR PAÍS (EM 1.000 T) País Ano1995 2000 2005 2010 2015 Mundo 78.135,11 89.746,92 98.479,36 109.511,86 117.567,87 Países desenvolvidos 36.002,81 36.398,08 37.905,43 39.296,95 40.441,84 Países em desenvolvimento 42.132,29 53.348,83 60.573,93 70.214,91 77.126,03 Brasil 1.404,05 2.419,50 2.086,00 2.707,92 2.986,40 China 31.721,45 40.340,22 45.083,66 51.124,34 55.690,64 União Europeia* 19.678,89 20.249,11 20.745,19 20.900,28 21.370,58 Japão 2.110,85 2.158,26 2.415,20 2.365,23 2.427,99 Coreia 835,26 969,22 1.177,30 1.544,08 1.830,71 México 945,39 1.170,04 1.369,72 1.642,58 1.876,14 Filipinas 814,23 1.250,31 1.436,70 1.733,23 1.837,90 Rússia 2.377,73 1.781,58 2.381,96 3.407,64 3.363,50 Estados Unidos 8.059,44 8.456,33 8.669,97 8.656,82 9.344,47 Vietnã 1.000,68 1.334,82 2.275,46 3.043,69 3.491,68 * União Europeia soma 28 países. FONTE: Adaptado de SEBRAE-ABCS (2016, s.p.) Analisando o Quadro 2, pode-se observar que a China é disparadoo maior consumidor de carne suína. A quantidade total de carne suína consumida na China subiu de 31.721 mil toneladas em 1995 para 55.590 mil toneladas em 2015, o que representa quase metade da quantidade total da carne suína consumida em todo o mundo (117.567 mil toneladas). Logo após a China, o maior consumidor de carne suína no ano de 2015 foi a União Europeia, com um consumo de cerca de 21.370 mil toneladas. Os Estados Unidos aparecem em terceiro lugar no ranking de maiores consumidores de carne suína, tendo consumido aproximadamente 9.344 mil toneladas em 2015. Em quarto lugar aparece a Rússia, com o consumo de aproximadamente 3.363 mil toneladas, seguida pelo Vietnã (3.491 mil toneladas) e pelo Brasil, que no ano de 2015 teve uma quantidade total de carne suína consumida de cerca de 2.986 mil toneladas. Observe, acadêmico, que juntos, esses seis países representaram cerca de 82% do consumo mundial de carne suína no ano de 2015. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou, em dezembro de 2017, um estudo que indicou a estatística da produção pecuária TÓPICO 1 | PANORAMA DA SUINOCULTURA 7 brasileira. Nesse estudo, o IBGE avaliou no 3º trimestre de 2017 um total de 657 informantes do abate de suínos. Desse total, 100 (ou 15,2%) possuíam o Serviço de Inspeção Federal (SIF), 238 (ou 36,2%) o Serviço de Inspeção Estadual (SIE) e 319 (ou 48,6%) o Serviço de Inspeção Municipal (SIM), representando, respectivamente, 87,5%, 11,0% e 1,5% do peso acumulado das carcaças de suínos produzidas no país. Segundo o estudo, Roraima e Amapá foram as únicas Unidades da Federação que não tiveram abate de suínos sob algum tipo de inspeção sanitária. De acordo com essa pesquisa, no 3º trimestre de 2017, foram abatidas 11,03 milhões de cabeças de suínos, representando aumentos de 3,9% em relação ao trimestre imediatamente anterior e de 2,9% na comparação com o mesmo período de 2016. Como pode ser observado no gráfico a seguir, esse resultado é o melhor entre todos os trimestres desde 2012. O peso acumulado das carcaças alcançou 987,57 mil toneladas no 3º trimestre de 2017, representando aumentos de 3,9% em relação ao trimestre imediatamente anterior e de 4,0% em relação ao mesmo período de 2016. GRÁFICO 1 – EVOLUÇÃO DO ABATE DE SUÍNOS POR TRIMESTRE NO BRASIL NOS TRIMESTRES 2012-2017 FONTE: Adaptado de IBGE (2017, s.p.) No 3º trimestre de 2017, a região Sul foi responsável por aproximadamente 66,8% do abate nacional de suínos, seguida pelas regiões Sudeste (18,4%), Centro- Oeste (13,8%), Nordeste (0,9%) e Norte (0,1%). De acordo com Guimarães et al. (2017), o abate de 310,75 mil cabeças de suínos a mais no 3º trimestre de 2017, em relação ao igual período do ano de 2016, deve-se aos aumentos no abate em nove das 25 Unidades da Federação participantes da pesquisa. Entre os estados com participação acima de 1,0%, ocorreram aumentos nos estados de Santa Catarina (+234,85 mil cabeças), Paraná (+110,89 mil cabeças), Minas Gerais (+53,15 mil cabeças), Mato Grosso (+20,37 mil cabeças) e Mato Grosso do Sul (+20,14 mil UNIDADE 1 | CADEIA PRODUTIVA DA SUINOCULTURA 8 cabeças). Em compensação, as principais reduções ocorreram nos estados do Rio Grande do Sul (-53,40 mil cabeças), Goiás (-32,67 mil cabeças) e São Paulo (-22,92 mil cabeças). O Estado de Santa Catarina lidera o abate de suínos, com 26,8% da participação nacional, seguido por Paraná (21,4%) e Rio Grande do Sul (18,4%). GRÁFICO 2 – RANKING E VARIAÇÃO ANUAL DO ABATE DE SUÍNOS – UNIDADES DA FEDERAÇÃO – 3OS TRIMESTRES DE 2016 E 2017 FONTE: Adaptado de IBGE (2017, s.p.) Um estudo realizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em agosto de 2017, referente às Projeções do Agronegócio – Brasil 2016/2017 a 2026/2027, teve como objetivo direcionar o desenvolvimento e fornecer subsídios aos formuladores de políticas públicas quanto às tendências dos principais produtos do agronegócio (MAPA, 2017). Segundo esse estudo realizado pelo Mapa, o setor de carnes deverá crescer nos próximos anos e a produção brasileira de carne continuará em forte crescimento na próxima década. Entre as carnes, as que projetam maiores taxas de crescimento da produção são a carne de frango, que deve crescer a taxas de 2,8% ao ano, a carne suína, que deverá crescer a taxas de 2,5% ao ano e a carne bovina, que tem um crescimento projetado de 2,1% ao ano. O crescimento da produção da carne suína a taxas de 2,5% ao ano corresponde a passar de uma produção de 3.815 mil toneladas em 2017 para valores de até 5.725 mil toneladas em 2027. TÓPICO 1 | PANORAMA DA SUINOCULTURA 9 QUADRO 3 – PROJEÇÕES DA PRODUÇÃO DE CARNES (MIL TONELADAS) Ano Suína Bovina FrangoProjeção Projeção Projeção Lsup. Projeção Lsup. 2016/17 3.815 - 9.500 - 13.440 - 2017/18 3.952 4.291 9.374 10.384 13.817 14.784 2018/19 4.027 4.506 9.865 11.293 14.601 15.651 2019/20 4.135 4.722 10.018 11.767 14.689 16.118 2020/21 4.232 4.843 10.365 12.385 15.293 16.811 2021/22 4.359 4.994 10.542 12.800 15.512 17.404 2022/23 4.470 5.128 10.882 13.200 16.235 18.214 2023/24 4.587 5.292 10.927 13.305 16.402 18.675 2024/25 4.689 5.438 11.134 13.570 17.053 19.399 2025/26 4.798 5.590 11.248 13.740 17.237 19.847 2026/27 4.905 5.725 11.444 13.991 17.930 20.608 FONTE: Adaptado de Mapa (2017, s.p.) A produção total de carnes no Brasil, considerando carne suína, bovina e de frango, foi estimada em 28,5 milhões de toneladas em 2017 e a projeção para o final da próxima década, ou seja, em 2027, é produzir 34,3 milhões de toneladas. Esses números entre o início e o final das projeções representam um aumento de 20,3% na produção total de carnes suína, bovina e de frango. Em relação ao consumo de carnes, o crescimento anual projetado para o consumo de carne suína é de 2,4% ao ano para os próximos anos. O consumo de carne suína projetado para 2027 é de até aproximadamente 3,8 milhões de toneladas. Ao considerarmos a projeção populacional brasileira projetada pelo IBGE em 219,0 milhões de habitantes, tem-se um consumo per capita de carne de porco, no final das projeções, de 17,35 kg/hab/ano. Para a carne de frango, o crescimento anual de consumo projetado é de 2,6% no período entre 2017 a 2027, ou seja, um aumento de 29,5% no consumo nos próximos 10 anos. O consumo de carne de frango projetado para 2027 é de 11,9 milhões de toneladas, e um consumo per capita de 54,3 kg/hab/ano. A carne bovina terá um aumento do consumo com uma taxa anual de 1,5% nos próximos anos. O consumo de carne bovina projetado para 2027 é de cerca de 9,0 milhões de toneladas e um consumo per capita, no final das projeções, de 41,1 kg/hab/ano. QUADRO 4 – PROJEÇÕES DO CONSUMO DE CARNES (MIL TONELADAS) Ano Suína Bovina FrangoProjeção Lsup. Projeção Lsup. Projeção Lsup. 2016/17 2.917 - 7.740 - 9.162 - 2017/18 3.058 3.442 7.744 8.559 9.432 10.100 2018/19 3.176 3.689 8.120 9.273 9.703 10.647 2019/20 3.264 3.893 8.063 9.383 9.973 11.129 2020/21 3.312 3.976 8.234 9.702 10.243 11.578 2021/22 3.370 4.067 8.406 10.023 10.514 12.006 2022/23 3.441 4.169 8.565 10.216 10.784 12.419 2023/24 3.529 4.306 8.567 10.251 11.054 12.820 2024/25 3.612 4.436 8.754 10.503 11.324 13.213 2025/26 3.690 4.559 8.879 10.691 11.595 13.598 2026/27 3.761 4.665 8.963 10.826 11.865 13.976 FONTE: Adaptado de Mapa (2017, s.p.) UNIDADE 1 | CADEIA PRODUTIVA DA SUINOCULTURA 10 De acordo com as projeções publicadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) quanto às exportações, o setor de carnes deve apresentar elevadas taxas de crescimento para os três tipos de carnes analisados (suína, bovina e de aves), representando um quadro favorável para as exportações brasileiras. Em relação ao crescimento das exportações de carne suína, esse deve se situar numa média anual de 3,5%. Essa taxa corresponde a passar de uma exportação de 900 mil toneladas em 2017 para valores de até 1.772 mil toneladas em 2027. As carnes de frango e bovina devem crescer a taxas anuais de 3,3%, e 3,0%,respectivamente. O estudo do Mapa e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, s.d.) classificam o Brasil em quarto lugar nas exportações de carne de porco em 2026, atrás dos Estados Unidos, União Europeia e Canadá. Nas exportações de carne bovina o Brasil fica em primeiro lugar, seguido pela Austrália em segundo, pela Índia em terceiro e Estados Unidos em quarto. Nas exportações de carne de frango o Brasil fica em primeiro lugar, seguido dos Estados Unidos e União Europeia (MAPA, 2017). As exportações de carnes ao final do período das projeções devem chegar a quase 10,0 milhões de toneladas, um aumento, portanto, de 37,5%. Desse montante, 1,6 milhão de toneladas, ou seja, 61,5% deve ser de carne de frango. O restante do acréscimo na quantidade exportada fica distribuído entre carne bovina, 24,0% e carne suína, 14,0%. QUADRO 5 – PROJEÇÕES DA EXPORTAÇÃO DE CARNES (MIL TONELADAS) Ano Suína Bovina FrangoProjeção Lsup. Projeção Lsup. Projeção Lsup. 2017 900 - 1.800 - 4.280 - 2018 938 1.094 1.874 2.277 4.303 4.779 2019 975 1.197 1.940 2.608 4.555 5.120 2020 1.013 1.284 2.002 2.885 4.574 5.444 20/21 1.051 1.364 2.063 3.125 4.903 5.861 2022 1.088 1.439 2.125 3.342 4.937 6.137 2023 1.126 1.510 2.186 3.541 5.228 6.505 2024 1.164 1.578 2.247 3.728 5.248 6.727 2025 1.201 1.644 2.307 3.904 5.558 7.104 2026 1.239 1.709 2.368 4.073 5.589 7.310 2027 1.227 1.772 2.429 4.236 5.890 7.670 FONTE: Adaptado de Mapa (2017, s.p.) 3 ÍNDICES DE PRODUTIVIDADE Acadêmico, vimos que o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carnes do mundo. No entanto, tão importante quanto ser um grande produtor e produzir bem é medir com precisão a produtividade e tomar decisões corretas com base nessas informações. De acordo com Machado (2014a), pode-se dividir os índices de produtividade de uma granja de produção de suínos em três grandes grupos: índices reprodutivos, índices de crescimento e índices de plantel. TÓPICO 1 | PANORAMA DA SUINOCULTURA 11 Os reprodutivos envolvem os índices da gestação e maternidade, até o desmame; o crescimento engloba creche e terminação e todas as fases intermediárias entre o desmame e a comercialização dos animais produzidos; e os índices de plantel referem-se a uma visão macro da granja, uma síntese de todos os demais. Vamos agora conhecer e analisar cada um desses índices, segundo as informações de Machado (2014a). Índices reprodutivos O principal indicador da eficiência reprodutiva é o número de leitões desmamados/porca/ano. Esse índice é resultado do número de leitões desmamados/parto do número de partos/porca/ano e determinado por outros índices importantes. O intervalo desmame cobertura (IDC) e outras causas de dias não produtivos (DNP), como retornos ao cio, abortos, descarte e mortalidade pós- cobertura e porcas vazias ao parto vão determinar uma maior ou menor eficiência no índice partos/porca/ano. Além disso, a duração da gestação e da lactação interferem diretamente no número de partos/ano. O tempo da gestação é de difícil manipulação e o período de lactação deve ser definido, avaliando a qualidade do leitão e o máximo aproveitamento das matrizes, respeitando o tempo para recuperação do útero para uma próxima gestação (MACHADO, 2014a). De acordo com Machado (2014a), atualmente, recomenda-se aproximadamente 23 dias, com idade mínima de 21 dias, como uma idade média ao desmame satisfatória, tanto para a porca quanto para o leitão. Segundo o autor, dessa maneira consegue-se bons índices de parto/fêmea/ano, respeitando a fisiologia da porca e dos leitões. Contudo, muitas granjas acabam reduzindo o período de lactação, devido à limitação de espaço na área de reprodução e/ ou eventuais falhas na reposição de matrizes, isso traz consequências sobre o desempenho dos leitões na creche e das matrizes no ciclo reprodutivo seguinte. De maneira geral, o nascimento de leitegadas numerosas, ou seja, ninhadas numerosas de leitões, a redução da mortalidade na lactação e o aumento do número de partos/porca/ano resultarão em altos índices de leitões desmamados/ porca/ano. UNIDADE 1 | CADEIA PRODUTIVA DA SUINOCULTURA 12 FIGURA 2 – FLUXOGRAMA DOS ÍNDICES REPRODUTIVOS FONTE: Machado (2014a, p. 172) Segundo Machado (2014a), o primeiro ponto para estabelecer as metas de produtividade na reprodução é determinar qual o volume de produção desejado (animais produzidos por semana), limitado pelo mercado e pela capacidade de alojamento das fases de crescimento (creche e terminação). A partir daí, deve-se determinar os demais índices, avaliando, além das limitações fisiológicas e do potencial de cada genética, também a capacidade de alojamento de matrizes e o ponto de equilíbrio econômico. Isso significa que uma granja pode produzir o mesmo número de leitões que outra, mas com um número bem menor de matrizes no plantel. TÓPICO 1 | PANORAMA DA SUINOCULTURA 13 Índices de crescimento Acadêmico, as fases de crescimento (creche, recria e terminação) têm mais ou menos os mesmos parâmetros a serem medidos, que são: conversão alimentar (CA), ganho de peso diário (GPD) e taxas de mortalidade e descarte. O descarte representa um produto vendido em não conformidade, de menor valor em comparação com o suíno normal, o qual representa um potencial de ganho, se for reduzido. Nesses setores a variabilidade (uniformidade de peso), que muitas vezes não é avaliada, também pode ter importância no valor de comercialização dos animais e na determinação de estratégias específicas para recuperação de grupos de animais que destoam negativamente dos demais (MACHADO, 2014a). A alimentação é o principal componente do custo de produção dos suínos, por isso, a conversão alimentar geralmente tem maior importância na avaliação dos setores de crescimento. No entanto, o foco exclusivo na redução de custos de produção pode não ser uma estratégia eficiente para melhorar a rentabilidade do negócio, pois a redução de custos nem sempre significa a maximização do lucro ou a minimização dos riscos (MACHADO, 2014a). A perda dos animais devido à mortalidade é um dos índices mais facilmente medidos nos sistemas de produção. Apesar disso, essa perda geralmente é subestimada, pois é calculada apenas pelo valor que poderia ser recebido se os suínos estivessem vivos, quando deveriam ser considerados também os custos investidos na produção desse animal até o momento da morte (MACHADO, 2014a). A coleta e a gestão das informações referentes à mortalidade e eliminação de animais podem ser mapeadas de acordo com a fase e a causa, assim, é possível definir medidas de controle voltadas para as ocorrências. Uma maneira de realizar um mapeamento é através do uso de fichas de coleta de dados preenchidas por pessoas treinadas para a identificação macroscópica das causas de mortalidade. Esse mapeamento pode ser realizado nas maternidades, creches e terminações (MACHADO, 2014a). Variabilidade nas fases de crescimento No Brasil, os produtores ainda se preocupam pouco com a falta de uniformidade em lotes de suínos, principalmente pelo fato de o sistema de remuneração ainda não considerar padrão de peso ao abate. Em situações sem intervenção, 30-35% dos suínos nascidos vivos podem se tornar refugos, leves ao abate ou morrerem (natimortos, mortos na lactação, mortos na creche e mortos na terminação) durante o ciclo de produção (MACHADO, 2014a). A estratégia da sanidade animal tem grande efeito sobre a variabilidade, o controle clínico e subclínico das enfermidades é uma estratégia fundamental de redução de variabilidade. Nesse sentido, existem vacinas, medicamentos UNIDADE 1 | CADEIA PRODUTIVA DA SUINOCULTURA 14 e manejos que podem ser usados para reduzir e manter sob controle as causas sanitárias de variabilidade. Em sistemas de fluxo contínuo de produção, a retirada de animais em parcelas também pode ser uma estratégia para diminuir a variabilidade no peso, ou seja, dentro de limites aceitáveis de tempo de permanência dentro das instalações,pode-se retirar antecipadamente os animais de melhor desenvolvimento e retardar a retirada dos animais mais leves (MACHADO, 2014a). Índices de plantel Os índices de plantel podem ser considerados os índices gerais que resumem a eficiência de uma granja e sintetizam todos os demais índices, facilitando a comparação entre diferentes sistemas de produção. Os principais índices de plantel, segundo Machado (2014a), são: • Peso (quilos) de leitões desmamados/porca/ano ou peso (quilos) de cevados (animal gordo) vendidos/porca/ano – o peso depende diretamente da quantidade de partos realizados por porca/ano, da média de leitões nascidos, da mortalidade de leitões e do ganho de peso diário do nascimento ao abate. • Conversão alimentar de rebanho – depende diretamente da quantidade (quilos) de ração consumida em toda a granja, incluindo o plantel reprodutivo, em relação ao peso (quilos) de animais vendidos. Segundo Machado (2014a), pode-se incluir entre os índices de plantel os dados gerais do plantel reprodutivo, como as taxas de descarte, reposição e mortalidade de matrizes e a composição etária do plantel reprodutivo (ordem de parição das matrizes). Alguns sistemas de produção têm avaliado o grau de exploração das instalações com base nos índices a seguir: • Kgs vendidos por gaiola de maternidade. • Kgs vendidos por metro quadrado de construção. • Partos por gaiola de maternidade/ano. Acadêmico, vimos que os índices de produtividade na produção de suínos podem ser classificados em diferentes grupos, como os índices reprodutivos, índices de crescimento e índices de plantel e que é importante medir de maneira precisa a produtividade para tomar decisões corretas com base nessas informações. 15 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você aprendeu que: • O sistema agroindustrial de suínos é composto por indústrias produtoras de insumos, granjas, agroindústria, indústria de alimentos, distribuidores e consumidores finais. • No ano de 2014 o mundo somava 986,65 bilhões de cabeças de suínos, sendo que, aproximadamente, 59,9% dos animais desse rebanho estavam na Ásia, 18,8% na Europa, 17,3% nas Américas, 3,5% na África e 0,5% na Oceania. • Em 2015, a China continha o maior rebanho de suínos, seguida pela União Europeia, Estados Unidos, Rússia e Brasil. • Entre os anos de 1995 a 2015, a produção de carne suína teve um aumento de 42%. • A China lidera o ranking de países produtores de carne suína, seguida pela União Europeia e os Estados Unidos. O Brasil aparece como o quarto maior produtor, com mais de 3.480 mil toneladas produzidas em 2015. • Nos países em desenvolvimento, o consumo de carne suína cresceu aproximadamente 83% entre os anos de 1995 e 2015. • A China é disparado o maior consumidor de carne suína, seguida pela União Europeia, Estados Unidos, Rússia, Vietnã e Brasil. • O Estado de Santa Catarina liderou o abate de suínos, com 26,8% da participação nacional, seguido por Paraná (21,4%) e Rio Grande do Sul (18,4%), no 3º trimestre de 2017. • Entre as carnes, as que projetam maiores taxas de crescimento da produção são a carne de frango, que deve crescer a taxas de 2,8% ao ano, a carne suína, que deverá crescer a taxas de 2,5% ao ano, e a carne bovina, que tem um crescimento projetado de 2,1% ao ano. • O crescimento da produção da carne suína a taxas de 2,5% ao ano corresponde a passar de uma produção de 3.815 mil toneladas em 2017 para valores de até 5.725 mil toneladas em 2027. • Em relação ao consumo de carnes, o crescimento anual projetado para o consumo de carne suína é de 2,4% ao ano para os próximos anos. • O consumo de carne suína projetado para 2027 é de até aproximadamente 3,8 16 milhões de toneladas. • Em relação ao crescimento das exportações de carne suína, esse deve se situar numa média anual de 3,5%. Essa taxa corresponde a passar de uma exportação de 900 mil toneladas em 2017 para valores de até 1.772 mil toneladas em 2027. • Os índices de produtividade de uma granja de produção de suínos podem ser classificados em três grandes grupos: índices reprodutivos, índices de crescimento e índices de plantel. • O principal indicador da eficiência reprodutiva é o número de leitões desmamados/porca/ano. • As fases de crescimento têm mais ou menos os mesmos parâmetros a serem medidos, que são: conversão alimentar (CA), ganho de peso diário (GPD) e taxas de mortalidade e descarte. • Os índices de plantel podem ser considerados os índices gerais que resumem a eficiência de uma granja e sintetizam todos os demais índices, facilitando a comparação entre diferentes sistemas de produção. • Os principais índices de plantel são: Peso (quilos) de leitões desmamados/porca/ ano ou peso (quilos) de cevados vendidos/porca/ano e Conversão alimentar de rebanho. 17 AUTOATIVIDADE Vamos testar o quanto avançamos no domínio do conhecimento da cadeia produtiva da suinocultura. 1 Neste tópico, vimos que o Brasil tem grande participação na produção e consumo de carne suína. No ano de 2014 o mundo somava 986,65 bilhões de cabeças de suínos, sendo que aproximadamente 59,9% dos animais desse rebanho estavam na Ásia, 18,8% na Europa, 17,3% nas Américas, 3,5% na África e 0,5% na Oceania. Sobre a produção e consumo de carne suína, analise as seguintes sentenças: I- Juntos, China, União Europeia, Estados Unidos, Rússia, Vietnã e Brasil representaram mais de 80% do consumo mundial de carne suína no ano de 2015. II- O Brasil é o maior produtor mundial de carne suína, com uma produção de aproximadamente 54.870 mil toneladas no ano de 2015. III- Nos países desenvolvidos, o consumo de carne suína cresceu mais de 80% entre os anos de 1995 e 2015. IV- Para o Brasil, as projeções apontam um consumo per capita de carne de porco de 17,35 kg/hab/ano, em 2027. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente a afirmativa IV está correta. b) ( ) As afirmativas I e II estão corretas. c) ( ) As afirmativas I e IV estão corretas. d) ( ) Somente a afirmativa III está correta. 2 Como vimos neste tópico, as informações referentes aos índices de produtividade são importantes na tomada de decisão. Os índices de produtividade de uma granja de produção de suínos podem ser divididos em três grandes grupos: índices reprodutivos, índices de crescimento e índices de plantel. Sobre os índices de produtividade, associe os itens, utilizando o código a seguir: I- Índices reprodutivos. II- Índices de crescimento. III- Índices de plantel. ( ) São considerados os índices gerais que resumem a eficiência de uma granja e sintetizam todos os demais índices, facilitando a comparação entre diferentes sistemas de produção. ( ) Os parâmetros a serem medidos são: conversão alimentar (CA), ganho de peso diário (GPD) e taxas de mortalidade e descarte. ( ) O nascimento de leitegadas numerosas, a redução da mortalidade na 18 lactação e o aumento do número de partos/porca/ano resultarão em altos índices de leitões desmamados/porca/ano. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) III – I – II. b) ( ) II – I – III. c) ( ) III – II – I. d) ( ) I – II – III. 19 TÓPICO 2 SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE PRODUÇÃO NA SUINOCULTURA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, após nos informarmos a respeito da situação atual e das projeções futuras da suinocultura, iremos analisar os sistemas e planejamento de produção na suinocultura e o bem-estar animal. A partir dos estudos deste tópico, iremos aprender a respeito dos sistemas de produção na suinocultura, sendo que de acordo com o grau de controle da produção, essa pode ser classificada em extensiva e intensiva. Vamos analisar o bem-estar animal, baseado nas cinco liberdades: nutrição adequada; sanidade adequada; ausência de desconforto físico e térmico; ausência de medo, dor e estresse intenso e capacidade de expressar comportamentos típicos da espécie. Além disso, vamos aprender sobre o fluxo de produção e o dimensionamento das instalações de uma granja. Após o conteúdodeste tópico, as autoatividades servirão de avaliação dos seus conhecimentos referentes ao assunto abordado aqui. Bons estudos! 2 SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS Acadêmico, o sistema de produção na suinocultura se refere à maneira como se organiza a produção, sendo que no Brasil há uma grande variedade de modelos de produção dentro das diversas regiões produtoras e muitas particularidades entre elas, o que dificulta a padronização de conceitos e manejos, já que, além do fluxo de produção, não há padrão de instalações e equipamentos (MACHADO; DALLANORA, 2014). Todavia, a produção de suínos pode ser classificada de acordo com o grau de controle da produção em extensiva e intensiva, sendo que a produção extensiva pode ser definida como extrativista e de subsistência, praticamente sem controle de dados e manejos (SEBRAE-ESPM, 2008; MACHADO; DALLANORA, 2014). Aproximadamente 32% da produção brasileira de suínos no início dos anos 90 era produzida pelo sistema de produção extensiva. Todas as demais formas de produção são consideradas intensivas, nas quais existe uma preocupação com viabilidade econômica e produtividade. Além disso, são realizados UNIDADE 1 | CADEIA PRODUTIVA DA SUINOCULTURA 20 investimentos e controle de genética, nutrição, instalações e sanidade. Os suínos podem ser produzidos de forma intensiva ao ar livre ou confinados, sendo que mundialmente há uma predominância do modelo confinado (MACHADO; DALLANORA, 2014). De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas e a Escola Superior de Propaganda e Marketing (SEBRAE-ESPM, 2008), basicamente, a criação de suínos pode ser realizada de maneira intensiva ou extensiva. Na criação intensiva os animais são criados confinados em baias ou gaiolas, em uma área relativamente pequena, focando na produtividade e na economicidade do sistema. Os autores destacam três tipos de criação intensiva: • ao ar livre: em que os animais ficam em piquetes; • tradicional: em que se utilizam os piquetes apenas para machos e fêmeas em cobertura ou gestação; • confinado: em que os animais de todas as categorias permanecem sobre piso e sob cobertura, podendo-se, ainda, separá-los por fases em várias instalações. Segundo Machado e Dallanora (2014), a suinocultura de subsistência com baixa aplicação de tecnologia apresenta uma tendência de desaparecimento, dando origem a uma suinocultura tecnificada e de maior produtividade. No gráfico a seguir, podemos observar que nos anos avaliados (2004-2009) houve uma redução da suinocultura de subsistência e um aumento na suinocultura industrial. Além disso, no mesmo período, verificou-se um aumento de 22% no total de carne suína produzida, indicando aumento da produtividade dos sistemas de produção. GRÁFICO 3 – PRODUÇÃO DE CARNE SUÍNA DE ACORDO COM O NÍVEL DE TECNOLOGIA UTILIZADA NA PRODUÇÃO FONTE: Machado e Dallanora (2014, p. 95) TÓPICO 2 | CADEIA PRODUTIVA DA SUINOCULTURA 21 De acordo com Machado e Dallanora (2014), a produção de suínos pode ser classificada pelo tipo de vínculo de produção, como independente, integrada ou cooperativa, com diferente distribuição e predominância de acordo com a região geográfica do país. Os sistemas de produção podem ser classificados de acordo com a localização dos sítios, em ciclo completo, sítio único ou produção distribuída em diversos sítios (dois, três, quatro e cinco sítios). Nesse sentido, os sistemas de produção de suínos no Brasil podem ser divididos, segundo Machado e Dallanora (2014), em quatro modelos diferentes: •Ciclo completo: esse modelo engloba todas as fases da produção, ou seja, a mesma propriedade abrange desde a chegada de leitoas destinadas à reprodução até o fim da terminação. • Sistema de dois sítios: nesse caso, a produção é realizada em dois locais independentes. No primeiro sítio são alojadas as matrizes para reprodução, a fase de maternidade e creche e, no segundo sítio, é realizada a terminação. O modelo chamado wean-to-finish é uma modificação desse sistema. No modelo wean-to- finish, o primeiro sítio aloja o plantel de reprodução e a maternidade e o segundo sítio realiza as fases de creche e terminação no mesmo local. • Sistema de três sítios: existem três locais de produção independentes. No primeiro sítio, ficam alojadas as fêmeas para reprodução e a fase de maternidade, no segundo sítio fica a fase de creche, e no terceiro sítio realiza-se a terminação. • Sistema de quatro sítios: é semelhante ao sistema de três sítios, porém as leitoas de reposição são alojadas e preparadas em local específico, onde é feito todo o manejo necessário e, com 35 a 40 dias após a cobertura, se comprovada a prenhez, elas são enviadas para o primeiro sítio tradicional. A decisão sobre o melhor sistema de produção a ser implantado (ou adaptado) depende de alguns fatores, como a biosseguridade regional, escala de produção, perfil dos produtores, pirâmide sanitária e logística e viabilidade operacional. Além disso, é essencial levar em consideração os fatores indispensáveis na atividade, como recursos ambientais, mão de obra, disponibilidade de tecnologias e avaliação de custos (MACHADO; DALLANORA, 2014). 3 BEM-ESTAR NA PRODUÇÃO DE SUÍNOS De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas e a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (SEBRAE-ABCS, 2016), quando se trata de bem-estar animal na granja, alguns princípios devem ser considerados, como o princípio da boa alimentação (água e ração), do bom alojamento (local adequado de descanso, facilidade de movimento e conforto térmico), da boa saúde (ausência de doenças, lesões e dor causada pelo manejo), evitar situações de estresse e também a possibilidade do animal expressar um comportamento natural. Além disso, as práticas de bem-estar na criação de suínos determinam ganhos de produtividade em todas as fases da produção. Nesse sentido, foi definido, em 1992, pelo “Conselho de bem-estar de UNIDADE 1 | CADEIA PRODUTIVA DA SUINOCULTURA 22 animais de fazenda”, o princípio das cinco liberdades. O bem-estar de um animal é atendido quando se cumprem cinco requisitos, ou as cinco liberdades: nutrição adequada; sanidade adequada; ausência de desconforto físico e térmico; ausência de medo, dor e estresse intenso; capacidade de expressar comportamentos típicos da espécie. O princípio das cinco liberdades estabelece uma aproximação muito útil para a ciência do bem-estar e sua mensuração nas criações, no transporte e no abate dos animais de produção. Esse princípio constituiu a base de muitas legislações de proteção animal (LUDTKE; CALVO; BUENO, 2014). FIGURA 3 – O PRINCÍPIO DAS CINCO LIBERDADES FONTE: SEBRAE-ABCS (2016, p. 9) TÓPICO 2 | CADEIA PRODUTIVA DA SUINOCULTURA 23 Sabendo que cada granja tem uma situação diferente, as práticas de manejo nos diferentes setores devem ser conduzidas da melhor maneira possível e dentro de cada realidade, sempre considerando o bem-estar animal. A intenção é garantir a lucratividade da atividade, melhorar indicadores técnicos, aplicar as boas práticas de produção, respeitando o bem-estar animal e obter produtos seguros e de qualidade para o consumidor final (SEBRAE-ABCS, 2016). Acadêmico, vamos abordar agora, segundo informações do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas e a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (SEBRAE-ABCS, 2016), alguns parâmetros de alojamento e manejo nas granjas que permitem promover o bem-estar dos suínos. Nutrição Os animais nunca devem ficar sem ração por mais tempo do que o estabelecido entre os arraçoamentos. O projeto do comedouro deve garantir a possibilidade dos animais se alimentarem sem causar estresse ou lesões. Nos locais onde o arraçoamento é à vontade, é necessário sempre verificar se não está faltando ração e os sistemas automáticos devem ter seu funcionamento monitorado. Além disso, os animais devem ter acesso à água constantemente, no volume adequado, de boa qualidade, incolor,sem odor e limpa (SEBRAE-ABCS, 2016). Ambiência Para garantir um ambiente apropriado aos suínos é necessária uma adequada e rotineira limpeza das instalações (pisos móveis ou fixos, vazados ou compactos, canaletas). Sempre que possível, essa limpeza deve ser realizada a seco (utilizando uma pá, espátula, rodo e vassoura), ou seja, sem uso de água durante os lotes, uma vez que impacta tanto no custo quanto nas questões ambientais (maior volume de dejetos a tratar), além de ser um recurso natural esgotável. Disponibilizar, sempre que possível, luz e ventilação natural à parte da luz e ventilação artificial. Climatização O suíno precisa de diferentes temperaturas durante cada uma das fases de criação. Além disso, outro ponto importante é minimizar as variações de temperatura ao longo do dia (amplitude térmica). UNIDADE 1 | CADEIA PRODUTIVA DA SUINOCULTURA 24 QUADRO 6 – TEMPERATURA IDEAL EM CADA FASE DE CRIAÇÃO DE SUÍNOS Fase Temperatura ideal (ºC) Reprodução (fêmeas e machos) 18 a 25 Maternidade – porca 16 a 21 Maternidade – leitão 34 a 30 (decrescente ao longo da fase) Creche 30 a 23 (decrescente ao longo da fase) Terminação 18 a 23 FONTE: Adaptado de SEBRAE-ABCS (2016) Prevenção e Biosseguridade Um adequado esquema de vacinação e vermifugação contribui para a prevenção e o controle de doenças, conferindo uma boa saúde ao rebanho. Nesse sentido, um bom programa de biosseguridade (cercas de isolamento e acessos trancados, banho e troca de roupa, “todos dentro/todos fora” entre lotes, controle de entrada de pessoas e veículos, programa de limpeza e desinfecção, monitorias etc.) contribui para melhor sanidade do rebanho. O programa de biosseguridade deve ser definido e supervisionado por um médico veterinário e todas as pessoas envolvidas devem receber treinamento adequado para exercer suas funções. Verificação periódica e tratamento imediato de animais enfermos ou lesionados Em toda a granja deve haver uma rotina de verificação diária de todos os animais para identificar aqueles com doenças ou que necessitam de atenção especial (lesões e ocorrências diversas). Nos setores em que a alimentação não é à vontade, o momento do trato é oportuno para identificar animais prostrados, sem apetite ou com dificuldade de locomoção. Nos outros setores, onde a ração é à vontade, é necessário movimentar os animais para identificar enfermos (SEBRAE-ABCS, 2016). Eutanásia ou sacrifício Para evitar o sofrimento de um animal gravemente lesionado ou enfermo e cujo prognóstico de cura é desfavorável ou para fins justificados de diagnóstico, pode-se lançar mão do sacrifício do animal. Para realizar esse procedimento de forma humanitária, devem ser respeitadas algumas regras, como a prévia insensibilização (atordoamento) do animal, em que o suíno se torna inconsciente, com um mínimo de sofrimento e dor, até a sua morte (SEBRAE-ABCS, 2016). Para isso, o procedimento deve ser planejado, rápido e efetivo. Na ausência de um médico veterinário para realizar esse procedimento, deve existir um responsável devidamente capacitado. TÓPICO 2 | CADEIA PRODUTIVA DA SUINOCULTURA 25 Movimentação dos animais Ao movimentar os animais (trocar de local, manejo de detecção de cio, coleta de sêmen, desmame, manejo com os leitões, transferências de leitões, embarque para abates, desembarque para alojamento etc.), fazê-lo sempre calmamente, sem gritos e/ou usar equipamentos que possam estressar ou ferir os animais, jamais utilizar choque elétrico na condução. Sempre utilizar tábuas de manejo e conduzir os animais em grupos menores (quatro ou cinco suínos). Todo o percurso deve estar preparado (ausência de locais que possam causar ferimentos ou distrações, limpo, grades para guiar etc.), assim como as pessoas responsáveis por essa tarefa devem ser devidamente treinadas. Procurar realizar essa movimentação nas horas mais frescas do dia (SEBRAE-ABCS, 2016). Gestão ambiental A gestão ambiental engloba o correto manejo dos dejetos e adequada destinação dos resíduos biológicos, além de atender à legislação e não agredir o meio ambiente, ajudam no controle de moscas, na redução de gases tóxicos no ambiente (metano e amônia) e na disseminação de doenças, protegendo, assim, a saúde do rebanho e atendendo aos princípios do bem-estar animal. Alguns indicadores podem ser utilizados para constatar o bem-estar dos animais. Os indicadores são medidas simples que podem refletir um aspecto do bem-estar dos animais. Geralmente, os indicadores utilizados para determinar o bem-estar dos suínos podem ser baseados no animal e no ambiente. Os indicadores baseados no ambiente são mais fáceis de mensurar, no entanto, os indicadores baseados no animal trazem informações mais relevantes sobre o bem-estar e têm a vantagem de poder ser utilizados em qualquer criação, independentemente do sistema de alojamento e manejo. Entretanto, os indicadores definidos devem ser válidos, ou seja, devem mensurar o que realmente se pretende, confiáveis (fornecer mensurações replicáveis) e práticos. Os indicadores baseados no animal podem ser classificados em quatro categorias: indicadores fisiológicos; indicadores de comportamento; indicadores ligados à saúde dos animais e indicadores ligados à produção (LUDTKE; CALVO; BUENO, 2014). Vamos agora conhecer cada um desses indicadores, segundo as definições de Ludtke, Calvo e Bueno (2014). Indicadores fisiológicos A concentração de cortisol ou de seus metabólitos no plasma sanguíneo, na saliva, na urina ou nas fezes é um dos indicadores mais comumente usados para mensurar o bem-estar dos animais, pois está relacionado ao estresse. Contudo, deve-se levar em consideração que a concentração de cortisol pode também aumentar em situações que dificilmente podem ser consideradas desconfortáveis, por isso que alterações na concentração de cortisol devem ser interpretadas com cuidado e levando em conta outros indicadores, como comportamento. UNIDADE 1 | CADEIA PRODUTIVA DA SUINOCULTURA 26 Indicadores de comportamento Além das mudanças comportamentais normalmente associadas à resposta de estresse, existem outras que surgem como consequência de ambientes pouco adequados para os animais. Uma dessas mudanças são as estereotipias, que são comportamentos repetitivos que resultam de tentativas repetidas de adaptação a um ambiente difícil. Uma das estereotipias mais conhecidas na suinocultura, e que frequentemente as matrizes suínas realizam quando alojadas em gaiolas individuais, consiste em morder as barras metálicas da gaiola, enquanto realizam movimentos repetitivos de cabeça, e enrolar da língua ou fazer movimentos de mastigação sem alimento, o que as faz produzir uma grande quantidade de saliva. Outro comportamento que pode ser indicativo de um problema de bem- estar é o denominado “caudofagia”. Esse comportamento aparece, eventualmente, em suínos e consiste no hábito de morder a cauda dos outros animais, chegando, às vezes, a produzir feridas hemorrágicas. Indicadores ligados à saúde dos animais A saúde é uma avaliação importante do bem-estar dos suínos. Doenças multifatoriais como diarreias pós-desmame ou doenças respiratórias são indicadores úteis do baixo grau de bem-estar dos suínos, assim como a mortalidade, as lesões causadas pelo manejo, o ambiente (físico) e as brigas com outros animais também são importantes. Indicadores ligados à produção A queda da produção deve ser considerada um indicador de baixo grau de bem-estar. Porém, é importante levar em conta que uma produção satisfatória não sugere necessariamente um nível adequado de bem-estar, pois os animais de produção foram selecionados para manter altos índices de produtividade, mesmo em condições que não sejam as melhores do ponto de vista do bem-estar. Além disso, a mensuração da produção só leva em conta os valores médios, e para a avaliação do bem-estar deve-se considerar cada animal individualmente. A variabilidade entre os animais nos parâmetros produtivos é um indicadorútil de bem-estar. TÓPICO 2 | CADEIA PRODUTIVA DA SUINOCULTURA 27 DICAS Acadêmico, se você quiser aprofundar seus conhecimentos sobre o bem-estar na produção de suínos, acesse a página da Embrapa <https://www.embrapa.br/qualidade-da- carne/carne-suina/producao-de-suinos/bem-estar-animal>. Essa página da internet oferece diversos materiais técnico-científicos a respeito do bem-estar animal na produção de suínos. 4 FLUXO DE PRODUÇÃO E INSTALAÇÕES Nas últimas décadas, a suinocultura passou por uma evolução genética significativa na redução de carne magra na carcaça e na maior eficiência de crescimento. Além disso, o grau de exploração e o aumento da produtividade fizeram com que os rebanhos ficassem cada vez mais vulneráveis do ponto de vista sanitário. Assim, o surgimento de novas doenças tornou fatores como o bem- estar animal e a ambiência essenciais para a produtividade e para a viabilidade da suinocultura (MACHADO, 2014b). Associado ao bem-estar e à ambiência, o fluxo de produção bem conduzido é de fundamental importância na manutenção da atividade estável e em constante melhoria. A concepção e o fluxo das instalações devem estar inseridos em um contexto que considere a capacidade de investimento do produtor, o tamanho do rebanho, o nível de produtividade e status sanitário desejados, o manejo a ser adotado e a viabilidade econômica. Nesse sentido, dois dos aspectos mais importantes na prevenção e controle das doenças dos sistemas de produção dos suínos são o vazio sanitário e a programação de lotes no sistema all in/all out (todos dentro/todos fora) nas fases de maternidade, creche, recria e terminação. Podemos definir o vazio sanitário como o período em que determinada instalação fica sem animais, após lavada e desinfetada, até a entrada de outro lote. O vazio sanitário reduz significativamente o potencial de infecção e a transmissão de agentes patogênicos de um lote para outro, melhorando a saúde geral do rebanho e a performance produtiva, diminuindo o uso de medicamentos (MACHADO, 2014b). Segundo Machado (2014b), para adotar o sistema de vazio sanitário e all in/all out é necessário planejar as instalações e o manejo dos animais a fim de obedecer a um fluxo de produção. A definição do fluxo de produção, em uma granja de ciclo completo, depende da determinação das seguintes condições, de acordo com Machado (2014b): • Intervalo entre lotes de produção: 7, 14, 21 ou 28 dias. • Idade média de desmame: 21 a 28 dias. • Idade de saída da creche: 63 a 70 dias. UNIDADE 1 | CADEIA PRODUTIVA DA SUINOCULTURA 28 • Idade de venda dos suínos produzidos (mercado): de 150 dias ou mais. • Limpeza, desinfecção e vazio sanitário entre lotes: de 4 a 7 dias. Essas premissas devem levar em conta o nível de exploração, o tamanho do plantel e as limitações de investimento do produtor. De acordo com Amaral, Silveira e Lima (2006), a organização do fluxo de produção de suínos na granja depende do planejamento das instalações. A granja deve ser construída em salas por fase de criação, considerando o tamanho do rebanho, o intervalo entre lotes de porcas que se pretende trabalhar e o período de ocupação de cada sala (período em que os animais permanecem na sala, somado ao vazio sanitário), principalmente nas fases de maternidade, creche e crescimento-terminação. Assim, será possível produzir animais em lotes com idades semelhantes na mesma sala e viabilizar a realização de vazio sanitário entre eles. De acordo com Machado (2014b), o número de matrizes produtivas determina o tamanho de uma granja de produção de leitões ou ciclo completo. No planejamento de uma granja, o que deve determinar o tamanho desse plantel reprodutivo é o volume de produção desejado, representado por cevados/ semana, por leitões/semana ou quilogramas de suínos/ano. Esse volume de produção é limitado pela demanda de mercado, pela capacidade de investimento e custeio do produtor e pela disponibilidade de área para destinação dos dejetos. A partir disso, estima-se uma produtividade e determina-se o tamanho do plantel reprodutivo (matrizes) necessário para conseguir a produção desejada. No caso de a produtividade ser subestimada no projeto, poderá haver problemas de falta de espaço e superlotação nas diferentes fases de crescimento (creche, recria e terminação). Por outro lado, se a produtividade for superestimada, a granja terá de aumentar o plantel reprodutivo para atingir a meta desejada, resultando em problemas de espaço nas áreas de gestação e maternidade. Seja no planejamento de instalações novas, seja em reformas ou adequações de manejo de granjas já estabelecidas, é essencial definir o fluxo de produção que otimize o uso das instalações, sem comprometer questões de bem-estar e sanidade. Explorar bem uma instalação é conseguir produzir alto volume de carne, mantendo os custos baixos, compatíveis com um manejo adequado que mantém a estabilidade sanitária (MACHADO, 2014b). Agora vamos analisar o dimensionamento da área de reprodução e das áreas de creche, recria e terminação, segundo as informações de Machado (2014b). Dimensionamento da área de reprodução Os setores de reprodução são compostos pela maternidade, gestação e reposição. No dimensionamento das instalações de reprodução e na definição do fluxo deve-se levar em conta o número de matrizes produtivas, a taxa de reposição, a meta de idade de primeira cobertura das leitoas, o vazio sanitário TÓPICO 2 | CADEIA PRODUTIVA DA SUINOCULTURA 29 da maternidade e a área de circulação. Para se calcular a dimensão da área de reprodução, todas as matrizes que já foram inseminadas (cobertas) ao menos uma vez são consideradas produtivas, incluindo fêmeas no intervalo desmame cobertura e matrizes para descarte que ainda estejam alojadas na granja (MACHADO, 2014b). Maternidade Uma das maneiras de definir o grau de exploração do plantel reprodutivo de uma granja é através do n° de partos/gaiola de maternidade/ano. A maternidade tem sido apontada como um dos maiores entraves da produção, limitando a ampliação do plantel temporária ou definitivamente. Com redução cada vez maior da idade ao desmame, visando aumentar os partos/fêmea/ano, costuma-se trabalhar com números superiores a 13 partos/gaiola/ano, ou seja, menos de 28 dias por ciclo desde a entrada da fêmea na maternidade, passando pela lactação, desmame, lavação/desinfecção e vazio sanitário (MACHADO, 2014b). Portanto, de acordo com o autor, é interessante trabalhar com um período de, pelo menos, 31 dias por ciclo (lote). Dessa maneira, consegue-se uma idade média de desmame dos leitões de aproximadamente 23 dias e uma idade mínima de 21 dias, permitindo um período de cerca de oito dias para serem divididos entre alojamento pré-parto e posterior lavação, desinfecção e vazio sanitário entre lotes (MACHADO, 2014b). Cada lote pode ocupar uma ou mais salas. A vantagem de ter mais salas por lote está na flexibilidade em se desmamar em mais do que um dia por semana, dividindo as atividades ao longo da semana e permitindo uma idade de desmame mais uniforme. No entanto, essa situação, além de encarecer a construção (pois necessita mais paredes, portas e corredores), também pode dificultar o manejo, por não concentrar todos os animais do mesmo lote em um só ambiente (MACHADO, 2014b). Dimensionamento das áreas de creche, recria e terminação As fases de crescimento e engorda representam o local onde o suíno passa a maior parte de sua vida e onde há o maior consumo de ração da granja (custo). Além do mais, perder um suíno próximo à idade de abate resulta em maiores prejuízos que nas demais fases de crescimento, tendo agregado a ele todos os custos anteriores. No planejamento de instalações e do fluxo de produção nas fases de creche, recria e terminação, além do período de vazio sanitário e idade de transferência e venda, deve-se considerar o tamanho do lote, o tamanho das subdivisões do lote (grupos), o espaço por animal (m2) e a forma de arraçoamento(automático, manual, controlado, à vontade etc.). Todos esses fatores interferem no dimensionamento e projeto das instalações (MACHADO, 2014b). UNIDADE 1 | CADEIA PRODUTIVA DA SUINOCULTURA 30 No desenvolvimento das instalações e fluxo de produção nos setores de crescimento é preciso avaliar o custo da instalação, a disponibilidade e custo de mão de obra, o sistema de arraçoamento, a performance desejada e o tamanho dos lotes (MACHADO, 2014b). Em qualquer uma das fases de crescimento (creche, recria ou terminação), a fórmula básica para definir o número de lotes por fase é: Número de lotes = (período de ocupação + vazio sanitário)/intervalo entre lotes O período de ocupação é a idade média de saída da fase menos a idade média de entrada. Vejamos o seguinte exemplo: em uma granja que desmama com 21 dias e faz a descreche com 63 dias, o período de ocupação da creche é de 42 dias. O vazio sanitário deve ser de quatro a sete dias e o intervalo entre lotes é múltiplo de sete. Dependendo do tamanho do lote, ele pode ser alojado em uma ou mais salas (MACHADO, 2014b). Creche O desmame é um dos momentos mais críticos no sistema de produção de suínos, pois os fatores sociais, sanitários, imunológicos, nutricionais e de ambiente, resultantes da separação do leitão de sua mãe e de sua transferência para outra instalação, têm consequências sobre seu desempenho seguinte (MACHADO, 2014b). Assim como na maternidade, o número de gaiolas é dimensionado sobre a performance produtiva (alvo de cobertura e taxa de parição), na creche e demais setores de crescimento, o número de espaços depende do número de desmamados por porca/ano. Com a constante evolução genética não é absurdo projetar números iguais ou superiores a 35 leitões desmamados/porca/ano (MACHADO, 2014b). Recria e terminação A fase de recria ou crescimento está catalogada entre a saída de creche até mais ou menos 110 dias de vida, pode ser um setor separado da terminação ou feito de forma contínua, na mesma instalação, sem a necessidade de transferência. O fracionamento dessas duas fases é feito em função da redução de área construída, pois na fase de recria pode-se trabalhar com uma área/animal alojado de 0,65 a 0,75 m2, enquanto a área de terminação deve-se trabalhar com uma área proporcional ao peso previsto de venda. Na terminação, em separado da recria ou como uma fase contínua (recria/terminação) a área recomendada é de 0,01 m2/ kg de venda, ou seja, se, por exemplo, a granja abater os animais com 110 kg de peso vivo, recomenda-se trabalhar a terminação com uma área livre de 1,1 m2/ animal alojado (MACHADO, 2014b). Do ponto de vista sanitário, recomenda-se que o mesmo subgrupo (baia) TÓPICO 2 | CADEIA PRODUTIVA DA SUINOCULTURA 31 seja transferido da creche para as fases subsequentes, ou seja, se a creche aloja 35 animais por baia, a recria e a terminação devem manter a mesma capacidade por baia, ou dividir essa capacidade em duas ou mais baias, nunca o contrário (agrupar baias diferentes da creche em uma só baia na recria) (MACHADO, 2014b). Acadêmico, o dimensionamento e planejamento correto das instalações são fundamentais para a produção de suínos de maneira adequada, sanitária e voltada ao bem-estar animal. Além disso, é importante orientar-se através das boas práticas de produção de suínos, que podem beneficiar os sistemas de produção, assim como orientar a ampliação ou a implantação de novos sistemas (AMARAL; SILVEIRA; LIMA, 2006). 32 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • A produção de suínos pode ser classificada, de acordo com o grau de controle da produção, em extensiva e intensiva. • A produção extensiva pode ser definida como extrativista e de subsistência, praticamente sem controle de dados e manejos. • Todas as demais formas de produção são consideradas intensivas, nas quais existe uma preocupação com viabilidade econômica e produtividade. • Os suínos podem ser produzidos de forma intensiva ao ar livre ou confinados, sendo que mundialmente há uma predominância do modelo confinado. • A produção de suínos pode ser classificada, pelo tipo de vínculo de produção, como independente, integrada ou cooperativa, com diferente distribuição e predominância de acordo com a região geográfica do país. • Os sistemas de produção podem ser classificados, de acordo com a localização dos sítios, em ciclo completo, sítio único ou produção distribuída em diversos sítios (dois, três, quatro e cinco sítios). • Quando se trata de bem-estar animal na granja, alguns princípios devem ser considerados, como o princípio da boa alimentação, do bom alojamento, da boa saúde, evitar situações de estresse e também a possibilidade de o animal expressar um comportamento natural. • O bem-estar de um animal é atendido quando se cumprem cinco requisitos, ou as cinco liberdades: nutrição adequada; sanidade adequada; ausência de desconforto físico e térmico; ausência de medo, dor e estresse intenso; capacidade de expressar comportamentos típicos da espécie. • Alguns indicadores podem ser utilizados para se constatar o bem-estar dos animais. Geralmente, os indicadores utilizados para determinar o bem-estar dos suínos podem ser baseados no animal e no ambiente. • Os indicadores baseados no animal podem ser classificados em quatro categorias: indicadores fisiológicos; indicadores de comportamento; indicadores ligados à saúde dos animais e indicadores ligados à produção. • Associado ao bem-estar e à ambiência, o fluxo de produção bem conduzido é de fundamental importância na manutenção da atividade estável e em constante 33 melhoria. • Dois dos aspectos mais importantes na prevenção e controle das doenças dos sistemas de produção dos suínos são o vazio sanitário e a programação de lotes no sistema all in/all out (todos dentro/todos fora) nas fases de maternidade, creche, recria e terminação. • No dimensionamento das instalações de reprodução e na definição do fluxo deve-se levar em conta o número de matrizes produtivas, a taxa de reposição, a meta de idade de primeira cobertura das leitoas, o vazio sanitário da maternidade e a área de circulação. • No planejamento de instalações e do fluxo de produção nas fases de creche, recria e terminação, além do período de vazio sanitário e idade de transferência e venda, deve-se considerar o tamanho do lote, o tamanho das subdivisões do lote (grupos), o espaço por animal (m2) e a forma de arraçoamento (automático, manual, controlado, à vontade etc.). 34 AUTOATIVIDADE Vamos testar o quanto avançamos no domínio do conhecimento dos sistemas de produção, bem-estar animal e planejamento de produção na suinocultura. 1 Neste tópico, vimos que o sistema de produção na suinocultura se refere à maneira como se organiza a produção. A produção de suínos pode ser classificada, de acordo com o grau de controle da produção, em extensiva e intensiva. Sobre os sistemas de produção na suinocultura, analise as seguintes sentenças: I- A produção extensiva pode ser definida como extrativista e de subsistência, praticamente sem controle de dados e manejos. II- No sistema de criação intensiva tradicional, os animais de todas as categorias permanecem sobre piso e sob cobertura, podendo-se, ainda, separá-los por fases em várias instalações. III- A suinocultura de subsistência com baixa aplicação de tecnologia está cada vez menor, dando origem a uma suinocultura tecnificada e de maior produtividade. IV- No sistema de criação intensiva por confinamento os animais são criados em baias, em uma área relativamente pequena, focando na produtividade e na economicidade do sistema. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente a afirmativa IV está correta. b) ( ) As afirmativas I, III e IV estão corretas. c) ( ) As afirmativas I e II estão corretas. d) ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas. 2 Como vimos neste tópico, alguns indicadores podem ser utilizados para se constatar o bem-estar dos animais. Os indicadores são