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Prévia do material em texto

DIREITO PROCESSUAL PENAL
Autores: Jorge Roberto Krieger
 Rudglai Beroni Blois 
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
 Reitor: Prof. Dr. Malcon Tafner
 Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
 Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
 Equipe Multidisciplinar da 
 Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller
 Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
 Profa. Jociane Stolf
 Revisão de Conteúdo: Rodrigo Koenig França 
 Revisão Gramatical: Profª Camila Thaisa Alves
 
 Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci
345.05
K926d Krieger, Jorge Roberto
 Direito Processual Penal / Jorge Roberto Krieger 
 e Rudglai Beroni Blois Souza. Indaial : 
 Uniasselvi, 2012. 
 298. p.: il
	 	 	 Inclui	bibliografia.
 ISBN 978-85-7830-545-1
 1. Direito processual penal.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
 II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (047) 3281-9000/3281-9090
Copyright © UNIASSELVI 2012
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Rudglai Beroni Blois Souza 
Possui	 habilitação	 profissional	 plena	 de	
Magistério (1987) pelo Instituto Juvenal Miller. 
Graduada no Curso Superior de Letras Português 
- Licenciatura Plena - Habilitação Português e 
Literaturas e Língua Portuguesa pela Fundação 
Universidade do Rio Grande – FURG (Rio Grande – 
RS /1990). Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais 
pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI (2005). 
Juíza Mediadora e Arbitral – Lei n° 9.307/96. Curso 
de Pedagogia pelo Centro Universitário Leonardo da 
Vinci - UNIASSELVI. Pós-Graduada em Docência no 
Ensino Superior pelo Centro Universitário Leonardo 
da Vinci. Participou de vários Congressos, Cursos, 
Seminário, Simpósios durante sua caminhada 
acadêmica. 
Jorge Roberto Krieger
Possui graduação em Letras pela 
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC 
(1990) e graduação em Direito pela Fundação 
Universidade Regional de Blumenau - FURB (1997). 
É especialista em direito processual pela FURB (2000) 
e mestre em Direito pela UFSC (2002). Tem experiência 
profissional	e	docente	em	direito	penal,	processual	penal	
e prática penal. É professor universitário desde 1998 e 
da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) desde 2004. 
Autor de livro e artigos, bem como palestrante da área 
do direito penal.
Sumário
APRESENTAÇÃO ..................................................................... 7
CAPÍTULO 1
Fundamentos	do	Processo	Penal	 ..................................... 11
 
CAPÍTULO 2
Lei	Processual	Penal	 .......................................................... 33
CAPÍTULO 3
Inquéríto		Policial	 ............................................................... 61
CAPÍTULO 4
Ação	Penal	 ......................................................................... 101
CAPÍTULO 5
Denúncia	e	Queixa	 .............................................................. 155
CAPÍTULO 6
Provas	Penais	 .................................................................... 173
CAPÍTULO 7
Prisão ................................................................................... 213
CAPÍTULO 8
Recursos	em	Geral	 ........................................................... 243
CAPÍTULO 9
Juizados	Criminais	Especiais	 ............................................ 277
7
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):
São os homens e não as leis que precisam mudar.
Quando	os	homens		forem		bons,	melhores	serão	as	leis.
Quando	os		homens		forem		sábios,		as	leis,	por		
desnecessárias, deixarão de existir. Mas isto, será 
possível somente quando as leis estiverem escritas 
e atuantes no coração de cada um de nós.
 (Hermógenes)
Há que se dizer, o Ensino a Distância e sua operacionalidade se apresenta 
como uma alternativa desencadeadora na melhoria da qualidade de ensino, 
por possibilitar maior acesso à Educação. Dentre as vantagens apresentadas, 
Leobons (1984) destaca que o EAD pode alcançar um grande número de pessoas 
e grupos, se adapta ao ritmo de cada participante, é versátil, além de possibilitar 
o autodidatismo, como processo de conquista processual, desencadeado pelo 
próprio indivíduo que se redimensiona a partir dele e para ele. 
 
Isto posto, apresentamos a nossa proposta educativa: buscar a 
contextualização do processo ensino-aprendizagem como ação objetiva e 
sistemática, que é mais que a mera instrução, embora esta possa ser um dos 
componentes do ensino, pois enquanto a instrução visa à erudição, o ensino no 
sentido pleno busca a compreensão e a sabedoria de vida.
Neste viés, apresentamos o caderno de estudos da Disciplina de Direito 
Processual Penal, que tem como objetivo ensejar o aprendizado de Processo 
Penal a partir do paradigma Constitucional e análise crítica dos Institutos e 
o respeito por suas categorias jurídicas próprias. A ideia inicial deste estudo 
é proporcionar aos Bacharéis em Direito o conhecimento e a análise das 
particularidades relevantes e úteis do conteúdo da Disciplina. 
Ao priorizar o ensino-aprendizagem do pós-graduando, pensou-se em 
esclarecer alguns dos princípios norteadores do ensino, os quais objetivam dar 
fundamentação teórica a uma ação prática: o Espírito Democrático propicia 
ao pós-graduando e ao educador “ter vez e voz” dentro do processo educativo, 
desenvolvendo o espírito de cidadania e o ideal de realização, com audácia 
e esperança; a Simplicidade promove o encontro entre pós-graduando e 
educadores, pois por esta atitude e maneira de ser e de agir, barreiras de 
relacionamento e comunicação interpessoais são derrubadas, permitindo o acesso 
8
fácil à pessoa do outro como recurso pessoal, transparente, disponível; o Diálogo-
construtivo, usado como facilitador do relacionamento humano, esclarecedor 
de ideias; a Liberdade e o Respeito à Individualidade – respeito à liberdade 
de pensamento e expressão responsáveis, preparar o cidadão comprometido e 
crítico; o Espírito Crítico: favorecer uma consciência avaliativa de fatos, eventos 
ou situações concretas numa relação de integração como saber construído 
anteriormente nas diversas áreas do conhecimento humano; o Senso Crítico – 
capacidade de discernimento, de análise na recepção de fatos e ocorrências. Pelo 
senso	critico,	os	valores	são	classificados	e	as	prioridades	ordenadas	constituindo	
um impulso para a busca e alcance da verdade.
 
O que nos propusemos a realizar é escrever este caderno de estudos 
de forma didática, direta, para que aluno possa ler, compreender e estudar. 
Logo, permitimo-nos, como educadores da área de Direito, sair do vocabulário 
rebuscado para a linguagem direta, de forma que o aluno possa gostar da leitura 
não pelas expressões utilizadas, mas simplesmente por entender o assunto sem, 
contudo, perder a formalidade que o Direito anuncia.
Bom trabalho!
Lista de Abreviaturas,
Siglas, Símbolos e Expressões
§ Parágrafo, na legislação brasileira
Apud Citado por, conforme ou segundo (do latim )
CC Conflito de competência
Cciv/1916 Código Civil 1916 – Lei 3.071/1916 
Cciv/2002
Código Civil 2002 – Lei 10.406/2002 
CE
Constituição do Estado
CF Constituição Federal. O mesmo que CR (Constituição da República Fede-
rativa do Brasil)
CPC Código de Processo Civil – Lei 5.869/1973
CPI Comissão Parlamentar de Inquérito
COM Código Penal Militar – Decreto – Lei 1.001/1969
de lege ferenda da lei a ser criada (do latim)
de lege lata da lei já criada, em vigor (do latim)
des. Desembargador
des. fed. desembargador federal
DJ Diário da Justiça ou Diário Judiciário
EC Emenda Constitucional
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8.069/1990
HC Habeas Corpus
inc. Inciso
LC Lei Complementar
LCP Lei da Contravenções Penais – Decreto– Lei 3.688/1941
Lei de Imprensa Lei 5.250/1967
LICC Lei de Introdução ao Código Civil – Decreto – Lei 4.657/1942
Ministério PúblicoMP
RE Recurso extraordinário
RISTF Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal
RT Revista dos Tribunais
STF Supremo Tribunal Federal
STJ Supremo Tribunal de Justiça
STM Supremo Tribunal Militar
TACRIMSP Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo
TAMG Tribunal de Alçada Criminal de Minas Gerais (extinto)
TFR Tribunal Federal de Recursos (extinto)
TJ Tribunal de Justiça
TJM Tribunal de Justiça Militar
TRE Tribunal Regional Eleitoral
TRF Tribunal Regional Federal
v.
Volume (nas referências bibliográficas) ou versus (nas citações de juris-
prudência estadunidense), conforme o caso
CAPÍTULO 1
Fundamentos	do	Processo	Penal
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Compreender a importância do Direito Processual Penal como instrumento de 
garantia do cidadão;
�	Ler,	 interpretar	 e	 pesquisar	 	 documentos	 	 e	 	 bibliografias	 	 diversas	 	 sobre	 o	
ordenamento Jurídico;
� Desenvolver a capacidade de pesquisa e análise na Legislação, doutrina e 
Jurisprudência;
 
�	 Identificar	a	dinâmica	do	Processo	Penal	como	instrumento	do	jus puniendi do 
Estado e ao mesmo tempo instrumento de garantia.
13
Fundamentos do Processo Penal Capítulo 1 
Contextualização
Falar em Direito Processual Penal suscita apresentar a mecânica e o 
funcionamento do Direito Penal e do Direito Processual Penal, utilizando como 
ferramentas questionamentos à luz da ética, do ordenamento jurídico pátrio e 
do	Direito	Comparado.		Além	disso,	faz-se	imprescindível	o	sentido	e	o	significado		
deste Instituto e, sobretudo, construir, a partir do referencial existente, um 
conceito próprio de processo penal, para alcançar os efeitos que ele produz 
sobre a formação dos direitos e garantias do cidadão brasileiro.
Neste capítulo, trataremos dos Fundamentos do Processo Penal com o 
intuito de proteger bens e interesses relevantes para a sociedade, dando ênfase ao 
Conceito de Processo, a Natureza Jurídica, Conteúdo, Conceito e Autonomia do 
Direito Processual Penal, apontando as Fontes das Normas Processuais Penais. 
Partindo deste pressuposto, daremos início à Disciplina através de estudos, 
discussões e debates acerca da temática que envolve este caderno.
 
Atividade de Estudos: 
1)	 Para	 você,	 qual	 o	 significado	do	Direito	 	Processual	Penal?	Ao	 	
ouvir	 o	 nome	 deste	 Instituto,	 que	 relações	 você	 estabelece?	
Como	você	conceituaria	Direito	Processual	Penal?
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
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14
 Direito Processual Penal 
Direito	de	Punir	
Uma das tarefas do Estado é regulamentar a conduta do cidadão 
brasileiro, através de Normas, sem as quais a vida em sociedade seria 
impossível.Portanto, regras são estabelecidas para regulamentar a 
convivência entre os indivíduos e as possíveis relações destes com 
o Estado, entidade dotada de poder soberano, sendo titular exclusivo 
do Direito de Punir. Há que se dizer que o Estado, por ter o dever de 
proteger os direitos mais essenciais da sociedade, apreende para 
si	 o	monopólio	 daquele	 direito.	 Verifica-se,	 de	 um	 lado,	 o	 agente	 do	
crime, que pugna, por todos os meios de defesa em direitos admitidos, 
preservar o seu direito de liberdade, o jus libertatis.
Em síntese, observamos a seguinte situação – problema: o Estado apreende 
alguns valores como essenciais ao convívio dos seus indivíduos e, por sua vez, 
protege esses valores por meio de normas jurídicas de direito penal, em que sua 
transgressão ou ameaça é cominada a uma consequência, a sanção penal.
Quando	o	indivíduo	pratica	uma	conduta	descrita	no	tipo	penal	incriminador	
e não é acobertada por uma excludente de ilicitude, pratica um injusto penal. O 
Estado, então, que enxerga a norma que foi ofendida, passa a ter o interesse de 
punir o ofensor, direito de punir aquele que lesa um valor defendido - ente estatal.
Já o acusado ao ver seu direito de liberdade ameaçado, tendo 
interesse em se ver livre das consequências previstas pelo tipo penal 
incriminador, faz uso do seu jus libertatis. Entre o réu e o Estado surge 
um	conflito	de	interesses	qualificados	pela	pretensão	punitiva	do	Estado	
e pela pretensão conferida pelo réu em defesa do jus libertatis. A este 
conflito	dá-se	o	nome	de lide ou litígio.
A lide ou litígio que se instaura entre estes deve se desenrolar 
por uma série de atos coordenados que caminham para a solução ou 
composição	do	conflito,	determinando	o	Estado-juiz	por	 sua	vez	qual	
direito deve imperar. A esse conjunto de atos coordenados dá-se o 
nome de processo.
O conceito de lide e de processo é único, haja vista que a jurisdição é uma, 
mas para efeitos de organização judiciária e para melhorar a persecução da 
justiça, se divide o litígio em cível e penal e o processo, por conseguinte, em cível 
e penal. Desta forma, o processo penal é a fórmula encontrada pelos Estados 
para comporem lides de natureza criminal. 
Segundo Mougenot (2011, p.33), “é certo que a presença do Estado enquanto 
entidade interfere cotidianamente na vida da sociedade, direcionando sua 
atuação, impondo restrições ao que os indivíduos podem ou não fazer, reprimindo 
Uma das tarefas 
do Estado é 
regulamentar a 
conduta do cidadão 
brasileiro, através 
de Normas, sem 
as quais a vida em 
sociedade seria 
impossível.
Já o acusado ao 
ver seu direito 
de liberdade 
ameaçado, tendo 
interesse em 
se ver livre das 
consequências 
previstas pelo tipo 
penal incriminador, 
faz uso do seu 
jus libertatis.
15
Fundamentos do Processo Penal Capítulo 1 
os infratores que afrontam bens ou interesses da Sociedade ou do 
próprio Estado”. 
Uma vez violada a Norma Penal, com ato concreto de conduta 
típica, e a consequente lesão a um interesse público, surge para o 
Estado o Direito de Punir - direito de concretizar a sanção prevista 
abstratamente na lei penal. 
Ensina	 Bonfim	 (2005)	 que,	 para	 valer	 o	 seu	 jus puniendi, o 
Estado deve utilizar-se de um instrumento que seja capaz de punir os 
culpados; de consentir que se desenvolva uma atividade voltada para 
o descobrimento da veracidade dos fatos; de assegurar ao acusado os 
meios de defesa necessários para opor-se à presunção estatal. 
HIEROS GAMOS: maior site jurídico do mundo. 
www.hg.org 
Vale	a	pena	refletir:				
Jus puniendi opõe-se inexoravelmente ao Jus libertatis do 
acusado	–	binômio	que	confirma	a	lide	penal.
Ao realizar a conduta proibida pela norma penal, aquele jus 
puniendi desce do plano abstrato para o concreto, eis que o Estado 
assume o dever de aplicar a pena ao autor da conduta proibida. 
Com o aparecimento do crime ou contravenção, surge a pretensão 
punitiva. A partir daí, o Estado exige que o interesse do criminoso 
em conservar sua liberdade se subordine ao seu, restringindo com a 
aplicação da pena o jus libertatis.
O direito de punir é genérico. Em um primeiro momento, 
direciona-se a todos. 
É abstrato e existe antes da prática do ilícito penal.
Portanto, esse Direitode Punir, por ser diplomado pelo Estado, é genérico e 
impessoal,	pois	não	se	restringe	especificamente	contra	esta	ou	aquela	pessoa,	
mas destina-se à coletividade como um todo.
 Uma vez violada 
a Norma Penal, 
com ato concreto 
de conduta típica, 
e a consequente 
lesão a um interesse 
público, surge para 
o Estado o Direito 
de Punir – direito 
de concretizar a 
sanção prevista 
abstratamente na 
lei penal.
http://www.hg.org
16
 Direito Processual Penal 
O	Conflito	de	Interesses	Surge	
a	Partir	da	Lide	Penal	
O Estado tem a pretensão de punir o infrator, enquanto este 
oferecerá resistência a essa pretensão, exercitando sua defesa técnica 
(pelo	 advogado)	 e	 pessoal	 (autodefesa).	 Esse	 conflito	 de	 interesses	
caracteriza a lide penal que será solucionada por meio de atuação 
jurisdicional. Não existe a coação direta, mas sim a coação indireta ou 
processual, ou seja, se é exigida prévia cominação legal para o crime, 
igualmente se exigirá sentença condenatória para a imposição de pena.
A	 Jurisdição,	 por	 sua	 vez,	 só	 pode	 atuar	 e	 resolver	 o	 conflito	
por meio do processo, que funciona como garantia de sua legítima e 
regular	atuação.	É,	portanto,	um	dos	modos	de	solução	do	conflito	de	
interesses. Observa-se a presença da autotutela ou autodefesa, na 
qual o titular do direito impõe seu ponto de vista e a autocomposição. 
Este último ressurgiu com a lei nº 9.099/95, permitindo a transação e 
a suspensão condicional do processo. “O processo penal, em termos 
genéricos, é o conjunto de atos visando disciplinar a pena ao acusado” 
(CARNELUTTI, 1950, p. 78).
Informa-se que fazem parte do processo as pessoas interessadas, 
que	são	os	 sujeitos	em	conflito,	 e	a	pessoa	desinteressada,	que	é	o	
órgão jurisdicional.
Logo,	Processo	é	o	meio	pelo	qual	se	resolve	o	conflito	e	pelo	qual	
se exerce a jurisdição. Importante: só o juiz possui jurisdição – Poder 
do Estado em aplicação da pena. O processo também é o meio de 
exercício da ação penal.
Direito	Processual	Penal
Segundo o ensinamento de Cintra, Crinover e Dinamarco, “Direito 
Processual é o conjunto de normas e princípios que regem [...] o 
exercício conjugado da Jurisdição pelo Estado-Juiz, da ação pelo 
demandante e da defesa pelo demandado” (MALHEIROS, 1993, p.41).
Trazendo	 a	 definição	 ao	 campo	 que	 realmente	 nos	 interessa,	
afirmamos	que	o	Direito	Processual	Penal	 é	o	 conjunto	de	princípios	
e normas da composição das lides penais por meio da aplicação do 
direito penal objetivo. 
Estado tem a 
pretensão de punir 
o infrator, enquanto 
este oferecerá 
resistência a 
essa pretensão, 
exercitando sua 
defesa técnica 
(pelo advogado) 
e pessoal 
(autodefesa).
Processo é o 
meio pelo qual se 
resolve o conflito 
e pelo qual se 
exerce a jurisdição. 
Importante: só 
o juiz possui 
jurisdição – Poder 
do Estado em 
aplicação da 
pena. O processo 
também é o meio 
de exercício da 
ação penal.
O Direito 
Processual Penal 
é o conjunto de 
princípios e normas 
da composição das 
lides penais por 
meio da aplicação 
do direito penal 
objetivo.
 A Jurisdição, por 
sua vez, só pode 
atuar e resolver o 
conflito por meio 
do processo, que 
funciona como 
garantia de sua 
legítima e regular 
atuação.
17
Fundamentos do Processo Penal Capítulo 1 
Na	 definição	 de	 José	 Frederico	 Marques,	 “é	 o	 conjunto	 de	 princípios	 e	
normas que regulam a aplicação jurisdicional do direito penal, bem como as 
atividades persecutórias da polícia Judiciária, e a estruturação dos órgãos em 
função	jurisdicional	e	respectivos	auxiliares”	(MARQUES,	2001,	p.	20).
Do conceito formulado pelos autores citados acima se infere que o Direito 
Processual Penal é o conjunto de normas (leis, por exemplo as previstas no 
CPP ) e princípios ( exemplo, o da ampla defesa), que regulam ou disciplinam 
a composição das lides penais, por meio da aplicação do Direito Penal Objetivo 
(aquele que prevê o crime), a sistematização dos órgãos de jurisdição (juízes e 
tribunais)	e	respectivos	auxiliares	(escreventes,	oficiais	de	justiça),	bem	
como a persecução penal como se aplica a pena (sentença); quem é o 
juiz competente (que vai decidir a lide) e como a persecução se dá em 
juízo (citação, defesa prévia...) - essas são questões disciplinadas pelo 
Direito Processual Penal. As sanções penais (as penas e as medidas 
de segurança) são objeto do Direito Penal. A aplicação do ramo penal 
é que pertence ao Direito Processual Penal.
Tomando por base as informações até aqui levantadas, pode-se 
definir	o	Direito Processual Penal como o ramo jurídico que estuda 
o conjunto de princípios e normas acerca da aplicação jurisdicional 
do Direito Penal Material.
Por seu turno, o Direito Processual Penal abrange a aplicação do Direito 
Penal e a disciplina dos órgãos de Jurisdição e da persecução penal, 
tendo em vista, como descreve Mougenot (2011), que:
O processo penal é o instrumento do Estado 
para o exercício da jurisdição em matéria penal. 
O direito processual penal, portanto, pode ser 
definido	 como	 o	 ramo	 do	 Direito	 Público	 que	
se ocupa da forma e do modo (i.e.: o processo) 
pelos quais os órgãos estatais encarregados 
da administração da Justiça concretizam a 
pretensão punitiva, por meio da persecução penal 
e consequente punição dos culpados. 
Como já foi dito anteriormente, a partir do momento em que o 
homem passou a conviver em sociedade, surgiu a necessidade de 
manter a ordem, de estabelecer uma forma de controle, para isso foi 
criado um sistema de coordenação e composição dos mais variados 
Não existe 
sociedade sem 
direito, o qual 
desempenha a 
função de ordenar as 
relações sociais.
E princípios 
(exemplo, o da 
ampla defesa), 
que regulam ou 
disciplinam a 
composição das
lides penais.
O processo penal 
é o instrumento 
do Estado para 
o exercício da 
jurisdição em 
matéria penal. 
Mougenot (2011).
18
 Direito Processual Penal 
e controversos interesses que se erguem da vida em comunidade, objetivando 
a	 solução	 dos	 conflitos	 desses	 interesses,	 que	 lhe	 são	 próprios,	 bem	 como	 a	
coordenação de todos os instrumentos disponíveis para a realização dos ideais 
coletivos e dos valores que persegue. 
Sem este controle não se dá o nascimento da convivência social, pois 
cada um dos integrantes da coletividade faria o que bem quisesse, invadindo e 
violando, os limites, a esfera de liberdade do outro. Há que se dizer, então, que 
não existe sociedade sem direito, o qual desempenha a função de ordenar as 
relações sociais. Seu objeto é o de regulamentar e harmonizar as faculdades 
naturais do ser humano em prol do convívio social em que estes estão inseridos. 
Direito Material é aquele que desempenha a função de ordenar 
as relações sociais. Seu objetivo é regulamentar e harmonizar as 
faculdades naturais do ser humano, em prol do melhor convívio social.
Insta	mencionar,	por	fim,	que	a	Jurisdição	só	pode	atuar	e	resolver	
o	 conflito	 através	 do	 processo,	 que	 funciona	 como	 garantia	 de	 sua	
legítima e regular atuação. É, portanto, um dos modos de solução 
do	 conflito	 de	 interesses.	 Observa-se	 a	 presença	 da	 autotutela	 ou	
autodefesa, em que o titular do direito impõe seu ponto de vista e a 
autocomposição. Este último item ressurgiu com a lei nº 9.099/95, 
permitindo a transação e a suspensão condicional do processo. “O 
processo penal, em termos genéricos, é o conjunto de atos visando 
disciplinar a pena ao acusado” (CARNELUTTI, 1950). 
 
Natureza	Jurídica	
Para que se possa compreender a natureza jurídica do Direito 
Processual Penal, há que se informar que as normas do Direito são 
divididas em normas de Direito Público e de Direito Privado.
No âmbito do Direito Público enquadram-se as normas nas 
quais prepondera a especial presença do poder estatal, ao passo que 
o Direito Privado constitui-se das normas que regulam as relações entre 
os particulares, nas quais predomina o interesse da ordem privada.
A Jurisdiçãosó pode atuar 
e resolver o 
conflito através 
do processo, que 
funciona como 
garantia de sua 
legítima e regular 
atuação.
As normas do 
Direito são divididas 
em normas de 
Direito Público e de 
Direito Privado.
19
Fundamentos do Processo Penal Capítulo 1 
Portanto, o Direito Processual Penal é Público porque só o Estado 
possui o direito de punir, constituindo-se em exercício da soberania. O 
processo	tem	por	finalidade	propiciar	a	solução	jurisdicional	do	conflito	
de interesses entre o Estado e o infrator. Como decorrência, tem-se 
uma sequência de atos que compreendem a formulação da acusação, 
a produção das provas, o exercício de defesa e o julgamento da lide. 
O processo compreende:
a) o procedimento – sequência ordenada de atos interdependentes, 
direcionados	à	preparação	de	um	provimento	final.	Na	verdade,	é	
a sequência de atos procedimentais até a sentença;
b)	 relação	jurídica	e	processual	que	se	configura		entre	os	sujeitos	do	
processo, titularizando inúmeras posições jurídicas, expressáveis 
em direitos, obrigações, faculdades, ônus e sujeições processuais.
 
De acordo com o artigo 394 do Código Processo Penal, com a redação 
determinada pela lei n. 11.719, de 20 de junho de 2008, o procedimento será 
comum ou especial. O procedimento comum divide-se em ordinário – crime cuja 
sanção máxima conferida for igual ou superior a quatro anos de pena privativa de 
liberdade, salvo se não se submeter a procedimento especial; sumário – crime 
cuja sanção máxima conferida seja inferior a quatro anos de pena privativa de 
liberdade, salvo se não se submeter a procedimento especial; sumaríssimo – 
infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da Lei nº. 9.099/95, ainda 
que haja previsão de procedimento especial. Enquadram-se nesse conceito as 
contravenções penais e os crimes cuja pena máxima não supere dois anos (com 
a	respectiva	redação	determinada	pela	Lei	n.	11.313,	de	28/06/2006).	Verifica-se	
que a distinção entre os procedimentos ordinários e sumários dar-se-á em função 
da pena máxima conferida à infração penal e não mais em benefício de esta ser 
apenada com reclusão ou detenção. 
Poucas diferenças restaram entre os ritos ordinários e sumários. Ambos 
passaram a evidenciar o princípio da celeridade processual ( cf. art. 8º da 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos, aprovada pelo Decreto 
Legislativo n. 27, de 25/09/1992, promulgada pelo Decreto n. 678 /06/11/1992, e 
art. 5º, LXXVIII da Carta Magna de 1988), com a primazia de aprimoramento da 
colheita	da	prova,	de	onde	surgiram	alguns	reflexos:	
1- Concentração dos atos processuais em audiência única; 2- Imediatidade; 
3- Identidade física do juiz. 4- Deste breve aporte, a de se dizer, também nos 
processos de Competência do Tribunal do Júri em que o procedimento observará 
as disposições estabelecidas nos art. 406 a 497 do CPP, com a respectiva redação 
determinada pela Lei n. 11.689 de 9/06/2008.
O Direito Processual 
Penal é Público 
porque só o Estado 
possui o direito de 
punir, constituindo-
se em exercício 
da soberania. O 
processo tem por 
finalidade propiciar a 
solução jurisdicional 
do conflito de 
interesses entre o 
Estado e o infrator.
20
 Direito Processual Penal 
A relação jurídica do processo se estabelece entre os chamados 
sujeitos processuais, atribuindo a cada cidadão direitos, obrigações, 
faculdades, ônus e sujeições. Nesta relação processual aplicam-se 
os chamados princípios constitucionais do processo, garantindo às 
partes: direitos, como o contraditório, a publicidade, o de ser julgado 
pelo juiz natural da causa, a ampla defesa.
Sobre processo, procedimento e relação jurídica, informa-se, 
outrossim, que oportunamente tais assuntos serão tratados de forma 
mais pormenorizada. O direito processual é autônomo porque possui 
objeto e métodos próprios. Logo, o objeto é o processo penal e, por sua 
vez, o método é o técnico-jurídico, abrangendo a exegese, a dogmática 
e a crítica.
Não se discute a autonomia do Direito Processual Penal, porquanto possui 
objeto, normas e princípios próprios, características mestras que fazem um 
ramo possuir a própria identidade dentro da dogmática jurídica. Só se fala em 
Direito Processual Penal se, quando e por conta da existência do Direito Penal, 
não menos certo é que este último não teria qualquer aspecto de funcionalidade 
enquanto não pudesse ser efetivamente aplicado aos casos concretos levados à 
composição pelo Estado-Juiz.
Via de consequência de tudo que foi exposto, vê-se o Direito 
Processual Penal como ser autônomo do direito material, que nesse 
caso é o direito penal. A autonomia se faz presente pela existência 
de um CPP e pela constatação de que os princípios reguladores do 
Processo Penal não têm ponto de contato com os princípios que 
norteiam	a	definição	de	crime.			
Portanto,	pode–se	e	deve-se	afirmar		que	ambos	se	completam.	
E que o Direito Processual Penal é instrumento do Direito Penal, 
contudo mantém sua autonomia.
O direito processual 
é autônomo porque 
possui objeto e 
métodos próprios.
Direito Processual 
Penal como ser 
autônomo do direito 
material, que nesse 
caso é o direito 
penal.
21
Fundamentos do Processo Penal Capítulo 1 
Fontes	das	Normas	Processuais	
Penais	
“Fonte” deriva do latim – fontanus, fons, fontis – nascente. Nesse 
sentido, fonte é o lugar de onde o direito provém ou os modos de sua 
exteriorização, as formas de elaboração. 
Por utilizarmos as expressões norma e lei, faz-se necessário diferenciá-las. 
Norma é o comando ou ordem processual penal. Lei é a forma 
mais comum de exteriorização da norma.
Em face dos preceitos delineados, vislumbra-se que, no Direito Processual 
Penal, as fontes são divididas em Fontes Materiais e Fontes Formais. 
 
A origem das normas jurídicas pode ser vista sob dois aspectos, 
daí é que se origina a dicotomia entre fontes maturais e fontes 
formais. As fontes materiais – também chamadas de fontes 
de produção ou substanciais – dizem respeito à origem 
dos conteúdos que compõem o direito, enquanto que as 
fontes formais de revelação ou de cognição relacionam-
se à forma pela qual esses conteúdos se manifestam por 
intermédio de normas jurídicas (MOUGENOT, 2011,p.40, 
grifos nossos.).
A principal fonte de produção do Direito Processual Penal é 
o	 Estado.	 Contemplando	 o	 ponto	 de	 vista	 cientifico,	 teríamos	 de	
considerar fontes de produção também todos aqueles que praticam 
atos jurídicos processuais penais. Exemplo: os órgãos jurisdicionais 
também são fonte de produção e a jurisprudência, por conseguinte, é 
fonte formal. 
•	 Quem	é	o	Estado?	
•	 Quem	pode	legislar	sobre	o	direito	processual?	
• A Lei complementar Federal pode autorizar os Estados membros 
A principal fonte de 
produção do Direito 
Processual Penal 
é o Estado.
22
 Direito Processual Penal 
o	direito	processual	penal,	em	questões	específicas?	
• A União, os Estados-membros e o Distrito Federal têm competência 
concorrente		para	legislar,	sob	custas	dos	serviços	forenses?	
Didaticamente, a fonte material ou de produção é aquela que 
cria o direito e, por sua vez, fonte formal ou de cognição é a forma de 
expressão da norma jurídica processual, isto é, aquela que revela o 
direito.
a) Fontes Materiais, de Produção ou Substanciais
Menciona-se, neste sentido, como fonte material a que cria o 
Direito. No Direito Processual, a União é a única fonte material, dotada 
de	poder	para	a	criação	de	normas	que	a	disciplinam	(art.	22,	І	da	CF).	
Porém, a competência da União é privativa – e não exclusiva – de modo 
que poderá a lei estadual versar, através de lei complementar, sobre questões 
referentes à matéria processual penal.
Já sobre a matéria de procedimento, a competência é concorrente 
entre	 a	 União	 os	 Estados	 e	 Distrito	 Federal	 (art.	 24,	 XІ,	 da	 CF);	 competência	
concorrenteem	matéria	penitenciária	(art.	24,І,	da	CF),	delimitando	organização	
e	 funcionamento	 de	 presídios;	 custas	 dos	 serviços	 forenses	 (	 art.	 24,	 ІV),	
determinado preços de fotocópias, custas na ação penal privada. Além da criação, 
funcionamento e processo dos juizados especiais criminais (art.24, X, da CF).
Quem	produz,	concretamente,	o	direito	processual	penal?			
Via de regra, é a lei federal. Cabe somente à União – a 
elaboração pelo Congresso Nacional e sanção do Presidente da 
República a elaboração da lei. 
Para Guardar:
Quem	pode	fazer	a	lei	processual	penal?	
1. Só a União, se for Direito Processual Penal.
Didaticamente, 
a fonte material 
ou de produção é 
aquela que cria o 
direito e, por sua 
vez, fonte formal 
ou de cognição é a 
forma de expressão 
da norma jurídica 
processual.
23
Fundamentos do Processo Penal Capítulo 1 
2. A União, os Estados e o Distrito Federal, se for procedimento, 
direito penitenciário, custas e juizados especiais criminais. 
b) Fontes Formais, de Cognição ou de Revelação
As fontes formais do direito são os meios que expressam as normas jurídicas. 
Por isso, são chamadas de fontes de revelação. A lei, em sentido mais amplo, é 
fonte formal imediata.
O	direito	 processual	 penal	 compõe-se	 de	 normas	 relativas	 específicas	 no	
que tange ao processo penal. Essas normas expressam-se através de diferentes 
tipos de dispositivos legais. Portanto, não só a lei, mas a Constituição Federal 
traz em seu interior disposições que regem o processo judicial, constituindo 
processo penal.
Cumpre salientar que a parcela mais substancial das normas de direito 
processual penal introduzida no ordenamento por meio de leis ordinárias, 
produzidas pelo poder Legislativo, é o Código de Processo Penal (Decreto 
lei nº 3689, de 3/10/1941), o diploma principal a reger a matéria, sendo assim 
classificado	como	fonte	primária.
Como fontes secundárias encontram-se as inúmeras leis 
extravagantes que possuem conteúdo processual penal. Ao lado 
destas leis ordinárias, aparecem ainda os tratados, convenções 
e regras de direito internacional, destacando-se a Convenção 
Americana de Direitos Humanos, as Constituições Estaduais e em 
especial a nossa Carta Magna de 1988, com suas normas de natureza 
processual penal e de índole garantista. Isto posto, vislumbra-se da 
lição de Mongenot:
 
 [...] assim como fontes secundárias: na Lei n. 9.099/95, que 
cria e disciplina os Juizados dos Especiais e Criminais; na Lei 
n. 7.210/84, que disciplina a execução penal (determinando 
a forma de cumprimento das decisões judiciais de conteúdo 
penal), e em diversos outros dispositivos, que integram o 
conjunto de normas de direito processual penal, mas que, 
por localizarem-se em sede formal diversa (ou seja, por 
serem veiculadas por fontes formais separadas do Código 
de Processo Penal), são denominadas leis extravagantes. 
Ainda como fontes secundárias, encontram-se as inúmeras 
outras leis extravagantes que possuem conteúdo processual 
penal,	 estabelecendo	 procedimentos	 especiais,	 fixando	 a	
organização e a estrutura dos órgãos judiciais e regulando 
a execução penal. Ao lado dessas leis ordinárias aparecem 
ainda os tratados, convenções e regras de direito internacional, 
expressamente admitidas pela Constituição Federal ( art. 5º, 
 Como fontes 
secundárias 
encontram-se 
as inúmeras leis 
extravagantes que 
possuem conteúdo 
processual penal.
24
 Direito Processual Penal 
§ 2º), com destaque para a Convenção Americana de Direitos 
Humanos, as Constituições estaduais e mesmo a Constituição 
Federal de 1988, como suas normas de natureza processual 
penal e de índole garantista (MOUGENOT, 2011, p. 41). 
 
	 Em	 contrapartida,	 Tourinho	 Filho	 (	 2010)	 classifica	 como	 fonte	 primária	
não o Código de processo penal, mas as leis no sentido amplo. As fontes 
secundárias para ele são o direito externo, a doutrina, legislações passadas de 
importância histórica.
Elenca-se, ademais, que no tocante às fontes formais mediatas, 
temos como regra os costumes, a analogia, os princípios gerais do 
direito – previstos no art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil - bem 
como a doutrina, a jurisprudência e o direito comparado.
Insta mencionar que é possível localizar a fonte formal na própria 
lei, nos tratados e convenções e nos próprios princípios gerais do direito. 
Embora ditos como fonte formal, os costumes são mais localizáveis 
como forma de interpretação da norma e não propriamente como fonte. 
 
Fonte Material se refere a quem produz a norma processual 
penal (União) e Fonte Formal quer dizer de onde vem a norma.
 Como já vimos anteriormente, as Fontes dividem-se:
 
Figura 1 - Divisão das Fontes
Fonte: Os autores.
É possível localizar 
a fonte formal 
na própria lei, 
nos tratados e 
convenções e nos 
próprios princípios 
gerais do direito.
FONTES
MATERIAIS
UNIÃO
PROCESSO 
PENAL
LEI,
TRATADOS,
CONVENÇÕES
COSTUMES,
PRINCÍPIOS GERAIS 
DO DIREITO,
JURISPRUDÊNCIA
FORMAIS
IMEDIATAS MEDIATAS
25
Fundamentos do Processo Penal Capítulo 1 
Neste sentido, assinala Feitoza (2008), a fonte formal pode ser: 
• Imediata: a lei, (sentido amplo). Exemplo: Constituição Federal, lei 
complementar, lei ordinária, resoluções, decretos legislativos 
(incorporando as normas de tratados e convenções internacionais). 
 
Tratado é o termo genérico que abrange expressões como 
acordos, protocolos, pactos, declarações, convenções, ajustes, 
concordatas, convênios. 
 
A palavra Tratado é utilizada para acordos solenes, enquanto 
Convenção é o tratado que cria normas gerais. Logo, há autores 
que reservam o termo tratado para atos jurídicos considerados mais 
importantes, de natureza política, destinados a ter longa duração, 
utilizando para as demais situações, de natureza não-política, a 
palavra convenção. 
O Tratado, por sua vez, pode ser considerado como um ato de 
consentimento recíproco de duas ou mais nações para constituir, 
regular,	modificar,	alterar	ou	extinguir	um	vinculo	de	Direito	ou	um	ato	
jurídico, em que dois ou mais Estados concordam sobre a criação, 
modificação	ou	extinção	de	um	direito.	
• Mediata: costumes, princípios gerais do direito e regras de direito 
internacional. Costume é o conjunto de normas de comportamento às quais 
as pessoas obedecem de maneira uniforme e constante, pela convicção de 
sua obrigatoriedade jurídica, o que vem distingui-la do hábito, porque quanto a 
este não há convicção de sua obrigatoriedade jurídica. 
De acordo com Feitoza ( 2008), os costumes se dividem em: 
Figura 2 - Costumes
Fonte: Os autores, baseados em Feitoza (2008).
A palavra Tratado 
é utilizada para 
acordos solenes, 
enquanto 
Convenção é o 
tratado que cria 
normas gerais.
Ato de 
consentimento 
recíproco de duas 
ou mais nações para 
constituir, regular, 
modificar, alterar ou 
extinguir um vinculo 
de Direito ou um 
ato jurídico.
COSTUME
Contra Legem
É o que se forma em 
sentido contrário ao da 
lei, isto é, consiste na 
inaplicabilidade da lei.
Secundum 
Legem
É o costume que está 
previsto na própria lei, 
reconhece sua eficácia 
obrigatória.
Praeter Legem
É aquele que tem como 
objetivo suprir a lei nos 
casos omissos, preen-
cher as lacunas da lei 
– artigo 4º da LICC.
26
 Direito Processual Penal 
Princípios também são fontes do direito. Por ser um vocábulo com uma 
imensa	variedade	de	significações,	podemos	dizer	que	princípios	do	direito	são	
normas de caráter geral que se constituem em diretrizes do ordenamento jurídico. 
Os princípios possuem uma dimensão de peso (importância). 
Para Robert Alexy, as normas se dividem em regras e princípios, não 
existindo somente uma diferença gradual, mas também qualitativa.
O ponto decisivo para distinção entre regras e princípios é que 
os princípios são normas que ordenam que algo seja realizadona maior medida possível, dentro das possibilidades jurídicas 
reais e existentes. Portanto os princípios são mandados de 
otimização, que estão caracterizados pelo fato de podem 
ser cumpridos em diferente grau e que a medida devida de 
seu cumprimento não somente depende das possibilidades 
reais senão das jurídicas. O âmbito das possibilidades é 
determinado pelos princípios e regras opostos. Ao contrário, 
as regras, são normas que somente podem ser cumpridas ou 
não. Se uma regra é válida, então deve fazer exatamente o que 
ela exige, nem mais nem menos. Portanto, as regras contêm 
determinações no âmbito do fática e juridicamente possível. 
Isto	 significa	 que	 a	 diferença	 entre	 regras	 e	 princípios	 é	
qualitativa e não de grau. Toda norma é uma regra ou principio 
(ALEXY, Teoria de los derechos fundamentales, 2001, p. 86 ).
Jurisprudência é a decisão reiterada dos juízes e tribunais em 
um mesmo sentido. Há divergência sobre a aceitação desta como 
fonte formal: de um lado, a mesma não cria o direito que emana da 
lei ( BITENCOURT, Tratado de Direito Penal, 2010 ) e de outro, que o 
juiz na prática cria o direito penal, ou seja, compete ao juiz explicitar 
as lacunas deixadas pelo legislador (GOMES, Direito Penal, 2009 ) . 
Observa-se que a questão ganha ainda mais força com as chamadas 
Súmulas vinculantes do STF, que têm como características em seu corpo a 
imperatividade – acolhida de forma obrigatória, e a coercibilidade – no caso de 
não observação, cabe reclamação ao STF.
TRATADOS: são acordos assinados entre países em assuntos 
de natureza política, incluindo os crimes.
CONVENÇÕES: também são acordos, entretanto, assinados 
por vários países.
Jurisprudência é a 
decisão reiterada 
dos juízes e 
tribunais em um 
mesmo sentido.
27
Fundamentos do Processo Penal Capítulo 1 
Compete ao Presidente da República privativamente celebrar 
o tratado ( art.84, VIII, da CF ), competindo ao Congresso sua 
resolução	 definitiva	 (	 art.	 49,	 I	 ),	 transformando-o	 em	 decreto.	 É	
exemplo de Convenção que se tornou norma processual penal a 
Convenção Americana dos Direitos Humanos – Pacto de São José 
da Costa Rica , sendo que o Governo depositou a Carta de Adesão 
em 25/9/1992 e, em 6/11/1992, promulgou-a através do Decreto n. 
678 de 1992.
Atividade de Estudos: 
1) Complete as lacunas: 
a) Compete ao__________ privativamente celebrar o Tratado, ( 
art.84, VIII,da CF ), competindo ao _________________sua 
resolução	definitiva	(art.49,І	),	transformando-o	em	__________.
b) É exemplo de Convenção que se tornou norma processual penal 
a ______________________ (Pacto de ________________), em 
que o governo depositou a Carta de Adesão em 25/9/1992 e em 
______________, promulgou-a através do_______________ nº 
_______.
c)	Discute-se	também	sobre	o	fim	da	_________________________.
2) A Emenda Constitucional nº 45/2004 instituiu a súmula vinculante 
como fonte jurídica formal e, portanto, os órgãos jurisdicionais 
são	 fontes	 jurídicas	 de	 produção	 não	 apenas	 cientificamente,	
mas também do ponto de vista jurídico-dogmático. 
 Conceitue Súmula: 
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
28
 Direito Processual Penal 
3)	Defina	Tratado	e	Convenção.
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 
AS DUAS FACES DE UM CRIME – 
Direção de Gregory Hoblit – 1996 (EUA).
Atores: Richard Gere, Laura Linney, John Mahoney e Alfre 
Woodard.
Em Chicago, um arcebispo (Stanley Anderson) é assassinado 
com 78 facadas. O crime choca a opinião pública e tudo indica que 
o assassino pode ser um jovem de 19 anos (Edward Norton) que foi 
preso com as roupas cobertas de sangue da vítima. Todavia, um ex-
promotor (Richard Gere), que se tornou um advogado bem sucedido 
se propõe a defendê-lo – tendo um motivo para isto: adora ser 
coberto pela mídia, além de ter uma incrível necessidade de vencer.
O SOL É PARA TODOS – 
Direção de Robert Mulligan – 1962 (EUA). 
Na pequena cidade sulista de Maycomb - Alabama, Atticus 
é	um	advogado	muito	 simples	 que	 vive	 com	seus	dois	 filhos.	Eles	
já aprenderam com o pai os princípios da Justiça, do respeito e da 
igualdade. As duas crianças promovem cenas de pura sensibilidade, 
além	de	grande	valor	e	significação	para	uma	melhor	convivência.		A	
relação	entre	pai	e	filhos	é	harmoniosa,	 terna	e	solidificada,	 já	que	
Atticus é pai e mãe ao mesmo tempo.
Quando	 aceita	 defender	 o	 negro	 Tom	 Robinson,	 acusado	 de	
estuprar uma moça branca, Atticus passa a sofrer o ódio e o racismo 
de alguns habitantes da cidade. Ao mesmo tempo em que leva o 
caso	adiante,	 tenta	proteger	os	 filhos	dos	mesmos	sentimentos	de	
29
Fundamentos do Processo Penal Capítulo 1 
que é vitima. No dia do julgamento, Atticus prova a inocência do réu, 
evidenciando a hipocrisia e o cinismo de tal acusação de caráter 
preconceituoso, uma vez que jamais ele deveria ter sido levado 
a julgamento, visto a falta de provas evidenciais. Ainda assim o 
veredicto não envereda pelos caminhos da justiça e o desfecho da 
história é surpreendente.
Fonte:		Disponível	em:	<www.interfilmes.com/filme_13178_	as.duas.
faces.de.um.crime.html>. Acesso em: 10 de nov. de 2011. 
Algumas	Considerações
Neste primeiro capítulo, estudamos os Fundamentos do Processo Penal com 
o intuito de proteger bens e interesses relevantes para a sociedade. Compreendeu-
se que dos bens ou interesses tutelados pelo Estado, quando violados, afetam as 
condições de vida em sociedade. Podemos inserir como exemplos neste contexto 
o direito à vida, à honra à integridade física.
Assim sendo, uma das tarefas do Estado é regulamentar a conduta do 
cidadão brasileiro, por meio da aplicação de normas, as quais são estabelecidas 
para regulamentar a convivência entre os indivíduos e as possíveis relações 
deste com o Estado, entidade dotada de poder soberano, sendo titular exclusivo 
do direito de punir. 
Importante lembrar que o Direito Constitucional é fundamental para a 
compreensão e análise e interpretação do Direito Processual. O domínio 
conceitual e dos referentes basilares possibilitam uma melhor desenvoltura na 
temática, simples e empolgante como o próprio direito material. Saber de onde 
vem,	qual	a	finalidade,	quais	os	princípios	orientadores	faz	toda	a	diferença	para	o	
desenvolvimento do raciocínio jurídico pertinente à ciência em estudo.
Referências
ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Trad. Castelhama 
Ernesto Garzón Valdés. Revisão Ruth Zimmerling. 2. Reimpr. Madrid: Centro de 
Estudios Políticos y Constitucionales. 2001.
ALVIM, ARRUDA. Manual de Direito Processual Civil. São Paulo, Revista dos 
Tribunais, 1977.
30
 Direito Processual Penal 
BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 
2010.
BONFIM, Edilson Mongenot. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 
2011.
______ Processo Penal 1- Dos Fundamentos a Sentença. São Paulo: Saraiva, 
2005.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: 
Promulgada em 5 de outubro de 1988. Antonio Luiz de Toledo Pinto; Márcia 
Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Cespedes (Colab.). 32. Ed. São Paulo: 
Saraiva, 2005.
BRASIL. Decreto-Leinº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. [Diário 
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https:/www.planalto. gov.br /ccivil _03/Dcreto-Lei/Del 2848. htm>. Acesso em 28 
de fevereiro de 2012. 
BRASIL. Decreto lei nº 3.689 de 3 de outubro de 1941. Código de Processo 
Penal. [Diário Oficial da União]. Brasília, 3 de outubro de 1941. Disponível em: 
<https://www.planalto.gov.br>. Acesso em 1º de março de 2012.
BRASIL. Decreto Legislativo nº 27 de 25 de setembro de 1992. Autoriza a 
Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República a 
concluir Acordo de Composição Amistosa com vistas ao encerramento dos 
casos nº 12.426 e 12.427 em trâmite perante a Comissão Internacional de 
Direitos Humanos. [Diário Oficial da União]. Brasília, 25 de setembro de 1992. 
Disponível em: <https://www.planalto.gov.br>. Acesso em 1º de março de 2012.
BRASIL. Decreto nº 678 de 06 de novembro de 1992. Promulga a Convenção 
Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José as Costa Rica), de 22 de 
novembro de 1969[Diário Oficial da União]. Brasília, 6 de novembro de 1992. 
Disponível em: <https://www.planalto.gov.br>. Acesso em 1º de março de 2012.
BRASIL. Lei nº 9.099 de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados 
Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências. [Diário Oficial da União]. 
Brasília, 26 de setembro de 1995. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br>. 
Acesso em 1º de março de 2012.
BRASIL. Lei nº 11.313 de 28 de junho de 2006. Altera os arts. 60 e 61 da Lei nº 
9.099, de 26 de setembro de 1995, e o art. 2º da Lei nº 10.259, de 12 julho de 
2001, pertinentes à competência dos Juizados Especiais Criminais, no âmbito 
https://www.planalto.gov.br
https://www.planalto.gov.br
https://www.planalto.gov.br
https://www.planalto.gov.br
31
Fundamentos do Processo Penal Capítulo 1 
da Justiça Estadual e da Justiça Federal. Diário Oficial da União]. Brasília, 28 
de junho de 2006. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br>. Acesso em 1º de 
março de 2012.
BRASIL. Lei nº 11.689 de 9 de junho de 2008. Altera dispositivos do Decreto-
Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de Processo Penal, relativos ao 
Tribunal do Júri, e dá outras providências. [Diário Oficial da União]. Brasília, 9 
de junho de 2008. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br>. Acesso em 1º de 
março de 2012.
BRASIL. Lei nº 11.719 de 20 de junho de 2008. Altera dispositivos do Decreto-
Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de Processo Penal, relativos 
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_______. Código de Processo Penal Interpretado. São Paulo: Atlas, 2010.
PACHECO, Denilson Feitoza. Reforma Processual Penal: uma abordagem 
sistêmica. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.
https://www.planalto.gov.br
https://www.planalto.gov.br
https://www.planalto.gov.br
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32
 Direito Processual Penal 
PERRENOUD, Philippe. Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: 
Artmed, 2009.
TOURINHO, Fernando da Costa. Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2011.
VENOSA, Silvio de Salvo. Novo Código Civil: Texto Comparado – Código Civil 
de 2002 e Código Civil de 1916. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004 
 
CAPÍTULO 2
Lei	Processual	Penal
A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Examinar a doutrina, a legislação e a jurisprudência, conforme os preceitos 
teóricos;
�	Aprender	os	conceitos	e	definições,	visando	aplicá-los	na	prática;
�	Descobrir	e	criar	seu	próprio	tempo	reflexivo,	com	intuito	de	absorver	o	cabedal	
teórico do curso;
� Empregar o uso da tecnologia e métodos variados para a compreensão e 
aplicação do Direito e Processo Penal;
�	Ler,	 compreender	 e	 interpretar	 textos	 jurídicos,	 documentos	 e	 bibliografias	
diversas sobre o Ordenamento Jurídico.
35
Lei Processual Penal Capítulo 2 
Contextualização
No capítulo anterior, enfatizou-se que o Direito Processual Penal objetiva 
apresentar a mecânica e o funcionamento do Direito Penal e do próprio Direito 
Processual Penal, o que exige o desenvolvimento de questionamentos éticos, do 
ordenamento jurídico pátrio e até mesmo utilizando o Direito Comparado. 
Ressaltou-se	a	importância	de		compreender	o			sentido		e		o		significado		deste		
Instituto,	 construindo	 um	 conceito	 próprio	 de	 processo	 penal	 e	 refletindo	 sobre		
os efeitos que ele produz sobre a formação dos direitos e garantias do cidadão 
brasileiro.
Neste segundo capítulo, o objetivo é analisar os aspectos legais e 
doutrinários relacionados ao Direito Processual Penal no que se refere à Aplicação 
e		Interpretação		da		Lei	Processual	Penal,	Eficácia	da	Lei	Processual	Penal,	além	
de fazer breves considerações sobre os Sistemas Processuais Penais, Norma 
Processual no Tempo e no Espaço. 
As informações até aqui sintetizadas abrem as portas para novas caminhadas 
e dão sentido ao trabalho cuja documentação pretende ser um referencial para 
servir de marco a todos quantos atuam ou buscam o Direito Processual Penal. O 
ato	de	ensinar	é	um	referencial	definidor,	mas	não	definitivo,	pois	a	educação	é	
um processo dinâmico que não permite paradas e estagnações. O compromisso 
com a educação e o ato de ensinar – Direito – é uma das matérias primas para a 
construção de uma sociedade mais justa.
Aplicação	da	Lei	Processual	Penal
A princípio, e de acordo com a constituição de 1988, ninguém 
será privado de sua liberdade ou de seus bens sem o processo com 
a decisão transitado e julgado. Portanto, todas as medidas cautelares, 
inclusive as prisões, sejam estas preventivas, temporárias, decorrentes 
de	 sentença	 de	 pronúncia	 para	 apelar	 e	 a	 prisão	 em	 flagrante,	 são	
constitucionais.
Por sua vez, o artigo 1º do CPP determina que as regras 
processuais penais gerais serão utilizadas somente dentro do 
território nacional, independente das regras do direito penal da 
extraterritorialidade. Logo, em território estrangeiro poderá ser aplicada a lei 
penal, se compatível, porém jamais será aplicada a lei processual.
A princípio, e de 
acordo com a 
constituição de 
1988, ninguém 
será privado de 
sua liberdade ou 
de seus bens sem 
o processo com a 
decisão transitado 
e julgado.
36
 Direito Processual Penal 
Isto posto, cumpre dizer que os incisos do art. 1° do CPP têm referência em 
matéria de competência. As pessoas citadas no inciso II e a justiça nos demais, 
por sua vez, serão tratadas a partir do artigo 69 do CPP.
O objetivo do art. 1° do CPP é determinar que as regras 
processuais gerais serão utilizadas somente dentro território nacional, 
independentemente das regras de direito penal da extraterritorialidade, 
pois em território estrangeiro poderá ser aplicada a lei penal, se 
compatível, porém a lei penal jamais será aplicada à lei processual.
Ademais, foi adotado o principio da aplicabilidade imediata. Desta 
forma, todas as leis processuais terão aplicaçãoimediata logo que 
entram em vigor.
De acordo com a doutrina, a lei processual que trouxer matéria penal (Lei 
Processual Mista) também deverá observar as regras do direito material. Portanto, 
será	necessário	verificar	sempre	se	o	procedimento	beneficia	ou	prejudica	o	réu.	
Prejudicando, somente terá aplicação nos novos processos, permanecendo os 
anteriores até o encerramento.
Assinalamos o art. 3° e 4° do CPP, em que a lei processual penal admitirá 
interpretação extensiva e analógica, bem como o suplemento dos princípios 
gerais do direito. O art. 3° do CPP determina que poderão ser utilizados todos os 
demais meios de interpretação e aplicação analógica, para que a persecução – 
investigação e ação penal tenham aplicação imediata.
Hermenêutica	no	Brasil
O mundo é marcado por incertezas, crises, mudanças, inquietações e 
apreensões. A educação, em sentido geral e neste cenário, não foge ao todo e 
vive momentos difíceis. 
Numa breve análise de nosso tempo, encontramos traços de grande destaque a 
marcá-lo,	como	acelerados	avanços	tecnológicos	e	científicos	na	produção	humana,	
maiores e mais numerosos que no restante da história universal do homem. 
O conhecimento se desenvolve vertiginosamente graças à crescente e 
múltipla edição de livros e à produção de textos, à informática e aos meios de 
comunicação que colaboram para que a transmissão e a construção do saber 
ocorram num volume e rapidez cada vez maiores.
O principio da 
aplicabilidade 
imediata. Desta 
forma, todas as leis 
processuais terão 
aplicação imediata 
logo que entram 
em vigor.
37
Lei Processual Penal Capítulo 2 
O	 mundo	 moderno	 não	 mais	 se	 espanta	 com	 a	 infinidade	 de	
hipóteses	 para	 interpretação	 de	 filmes,	 composições	 musicais,	 de	
obras	científicas	e	literárias	e	até	de	sonhos.
Se fôssemos traçar linhas de comparação entre as 
versões da Hermenêutica jurídica, teríamos a de cunho 
histórico e teórico, passando em pauta as questões tradicionais 
de contextualização histórica, conceito, objeto, autonomia, natureza 
jurídica, interpretação e analogia. E outra de cunho totalmente 
crítico, fundamentando-se na relação de dogmática do direito e sua 
concretude histórica e social. 
 
É impossível padronizar a conduta de um intérprete predisposto a iniciar a 
solução de um problema com suas próprias expectativas ideológicas e o clima de 
liberdade ocasionalmente desfrutado.
Vê-se que a palavra interpretação não é exclusiva dos estudiosos em direito. 
Ao contrário, é empregada com frequência nos vários ramos do conhecimento e 
na vida comum de cada indivíduo. 
Há sempre alguém que produz o pensamento de seus pares, de seus 
companheiros. E os homens parecem gostar da interpretação, porque esta mexe 
com o raciocínio, quebra a monotonia, empolga, transcende...
Interpretar é explicar, é precisar, é revelar o sentido. 
Interpretar não implica, necessariamente, no fato de se 
tornar claro, mas requer a revelação do conteúdo, balizado pelo 
alcance da lei, independentemente até de vontade do legislador 
ou	do	significado	literal	do	texto.
A interpretação do texto legal é parte importante do processo de 
aplicação	do	direito.	Pode	ser	definida	como	a	atividade	pela	qual	o	
jurista “traz à compreensão o sentido de um texto que se lhe torna 
A atividade pela 
qual o jurista “traz 
à compreensão 
o sentido de um 
texto que se lhe 
torna problemático” 
(LARENZ, 
Metodologia da 
ciência do direito, 
p. 439).
O mundo moderno 
não mais se espanta 
com a infinidade 
de hipóteses para 
interpretação de 
filmes, composições 
musicais, de obras 
científicas e literárias 
e até de sonhos.
38
 Direito Processual Penal 
problemático” (LARENZ, Metodologia da ciência do direito, p. 439). Tem por 
desígnio	extrair	o	exato	significado	de	uma	norma,	servindo	também	para	decidir	
conflitos	normativos	surgidos	da	contradição	entre	os	preceitos	legais.
O sistema legal brasileiro funda-se essencialmente em normas positivadas. 
Logo, a Constituição, as leis, decretos e outros dispositivos normativos são 
elaborados pelo Estado.
Conforme observação de Mougenot (2010, p.114): 
O ordenamento jurídico brasileiro encontra-se consubstanciado 
em um extenso conjunto de textos legais. Para aqueles que 
aplicam o direito, seja julgando, seja demandando perante os 
órgãos de Estado, portanto, torna-se imprescindível proceder 
à interpretação destes textos legais, de modo a deles extrair as 
normas jurídicas aplicáveis aos casos concretos. A atividade 
interpretativa, portanto, precede a aplicação legal. 
Interpretação é atividade que consiste em extrair da norma seu 
exato	 alcance	 e	 real	 significado.	 Deve	 buscar	 a	 vontade	 da	 lei,	
não importando a vontade de quem a fez (LICC, art. 5º).
A interpretação é objeto da hermenêutica e consiste em extrair o 
conteúdo e o sentido de uma norma, de modo que possa ser aplicado 
ao caso concreto. O interprete está vinculado ao texto, não lhe cabendo 
acrescentar ou subtrair qualquer elemento ao material interpretado.
 
Salienta-se, ainda, que o Código de Processo Penal, por ser fonte 
primária do Direito Processual Penal, não é exclusivo. Existem em 
nosso ordenamento infrações que escapam à sua incidência. Algumas 
dessas exceções são encontradas no próprio art. 1º do CPP.
Por sua vez, o processo e o julgamento de determinados crimes de 
responsabilidade, são excluídos da competência do Poder Judiciário, 
sendo transferidos ao Poder Legislativo, os quais exercem o que se 
denomina “jurisdição política”. 
A Justiça Militar tem competência para processar e julgar crimes 
militares. Integra-se neste rol a Justiça Militar Federal e a Justiça 
Militar Estadual.
A interpretação é 
objeto da herme-
nêutica e consiste 
em extrair o con-
teúdo e o sentido 
de uma norma, de 
modo que possa ser 
aplicado ao caso 
concreto. O interpre-
te está vinculado ao 
texto, não lhe ca-
bendo acrescentar 
ou subtrair qualquer 
elemento ao mate-
rial interpretado.
A Justiça Militar tem 
competência para 
processar e julgar 
crimes militares. 
Integra-se neste 
rol a Justiça Militar 
Federal e a Justiça 
Militar Estadual.
39
Lei Processual Penal Capítulo 2 
Porém, quando houver em outras leis a previsão de procedimentos especiais, 
aplica-se subsidiariamente o dispositivo no Código de Processo Penal, como 
sustenta Mougenot (2011, p. 120 ).
Em alguns desses casos, serão diversos também os órgãos 
encarregados do exercício da jurisdição. O processamento e 
o julgamento de determinados crimes de responsabilidade, por 
exemplo, são excluídos da competência do Poder Judiciário, 
sendo transferidos ao Poder Legislativo, que exerce o que se 
denomina “jurisdição política”. Já os crimes militares estão sob 
a jurisdição da Justiça Militar, integrada pela Justiça Militar 
Federal e pela Justiça Militar Estadual.
Cumpre ressaltar que não mais existe no Brasil o Tribunal 
de Segurança Nacional, previsto no art. 122, nº 17, da 
Constituição de 1937 e extinto pela Lei Constitucional nº14/45.
Quanto	à	Lei	de	Imprensa,	o	Supremo	Tribunal	Federal		(	STF	),	no	que	se	
refere ao julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 
( ADPF ) nº 130, declarou por maioria como não recepcionada pela Constituição 
Federal de 1988 o conjunto de dispositivos da Lei Federal nº 5.250/67 – chamada 
de Lei de Imprensa. Conforme Mougenot (2011,p.120), cumpre ressaltar que não 
mais subsiste a restrição prevista no art. 1º, V, passando-se a incidir à legislação 
comum – Código Civil, Penal, Processo Civil e Processo Penal – as causas 
decorrentes das relações de imprensa. 
Por seu turno, descreve Tourinho Filho ( 2005 ), embora haja 
omissão na enumeração das ressalvas feitas pelo art. 1º do CPP, 
podemos dizer ser este inaplicável às infrações eleitorais e às que 
lhe forem conexas.
Mesmo que o art. 364 do Código Eleitoral faça a ressalva quanto à 
possibilidade da aplicação subsidiária do CPP, logo quando houver, emoutras 
leis, a previsão de procedimentos especiais, aplicar-se-á subsidiariamente o 
disposto no Código de Processo Penal – art.1º, parágrafo único.
No que se refere ainda à interpretação das normas jurídicas, enquadram-se 
em um contexto:
a) Linguístico: a linguagem legislativa, por ser uma subclasse da linguagem 
vulgar, ostenta peculiaridades semânticas. Tanto a linguagem leiga quanto 
o vocabulário legal estão cheios de indeterminações os quais possibilitam 
variadas	compreensões	de	seus	significados	pelo	intérprete;
40
 Direito Processual Penal 
b) Sistêmico: por integrar um sistema, a norma jurídica não pode ser 
contraditória ou incoerente com o conjunto em que está inserida.
c) Funcional: a atividade do intérprete consiste em perquirir de onde proveio a 
norma a ser interpretada.
Há que se dizer, ainda, sobre duas teorias que têm como objetivo elucidar a 
finalidade	da	interpretação:	
a) Teoria subjetivista ou da vontade: busca-se a mens legislatoris (a mente 
do legislador). O intérprete deverá sempre buscar o conteúdo da vontade 
histórica e psicológica do legislador.
b) Teoria subjetivista: busca-se a mens legis (intenção consubstanciada na 
própria lei). A atividade interpretativa deve estar voltada para o descobrimento 
do sentido que é inerente à própria lei que, com o passar do tempo, adquire 
vida própria, regulando muitas vezes fatos não previstos ou nem sequer 
previsíveis quando de sua elaboração. 
 
 
Métodos	de	Interpretação	na	figura	
de	Mougenot:
a) Gramatical, literal ou sintática:	 busca	 o	 significado	 comum,	 geral,	 dos	
termos e frases que compõem a lei, constata-se que a linguagem do direito, 
apesar de técnica, não se encontra desvinculada da linguagem comum. Leva-
se em conta o sentido literal das palavras. 
b) Lógico:	 o	 sentido	 de	 cada	 termo	 é	 dado	 não	 só	 pelos	 seus	 significados	
isolados, mas pelas funções que desempenham em relação aos termos a ele 
associados.
c) Sistemático: este método supõe que o preceito legal é parte integrante de 
regulação mais ampla. Tal preceito deve ser tomado em um sentido que esteja 
em concordância com outra disposição, conferindo compatibilidade com a 
regulação à qual pertence em última análise com o ordenamento jurídico.
d) Teleológico:	exige	que	se	interprete	a	lei	de	forma	que	esta	atinja	a	finalidade	
a que se destina. Implica buscar, a partir de texto da lei, um sentido que, 
aplicado	aos	casos	concretos,	 resulte	no	alcance	dos	fins	a	que	se	destina	
a lei interpretada. A atividade de interpretação deverá permitir que a norma 
alcance o resultado para o qual foi idealizado.
41
Lei Processual Penal Capítulo 2 
e) Histórico: Método Hermenêutico que busca o sentido do texto legal por 
meio da investigação das circunstâncias históricas nas quais determinado 
preceito legal foi concebido e positivado. Busca-se conhecer os precedentes 
normativos, os processos legislativos, as discussões que cercaram a 
elaboração do dispositivo interpretado, tudo de forma a reconstruir o contexto 
histórico de sua criação.
f) Método comparado: diz respeito principalmente à matéria de 
direitos e garantias fundamentais, referendadas por tratados e 
pactos internacionais e cuja a matéria é preocupação mundial. 
É utilizado quando se dá uma abertura ao exterior dos textos 
constitucionais para indagar o sentido dos direitos fundamentais 
próprios de toda Constituição. 
g) Progressivo ou Evolutivo: deve ter por princípio a preservação 
da norma jurídica. Dispositivos que por razões históricas passem 
a	 conter	 referências	 a	 conceitos	 que	 tenham	 significado	 diverso	
do original devem ser interpretados com razoabilidade, de modo 
a adaptar-se o sentido original às circunstancias atuais. Expressões como 
chefe de polícia ou Tribunal de Apelação, presentes no Código de Processo 
Penal, passam a ser entendidas como Secretário da Segurança Pública e 
Tribunais de Segundo Grau, entidades que atualmente exercem as funções e 
atribuições que originalmente cabiam àquelas mencionadas no texto legal.
h) Interpretação conforme a Constituição: é um critério 
hermenêutico, também denominado Princípio do Constitucionalismo 
ou Princípio da Conformidade. Trata-se, na verdade, de uma 
especificação	do	método	sistemático	acima	mencionado	em	vista	
da estruturação hierarquizada do ordenamento jurídico. Segundo 
o Princípio da Hierarquia das Normas jurídicas, o da legislação 
infraconstitucional, para ter validade, deve estar em harmonia 
com as normas e princípios estabelecidos na Lei Maior. Nas 
ocasiões em que se reconhecer num mesmo preceito legal a 
possibilidade de existirem duas ou mais interpretações diferentes, 
deverá o intérprete fazer prevalecer aquela que não viole o texto 
constitucional ou que com ele melhor se harmonize.
Conforme	o	resultado	alcançado	por	meio	da	interpretação,	esta	classifica-se	
como:
 
a) Extensiva: quando o alcance do preceito legal é ampliado, atribui-se à norma 
um sentido que não estava explícito no legal. Um exemplo de tal ampliação é 
o que acontece no artigo 33 do CPP, que faz menção somente à queixa.
Nas ocasiões em 
que se reconhecer 
num mesmo preceito 
legal a possibilidade 
de existirem duas ou 
mais interpretações 
diferentes, deverá 
o intérprete fazer 
prevalecer aquela 
que não viole o texto 
constitucional ou 
que com ele melhor 
se harmonize.
É utilizado 
quando se dá 
uma abertura ao 
exterior dos textos 
constitucionais 
para indagar o 
sentido dos direitos 
fundamentais 
próprios de toda 
Constituição.
42
 Direito Processual Penal 
b) Restritiva: a Interpretação Restritiva diminui o alcance do texto, pois 
apresenta	 em	 fase	 de	 sua	 linguagem	 excessiva.	 Quando	 restringe	 o	 limite	
da norma, o artigo 174, IV, do CPP, menciona que, na colheita dos padrões 
gráficos,	“a	autoridade	mandará	que	a	pessoa	escreva	o	que	lhe	for	ditado”.	
A	 interpretação	 literal	 seria	 que	 todos	 devem	 fornecer	 o	 material	 gráfico.	
Contudo, realizando uma interpretação restritiva, compatível com o principio 
da não autoincriminação. Isto é, a autoridade não pode obrigar, somente 
poderá	convidar	a	pessoa		a	fornecer	o	material	gráfico.
c) Declarativa: se coloca exatamente entre as duas mencionadas, e por isso 
mesmo não estende nem restringe a aplicação do texto. O legislador consignou 
o que desejou consignar, que o sentido encontrado condiz precisamente com 
a fórmula empregada. Dá à lei o seu sentido literal, sem restrição ou extensão. 
Um exemplo é quando alguém pratica o crime de furto: é aquele que se 
enquadra no tipo, nem mais, nem menos.
Há que se dizer que existem lacunas na norma, que são preenchidas 
pelos recursos complementares. Os instrumentos para complementação são os 
previstos no art. 3º do CPP, ou seja, a analogia e princípios gerais de direito. O 
costume, não mencionado no referido art. 3º, está previsto no art.4º da Lei de 
Introdução ao Código Civil.
 
O Costume e os princípios gerais do direito são inicialmente 
fontes e não institutos de integração da norma, porém podem ser 
usados como forma de preenchimento da lacuna do ordenamento 
jurídico processual penal por expressa permissão da Lei. O costume 
como elemento integrador, muitas vezes utilizado na práxis forense 
como forma de adaptação da lei processual ao procedimento, 
significa	que,	 sobrevinda	nova	 lei,	 sua	adaptação	ao	procedimento	
muitas vezes se dará consoante sua utilização prática.
Analogia		
É a autointegração da lei, isto é, aplica o regramento a uma 
hipótese semelhante não prevista por lei. Segundo Mougenot (2010, 
p.114), “analogia é o processo de integração da norma jurídica escrita 
por meio do qual, diante do silêncio da lei sob determinada situação, se 
utiliza outro preceito legal que regesituação semelhante”.
Mougenot (2010, 
p.114), “analogia 
é o processo de 
integração da 
norma jurídica 
escrita por meio 
do qual, diante 
do silêncio da lei 
sob determinada 
situação, se utiliza 
outro preceito legal 
que rege situação 
semelhante”.
43
Lei Processual Penal Capítulo 2 
O art.3º do CPP determina que a lei processual admitirá interpretação 
analógica. Vê-se que tanto a interpretação analógica quanto o emprego da 
analogia são legalmente permitidos.
 
Porém, há diferenças entre ambos.
A analogia não é fonte imediata do Direito Processual Penal. É 
forma de autointegração da lei. Ela consiste em aplicar o regramento a 
uma hipótese semelhante não prevista em lei. E, como se diz, é forma 
de integração da lei penal.
Destacam-se: 
a) Analogia legal: quando existe um preceito legal que rege um caso 
semelhante a ser aplicado a um caso previsto na lei.
Temos como exemplo o art. 28 do CPP utilizado para o caso do juiz discordar 
do arquivamento do Promotor de Justiça. E se no caso de falta de proposta de 
transação	ou	de	suspensão	condicional	do	Processo?	Em	razão	da	soberania	do	
MP, para proposta de benefícios, tem-se que, não havendo proposta, o juiz deve 
remeter os autos ao Procurador Geral da Justiça.
Base legal: na falta de disposição legal, em hipótese semelhante, por 
analogia, utilizar-se-á o art.28 do CPP e encaminhar-se-ão os autos ao Procurador 
Geral de Justiça.
b) Analogia Jurídica: quando há aplicação do preceito consagrado pela doutrina, 
jurisprudência e princípios gerais do direito ocorrem quando o princípio para 
o caso omitido se deduz do espírito e do sistema do ordenamento jurídico 
considerado em seu conjunto. Em muito se aproxima à aplicação de um 
princípio a uma hipótese sem referência a uma norma. Temos como exemplo: 
o juiz criminal vê-se diante do pedido de restituição de um veículo com 
adulteração	 de	 chassis,	 porém	 sem	 possibilidade	 de	 ver	 a	 identificação	 do	
chassi original. Não há prova da adulteração pelo agente criminoso e nem 
prova da receptação. Nesse caso, não há documentação do veículo e, 
baseando-se no princípio da prevalência do interesse do réu, em razão da 
lacuna da lei e nada havendo para disciplinar o caso mesmo que por analogia, 
deve o juiz criminal liberar o veículo, utilizando-se da analogia jurídica.
Atividade de Estudos: 
1)	 Reflita	sobre	o	assunto	 Interpretação	Analógica	e,	com	base	no	
exemplo dado (art. 28 do CPP), pesquise outros exemplos e 
transcreva-os abaixo.
A analogia não é 
fonte imediata do 
Direito Processual 
Penal. É forma de 
autointegração 
da lei.
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 Direito Processual Penal 
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2) Analogia jurídica – aplica-se o preceito consagrado pela doutrina, 
jurisprudência e Princípios Gerais do Direito.Tal analogia se 
aproxima da aplicação de um princípio a uma hipótese sem 
referência	a	uma	norma.	Exemplifique.
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Figura 3 - Analogia Jurídica 
Fonte: Os autores. 
Dos conceitos delineados, observa-se que haverá casos em que 
o ordenamento não traz previsão ou, em outros prevê explicitamente. 
Assim, existem determinadas situações em que se coloca o aplicador 
da lei diante do que se convencionou chamar lacuna da lei. Vê-se que 
há lacuna sempre que inexista uma norma aplicável ao fato concreto. 
Nesses casos, a aplicação da lei deverá ser precedida pela atividade 
de integração.
Vê-se que há 
lacuna sempre que 
inexista uma norma 
aplicável ao fato 
concreto. Nesses 
casos, a aplicação 
da lei deverá 
ser precedida 
pela atividade de 
integração.
Analogia jurídica Princípio Constante do Processo Penal
45
Lei Processual Penal Capítulo 2 
O conceito de Analogia, segundo Mougenot (2010), é um 
processo de integração da norma jurídica escrita por meio do qual, 
diante do silêncio da lei sobre determinada situação, se utiliza outro 
preceito legal que rege situação semelhante.
A analogia consiste na aplicação de uma norma a um caso nela 
não previsto. Não é, portanto, método de interpretação, mas sim de 
integração.
A interpretação analógica é método hermenêutico, interpretativo, 
que se aplica àqueles dispositivos legais que trazem um rol de 
fórmulas	que	explicam	ou	exemplificam.	Dos	casos	citados	do	 texto	
legal, é possível inferir - por meio do raciocínio indutivo, uma regra 
genérica,	 que	 permitirá	 identificar	 casos	 implicitamente	 previstos	 no	
preceito normativo. O artigo 2º da lei nº 12.037/2009 prevê, nos incisos de I a V, 
um	rol	de	documentos	que	servem	para	atestar	a	identificação	civil	das	pessoas,	
eximindo-as,	portanto,	da	identificação	criminal	(art.	1º	do	mesmo	diploma	legal).		
O	 inciso	 VI	 do	 artigo	 dispõe,	 no	 entanto,	 que	 a	 identificação	 cível	 poderá	 ser	
atestada por outro documento público.
O artigo 3º do código de processo penal prevê a adoção, em 
caráter	 suplementar,	 dos	princípios	gerais	do	direito,	 a	 fim	de	suprir	
as lacunas da lei. Estes são regras gerais que se podem inferir da 
apreciação do ordenamento jurídico estatal como um todo. É, pois, 
o ato de aplicar à lacuna uma regra que coaduna com o sistema, 
resolvendo o caso concreto de forma harmônica com as normas 
destinada a outros casos. 
Os princípios gerais conferem coesão e unidade ao sistema 
jurídico, retirando seu fundamento da própria ideia de direito. Sua 
utilização terá, assim, natureza integrativa. 
Atividade de Estudos: 
1) Diferencie Analogia Legal de Analogia Jurídica.
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
Os princípios gerais 
conferem coesão e 
unidade ao sistema 
jurídico, retirando 
seu fundamento 
da própria ideia 
de direito. Sua 
utilização terá, 
assim, natureza 
integrativa. 
 A analogia consiste 
na aplicação de 
uma norma a um 
caso nela não 
previsto. Não é, 
portanto, método de 
interpretação, mas 
sim de integração.
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 Direito Processual Penal 
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2) Complete as sentenças a seguir:
a) ______________________________é o meio pela qual se deve 
interpretar	a	lei,	a	fim	de	que	se	tenha	dela	o	exato	sentido	ou	o	
fiel	pensamento	do_________________________.
b) De acordo com o art. 5º da Lei de Introdução do Código Civil, uma 
das regras da hermenêutica é de que o juiz deve sempre atingir 
aos___________________________ a que ela se dirige ______
_____________________________.
3) Como pode ser a interpretação (formas) Penal ( formas ) quanto 
ao	sujeito?	Explique.
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
4) Complete o quadro de acordo com a Interpretação da Lei Penal 
quanto ao modo:
47
Lei Processual Penal Capítulo 2 
a) Gramatical: ___________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
b) Lógica: ______________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
c) Histórica: _____________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
`5) A Interpretação da Lei Processual Penal quanto ao resultado 
divide-se em:
 (A) Declarativa ( ) pratica o crime de furto aquele 
 que se enquadra no tipo, 
 nem mais, nem menos.
 (B) Restritiva ( ) roubo com arma de brinquedo.
 (C) Extensiva ( ) na representação nos crimes 
 de ação Penal Pública 
 condicionada – ,CPP fala 
 em representante legal –
 art.38 do CPP. 
6) Complete:
a) A interpretação extensiva – o termo está implícito (dentro da 
norma). No art. 96 III, da CF, quando se fala crime, está implícita 
___________________________________________ .
b) Analogia – o termo não está dentro da _____________________. 
48
 Direito Processual Penal 
O _______________________ deve buscar a solução em outra 
_________________________________.
c) Os Princípios Gerais do Direito devem ser entendidos como 
regras gerais que conferem____________________________.
Interpretação	Constitucional
A interpretação constitucional tem por fundamento a 
hierarquia do sistema judiciário, que exige que toda a legislação 
infraconstitucional, para ser válida, esteja em plena harmonia com as 
normas e os princípios estabelecidos na Lei Maior.
Neste sentido, quando se conhecer em um mesmo preceito legal a 
possibilidade de existirem duas ou mais interpretações diferentes, prevalecerá 
aquela que não viole o texto constitucional ou que com ele melhor se 
harmonize.
Vale dizer que sempre se conferirá importância à interpretação 
que dê à norma sentido e alcance conforme a Constituição. Isso posto, 
ressalta-se que na Constituição Federal há toda uma carga genética, 
que informa e condiciona todos os demais ramos do Direito. 
No Tempo: a lei processual penal aplica-se desde logo, sem 
prejuízo dos atos realizados ( art. 2º ). Não há retroatividade. 
Prevalece o Princípio do tempus regit actum.
Exemplo: Lei n. 10.792/2003 – interrogatório com perguntas pelas partes.
Sempre se conferirá 
importância à 
interpretação que 
dê à norma sentido 
e alcance conforme 
a Constituição
49
Lei Processual Penal Capítulo 2 
Aplica-se o sistema de isolamento dos atos processuais, 
considerando o ato processual: se já foi praticado durante a lei 
velha, é válido. Se ainda não foi, deve ser praticado de acordo com 
a nova lei.
No Espaço: a lei processual penal aplica-se a todas as infrações 
cometidas em território brasileiro. Aos processos realizados no 
Brasil, aplica-se a lei processual nacional (lex fori), como exercício 
da soberania.
Atividade de Estudos: 
1) Assinale a alternativa correta.
a) A prescrição da pretensão punitiva não tem consequências 
distintas da prescrição da pretensão executória. 
b)		A	interpretação	analógica	é	permitida	para	beneficiar	somente	o	
acusado.
c)	 Quando	 o	 fato	 punível	 constituir	 delito	 autônomo,	 uma	 vez	
descaracterizado este, é possível o enquadramento do fato em 
outro tipo penal.
d) A edição da lei caracterizadora em abolitio criminis faz cessar os 
efeitos penais e os efeitos civis da sentença condenatória.
e) A Constituição de 1988 permite a edição de Medida Provisória 
em matéria penal somente nos casos em que houver relevância e 
urgência.
2) Um navio mercante brasileiro de propriedade privada naufragou 
em alto mar. Os tripulantes passaram para os barcos salva-
vidas. Num desses barcos, houve briga, tendo um tripulante 
francês matado um tripulante americano e ferido um alemão. A 
competência	para	processar	e	julgar	esses	delitos	é	da	justiça?
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
50
 Direito Processual Penal 
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3)	 O	prazo	de	natureza	penal	fixado	em	um	mês	inicia-se	no	dia	13	
de janeiro de 2010, quarta-feira, portanto expirou-se no dia:
 a) 12 de fevereiro de 2010, sexta-feira.
 b) 15 de janeiro de 2010, sexta-feira.
 c) 14 de fevereiro de 2010, domingo.
 d) 11 de fevereiro de 2010, quinta-feira.
 e) 12 de fevereiro de 2011, sábado.
4)	 Considere	 a	 afirmativa,	 decidindo	 se	 é	 falsa	 ou	 correta,	 e	
justifique.
 Por meio do princípio constitucional da irretroatividade da lei 
penal, veda-se que a norma penal posterior incida sobre fatos 
anteriores,	 assegurando-se,	 assim,	 eficácia	 e	 vigor	 à	 estrita	
legalidade penal. Isso posto, reza a Constituição Federal de 1988, 
garantindo	a	ultratividade	da	lei	penal	mais	benéfica.	
 ____________________________________________________
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Lei Processual Penal Capítulo 2 
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5) Sobre o princípio da extraterritorialidade da lei penal brasileira, 
assinale a alternativa correta.
a) Aplica-se a lei brasileira à hipótese de crime praticado a bordo de 
navio da marinha mercante em portos estrangeiros.
b) Consoante o princípio de Justiça Universal, aplica-se a lei brasileira 
ao crime cometido fora do Brasil que afete o interesse nacional.
c) A sujeição de crime de genocídio à lei brasileira, quando praticada 
em território estrangeiro e o agente for brasileiro, domiciliado no 
Brasil,	configura	a	hipótese	de	extraterritorialidade	condicionada.
d)	 Todas	as	afirmativas	são	falsas.
6)	 No	 que	 se	 refere	 à	 lei	 penal,	 analise	 a	 afirmação	 a	 seguir,	
decidindo	 se	 está	 correta	 ou	 incorreta	 e	 justificando	 a	 sua	
resposta. 
 
 O direito penal brasileiro adotou expressamente a teoria absoluta 
da territorialidade quanto à aplicação da lei penal, adotando a 
exclusividade da lei brasileira e não reconhecendo a validez da 
Lei Penal de outro Estado. 
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52
 Direito Processual Penal 
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7) Cabe ao legislador proteger os mais diferentes bens jurídicos, 
cominando as sanções de acordo com a importância para a 
sociedade. Assim, haverá o ilícito administrativo civil e penal. Este 
último interessa ao direito penal justamente por proteger os bens 
jurídicos mais importantes. Assinale a alternativa correta:
a) A Natureza fragmentária protege os bens jurídicos mais 
importantes, pois os demais são protegidos por outro ramo do 
direito.
b) A natureza minimalista ocupa-se dos bens jurídicos de valor 
irrisório.
c) A Natureza burguesa volta-se para a proteção daqueles que 
gerenciam o poder produtivo e a economia estatal.
d) O Direito público e privado protegem bens que pertencem ao 
Estado, como os de propriedade individualizada.
e) Admite a perquirição estatal por crimes não previstos estritamente 
em lei como a retroação do lex gravior.
8)	 Tendo	 em	 conta	 o	 princípio	 da	 reserva	 legal,	 é	 correto	 afirmar	
que:
a) É vedado o uso da analogia para punir o autor de um fato não 
previsto em lei como crime, mesmo sendo semelhante a outro por 
ela	definido.
b) É lícita a aplicação da pena não prevista em lei se o fato praticado 
pelo	agente	for	definido	como	crime	no	tipo	penal.
c)	O	 juiz	pode	fixar	a	pena	a	ser	aplicada	ao	autor	do	delito	acima	
do máximo previsto em lei, aplicando os costumes vigentes na 
localidade que ocorreu.
d) Fica ao arbítrio do juiz determinar a abrangência do preceito 
primário de norma incriminadora se a descrição do fato delituoso 
na norma penal for vaga e indeterminada.
e) O juiz tem o poder de impor sanção penal ao autor de um fato não 
descrito como crime na lei penal, se esse for imoral, antissocial 
ou danoso à sociedade.
53
Lei Processual Penal Capítulo 2 
Eficácia	da	Lei	Processual	Penal
As leis precisam se apresentar aptas a produzir seus efeitos 
jurídicos.
A integração das leis ao ordenamento jurídico não se dá de 
maneira ilimitada, havendo a possibilidade de restrições de ordem 
territorial e espacial.
No caput do artigo 1º do CPP, fazendo menção às normas do próprio 
Código, vigora para a lei processual penal o princípio geral da territorialidade. A lei 
brasileira aplica-se em todo território nacional (brasileiro) de forma única, inclusive 
no que concerne às cartas rogatórias que tiverem de ser cumpridas no Brasil – 
art. 484 § 1º do CPP. 
Os tratados, convenções e outras regras de direito internacional, celebrados 
ou adotados pelo Brasil, são aplicados segundo o que diz o inciso I do art. 784, § 
1º, do CPP.
Por força da Convenção de Viena, os diplomatas, além de gozarem de 
imunidade penal, não podem ser obrigados a testemunhar. Os cônsules, por 
sua vez, nos crimes praticados no exercício de suas funções, estão imunes à 
jurisdição brasileira.
Segundo	Mongenot	(2011	p.	117),	“eficácia	é	a	aptidão	de	determinada	norma	
jurídica	para	produzir	efeitos	jurídicos,	uma	norma	é	eficaz,	portanto,	se	está	apta	
a	produzir	efeitos.	As	principais	limitações	à	eficácia	das	normas	jurídicas,	e	das	
normas de direito processual penal, são de ordem espacial e temporal”.
Analogamente, ensina Capez (2010, p. 92), 
A lei processual penal aplica-se a todas as 
infrações penais cometidas em território brasileiro, 
sem prejuízo de convenções, tratados e regras 
de direito internacional. Vigora o principio da 
absoluta territorialidade, que impõe a aplicação 
da lex fori ou locos regiti actum, segundo a qual 
aos processos e julgamentos realizados no 
território brasileiro aplica-se a lei processual penal 
nacional.	A	exegese	 justifica-se	por	ser	a	função	
jurisdicional a manifestação de uma parcela da 
soberania nacional, podendo ser exercida apenas 
nos limites do respectivo território.
E no que tange à aplicação da lei processual no tempo, vem 
A lei processual 
penal aplica-
se a todas as 
infrações penais 
cometidas em 
território brasileiro, 
sem prejuízo 
de convenções, 
tratados e regras de 
direito internacional. 
Vigora o principio 
da absoluta 
territorialidade,
As leis precisam se 
apresentar aptas a 
produzir seus 
efeitos jurídicos.
54
 Direito Processual Penal 
disciplinado no art. 2º do CPP, que adota o princípio da imediata aplicação da 
norma, mesmo que esta seja mais gravosa ao acusado. Logo, a alteração da 
legislação processual penal alcançará os processos que estejam em curso, 
respeitando os atos processuais já praticados.
A lei penal não tem efeito retroativo.
No que tange à regra de incidência imediata da lei, aplica-se 
somente as normas que tenham por conteúdo matéria processual em 
sua exclusividade; as normas mistas não estão aqui relacionadas, 
mesmo que versem também sobre questões de direito material. Para 
essas, há que se dizer que aplica-se o princípio da retroatividade da lei 
mais	benéfica	ao	acusado.	Contudo,	assinala	Mougenot	(2011,	p.	121),		
O período compreendido entre a entrada em vigor de uma lei 
e	sua	revogação	denomina-se	atividade,	significando	com	isso	
sua plena aptidão para a regulação e aplicação da lei a fatos 
ocorridos nesse interstício temporal. Assim, o art. 2º do CPP 
determina que a lei processual penal aplicar-se-á desde logo. 
E consubstanciação do principio da imediata aplicação da 
norma	 processual	 penal.	 	 (....)	 O	 atos	 já	 findos,	 bem	 como	
aqueles que já estejam sendo praticados, não serão afetados. 
Não tem, portanto, a lei processual penal efeito retroativo, já 
que nãoalcança os fatos jurídicos passados.
Vê-se que a Lei nº 9.099/95, em seu art. 90, vedou a aplicação de suas 
disposições aos processos que já estejam na fase de instrução, excepcionando 
o dispositivo no art. 2º do CPP. Mas estas regras não se aplicam às normas de 
natureza penal constantes na Lei 9.099/95 ( art. 74, parágrafo único, 76,78 e 89 ).
 
Podemos citar, como exemplo importante do Princípio da aplicação 
imediata, o “protesto por novo júri”, que foi abolido do ordenamento 
jurídico brasileiro com o advento da Lei nº 11.689/2008.
Haja vista ser uma norma eminentemente processual, os casos que 
forem julgados após a entrada em vigor da Lei não mais comportarão a 
referida modalidade recursal.
Porém, os recursos julgados pelo Tribunal do Júri antes da entrada 
em vigor da nova legislação deveriam conferir ao réu a possibilidade 
Regra de incidência 
imediata da lei, 
aplica-se somente 
as normas que 
tenham por 
conteúdo matéria 
processual em sua 
exclusividade
Haja vista ser 
uma norma 
eminentemente 
processual, os 
casos que forem 
julgados após a 
entrada em vigor 
da Lei não mais 
comportarão a 
referida modalidade 
recursal.
55
Lei Processual Penal Capítulo 2 
de se valer daquela modalidade recursal, uma vez que, quando da publicação da 
decisão, o mesmo possuía o direito subjetivo de utilizá-la. A seguir, vamos conhecer 
os Sistemas Processuais Penais e as características de cada sistema.
Sistemas	Processuais
 
Primeiramente, tece-se um aporte histórico do surgimento dos sistemas 
processuais penais do Processo Penal, que tem como destaque o inquisitório, o 
acusatório e o misto.
Enfoca-se, no entanto o papel do juiz: o de apenas julgar ou também acusar. 
Portanto, a referência é principalmente histórica, ou seja, em determinado período, 
os julgamentos eram feitos de modo mais arbitrário e depois foram paulatinamente 
sendo garantidores do direito de defesa do réu.
Já estudamos que a atividade jurisdicional possui como objetivo a descoberta 
do que se busca chamar de “Verdade Real” (o princípio da verdade real quer dizer 
que o juiz deve buscar a verdade real, do que realmente aconteceu, ou seja, 
finalidade	 tão	 utópica	 quanto	 a	 própria	 concepção	 de	 verdade).	 Esse	Princípio	
está vinculado ao sistema de provas.
O Princípio da Verdade Real esclarece que o juiz deverá buscar 
a verdade real e não a verdade formal, como ocorre no processo 
civil, para a consequente aplicação de sanção.
Esse princípio está vinculado ao sistema de Produção de Provas.
A	 doutrina	 menciona,	 por	 sua	 vez,	 em	 títulos	 específicos,	 três	
sistemas distintos de processo, conforme a distribuição da titularidade 
de julgar, acusar e defender, como comenta Mougenot, em seu Curso 
de Processo Penal (2011):
 
a) Sistema inquisitivo ou inquisitorial.
b) Sistema acusatório.
c) Sistema misto.
 A doutrina 
menciona, por sua 
vez, em títulos 
específicos, três 
sistemas distintos de 
processo, conforme 
a distribuição da 
titularidade de julgar, 
acusar e defender
56
 Direito Processual Penal 
O Processo inquisitório possuía sua origem no direito romano – 
(período do Império). Através dele, o juiz iniciava a acusação. Teve o 
seu apogeu durante a Idade Média e sofreu sua decadência (declínio) 
durante a Revolução Francesa. Assinala um procedimento escrito e 
secreto, ausente o contraditório e muitas vezes a defesa, em que a 
figura	do	juiz	confunde-se	com	a	do	acusador.
Características:
a) Autoridade ( inquisidor ) assume a persecução desde a apuração 
até o julgamento.
b) Abrange as funções de acusador e julgador.
c) O direito de defesa é limitado.
d) Não há publicidade.
e) A falta de publicidade gera uma instrução escrita.
f) O acusado é objeto do processo e uma parte do processo.
g)	 A	confissão	é	a	rainha	das	provas.
h) O objetivo não é a elucidação da verdade real, mas a punição do 
acusado.
No Direito Processual Penal brasileiro, um exemplo de processo inquisitório 
são os antigos processos sumários das contravenções da Lei nº 4.611/65, 
revogados tacitamente pelo art.129, I da CF, que possibilitavam o início da ação 
penal por portaria do magistrado. 
Figura 4- Sistema inquisitivo ou inquisitorial
 Fonte: Os autores.
Sistema Acusatório teve sua origem na Grécia e em Roma. O 
Estado assume a acusação ao invés do particular. Caracterizado pela 
divisão entre as funções de acusar e de defender o procedimento, o 
Assinala um 
procedimento 
escrito e secreto, 
ausente o 
contraditório e 
muitas vezes a 
defesa, em que 
a figura do juiz 
confunde-se com a 
do acusador.
JULGADOR
JULGA 
ACUSA 
O procedimento é 
público e realizado 
em contraditório, 
permitindo-se o 
exercício de uma 
defesa ampla.
57
Lei Processual Penal Capítulo 2 
procedimento é público e realizado em contraditório, permitindo-se o exercício de 
uma defesa ampla.
As partes (par conditio) têm garantido o direito à prova, busca 
da Verdade Real. 
Características:
• Assegura-se ao imputado igualdade.
• O réu é tratado como sujeito e não como objeto.
• O princípio da oralidade pode ou não ser adotado.
• Considerado como uma tendência, com a denuncial oral, as 
alegações orais e a adoção de ritos sumaríssimos.
Figura 5 - Sistema acusatório 
Fonte: Os autores.
O Sistema Misto, constituído pela junção dos modelos anteriores, 
é composto por uma fase inquisitiva (de instrução ou investigação 
preliminar) sigilosa, escrita e não contraditória, e por uma segunda 
fase acusatória, informada pelos princípios do devido processo legal, 
do contraditório e da ampla defesa. 
É a combinação da forma inquisitória com a acusatória. 
Primeira fase: instrutória, secreta e escrita, presidida por juiz 
com poderes inquisitivos. 
Composto por uma 
fase inquisitiva 
(de instrução 
ou investigação 
preliminar) sigilosa, 
escrita e não 
contraditória, e 
por uma segunda 
fase acusatória, 
informada pelos 
princípios do devido 
processo legal, do 
contraditório e da 
ampla defesa.
SISTEMA ACUSATÓRIO
O JUIZ JULGA 
O ACUSADOR 
ACUSA
58
 Direito Processual Penal 
Segunda fase: contraditória, admitindo o exercício da ampla 
defesa.
Brasil adotou o sistema acusatório. O inquérito policial, todavia, 
é inquisitivo.
Algumas	Considerações
Ao	findar	esse	capítulo,	foi	possível	compreender	que,	por	mais	modernas	
e atualizadas que sejam, as teorias jurídico-penais não conseguem padronizar a 
conduta do intérprete emocionalmente predisposto a indicar a solução inerente 
a suas próprias expectativas ideológicas. O intérprete, por sua vez, as conhece 
muito bem e sabe que estas teorias apontam para caminhos divergentes: 
por sua vagueza e por seus traços de ambiguidade, ora permitem o sim ora 
permitem o não, assim como ocorrem com as leis, costumes, razão, justiça, 
equidade e bom senso. 
As regras de hermenêutica jurídica que foram construídas historicamente 
permanecem válidas como subsídio retórico daqueles que se despem da força 
bruta para, com honestidade intelectual, contribuir com seu próprio gesto para o 
direito que repute o possível e o justo, em consonância com um clima de liberdade 
e responsabilidade que sejam socialmente compartilhadas.
Referências
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Tribunais, 1977.
AMORIM, de Oliveira Marcelo. Código Eleitoral Comentado. 1º ed. São Paulo: 
Futura, 2008.
BONFIM MOUGENOT, Edilson. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 
2011.
BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988: 
Promulgada em 5 de outubro de 1988. Antonio Luiz de Toledo Pinto; Márcia 
Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Cespedes (Colab.). 32. Ed. São Paulo: 
Saraiva 2005.
59
Lei Processual Penal Capítulo 2 
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. [Diário 
Oficial da União]. Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1940.Disponível em: < 
https:/www.planalto. gov.br /ccivil _03/Dcreto-Lei/Del 2848. htm>. Acesso em: 28 
fev. 2012. 
BRASIL. Lei nº 9.099 de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados 
Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências. [Diário Oficial da União]. 
Brasília, 26 de setembro de 1995. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 1º mar. 2012.
BRASIL. Lei nº 10.792 de 1º de dezembro de 2003. Altera Lei nº 7.210 de 11 de 
junho de 1984 – Lei de Execução Penal e o Decreto Lei nº 3.689 de 3 de outubro 
de 1941– Código de Processo Penal, e dá outras providências. [Diário Oficial da 
União]. Brasília 1º de dezembro de 2003. Disponível em: <https://www.planalto.
gov.br>. Acesso em: 1º mar. 2012.
BRASIL. Lei nº 11.689 de 9 de junho de 2008. Altera dispositivos do Decreto-
Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de Processo Penal, relativos ao 
Tribunal do Júri, e dá outras providências. [Diário Oficial da União]. Brasília 9 
de junho de 2008. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 1º 
mar. 2012.
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2011.
ISHIDA, Válter Kenji. Processo Penal. São Paulo: Atlas, 2010.
JESUS. Damásio E. de. Código penal anotado. 12. ed. São Paulo: Saraiva. 
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LARENZ, Karl. Metodologia da Ciência do Direito. Trad. José Lamago. 
Calouste- Gulbenkian: Lisboa, 1997.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Código de Processo Penal Interpretado. São 
Paulo: Atlas, 2010.
_______. Processo Penal. São Paulo: Atlas, 2006.
_______. Código de Processo Penal Interpretado. São Paulo: Atlas, 2010.
PERRENOUD, Philippe. Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: 
Artmed, 2009.
TOURINHO, Fernando da Costa. Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2011.
https://www.planalto.gov.br
https://www.planalto.gov.br
https://www.planalto.gov.br
https://www.planalto.gov.br
60
 Direito Processual Penal 
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Código de Processo Penal 
Comentado. São Paulo: Saraiva, 2001.
VENOSA, Silvio de Salvo. Novo Código Civil: Texto Comparado – Código Civil 
de 2002 e Código Civil de 1916. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004
CAPÍTULO 3
Inquéríto		Policial
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Aprimorar o uso da linguagem jurídica e do raciocínio lógico;
� Pesquisar a dogmática jurisprudencial;
�	Ler,	 compreender	 e	 interpretar	 textos	 jurídicos,	 documentos	 e	 bibliografias	
diversas sobre o Ordenamento Jurídico;
� Conhecer e pesquisar as particularidades relevantes e úteis do conteúdo da 
Disciplina, com visão sistêmica e multidisciplinar;
� Apresentar e explicar discussões de temas sociais sob a perspectiva jurídica;
� Articular observando a norma culta;
� Solucionar os problemas que se apresentam na aplicação concreta da lei penal.
63
Inquéríto Policial Capítulo 3 
Contextualização
A questão cujo estudo se propõe neste capítulo é a de recapitular o que 
foi estudado anteriormente, tendo como objetivo compreender criticamente a 
necessidade	 de	 adquirir	 novas	 competências.	 Que	 no	 decorrer	 de	 mais	 um	
capítulo possamos juntos solucionar com êxito as questões e conteúdos que 
serão apresentados. 
A Disciplina de Direito Processual Penal torna-se cada vez mais 
apaixonante para aqueles que interagem com a mesma. Acaba sendo um 
estímulo	que	finda	por	arrancar,	tanto	o	professor	quanto	o	aluno,	do	mundo	do	
simples, do ter, do produzir, agir e agitar, para transportá-lo para o mundo do 
ser, do experimentar, do usufruir, fazendo vivenciar o que existe de profundo no 
ato de “estudar” e de “educar”.
É	sempre	bom	deixar	um	 tempinho	 livre	para	 refletir	 sobre	a	dimensão	do	
papel do professor, pois educar não é apenas transmitir conhecimento, como 
infelizmente muitos pensam. 
Sabe-se que o próprio exercício de educador, apesar do desgaste físico, 
vem carregado do Eros interior da experiência profunda de ser possuído 
por esta vocação. Pois este só será Educador quando tiver o propósito de 
produzir, transformar a realidade em benefício do ser humano. É assim que o 
professor-educador transforma o aluno desconhecedor de determinada matéria 
em possuidor do conhecimento. Considerando a mística em nossa missão, no 
nosso dia-a-dia, criando espaço para projetos que visem à realização do bem 
social, é que concretizamos a prática da cidadania, no horizonte da justiça e 
da solidariedade, além de evidenciar o valor que cada indivíduo dispensa 
àquilo que faz com amor... Faz-se necessário dizer que o Direito lembra-nos o 
aspecto inconstante do mar, que se mostra sob várias faces, distintas aos olhos 
de quem o vê.
Que	 seu	 infinito	 aguce	 a	 busca	 pelo	 conhecimento,	 e	 que	 seu	 mistério	
estimule	o	aprimoramento	em	áreas	desconhecidas.	Que	ele	possa	ser	a	 fonte	
não apenas do sustento, como também de satisfação pessoal. 
Espera-se	 que	 cada	 Pós-Graduando	 reflita	 sobre	 o	 tema	 exposto	 nesta	
contextualização, pois, como professores autores, nosso objetivo é o de permitir 
que cada um possa explorar os conhecimentos ora ministrados, proporcionando-
lhes também a tranquilidade necessária para que possam “ir à luta”.
64
 Direito Processual Penal 
Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida e 
viver com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, 
pois o triunfo pertence a quem se atreve... E a vida é muito 
para	ser	insignificante.		(CHARLES	CHAPLIN)						
Investigação	Criminal
Figura 6 - Investigação Criminal 
Fonte: Os autores.
 
Falar	 de	 Inquérito	Policial	 significa,	 antes	de	mais	nada,	estudar	
a persecução penal, a qual abarca a fase administrativa e também a 
processual.
O conceito de persecução abrange a propositura da ação penal 
e ainda a simples investigação e a atribuição a alguém de um fato 
delituoso	(MARQUES,	1965).
O Estado tem interesse em manter a Paz e a harmonia entre seus cidadãos. 
Quando	se	comete	uma	infração	penal,	põe-se	em	risco	aqueles	bens	jurídicos,	e	
surge para o Estado o jus puniendi, o direito de punir.
Porém, para que o Estado possa punir, é preciso de antemão recolher 
elementos probatórios necessários que indiquem a prática de uma infração 
penal e apontem a autoria do mesmo. Surge, assim, a necessidade de ir atrás da 
infração penal, e persegui-la, investigando-a e denunciando-a. A essa atividade se 
dá o nome de persecução penal (persecutio criminis).
Falar de Inquérito 
Policial significa, 
antes de mais 
nada, estudar a 
persecução penal, 
a qual abarca a 
fase administrativa 
e também a 
processual.
Investigação Criminal
Inquérito Policial
65
Inquéríto Policial Capítulo 3 
Para Ishida (2011,p.41):
Persecutio criminis in judicio: Atividade desenvolvida pelo 
Ministério Público para repressão das infrações penais no 
caso da ação penal pública. O Estado (Administração) deverá 
procurar os elementos comprobatórios do fato infringente 
penal (crime ou contravenção).
Seguindo essa linha de pensamento, há que se dizer que, para 
se propor a ação penal, entretanto, faz-se necessário que o Estado 
disponha de um mínimo de elementos probatórios que indiquem 
a ocorrência de uma infração penal e sua autoria. O meio mais 
comum, embora não exclusivo, para a colheita desses elementos é o 
Inquérito Policial.
Nos itens que se seguem, restringiremos a nossa abordagem à primeira fase 
da persecução penal, o Inquérito Policial.
Figura 7 – Persecução Penal 
Conceito de Persecução Penal
 
Persecutio Criminis
Fonte: Os autores.
 
Assevera, porém, Mougenot (2011, p. 130): 
Persecução penal é o caminho que percorre o Estado – 
Administração para satisfazer a pretensão punitiva, que 
nasce no exato instante da perpetração da infração penal. 
A persecutio criminis divide- se em três fases: investigação 
preliminar ( compreende a apuração da pratica de infrações 
penais, com vistas a fornecer elementospara que o titular 
da ação penal possa ajuizá-la); ação penal ( atuação junto 
ao Poder Judiciário, no sentido de que seja aplicada a 
condenação aos infratores, realizando assim a concretização 
dos ditames do direito penal material diante de cada caso 
concreto que se apresentar) e execução penal ( satisfação 
o	 direito	 de	 punir	 estatal,	 reconhecido	 definitivamente	 pelo	
Poder Judiciário). 
O meio mais 
comum, embora 
não exclusivo, para 
a colheita desses 
elementos é o 
Inquérito Policial.
66
 Direito Processual Penal 
Praticado o crime, o direito de Punir passa do plano abstrato para o concreto. 
Porém, existe uma autolimitação do Estado no exercício do direito de punir em 
razão do direito de liberdade. Nesse sentido, o Estado somente pode aplicar 
a pena através do processo. Mas para que o governo venha a se manifestar 
materialmente, existe uma intensa atividade dos órgãos do Estado ou do próprio 
particular,	visando	notificar	ao	Estado-Juiz	a	prática	de	um	crime.	
Assim, a atividade do Estado (Polícia Judiciária, Ministério Público) e 
do	 Particular	 	 (ofendido)	 de	 notificar	 ao	 Estado-Juiz	 a	 prática	 do	 fato	 típico	
(materialidade) e autoria denominam-se persecução criminal. 
Nesse sentido, a persecução penal abrange a propositura da ação penal e 
ainda a simples investigação e a atribuição a alguém de um fato delituoso.
Portanto, numa primeira fase, a polícia judiciária coleta elementos 
comprobatórios do fato típico e de sua autoria. Finalizada a fase investigatória, 
essas informações coletadas são encaminhadas ao MP na chamada ação penal 
pública ou do particular na ação penal privada.
Persecução Criminal é a atividade dos órgãos estatais ou do 
particular	objetivando	notificar	ao	Estado-Juiz	a	prática	da	persecutio 
criminis e a ação penal ou fase da persecutio criminis in indicio. 
A investigação é a atividade estatal da persecutio criminis destinada 
a preparar a ação penal. A lei penal prevê condutas associadas a 
sanções. Portanto, se determinado individuo subtrai, para si ou para 
outrem, coisa alheia móvel, por exemplo, determina a lei que este seja 
punido com pena de reclusão de um a quatro anos e multa.
A ocorrência do delito de furto, portanto, supõe que seja seguida 
da aplicação ao infrator de sansão que lhe seja correspondente ou que 
obedeça	aos	parâmetros	fixados	na	lei.
Complementando este raciocínio, Mougenot (2011, p. 129) diz que:
[...] a aplicação de sanções é, hoje, função privativa do 
Estado, isto é, o Estado é o único autorizado a impor uma 
pena a um infrator, ainda que essa pena seja determinada em 
lei. Desta forma, é preciso assegurar um meio pelo o qual a 
A investigação é 
a atividade estatal 
da persecutio 
criminis destinada 
a preparar a ação 
penal. A lei penal 
prevê condutas 
associadas a 
sanções.
67
Inquéríto Policial Capítulo 3 
ocorrência do crime chegue ao conhecimento do Estado. Se 
isso não ocorrer - se um órgão do Estado não vier a conhecer 
com mínima precisão o autor e as circunstâncias da prática 
delituosa -, abre-se oportunidade para que ocorram inúmeras 
injustiças, consubstanciadas na condenação de pessoas 
inocentes, ou na impunidade de quem seja culpado. 
Tais situações são indesejáveis aos olhos da sociedade. Por isso, melhor 
será o Sistema Jurídico se o Estado, por sua atividade jurisdicional, distribuir com 
efetividade a Justiça. Vê-se que é absolutamente essencial para o funcionamento 
do Sistema Penal que o Estado tenha o mais pleno conhecimento – a respeito da 
ocorrência do crime e de sua autoria antes que qualquer sansão seja aplicada. 
Vislumbra-se que os elementos que demonstram a ocorrência de um crime 
(provas) representam-se claros e completos.
Por vezes, tem-se notícia da ocorrência de um crime, mas não se sabe 
o autor da prática do delito. Por outras, há apenas mera suspeita da prática 
de crime, sem que se conheça com detalhes as circunstâncias em que teria 
aquele ocorrido.
Portanto, havendo notícias da suposta alegação da ocorrência de 
transgressão, será necessário agir de modo a buscar, primeiro a apuração do 
fato,	de	modo	a	haver		certificação	sobre	o	fundamento	da	suspeita.	Sendo	esta	
confirmada,	pode-se	buscar	a	aplicação	exata	da	punição	prevista	em	lei	para	o	
autor do fato.
Conforme anteriormente exposto, cabe ao Estado a aplicação da Pena ao 
transgressor da norma jurídica. A aplicação de pena e a expressão, no âmbito do 
direito penal, de função jurisdicional, conforme já se viu, é exercida, na maioria, 
das vezes, pelo Poder Judiciário. Da mesma forma, também a persecução aos 
infratores e apuração dos fatos que se suspeita constituírem crimes caberão, em 
regra, ao Estado (há referentes exceções).
Insta salientar que o jus puniendi, cujo titular é o Estado, mais do 
que um direito, é um dever estatal com resultado, na sua obrigação 
de manter a ordem e a paz social. Ou seja, quando afrontada pelo 
comportamento transgressor, faz-se necessária a punição.
 
Vislumbra Mougenot (2011, p. 130):
O Estado proíbe o exercício, por seus cidadãos, 
da	autotutela,	o	que	configura,	ainda,	que	o	crime	
previsto no art. 345 do CP (exercício arbitrário 
das próprias razões). Como contra- partida deve 
 Insta salientar 
que o jus puniendi, 
cujo titular é o 
Estado, mais do 
que um direito, é um 
dever estatal com 
resultado, na sua 
obrigação de manter 
a ordem e a 
paz social.
68
 Direito Processual Penal 
prover a punição aos que afrontam os bens e interesses 
relevantes à sociedade. Ao contrário da jurisdição que, no 
mais das vezes, somente se manifesta sob provocação 
(vide princípio da inércia, referente à jurisdição acima), a 
persecução penal, na grande maioria dos casos, deverá ser 
exercida de ofício, independentemente de provocação. Se a 
persecução aos infratores da lei penal constitui um serviço 
que o Estado deve prover à sociedade, o desempenho da 
atividade persecutória, em regra, será independente, inclusive, 
da manifestação do próprio ofendido
A superação dos pressupostos autoritários e a ruptura com o regime 
de exceção inspiraram a realização do esforço constituinte, em que o ponto 
culminante foi o legado de uma nova ordem estatal, instituída pela vigente 
Constituição da República de 1988.
Para uma nação submetida a espasmos ditatoriais, carente da concretização 
de vários interesses sociais e das mais basilares garantias individuais, o título 
das garantias fundamentais representou evidente avanço conquistado com a 
promulgação da Carta Magna de 1988. 
Criou-se	uma	definição	externa	e	minuciosa	das	prerrogativas,	competências	
e atribuições dos diversos órgãos e autoridades políticas responsáveis pelo 
funcionamento do aparato judiciário e das funções essenciais à Justiça. E é 
também do art. 129, inciso I da Constituição, que se extrai a exclusividade da 
iniciativa do parquet na promoção da ação penal pública.
A ordem jurídica já admitiu a instauração de ação penal mediante 
portaria de autoridade policial, de acordo com o disposto no art. 26 do 
CPP em vigor. Há, portanto, clara evidência de que não mais se admite 
o exercício de pretensão acusatória pelo órgão de polícia judiciária na 
nova ordem constitucional. Entretanto, é nosso objetivo destacar que, 
mesmo contrariando a norma, a autoridade policial muitas vezes ainda 
tenta exercer este papel, por meio do inquérito policial. Consideramos 
confuso	e	cientificamente	 impreciso,	além	de	 logicamente	 incorreto,	o	
uso indiscriminado da expressão “fase pré-processual” para designar 
todas as ações investigatórias realizadas sob um alegado “crivo 
jurisdicional” do órgão de polícia judiciária.
Polícia	
O vocábulo “polícia” advém do grego politeia, ou seja, “a arte de governar”. 
Seguindo nesta esteira histórica, para os romanos, o mesmo vocábulo tinha como 
significado	a	“manutenção	da	ordem	pública”	e,	posteriormente,	passou	a	designar	
 Há, portanto, 
clara evidência de 
que não mais se 
admiteo exercício 
de pretensão 
acusatória pelo 
órgão de polícia 
judiciária na 
nova ordem 
constitucional.
69
Inquéríto Policial Capítulo 3 
o órgão estatal ao qual cabia proteger a segurança dos cidadãos. Como estamos 
aqui tratando de inquérito policial, faz-se necessário compreender a terminologia.
Polícia é uma instituição de direito público que se reserva a 
assegurar a segurança, a paz, a incolumidade e a ordem pública. 
Conclui-se, portanto, que polícia é um órgão estatal incumbido de prevenir 
a ocorrência de infrações penais, de apurar a autoria e materialidade das já 
perpetradas, sem prejuízo de outras funções não atinentes à persecução penal.
É o artigo 144 da Constituição Federal que apresenta as 
atribuições e a competência de cada uma das instituições que tem a 
segurança pública como alvo de ação.
A polícia é geralmente dividida em: polícia administrativa, de 
caráter preventivo das infrações penais, e polícia judiciária, com o 
intuito de reprimir as infrações penais. A primeira visa prevenir a prática 
de delitos e contravenções; a segunda, que surge após o cometimento 
do	 ilícito	 penal,	 tem	 por	 fim	 investigá-lo,	 apurá-lo,	 para	 que	 sejam	
recolhidos	seus	elementos	de	materialidade	e	autoria,	a	fim	de	que	seja	
deduzida, pelo titular da ação penal cabível, a pretensão punitiva.
Pode ainda ser dividida a polícia em civil, federal e militar. 
Esta última tem caráter ostensivo, e o inquérito policial militar serve 
para apurar as infrações militares, porém não todas. Observa-se, 
portanto, que quando um não-militar é preso por policiais militares, 
este será levado à presença da Polícia Civil e o que se instaurará 
é um inquérito policial presidido por Delegado de carreira e não um 
inquérito policial militar. 
Inquérito	Policial
Conceito – Natureza Jurídica – Finalidade
É o procedimento administrativo pré-processual e de caráter 
A polícia é 
geralmente 
dividida em: polícia 
administrativa, de 
caráter preventivo 
das infrações 
penais, e polícia 
judiciária, com o 
intuito de reprimir as 
infrações penais.
É o procedimento 
administrativo 
pré-processual e de 
caráter facultativo, 
tem como fim apurar 
infrações penais 
e sua respectiva 
autoria,
70
 Direito Processual Penal 
facultativo,	 tem	 como	 fim	 apurar	 infrações	 penais	 e	 sua	 respectiva	 autoria,	
dispensável e presidido pelas autoridades policiais, delegado estadual e 
delegado federal, e de caráter inquisitivo. Isto posto, chama-se atenção para o 
seguinte	 fato:	não	há	ampla	defesa	e	nem	contraditório,	que	 tem	por	finalidade	
colher provas da infração e indícios de autoria, tornando viável (exequível) o 
exercício da ação penal. 
Estabelece-se que à soma da atividade investigatória realizada na ocasião do 
Inquérito Policial com a propositura da ação penal, promovida pelo Ministério Público 
ou pelo ofendido dá-se o nome de persecução penal (persecutio criminis). É por 
meio desta que se busca tornar efetivo o jus puniendi consequente ou decorrente 
da	prática	da	infração	penal,	a	fim	de	se	impor	ao	seu	autor	a	sanção	cabível.
Por ocasião das análises acima levantadas, constatou-se que falar 
de	Inquérito	Policial	significa,	antes	de	tudo,	estudar	a	persecução	penal	que	
abrange a fase administrativa e a processual.
A atividade persecutória não se cinge à fase processual apenas. 
Ela é integrada por dois momentos distintos: 
• uma investigação preliminar ,seguida de uma fase processual.
Portanto, no entender de Mougenot, (2011), essa fase pré-
processual realiza-se por meio do Inquérito Policial, conduzido pela 
Polícia Judiciária e presidido por uma autoridade policial, o delegado de 
polícia, função de carreira.
O Decreto nº 4824, de 22 de novembro de 1871, instituiu o 
Inquérito Policial separando a Polícia da Justiça, aduzindo no art. 42 
que “O inquérito policial consiste em todas as diligências necessárias 
para o descobrimento do fato criminoso de suas circunstâncias e dos 
seus autores e cúmplices”.
O inquérito policial encontra-se disciplinado nos arts. 4 a 23 
do Código de Processo Penal – CPP (Decreto-Lei nº 3.689, de 
03.10.1941).
O inquérito policial 
consiste em todas 
as diligências 
necessárias para o 
descobrimento do 
fato criminoso de 
suas circunstâncias 
e dos seus autores 
e cúmplices.
71
Inquéríto Policial Capítulo 3 
Segundo	 a	 definição	 do	 Professor	 Fernando	 Capez,	 (2011,	 p.	 44	 ),	 “o	
inquérito policial é o conjunto de diligências realizadas pela polícia judiciária para 
a	apuração	de	uma	infração	penal	e	de	sua	autoria,	a	fim	de	que	o	titular	da	ação	
penal possa ingressar em juízo”.
Portanto, no entender do Professor Julio Fabbrini Mirabete (2004), o 
inquérito não tem características de ser um “processo”, mas um “procedimento 
administrativo”, informativo, destinado a oferecer ao órgão de acusação o mínimo 
de elementos necessários à propositura da ação penal.
Trata-se de uma instrução provisória, preparatória e informativa, que não se 
confunde com a instrução criminal do processo, descrita nos arts. 394 a 405 do 
CPP.
Com base nas características reconhecidas atualmente pela Doutrina e pela 
Jurisprudência, informa Mougenot (2011, p. 136):
O inquérito policial é o procedimento administrativo, 
preparatório e inquisitivo, presidido pela autoridade policial, 
e constituído por um complexo de diligências realizadas pela 
polícia, no exercício da função judiciária com vistas à apuração 
de	uma	infração	penal	e	identificação	de	seus	autores.	
Assim, levando-se em consideração as condições particulares, pode-se dizer 
que o inquérito policial constitui uma fase investigatória, operando-se em âmbito 
administrativo. Uma vez que o inquérito precede o início da ação penal (fase 
judicial), a ele não se aplicam (ou pelo menos não são de observância estritamente 
obrigatória) diversos dos princípios basilares informadores do processo penal, 
como o princípio do contraditório, o princípio do juiz natural etc.
O inquérito policial, conforme o caso, pode ser instaurado de ofício, por 
portaria	da	autoridade	policial	e	pela	lavratura	de	flagrante,	mediante	
representação do ofendido, por requisição do juiz ou do Ministério 
Publico e por requerimento da vítima.
Se o inquérito policial é procedimento administrativo, os atos 
nele praticados são administrativos. Tais atos são dotados de 
discricionariedade. 
O inquérito policial não tem contraditório e nem ampla defesa. 
O advogado pode peticionar na fase do inquérito e o delegado pode 
autorizar ou não o pedido de determinada diligência, diante do seu 
poder discricionário.
Vale mencionar, ainda, que a Carta Magna de 1988, no seu art.129, 
O inquérito 
policial, conforme 
o caso, pode ser 
instaurado de ofício, 
por portaria da 
autoridade policial 
e pela lavratura de 
flagrante, mediante 
representação 
do ofendido, por 
requisição do juiz ou 
do Ministério Publico 
e por requerimento 
da vítima.
72
 Direito Processual Penal 
VІ,	destaca	como	função	institucional	do	Ministério	Público	o	exercício	do	controle	
externo da atividade policial, na forma das respectivas leis complementares. E 
observa-se o poder investigatório do Ministério Público. 
Cabe ao órgão ministerial apenas a função de receber as provas provenientes 
da	fase	administrativa	ou	poderá	realizar	as	investigações	de	forma	direta?
Conforme nossos pretórios, a resposta a tal indagação é que o comando da 
fase administrativa cabe à autoridade policial, porém isso não impede (obsta) a 
investigação direta pelo órgão ministerial. 
Por seu turno, o STJ decidiu que é permitido ao Ministério Público conduzir a 
investigação, pois isso é um consectário lógico de sua própria função, a de titular 
da ação penal. 
No entanto, a Segunda Turma do STF considerou, por unanimidade, em 
julgamento datado de 06/05/2003, que: 
 
O Ministério Público não tem poderes para realizar diretamente 
investigações, mas sim requisitá-lasà autoridade policial 
competente, não lhe cabendo, portanto, inquirir diretamente 
pessoas suspeitas da autoridade de crime, dado que a 
condução do inquérito policial e a realização das diligências 
investigatórias são função de atribuição exclusiva da polícia 
judiciária “ ( cf. Informativo STF nº 307, 5 a 9-5-2003 – RHC 
81.326- DF ). Já se entendeu também que não podem coexistir 
dois procedimento, um policial e o outro aberto pelo MP ( STJ, 
HC 32.586- MG, j. 16-3-2004 ) (ISHIDA, 2010, p.47). 
Todavia, em decisão recente, outra foi a decisão do Supremo numa sessão 
realizada em 02-02-2009: 
Função de polícia judiciária e função de investigação penal: 
uma	 distinção	 conceitual	 relevante,	 que	 também	 justifica	 o	
reconhecimento, ao Ministério Público, do poder investigatório 
em matéria penal. Doutrina. É PLENA A LEGITIMIDADE 
CONSTITUCIONAL DO PODER DE INVESTIGAR 
DO MINISTÉRIO PÚBLICO, POIS OS ORGANISMOS 
POLICIAIS (EMBORA DETENTORES DA FUNÇÃO DE 
POLÍCIA JUDICIÁRIA) NÃO TÊM, NO SISTEMA JURÍDICO 
BRASILEIRO, O MONOPÓLIO DA COMPETÊNCIA PENAL 
INVESTIGATÓRIA. – O poder de investigar compõe, em sede 
penal, o complexo de funções institucionais do Ministério 
Público, que dispõe, na condição de “dominus litis” e, também, 
como expressão de sua competência para exercer o controle 
externo da atividade policial, da atribuição de fazer instaurar, 
ainda que em caráter subsidiário, mas por autoridade própria 
e sob sua direção, procedimentos de investigação penal 
73
Inquéríto Policial Capítulo 3 
destinados a viabilizar a obtenção de dados informativos, 
de subsídios probatórios e de elementos de convicção que 
lhe permitam formar a “opinio delicti”, em ordem a propiciar 
eventual ajuizamento da ação penal de iniciativa pública. 
Doutrina. Precedentes: RE 535.478/SC, Rel. Min. ELLEN 
GRACIE – HC 91.661/PE, Rel. Min. ELLEN GRACIE – HC 
85.419/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 89.837/DF, Rel. 
Min. CELSO DE MELLO- HC 89.837-DF, Rel, Min. CELSO DE 
MELLO. (Segunda Turma, STF, Relator, Ministra Ellen Gracie. 
2009) (ISHIDA, 2010, p.49).
Atividade de Estudos: 
1) Considerando a experiência adquirida até o presente momento, 
aproveite para testar seus conhecimentos, aprimorar o uso da 
linguagem jurídica e do raciocínio lógico, explicando e analisando 
as	afirmações	abaixo.
• O Ministério Público pode acompanhar as investigações 
policiais, tendo o poder para promover as mesmas e depois 
de	finalizadas	as	diligências.	Pode	mesmo	oferecer	denúncia,	
não cabendo alegação de suspeição ou impedimento, já que a 
atuação anterior não lhe suprime a necessária imparcialidade 
na atuação como Estado-Administração.
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74
 Direito Processual Penal 
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2) Existem duas correntes que apresentam argumentos contra e a 
favor da Investigação do MP. Portanto, aproveite o momento para 
conhecer e pesquisar estas particularidades relevantes e úteis 
do conteúdo estudado.
 Para realizar as questões abaixo, o Leo dá a dica!
• art.144,§ 1º, IV da Constituição Federal de 1988.
• art.144,§ 1º,II da Constituição Federal de 1988.
 
 Agora é a sua vez... Bom Trabalho
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3) Assim como a Jurisprudência está dividida, a Doutrina, por 
sua vez, também apresenta argumentos contra e a favor da 
investigação feita pelo MP. Transcreva os argumentos utilizados 
pela corrente contrária à possibilidade do MP realizar a 
investigação. 
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Inquéríto Policial Capítulo 3 
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4) No entanto, há uma corrente favorável às investigações criminais 
do MP. Apresente estes argumentos examinando a doutrina, a 
legislação e a jurisprudência.
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O Inquérito Policial é função da Polícia judiciária. 
Esta, por sua vez, possui outras funções, como a de trazer 
informações necessárias à instrução e ao julgamento dos processos.
A	Autoridade	Policial,	ao	final,	 faz	o relatório, que é o resumo 
das diligências já realizadas, sem alusão a qualquer opinião pessoal 
da autoridade policial.
76
 Direito Processual Penal 
Inquéritos	Extrapoliciais
Nem todo o inquérito é “policial”, havendo outros que não 
se regem por esta denominação, porque não são presididos por 
autoridades policiais,além do que se norteiam pelos princípios do 
contraditório e da ampla defesa. São eles – Inquérito Administrativo: 
este inquérito visa apurar a responsabilidade de funcionário público e 
do Inquérito Policial Militar comandado pela autoridade policial militar, 
como ocorre na Polícia Militar. Outro exemplo era o antigo inquérito 
judicial, dos crimes falimentares. (arts. 103 a 108 revogados pelo 
Decreto – lei nº 7.661/45). A atual Lei de Falências (lei nº 11.101/05) 
acabou por revogar o inquérito judicial. Comissões Parlamentares 
de Inquérito – criadas pela Lei n°1579 de 1952, que tratam de investigações 
de maior vulto e têm como objetivo determinar e realizar diligências que forem 
necessárias para melhor abordar a matéria no contexto do legislativo como, 
por exemplo, na CPI do abuso sexual contra menores. E por último temos o 
inquérito civil, criado pela Lei nº 7.347/85, cuja intuito não é criminal, mas 
eventualmente pode embasar uma denúncia. Presidido pelo Ministério Público, 
destina-se à propositura da ação civil pública de responsabilidade por danos 
causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens de direitos de valor artístico, 
estético, histórico, turístico e paisagístico.
 
Deveres	da	Autoridade	Policial
Por ocasião da análise do art. 13 do CPP, observa-se que este impõe às 
autoridades policiais deveres que, quando não obedecidos, poderão ensejar sua 
responsabilidade penal e administrativa. Trata-se, pois, de deveres e não de meras 
faculdades de que a autoridade policial possa se privar de realizar. São eles: 
a) levar às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e 
julgamento dos processos;
b) efetuar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;
c) cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias;
d) representar acerca da prisão preventiva. 
Polícia	Judiciária
É uma instituição de direito público com função de auxiliar a 
justiça.	Sua	 finalidade	é	 a	 apurar	 a	 ocorrência	 de	 infrações	penais	 e	
Nem todo o 
inquérito é “policial”, 
havendo outros que 
não se regem por 
esta denominação, 
porque não são 
presididos por 
autoridades 
policiais,
Polícia Judiciária
É uma instituição de 
direito público com 
função de auxiliar 
a justiça.
77
Inquéríto Policial Capítulo 3 
suas respectivas autorias, visando fornecer elementos para a propositura da ação 
penal por seu titular. 
Na esfera estadual, a polícia judiciária é atribuída às polícias 
civis. Conforme expressa a Carta Magna de 1988, em seu art. 144, 
§ 4º, “às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, 
incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia 
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares”. 
No âmbito federal as funções de polícia judiciária são exercidas, 
com exclusividade, pela Polícia Federal, conforme expressa disposição 
do inciso IV do § 1º do art. 144 da CF/88.
Ressalta-se que a polícia judiciária é uma atividade que será exercida pelas 
autoridades policiais, e não uma instituição. As instituições policiais possuem dois 
tipos de atividades distintas: 
Policiamento preventivo ou ostensivo: é a polícia de 
segurança pública, que é exercida pela polícia militar, rodoviária, 
ferroviária,	florestal.
Policiamento repressivo, polícia pós-crime, polícia de 
investigação: essa é a polícia judiciária, que é exercida pela polícia 
civil e pela polícia federal.
Nogueira	(2002,	p.141)	classifica	as	funções	da	polícia	assim:
Preventiva: tem por escopo evitar a ocorrência de crimes e 
contravenções. Ex: patrulhamento feito por policiais militares 
em determinado lugar considerado ponto de venda de drogas. 
Judiciária: consiste na apuração das infrações penais por 
meio do inquérito policial. Administrativa: como o próprio 
nome indica, tal função consubstancia-se na prática de atos 
administrativos que não se relacionam à persecutio criminis. 
Ex: expedição de passaporte pela polícia federal
Com base no art.144,§ 4º da Constituição Federal de 1988, que estabelece 
incumbir às policias civis as funções judiciárias e de apuração de infrações penais, 
sustenta	Feitoza	(2006,	p.	161)	“que	a	Lei	maior	empregou	o	significado	de	policia	
judiciária tão somente para designar a atividade de auxílio ao poder judiciário 
em cumprimento de determinações, ao passo que a função de apurar infrações 
penais seria da denominada polícia investigativa.”
Ressalta-se que 
a polícia judiciária 
é uma atividade 
que será exercida 
pelas autoridades 
policiais, e não 
uma instituição.
78
 Direito Processual Penal 
Portanto, o inquérito policial é presidido por um Delegado de polícia 
de carreira. A competência administrativa desta autoridade, como regra 
geral, é determinada em razão do local de consumação da infração 
(ratione loci). Nada impede, entretanto, que se proceda a distribuição 
da competência em função da natureza da infração penal (ratione 
materiae), como ocorre em alguns estados, onde existem delegacias 
especializadas na investigação de determinados crimes.
O território dentro do qual as autoridades policiais têm competência para 
desempenhar suas atribuições é denominado circunscrição. Não se deve utilizar 
a expressão jurisdição, uma vez que as atribuições das autoridades policiais são 
exclusivamente administrativas.
Conforme o art. 22 do CPP, nas comarcas em que houver mais de uma 
circunscrição policial, e no Distrito Federal, a autoridade com exercício em uma 
delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em 
circunscrição de outra, independentemente de precatórias ou requisições.
Sobre	 a	 lavratura	 do	 auto	 de	 prisão	 em	 flagrante,	 esta	 deve	 ser	 realizada	
pela autoridade policial do lugar em que se efetivou a prisão, devendo os atos 
subsequentes serem praticados pela autoridade do local em que a infração penal 
se consumou.
Ressalta-se que, em razão da autoridade policial não possuir competência 
para processar, nem sentenciar, não está sujeito, o inquérito, à regra do art. 5º, 
LIII, segundo a qual “ninguém será processado nem sentenciado senão pela 
autoridade competente”.
O transcrito inciso LIII do art. 5º da CF/88 desdobra-se em dois princípios, o 
princípio do promotor natural (ninguém será processado senão pelo promotor 
de justiça previamente indicado pelas regras legais objetivas) e o princípio do 
juiz natural (todos têm o direito de serem julgados pelo magistrado 
previamente investido segundo critérios legais objetivos).
Natureza	Jurídica	e	
Características		 
Sabe-se que o inquérito policial, por ser procedimento administrativo, 
não é processo, não se constituindo em relação trilateral, pois o 
investigado não é parte do procedimento.
Portanto, o inquérito 
policial é presidido 
por um Delegado 
de polícia 
de carreira.
Sabe-se que 
o inquérito 
policial, por ser 
procedimento 
administrativo, não 
é processo, não 
se constituindo em 
relação trilateral, 
pois o investigado 
não é parte do 
procedimento.
79
Inquéríto Policial Capítulo 3 
Porém, os direitos fundamentais do investigado devem ser resguardados. A 
isso chamamos unilateralidade das investigações preparatórias a da ação penal, 
o que não autoriza a polícia judiciária a desrespeitar as garantias que assistem 
ao indiciado. Nesse sentido, seu curso não pode ser obstruído ou paralisado nem 
mesmo por habeas corpus, salvo hipóteses excepcionais, em que se evidencie 
uma atipicidade do fato.
O Inquérito policial é um procedimento meramente informativo, destinado à 
investigação	de	um	fato	possivelmente	criminoso	e	por	sua	vez	a	identificação	do	
seu	autor.	Seu	o	objeto	é	a	obtenção	de	elementos	suficientes	para	a	propositura	da	
ação penal. Nesse passo, enumeram-se abaixo algumas de suas características.
a) Procedimento Escrito
Todas as conclusões e informações a que chegou o inquérito policial devem 
ser deduzidas por escrito, e remetidas ao judiciário (no caso de açãopenal pública) 
ou ao ofendido ou seu representante legal (no caso de ação penal privada).
O art. 9º do CPP expressamente estatui que “todas as peças 
do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a 
escrito ou datilografadas (atualmente digitalizadas ) e,neste 
caso, rubricadas pela autoridade”.
É coeso que não seria compatível com a segurança jurídica, tampouco 
atenderia	à	finalidade	do	 inquérito	policial,	qual	seja	 fornecer	ao	 titular	da	ação	
penal os subsídios necessários à sua propositura, a realização de investigações 
puramente verbais sobre a prática de infração penal e sua autoria sem que, ao 
final,	resultasse	qualquer	documento	formal	escrito.		
b) Procedimento Sigiloso 
O inquérito policial é sigiloso, para impedir que empecilhos ou obstáculos se 
ponham em seu regular caminho, pois, do contrário, muitas vezes as investigações 
ficariam	 inutilizadas.	 	 “Art.	 20.	 A	 autoridade	 assegurará	 no	 inquérito	 o	 sigilo	
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade”. Deve 
assegurar o direito à inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da 
imagem do investigado, nos termos do art. 5º, X, da CF/88. Não se deve esquecer 
que milita em favor de qualquer pessoa a presunção de inocência enquanto 
não sobrevindo o trânsito em julgado de sentença penal condenatória (CF, art. 
5º, LVII). O sigilo do inquérito policial não pode ser oposto ao representante do 
Ministério Público, nem à autoridade judiciária. O advogado pode consultar os 
80
 Direito Processual Penal 
autos do inquérito. Entretanto, a realização de atos procedimentais não poderá 
ser acompanhada pelo advogado se, por sentença judicial, for decretado sigilo em 
determinada investigação.
c) Oficiosidade
Seus procedimentos devem ser dirimidos de ofício, sem necessidade de 
provocação da parte ofendida ou de outros interessados, até sua conclusão. A 
oficiosidade	é	consequência	do	princípio	da	obrigatoriedade	da	ação	penal	pública	
(legalidade). Conforme lição de Mougent (2011, p.137):
A obrigatoriedade decorre da redação do art. 5º do CPP, que 
determina o seguinte: “Nos crimes de ação pública o inquérito 
policial será iniciado,, não deixando margem, portanto, para a 
discricionariedade da autoridade policial. 
No que concerne à instauração, todavia, somente haverá 
oficiosidade	 relativamente	 aos	 inquéritos	 instaurados	 para	 apuração	
de crimes sujeitos à ação pública incondicionada. Uma vez oferecida 
a notitia criminis – a partir do conhecimento da autoridade policial, por 
qualquer meio, da infração penal, objeto esta de ação penal pública 
incondicionada, estará a autoridade obrigada a instaurar, de ofício, o 
inquérito para a devida investigação.
A instauração do inquérito, destarte, não pode ser efetivada de 
ofício nos crimes de ação penal pública condicionada à representação 
do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça e nos de ação penal 
privada. Uma vez instaurado o inquérito, entretanto, os atos nele 
praticados o serão por iniciativa da autoridade competente, de ofício.
d) Indisponibilidade
Do princípio da obrigatoriedade decorre a indisponibilidade do inquérito 
policial,	 consequência	 de	 sua	 finalidade	 de	 interesse	 público.	 Sobre	 esta	
característica, descreve Mougenot (2011,p. 137):
Uma vez instaurado, o inquérito policial não pode ser 
arquivado por iniciativa da autoridade policial. O artigo 17 
do CPP consagra a indisponibilidade do inquérito policial. 
Uma vez instaurado, deve o inquérito ser conduzido até seu 
encerramento, onde será concluído com a apresentação de 
um	minucioso	relatório	final.		
 No que concerne 
à instauração, 
todavia, somente 
haverá oficiosidade 
relativamente 
aos inquéritos 
instaurados para 
apuração de 
crimes sujeitos 
à ação pública 
incondicionada.
81
Inquéríto Policial Capítulo 3 
A	indisponibilidade	representa	um	desdobramento	da	oficiosidade,	
ou seja, uma vez iniciado, o inquérito deve chegar à sua conclusão 
final,	não	sendo	lícito	à	autoridade	policial	determinar	seu	arquivamento	
(art. 17 do CPP). 
Nesse sentido, informa-se que mesmo quando o membro do 
Ministério Público requer o arquivamento de um inquérito policial, a 
decisão	é	submetida	ao	juiz,	como	fiscal	do	princípio	da	indisponibilidade,	
que, discordando das razões invocadas, deve remeter os autos ao chefe 
da Instituição (Ministério Público).
É o que estabelece o art. 28 do CPP:
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao 
invés de apresentar a denúncia, requerer o 
arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer 
peças de informação, o juiz, no caso de considerar 
improcedentes as razões invocadas, fará remessa 
do inquérito ou peças de informação ao procurador-
geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro 
órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou 
insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só 
então estará o juiz obrigado a atender.
e) Procedimento Inquisitivo
Como consequência de sua natureza inquisitiva, não se pode 
opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito (art. 
107 do CPP). Pelo mesmo motivo, a autoridade policial pode, a seu 
critério, indeferir os pedidos de diligências feitos pelo ofendido ou pelo 
indiciado (art. 14 do CPP).
Assim, não existe o contraditório (que só existe a partir da ação 
penal ou atualmente em cede de juizados criminais, na audiência 
preliminar). Vale lembrar que a intervenção do Ministério Público, em 
sede de inquérito policial, é a título de custos legis.
Na ação penal pública incondicionada, a Autoridade Policial tem o dever de 
instaurar o inquérito. O indiciado não é um sujeito de direito, consistindo num 
mero objeto de investigação. Porém, existe uma exceção: inquérito administrativo 
que vise à expulsão de estrangeiro (art. 102 da lei nº 6815/80).
A indisponibilidade 
representa um 
desdobramento 
da oficiosidade, 
ou seja, uma vez 
iniciado, o inquérito 
deve chegar à sua 
conclusão final, 
não sendo lícito à 
autoridade policial 
determinar seu 
arquivamento (art. 
17 do CPP).
Como consequência 
de sua natureza 
inquisitiva, não se 
pode opor suspeição 
às autoridades 
policiais nos atos do 
inquérito (art. 107 
do CPP).
82
 Direito Processual Penal 
Destinatários
O inquérito policial exibe como destinatários o imediato e o mediato. 
Apresenta como destinatário imediato o titular da ação a que preceda, são eles:
A - nas ações penais públicas: o Ministério Público, seu titular 
exclusivo;
B - nas ações privadas: o ofendido, titular de tais ações.
 
E, por sua vez, pode-se dizer que como destinatário mediato do 
inquérito policial ter-se-á o juiz, uma vez que será a partir do inquérito 
que ele terá subsídios para receber a peça inicial e decidir quanto à 
necessidade de decretar medidas cautelares.
Vale lembrar, igualmente, que o destinatário do inquérito policial é o Ministério 
Público,	porém	este	será	remetido	ao	juízo,	para	que	possa	ser	identificado	qual	
membro do Ministério Público atuará naquele inquérito. O Ministério Público 
é o destinatário do inquérito e não o juiz (o Poder Judiciário é inerte). Então, o 
inquérito será remetido ao Ministério Público para que, em cinco dias:
• apresente/ ofereça denúncia;
• devolva à delegacia de polícia;
• requeira arquivamento.
Apesar de o Código de Processo Penal, art. 10, determinar que o inquérito 
seja	remetido	ao	juiz,	 isso	não	significa	dizer	que	o	juiz	é	o	destinatário	final	do	
inquérito. Ele é ferramenta a ser utilizada pelo MP.
Valor	Probatório
A	doutrina	é	pacífica	diante	de	reiterada	jurisprudência	de	nossos	
tribunais. O inquérito policial é mera peça informativa destinada a 
fundar eventual denúncia e, uma vez que não é elaborado sob a égide 
do contraditório, seu valor probatório é bastante restrito.
Sob pena de se contrariar o princípio constitucional do contraditório, 
não se admite que a sentença condenatória apoie-se única e 
exclusivamente nos elementos apresentados pelo inquérito policial.Na ação 
penal pública 
incondicionada, a 
Autoridade Policial 
tem o dever de 
instaurar 
o inquérito.
O inquérito 
policial é mera 
peça informativa 
destinada a fundar 
eventual denúncia 
e, uma vez que 
não é elaborado 
sob a égide do 
contraditório, seu 
valor probatório é 
bastante restrito.
83
Inquéríto Policial Capítulo 3 
Dispensabilidade	do	Inquérito	
Policial
 
Já se disse que o inquérito policial é peça meramente informativa, podendo 
ser dispensado para o oferecimento da denúncia na ação penal pública ou da 
queixa crime na ação penal privada. Salienta-se que a ação penal privada está 
em vias de extinção, estando ainda incerto o destino dos crimes correlatos. 
Na redação do art. 12 do CPP é possível observar que declara a apresentação 
da denúncia ou da queixa, mesmo que estas não tenham por base um inquérito 
policial. Segundo o STF, “não é essencial ao oferecimento da denúncia a 
instrução de inquérito policial, desde que a peça acusatória esteja sustentada por 
documentos	suficientes	da	autoria”	(RTJ	76/741).
Outro dispositivo que permite concluirmos pela não obrigatoriedade do 
inquérito para a apresentação da denúncia é o art. 27 do CPP, transcrito: “Art. 
27.	Qualquer	pessoa	do	povo	poderá	provocar	a	iniciativa	do	Ministério	Público,	
nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações 
sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.”
Neste viés, insta observar a redação do art. 39 do CPP que, tratando da 
representação nas ações penais públicas condicionadas, traz, em seu § 5º, 
expresso o seguinte: “§ 5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, 
se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover 
a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de 15 (quinze) dias.”
Incomunicabilidade	do	Indiciado
Verifica-se	que	a	redação	do	art.	21	do	CPP	traz	uma	regra	que	grande	parte	
da doutrina considera não recepcionada pela Carta Magna de 1988. 
Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho 
nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a 
conveniência da investigação o exigir. 
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de 3 (três) dias, 
será decretada por despacho fundamentado do juiz, a requerimento da autoridade 
policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o 
disposto no art. 89, III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei no 
4.215, de 27 de abril de 1963) (Redação dada pela Lei nº 5.010, de 30.5.1966).
84
 Direito Processual Penal 
Portanto, no entender de Tourinho Filho (2011, p. 262):
Se durante o estado de defesa, quando o governo deve 
tomar medidas enérgicas para preservar a ordem pública ou 
a paz social, ameaçadas por grave e iminente instabilidade 
institucional ou atingidas por calamidades de grandes 
proporções na natureza, podendo determinar medidas 
coercitivas, destacando-se restrições aos direitos de reunião, 
ainda que exercida no seio das associações, o sigilo da 
correspondência	 e	 da	 comunicação	 telegráfica	 e	 telefônica,	
havendo até prisão sem determinação judicial, tal como 
disciplinado no artigo 136 da CF, não se pode decretar a 
incomunicabilidade do preso (CF,	 art.	 136,	 §	 3º,	 І ), com 
muito mais razão não há que se falar em incomunicabilidade 
na fase do inquérito policial. 
Existe discussão acerca da revogação do art. 21 do CPP, em razão 
do	disposto	no	art,	136,	§	3º,	ІV,	da	CF:	“é	vedada	a	incomunicabilidade	
do preso”. 
O mais forte argumento no sentido da não recepção deste 
dispositivo tem por base o texto constitucional, segundo o qual, na 
vigência do estado de defesa, é vedada a incomunicabilidade do preso. 
Parece evidente que se a Constituição proíbe a incomunicabilidade 
até mesmo na vigência de um “estado de exceção”, não seria nada 
razoável admiti-la em condições normais como consequência de um 
simples inquérito policial.
 
Do	 lecionado,	 infere-se	 que	 a	 incomunicabilidade	 afigura-
se incompatível com as garantias insculpidas no art. 5º da CF/88, 
principalmente com as constituídas em seus incisos LXII (a prisão 
de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados 
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por 
ele indicada) e LXIII (o preso será informado de seus direitos, entre os 
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da 
família e de advogado).
Instauração	do	Inquérito
Os atos que constituem o inquérito policial agrupam-se em uma sequência 
ordenada. Dispõe-se como causa usual da instauração do inquérito a notitia 
criminis.	 O	 CPP,	 portanto,	 prevê	 formas	 específicas	 de	 comunicação	 para	 o	
início do inquérito policial, conforme a iniciativa da ação penal exigida para a 
infração correspondente, seja pública incondicionada, pública condicionada à 
representação da vítima ou à requisição do Ministério da Justiça, ou privada.
Existe discussão 
acerca da 
revogação do art. 
21 do CPP, em 
razão do disposto 
no art, 136, § 3º, ІV, 
da CF: “é vedada a 
incomunicabilidade 
do preso”.
Infere-se que a 
incomunicabilidade 
afigura-se 
incompatível 
com as garantias 
insculpidas no art. 
5º da CF/88,
85
Inquéríto Policial Capítulo 3 
Sobre a instauração do inquérito policial, esclarece Mougenot (2011, p. 144):
Não obstante decorram de um poder discricionário da 
autoridade que o preside, os atos que constituem o inquérito 
policial devem agrupar-se em uma sequência ordenada. Desse 
fato decorre a sua natureza procedimental. O inquérito policial 
terá,	 portanto,	 início,	 meio	 e	 fim,	 desenvolvendo-se	 em	 um	
razoável lapso temporal. O inquérito policial inicia-se por meio 
da notittia criminis, expressão que designa, genericamente, 
o conhecimento pela autoridade policial da ocorrência de um 
fato possivelmente criminoso. 
O inquérito policial poderá ser iniciado:
1) de ofício;
2) mediante requisição;
3) mediante requerimento do ofendido ou seu representante;
4) a partir de delação, feita por qualquer do povo;
5)	por	auto	de	prisão	em	flagrante	delito.
Como vimos acima, o inquérito policial pode ser instaurado de diferentes 
formas. Usamos o termo de ofício no caso de crimes de ação penal pública 
incondicionada, normalmente através de portaria. Já nos crimes de ação penal 
pública condicionada, exige-se a representação do ofendido normalmente no 
prazo de seis meses ou a requisição do Ministro da Justiça, aqui sem prazo. 
Ação	Penal	Pública	Incondicionada
Nos casos em que a ação penal seja de iniciativa pública incondicionada, 
pode o inquérito policial ser instaurado de cinco formas diferentes, como podemos 
notar no texto abaixo, conforme ilustra Mougenot (2011): 
• De ofício (ex ofício ). O art. 5º, I, do CPP estabelece como regra geral 
que a instauração do inquérito seja feita de ofício nas ações públicas 
incondicionadas. A autoridade, tomando conhecimento da ocorrência do 
crime, deve instaurar o procedimento destinado. 
A Autoridade Policial, tomando ciência do delito, deverá instaurá-
lo de ofício, mediante uma peça singela e sem muita solenidade 
chamada portaria.
86
 Direito Processual Penal 
• Por meio de requisição: outra possibilidade é a instauração do inquérito 
mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, conforme 
previsto na parte inicial do art. 5º, II, do CPP. O atendimento à requisição é 
obrigatório.	Quem	requisita	ou	determina	algo,	ordena	que	algo	seja	feito	ou	
realizado. Estabelece-se, nesse caso, que o Delegado, sendo requisitado pelo 
Ministério Público ou pelo Juiz, deverá instaurar inquérito policial, sob pena de 
responder	por	prevaricação,	delito	tipificado	no	art.	319	do	CP	ou	sobre	outro	
norte, para alguns doutrinadores admitem que na hipótese, haverá crime de 
desobediência – art. 330 do CP.
• Por meio de requerimento do ofendido ou seurepresentante: 
requerimento é um pedido encaminhado pela vítima ou por seu 
representante para que a autoridade policial instaure o inquérito. Ou 
como	 prevê	 a	 parte	 final	 do	 art.	 5º,	 II,	 do	 CPP.	 O	 requerimento	 da	
vítima, diferentemente da requisição tratada no parágrafo precedente, 
pode ser indeferido pela autoridade policial, por exemplo, na hipótese 
de	esta	entender	que	o	fato	narrado	não	configura	crime,	pelo	menos	
em tese (fato atípico).
Os Métodos de Interpretação, presentes no texto a seguir, foram extraídos de 
Mougenot (2011) em seu Curso de Processo Penal.
Requerer é pedir, pleitear algo, e não exigir ou determinar, 
como no caso da requisição. O requerimento deverá conter, sempre 
que possível – “a narração do fato, com todas as circunstâncias; a 
individualização do indiciado ou de seus sinais característicos e as 
razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, 
ou os motivos de impossibilidade de o fazer; e a nomeação das 
testemunhas,	com	indicação	de	sua	profissão	e	residência”	–	art.	5º,	
§ 1º, do Código de Processo Penal.
O requerimento conterá sempre que possível (Art. 5º, § 1º, do Código de 
Processo Penal):
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de 
Requerimento 
é um pedido 
encaminhado pela 
vítima ou por seu 
representante para 
que a autoridade 
policial instaure 
o inquérito.
87
Inquéríto Policial Capítulo 3 
convicção ou de se presumir ser ele o autor da infração, ou os motivos de 
impossibilidade de o fazer;
c)	a	nomeação	das	testemunhas,	com	indicação	de	sua	profissão	e	residência.
Tratando-se de Requerimento, o delegado pode deixar de atendê-lo nos 
seguintes casos:
• quando já estiver extinta a punibilidade;
• se o requerimento não mencionar o mínimo indispensável para a abertura do 
inquérito;
• se a autoridade policial a quem foi dirigido o documento não for a competente 
para o caso;
• se o fato for atípico;
• se o requerente for incapaz.
Isto posto, vale dizer que, contra eventual indeferimento do requerimento de 
instauração, cabe recurso administrativo para o Secretário de Segurança Pública.
 
Por força da delatio criminis (denúncia de um fato criminoso): além 
do ofendido, qualquer pessoa do povo, ao tomar conhecimento da prática de 
alguma infração penal sujeita a ação pública incondicionada, poderá comunicá-
la, verbalmente ou por escrito, à autoridade policial, que mandará instaurar o 
inquérito, caso sejam procedentes as informações (art. 5º, § 3º do Código de 
Processo Penal).
Por auto de prisão em flagrante delito: por último, pode o inquérito ser 
instaurado	pela	prisão	em	flagrante	delito,	hipótese	em	que	o	auto	de	prisão	será	
a primeira peça do procedimento. A instauração do procedimento de inquérito 
é formalizada pela edição de uma portaria pela autoridade policial, na qual 
esta informa haver tomado ciência da prática do crime de ação penal pública 
incondicionada. Não será baixada portaria quando existir requerimento, requisição 
ou	auto	de	prisão	em	flagrante,	pois	estes	documentos	constituem,	eles	próprios,	
a peça inicial do inquérito.
Vale ressaltar que, nas hipóteses de crimes de ação privada e nos delitos de 
ação	pública	condicionada,	a	lavratura	do	auto	de	prisão	em	flagrante	dependerá	
necessariamente da manifestação do ofendido ou de seu representante legal.
88
 Direito Processual Penal 
O inquérito não deverá ser instaurado nas hipóteses de:
a) fato atípico;
b) extinção de punibilidade;
c) ser a autoridade incompetente para a instauração;
d) não serem fornecidos elementos mínimos indispensáveis para as 
investigações; e
e) a pessoa a ser indiciada já haver sido absolvida ou condenada por aquele fato 
criminoso.
Ação	Penal	Pública	Condicionada
O art. 5º, § 4º, do CPP, expressamente determina: 
“§ 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de 
representação, não poderá sem ela ser iniciado.”
Para os casos de delitos de ação penal pública condicionada, o início do 
inquérito policial dependerá da manifestação de vontade do ofendido ou de 
quem o represente (por meio de representação), ou do Ministro da Justiça 
(mediante requisição).
O	Professor	Mirabete	define	a	representação	como	um	pedido-autorização,	
em que o interessado manifesta o desejo de que seja proposta a ação penal 
pública e, portanto, como medida preliminar, seja instaurado o 
inquérito policial.
Podem oferecer representação:
1) o ofendido;
2) o representante legal do ofendido;
3) o procurador com poderes especiais.
A representação pode ser apresentada à autoridade policial, 
à autoridade judiciária ou ao representante do Ministério Publico. A 
representação torna-se irretratável após o oferecimento da denúncia.
 
Segundo o art. 39 do CPP, que versa sobre representação: 
A representação 
pode ser 
apresentada à 
autoridade policial, 
à autoridade 
judiciária ou ao 
representante do 
Ministério Publico. 
A representação 
torna-se 
irretratável após o 
oferecimento da 
denúncia.
89
Inquéríto Policial Capítulo 3 
“Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou 
por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escritas ou orais, 
feitas ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.”
 
§ 1º A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente 
autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será 
reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do 
Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.
§ 2º A representação conterá todas as informações que possam servir à 
apuração do fato e da autoria.
§ 3º Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial 
procederá a inquérito, ou, não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade 
que o for. 
§ 4º A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, 
será remetida à autoridade policial para que esta proceda a inquérito. 
§ “5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a 
representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação 
penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de 15 (quinze) dias.
Ação	Penal	Privada
Nos delitos cuja apuração se dá mediante ação penal privada, a instauração 
do inquérito estará sujeita a requerimento de quem seja seu titular. Esta 
manifestação de vontade pode ser escrita ou oral (caso em que será reduzida a 
termo), não se sujeitando a formalidades. 
Por seu turno, tratando-se de crime cuja ação penal seja de iniciativa privada, 
o art. 5º, § 5º, do CPP determina que a autoridade policial somente 
possa proceder ao inquérito a requerimento de quem tenha qualidade 
para intentar a ação. O requerimento deve ser apresentado antes do 
término do prazo decadencial.
O CPP, em seus arts. 30 e 31, estabelece caber a iniciativa da 
ação privada ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-
lo e, no caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por 
decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação 
passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Nem mesmo 
Nos delitos cuja 
apuração se dá 
mediante ação 
penal privada, 
a instauração 
do inquérito 
estará sujeita a 
requerimento de 
quem seja 
seu titular.
90
 Direito Processual Penal 
a autoridade judiciária ou o Ministério Público podem, por iniciativa própria, 
requisitar a instauração da investigação nos crimes de ação penal privada. 
Concluído o inquérito policial, seus autos serão remetidos ao juízo competente, 
onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão 
entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado (CPP, art. 19).
Atividade de Estudos: 
1) Assinale as alternativas com V ou F, colocando ao lado das 
afirmações o artigo correspondente:
( ) O escrivão poderá requerer ao Juiz aprisão preventiva do 
indiciado,	 quando	 verificar	 que	 ele	 está	 se	 evadindo	 do	 distrito	
da	 culpa	 e	 assim	 dificultar	 a	 instauração	 do	 inquérito	 policial.	
__________________________
( ) A autoridade policial somente poderá mandar arquivar o I. P. 
quando este for requerido contra loucos e alienados mentais. 
__________________________
( ) É nula a Ação Penal quando não for dado curador ao menor. 
__________________________
( ) O delegado só pode expedir mandado de busca e apreensão 
contra	o	infrator	se	ele	for	preso	em	flagrante.	_______________
_________________________
( ) Do despacho que indefere requerimento de abertura de Inquérito 
Policial, cabe recurso também ao Poder Judiciário. 
 __________________________
(		)	A	 autoridade	 policial	 não	 poderá	 proceder	 à	 identificação	
datiloscópica do indiciado, em razão de disposição constitucional. 
_________________________
( ) A autoridade administrativa não poderá apurar infrações penais, 
eis que essa atividade é da competência da polícia judiciária. 
____________________
(		)	Quando	o	fato	for	de	difícil	elucidação,	a	autoridade	policial	poderá	
dilatar o prazo, “de ofício”. ______________________________
91
Inquéríto Policial Capítulo 3 
( ) O irmão, nos termos do art.31 do CPP, sabendo que seu cunhado 
é adúltero e está difamando a irmã dele, poderá requerer a 
abertura de I.P contra seu cunhado. _______________________
( ) A autoridade policial não fará relatório nos termos do artigo 10, § 
1º	do	CPP,	se	a	prisão	ocorreu	em	flagrante.	
 ____________________
( ) O curador deve ser advogado ou estagiário de direito.
 ___________________
O	Indiciamento			
É a imputação a alguém, na fase do inquérito policial, da prática 
de uma infração penal. A pessoa a quem foi atribuído o indiciamento é 
chamada	de	indiciada,	e	não	se	confunde	com	a	figura	do	réu.	Aliás,	
“indiciado” está para inquérito policial assim como o réu está para o 
processo penal já instaurado. Enquanto não há ação penal, fala-
se, quando muito, em indiciado; quando já proposta a ação penal, o indiciado 
converte-se em réu.
O CPP não faz referência expressa ao ato de indiciamento, mas menciona o 
“indiciado” em diversos de seus dispositivos (art. 6º, V, art. 14, art. 15 etc.).
O indiciamento, conforme ensina o Professor Julio Fabbrini 
Mirabete (2004), é a imputação a alguém, ainda na fase de inquérito 
policial, portanto, administrativa, da prática do ilícito penal. Neste viés, 
consiste, o indiciamento em declarar alguém que até aquele momento 
era um simples suspeito, como sendo o provável autor do delito que 
se está investigando. As investigações passam, então, a concentrar-
se sobre a pessoa do indiciado.
No entanto, a autoridade policial procede ao indiciamento quando, 
como o próprio nome designa, há indícios razoáveis de autoria. Ainda 
segundo Mirabete (2004), o indiciamento não é um ato discricionário, 
mas sim um ato administrativo vinculado, uma vez que inexiste liberdade da 
 O indiciamento, 
conforme ensina 
o Professor 
Julio Fabbrini 
Mirabete (2004), 
é a imputação a 
alguém, ainda na 
fase de inquérito 
policial, portanto, 
administrativa, da 
prática do ilícito 
penal.
É a imputação a 
alguém, na fase do 
inquérito policial, 
da prática de uma 
infração penal.
92
 Direito Processual Penal 
autoridade policial sobre indiciar ou não alguém contra quem haja indícios de 
autoria de fato delitivos.
Identificação	do	Indiciado		
 
O	art.	6º,	inciso	VIII,	do	Código	Processo	Penal	afirma,	segundo	o	entender	
de Mougenot (2011, p.157), que o dever da Autoridade Policial é “ordenar a 
identificação	do	indiciado	pelo	processo	datiloscópico,	se	possível,	e	fazer	juntar	
aos autos sua folha de antecedentes”. 
Como	se	vê,	a	 identificação	é	o	meio	pelo	qual	se	estabelece	a	 identidade	
ou o conjunto de caracteres que individualizam uma pessoa, destacando-a das 
demais,	 citando	 o	 nome,	 a	 filiação,	 a	 naturalidade,	 o	 caracteres	 físicos,	 sua	
alcunha,	 profissão	 e	 endereço.	 Atualmente	 a	 identificação	 do	 acusado	 faz-se	
mediante	processo	datiloscópico	 (impressões	digitais),	dada	a	certeza	científica	
de que não existem duas pessoas com as mesmas impressões digitais.
Por	seu	turno,	a	autoridade	policial	deve	proceder	à	identificação	do	indiciado	
mediante o processo datiloscópico, exceto se ele já houver sido civilmente 
identificado,	conforme	expressamente	prevê	a	Constituição	de	1988,	em	seu	art.	
5º, LVIII.
Entretanto, a própria CF/88 admite, nos casos em que a lei prevê, a 
identificação	criminal	do	civilmente	identificado.	Exemplo	dessa	possibilidade	está	
na Lei nº 9.034/95 – Lei do Crime Organizado, a qual estabelece, em seu art. 
5º,	que	“a	identificação	criminal	de	pessoas	envolvidas	com	a	ação	praticada	por	
organizações	criminosas	será	realizada	independentemente	da	identificação	civil.”
Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela 
autoridade policial (art. 15 do CPP). O curador assistirá o indiciado 
no interrogatório e nos atos em que seja necessária a participação do 
indiciado, como acareações, simulações do delito, reconhecimento 
etc. O curador poderá ainda, nos termos do art. 14 do CPP, requerer 
diligências, que serão realizadas, ou não, a juízo da autoridade policial.
A falta de nomeação do curador não torna nulo todo o inquérito e 
nem	a	ação	penal	subsequente,	mas	acarreta	a	nulidade	de	atos	como	a	confissão	
do	indiciado	menor	ou	a	sua	prisão	em	flagrante.
Se	o	indivíduo	se	recusar	a	se	submeter	à	 identificação	criminal	nos	casos	
previstos em lei, pode a autoridade policial coercitivamente conduzi-lo para o ato; 
Se o indiciado for 
menor, ser-lhe-á 
nomeado curador 
pela autoridade 
policial (art. 15 
do CPP).
93
Inquéríto Policial Capítulo 3 
e se ele se recusar ainda assim, poderá o Delegado dar- lhe voz de prisão em 
flagrante	pelo	crime	de	desobediência	(art.	330	do	CP).
Noutro	 norte,	 a	 Constituição	 Federal	 de	 1988	 não	 veda	 a	 fotografia	 do	
indiciado	de	frente	e	de	perfil,	pois	tal	procedimento	não	constitui,	por	assim	dizer,	
identificação	criminal,	senão	apenas	peça	de	instrução	dos	autos	do	inquérito.	O	
indiciamento	pode	se	dar	independentemente	de	qualquer	identificação	criminal.
Prazos	para	Finalização	do	
Inquérito
O inquérito policial deve ser realizado dentro de um prazo determinado em lei.
O art. 10 do CPP estabelece os seguintes prazos para que a autoridade 
policial termine o procedimento de inquérito:
A - 30 dias, contados do recebimento da notitia criminis, quando o 
indiciado estiver em liberdade (é a regra geral);
B - 10 dias, contados a partir da data de execução da ordem de 
prisão,	 se	 o	 indiciado	 tiver	 sido	 preso	 em	 flagrante,	 ou	 estiver	
preso preventivamente.
Atividade de Estudos: 
1) Relativamente ao Princípio do Contraditório, diz-se que o Inquérito 
Policial: 
A)		observa-o,	necessariamente,	para	a	elaboração	do	relatório	final.	
B) tem de observá-lo, por força do dispositivo no artigo 5º, inciso LV, 
da Constituição Federal. 
C) observa-o, necessariamente, após o indiciamento. 
D) por se tratar de investigação de natureza inquisitiva, não o 
observa.
2) Nos casos de ação penal pública condicionada, a representação 
é retratável: 
A) durante o curso da ação penal. 
94
 Direito Processual Penal 
B) até o oferecimento da denúncia. 
C) até a sentença do juiz de primeiro grau. 
D) até o trânsito em julgado da sentença. 
 
3) É possível dar início à ação penal pública incondicionada sem a 
conclusão	do	inquérito	policial?	
A) Sim, desde que o titular da ação penal, ou seja, o Ministério 
Público possua elementos que o autorizem a promovê-la. 
B) Não, o inquérito policial é indispensável para a propositura da 
ação penal pública. 
C) Sim, desde que haja representação da vítima em dez dias 
contados do fato delitivo. 
D) Não, pois somente a Polícia Judiciáriapossui condições de 
apurar a autoria da infração penal. 
4) O Promotor de Justiça opta pelo pedido de arquivamento 
de determinado inquérito policial que apura crime de roubo. 
Entretanto, o Juiz discorda do pedido de arquivamento, dando 
início ex officio à ação penal. Assinale a alternativa correta. 
A) O Magistrado agiu corretamente, pois compete ao Magistrado do 
feito, analisando as provas contidas no inquérito policial, decidir 
se ação penal pode ser proposta ou não. 
B) O Juiz não agiu corretamente, pois deveria ter remetido o inquérito 
ou	peças	de	informação	ao	Procurador	Geral	de	Justiça,	a	fim	de	
que este oferecesse a denúncia, designasse outro Promotor de 
Justiça para oferecê-la, ou insistisse no pedido de arquivamento. 
C) O Promotor não poderia ter requerido o arquivamento dos autos 
inquisitoriais sem que houvesse concordância da vítima, eis que, 
diante do delito de roubo, a ação penal é pública incondicionada. 
D) O Promotor tem de aceitar o início da ação penal, mas poderá 
provar durante o curso da fase instrutória, que não há elementos 
de prova para a condenação. 
5) Aponte a alternativa incorreta. A denúncia ou queixa será rejeitada 
quando:
A) o fato narrado evidentemente não constituir crime. 
B) o fato depender de prévia apuração em sede administrativa. 
C) já estiver extinta a punibilidade, pela prescrição ou outra causa. 
D) for manifesta a ilegitimidade da parte ou faltar condição exigida 
95
Inquéríto Policial Capítulo 3 
pela lei para o exercício da ação penal. 
 
6) No processo penal brasileiro, são aplicadas, além de outras, as 
seguintes regras, princípios e garantias: 
 
A) disponibilidade geral da ação penal pública, contraditório em 
todas as fases da persecução criminal e ampla defesa. 
B) inadmissibilidade das provas ilícitas pro reo, livre convencimento 
do juiz e publicidade da votação dos jurados. 
C) sigilo absoluto da investigação criminal, inadmissibilidade de 
provas ilícitas pro societate e contraditório em todas as fases da 
persecução criminal. 
D) votação secreta no júri, presunção de não-culpabilidade e 
necessidade de se comunicar ao preso o seu direito ao silêncio. 
E) incomunicabilidade do preso, disponibilidade da ação penal 
privada e convicção íntima do juiz. 
Encerramento	do	Inquérito
Apuradas	 e	 finalizadas	 as	 investigações,	 a	 autoridade	 policial	 deve	 fazer	
um relatório detalhado de tudo o que foi apurado no inquérito, indicando as 
testemunhas que não foram ouvidas e as diligências não realizadas.
A autoridade não deve emitir opiniões ou qualquer juízo de valor sobre os 
fatos narrados, os indiciados, ou qualquer outro aspecto relativo ao inquérito ou à 
sua conclusão.
Isto posto, menciona Tourinho Filho (2011, p. 332): 
Concluídas	todas	as	diligências,	terminado,	enfim,	o	inquérito,	
deverá a autoridade policial fazer um relatório, nos próprios 
autos, de tudo quanto houver apurado nas investigações. 
Esse relatório não encerra, não deve nem pode encerrar 
qualquer juízo de valor. Concluído o inquérito, elaborado o 
relatório, a autoridade policial determinará a sua remessa, 
juntamente com os instrumentos do crime e outros objetos 
por acaso apreendidos e que interessarem a prova, ao juiz 
competente. Deve a autoridade policial, quando da feitura de 
quaisquer policiais, ou Termos Circunstanciados, quando se 
tratar de contravenção ou homicídio e lesão corporal culposos, 
extrair cópias dos atos praticados, formando-se, assim, autos 
suplementares,	que	ficarão	arquivados	na	Delegacia.
96
 Direito Processual Penal 
Concluído o relatório, os autos do inquérito serão remetidos ao juiz 
competente, acompanhados dos instrumentos do crime e dos objetos que 
interessam à prova (CPP, art. 11).
Do	juízo,	os	autos	serão	remetidos	ao	órgão	do	Ministério	Público,	a	fim	de	
que este adote as providências que entender pertinentes.
Arquivamento
Recebendo os autos do inquérito, pode o Ministério Público 
pedir ao juiz que este seja arquivado. Somente o Ministério Público 
é legitimado para esta prerrogativa. Assevera-se que o arquivamento 
poderá dar-se em função, entre outros fatores, da averiguação por 
parte do Ministério Público, da inexistência do fato, ou de inexistência 
de criminoso. Ou seja, o fato pode até ter existido, porém, ausente 
de qualquer dos requisitos que o tornam delituoso, a tipicidade ou a 
ilicitude, ou de negativa de autoria, isto é, o fato criminoso pode ter 
existido, mas não pode ser imputado contra o indiciado.
No caso de considerar improcedentes as razões invocadas pelo 
órgão do Ministério Público, pelo pedido de arquivamento, deverá o juiz 
remeter os autos de inquérito ou as peças de informação ao Procurador 
Geral, que oferecerá a denúncia, designando para isto outro membro 
do Parquet	para	oferecê-la,	caso	em	que	o	promotor	de	 justiça	ficará	
obrigado a oferecer a denúncia. Isso ocorre porque atua em nome do 
chefe da instituição, ou insistirá no pedido de arquivamento, quando o 
juiz, então estará obrigado a atendê-lo.
O pedido de arquivamento, por sua vez, deve ser expresso, não 
se cogitando de pedidos implícitos, tácitos ou indiretos; o juiz somente 
acolherá os pedidos devidamente fundamentados. Insta salientar que o 
arquivamento inviabiliza a propositura da ação penal privada por parte 
do ofendido. 
Atividade de Estudos: 
Para praticar! Você é o advogado.
Pedro Silva, 15 anos, estudante, foi denunciado como incurso 
Recebendo os 
autos do inquérito, 
pode o Ministério 
Público pedir ao 
juiz que este seja 
arquivado. Somente 
o Ministério Público 
é legitimado para 
esta prerrogativa.
O pedido de 
arquivamento, 
por sua vez, deve 
ser expresso, não 
se cogitando de 
pedidos implícitos, 
tácitos ou indiretos; 
o juiz somente 
acolherá os pedidos 
devidamente 
fundamentados.
97
Inquéríto Policial Capítulo 3 
nas penas do artigo 158 do Código Penal, cuja pena é de reclusão de 
4 a 10 anos e multa.
Na fase policial. – art. 15 do CPP – por ocasião das declarações 
do indiciado, o delegado nomeou curador ao menor Pedro uma 
pessoa analfabeta, que inclusive assinou a rogo.
O juiz designou interrogatório do acusado. Como estava com 
pressa e sobrecarregado de serviço, por esquecimento descumpriu 
o art. 262 do CPP. No interrogatório, o acusado confessou a infração, 
em tudo tendo sido observado o art. 185 do CPP.
A defesa prévia veio por defensor dativo dentro do prazo legal, 
que não arguiu teses, mas arrolou três testemunhas de denúncia 
para	o	fim	do	mês,	ficando	as	partes	para	serem	intimadas,	conforme	
as	 fls	 16	 e	 17.	 Nesse	 ínterim	 houve	 um	 desentendimento	 entre	 o	
acusado e o defensor dativo. Em razão disso, você foi contratado pelo 
acusado e, compulsando os autos, disse que juntava a procuração. 
Em razão dos seus conhecimentos, que tipo de manifestação 
você fará, via petição?
 ______________________________________________________
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 ______________________________________________________
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Algumas	Considerações
Ao	final	deste	estudo,	observou-se	de	modo	claro	e	conciso	que	o	Inquérito	
Policial	é	o	conjunto	de	informações	sobre	a	infração	penal	e	sua	autoria.	Que	o	
98
 Direito Processual Penal 
mesmo não se trata de processo, e sim de procedimentoadministrativo. É peça 
investigatória,	não	está	sujeito	ao	contraditório.	Sua	finalidade	é	a	 investigação	
sobre a existência de um fato criminoso e sua autoria, visando fornecer elementos 
probatórios para a propositura da Ação Penal.
Discutiu-se	questões	como	o	significado	do	termo	Polícia,	o	que	é	o	Poder	
de Polícia, tipo de Polícias e suas respectivas funções, e o porquê de sua 
necessidade na vida em sociedade.
Tratou-se do inquérito policial em si, abordando o assunto desde os princípios 
jurídicos informadores, a gênese do procedimento com o fato a ser apurado pela 
Autoridade Policial, as providências que são pertinentes para a consecução de 
sua	finalidade,	prazos	para	seu	término,	seu	valor	como	prova	e	seu	inexorável	
encerramento, Além de analisar minuciosamente o inquérito e sua relação com a 
Ação Penal.
Importante ainda relembrar que o Inquérito Policial ainda não está 
devidamente ajustado às normas protetivas constitucionais, o que torna urgente e 
relevante o domínio dos conteúdos dos projetos de Lei que tratam das reclamadas 
reformas processuais. 
Referências
BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 
2011.
BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988: 
Promulgada em 5 de outubro de 1988. Antonio Luiz de Toledo Pinto; Márcia 
Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Cespedes (Colab.). 32. Ed. São Paulo: 
Saraiva, 2005.
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. [Diário 
Oficial da União]. Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1940. Disponível em: < 
https:/www.planalto. gov.br /ccivil _03/Dcreto-Lei/Del 2848. htm >>. Acesso em 28 
de fevereiro de 2012. 
BRASIL. Lei nº 4.215, de 27 de abril de 1963, Redação dada pela Lei nº 5.010, 
de 30.5.1966. Dispõe sobre a Organização da Justiça Federal de 1º Instância e 
dá outras providências. [Diário Oficial da União]. Brasília, 30 de maio de 1966. 
Disponível em: <https://www.planalto.gov.br>. Acesso em 28 de fevereiro de 
2012.
99
Inquéríto Policial Capítulo 3 
BRASIL. Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980, Redação dada pela Lei nº9076, 
de 10.07.1995. Renumerado e alterado pela Lei nº 6.964 de 09.12.1981. Dispõe 
sobre	a		definição	da	situação	jurídica	do	estrangeiro	no	Brasil,	Cria	o	Conselho	
Nacional de Imigração.[Diário Oficial da União]. Brasília, 9 de dezembro de 
1981. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br>. Acesso em 28 de fevereiro 
de 2012.
BRASIL. Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995. Dispõe sobre a utilização de 
meios operacionais para a prevenção e repressão de ações praticadas por 
organizações criminosas .[Diário Oficial da União]. Brasília, 3 de maio de 1995. 
Disponível em: <https://www.planalto.gov.br>. Acesso em 28 de fevereiro de 
2012.
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2011.
ISHIDA, Válter Kenji. Processo Penal. São Paulo: Atlas, 2010.
JESUS. Damásio E. de. Código penal anotado. 12. ed. São Paulo: Saraiva. 
2002.
MARQUES,Jose	Frederico.	Elementos do direito processual penal. Rio de 
Janeiro, São Paulo: Forense, 1965. v.I.
_______.Elementos de direito processual penal.Campinas: Millennium Editora, 
2003.v.II.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. São Paulo: Atlas, 2006.
_______. Código de Processo Penal Interpretado. São Paulo: Atlas, 2010.
NOGUEIRA, Carlos Frederico Coelho. Comentários ao Código de Processo 
Penal. Bauru: Edipro, 2002. V. 1.
PACHECO, Denilson Feitoza. Reforma Processual Penal: uma abordagem 
sistêmica. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.
PERRENOUD, Philippe. Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: 
Artmed, 2009.
TOURINHO, Fernando da Costa. Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2011.
https://www.planalto.gov.br
https://www.planalto.gov.br
CAPÍTULO 4
Ação	Penal
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Conhecer e pesquisar as particularidades relevantes e úteis do conteúdo da 
Disciplina.
�	Dominar	 conceitos	 e	 terminologias	 jurídicas	 aliadas	 à	 postura	 reflexiva	 e	
crítica.
� - Aplicar os diversos ramos do direito na perspectiva social, econômica, 
política e cultural.
� Aprimorar o uso da linguagem culta, do raciocínio lógico, da argumentação 
e	da	reflexão	crítica.
� Solucionar os problemas que se apresentam na aplicação concreta na lei 
processual	penal,	mais	precisamente	na	rotina	profissional.
� Compreender o funcionamento do Direito Penal e Processo Penal, através 
de questionamentos à luz da ética, do ordenamento jurídico e pátrio e do 
Direito Comparado.
�	Desenvolver	 a	 fluência	 verbal,	 a	 técnica	 de	 persuasão	 e	 riqueza	 do	
vocabulário. 
103
Ação Penal Capítulo 4 
Contextualização
Vimos,	 em	 capítulos	 anteriores,	 que	 a	 figura	 do	Estado	 chamou	 para	 si	 a	
tarefa de administrar a justiça. 
Por sua vez, observou-se também que o Estado não proibiu, terminantemente, 
as outras formas de litígios como a “autodefesa” e a “autocomposição”, ambas 
são	 extraordinárias	 na	 resolução	 do	 litígio.	 Verifica-se	 que,	 na	 primeira,	 existe	
a imposição de uma resolução por uma das partes, a outra; enquanto que na 
segunda a resolução do litígio vem a ser obtida pelas próprias partes, contrastando 
com o processo em que a resolução da lide é decretada, imparcialmente, pelo Juiz.
Nossa	 reflexão	 se	 volta,	 neste	momento,	 para	o	 conteúdo	da	Ação	Penal,	
no que se refere ao conceito, condições da ação, princípios e espécies, visto que 
outros conteúdos sobre a ação penal já foram estudados no capítulo anterior.
Isto posto, este capítulo fará breves considerações no que se refere à Ação 
Penal, porém dar-se-á destaque à Ação Civil Ex Delictio, à Jurisdição e competências. 
Há que se dizer que o assunto basilar deste capítulo é, sobretudo, o de 
orientar o Pós-Graduando(a) no que se refere ao processo penal, bem como 
os atos processuais e a reformulação dos procedimentos operada pelas leis nº 
11.689/2008 e nº 11.719/2008. 
Portanto, tendo por norte estas assertivas e amparados nos objetivos do 
saber e do fazer, o mesmo tem como primazia propor aos Pós-Graduandos que 
tomem contato com problemas reais, oferecendo-lhes recursos que os ajudem 
no desempenho de suas atividades - a compreensão da intersubjetividade entre 
os aplicadores do direito. Uma vez que todo o projeto educativo não é senão o 
resultado da intersubjetividade entre pessoas com objetivos comuns. 
Ação	Penal
Significado: 
• de Ação: o que resulta do fato de agir; tudo aquilo que se faz; 
 Direito. Meio legal para obter um direito em juízo;
• de Pressuposto - pressuposição, conjectura, circunstância ou fato 
considerado como antecedente necessário de outro.
104
 Direito Processual Penal 
Atividade de Estudos: 
1) A ação se origina da expressão actio,	significando	ação	judicial.	
Partindo	 desse	 pressuposto,	 o	 que	 é	 Ação	 Penal?	 Ao	 ouvir	 o	
vocábulo processo,	 que	 relações	 podem	 ser	 estabelecidas?	
Como	você	 conceituaria	Ação	Penal?	Utilize o espaço a seguir 
para registrar seu conceito inicial.
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Conceito	de	Ação	Penal	
Ação penal é o direito de invocar o Poder Judiciário, no sentido 
de aplicar o direito penal objetivo. 
Segundo Capez (2011), é o direito de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do 
direito penal objetivo a um caso concreto. É também o direito público subjetivo 
do Estado-Administração, único titular do poder-dever de punir, de pleitear ao 
Estado-Juiz a aplicaçãodo direito penal objetivo com a consequente satisfação da 
pretensão punitiva. 
Analogamente, ensina Tourinho Filho:
Assim, se o Estado chamou para si a função de dar a cada 
um	 o	 que	 é	 seu,	 ficou	 obrigado,	 desde	 que	 invocado,	 a	
solucionar o litígio. Logo, se o Estado é o titular do direito de 
punir e se lhe cumpre, por outro lado, manter o equilíbrio social 
profundamente afetado pelo crime, tem ele a evidência, o 
105
Ação Penal Capítulo 4 
dever jurídico de reprimir as infrações penais, contudo, não 
podendo fazê-lo motu próprio, pelas razões já expostas, mas 
sim por meio do devido processo legal, é intuitivo que, para 
lograr o cumprimento daquele dever, tem o direito de exigir 
do órgão incumbido de fazer justiça o julgamento da sua 
pretensão (TOURINHO FILHO, 2011, p. 355).
Ação Penal é um momento da persecutio criminis que marca 
o início do contraditório, e enseja a aplicação da lei penal aos 
casos concretos (lide penal). Desenvolve-se diante dos órgãos da 
jurisdição cuja obrigação é exclusiva do Estado.
O direito de ação também consta nas ocupações restritas do Estado (por 
meio de instituição própria: Ministério Público), salvo quando se tratar de crime 
cuja iniciativa seja privada, quer dizer, garantida por lei, ao particular ofendido, 
dado o caráter menos potencialmente ofensivo daquele. 
Isto posto, observa-se de um lado, aquele que se ocupa da pretensão punitiva 
a exigir do juiz uma resolução sobre a lide penal, e, do outro lado observa-se a 
figura	do	Estado-Juiz	com	o	dever	de	pronunciá-la.	
Ainda, no entender de Tourinho Filho:
O exercício desse direito é que constitui um dever do Estado-
Administração. Se este deve reprimir as infrações penais e 
se a imposição da sanctio juris é feita pelo Estado-Juiz, logo, 
para poder cumprir aquele dever o Estado-Administração, 
impossibilitado que está de autoexecutar o seu direito de punir, 
tem o direito de se dirigir ao órgão jurisdicional pedindo o 
julgamento da sua pretensão (TOURINHO FILHO 2011. p. 369).
Como	consequência	deste	cenário,	define-se	Ação Penal:
A ação penal é um direito público, autônomo, subjetivo e 
abstrato exercido em fase do Estado, que tem por objetivo a aplicação 
do direito penal material a um fato concreto.
É o direito de exigir do Estado o exercício de sua função 
jurisdicional em relação a uma lide de natureza penal.
106
 Direito Processual Penal 
Condições	da	Ação	Penal
Observa-se que são condições (requisitos) que subordinam o 
exercício do direito de ação. Para poder se exigir, no caso concreto, a 
prestação jurisdicional, é necessário o preenchimento das condições da 
ação. Segundo Ada Grinover:
Ao lado das tradicionais condições que vinculam a ação civil, 
também aplicáveis ao processo penal (possibilidade jurídica do 
pedido, interesse de agir e legitimidade para agir), a doutrina 
atribui	a	este	algumas	condições	específicas,	ditas	condições	
específicas	de	procedibilidade.	São	elas:	a)	representação	do	
ofendido E requisição do Ministro da Justiça; b) entrada do 
agente no território nacional; c) autorização do Legislativo para 
a instauração de processo contra Presidente e Governadores, 
por crimes comuns; d) trânsito em julgado da sentença que, 
por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento, no 
crime de induzimento a erro essencial ou ocultamento do 
impedimento (GRINOVER, 2010, p.59).
Isto posto, há que se dizer que a doutrina costuma dividir as condições 
da	 ação	 penal	 em	 condições	 genéricas	 e	 condições	 específicas.	As	 condições	
genéricas	 viabilizam	 o	 exercício	 da	 ação	 penal,	 e	 as	 condições	 específicas	 de	
procedibilidade, cuja ausência importa a impossibilidade da persecução penal. 
São condições genéricas da ação penal:
 
a) Possibilidade Jurídica do Pedido 
Somente haverá direito de ação no caso em que a pretensão de direito 
material deduzida ser admissível ou abstratamente prevista pelo ordenamento 
jurídico. Assim, nos casos de atipicidade do fato ou extinção de punibilidade, 
inexistiria essa condição.
Assim menciona Capez:
A providência pedida ao Poder Judiciário só será viável se o 
ordenamento, em abstrato, expressamente a admitir. Nesse 
passo, a denúncia deverá ser rejeitada quando o fato narrado 
evidentemente não constituir crime. Mencione-se que, com 
o advento da lei nº 11.719/2008, essa hipótese poderá, após 
oferecida a defesa dos arts. 396 e 396 A, do CPP, dar causa 
a absolvição sumária do agente (CPP, art. 397, III) (CAPEZ, 
2011, p.155).
Para poder 
se exigir, no 
caso concreto, 
a prestação 
jurisdicional, é 
necessário o 
preenchimento das 
condições da ação.
A providência 
pedida ao Poder 
Judiciário só 
será viável se o 
ordenamento, 
em abstrato, 
expressamente 
a admitir.
107
Ação Penal Capítulo 4 
A apreciação da possibilidade jurídica do pedido deve ser feita 
sobre a causa de pedir considerada em tese, desvinculada de qualquer 
prova por ventura existente. O fato é analisado como narrado na peça 
inicial,	sem	se	investigar	se	essa	é	ou	não	a	realidade	dos	fatos,	a	fim	
de concluir se o ordenamento penal material comina-lhe, em abstrato, 
uma sanção. Deixa para o mérito o ato de analisar os fatos provados; 
aprecia-se a causa petendi à luz das provas colhidas na instrução. 
Consoante ainda o referido autor:
A	 fim	 de	 não	 se	 confundir	 a	 análise	 dessa	
condição da ação com a do mérito, a apreciação 
da possibilidade jurídica do pedido deve ser feita 
sobre a causa de pedir (causa petendi) considerada em tese, 
desvinculada de qualquer prova existente. Analisa-se o fato tal 
como narrado na peça inicial, sem se perquirir se essa é ou 
não	a	verdadeira	realidade,	a	fim	de	se	concluir	o	ordenamento	
penal material, comina-lhe, em abstrato, uma sanção. Deixa-
se para o mérito a análise dos fatos provados; aprecia-se a 
causa petendi à luz, agora, das provas colhidas na instrução; 
é a aferição dos fatos em concreto, como realmente ocorreram 
não como simplesmente narrados. Nesse momento, o juiz 
deverá dizer na sentença se o pedido é concretamente 
fundado ou não direito material, ou seja, se é procedente ou 
improcedente (CAPEZ, 2011, p.155). 
Verifica-se	da	lição	de	Capez	que	o	pedido	deve	ser	possível,	isto	é,	previsto	
no ordenamento jurídico.
b) Interesse de Agir
O interesse de agir consolida-se conforme a doutrina majoritária, não apenas 
na necessidade da parte de se valer do processo para não sofrer um prejuízo, 
mas na adequação da prestação jurisdicional pretendida, assim como na utilidade 
do	provimento	final.	
Deverá a ação penal apresentar-se embasada em elementos 
idôneos, que sirvam de suporte à imputação. A ação deverá vir 
acompanhada de elementos que comprovem a materialidade delitiva 
e de indícios que apontem o denunciado ou querelado como autor da 
ação penal.
Assim, ensina Capez, em seu curso de processo penal:
A necessidade é inerente ao processo penal, tendo em vista a 
impossibilidade de se impor pena sem o devido processo legal. 
Por conseguinte, não será recebida a denúncia, quando já 
A apreciação da 
possibilidade jurídica 
do pedido deve 
ser feita sobre a 
causa de pedir 
considerada em 
tese, desvinculada 
de qualquer 
prova por ventura 
existente.
Deverá a ação 
penal apresentar-
se embasada em 
elementos idôneos, 
que sirvam de 
suporte à imputação.
108
 Direito Processual Penal 
estiver extinta a punibilidade do acusado, já que nesse caso, a 
perda do direito material de punir resultou na desnecessidade 
de utilização das vias processuais. Nota-se que com a edição da 
Lei nº 11719/2008, essa hipótese poderá, depois de oferecida a 
defesa dos arts. 396 e 396 A do CPP, dar causa a absolvição 
sumária do agente (CPP. art. 397, IV). (CAPEZ, 2011, p.156).
c) Legitimidade para Agir (Legitimatio ad causam) 
Deverá ação penal ser proposta pelo titular do jus puniendi, o 
Estado, em fase do provável autor da infração penal. Observa-se, 
então, a legitimação ativae a legitimação passiva; nos casos em que a 
ação penal é proposta pelo ofendido, pleiteando direito alheio, em nome 
próprio, tem-se o fenômeno da substituição processual (legitimação 
extraordinária). É no clássico ensinamento de Alfredo Buzaid que 
Capez chama a atenção, em seu Curso de Processo Penal, para a 
pertinência subjetiva da ação: 
 Aqui, cuida-se da legitimidade ad causam que é a legitimação 
para ocupar tanto o pólo ativo da relação jurídica processual, 
o que é feito pelo Ministério Público, na ação penal pública, 
e pelo ofendido, na ação penal privada (CPP, arts. 24, 29 e 
30), quanto o polo passivo, pelo provável autor do fato, e da 
legitimidade ad processum, que é a capacidade para estar no 
polo ativo, em nome próprio, e na defesa de interesse próprio 
(CPP, arts. 33 e 34) (BUZAID, apud CAPEZ, 2011, p.156).
As partes legítimas ativa e passiva são os titulares dos interesses materiais 
em	conflito;	 isto	é,	 os	 titulares	da	 relação	 jurídica	material	 levada	ao	processo.	
Os	interesses	em	conflito	são:	o	direto	de	punir,	conteúdo	da	pretensão	punitiva	
e o direito de liberdade. O titular do direito de punir é o Estado, que é, por isso, o 
verdadeiro legitimado, exercendo-o por intermédio do Ministério Público. 
Não é por outro motivo que se diz que o ofendido, na titularidade da ação 
privada, é senão um substituto processual (legitimação extraordinária), visto que 
só possui o direito de acusar, exercendo-o em nome próprio, mas no interesse 
alheio, isto é, do Estado. Legitimados passivos são por sua vez, os suspeitos da 
prática da infração, contra os quais o Estado movimenta a persecução acusatória 
visando à imposição de alguma pena.
Assim, assinala Capez:
As condições da ação devem ser analisadas pelo juiz quando 
do recebimento da queixa ou da denúncia, de ofício. Faltando 
qualquer uma delas o magistrado deverá rejeitar a peça inicial, 
nos termos do art. 395, II, do Código de Processo Penal, com 
Deverá ação penal 
ser proposta 
pelo titular do jus 
puniendi, o Estado, 
em fase do provável 
autor da infração 
penal.
109
Ação Penal Capítulo 4 
redação, determinada pela lei n. 11.719/2008, declarando 
o	 autor	 carecedor	 de	 ação.	 Se	 não	 o	 fizer	 nesse	momento,	
nada impede que ele o faça a qualquer instante, em qualquer 
instância, decretando, se for o caso, a nulidade absoluta do 
processo (CPP, art. 564, II) (CAPEZ, 2011, p. 157).
Insta salientar que, com o advento da Lei nº 11.719/2008, no procedimento 
ordinário e sumário, uma vez oferecida à denúncia ou queixa, o juiz analisará se 
não	é	caso	de	rejeição	liminar,	para	tal	fim	o	Juiz	deverá	verificar	e	avaliar	todos	
os requisitos do art. 395 do CPP; se não for o caso de rejeição liminar, irá recebê-
la e, por sua vez, ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por 
escrito, no prazo de 10(dez) dias (CPP, art. 396-A). 
Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e nos parágrafos deste Código, 
o	juiz	deverá	absolver	sumariamente	o	acusado	quando	verificar:	“I	–	a	existência	
manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II - A existência manifesta de 
causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; III – que o 
fato narrado evidentemente não constitui crime; ou IV – extinta a punibilidade do 
agente” (CPP, art. 397).
Mougenot, no que se refere às condições, chama-nos a atenção:
As condições da ação constituem fatos relacionados ao direito 
processual e que são necessários para que o exercício da 
ação penal possa originar validamente um processo penal. Já 
as condições objetivas da punibilidade são institutos contidos 
no plano do direito material. São fatos, externos ao tipo penal, 
que devem ocorrer para que a prática do tipo penal constitua 
fato punível. Constitui condição objetiva de punibilidade, por 
exemplo, a ocorrência de juízo no caso de crime de introdução 
ou abandono de animais em propriedade alheia. Também é 
necessário se estabelecer uma distinção entre as condições 
da ação e as escusas absolutórias, que atingem diretamente 
o direito de punir do Estado, fazendo com que a pena deixe 
de ser imposta por circunstâncias pessoais do agente. 
Como exemplo de escusas absolutórias tem a imunidade 
parlamentar (prevista no art. 53 da Constituição Federal) e 
aquelas previstas nos arts. 181 e 348, § 2º, do Código Penal 
(MOUGENOT, 2011, p.188 e 189).
Insta salientar que uma das propriedades da condição da ação 
é que a mesma impede a formação da relação processual. Na ação 
penal privada, nos crimes contra a honra o juiz não pode receber uma 
denúncia do promotor de justiça, pois o mesmo não possui legitimidade 
ad causam.
Após termos visto a divisão e as características das condições de 
procedibilidade da ação penal, abordaremos, ainda nesta unidade, os 
princípios da ação penal.
Na ação penal 
privada, nos crimes 
contra a honra o juiz 
não pode receber 
uma denúncia do 
promotor de justiça, 
pois o mesmo não 
possui legitimidade
ad causam.
110
 Direito Processual Penal 
Princípios	da	Ação	Penal	Pública
Os princípios abaixo regem ação penal pública: 
a) Oficialidade. A ação penal pública é aquela a qual a legitimidade 
ativa cabe ao Estado, aplica-se a esta ação penal o princípio da 
oficialidade.	A	mesma	deverá	 ser	proposta	por	um	Órgão	do	Estado,	
o Ministério Público, que atuará de ofício. A Constituição Federal 
estabelece como uma das funções institucionais do parquet promover 
privativamente a ação penal pública, na forma da lei (art. 129, I), por 
meio de denúncia (art. 24, caput, do CPP). Assim orienta-nos Mougenot: 
Tendo	 em	 conta	 que	 a	 ação	 penal	 pública	 é,	 por	 definição,	
aquela em relação à qual a legitimidade ativa cabe ao Estado, 
aplicar-se-á	 ação	 penal	 pública	 o	 princípio	 da	 oficialidade.	
Segundo esse princípio, a ação penal pública somente poderá 
ser proposta por um órgão do Estado: o Ministério Público. 
Mais do que isso, o Ministério Público, conforme já se viu, 
desde que se convença da existência de um fato criminoso, 
tem o dever de ajuizar de ofício à ação penal. A prerrogativa 
do órgão do parquet vem consubstanciada nos ditames da 
Constituição Federal, que estabelece como uma das funções 
institucionais do Ministério Público promover privativamente a 
ação penal pública, na forma da lei (art. 129, I), ação essa que 
será exercida por meio de denúncia (art.24, caput, do Código 
de Processo Penal). Caracteriza-se como exceção ao referido 
princípio a ação penal privada subsidiária, prevista no art. 5º, 
LIX, da CF, art. 29 do CPP e art. 100,§ 3º, do CP (MOUGENOT, 
2011, p. 204). 
b) Obrigatoriedade (legalidade): A propositura da ação penal é imposta aos 
cuidados do representante do Ministério Público. Sempre que contar 
com	 elementos	 suficientes	 a	 amparar	 a	 acusação,	 estará	 o	 mesmo	
obrigado a oferecer denúncia, exercendo o poder- dever da ação. Tal 
obrigatoriedade decorre do próprio texto legal – art. 24 do Código do 
Processo Penal - sendo-lhe vedada qualquer apreciação acerca da 
oportunidade ou conveniência da medida. Esclarece-se, outrossim, que, 
finalizada	a	 investigação,	o	 representante	do	Ministério	Público,	 caso	
entenda	não	haver	 elementos	de	prova	 suficientes	para	 fundamentar	
o ajuizamento da ação penal, deverá ele propor o arquivamento do 
inquérito ao juiz competente, como instrui Mougenot:
O representante do Ministério Público, se dispuser de 
elementos	 suficientes	 para	 amparar	 a	 acusação	 (prova	
da	 materialidade	 e	 indícios	 suficientes	 da	 autoria),	 estará	
obrigado a oferecer denúncia, exercendo o poder- dever de 
A Constituição 
Federal estabelece 
como uma 
das funções 
institucionais do 
parquet promover 
privativamente a 
ação penal pública.
O representante 
do Ministério 
Público, se dispuser 
de elementos 
suficientes 
para amparar a 
acusação (prova 
da materialidade e 
indícios suficientes 
da autoria), 
estará obrigado a 
oferecer denúncia, 
exercendo o poder-dever de ação.
111
Ação Penal Capítulo 4 
ação. A obrigatoriedade decorre do próprio texto legal (art. 24 
do Código de Processo Penal). Esse princípio fundamenta 
a	 vedação	 a	 que	 o	 órgão	 do	Ministério	 Público,	 finalizado	 o	
inquérito policial, determine o seu arquivamento. 
Finalizada a investigação, caso o representante do Ministério 
Público	 entenda	 não	 haver	 elementos	 de	 prova	 suficientes	
para fundamentar o ajuizamento da ação penal (justa 
causa), deverá ele propor o arquivamento do inquérito ao juiz 
competente,	 ficando	 a	 decisão	 acerca	 do	 arquivamento	 sob	
o controle – exclusivamente no que tange ao atendimento do 
princípio da obrigatoriedade – do magistrado perante o qual 
oficia	o	órgão	do	Ministério	Público.	Acerca	do	procedimento	
adotado em situação de impasse entre o juiz e o órgão do 
parquet, veja-se o capítulo referente ao inquérito policial. 
Assim, tem se entendido que, para o início da ação penal 
pública,	basta	a	presença	de	indícios	suficientes	de	autoria	e	
prova de materialidade delitiva. Portanto, o Ministério Público 
não deverá sequer adentrar o mérito da existência de causas 
excludentes de ilicitude ou de culpabilidade.
Todavia,	 em	 situações	 específicas	 em	 que	 se	 afigure	
inequívoca e evidente a presença das referidas causas 
excludentes, entende-se ser possível que o Ministério 
Público deixe de ingressar com a ação penal, propondo o 
arquivamento do inquérito policial.
O princípio da obrigatoriedade, antes considerado absoluto, 
veio a ser mitigado com o advento da Lei nº 9.099/95, que 
instituiu um modelo consensual no processo penal, adotando 
o princípio da discricionariedade regrada, também chamada 
de princípio da disponibilidade temperada, para as infrações 
de menor potencial ofensivo (MOUGENOT, 2011, p. 205).
c) Indisponibilidade: Sabe-se que a obrigatoriedade da ação 
estende-se durante o curso do processo. O Ministério Público não 
pode	desistir	da	ação	penal	(art.	42	do	CPP).	Verifica-se,	ademais,	
que o órgão do parquet, ao ajuizar a ação e, por sua vez, conduzir 
a acusação, não age em interesse próprio, porquanto atua apenas 
no exercício de um direito que pertence ao Estado. Seguindo ainda 
os ensinamentos de Mougenot sobre, princípios temos:
A obrigatoriedade de ação penal estende-
se durante o curso do processo. Não pode o 
Ministério Público desistir da ação penal (art. 42 
do Código De Processo Penal). Com efeito, o 
órgão do parquet, ao ajuizar a ação e conduzir 
a acusação, não age em interesse próprio. Representa o 
Estado, titular do direito defendido, que em última análise 
pertence à sociedade como um todo. Assim, não tem 
o Ministério Público poder de transigir, abrindo mão de 
o órgão do parquet, 
ao ajuizar a 
ação e, por sua 
vez, conduzir a 
acusação, não 
age em interesse 
próprio, porquanto 
atua apenas no 
exercício de um 
direito que pertence 
ao Estado.
112
 Direito Processual Penal 
interesse que não lhe pertence. A Lei n. 9.099/95, no art. 89, 
ao estabelecer a possibilidade de suspensão condicional do 
processo, excepcionou o princípio em tela com a possibilidade 
de o ministério Público oferecer a suspensão do curso do 
processo, com a imposição de determinadas condições ao 
beneficiado,	durante	certo	período	de	prova,	que	poderá	levar	
à extinção da punibilidade (MOUGENOT, 2011, p. 205). 
d) Intranscendência: O princípio da intranscendência traz em seu interior que a 
ação penal será promovida sempre e somente contra as pessoas a quem se 
atribui a prática de uma infração penal (TOURINHO FILHO, 2011, p. 330). 
Tourinho Filho (2011) entende que a ação penal pública é informada pelo 
princípio da indivisibilidade, o qual obriga à propositura da ação contra todos os 
autores da infração penal, havendo exceção somente nos casos de separação 
do processo.
Sob outro enfoque, contudo, existe um expresso reconhecimento do STJ 
(RSTJ, 23/145) no sentido de que “o fato de o Ministério Público deixar de oferecer 
denúncia contra quem não reconheceu a existência de indícios de autoria na 
prática do delito não ofende o princípio da indivisibilidade da ação penal, pois 
o princípio do art. 48 do CPP não compreende a ação penal pública, que não 
obstante é inderrogável” (MOUGENOT, 2011, p. 206).
Chama-se assim a posição majoritária na jurisprudência, 
que reconhece ser a ação penal pública regida pelo princípio da 
divisibilidade, em fase da possibilidade da denúncia ser aditada 
posteriormente para a inclusão do corréu, ou mesmo da propositura de 
nova ação penal contra os outros autores do delito.
A Lei nº 9.099/95, ao instituir um modelo consensual no processo 
penal, adotou o princípio da discricionariedade regrada, também 
chamada de princípio da disponibilidade temperada, para as infrações 
de menor potencial ofensivo.
e) Divisibilidade: A divisibilidade ou indivisibilidade decorre do acentuado 
no art. 48 do CPP, que prevê que “a queixa contra qualquer dos autores do 
crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua 
indivisibilidade”. Há que se dizer que a questão é de mera interpretação do art. 
48, 1º corrente: aplica-se o princípio da indivisibilidade: Mirabet (2004, CPP 
Anotado, p. 105-106) e Tourinho (2011, Manual de Processo Penal, p. 108), 
“no sentido de abranger todos aqueles que cometerem a infração”, Demercian 
 Chama-se assim a 
posição majoritária 
na jurisprudência, 
que reconhece 
ser a ação penal 
pública regida 
pelo princípio da 
divisibilidade.
113
Ação Penal Capítulo 4 
e Maluly (2001, Op. cit., 4 ª ed, p 102); 2º corrente: aplica-se, por sua vez, o 
princípio da divisibilidade: Machado (2007, p. 43), já que “fala-se ainda que a 
ação penal pública se submeta ao princípio da divisibilidade pelo fato de que, 
havendo já uma ação ênfase de determinado réu, será possível intentar outra 
pelo mesmo fato em fase de outro...”; Greco Filho (1999, p.114): “o processo 
pode sempre ser desmembrado [...]”.
Ambas as correntes, como aponta Luiz Flávio Gomes (2007), defendem 
a indivisibilidade e se socorrem da obrigatoriedade e os que defendem a 
divisibilidade não se direcionam contra a obrigatoriedade, mas pela possibilidade 
de ajuizamento posterior contra outro corréu. Esclarece, contudo, Mougenot:
Há discordância acerca da aplicabilidade, no caso da ação 
penal pública, do princípio da indivisibilidade da ação penal, 
insculpido no art. 48 do Código de Processo Penal. Tourinho 
Filho defende a indivisibilidade da ação penal pública, o que 
equivaleria a dizer que a ação penal obrigatoriamente deverá 
ser ajuizada contra todos os autores da infração penal, levando 
exceção somente nos casos de separação do processo.
Em posicionamento contrário, a jurisprudência do Supremo 
Tribunal de Justiça reconhece expressamente (RSTJ, 23/145) 
a divisibilidade da ação penal púbica, tendo decidido no sentido 
de que “o fato de o Ministério Público deixar de oferecer 
denúncia contra quem não reconheceu a existência de indícios 
de autoria na prática do delito não ofende o princípio da ação 
penal, pois o princípio do art. 48 do Código de Processo Penal 
não compreende a ação penal pública, que, não obstante, é 
inderrogável”. 
A posição do tribunal superior chancela a majoritária da 
jurisprudência, que reconhece ser a ação penal pública regida 
pelo princípio da divisibilidade. Dessa forma, especialmente 
em casos complexos em que estejam envolvidos diversos 
investigadores, o Ministério Público poderá oferecer denúncia 
em fase daqueles acerca dos quais houver reunido indícios 
suficientes	de	autoria.	Com	a	continuidade	das	investigações,	
poderá, mais tarde, aditar posteriormente a denúncia para a 
inclusão de corréu(s), ou mesmo propor, separadamente, nova 
ação penal contra os indivíduos cuja autoria somente venha a 
ser	suficientemente	esclarecida	em	ocasião	posterior.
O que pode ocorrer, evidentemente, é o Ministério Público, 
de forma discricionária, deixar de oferecerdenúncia em 
fase de um ou outro suspeito contra o qual militem provas 
significativas.	 Entretanto,	 essa	 vedação	 não	 é	 mais	 do	 que	
expressão do princípio da obrigatoriedade da ação penal 
(MOUGENOT, 2011, p. 206).
114
 Direito Processual Penal 
Princípios	da	Ação	Penal	Privada
O Estado ao transferir para o ofendido o exercício da ação penal, conserva 
em seu poder, com exclusividade, o direito de punir. O jus puniendi,	que	significa	
a atuação do Ministério Público durante a caminhada processual, com objetivo 
de zelar pela legalidade do processo – custos legix, inclusive nos casos de ação 
penal privada exclusiva. Ao permitir que o particular realize a persecutio criminis 
in judicio, toma por predominante o interesse da vítima de determinados crimes, 
a qual, segundo um juízo de conveniência, decidirá pela instauração ou não do 
processo. Observa-se, portanto, que nos casos de ação privada subsidiária, o que 
existe é a garantia da vítima de ver processado e julgado o autor da infração penal, 
permitindo que ela exerça o jus actionis. Esta garantia, de nível constitucional (art. 
5º, LIX, da CF), salienta o princípio da inafastabilidade do poder judiciário (art. 5º, 
XXXV), assegurando a aplicação da lei penal material.
Verifica-se	 que	 a	 ação	 privada	 vem	 disciplinada	 por	 regras	 processuais	
próprias, sujeitando-se a princípios distintos daqueles que informam a ação penal 
pública. 
De outro norte, insta salientar que a ação penal privada caminha 
para sua extinção, pois novas reformas penais e processuais pretendem 
excluí-la do ordenamento processual pátrio.
a) Princípio da Oportunidade: A lei confere a vítima ou ao seu 
represente legal a faculdade, e não a obrigação, de promover a ação 
penal. Segundo um juízo de conveniência, este iniciará o processo, se 
quiser, podendo evitar o strepitus iudici, se julgá-lo oportuno.
Observa-se que, por ser um exercício facultativo da ação pelo 
titular,	a	única	restrição	é	que	não	se	permite	a	escolha	de	quem	vai	figurar	no	
polo passivo (arts. 48 e 49 do CPP). Essa faculdade de iniciar a ação pode vir 
acompanhada da renúncia. A renúncia pode ser expressa ou tácita. A renúncia 
expressa ao direito de queixa contará de declaração assinada pelo ofendido maior 
de 18 anos. Por sua vez, se este for menor, caberá ao seu representante legal. 
Para maiores esclarecimentos, ensina Mougenot:
O princípio da oportunidade contrapõe-se ao princípio da 
obrigatoriedade, que rege a ação penal pública. Enquanto 
o órgão do Ministério Público se dispuser de elementos de 
prova que o convençam da prática de crime, estará obrigado 
a ajuizar a lei penal, no caso da ação penal privada, isso não 
ocorre. De fato, a lei confere à vítima ou ao seu representante 
legal a faculdade, e não a obrigação, de promover a ação 
insta salientar 
que a ação penal 
privada caminha 
para sua extinção, 
pois novas 
reformas penais 
e processuais 
pretendem excluí-la 
do ordenamento 
processual pátrio.
115
Ação Penal Capítulo 4 
penal. O particular é livre para formar seu próprio juízo de 
conveniência. Somente iniciará o processo, ajuizando a ação 
penal é conveniente para si. Caso contrário, poderá evitar o 
strepitus iudici, se julgá-lo inoportuno, deixando impune a 
conduta criminosa ( MOUGENOT, 2011, p. 216).
Do princípio da oportunidade observa-se que é a ocasião para o exercício 
facultativo	 da	 ação	 pelo	 titular.	 Verifica-se	 como	 restrição	 de	 não	 se	 permitir	 a	
escolha	 de	 quem	 figurará	 no	 polo	 passivo.	 Em	 virtude	 dessa	 característica	 de	
iniciar a ação, pode haver a renúncia.
b) Princípio da Disponibilidade: Na ação penal privada, a decisão 
de	prosseguir	ou	não	até	o	final	da	ação	é	do	ofendido.	O	exclusivo	
titular dessa ação é o particular, porque assim desejou o Estado, e, 
por isso, é dada a ele a prerrogativa de exercê-la ou não.
Há que se dizer que ação privada, por pertencer ao ofendido, 
poderá este dela dispor, deixando de exercer seu direito – a ele 
renunciando, ou permitindo que ocorra a decadência – ou, durante o 
curso do processo, perdoando o querelado, abandonando a causa, 
ou ainda permitido-a. Insta salientar, no entanto, que, em face de ação privada 
subsidiária, não há que se falar em perempção ou perdão do ofendido como 
causas extintivas da punibilidade. 
Conforme lição de Mougenot, observamos que, ainda em contraposição ao 
principio da obrigatoriedade, rege a ação penal privada o princípio da disponibilidade:
Segundo esse princípio, o titular da ação penal privada terá 
diversos meios de dela dispor, efetivamente decidindo se 
deseja que o suposto infrator da norma penal seja julgado. 
Com efeito, o titular da ação pode simplesmente deixar de 
exercê-la, permitindo, por sua inércia, a decadência desse 
direito. Poderá, também, renunciar ao direito de exercê-la. Já 
durante o curso do processo, poderá, ainda, simplesmente, 
abandoná-la. 
Nos casos de ação penal privada e exclusiva, o titular da ação 
poderá ainda perdoar o querelado ou perimi-la, possibilidades 
inexistentes quando a ação privada for subsidiária da ação 
pública (MOUGENOT, 2011, p. 217).
c) Princípio da intranscendência: Ação penal privada não pode atingir pessoas 
estranhas à autoria do fato; esta alcançará somente os autores, coautores e 
partícipes da infração penal.
O exclusivo titular 
dessa ação é o 
particular, porque 
assim desejou 
o Estado, e, por 
isso, é dada a ele 
a prerrogativa de 
exercê-la ou não.
116
 Direito Processual Penal 
Analogamente, ensina Capez (2010), a ação penal só pode ser proposta 
em face do autor e do partícipe da infração penal, não podendo se estender a 
quaisquer outras pessoas. “Decorrência do princípio consagrado no art. 5º, XLV, 
da Constituição Federal de 1988” (CAPEZ, 2010, p.15). 
d) Princípio da indivisibilidade: O ofendido ou titular da ação 
penal privada não está obrigado a promover a ação penal. Porém 
uma vez que se decida pelo seu ajuizamento, entretanto, deverá 
necessariamente incluir todos os agentes da infração penal, não lhe 
abrindo a lei processual qualquer possibilidade de escolha. Determina 
expressamente o art. 48 do CPP que o oferecimento da queixa contra 
qualquer dos autores do crime obrigará que todos sejam processados.
Como	 reflexo	 deste	 princípio,	 o	 art.	 49	 do	CPP	 determina	 que	 a	 renúncia	
ao direito de queixa em relação a qualquer dos autores da infração deve 
obrigatoriamente aproveitar aos outros coautores os partícipes. A dúvida se 
encontra em saber se o Ministério Público poderá ou não aditar a queixa para 
incluir outros autores, que haviam sido excluídos. Mougenot, em processo penal, 
defende três posições: 
I – Para alguns, deve o membro do parquet, em respeito ao 
seu dever de velar pela indivisibilidade da ação privada, aditar 
a peça acusatória de forma a incluir aqueles que haviam sido 
omitidos.
II – Para outra parte da doutrina, não poderá o Ministério 
Público aditar a queixa para nela incluir outros coautores, já 
que haveria renúncia em relação a eles, que se estenderia 
automaticamente a todos os responsáveis, pela incidência do 
art. 49 do CPP.
III – Alguns autores, no entanto, reconhecem ao representante 
do Ministério Público a possibilidade de suscitar a omissão 
da queixa, abrindo a oportunidade para que o querelante 
proceda ao seu aditamento. É vedado, ao membro do parquet, 
entretanto, substituir-se ao ofendido para incluir os outros 
autores (MOUGENOT, 2004, p. 46).
Por mais que seja vedado ao membro do parquet substituir-se ao ofendido 
para incluir os outros autores, existe a possibilidade de o representante do MP, ao 
encontrar-se com a situação em que um ou mais agentes tenham sido omitidos 
pelo querelante, suscite a ocorrência da omissão, oportunizando ao querelante 
que este proceda ao seu aditamento.
O ofendido ou 
titular da ação 
penal privada não 
está obrigado a 
promover a 
ação penal.
117
Ação Penal Capítulo 4 
Espéciesde	Ação	Penal
A	ação	penal	tem	como	critério	de	classificação,	basicamente,	o	
objeto jurídico do delito e o interesse da vítima na persecução criminal. 
No	 que	 se	 refere	 aos	 critérios	 classificatórios	 da	 ação	 penal,	 nos	
ensina Mougenot:
Dentre	 os	 diversos	 critérios	 classificatórios	
da ação penal, ganhou relevância aquele 
que se embasa na titularidade do direito de 
exercê-la	 –	 vale	 dizer	 o	 critério	 de	 classificação	
segundo sujeitos que detêm legitimidade 
ativa.	 A	 classificação	 encontra	 sólido	 respaldo	
na doutrina e é adotada pela própria lei. De acordo com 
esse critério encontram-se dois gêneros de ação penal: 
a ação penal de iniciativa pública e ação penal de iniciativa 
privada, denominadas na lei e na majoritária doutrina, mais 
simplesmente, ação penal pública e a ação penal privada 
(MOUGENOT, 2004, p. 38).
No entanto, como observa Capez, (2011) considerando a natureza do 
provimento jurisdicional invocado (de conhecimento, cautelar e de execução), no 
processo penal é consensual a divisão subjetiva das ações, isto é, em função da 
qualidade do sujeito que detém a sua titularidade. 
Neste sentido, as ações penais serão públicas ou privadas, conforme 
promovidas pelo Ministério Público ou pela vítima e seu representante legal.
Art. 100, caput, do Código Penal:
“A Ação Penal é Pública, salvo quando a lei, expressamente, 
a declara privativa do ofendido”.
Assim, determinadas objetividades jurídicas de delitos fazem 
com que o Estado reserve para si a iniciativa da ação penal, tal a 
importância que apresentam. Nesse caso, estamos diante da Ação 
Penal Pública.
A ação pública é a regra no direito processual 
penal. Com efeito, conforme determinação do art. 
100 do Código Penal, “a ação é pública, salvo 
A ação pública 
é a regra no 
direito processual 
penal. Com 
efeito, conforme 
determinação 
do art. 100 do 
Código Penal, “a 
ação é pública, 
salvo quando a lei 
expressamente a 
declara privativa 
do ofendido”.
A ação penal tem 
como critério de 
classificação, 
basicamente, o 
objeto jurídico do 
delito e o interesse 
da vítima na 
persecução criminal.
118
 Direito Processual Penal 
quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido”. 
Dessa	 forma,	 quando	 a	 lei	 penal,	 tipificando	 uma	 infração	
penal, não determinar expressamente que a ação deva ser 
movida pelo ofendido, deve-se assumir que a ação penal será 
de iniciativa pública (MOUGENOT, 2011, p. 203).
Em outros casos, o Estado reserva ao ofendido a iniciativa do procedimento 
policial e da ação penal. Neste caso, estamos diante da Ação Penal Privada.
A avaliação daquela importância e deste interesse dependerá das razões 
políticas e criminais que fomentem (suscitem) a posição estatal no sentido de 
admitir uma ou outra espécie de ação penal.
 
Ação	Penal	Pública	
Estabelece-se que, de acordo com o crime, o bem jurídico possui 
tal importância que o Estado, obtém, para si, e para mais ninguém, 
a titularidade do direito da ação penal. Por sua vez, na ação penal 
pública, a conduta do sujeito lesa um interesse jurídico de acentuada 
importância, fazendo com que caiba ao Estado a titularidade da ação, 
que deve ser iniciada sem a manifestação de vontade de qualquer 
pessoa. Ensina, neste sentido, Mougenot:
A ação penal pública – que, como se viu, seria mais 
precisamente denominada ação penal de iniciativa pública 
- é a ação penal (direito ou poder de obter a manifestação 
jurisdicional) quando exercida pelo Estado, por meio do 
Ministério Público, representando o próprio interesse social. 
“Ela intenta defender a sociedade”, como leciona Faustin 
Hélie, “a protegê-la, a reapertar o liame que a une, a rechaçar 
os atos que ameaçam esta sociedade, porque ela tem por 
missão fazer reinar o direito, que é o fundamento da vida 
social e de manter as leis, que são o patrimônio de todos os 
Cidadãos”(MOUGENOT, 2011, p. 203). 
Assim, ocorrido o delito, deve a autoridade policial proceder de ofício, tomando 
as medidas cabíveis. Em juízo, a ação penal deve ser exercida privativamente 
pelo Ministério Público (art. 129, I, da CF).
Cabe exclusivamente ao Ministério Público o exercício da ação 
penal pública (art. 129, I, da Constituição Federal), por meio de 
oferecimento de denúncia, devendo, também, atuar durante 
todo	o	curso	do	processo	até	a	sentença	final,	desenvolvendo	
a acusação, velando pela legalidade do procedimento e 
interpondo os recursos cabíveis (MOUGENOT, 2011, p 204).
Estabelece-se que, 
de acordo com 
o crime, o bem 
jurídico possui tal 
importância que 
o Estado, obtém, 
para si, e para 
mais ninguém, 
a titularidade do 
direito da 
ação penal.
119
Ação Penal Capítulo 4 
Quando	 o	 crime	 praticado	 lesar	 um	 bem	 jurídico,	 de	 suma	
importância para o Estado e para a sociedade, a ação penal deve 
ser iniciada sem ou até mesmo contra a manifestação de vontade 
de qualquer pessoa. Devendo ser ajuizada, neste caso, até mesmo 
contra a vontade do próprio sujeito passivo do crime.
Espécies	de	Ação	Penal	Pública:	
Ação	Penal	Pública	Incondicionada
Sabe-se de antemão que a ação penal pública incondicionada não se 
subordina a qualquer requisito e nem depende da manifestação de vontade de 
qualquer pessoa. 
Chama-se denúncia a peça que inicia a ação penal pública 
incondicionada, sendo esta privativamente oferecida por membro do 
Ministério Público (Promotor de Justiça ou Procurador de Justiça, 
conforme o caso). Devendo conter a exposição do fato criminoso, 
com	 todas	 as	 suas	 circunstâncias,	 a	 qualificação	 do	 acusado	 ou	
esclarecimentos	pelos	quais	se	possa	identificá-lo,	a	classificação	do	
crime e, quando necessário, o rol de testemunhas.
Por seu turno, a ação penal púbica incondicionada dar-se-á no 
silêncio da lei, tendo em vista que, como descreve Mougenot:
É aquela promovida pelo Ministério Público sem que haja a 
necessidade de manifestação de vontade de terceira pessoa 
(representação do ofendido ou requisição do Ministro da 
Justiça) para sua propositura.
No silêncio da lei, a ação penal pública será incondicionada. 
Vale dizer, a regra em nosso direito é que a ação penal pública 
não depende da manifestação de terceiros. A exigência 
de prévia manifestação, portanto, somente existirá se for 
expressamente prevista em lei, por meio de expressões como, 
“somente se procede mediante representação”, ou “somente 
se procede mediante requisição do Ministro da Justiça”.
Se a lei nada prevê, o Ministério Público, convencendo-se da 
prática de crime, ajuizará a ação ex officio, oferecendo a denúncia.
Há, porém, outro, critério para determinar o caráter público 
Chama-se denúncia 
a peça que inicia a 
ação penal pública 
incondicionada, 
sendo esta 
privativamente 
oferecida por 
membro do 
Ministério Público
120
 Direito Processual Penal 
da ação penal. Se o delito for perpetrado em detrimento do 
patrimônio ou interesse dos entes políticos (União, Estados- 
Membros, Distrito Federal ou Municípios) a ação penal, 
conquanto originariamente privada, será pública (art. 24,§ 2º, 
do CPP) (MOUGENOT, 2011, p. 206).
O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será 
de cinco (cinco) dias, contado da data em que o órgão do Ministério 
Público receber os autos do inquérito policial. Se o réu estiver solto ou 
afiançado,	o	prazo	para	oferecimento	da	denúncia	passa	a	ser	de	15	
(quinze) dias.
Resumindo, podemos ressaltar que a ação pública incondicionada: 
É aquela promovida pelo Ministério Público sem a necessidade 
de vontade de terceira pessoa (representação do ofendido ou 
requisição do Ministro da Justiça) para sua propositura.
Dispõe o art. 24,§ 2º, do CPP, que, nos crimes praticados 
em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estados e 
Municípios, a ação será sempre pública.
Por ser essa espécie de ação penal a regra em nosso direito, 
sempre que houver silêncio da lei, omitidas as expressões, somente 
se procede mediante representação. Ou somentese procede 
mediante requisição do Ministro da Justiça, ou ainda, somente se 
procede mediante queixa, estar-se-á diante de uma ação penal 
pública incondicionada.
Ação	Penal	Pública	
Condicionada
Há oportunidades em que o interesse do ofendido se sobrepõe ao 
interesse público na repressão do crime. Geralmente, nesses casos, o 
processo pode acarretar maiores danos ao ofendido do que aqueles 
resultantes do crime. 
Vê-se, no entanto que a ação penal pública incondicionada é aquela 
O prazo para 
oferecimento da 
denúncia, estando 
o réu preso, será de 
cinco (cinco) dias, 
contado da data 
em que o órgão do 
Ministério Público 
receber os autos do 
inquérito policial.
Vê-se, no entanto 
que a ação 
penal pública 
incondicionada 
é aquela que se 
subordina a uma 
condição. Essa 
tanto pode ser 
a manifestação 
de vontade do 
ofendido ou de seu 
representante legal 
– representação 
– como também 
a requisição do 
Ministro da Justiça.
121
Ação Penal Capítulo 4 
que se subordina a uma condição. Essa tanto pode ser a manifestação de vontade 
do ofendido ou de seu representante legal – representação – como também a 
requisição do Ministro da Justiça. Observa-se que, nesses casos, a ação penal 
continua sendo pública exclusiva do MP, cuja atividade está totalmente disciplinada 
a uma daquelas condições (CPP, art. 24; CP, art. 100, § 1º).
Neste viés, como apregoa Mougenot:
Em determinados casos, a lei sujeitará expressamente (art. 24, 
caput, do Código de Processo Penal e art. 100, § 1º, do Código 
Penal) a propositura da ação penal pública ao implemento de 
uma condição, qual seja, a representação do ofendido (ou de 
quem o represente), ou a requisição do Ministro da Justiça. 
A natureza da manifestação de vontade que condiciona o 
ajuizamento da ação penal é controvertida. A doutrina ora 
a	 classifica	 como	 condição	 suspensiva	 de	 procedibilidade,	
ora como condição objetiva de punibilidade, o mesmo como 
condição de procedibilidade.
O entendimento majoritário, entretanto, é no sentido de 
que a representação e a requisição do Ministério da Justiça 
constituem instituto processual e não material. (MOUGENOT, 
2011, p. 207).
Por ser uma exceção à regra de que todo o crime se processa mediante 
ação pública incondicionada, os casos sujeitos à representação ou requisição 
encontram-se explícitos em lei. Confere o Estado, assim, à vítima do crime, ou 
a seu representante legal, a faculdade de expressar seu desejo, ou não, de ver 
iniciada a ação penal contra o criminoso.
Esse desejo da vítima é manifestado através da representação, autorizando 
o Ministério Público a iniciar a persecução penal, como se vislumbra da lição de 
Tourinho Filho:
É a manifestação de vontade do ofendido ou de quem 
legalmente o represente, no sentido de ser instaurado o 
processo contra o seu ofensor. O art. 24 do CPP, do Estatuto 
Processual Penal esclarece quem pode fazer a 
representação: o ofendido, ou quem legalmente 
o represente. A representação deverá conter as 
necessárias informações, possibilitando, assim, a 
apuração do fato. Bem claro é o § 2º do art. 39 do 
CPC (TOURINHO FILHO, 2011, p. 414).
Representação, portanto, é o ato através do qual o ofendido ou 
seu representante legal expressam a vontade de que a ação penal 
seja instaurada.
O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou 
Representação, 
portanto, é o ato 
através do qual o 
ofendido ou seu 
representante 
legal expressam a 
vontade de que a 
ação penal 
seja instaurada.
122
 Direito Processual Penal 
por procurador com poderes especiais, mediante declarações, escritas ou orais, 
feitas ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. Ademais, 
pontua Mougenot:
O que a lei chama de representação nada mais é do que a 
manifestação de consentimento no sentido de que o Ministério 
Público possa proceder ao ajuizamento da ação penal (ou 
de que a polícia judiciária possa proceder à instauração de 
inquérito policial), nos termos do art. 5º, § 4º, do Código de 
Processo Penal. A representação somente é necessária 
quando a lei determina expressamente o ajuizamento da ação 
penal é a ela condicionada. O crime de ameaça, previsto no 
art. 147 do Código Penal, é um exemplo de delito de ação 
penal pública condicionada à representação. O parágrafo único 
do referido dispositivo estabelece que: “Somente se procede 
mediante representação” (MOUGENOT, 2011, p. 207).
O direito de representação deve ser exercido pelo ofendido, ou seu 
representante legal, dentro do prazo de 06 (seis) meses, contado da data em que 
vier a saber quem é o autor do crime, sob pena de decadência.
No caso de ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da 
Justiça, não obstante o crime atingir um bem de natureza pública, por motivos 
políticos, a lei confere a ele a análise da conveniência de se iniciar a ação penal. 
Existem apenas dois casos no Código Penal em que a ação penal pública é 
condicionada à requisição do Ministro da Justiça: art., § 3°, b, e art. 145, 
parágrafo único.
A ação penal pública condicionada ocorre quando a lei 
expressamente declarar que a ação penal somente se procederá 
mediante representação do ofendido ou requisição do Ministro 
da Justiça. Tanto a representação quanto a requisição do Ministro 
da Justiça apenas autorizam, não obrigando o Ministério Público 
a promover a ação penal, vez que há outros elementos a serem 
apreciados pelo promotor. 
Representação – é a manifestação de vontade do ofendido ou 
de seu representante legal, no sentido de que tem interesse em ver 
punido o autor do crime. 
123
Ação Penal Capítulo 4 
Ação	Penal	Privada		
A ação penal privada tem lugar quando o Estado transfere 
ao particular o direito de acusar, preservando para si o direito de 
punir. Nesse caso, o interesse do particular, ofendido pelo crime, se 
sobrepõe ao interesse público, que também existe. Ocorre, assim, 
verdadeira hipótese de substituição processual, em que o particular 
defende interesse alheio (interesse público na repressão dos delitos) 
em nome próprio.
Pode ocorrer, no entanto, que o delito ora cometido ofenda 
um bem jurídico da intimidade profunda do sujeito passivo. Por conseguinte, o 
Estado vê por bem que o sujeito passivo ou seu representante legal é o individuo 
que tenha a devida iniciativa para a instauração do procedimento policial e do 
processo penal, permitindo o ingresso da ação penal privada.
Assim,	verifica-se	que	determinadas	objetividades	jurídicas	de	delitos	fazem	
com que o Estado guarde para si a iniciativa da ação penal, tal a relevância que 
estas apresentam. Neste evento estamos diante da ação penal pública. Em outros 
casos, o Estado reserva ao ofendido a iniciativa do procedimento policial e da 
respectiva ação penal. Nesta circunstância estamos frente à ação penal privada.
Espécies	da	Ação	Penal	Privada
Denílson Feitoza (2010) fundamenta que a ação penal de iniciativa privada 
também pode ser denominada ação processual penal condenatória de iniciativa 
privada ou, como é mais conhecida e utilizada, ação penal privada. 
No entender de Feitoza, tem-se:
No caso da ação penal privada exclusiva ou personalíssima, 
fez-se o mesmo fundamento da ação penal pública 
condicionada à representação. Assim, varias razões são 
apontadas pela doutrina como fundamento político; a) evitar-
se o strepitus judicii ou strepitus processus (escândalo do 
processo), ou seja, evitar que o processo penal cause maior 
mau à vítima do que ao próprio acusado; b) a infração penal 
afeta imediatamente o interesse particular e mediatamente o 
interesse	geral;	c)	dificuldade,	em	certos	casos,	de	se	colher	a	
prova sem a colaboração da vítima. Entretanto, o Estado não 
se limita a estabelecer uma mera condição de procedibilidade, 
que é a representação, mas deixando a legitimidade de agir 
com o Ministério Público, que propõe a ação penal segundo 
A ação penal 
privada tem lugar 
quando o Estado 
transfereao 
particular o direito de 
acusar, preservando 
para si o direito 
de punir.
124
 Direito Processual Penal 
um juízo de legalidade (princípio da obrigatoriedade). Dessa 
vez, entrega a própria legitimidade de agir a um particular 
(normalmente o ofendido da infração penal), que poderá 
propor ou não a ação penal privada segundo um juízo de 
conveniência ou oportunidade (princípio da oportunidade) 
(FEITOZA, 2010, p.287).
Observa-se que de acordo com a circunstância a qual enseja a 
determinação, sempre excepcional, da titularidade da ação penal a um 
particular,	a	ação	penal	privada	pode	ser	classificada	sob	dois	gêneros	
diversos: a ação penal exclusiva, que tem ainda como subespécie, a 
ação penal privada personalíssima, e a ação penal privada subsidiária.
Ação	Penal	Privada	Exclusiva		
A ação penal privada exclusiva, também chamada de ação privada 
propriamente dita ou ação privada principal, é aquela que deve somente ser 
proposta pelo ofendido ou por quem legalmente o represente para a persecução 
de	determinados	crimes,	cuja	apuração	e	julgamento	ficam	sujeitos,	por	expressa	
obrigação legal, à exclusiva iniciativa do ofendido.
Aplicável quando a lei determina que a ação deva ser proposta 
mediante	queixa,	mas	não	especifica	um	caráter	personalíssimo,	nem	
mesmo condiciona sua propositura à falta de ação do Ministério Público 
em ajuizar ação penal pública.
Denomina-se queixa-crime a peça através da qual se inicia a ação 
penal privada. Não se confunde a queixa-crime, é bom lembrar, com 
a notitia criminis, que é o ato através do qual qualquer pessoa noticia 
a ocorrência de uma infração penal, seja à autoridade policial ou 
judiciária, seja ao Ministério Público.
Em caso de morte do ofendido, ou quando declarado ausente por decisão 
judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, 
ascendente, descendente ou irmão.
Isto posto, vislumbra-se na lição de Feitoza em Direito Processual Penal – 
Teoria Crítica e Práxis: “A ação penal exclusivamente privada é a que pode ser 
proposta pelo ofendido ou por seu representante legal, ou, no caso de morte do 
ofendido ou de sua ausência declarada judicialmente, pelos seus sucessores 
processuais” (FEITOZA, 2010, p. 287).
A ação penal 
exclusiva, que 
tem ainda como 
subespécie, a 
ação penal privada 
personalíssima, e a 
ação penal privada 
subsidiária.
Aplicável quando 
a lei determina 
que a ação deva 
ser proposta 
mediante queixa, 
mas não especifica 
um caráter 
personalíssimo.
125
Ação Penal Capítulo 4 
A queixa-crime deverá revestir-se sempre da forma escrita, 
devendo ser elaborada e subscrita por advogado. Deverá conter 
a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a 
qualificação	 do	 acusado	 ou	 esclarecimentos	 pelos	 quais	 se	 possa	
identificá-lo,	a	classificação	do	crime	e,	quando	necessário,	o	rol	das	
testemunhas. Se a parte for pobre, na acepção jurídica do termo (não 
puder prover as despesas processuais sem privar-se dos recursos 
indispensáveis à manutenção própria ou da família), o juiz nomeará 
advogado para promover a ação penal.
O prazo para o exercício do direito de queixa é de 6 (seis) meses, contado 
da data em que vier o ofendido a saber quem é o autor do crime, sob pena de 
decadência. O Ministério Público poderá aditar a queixa-crime, intervindo em 
todos os termos subsequentes do processo.
Ação	Penal	Privada	Subsidiária				
A ação penal subsidiária da pública é aquela proposta pelo ofendido 
ou por seu representante legal nos crimes de ação pública, se esta não 
for impetrada pelo Ministério Público no prazo legal determinado. 
O Ministério Público deve oferecer denúncia, estando o réu 
preso, em 5 (cinco) dias, e estando o réu solto, em 15 (quinze) dias. 
Tais prazos constituem a regra, havendo algumas exceções na 
legislação extravagante.
Caso o Ministério Público não observe os prazos para 
oferecimento da denúncia, para requerer alguma diligência ou para 
oferecer arquivamento, não obstante a ação penal ser de iniciativa 
pública incondicionada poderá o ofendido ou seu representante legal intentar a 
ação penal privada subsidiária, através da queixa-crime.
O prazo para oferecimento da queixa-crime, nesse caso, será de 6 (seis) 
meses, contado da data em que se esgotar o prazo para manifestação do 
Ministério Público (denúncia, arquivamento ou diligência).
 A ação penal 
subsidiária da 
pública é aquela 
proposta pelo 
ofendido ou por seu 
representante legal 
nos crimes de ação 
pública, se esta não 
for impetrada pelo 
Ministério Público 
no prazo legal 
determinado.
A queixa-crime 
deverá revestir-se 
sempre da forma 
escrita, devendo 
ser elaborada 
e subscrita por 
advogado.
126
 Direito Processual Penal 
Ação	Penal	Privada	Personalíssima
Ação penal privada personalíssima só pode ser promovida pelo 
ofendido. Como consequência deste cenário, sua titularidade é atribuída 
única e exclusivamente ao ofendido, sendo o seu exercício vedado até 
mesmo ao seu representante legal, inexistindo sucessão por morte ou 
ausência. Pontua Capez:
Assim, falecendo o ofendido, nada há que se fazer a não ser 
aguardar a extinção da punibilidade do agente. É, como se 
vê, um direito personalíssimo e intransmissível. Inaplicáveis, 
portanto, os arts. 31 e 34 do Código de Processo Penal. Há 
entre nós apenas um caso dessa espécie de ação penal: 
crime de induzimento a erro essencial ou ocultação de 
impedimento, previsto no Código Penal, art. 236, § único. O 
crime de adultério, revogado pela lei n. 11.106/2005, também 
estava sujeito a essa espécie de ação penal. 
No caso de ofendido incapaz, seja em virtude de pouca idade, 
seja em razão de enfermidade mental, a queixa não poderá ser 
exercida, haja vista a incapacidade processual do ofendido e 
a impossibilidade de o direito ser manejado por representante 
legal ou por curador especial nomeado pelo juiz. Resta ao 
ofendido apenas aguardar a cessação da sua incapacidade 
(Capez, 2011, p.183).
Verifica-se	que	o	falecimento	do	ofendido	provocará	a	extinção	da	punibilidade	
do ofensor. Logo, se o ofendido for incapaz, o direito de promover a ação, também 
não será transmissível aos seus representantes. A única medida a ser tomada 
para remediar tal necessidade será a de aguardar a cessação da incapacidade 
para, aí sim, ingressar com a queixa-crime.
Com base nos conhecimentos ora já adquiridos em Processo 
Penal, em Direito Penal, na Constituição Federal, o pós-graduando 
deverá: 
1ª Tarefa:	identificar	o	problema	elencado	no	texto	e	solucioná-
lo por meio da ação correta.
2ª Tarefa: elaborar a peça processual correta, conforme requer 
o texto. 
Correndo de um lado para o outro e sem saber o que fazer, 
Ação penal privada 
personalíssima 
só pode ser 
promovida pelo 
ofendido. Como 
consequência 
deste cenário, 
sua titularidade é 
atribuída única e 
exclusivamente 
ao ofendido, 
sendo o seu 
exercício vedado 
até mesmo ao 
seu representante 
legal, inexistindo 
sucessão por morte 
ou ausência.
127
Ação Penal Capítulo 4 
Herculano ia em direção ao rio Sapucanga, um Município com 
apenas 10.000 habitantes, sendo a maioria deles de origem alemã. 
Como se sabe, a violência atualmente está em todos os lugares e 
cada um deve cuidar de si. 
Naquele dia chovia muito. O rio transbordou e o céu parecia 
escurecer. Não se sabe ao certo aonde ia Herculano, mas parece 
que queria atravessar o rio, embora estivesse muito apressado.
A cidade continuava deserta. Chuviscava. Devia ser mais ou 
menos 17 horas do dia 28 de agosto. Dia de Santa Clarinda. Nesse 
dia, como de costume, todos se recolhem mais cedo. Poucos 
andam na rua, pois dá azar. A igreja não abriu naquele dia e o bar 
do Neco, de propriedade de Toninho Bebum, localizado na Rua das 
Laranjeiras, ainda estava aberto. Essa rua infelizmente já foi palco de 
muitas tragédias, pois nela, em frente ao nº 122, já morreu Amim, um 
pistoleiro sem religião.Não se sabe ao certo o que aconteceu, mas muitas desgraças 
vêm acompanhadas de outros infortúnios, como é o caso de 
Valéria, uma mulher que morava sozinha e foi assassinada num 
domingo. Não tinha sucessores. No horário acima referido, o bar 
do Toninho Bebum ia ser fechado, quando Crô, o latoeiro, veio 
em direção a Herculano e, sem nada a dizer, desferiu-lhe duas 
pauladas na cabeça, derrubando-o e lesionando-o gravemente. 
Como é do conhecimento de todos, o Estado pouco tem feito para 
amenizar a violência.
Foi feito o inquérito policial. O Ministério Público não denunciou 
no	 prazo	 legal.	 O	 Estado	 é	 omisso.	 As	 leis	 são	 ineficazes	 e	 as	
pessoas	 se	 brutalizam.	 Quem	 viu	 a	 ação	 de	 Crô	 foi	 Pererão,	 o	
catador de papelão, e Maria Tereza, uma mulher de vida fácil para 
uns e difícil para outros. 
Foi muita tristeza na casa alugada onde morava Herculano. No 
hospital,	que	fica	a	80	quilômetros,	 já	na	cidade	de	Caieira	do	Sul,	
só tem um médico e este disse que Herculano foi salvo pela mão de 
Deus, embora perdesse a memória por dois dias. Sofreu muita dor e 
teve traumatismo craniano, mas recuperou-se em quinze dias.
1ª Tarefa: identificar	o	problema	elencado	no	texto	e	solucioná-
lo por meio da ação correta.
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 Direito Processual Penal 
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2ª Tarefa: elabore a peça processual correta, conforme requer 
o texto. 
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Ação Penal Capítulo 4 
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Ação	Civil	Ex	Delicto
 
A ação civil ex delicto é proposta no juízo civil pelo ofendido, seu 
representante	 legal	 ou	 seus	 herdeiros,	 a	 fim	 de	 obter	 a	 reparação	
do dano provocado pela infração penal cometida. Abrange tanto o 
ressarcimento do dano patrimonial como a reparação do dano moral. 
O art. 186 do Código Civil brasileiro dispõe que “aquele que, por 
ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência violar o direito 
e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato 
ilícito”. Por sua vez observa-se que a redação do art. 927 do mesmo 
Estatuto declara em favor deste “aquele que, por ato ilícito (arts, 186 e 
187,),	causar	dano	a	outrem,	fica	obrigado	a	repará-lo”.	
Afirma-se,	 conquanto	 independentes	 as	 áreas	 civil	 e	 criminal,	 que	 quando	
do ilícito penal resultar prejuízos de ordem material para a vítima, seus herdeiros, 
dependentes	ou	para	terceiros	estará	confirmado	o	dever	de	indenizar.	Observa-
se, que por esta razão o Código Penal prevê como efeito genérico e automático, 
isto é, não depende de referência expressa na sentença de toda e qualquer 
condenação criminal, tornar certa a reparação de reparar o dano. 
Neste sentido o art. 63 do CPP assegura à vítima, ao seu representante legal 
ou aos seus herdeiros o direito de executar no civil a sentença penal condenatória 
transitada em julgado. 
Do tracejado, vislumbra se que a condenação penal (imutável) faz coisa 
julgada também no cível para efeito de reparação do dano ex delicto, impedindo 
que o autor do fato renove nesta instância a discussão do que foi decidido no 
A ação civil ex 
delicto é proposta 
no juízo civil pelo 
ofendido, seu 
representante legal 
ou seus herdeiros, 
a fim de obter a 
reparação do dano 
provocado pela 
infração penal 
cometida.
130
 Direito Processual Penal 
crime. Por sua vez, a sentença penal condenatória transitada em julgado funciona 
como título executivo judicial no juízo cível, possibilitando, dessa forma, ao 
ofendido obter a reparação do prejuízo sem a necessidade de propor a ação civil 
de conhecimento.
Observa-se que a ação civil ex delicto em nada se distingue das 
demais ações cíveis indenizatórias. Trata-se essencialmente de ação 
civil, em que sua única vinculação com o juízo penal decorrerá da 
circunstância de que a causa de pedir de ambas as ações será um 
mesmo fato, pois além de constituir ilícito civil, também constituirá 
delito penal.
Conceito	de	Ação	Civil Ex Delicto
Conforme Mougenot (2011), ação civil “ex delicto” é aquela “proposta 
no juízo cível pelo ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros para 
obter a reparação do dano provocado pela infração penal. Abrange tanto o 
ressarcimento do dano patrimonial (dano emergente e lucro cessante) como 
a reparação do dano moral”. 
Figura 12- Sistemas de Reparação de Dano
Fonte: Os autores. 
O Brasil adota o sistema da separação ou da independência, e nele se 
dividem os juízos penais e civis, portanto as ações deverão ser propostas 
separadamente perante os respectivos juízos competentes. Ao juízo criminal 
caberá,	além	de	decidir	a	lide	penal,	acolhendo	ou	não	a	pretensão	punitiva,	fixar,	
em caso de condenação, um valor mínimo para a reparação dos danos causados 
pela infração penal, considerando os prejuízos do ofendido.
Observa-se que 
a ação civil ex 
delicto em nada 
se distingue das 
demais ações cíveis 
indenizatórias.
Sistema da Confusão
Sistema da Solidariedade
Sistema da Separação ou 
da independência
Sistemas de Reparação do Dano 
Oriundo de Infração Penal
131
Ação Penal Capítulo 4 
Como se vê, o Brasil adota o último sistema, mas não de forma 
absoluta. Pode-se dizer que o Brasil adota o Sistema da separação 
ou independência mitigado, uma vez que a separação, como se verá 
abaixo, não é completa,havendo pontos de convergência entre os 
juízos civil e penal (chamados efeitos transcendentes). Além, disso 
há que atentar para a existência de exceções na legislação brasileira, 
nas quais as pretensões indenizatórias podem ter lugar no bojo do 
Processo Penal (v.g. multa reparatória no CTB; composição civil de 
danos na Lei nº 9099/95). 
Atividade de Estudos: 
Pesquisar é uma maneira inteligente de estudar e aprender, 
não se trata de descobrir uma porção de trechos de livros e copiar 
uns depois dos outros. Para que a pesquisa cumpra seu papel, ela 
não deve só somar conhecimentos, mas multiplicá-los. Você deve 
acabar sua pesquisa compreendendo o assunto trabalhado. Agora 
é sua vez:
1) Ciente de que é possível que a vítima ingresse independentemente 
com ação de conhecimento, mesmo antes da condenação 
criminal transitada em julgado, suponha-se que nessa situação 
decorra,	antes	do	final	do	processo	civil	respectivo,	a	condenação	
transitada em julgado no campo criminal. O que deve fazer o juiz 
civil ante essa informação?
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132
 Direito Processual Penal 
2) Como	fica	o	caso	de	sentença	concessiva	de	Perdão	Judicial?	
Ela	também	perfaz	título	executivo	judicial	contra	o	réu?
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3) Numere as colunas: 
(a) Da redação do dispositivo supra já se conclui que tanto os 
crimes dolosos como culposos comportam indenização de danos 
materiais ou morais, já que constituem ato ilícito, no caso, penal.
(b) Esse efeito é genérico (o que quer dizer que vale para toda 
e qualquer condenação criminal) e automático (o que quer 
dizer que não necessita de menção na sentença condenatória, 
decorrendo dela automaticamente).
(c) A sentença condenatória criminal transitada em julgado é título 
executivo	 judicial	no	cível	para	fins	de	 indenização	por	ato	 ilícito.	
No entanto, tal título, embora certo e exigível, não é ainda líquido, 
necessitando ser realizada a chamada liquidação por artigos (art. 
475-A c/c 475-E, CPC) para estabelecer o valor da indenização do 
dano material ou moral, já que na sentença condenatória criminal, 
em regra, não são estabelecidos desde logo valores indenizatórios. 
(d) Portanto, faz-se necessário primeiro realizar a liquidação para 
depois promover a execução do título. Não obstante, não mais 
se discute o mérito da indenização, uma vez que a sentença 
condenatória criminal faz coisa julgada no cível, de modo que 
não é possível pretender renovar na instância civil o que já foi 
decidido na criminal.
(e) Nada impede, porém, que mesmo antes de terminado o Processo 
133
Ação Penal Capítulo 4 
– Crime, a vítima, seu representante legal ou herdeiros ingressem 
com ação de conhecimento no cível para obter indenização (art. 
64, “caput”, CPP). Nesse caso, não haverá ainda título executivo, 
como acima, tratando-se, como já dito, de um Processo de 
Conhecimento completo. Nesse processo poderá o juiz suspender 
o	feito	até	o	julgamento	criminal	definitivo	devido	à	existência	de	
certa relação de prejudicialidade entre as esferas civis e penais 
(Artigo 64, Parágrafo Único, CPP c/c 265, IV, “a” e § 5º, CPC).
(f) Nos casos de absolvição imprópria (decisão que reconhece a 
prática de ilícito penal, mas absolve o agente por inimputabilidade, 
impondo-lhe apenas medida de segurança), não se constitui título 
executivo judicial. 
(g) Nos casos de ato infracional, o ECA (Lei 8069/90), em seu artigo 
116,	estabelece:	“Em	se	tratando	de	ato	infracional	com	reflexos	
patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que 
o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, 
ou, por outra forma compense o prejuízo da vítima”. 
( ) Artigo 91, I, CP – estabelece como efeito genérico e automático 
da condenação criminal tornar certa a obrigação de reparar o 
dano.
( ) Atentar para o fato de que o artigo 63, CPP, somente menciona 
“condenação transitada em julgado” (“Transitada em julgado 
à sentença condenatória [...]”). Então, nesses casos, para a 
obtenção de indenização, far-se-á necessário o respectivo 
processo de conhecimento na seara cível.
( ) Art. 186, CC – “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, 
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, 
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
( ) Artigo 63, CPP – Assegura à vítima, ao seu representante legal ou 
aos seus herdeiros o direito de executar no cível a sentença penal 
condenatória transitada em julgado e Artigo 475-N, CPC – “São 
títulos executivos judiciais: II – A sentença penal condenatória 
transitada em julgado”. 
( ) Essa suspensão não pode exceder a um ano. Se exceder, o 
processo deve seguir normalmente (vide § 5º, do art. 265, CPC); 
entende parte da doutrina que a menção à suspensão do processo 
134
 Direito Processual Penal 
civil na pendência do processo penal sobre o mesmo fato não 
é mera faculdade do juiz (verbo – “poderá” – art. 64, Parágrafo 
Único, CPP), mas sua obrigação, tendo em vista a conjugação do 
dispositivo do CPP acima mencionado com o artigo 265, IV, “a”, 
CPC, cuja redação é imperativa (“suspende-se o processo”).
( ) Nesses casos também não haverá título executivo judicial, 
necessitando-se de processo de conhecimento no cível. 
Normalmente, responderá o patrimônio dos pais ou responsáveis 
pelo menor (art. 932, I e II, CC). O menor somente responderá 
patrimonialmente se tiver patrimônio capaz de arcar com a 
obrigação e não o tiverem seus responsáveis (artigo 928, CC) 
(vide José de Farias Tavares – Comentários à ECA – 2ª ed.- Ed. 
Forense – 1997, p. 99). Entende Paulo Lúcio Nogueira (ECA 
Comentado – Saraiva – 1991, p. 150), que o Juiz da Infância e 
Adolescência não pode compelir o menor à reparação, mas pode 
formular um acordo e homologar. Nesse caso, tal acordo serviria 
de título executivo judicial no cível. Caso não haja tal acordo 
homologado, seria necessária a via do processo de conhecimento 
no cível, conforme acima consignado.
A competência refere-se à demarcação da área de atuação de cada 
juiz.	Em	regra,	a	competência	se	fixa	pelo	lugar	em	que	se	consumar	
a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado 
o último ato de execução (art. 70 do CPP). Portanto, competência é 
a medida ou o limite da jurisdição. Representa, contudo, a fração do 
poder jurisdicional que é conferido a cada órgão investido de jurisdição.
A atual legislação descrita pelo princípio da improrrogabilidade 
da jurisdição mostra-nos que a mesma é limitada pelo território local. 
Segundo os ensinamentos de Mirabete (2004), o mesmo traça o 
seguinte conceito: que a medida é o limite da jurisdição e a delimitação 
do poder jurisdicional.
Porém essa medida e limitação de poder não são relevantes 
somente ao território. Há vários outros elementos que fazem com que 
um juízo seja ou não competente para aquele ato.
De acordo com os ensinamentos de Greco Filho (1999), a 
competência é, na verdade, o poder de fazer atuar a jurisdição quetem 
um	órgão	jurisdicional	diante	de	um	caso	real.	E	verifica-se	que	esse	
A competência 
refere-se à 
demarcação da 
área de atuação 
de cada juiz.
De acordo com os 
ensinamentos de 
Greco Filho (1999), 
a competência 
é, na verdade, o 
poder de fazer 
atuar a jurisdição 
que tem um órgão 
jurisdicional diante 
de um caso real.
135
Ação Penal Capítulo 4 
poder decorre de uma delimitação prévia, constitucional e legal, determinada 
segundo critérios de especialização da justiça, distribuição territorial e divisão 
de serviço.
Atividade de Estudos: 
1)	 Como	é	determinada	a	competência?
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2)	 O	que	determina	a	competência	pelo	lugar	da	infração?
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A competência pode ser absoluta, quando a lei não admite sua prorrogação, 
isto	é,	nos	casos	de	competência	firmada	em	razão	da	matéria	da	prerrogativa	de	
função, ou relativa, quando se admite a prorrogação, caso esta não seja invocada 
em tempo hábil. 
Para Lucchini (1908), a competência vem a ser a medida da jurisdição, 
136
 Direito Processual Penal 
distribuída entre os vários magistrados que compõem organicamente o poder 
judiciário do Estado. Segundo Altavilla (1935, p.87), “é o poder que o juiz tem 
de	 exercer	 a	 jurisdição	 sobre	 determinado	 conflito	 de	 interesses,	 surgido	 entre	
o Estado e o individuo pela execução de um crime ou contravenção penal.” 
Para Eduardo Espinola Filho, a competência vem a ser a porção de capacidade 
jurisdicional que a organização judiciária atribui a cada órgão jurisdicional, a cada 
juiz (ALTAVILLA, 1935, p.87 apud CAPEZ, 2011, p. 252).
O código de processo penal contém, em seu art. 69, os critérios para a 
determinação da competência em âmbito penal:
a) o lugar da infração; 
b) o domicílio ou residência do réu; 
c) a natureza da infração;
d) a distribuição;
e) a conexão ou continência; 
f) a prevenção; 
g) a prerrogativa de função.
Atividade de Estudos: 
1) A execução, iniciando-se em território brasileiro e o resultado 
ocorrendo	fora	dele,	qual	o	foro	competente?	E	se	a	execução	se	
iniciar	fora	do	território	brasileiro	e	o	resultado	ocorrer	no	Brasil?
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137
Ação Penal Capítulo 4 
E no que se refere à doutrina, a mesma enumera os seguintes critérios 
determinantes. Analogamente ensina Mougenot (2011), no que se refere a estes 
critérios:
a) Natureza da infração – estabelecida pela Constituição, a qual sujeita os crimes 
dolosos contra a vida, ao julgamento do Tribunal do Júri – art. 5º, XXXVIII, e 
pelas leis de organização judiciária.
A natureza do direito material que rege a relação jurídica 
delimita o que se conhece por competência ratione materiae, 
ou seja, determinada em razão da natureza do direito material 
que rege a relação jurídica levada ao conhecimento do órgão 
jurisdicional. No âmbito constitucional, o critério ratione 
materiae é adotado para estabelecer a competência dos 
diversos órgãos em que se divide o Poder Judiciário (servindo 
de critério, por exemplo, para atribuição da competência das 
chamadas Justiças Especiais, que serão elaboradas em 
detalhe	 adiante).	 	 Especificamente	 no	 que	 diz	 respeito	 ao	
direito processual penal, a competência pode, também, ser 
determinada por certas características relativas ao direito 
material incidente sobre os fatos apreciados. Fala-se, assim, 
na determinação de competência em razão da natureza da 
infração (MOUGENOT, 2011, p.253).
b) Cargo ocupado pelo acusado ou função por ele exercida, dando origem ao 
chamado foro por prerrogativa de função ou foro privilegiado. 
O critério ratione personae é utilizado, por exemplo, para 
a determinação de algumas hipóteses em que serão 
competentes as justiças estaduais, casos esses que serão 
abordados em detalhe adiante. Também é esse o critério 
adotado nos casos em que estabelece a competência por 
prerrogativa de função (vulgarmente, foro privilegiado), 
segundo o qual a competência para o julgamento de certas 
causas	é,	excepcionalmente,	originária	de	um	tribunal,	ficando	
afastada, destarte, a atuação dos órgãos julgadores que 
atuam na primeira instância (MOUGENOT, 2011, p.254).
 
c) Território, seja do local da infração, seja do lugar do domicílio ou residência do réu.
Como dito, o poder jurisdicional do Estado é 
uno. A jurisdição pode ser exercida em todo o 
território nacional. Entretanto. Os casos que se 
apresentam ao Poder Judiciário (ou aos outros 
órgãos jurisdicionais) somente poderão ser 
julgados pelos órgãos situados nos locais que 
aguardem alguma relação com os fatos que os 
originam. Essa essência da competência em 
razão	do	território.	Para	sua	fixação,	ora	se	adota	
como critério o local em que os fatos ocorreram, 
Não sendo 
conhecido o lugar 
da infração, fixa-se 
a competência 
pelo domicílio ou 
residência do réu 
(art. 2° do CPP).
138
 Direito Processual Penal 
ora o local do domicílio ou residência do réu (MOUGENOT, 
2011, p.254).
Não	 sendo	 conhecido	 o	 lugar	 da	 infração,	 fixa-se	 a	 competência	 pelo	
domicílio ou residência do réu (art. 2° do CPP).
Atividade de Estudos: 
1) De quem é a competência quando o limite territorial entre duas ou 
mais	jurisdições	for	incerto?
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 ____________________________________________________
2) Sendo o local da infração não conhecido, qual a competência 
para	o	processamento	da	ação?
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 ___________________________________________________
 ___________________________________________________
Estabelece-se também a competência em razão da matéria, com 
atribuições	específicas	da	 Justiça	Estadual,	 Federal,	Eleitoral,	Militar	
ou Trabalhista.
Estabelece-
se também a 
competência em 
razão da matéria, 
com atribuições 
específicas da 
Justiça Estadual, 
Federal, Eleitoral, 
Militar ou 
Trabalhista.
139
Ação Penal Capítulo 4 
À Justiça Federal compete julgar os crimes praticados em detrimento de 
bens, serviços ou interesses da União, empresas públicas e suas entidades 
autárquicas. Excluem-se, porém, as contravenções, que são sempre julgadas 
pela Justiça Estadual, ainda que haja interesse da União (art. 109, IV, da CF) 
(Súmula 38 do STJ).
A Justiça Militar julga os crimes militares, assim considerados, em tempo de 
paz, os arrolados no art. 9° do COM (DL 1.001, de 21/10/69).
Quando,	na	mesma	comarca,	houver	mais	de	um	juiz	competente	para	o	mesmo	
processo,	a	competência	será	fixada	pela	distribuição,	geralmente	por	sorteio.
Atividade de Estudos: 
1)	 O	que	se	entende	por	competência	por	distribuição?
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
A competência por prerrogativa de função é aquela que abrange 
ocupantes de cargos públicos que, em razão da sua função, são 
processados em outras instâncias e mediante regras especiais. É 
o caso, do Presidente da República, Vice Presidente, Membros do 
Congresso Nacional, Ministros e Procurador Geral da República que, 
nas infrações penais comuns devem ser processados pelo Supremo 
Tribunal Federal.
A competência funcional é a que deriva das leis de organização 
judiciária, estabelecendo critérios de divisão de tarefas entre juízes do 
mesmo grau, ou de instâncias diferentes. É funcional, por exemplo, a 
competência atribuída a juízes de Varas Regionais ou Distritais.
Conexão	e	Continência	são	critérios	que	modificam	a	competência,	uma	vez	
que impõem o julgamento de mais infrações ou mais pessoas no mesmo processo 
em determinadas circunstâncias. Portanto, havendo conexão ou continência, 
julgam-se num só processo duas ou mais infrações.
A competência por 
prerrogativa de 
função é aquela que 
abrange ocupantes 
de cargos públicos 
que, em razão da 
sua função, são 
processados em 
outras instâncias 
e mediante regras 
especiais.
140
 Direito Processual Penal 
Por conexão, julgam-se no mesmo processo: 
• infrações praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por 
várias pessoas em concurso.
• infrações praticadas para facilitar ou para ocultar outras, ou ainda para 
conseguir impunidade, como na hipótese de homicídio e ocultação de cadáver.
• quando	a	prova	de	uma	infração	influir	na	prova	de	outra.
Por continência, julgam-se no mesmo processo:
• duas pessoas acusadas pela mesma infração.
• infrações praticadas em concurso formal, material e crime continuado.
Atividade de Estudos: 
1)	 O	 que	 se	 entende	 por	 competência	 por	 conexão?	 E	 por	
continência?
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Dá-se a conexão quando há dois ou mais delitos relacionados 
entre si no modo de execução (conexão material) ou nos meios de 
prova (conexão probatória).
A continência é uma espécie de conexão mais intensa, em que um 
fato encontra-se contido dentro de outro, de modo inseparável. Dá-se 
a continência na coautoria (art. 29 do CP), no concurso formal (art. 70 
do CP), no erro de execução (art. 73 do CP) e no resultado diverso do 
pretendido (art. 74 do CP).
Verifica-se	 a	 competência	 por	 prevenção	 “toda	 vez	 que,	
concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição 
cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do 
Dá-se a conexão 
quando há dois 
ou mais delitos 
relacionados 
entre si no modo 
de execução 
(conexão material) 
ou nos meios de 
prova (conexão 
probatória).
141
Ação Penal Capítulo 4 
processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da 
denúncia ou queixa” (art. 83 do CPP).
Este critério de competência considera competente o juiz que primeiro praticar 
algum ato ou medida relacionada ao processo, ainda que antes do oferecimento 
da denúncia ou queixa, nos termos do art. 83 do CPP.
Exemplo de competência por prevenção é o art. 71 do CPP: 
“Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em 
território	de	duas	ou	mais	jurisdições,	a	competência	firmar-se-á	pela	
prevenção”.
A competência, ainda, pode ser absoluta ou relativa. Absoluta, é a 
competência em razão da matéria, contudo a competência pelo lugar 
da infração é a relativa, que não anula o processo, se não houver 
arguição em tempo oportuno.
Classificação	da	Competência
• Pelo lugar da infração.
• Pelo domicílio ou residência do réu.
• Em razão da matéria.
• Por distribuição.
• Por prerrogativa de função.
• Funcional.
• Por conexão ou continência.
• Por prevenção.
• Absoluta.
• Relativa.
Conflito	de	Competência
Dá-se	 o	 conflito	 de	 competência	 quando	 duas	 ou	 mais	
autoridades se julgam competentes ou incompetentes para julgar 
o mesmo crime; quando dois ou mais juízes se considerarem 
competentes	 (conflito	 positivo)	 ou	 incompetentes	 (conflito	 negativo)	
para conhecer o mesmo fato. 
Dá-se o conflito 
de competência 
quando duas ou 
mais autoridades se 
julgam competentes 
ou incompetentes 
para julgar o 
mesmo crime.
Absoluta, é a 
competência 
em razão da 
matéria, contudo a 
competência pelo 
lugar da infração é 
a relativa, que não 
anula o processo, se 
não houver arguição 
em tempo oportuno.
142
 Direito Processual Penal 
O	conflito	 de	 competência	 pode	 ser	 levantado	pelo	 juiz,	 perante	o	 tribunal	
competente,	na	 forma	de	 representação.	Se	o	conflito	 for	negativo,	pode	o	 juiz	
suscitá-lo	nos	próprios	autos.	Se	positivo,	deve	o	conflito	subir	em	apartado.	O	
relator requisita informações, podendo determinar a suspensão do feito. Depois 
de	ouvido	o	Procurador-Geral	de	Justiça,	decide-se	o	conflito.
Mas	não	é	 só	o	 juiz	 que	pode	 levantar	 o	 conflito	 de	 competência.	A	parte	
interessada e o Ministério Público podem também requerer sobre a matéria 
diretamente perante o tribunal competente, em apartado (arts. 115 e 116 do CPP).
A incompetência, relativa e absoluta se resolve por meio da nulidade absoluta, 
abrangendo a incompetência em razão da infração ou material ou até mesmo 
da violação da competência funcional. A relativa, sendo territorial ou na falta na 
aplicação de regras, gera nulidade relativa e depende da prova do prejuízo. 
O	conflito	de	atribuições	é	aquele	que	se	dá	entre	duas	ou	mais	
autoridades administrativas. Ocorre entre o órgão de poder judiciário 
ou órgão de outro poder ou entre órgãos não jurisdicionais. Prevalece 
o	 entendimento	 de	 que	 o	 STF	 é	 competente	 para	 julgar	 conflito	 de	
atribuição entre Ministério Público Federal e dos Estados ou entre 
Ministério Público de um Estado e de outro (STF, Pet. 3, 631/SP, DJ, 
7/03/2008).
Já observamos, anteriormente que na Justiça Comum, Federal 
ou Estadual, a competênciaé delimitada, conforme a hipótese, pelo 
lugar da infração, pelo domicílio ou residência do réu, pela natureza da 
infração, pela distribuição, pela conexão ou continência, pela prevenção 
e pela prerrogativa de função. A seguir apresentamos um fragmento do 
Código de Processo Penal que apresenta este domínio legal. 
DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar 
em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar 
em que for praticado o último ato de execução.
§ 1 Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se 
consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar 
em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.
 O conflito de 
atribuições é 
aquele que se 
dá entre duas ou 
mais autoridades 
administrativas. 
Ocorre entre o 
órgão de poder 
judiciário ou órgão 
de outro poder ou 
entre órgãos não 
jurisdicionais.
143
Ação Penal Capítulo 4 
§ 2º	Quando	o	último	ato	de	execução	for	praticado	fora	do	território	
nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora 
parcialmente, tenha produzido ou devia produzir se resultado.
§	3º	Quando	incerto	o	limite	territorial	entre	duas	ou	mais	jurisdições,	
ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada 
ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência 
firmar-se-á	pela	prevenção.
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada 
em	território	de	duas	ou	mais	 jurisdições,	a	competência	firmar-
se-á pela prevenção.
DA COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO 
OU RESIDÊNCIA DO RÉU
 Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência 
regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu.
§	1º	Se	o	 réu	 tiver	mais	de	uma	 residência,	a	 competência	 firmar-
se-á pela prevenção.
§ 2º Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, 
será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato.
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá 
preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando 
conhecido o lugar da infração.
DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO
Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada 
pelas leis de organização judiciária, salvo a competência privativa do 
Tribunal do Júri.
§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos 
nos arts. 121, § 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 
e 127 do Código Penal, consumados ou tentados.
§	2º	Se,	iniciado	o	processo	perante	um	juiz,	houver	desclassificação	
para infração da competência de outro, a este será remetido o 
processo, salvo se mais graduada for a jurisdição do primeiro, 
que, em tal caso, terá sua competência prorrogada.
144
 Direito Processual Penal 
§	3º	Se	o	juiz	da	pronúncia	desclassificar	a	infração	para	outra	atribuída	
à competência de juiz singular, observar-se-á o disposto no art. 
410;	mas,	se	a	desclassificação	 for	 feita	pelo	próprio	Tribunal	do	
Júri, a seu presidente caberá proferir a sentença (art. 492, § 2º).
DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO
Art.	 75.	 A	 precedência	 da	 distribuição	 fixará	 a	 competência	
quando, na mesma circunscrição judiciária, houver mais de um juiz 
igualmente competente.
Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da 
concessão	de	 fiança	ou	da	 decretação	de	prisão	preventiva	 ou	 de	
qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da 
ação penal.
DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA
Art. 76. A competência será determinada pela conexão:
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido 
praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por 
várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou 
por várias pessoas, umas contra as outras;
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para 
facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou 
vantagem em relação a qualquer delas;
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas 
circunstâncias	elementares	influir	na	prova	de	outra	infração.
Art. 77. A competência será determinada pela continência 
quando:
I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;
II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos 
arts. 51, § 1º, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal.
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou 
continência, serão observadas as seguintes regras: 
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da 
jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri;
145
Ação Penal Capítulo 4 
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: 
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena 
mais grave; 
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número 
de infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade; 
c)	 firmar-se-á	a	competência	pela	prevenção,	nos	outros	casos;
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, 
predominará a de maior graduação; 
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, 
prevalecerá esta.
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de 
processo e julgamento, salvo:
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de 
menores.
§ 1º Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em 
relação a algum corréu, sobrevier o caso previsto no art. 152.
§ 2º A unidade do processo não importará a do julgamento, 
se houver corréu foragido que não possa ser julgado à revelia, ou 
ocorrer à hipótese do art. 461.
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as 
infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de 
lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados 
e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo 
relevante, o juiz reputar conveniente a separação.
Art.	 81.	 Verificada	 a	 reunião	 dos	 processos	 por	 conexão	 ou	
continência, ainda que no processo da sua competência própria venha 
o	juiz	ou	tribunal	a	proferir	sentença	absolutória	ou	que	desclassifique	
a infração para outra que não se inclua na sua competência, 
continuará competente em relação aos demais processos.
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência 
por	conexão	ou	continência,	o	juiz,	se	vier	a	desclassificar	a	infração	
146
 Direito Processual Penal 
ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a 
competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente.
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência forem 
instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição 
prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros 
juízes,	salvo	se	já	estiverem	com	sentença	definitiva.	Neste	caso,	a	
unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de 
soma	ou	de	unificação	das	penas.
DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO
Art.	 83.	 Verificar-se-á	 a	 competência	 por	 prevenção	 toda	 vez	
que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou 
com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na 
prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda 
que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 
3º, 71, 72, § 2º, e 78, II, c).
DA COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do 
Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos 
Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e 
do Distrito Federal, relativamente às pessoas que devam responder 
perante eles por crimes comuns e de responsabilidade. 
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem 
querelantes as pessoas que a Constituição sujeita à jurisdição do 
Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, àquele ou 
a estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida à exceção 
da verdade.
Art. 86. Ao Supremo TribunalFederal competirá, privativamente, 
processar e julgar:
I - os seus ministros, nos crimes comuns;
II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os do 
Presidente da República;
147
Ação Penal Capítulo 4 
III - o procurador-geral da República, os desembargadores 
dos Tribunais de Apelação, os ministros do Tribunal de Contas e os 
embaixadores e ministros diplomáticos, nos crimes comuns e de 
responsabilidade.
Art. 87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de Apelação 
o julgamento dos governadores ou interventores nos Estados 
ou Territórios, e prefeito do Distrito Federal, seus respectivos 
secretários e chefes de Polícia, juízes de instância inferior e órgãos 
do Ministério Público.
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território 
brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado onde houver 
por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, 
será competente o juízo da Capital da República.
Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas 
águas territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, 
bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão 
processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em 
que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do 
País, pela do último em que houver tocado.
Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, 
dentro do espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, ou 
ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espaço 
aéreo correspondente ao território nacional, serão processados e 
julgados	pela	 justiça	da	 comarca	em	cujo	 território	 se	 verificar	 o	
pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido 
a aeronave.
Art.	91.	Quando	incerta	e	não	se	determinar	de	acordo	com	as	
normas	estabelecidas	nos	arts.	 89	e	90,	 a	 competência	 se	 firmará	
pela prevenção.
FONTE: Mirabete, Código de Processo Penal, 2010.
148
 Direito Processual Penal 
Jurisdição
Jurisdição deriva do latim jurisdictio – ação de dizer o direito. A jurisdição 
é entendida como o poder do Estado de aplicar o direito objetivo a um caso 
concreto,	com	a	finalidade	de	restaurar	a	paz	social	muitas	vezes	abalada	pelo	
nascimento	do	 litígio,	por	meio	da	solução	 justa	dos	conflitos	de	 interesses	que	
surgem na sociedade.
Segundo	Mougenot,	o	termo	jurisdição	assume	significações	diversas:
a) Jurisdição como poder:
[...] a jurisdição é concebida primordialmente como poder, 
como não é a integralidade do poder do Estado, diz-se que a 
jurisdição é uma parcela do poder estatal e uma das formas 
de sua manifestação, pois este na verdade é uno e soberano. 
Conforme a ideia que o poder emana do povo, em favor do 
povo	deve	ser	exercido.	Pode-se	concluir	que	a	finalidade	do	
exercício	desse	poder	é	a	 imposição	de	solução	de	conflitos	
que se apresentam na sociedade ( MOUGENOT, 2011, p. 47).
Verifica-se	de	antemão	que	o	vocábulo	jurisdição	designa	o	próprio	
poder investido em determinada entidade para que a mesma possa, 
diante da sociedade, dizer com autoridade qual é o direito perante o 
caso concreto.
b) Jurisdição como atividade:
O exercício do poder de dizer o direito não se faz em apenas 
um	ato.	A	 resolução	útil	e	aceitável	de	um	conflito	 levado	ao	
poder judiciário - ou a outro órgão que excepcionalmente 
detenha parcela do poder jurisdiciona l- exigirá a prática de 
uma série de atos, indiretamente relacionados à determinação 
de qual norma jurídica aplicável ao caso e a imposição dessa 
decisão. Assim, o juiz, ao atuar em determinado processo, 
presidindo-o e conduzindo-o, exercendo o poder da jurisdição, 
praticará em nome do Estado uma série de atos. A esse 
conjunto de atos próprios que exerce a jurisdição, constitui a 
atividade jurisdicional (MOUGENOT, 2011, p.48)
Por ser a Jurisdição entendida como atividade do juiz, o qual tem por mister 
realizar os atos processuais e, por sua vez, impulsionar o processo adiante, na 
busca	de	um	provimento	final.
c) Jurisdição como função
A jurisdição é 
entendida como o 
poder do Estado 
de aplicar o direito 
objetivo a um 
caso concreto, 
com a finalidade 
de restaurar a 
paz social muitas 
vezes abalada 
pelo nascimento 
do litígio, por 
meio da solução 
justa dos conflitos 
de interesses 
que surgem na 
sociedade.
149
Ação Penal Capítulo 4 
[...] a jurisdição mais do que um poder, ou uma 
atividade,	 figura	 também	 como	 serviço	 que	
obrigatoriamente deve ser disponibilizado a 
sociedade, que tem, assim, por sua vez, também 
o poder de invocar a manifestação do poder 
judiciário, seja diretamente, seja por meio de 
órgão que a representem, como o MP. Assim a 
jurisdição é igualmente uma função organizada 
em	 torno	 da	 finalidade	 que	 é	 fornecer	 soluções	
aos	conflitos	sociais	(MOUGENOT,	2011,	p.48).
 Ao poder judiciário cabe o exercício essencial do poder 
jurisdicional, porém este não é exclusivo. Em alguns casos, o legislador conferiu 
parcela da jurisdição a outros órgãos que não fazem parte do quadro do judiciário. 
Como nos casos de crimes de responsabilidade atribuídos a determinados 
agentes públicos. Apresenta-se como uma dessas conjecturas o processo de 
impeachment do Presidente da República, de competência do Senado Federal 
(art. 52, I, § único, da Constituição Federal).
Insta salientar, também, a lei nº 9307, de 23 de setembro 1996 – Lei de 
Arbitragem, a qual tem como objetivo tratar de matéria extra penal, e prevê a 
possibilidade	das	partes	recorrerem	ao	 juízo	arbitral	para	a	solução	de	conflitos	
que não versem sobre direitos indisponíveis, valendo a sentença arbitral como 
titulo executivo judicial.
Elementos	da	Jurisdição
O poder jurisdicional compõe-se de uma série de poderes concretos do juiz, 
que lhe permitem interferir de maneira efetiva na esfera devida dos jurisdicionados, 
Assim nos ensina Mougenot (2011):
• Cognitio ou notio é o poder atribuído aos juízes de conhecer o processo.
Trata-se do poder atribuído ao juiz para que conheça o 
processo, isto é, determine a prática de atos que se oponham 
em contato com os fatos que compõem o litígio, para que possa 
aplicar o direito cabível a cada caso concreto, não só por meio 
da prolação de decisões de mérito, mas também exercendo 
o controle sobre a regularidade do processo, investigando 
a ocorrência dos pressupostos de existência da validade da 
relação processual, das condições de procedibilidade e das 
condições da ação (MOUGENOT, 2011, p. 49).
• Vocatio significa	 chamamento,	 diz	 respeito	 às	 pessoas	 que	 fazem	 parte	
do processo, sendo eles partes integrantes do processo ou testemunhas; é 
o poder de fazer comparecer em juízo as pessoas cuja presença revela-se 
necessária ao andamento feito. 
A jurisdição mais 
do que um poder, 
ou uma atividade, 
figura também 
como serviço que 
obrigatoriamente 
deve ser 
disponibilizado 
a sociedade.
150
 Direito Processual Penal 
• Coertio ou Coertitio é o poder de coação que o órgão jurisdicional possui 
quando houver algo que venha prejudicar o andamento processual; em 
síntese, é o poder de coação inerente ao processo, concretizado por meio da 
imposição	de	certas	medidas	que	conferem	eficácia	aos	provimentos	judiciais.
• Judicium consiste	 no	 poder	 de	 julgar	 determinando	 a	 qualificação	 jurídica	
dos fatos concretos a ele apresentados, de acordo com os mandamentos 
abstratos da lei.
• Executio, o poder de fazer cumprir as sentenças ou acórdãos proferidos 
jurisdicionalmente.
Princípios	
A	 atividade	 jurisdicional	 é	 informada	 por	 princípios	 próprios,	 específicos,	
que passamos a enumerar. Para seu maior aprendizado, pesquise, pois você irá 
encontrar muita coisa interessante. 
 
Atividade de Estudos: 
Pesquisar sobre: Princípios relativos à Jurisdição 
 
1) Anote tudo o que se refere à sua pesquisa. Use, de preferência, 
lápis em lugar decaneta, para poder corrigir quando errar! Anote 
tudo, inclusive os nomes de livros, sem esquecer-se de anotar as 
referências básicas.
a) Princípio do juiz natural
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151
Ação Penal Capítulo 4 
b) Princípio da Investidura 
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c) Princípio da Inércia 
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d) Princípio da Improrrogabilidade da jurisdição 
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e) Princípio da Indeclinabilidade 
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152
 Direito Processual Penal 
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f) “Nula poena sine Iudicio”
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“Explicaram-me,	 que	 o	 fracasso	 não	 precisa	 ser	 definitivo,	 e	
que, aliás, não existe fracasso, existem resultados”. 
Daniel Godri
 
Algumas	Considerações
Neste capítulo estudamos sobre Ação, que é o direito que todo o cidadão 
brasileiro,	 por	 lei,	 tem	 de	 invocar	 para	 si	 a	 tutela	 jurisdicional,	 a	 fim	 de	 que	 o	
Estado, através de atos coordenados, faça valer a lei, iniciando-se, portanto, a 
lide penal.
Quando	 o	 crime	 compreende	 uma	 relação	 jurídica	 entre	 o	 sujeito	 ativo	 e	
passivo em torno de um objeto jurídico, surge o direito de ação penal. O seu titular 
é, na grande maioria das vezes, o Ministério Público, podendo ser o Particular. 
O titular da ação nada mais quer do que invocar a proteção do Estado para que 
este, investido de seu poder, aplique de acordo com a lei, a solução oportuna, 
impondo ou não uma sanção ao sujeito do delito, dependendo da avaliação de 
todas as circunstâncias, sejam estas materiais ou processuais.
Além de todo conteúdo abordado sobre ação, outros pontos que destacamos 
com primazia foram a Competência e a Jurisdição.
Abriu-se	 espaço	 também	 para	 as	 modificações	 que	 ocorreram	 durante	 o	
passar dos anos.
Porém, nosso objetivo maior foi promover a integração dos pós-graduandos, 
a	partir	de	uma	relação	de	troca,	respeito,	solidariedade	e	confiança,	uma	reflexão	
ininterrupta sobre tudo o que aconteceu, acontece, ou possivelmente acontecerá 
153
Ação Penal Capítulo 4 
na vida de cada indivíduo e de cada grupo social. Procuramos evidenciar um 
necessário posicionamento individual, construído a partir de uma visão crítica e 
ampla dos aspectos relevantes, capazes de promover, no âmbito coletivo, um 
movimento	de	consciência,	reflexão	e	mudança.			
Referências
ALVIM, ARRUDA. Manual de Direito Processual Civil. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 1977.
BARROS, Guilherme Freire de Melo. Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Salvador: Juspodium, 2010. 
BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2011.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: 
Promulgada em 5 de outubro de 1988. Antonio Luiz de Toledo Pinto; Márcia 
Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Cespedes (Colab.). 32. Ed. São Paulo: 
Saraiva, 2005.
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. [Diário 
Oficial da União]. Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1940. Disponível em: < 
https:/www.planalto. gov.br /ccivil _03/Dcreto-Lei/Del 2848. htm >>. Acesso em 28 
de fevereiro de 2012. 
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da 
Criança e do Adolescente e dá outras providências.[Diário Oficial da União]. 
Brasília, 13 de julho de 1990. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br>. 
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BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados 
Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências.[Diário Oficial da União]. 
Brasília, 26 de setembro de 1995. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br>. 
Acesso em 1º de março de 2012.
BRASIL. Lei nº 11.689 de 9 de junho de 2008. Altera dispositivos do Decreto-Lei 
nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de Processo Penal, relativos ao 
Tribunal do Júri, e dá outras providências. [Diário Oficial da União]. Brasília, 9 
de junho de 2008. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br>. Acesso em 1º de 
março de 2012.
BRASIL. Lei nº 11.719 de 20 de junho de 2008. Altera dispositivos do Decreto-
Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de Processo Penal, relativos 
à suspensão do processo emendatio libeli, mutatio libeli e aos procedimentos 
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154
 Direito Processual Penal 
[Diário Oficial da União]. Brasília, 20 de junho de 2008. Disponível em: <https://
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2. Ed. São Paulo: Atlas, 2001.
GOMES, Luiz Flávio. Direito Penal, Parte Geral. São Paulo: Editora Revista dos 
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GOMES, Ordeli Savedra. Código de Trânsito Brasileiro-Comentado e 
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GRECO FILHO, Vicente. Manual de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 1999.
GRINOVER, Ada Pellegrini. Nulidades do Processo Penal. São Paulo: Atual 1997.
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MACHADO,	Angela	C.	Cangiano;	JUNQUEIRA,	Gustavo	Octaviano	Diniz;	
FULLER, Paulo Henrique Aranda. Elementos do Direito, Processo Penal. São 
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sistêmica. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.
PERRENOUD, Philippe. Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: 
Artmed, 2009.
TOURINHO, Fernando da Costa. Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2011.
VENOSA, Silvio de Salvo. Novo Código Civil: Texto Comparado – Código Civil 
de 2002 e Código Civil de 1916. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004
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CAPÍTULO 5
Denúncia	e	Queixa
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
�	Identificar	 os	 sujeitos	 que	 atuam	 na	 relação	 processual,	 compreendendo	
o funcionamento do Direito Penal e Processo Penal através de 
questionamentos à luz da ética, do ordenamento jurídico pátrio e do Direito 
Comparado.
� Compreender criticamente a necessidade de adquirir competências para 
que seja possível solucionar com êxito as questões-problema apresentadas 
durante as atividades.
� Aplicar os conhecimentos e a técnica adquiridos, tornando-se capaz de 
servir o ordenamento jurídico processual na defesa da ordem e paz social.
� Compreender as recentes alterações legislativas na área do Direito 
Processual Penal e Direito Penal, com a complementação de novos 
conhecimentos, em nível doutrinário e jurisprudencial.
� Valorizar as habilidades e competências adquiridas, posicionando-se 
adequadamente sobre os casos acadêmicos e concretos que a vida irá 
apresentar em sua fase laboral.
 
157
Denúncia e Queixa Capítulo 5 
Contextualização
“A experiência do passado e de nossos próprios dias 
demonstra que a justiça não basta por si só, e que 
até pode levar à negação e à própria ruína se não 
se permite a esta força mais profunda, que é o amor, 
configurar	a	vida	humana	em	suas	dimensões.”
João Paulo II
O objeto desse capítulo, além de compreender criticamente a necessidade 
de adquirir competências, é a solução, com êxito, das questões-problema 
apresentadas durante a atividade laboral. É aplicar os conhecimentos e a 
técnica até aqui adquiridas, tornando-se capaz de servir ao ordenamento jurídico 
processual na defesa da ordem e da paz social.
Partindo desse pressuposto, daremos início a este novo capítulo através de 
variadas formas de estudo, discussões e debates acerca da temática proposta. 
O objetivo é orientar você, Pós Graduando(a), no que se refere ao processo 
penal,	 bem	 como	 aos	 atos	 processuais	 cientificadores,	 que	 são	 aqueles	 que	
tratam	da	citação,	intimação	e	notificação,	além	da	modificação	do	disposto	entre	
os artigos 351 e 372 do CPP, com a reformulação dos procedimentos operada 
pelas leis nº 11.689/2008 e nº 11.719/2008.
Processo	Penal:	Atos	Processuais		
Informa-se, de início que os fatos jurídicos são uma declaração 
que se traduz num ato de vontade destinado a provocar uma 
consequência jurídica. Contudo, são os acontecimentos que 
modificam,	 criam	 ou	 extinguem	 uma	 situação	 jurídica.	 Porém,	
quando o fato estende seus efeitos sobre o processo, fala-se em fato 
processual, como se vislumbra da lição de Mirabete: 
Quando	 os	 fatos	 que	 apresentam	 relevância	
jurídica consistem em uma ação humana, que 
se traduz por declaração de vontade, destinada 
a provocar uma consequência jurídica, passam 
eles	à	categoria	de	atos	 jurídicos.	 	Quando	este	
ato	 jurídico	 é	 praticado	 para	 criar,	 modificar	 ou	
extinguir direitos processuais é então denominado 
de ato processual. É ele, portanto, uma espécie 
do gênero do ato jurídico. É o que ocorre com 
o oferecimento da denúncia, o depoimento da 
testemunha, a sentença do juiz (MIRABETE, 
2004, p. 88).
Informa-se, de 
início que os fatos 
jurídicos são uma 
declaração que se 
traduz num ato de 
vontade destinado 
a provocar uma 
consequência 
jurídica.
Quando este ato 
jurídico é praticado 
para criar, modificar 
ou extinguir direitos 
processuais é então 
denominado de 
ato processual.
158
 Direito Processual Penal 
O direito, por sua vez, somente pode ser acionado no momento em que 
este é violado e se faz conforme descrito nos códigos de processo. No que se 
refere aos atos processuais, estes são considerados condutas praticadas pelos 
operadores do direito, juízes, representantes do ministério público, advogados e 
servidores do Poder Judiciário, tudo para o devido andamento do processo. 
Ao	ato	processual	específico	dá-se	o	nome	de	procedimento.	Por	sua	vez,	
enfatiza Mougenot: 
Ato	processual	é	aquele	praticado	com	o	fim	de	gerar	efeitos	
no	 processo.	 Podem	 os	 atos	 processuais	 ser	 classificados	
em atos das partes e atos jurisdicionais. Os atos das partes 
subdividem-se em postulatórios – são aqueles que têm 
por escopo obter a solução de uma questão processual ou 
do mérito da causa; dispositivos – caracterizam-se como 
dispositivos	atos	de	concessão,	como	se	verifica,	por	exemplo,	
na conciliação prevista no procedimento dos crimes contra 
a honra (art. 520 do CPP), ou ainda, na audiência preliminar 
de composição dos danos no âmbito dos juizados especiais 
criminais (art. 72 da Lei n.9099/95); instrutórios consistem 
na atividade probatória, tendente a levar o juiz ao estado 
de certeza; ou reais – consubstanciam-se na entrega de 
determinada coisa, como, por exemplo, a prestação de 
garantia real de cumprimento das obrigações processuais. Já 
os atos jurisdicionais dividem-se em despachos e decisões 
(MOUGENOT, 2011, p. 499 e 500).
 
 
Atos	das	Partes 
Visto	 ser	 o	 ato	 processual	 aquele	 praticado	 com	 o	 fim	 de	 gerar	
efeitos	no	processo,	estes	podem	ser	classificados	em	atos	das	partes	
e atos jurisdicionais. Os atos das partes, por sua vez, subdividem-se 
em:
• Atos Postulatórios – ocorrem quando a parte procura obter do 
juiz um pronunciamento do mérito da causa ou resolução. É o pedido 
de tutela jurisdicional do Estado de um direito próprio descrito em lei. 
“São aqueles que têm por escopo obter a solução de uma questão 
processual ou do mérito da causa” (MOUGENOT, 2011).
• Atos Probatórios - são provas reais que se manifestam por 
fatos,	como	documentos	e	fiança.	Consiste	na	atividade	probatória,	tendente	
a levar o juiz ao estado de certeza: ou reais – consubstanciam-se na entrega 
de determinada coisa, como por exemplo, a prestação de garantia real de 
cumprimento	das	obrigações	processuais	(fiança)	(MOUGENOT,	2011).
Visto ser o ato 
processual aquele 
praticado com o 
fim de gerar efeitos 
no processo, 
estes podem ser 
classificados em 
atos das partes e 
atos jurisdicionais.
159
Denúncia e Queixa Capítulo 5 
• Atos Dispositivos ou de Acusação - são o direito de pedira tutela jurisdicional. 
Caracterizam-se	como	dispositivos	atos	de	concessão,	como	se	verifica,	por	
exemplo, na conciliação prevista no procedimento dos crimes contra a honra 
(art.520 do CPP), ou ainda na audiência preliminar de composição dos danos 
no âmbito dos Juizados Especiais Criminais (MOUGENOT, 2011).
Como visto anteriormente, no tracejado por Mougenot, os atos jurisdicionais 
são aqueles emanados do poder jurisdicional, abrangendo o descrito a seguir. 
Classificação	dos	Atos	
Jurisdicionais	
Os	atos	praticados	pelo	juiz	no	curso	do	processo	podem	ser	classificados,	
de acordo com seu objeto, em:
a) Despachos
Como exemplo de despacho temos a determinação do magistrado para que 
expeça um ofício comunicando a decisão proferida, ou ordem à serventia, para 
que	retifique	determinada	irregularidade	formal	nos	processos.	No	que	se	refere	
aos	 atos	 praticados	 pelo	 juiz	 no	 curso	 de	 processo,	Mougenot	 os	 classifica	 da	
seguinte maneira:
 
Os despachos são pronunciamentos do juiz com vistas à 
movimentação do processo, também chamados de despachos 
de mero expedientes. Caracterizam-se por não conter carga 
decisória, no sentido de que não representam decisões acerca 
de	questões	e	pedidos	deduzidos	pelas	partes.	Quando,	por	sua	
realização indevida ou imperfeita, implicarem tumulto processual 
ou constituírem erro no procedimento podem ser atacados 
por meio de correição parcial, que é a medida administrativa 
disciplinar adequada (MOUGENOT, 2011, p. 500).
b) Decisões
Têm por conteúdo um julgamento acerca do próprio mérito da 
causa. Os atos decisórios é que são, propriamente, expressões do 
poder jurisdicional investido nas autoridades judiciárias. Constituem 
exemplos de decisão o ato do juiz que indefere, por impertinente, a 
produção de uma prova e o ato por meio do qual o juiz indefere a 
Têm por conteúdo 
um julgamento 
acerca do próprio 
mérito da causa.
160
 Direito Processual Penal 
denúncia,	 dando	 por	 inepta	 a	 sentença.	As	 decisões	 classificam-se,	 no	 que	 se	
refere	à	finalidade,	ao	objeto	e	ao	órgão	prolator,	em:
a) Sentenças – decisões	 que	 tem	 como	 finalidade	 encerrar	 o	 processo.		
Desta forma, tanto constitui sentença a decisão que indefere liminarmente 
a denúncia, por um dos casos previstos no art.395 do CPP, extinguindo o 
processo sem o julgamento do mérito, como a decisão que condena o réu a 
sansões previstas na lei penal, extinguindo o processo e julgando o mérito. 
b) Interlocutórias – são atos pelos quais o juiz decide com o processo ainda em 
curso.	A	decisão	interlocutória,	porém,	não	põe	fim	ao	processo,	diferente	da	
sentença.
Atividade de Estudos: 
1) Assinale a alternativa correta:
I - Se o acusado, citado por edital, não comparecer, mas constituir 
advogado,	 ficarão	 suspensos	 o	 processo	 e	 o	 curso	 do	 prazo	
prescricional.
II - Na hipótese de citação por edital e o réu for revel, poderá o juiz 
determinar a produção antecipada de provas urgentes, mas não 
poderá decretar a prisão preventiva do acusado.
III - Se o réu comparecer no curso do processo, deverão novamente 
ser produzidos os atos processuais já praticados. 
 A) Todos os itens estão corretos. 
 B) Todos os itens estão incorretos. 
 C) Apenas os itens I e II estão corretos. 
 D) Apenas o item I está correto. 
 E) Apenas o item III está correto.
2)	 Cite	as	classificações	das	decisões	quanto	ao	objeto	e	quanto	ao	
órgão prolator. Organize o seu plano de pesquisa. As perguntas 
básicas você mesmo responderá. O único responsável pela tarefa 
é você. É preciso estar organizado para obter dados na doutrina e 
interpretá-los e, assim, elaborar suas próprias conclusões. 
 I) Decisões interlocutórias: São aquelas que envolvem uma 
solução para uma questão surgida no curso do processo. Podem 
ser de dois tipos: 
161
Denúncia e Queixa Capítulo 5 
a) Decisões interlocutórias simples:
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
b) Decisões interlocutórias mistas:
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 
II)	 Decisões	 definitivas	 ou	 sentenças:	 por	 meio	 destas	 o	 juiz	 põe	
fim	ao	processo,	julgando	o	mérito	da	causa	que,	é	a	pretensão	
punitiva do Estado, no que se refere ao processo penal. 
 Explique-as:
a) Sentenças absolutórias:
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
b) Sentenças condenatórias:
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
162
 Direito Processual Penal 
c)	 	 Decisões	 definitivas	 em	 sentido	 estrito	 ou	 terminativas	 de	
mérito:
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
Quanto	ao	órgão	prolator:
a) Subjetivamente simples: 
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
b) Subjetivamente plúrimas: 
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
c) Subjetivamente complexas:
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
163
Denúncia e Queixa Capítulo 5 
O princípio do contraditório, consagrado no art. 5º LV da CF de 1988, nosmostra a necessidade de dar a conhecer a ação, e de todos os atos do processo, à 
parte. De outro lado, apresenta a possibilidade de as partes reagirem aos atos que 
lhe sejam desfavoráveis, o que fundamenta a comunicação dos atos processuais. 
Esta	comunicação	se	dá	através	da	citação	e	da	intimação	e	da	notificação.
Citação	
É	 o	 ato	 pelo	 qual	 o	 acusado	 é	 chamado	 a	 juízo,	 a	 fim	 de	 acompanhar	 o	
processo e se defender. Apesar de o processo ter o seu início com o recebimento 
da denúncia ou queixa, a relação processual somente se completará com a 
citação do acusado. 
A citação é, na verdade, o chamado a juízo para que o acusado se defenda 
na ação. E no dizer de Marques (2003), é o ato processual com o que se dá 
conhecimento	 ao	 réu	 da	 acusação	 contra	 ele	 intentada,	 a	 fim	 de	 que	 possa	
defender-se e vir integrar a relação processual. 
Nna	visão	de	Fenando	Capez,	 “citação	é	ato	oficial	pelo	qual,	no	 início	da	
ação, se dá ciência ao acusado de que contra ele se movimenta essa ação, 
chamando-o a vir a juízo, para se ver processar e fazer a sua defesa” (CAPEZ, 
2011, p. 553). 
A ausência de citação válida gera nulidade absoluta (art. 564, III, e), a qual 
pode ser sanada pelo comparecimento espontâneo do réu a juízo.
Como	 regra	 geral,	 a	 citação	 é	 feita	 por	 mandado,	 por	 meio	 de	 oficial	 de	
justiça, desde que o acusado esteja no território da comarca. O posicionamento 
doutrinário sobre a citação vislumbra que a mesma deve ser realizada com 
antecedência para que o réu possa preparar sua defesa.
Se estiver o acusado fora do território da comarca e dentro do 
território nacional, a citação será feita por carta precatória. Estando o 
réu no exterior, a citação será feita por meio de carta rogatória.
Se o acusado citado por edital não comparecer nem constituir 
advogado,	 o	 processo	 e	 o	 prazo	 prescricional	 ficarão	 suspensos,	
podendo o juiz determinar a produção antecipada de provas 
consideradas urgentes.
Mougenot (2011) enfatiza que citação é o ato de comunicação 
Se o acusado 
citado por edital não 
comparecer nem 
constituir advogado, 
o processo e o prazo 
prescricional ficarão 
suspensos, podendo 
o juiz determinar 
a produção 
antecipada de 
provas consideradas 
urgentes.
164
 Direito Processual Penal 
processual por meio do qual se dá ciência ao réu da ação penal, chamando-o a 
juízo para que ofereça sua defesa. É a in jus vocatio. A ausência de citação válida 
gera nulidade absoluta (art. 564, III, e CPP) e esta, por sua vez, pode ser sanada 
pelo comparecimento espontâneo do réu a juízo (art. 570 CPP).
Por ser um ato indispensável, a citação dá início à relação 
processual e é, por sua vez, imperativo do contraditório. O art. 360 do 
CPP anteriormente dispunha que “se o réu estiver preso será requisitada 
a sua apresentação em juízo no dia e hora designados”. Esta redação 
gerava dúvidas sobre a necessidade de citar o réu requisitado. 
A requisição diz respeito ao ato entre juiz e a autoridade 
administrativa. 
A citação é a forma pela qual se opera a transmissão da precisa ciência 
dos termos da acusação, para então possibilitar-se a defesa. Representa a 
comunicação entre o juízo e o acusado, estabelecendo o chamamento ao 
processo (RTJ 106/ 564).
A nova redação, dada pela Lei n.10792, de 1º de dezembro de 2003, dispondo 
do art. 360 do CPP, é enfático: “se o réu estiver preso, será pessoalmente citado”.
• A Citação pode ser:
 – Real ou pessoal, quando realizada pessoalmente contra o acusado, 
através	do	mandado	por	oficial	de	justiça,	por	precatória	ou	rogatória.
 – Por carta de ordem corresponde à citação do Tribunal para o juiz inferior. 
Citação por carta de ordem é aquela determinada pelos tribunais. É ela 
que requisita ao juízo de primeira instância que este realize a citação do 
réu que se encontra em sua comarca.
 – Por requisição: o artigo 358 do CPP diz que a citação do militar será 
feita por intermédio do chefe do respectivo serviço. Deverá o militar ser 
requisitado para então, comparecer em juízo.
Após a alteração do art. 360 do CPP, a citação do réu deverá ser feita 
pessoalmente. Veja:
a) Citação por mandado: quando o réu encontra-se na circunscrição do juiz. 
Os requisitos do mandado encontram-se disciplinados no art. 352 do CPP. 
Observa-se o conhecimento da imputação, com a entrega da contrafé, ou 
seja,	cópia	da	inicial	e	a	menção	ao	dia	e	hora	do	interrogatório.	Verifica-se	a 
garantia do princípio da ampla defesa.
Por ser um ato 
indispensável, a 
citação dá início à 
relação processual 
e é, por sua vez, 
imperativo do 
contraditório.
165
Denúncia e Queixa Capítulo 5 
b) Citação por carta precatória: esta ocorre em local fora da 
jurisdição do magistrado competente. A carta precatória deverá 
conter	 os	 elementos	 descritos	 no	 art.	 354	 do	 CPP.	 O	 oficial	 de	
justiça há de agir com zelo para o cumprimento do mandado. 
Verificado	que	o	réu	encontra-se	em	outra	jurisdição,	o	próprio	juiz	
deprecado determinará a remessa ao juízo competente. Se houver 
urgência,	poderá	haver	expedição	por	via	telegráfica	ou	por	fax.
Na lição de Mougenot;
Realizada a citação, a precatória será devolvida ao juízo 
deprecante,	independentemente	de	translado.	Certificado	pelo	
oficial	 de	que	o	 réu	 se	oculta	para	não	ser	 citado,	 devolver-
se-á precatória ao juízo deprecante, para que o réu seja 
citado por edital (art. 355, § 2º). Diz-se a precatória itinerante 
quando o juízo deprecado remete os autos a outro juízo para 
a	efetivação	da	diligência,	ao	verificar	a	possibilidade	de	o	réu	
aí se encontrar (art. 355 § 1º). “A carta tem caráter itinerante; 
antes ou depois de lhe ser ordenado o cumprimento, poderá 
ser	apresentada	a	juízo	diverso	do	que	dela	consta,	a	fim	de	
se praticar o ato” (MOUGENOT, 2011, p. 505).
c) Citação por carta rogatória: se o réu estiver no estrangeiro, 
desde que em lugar sabido. Para a consecução do ato, utilizam–se 
as vias diplomáticas, através do Ministério da Justiça. Por ser um 
ato de soberania, a carta rogatória será cumprida no estrangeiro, 
de acordo com a legislação processual penal daquele país. Insta 
salientar que, por convenção entre países, acaba-se aceitando a 
inviolabilidade da legação, o que não implica a aceitação de que 
se trata de território estrangeiro. Contudo, com o advento da Lei 
n.11.900/09, a emissão da carta rogatória se tornou medida excepcional, 
porquanto só será expedida depois de demonstrada sua imprescindibilidade. 
d) A citação ficta: é aquela realizada por edital ou por hora certa. 
Presume-se o conhecimento do acusado de que este está sendo 
chamado a juízo. Vale dizer que a Lei nº 11.719/2008, alterando o 
art. 362 do Estatuto, introduziu esta espécie de citação no crime. 
Ainda não se admite, no processo penal, a citação por meio 
eletrônico.
De modo análogo, sustenta Mougenot que caberá a citação por 
edital se o réu não for encontrado. O prazo será de 15 dias e, sobre a 
lei, menciona:
A lei n. 11.719/2008 revogou as demais hipóteses de citação 
por edital, transformando a citação do réu que se ocultava 
A citação ficta: 
é aquela realizada 
por edital ou 
por hora certa. 
Presume-se o 
conhecimento 
do acusado de que 
este está sendo 
chamado a juízo.
Citação por carta 
precatória: esta 
ocorre em local 
fora da jurisdição 
do magistrado 
competente.
Citação por 
carta rogatória: 
se o réu estiver 
no estrangeiro, 
desde que em lugar 
sabido.
166
 Direito Processual Penal 
para não ser citado- antes editalícia em citação com hora 
certa. Contudo, esqueceu-se o legislador de revogar o art. 
364, que prevê os prazos para as demais citações que 
ensejavam a citação por edital, de modo que o dispositivo não 
mais encontra aplicação ( MOUGENOT, 2011p. 506). 
Citação por edital se faz por meio de aviso ou publicação no diário 
oficial	 do	 poder	 judiciário	 e	 afixado	 na	 sede	 do	 juízo,	 na	 entrada	 do	
prédio do foro. Não é admitida nos juizados especiais criminaisem 
razão do princípio da celeridade. A citação por edital, usualmente, 
é feita quando réu não é encontrado, porém inclui as hipóteses de 
locais inacessíveis como epidemias, guerra ou força maior. Denomina-
se citação ratione loc. A expressão “local ignorado” é aquele 
absolutamente não sabido e incerto (quando não se tem informação 
alguma), ou pode ser relativamente não sabido (conhece-se a rua, 
porém o número é inexistente).
A prescrição é suspensa da data da decisão do juiz até o tempo 
correspondente à prescrição do crime em abstrato. Porém, não há 
suspensão do processo quando se tratar de crime de lavagem de 
dinheiro, por expressa disposição do § 2º do art. 2º da lei nº 9.613/98. 
Vale lembrar que a Citação por hora certa, art. 362 do CPP, 
introduzida pela Lei nº 11.719/2008 tem origem no Processo civil. É 
modalidade	 de	 citação	 ficta,	 pois	 não	 existe	 certeza	 se	 o	 agente	
criminoso tomou conhecimento da mesma, como já se disse. Ela 
ocorre quando se constata que o réu está se ocultando, para evitar a citação. 
Se o réu não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo, prosseguindo o 
processo à revelia. 
A nova redação da Lei nº 11.719, de 20/06/2008, gerou graves efeitos 
processuais ao acusado. Com o novo sistema, o acusado poderá ser processado 
e	ao	final	condenado	sem	que	tenha	efetivamente	tomado	ciência	da	ação	penal	
contra ele ajuizada. Assevera Mougenot:
Com a nova regulamentação do procedimento do júri (Lei 
n. 11.689, de 9. 6.2008), não é mais necessária a intimação 
pessoal do acusado da sentença de pronúncia, e inexistindo a 
obrigação o réu está presente em sessão plenária, poderá ele 
sofrer gravíssima condenação, ainda que alheio à ação penal 
contra si instaurada. A evidência poder-se-á argumentar que o 
processo assim instaurado afronta o princípio da plenitude de 
defesa insculpido no art. 5º, XXXVIII, a, da Constituição Federal. 
O legislador, contudo uma vez mais contrapôs um direito 
fundamental do cidadão, insculpido nos princípios da ampla 
defesa e do contraditório, e um interesse basilar da sociedade, 
Citação por edital 
se faz por meio de 
aviso ou publicação 
no diário oficial do 
poder judiciário e 
afixado na sede do 
juízo, na entrada do 
prédio do foro.
A prescrição é 
suspensa da data 
da decisão do 
juiz até o tempo 
correspondente à 
prescrição do crime 
em abstrato.
167
Denúncia e Queixa Capítulo 5 
qual	 seja	 da	 pronta	 eficaz	 intervenção	 estatal	 na	 apuração	 e	
julgamentos dos delitos (MOUGENOT, 2011, p. 509).
Atividade de Estudos: 
1) Percebendo que o réu está se ocultando para não ser citado em 
ação penal, deverá o Magistrado: 
A) Ordenar a citação por hora certa. 
B) Decretar a prisão preventiva do acusado. 
C) Anotar tal circunstância e julgar prejudicada a citação por este 
motivo. 
D) Determinar a citação por edital.
 2) Assinale a alternativa correta. 
A) Se o réu for citado pessoalmente e não comparecer para o 
interrogatório marcado, nem constituir defensor, o juiz suspenderá 
o processo e o curso do prazo da prescrição. 
B) A intimação de réu preso da sentença condenatória pode ser feita 
através de seu defensor constituído. 
C)	 A	notificação	e	a	intimação	podem	ser	efetuadas	por	despacho	do	
juiz na própria petição em que forem requeridas. 
D) A citação do acusado no estrangeiro é feita por carta rogatória, 
suspende o curso do prazo de prescrição. 
 
Intimação	e	Notificação 
A intimação é a ciência dada à parte, no processo, da prática 
de um ato, despacho ou sentença. 
Por conseguinte, intimação é a comunicação de um ato processual que já foi feito, 
já	a	notificação	é	a	comunicação	de	um	ato	processual	futuro,	ou	seja,	a	audiência	que	
168
 Direito Processual Penal 
vai ser realizada. Para muitos doutrinadores, na prática possuem pouca 
diferença, têm o mesmo objetivo: conhecimento do ato processual. 
Ainda	sobre	a	distinção	entre	intimação	e	notificação,	utilizamos	o	
argumento de Mougenot:
Intimação é a comunicação de ato processual já praticado. 
Ex.:	 réu	 intimado	 da	 sentença.	A	 notificação	 por	 sua	 vez,	 é	
a comunicação para que se pratique determinada conduta. 
Ex.:	testemunha	notificada	para	comparecer	em	juízo.	Código	
de Processo Penal utiliza no sentido acima explicitado os 
termos	 ‘intimação’	 e	 ‘notificação’,	 razão	 pela	 qual	 se	 torna	
sem	importância	tal	classificação.	Na	prática	forense	costuma-
se utilizar somente o termo intimação abrangendo, assim, a 
notificação	(MOUGENOT,	2011,	p.	509	e	510).
 
 
CONSIDERE: 
INTIMAÇÃO – ATO PASSADO. EX.: INTIMAÇÃO DA SENTENÇA.
NOTIFICAÇÃO – ATO FUTURO. 
EX.: NOTIFICAÇÃO PARA COMPARECIMENTO A UMA AUDIÊNCIA.
NO CPP, USA-SE INTIMAÇÃO. 
NA PRÁTICA, SÃO UTILIZADOS COMO SINÔNIMOS.
No que se refere às formas, estas devem ser devidamente observadas, no 
que couber àquelas aplicáveis à citação, art. 370 do CPP e, por conseguinte, às 
formas especiais dos artigos 390/392 e 413/415 do Código Processo Penal.
a) O artigo 370 do CPP caput, determina que as intimações tenham como 
meta aplicar, no que couberem, as disposições atinentes ao Capítulo que 
trata da Citação.
b) São intimados pessoalmente o Ministério Público e o Defensor Nomeado (art. 
370, §4º, do CPP), e o Defensor Público (HC nº 84.747/ SP. REL. Ministro 
Gilmar Mendes).
As intimações ao órgão do Ministério Público serão sempre pessoais, como 
já fora estudado anteriormente no art. 370, § 4º, do CPP. Sob a égide da Lei nº 
8625/93, art. 41 IV, prevê que constitui prerrogativa do membro do parquet receber 
intimação pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição, através da entrega 
dos autos com vista. Na jurisprudência (inclusive do STF, 1ªT., HC83. 821 - SP, 
Intimação é a 
comunicação de 
ato processual 
já praticado. Ex.: 
réu intimado 
da sentença. A 
notificação por 
sua vez, é a 
comunicação para 
que se pratique 
determinada 
conduta.
169
Denúncia e Queixa Capítulo 5 
Relator. Ministro Joaquim Barbosa. j. 1º. 6. 2004) prevalece o entendimento de 
que	a	fluência	do	prazo	para	o	Ministério	Público	começa	a	partir	do	recebimento	
dos autos na instituição e não da data em que o promotor apõe o seu “ciente” 
nos autos (STF, HC 83255/SP, Pleno, Relator Marco Aurelio, j. 5.11.2003, DJ, 
12.3.2004 p. 38) (MOUGENOT, 2011, p. 510).
Verifica-se	que	os	defensores	nomeados	também	são	intimados	
pessoalmente. Trata-se de nulidade absoluta quando há falta de 
intimação à pessoa do defensor público ou Dativo da seção de 
julgamento do recurso de apelação. Contudo, o STJ decidiu que resta 
convalidada a nulidade pelo instituto da preclusão quando o defensor 
dativo silenciar-se por longo tempo acerca da falta de intimação da 
pauta de julgamento (STJ, HC 101.703/SP, 5ª T. Relator Napoleão 
Nunes Maia Filho, j. 19.11.2009, DJe, 15.12.2009). (MOUGENOT, 
2011, p. 510).
Por seu turno, Mougenot ressalta ainda:
A intimação do defensor constituído, do advogado do 
querelante e do assistente é feita por publicação do Diário da 
Justiça, devendo-se obrigatoriamente incluir o nome do réu. 
Caso	não	haja	imprensa	oficial	na	comarca,	deverá	o	escrivão	
por mandado, via postal com aviso de recebimento ou qualquer 
outro meio idôneo, proceder à intimação. Com a criação 
dos diários da justiça eletrônicos pela Lei n.11.419, de 19 de 
dezembro	de	2006	as	intimações	pela	imprensa	oficial	dar-se-
ão da seguinte forma: a data da publicação será o primeiro 
dia útil seguinte ao da disponibilização da informação Diário da 
Justiça Eletrônica (art. 4º, § 3º) e os prazos processuais terão 
início no primeiro dia útil seguinte ao considerado como data 
da publicação (MOUGENOT, 2011, p. 510 e 511).
Em função disto, temos que a intimação de uma decisão, se for disponibilizada 
no Diário da Justiça em uma segunda-feira, dia útil, será considerada como dia da 
publicação a terça-feira subsequente, se for dia útil, iniciando-se o prazo para a 
prática do ato a partir da quarta-feira, também sefor dia útil.
Atividade de Estudos: 
Coloque V para as alternativas verdadeiras e F para as falsas:
( ) Ato processual é usado para constituição, desenvolvimento, 
modificação	e	extinção	da	relação	processual.
Trata-se de nulidade 
absoluta quando há 
falta de intimação à 
pessoa do defensor 
público ou Dativo da 
seção de julgamento 
do recurso 
de apelação.
170
 Direito Processual Penal 
( ) Citação é o ato processual que dá conhecimento ao réu da 
acusação.
( ) Citação por hora certa é permitida pela reforma processual 
penal de 2008 no art. 362 do CPP na hipótese de ocultação.
( ) Intimação é a comunicação de ato processual futuro. 
Algumas	Considerações
Os atos processuais até aqui estudados são todos jurídicos e praticados 
no processo e, de uma forma ou de outra, auxiliam para a melhor prestação 
jurisdicional.
Constatou-se que podem ser praticados pelas partes (postulatórios, 
instrutórios, reais e dispositivos), pelos juízes (atos decisórios, instrutórios 
e de documentação), pelos auxiliares da justiça (atos de movimentação, 
de documentação e de execução) e por terceiros (interessados direta ou 
indiretamente). 
Por conseguinte, dentre outros pontos tracejados ao longo deste capítulo, 
compreendeu-se que as mudanças na legislação processual são inúmeras e 
relevantes, permitindo-nos observar que a prática forense determinará novas 
leituras e novas interpretações dos dispositivos ora enfocados.
Referências
BONFIM, Edilson Mongenot. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 
2011.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: 
Promulgada em 5 de outubro de 1988. Antonio Luiz de Toledo Pinto; Márcia 
Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Cespedes (Colab.). 32. Ed. São Paulo: 
Saraiva, 2005.
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. [Diário 
Oficial da União]. Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1940. Disponível em: < 
https:/www.planalto. gov.br /ccivil _03/Dcreto-Lei/Del 2848. htm >>. Acesso em 28 
de fevereiro de 2012. 
171
Denúncia e Queixa Capítulo 5 
BRASIL. Lei nº 9.613 de 3 de março de 1998. Dispõe sobre os crimes de 
“lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do 
sistema	financeiro	para	os	ilícitos	previstos	nesta	Lei;	cria	o	Conselho	de	Controle	
de Atividades Financeiras - COAF, e dá outras providências.[Diário Oficial da 
União]. Brasília, 3 de março de 1998. Disponível em: <https://www.planalto.gov.
br>. Acesso em 1º de março de 2012.
BRASIL. Lei nº 10.792 de 1º de dezembro de 2003. Altera Lei nº 7.210 de 11 de 
junho de 1984 – Lei de Execução Penal e o Decreto Lei nº 3.689 de 3 de outubro 
de 1941– Código de Processo Penal, e dá outras providências. [Diário Oficial da 
União]. Brasília, 1º de dezembro de 2003. Disponível em: <https://www.planalto.
gov.br>. Acesso em 1º de março de 2012.
BRASIL. Lei nº 11.689 de 9 de junho de 2008. Altera dispositivos do Decreto-
Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de Processo Penal, relativos ao 
Tribunal do Júri, e dá outras providências. [Diário Oficial da União]. Brasília, 9 
de junho de 2008. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br>. Acesso em 1º de 
março de 2012.
BRASIL. Lei nº 11.719 de 20 de junho de 2008. Altera dispositivos do Decreto-
Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de Processo Penal, relativos 
à suspensão do processo emendatio libeli, mutatio libeli e aos procedimentos 
[Diário Oficial da União]. Brasília, 20 de junho de 2008. Disponível em: <https://
www.planalto.gov.br>. Acesso em 1º de março de 2012.
BRASIL. Lei nº 11.900 de 8 de janeiro de 2009. Altera dispositivos do Decreto-
Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de Processo Penal, para prever 
a possibilidade de realização de interrogatório e outros atos processuais por 
sistemas de videoconferência, e dá outras providências.[Diário Oficial da 
União]. Brasília, 8 de janeiro de 2009. Disponível em: <https://www.planalto.gov.
br>. Acesso em 1º de março de 2012.
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2011.
GRINOVER, Ada Pellegrini. Nulidades do Processo Penal. São Paulo: Atual, 
1997.
JESUS. Damásio E. de. Código penal anotado. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 
2002.
MARQUES, José Frederico. Elementos de Direito Processual Penal. 
Campinas: Millennium Editora, 2003. v.II. 
https://www.planalto.gov.br
https://www.planalto.gov.br
https://www.planalto.gov.br
https://www.planalto.gov.br
https://www.planalto.gov.br
https://www.planalto.gov.br
https://www.planalto.gov.br
172
 Direito Processual Penal 
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. São Paulo: Atlas, 2006.
_______. Código de Processo Penal Interpretado. São Paulo: Atlas, 2010.
PERRENOUD, Philippe. Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: 
Artmed, 2009.
TOURINHO, Fernando da Costa. Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2011.
VENOSA, Silvio de Salvo. Novo Código Civil: texto comparado – Código Civil de 
2002 e Código Civil de 1916. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004 
CAPÍTULO 6
Provas	Penais
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
�	Identificar	os	diversos	aspectos	que	envolvem	a	atividade	forense,	situando-
os no contexto da realidade atual.
�	Utilizar	raciocínio	lógico	e	analítico	para	persuadir	e	desenvolver	a	reflexão	
critica.
� Argumentar e solicitar decisões embasadas na Jurisprudência e Doutrina.
� Analisar as provas em espécies.
�	Identificar	prova	inominada.
175
Provas Penais Capítulo 6 
Contextualização
A questão cujo estudo se propõe neste capítulo refere-se ao estudo da Teoria 
da Prova no Ordenamento Jurídico brasileiro, objetivando destacar os principais 
elementos que gravitam em torno deste instituto.
Apresenta-se	 breve	 tracejo	 sobre	 a	 codificação	 da	 Prova	 no	 Direito	
Processual Penal no Brasil, prosseguindo-se a análise conceitual desta categoria 
operacional,	passando-se	ao	estudo	de	seus	objetivos,	classificações,	finalidades,	
meios e ônus da prova.
No	 decorrer	 e	 final	 deste	 capítulo	 serão	 abordados	 os	 procedimentos	
probatórios, sistemas de apreciação e das provas em geral.
 
Da	Prova
A expressão prova vem do latim probatio	e	tem	como	finalidade	produzir	um	
estado de certeza na consciência e mente do juiz, para sua convicção a respeito 
da existência ou inexistência de um fato, ou da verdade ou falsidade de uma 
afirmação	sobre	uma	situação	de	relevância	jurídica.
Deve ser produzida dentro do processo, na instrução perante o juiz, 
conforme o sistema de livre apreciação das provas. Isso não impede, entretanto, 
que algumas delas sejam realizadas perante outras autoridades. Ex.: oitiva de 
testemunhas por precatória. Como descreve Mougenot (2011, p.347), “a prova 
é o instrumento usado pelos sujeitos processuais para comprovar os fatos 
da causa, isto é, aquelas alegações que são deduzidas pelas partes como 
fundamento para o exercício da tutela jurisdicional”. Assevera ainda que no 
Direito brasileiro, é necessário, num primeiro momento, descobrir os vários 
significados	 deste	 vocábulo,	 razão	 pela	 qual	 a	 prova	 pode	 ser	 entendida	 e	
assim conceituada: 
Atividade	 realizada,	 em	 regra,	 pelas	 partes,	 com	 o	 fim	
de demonstrar a veracidade de suas alegações (ex.: 
reconhecimento pessoal de “X”pela testemunha, observando 
o disposto no art. 226 do CPP); os meios ou instrumentos 
utilizados	para	a	demonstração	da	verdade	de	uma	afirmação	
ou existência de um fato (ex.: o réu apresenta atestado 
médico-documento, comprovando que no dia Y, horário Z, foi 
submetido a exames); o	resultado	final	da	atividade	probatória,	
ou seja, a certeza ou convicção que surge no espírito de seu 
destinatário. 
176
 Direito Processual Penal 
Verifica-se,	 então	 o	 motivo	 pelo	 qual	 muitos	 dos	 doutrinadores	 falam	 em	
“conceitos” de prova, e não em “conceito”(singular).
A prova tem por finalidade convencer o juiz quanto à existênciado que as 
partes alegam. 
Objeto	da	Prova
Sabe-se que o processo é uma atividade voltada à ação ou resultado de 
um objetivo, o qual é a aplicação do direito e a consequente obtenção da paz 
social.	Nesse	contexto,	verifica-se	que	a	prova	se	disciplina,	também,	por	regras	e	
princípios, segundo alguns critérios. 
• Deve demonstrar, ou seja, é tudo o que o juiz deve adquirir para o 
conhecimento e convencimento necessário à resolução do litígio.
• O	juiz	penal	não	está	obrigado	a	admitir	o	que	as	partes	afirmam,	uma	vez	
que lhe é dado indagar sobre tudo o que lhe pareça dúbio e suspeito. 
• O julgador deve procurar a verdade dos fatos tais como ocorreram 
historicamente e não de acordo apenas com a vontade das partes. 
• Independem de prova os Fatos Notórios, que são aqueles cujo conhecimento 
integra a cultura normal, a informação do indivíduo de determinado meio. 
Constitui objeto de prova, portanto, todos os fatos que devem ser 
demonstrados	em	juízo	e	podem	influir	na	decisão	da	causa.	
No processo penal, não precisam ser provados:
a) Os fatos notórios 
b) As presunções absolutas (iuris et de iure)
c) As máximas de experiência 
d) Os fatos intuitivos ou evidentes 
e) Os fatos inúteis ou irrelevantes 
As presunções relativas admitem prova em contrário.
Não se confunde a notoriedade do fato com o conhecimento do juiz, nem 
com a vox publica, o conhecimento de um número indeterminado de pessoas. 
Sobre o assunto leciona Mougenot:
177
Provas Penais Capítulo 6 
Excepcionalmente, os fatos não precisam ser provados 
quando são notórios. Daí a máxima “notória non egent 
probatione” (o notório e o evidente não precisam de prova). 
Os fatos notórios são os que fazem parte da nossa cultura, 
de conhecimento comum do homem médio de determinada 
sociedade. No entanto, não podemos confundir notoriedade 
do fato com o conhecimento do mesmo pelo juiz, uma vez 
que este pode conhecer fato que não seja notório. Não se 
pode confundir igualmente notoriedade com a opinião de 
numero indeterminado de pessoas (Vox publica)que pode 
estar baseada em boatos, rumores infundados frutos da 
crendice popular.
Presumir é tomar como verdadeiro um fato, independentemente de prova, 
levando-se em conta aquilo que em geral acontece. Distingui-se da presunção 
absoluta (juris et de jure), que não admite a prova em contrário, da presunção 
relativa (juris tantum) que pode ser afastada quando há prova que a contradiz. 
Quanto seu efeito ou valor
• Direta: demonstra o fato de forma ime-
diata
• Indireta: ao contrário da direta, afirma por 
dedução ou indução a existência do fato 
que busca provar
• Real: surge de coisa ou objeto – vestí-
gios deixados pelo crime 
• Pessoal: procede da manifestação cons-
ciente do individuo
Quanto ao sujeito ou causa
• Testemunhal: afirmação pessoal
• Documental: feita por prova escrita ou 
gravada
• Material: consiste em qualquer tipo de 
materialidade que convença o juiz sobre 
o fato 
Quanto à forma
• Plena: conduz a um estado de certeza 
do juiz
• Não Plena: Não é suficiente por si 
mesma para completar a convicção da 
veracidade de um fato
Quanto seu efeito ou valor
178
 Direito Processual Penal 
Não há limitação dos meios de provas.
Na busca da verdade material, os requisitos da prova se reduzem ao 
mínimo de modo que as partes possam utilizar-se dos meios de prova com 
ampla	liberdade.	Como	descreve	Bonfim,	(2010,	p.352)	”meio de prova é todo 
o fato, documento ou alegação que possa servir, direta ou indiretamente, a busca 
da verdade real dentro do processo. É o instrumento utilizado pelo juiz para forma 
a sua convicção acerca dos fatos alegados pelas partes”.
O conceito de verdade real merece atenta análise, pois tem-se que esta é 
essencialmente utópica e frágil, ante a consideração necessária da verdade 
oriunda das provas obtidas no processo, o que corresponde à verdade formal.
Prevê o parágrafo único do art. 155 do CPP que no processo penal brasileiro 
somente	 quanto	 ao	 estado	 das	 pessoas	 (casamento,	 menoridade,	 filiação,	
cidadania) serão observadas as restrições no que tange às provas estabelecidas 
na lei civil. 
São inadmissíveis as provas que sejam incompatíveis com os princípios de 
respeito ao direito de defesa e à dignidade humana, os meios cuja à utilização se 
opõe às normas reguladoras do direito que, com caráter geral, regem a sociedade.
Entre os meios de prova admitidos estão as perícias, o interrogatório, a 
confissão,	as	 testemunhas,	os	documentos.	Em	 regra	geral,	provam-se	apenas	
fatos. Pode o juiz exigir a prova do teor e da vigência de direito municipal, estadual 
ou estrangeiro. Assevera Mougenot em seu conteúdo de processo penal que: 
O art. 332 do CPC dispõe que “todos os meios legais, bem 
como	os	moralmente	 legítimos,	ainda	que	não	especificados	
neste código, são hábeis para provar a verdade dos fatos 
em que se funda a ação ou a defesa”. Os meios de prova, 
desta	forma,	podem	ser	os	tipificados	em	lei	ou	os	moralmente	
legítimos, sendo estes denominados provas inominadas. São 
exemplos de meios de prova: a perícia local do crime(art. 169 
do	CPP),	 a	 confissão	 (art.	 197	 do	CPP)	 e	 o	 depoimento	 do	
ofendido (art. 201 do CPP). 
Não se admite as provas ilícitas, como a interceptação de correspondência, 
a escuta telefônica ou a busca domiciliar sem a presença dos requisitos legais. 
(art.5º,LVI, da Constituição Federal).
Vale lembrar a corriqueira expressão do requerimento em petição: “todos 
os meios de prova em direito admitidos”. Porém, a própria Carta Magna de 1988 
estabelece que são inadmissíveis no processo as provas obtidas por meios ilícitos 
(art. 5º, LVI).
179
Provas Penais Capítulo 6 
O instituto que rege a prova ilegítima sempre existiu, posto que, em se 
tratando de prova obtida ou introduzida no processo com violação de norma 
processual, esta sujeita a decretação de nulidade.
Em relação às provas derivadas das ilícitas, serão admitidas as provas em 
que o nexo de causalidade entre a ilícita e a derivada não seja evidente. Ou quando 
as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras, ou 
seja, a prova derivada inevitavelmente seria obtida através dos procedimentos e 
trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal.
O destino da prova ilícita é o desentranhamento e posterior inutilização.
A prova é proibida toda vez que caracterizar violação de normas 
ou de princípios do ordenamento de natureza processual ou material.
É a faculdade que tem a parte de demonstrar no processo a 
ocorrência de um fato que alegou em seu interesse, que se apresenta 
como relevante para o julgamento da pretensão.
A	prova	da	alegação	incumbirá	a	quem	a	fizer.	O	princípio	decorre	
não só da oportunidade e na regra de experiência fundada no interesse 
da	afirmação,	mas	na	equidade,	na	paridade	de	tratamento	das	partes.	
Processo penal condenatório, oferecida a denúncia ou queixa cabe:
a) ao acusador a prova do fato e da autoria, bem como as causas que podem 
aumentar pena; compete a ele, também, comprovar os elementos subjetivos, 
a forma de inobservância da cautela devida no crime culposo: 
b) a imprudência, negligência ou imperícia, bem como o dolo que no mais das 
vezes é presumido diante da experiência de que os atos praticados pelo 
homem são conscientes e voluntários (cabe ao acusado demonstrar o 
contrário).
c) ao acusado cabe a prova das causas excludentes da antijuridicidade, da 
culpabilidade e da punibilidade, bem como, das circunstâncias que impliquem 
em diminuição da pena ou concessão de benefícios, inexistência dos fatos. 
Cabe	a	este	a	prova	de	elementos	subjetivos	que	o	possam	beneficiar.
Embora o juiz não deva assumir o papel de parte acusadora ou de defesa, 
permite a lei que em caso de dúvida, procure esclarecê-la, determinando a 
realização de diligências.
A prova é proibida 
toda vez que 
caracterizar violação 
de normas ou 
de princípios do 
ordenamento de 
naturezaprocessual 
ou material.
180
 Direito Processual Penal 
O indeferimento de requisição ou pedido de prova sem demonstração de 
sua	necessidade	é	inapelável,	por	não	constituir	decisão	definitiva	ou	com	força	
definitiva.	
Pode ser alegada a nulidade por cerceamento de defesa ou acusação, em 
eventual recurso da decisão de mérito.
 
Sistemas	de	Apreciação
Informa-se, de antemão, que ao longo da história o processo conheceu 
vários sistemas de valoração da prova, os quais se amoldavam aos diferentes 
costumes e graus de desenvolvimento de cada povo. Contudo, na doutrina 
moderna destacam-se os três sistemas abaixo elencados. 
 Livre Convicção ou da 
verdade real ou livre con-
vencimento
O juiz tem liberdade para 
formar sua convicção, pela 
livre apreciação da prova.
Não estando adstrito a 
qualquer critério de valores 
probatórios. Essa liberdade 
não é absoluta, é necessária 
a sua devida fundamenta-
ção.
Certeza Moral do 
Legislador ou sistema da 
verdade legal ou formal
A lei impõe ao juiz a obser-
vância e o rigoroso acata-
mento a regras existentes. 
Estabelece o valor, de cada 
prova, institui uma hierar-
quia entre estas. O juiz fica 
praticamente sem liberdade 
de apreciação.
Certeza Moral do juiz ou 
Íntima Convicção
A lei concede ilimitada
liberdade ao juiz para
este decidir como 
quiser, não fixando qualquer 
regra de valorização das pro-
vas. Vigora, como exceção, 
nas decisões proferidas por 
júri popular. 
O sistema da livre convicção é adotado pelo nosso Código de Processo 
Penal. O art. 155, caput (antigo art. 157) com a redação determinada pela Lei 
n. 11.719/2008, dispõe: “o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da 
181
Provas Penais Capítulo 6 
prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão 
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas 
as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas”. 
Princípios	Gerais	das	Provas
• Princípio da autorresponsabilidade das partes:
 – Assumem as consequências de sua inatividade, erro ou atos intencionais;
• Princípio da audiência contraditória: 
 – Toda prova admite a contraprova, não sendo admissível a produção de 
uma delas sem o conhecimento da outra parte.
• Princípio da aquisição ou comunhão da prova:
 – A prova produzida não pertence à parte que o produziu, servindo a ambos 
os litigantes e ao interesse da justiça. Na realidade, pertencem ao processo 
porque são destinadas à formação da convicção do julgador.
• Princípio da oralidade: 
 – Predominância da palavra falada (depoimentos, debates, alegações); 
a nova reforma processual penal operada pelas Leis n. 11.689/2008 e 
11.719/2008, primou pelo princípio da oralidade. 
• Princípio da publicidade: 
 – Os atos judiciais e a produção de provas são públicos, admitindo-se como 
exceção o segredo de justiça.
 – Princípio da concentração dos atos:
 – Busca-se concentrar toda a produção da prova na audiência.
• Princípio do livre convencimento: 
 – As provas não são valoradas previamente pela legislação; o julgador tem 
liberdade de apreciação, limitando apenas aos fatos constantes nos autos.
182
 Direito Processual Penal 
Atividade de Estudos:
1) O princípio que autoriza o juiz no processo penal a ordenar de 
ofício provas necessárias à instrução criminal, denomina-se: 
A) Do contraditório. 
B) Da verdade real. 
C)		Da	oficialidade.	
D) Do juiz natural. 
2) O Promotor de Justiça opta pelo pedido de arquivamento de 
determinado inquérito policial que apura crime de roubo. 
Entretanto, o Juiz a quo discorda do pedido de arquivamento, 
dando início ex officio à ação penal. Assinale a alternativa correta.
 A) O Magistrado agiu corretamente, pois compete ao Magistrado do 
feito, analisando as provas contidas no inquérito policial, decidir 
se ação penal pode ser proposta ou não. 
B) O Juiz não agiu corretamente, pois deveria ter remetido o inquérito 
ou	peças	de	informação	ao	Procurador	Geral	de	Justiça,	a	fim	de	
que este oferecesse a denúncia, designasse outro Promotor de 
Justiça para oferecê-la, ou insistisse no pedido de arquivamento. 
C) O Promotor não poderia ter requerido o arquivamento dos autos 
inquisitoriais sem que houvesse concordância da vítima, eis que, 
diante do delito de roubo, a ação penal é pública incondicionada. 
D) O Promotor tem que aceitar o início da ação penal, mas poderá 
provar, durante o curso da fase instrutória, que não há elementos 
de prova para a condenação. 
3) No tocante á prova, no processo penal brasileiro: 
A) nos processos do júri, há avaliação da prova pelos jurados 
segundo o sistema da convicção intima. 
B) só se admite interceptação telefônica em crimes de maior 
gravidade, com penas mínimas superiores a 4 (quatro) anos de 
reclusão 
C)	 juiz	 não	 pode,	 de	 oficio,	 ouvir	 testemunhas	 além	 daquelas	
arroladas pelas partes, mas pode determinar prova pericial. 
D) só podem ser admitidos os meios de prova expressamente 
previstos no Código de Processo Penal. 
E)	 é	suficiente,	para	validade	da	prova	pericial,	a	sua	realização	par	
um	perita	qualificado
183
Provas Penais Capítulo 6 
4) Assinale a alternativa correta. 
A) A expedição de carta precatória, destinada à produção de prova 
testemunhal, suspende a instrução criminal até a sua devolução 
devidamente cumprida. 
B) No interrogatório, o defensor do acusado não poderá intervir ou 
influir,	de	qualquer	modo,	nas	perguntas	e	nas	respostas.	
C) O juiz não pode ouvir outras testemunhas, além das indicadas 
pelas partes. 
D) O exame de corpo de delito não pode ser realizado aos domingos 
e feriados. 
5) No processo penal brasileiro, aplicam-se, além de outras, as 
seguintes regras, princípios e garantias: 
A) disponibilidade geral da ação penal pública, contraditório em 
todas as fases da persecução criminal e ampla defesa. 
B) inadmissibilidade das provas ilícitas pro reo, livre convencimento 
do juiz e publicidade da votação dos jurados. 
C) sigilo absoluto da investigação criminal, inadmissibilidade de 
provas ilícitas pro societate e contraditório em todas as fases da 
persecução criminal. 
D) votação secreta no júri, presunção de não-culpabilidade e 
necessidade de se comunicar ao preso o seu direito ao silêncio 
E) incomunicabilidade do preso, disponibilidade da ação penal 
privada e convicção íntima do juiz. 
Exame	de	Corpo	de	Delito
a) Perícia: 
É o exame procedido por um auxiliar da justiça, compromissado, que tenha 
determinados	 conhecimentos	 técnicos,	 científicos,	 artísticos	 ou	 práticos	 acerca	
dos fatos, circunstâncias objetivas ou condições pessoais inerentes ao fato 
punível	a	fim	de	comprová-los.	PERÍCIA:	não	é	um	simples	meio	de	prova.	
Faça uma costura entre as subseções!!!
184
 Direito Processual Penal 
b) Perito:
O perito é um apreciador técnico, assessor do juiz, destinado a fornecer 
dados	 instrutórios	 de	 ordem	 técnica	 e	 a	 proceder	 à	 verificação	 e	 formação	 do	
corpo do delito. A perícia é um elemento subsidiário. 
Os exames de corpo de delito e as outras perícias serão feitos por perito 
oficial.	Não	havendo	perito	oficial,	o	exame	será	realizado	por	pessoas	idôneas,	
portadoras de diploma de curso superior, escolhidas, de preferência, entre as 
que tiverem habilitação técnica relacionada à natureza do exame. Os peritos não 
oficiais	prestarão	o	compromisso	de	bem	e	fielmente	desempenhar	o	encargo.
A	 nomeação	 do	 perito	 não	 oficial	 não	 pode	 ser	 recusada	 a	 não	 ser	 que	
apresente	 motivo	 justificado	 pois,	 sendo	 este	 auxiliar	 da	 justiça	 assume	 ônus	
processual. E caso não compareça para realizar o exame, poderá ser conduzido 
coercitivamente. A sua nomeação é feita pela autoridade policial na fase de 
inquérito e pelo juiz, no processo.
Referindo-se a lei à preferência para os que têm habilitação técnica, 
nada	 impede	 que,	 na	 ausência	 de	 profissionais	 legalmente	 habilitados,	 sejam	
nomeadaspessoas	 sem	 esse	 preparo	 técnico.	 Os	 peritos	 não	 oficiais	 devem	
prestar o compromisso. Já se decidiu que a ausência do compromisso constitui 
mera irregularidade não anulando a perícia.
Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial 
negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao 
esclarecimento da verdade.
Evitando-se a realização de perícias desnecessárias, impertinentes, 
procrastinatória, a lei deixa ao prudente arbítrio do juiz a sua realização, devendo 
a parte que a deseje convencê-lo, fundamentadamente, da sua conveniência.
O indeferimento de exame pericial não comporta recurso, só pode ser 
desfeito pela via de reconsideração ou do remedium juris, se não constituir medida 
procrastinatória. 
Embora a lei preveja que, no exame a ser realizado por precatória a 
nomeação dos peritos se faça no juízo deprecado, salvo quando haja acordo entre 
as	partes,	essa	concordância	significa	que	a	nomeação	pode	ser	feita	pelo	juízo	
deprecante e não que as partes possam indicar, quando concordes, os expertos. 
Perícia é também chamada de prova critica. Dispõe o art. 159, com redação 
dada pela Lei n 11.690/ 2008, que “o exame de corpo de delito e outras pericias 
185
Provas Penais Capítulo 6 
serão	realizadas	por	perito	oficial,	portador	de		diploma	de	curso	superior.	E	em	
seu	§	1º	na	falta	de	perito	oficial,	o	exame	será	realizado	por	duas	pessoas	idôneas	
portadoras	de	diploma	de	curso	superior,	preferencialmente	na	área	especifica,	
dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame”. 
Antes da reforma processual penal, o exame de corpo de delito e outras 
pericias	 deveriam	 ser	 feitos	 por	 dois	 peritos	 oficiais,	 na	 falta	 destes	 por	 duas	
pessoas idôneas. Por isso, foi editada a Súmula 361 do STF, segundo a qual 
“no processo penal, e nulo o exame realizado por um só perito, considerando-se 
impedido o que tiver funcionando, anteriormente, na diligencias de apreensão”. 
Logo, se apenas um perito subscrevesse o laudo desse exame, aplicava-se a 
Súmula	 361,	 quer	 se	 tratasse	 de	 perito	 oficial,	 quer	 se	 tratasse	 de	 perito	 não	
oficial.	Ensina	Capez:		
Com as inovações operadas pela Lei n.11.690/2008, a 
Súmula 361 do STF apenas terá incidência na hipótese de um 
exame	realizado	por	peritos	não	oficiais,	pois,	em	se	tratando	
de pericia oficial , bastará o exame de um só perito. Cuida-
sede nulidade relativa, cuja a impugnação há de ser feita em 
tempo oportuno, bem como demonstrado o efetivo prejuízo. 
Finalmente, cumpre consignar que, em se tratando de pericia 
complexa que abrange mais de uma área de conhecimento 
especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um 
perito	oficial	(§	7º).	Nessa	hipótese,	como	se	trata	de	faculdade	
conferida ao julgador, a realização do exame por um só perito 
oficial	não	enseja	a	nulidade	da	prova	pericial.
Se os peritos não puderem formar logo juízo seguro ou fazer relatório 
completo do exame, a lei lhes concede o prazo de até 5 dias para a elaboração do 
laudo. Em casos especiais esse prazo poderá ser prorrogado.
O laudo pericial é um documento elaborado pelos peritos que deve conter: 
a	descrição	minuciosa	do	objeto	examinado,	respostas	aos	quesitos,	fotografias,	
desenhos etc.
No laudo destacam-se 4 partes:
• Preâmbulo: nome dos peritos, títulos, e objeto da perícia;
• Exposição: é a narração de tudo que foi observado; com ordem e método;
• Discussão: é a análise ou crítica dos fatos observados, com exposições de 
argumentos, razões ou motivos que informam o parecer do perito.
• Conclusão: responde sinteticamente ao s quesitos da parte.
186
 Direito Processual Penal 
Determinação	das	Pericias
O	 juiz,	 assim	 como	 a	 autoridade	 policial,	 pode	 determinar	 de	 oficio	 ou	 a	
requerimento das partes a realização de perícia. Se houver omissões ou falhas 
no laudo, somente o juiz pode determinar a correção, depois de ouvir as partes. 
No caso de divergências entre os peritos, a autoridade nomeará um terceiro, e, se 
este divergir, poderá ser realizado no exame. 
Deve-se atentar sempre para as determinações legais, como a disposta 
no art. 129 § 1º, I “No caso de crime de lesões corporais, se o exame visar à 
demonstração	da	qualificadora	do	art.	129,	§	1º,	 I,	do	Código	Penal,	dever-se-á	
proceder a novo exame decorrido o prazo de 30 dias, contado da data do delito”.
a) Procedimento da Perícia:
Observa-se que a Lei 11.690/2008 trouxe alterações no que se refere ao 
sistema da prova pericial. Destaca-se o art. 159, § 3º, do CPP que faculta ao 
Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao 
acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. 
Laudo pericial é a peça escrita onde os peritos descrevem o resultado do 
exame efetivado, mencionando o que observaram e consignando suas conclusões.
Espécies de perícias:
• Perícia “percipiendi”
• Perícia “duducendi”
• Perícia intrÍnseca
• Perícia extrínseca
• Perícia vinculatória
• Perícia liberatória
• Perícia	oficia
187
Provas Penais Capítulo 6 
Exame	de	Corpo	de	Delito:	Algumas	
Aplicações
Há infrações que não deixam vestígios, como nos crimes contra a honra. 
Porém, existem infrações que deixam vestígios materiais, como nos crimes de 
homicídio,	lesões	corporais,	falsificação	e	estupro.	Nesse	caso,	faz-se	necessário	
a realização de um exame de corpo de delito, isto é, a comprovação dos vestígios 
deixados. No exame de corpo de delito os peritos descrevem suas observações 
e o objetivo é a comprovação da existência do delito; o corpo de delito é a 
comprovação do próprio crime, evidencia da tipicidade.
O exame destina-se à comprovação por perícia dos elementos objetivos do 
tipo, principalmente o evento produzido pela conduta delituosa.
Quando	 a	 infração	 deixar	 vestígios,	 será	 indispensável	 o	 exame	 de	 corpo	
de	 delito,	 direto	 ou	 indireto,	 não	 podendo	 supri-lo	 a	 confissão	 do	 acusado.	 É	
obrigatória a realização do exame de corpo de delito direto sob pena de nulidade. 
Indispensável, nos crimes de homicídio, lesão corporal, estupro e sedução, etc..
Sendo possível o exame de corpo de delito direto, não se pode aceitar o 
indireto.
Isso	não	significa	que	a	denúncia	ou	queixa	não	possa	ser	recebida	sem	a	
juntada do auto do exame de corpo de delito direto, pois a materialidade pode 
estar indicada por outras provas e o auto juntado ao processo no curso da ação.
Observa-se que se a infração deixar vestígios, o art. 158 do CPP determina 
que haja o exame direto. Porém, se estes vestígios constituírem o próprio corpo 
de delito (um cadáver, por exemplo) admitir-se-á o exame indireto quando, embora 
desaparecido o corpo do delito, restarem ainda vestígios periféricos, como roupas 
com sangue da vítima, ao lado do corpo já incinerado.
No entanto, o art. 167 do CPP cuida de hipótese diferente, isto é, a do 
desaparecimento de todos os vestígios, principais e periféricos. Nesse caso não 
há que se falar em pericia, podendo a prova testemunhal suprir-lhe a falta.
O art. 564, III, b do CPP reforça o que foi dito anteriormente, ao prever a nulidade 
diante da falta exame de corpo de delito direto ou indireto, enfatiza a hipótese do art. 
167. Neste caso a ausência do exame direto ou indireto não gera nulidade.
Insta	salientar	que	a	lei	prevê	que	a	simples	confissão	do	acusado	não	pode	
suprir a falta do exame de corpo de delito indireto.
188
 Direito Processual Penal 
Atividade de Estudos: 
1) São espécies de exame de corpo de delito:
• Necropsia ou autópsia 
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 ____________________________________________________
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• Exumação
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Sendo possível e viável o exame pericial, não deve o magistrado pronunciar 
o non liquet, cabe-lhe ordenar, de ofício, sua realização nos termos dos artigos 
156 e 502 do CPP, sob pena de nulidade da sentença, ex vi do artigo 564, III, “b”.
Já se tem decidido que o laudo de exame de corpo de delito pode ser juntado 
aos	autos	durante	a	instrução,	até	as	alegações	finais,	inaplicável	o	artigo	525.
Por vezes as infrações não deixam vestígios ou estes não são encontrados, 
desaparecem, não permanecem, impossibilitando o exame direto. Ex.: homicídio 
praticado por afogamento em alto-mar em que o corpo da vítima não é encontrado. 
Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os 
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
189
Provas Penais Capítulo 6 
A única restrição prevista na lei a respeito é a de que o exame de corpo de 
delito	indireto	não	pode	ser	suprido	exclusivamente	pela	confissão	do	acusado.
A prova da existência do crime pode ser formada por qualquer elemento 
probatório, desde que não vedado em lei.
Tratando-se de exame de corpo de delito direto, deve ele ser realizado 
logo que o fato torna-se conhecido da autoridade policial. Sempre há o risco de 
desaparecerem os vestígios, obrigando a realização do corpo de delito indireto.
O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.
Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem 
encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e 
vestígios deixados no local do crime.
De modo habitual é feito quando do exame do local do crime. Para isso a 
autoridade providenciará de imediato que não se altere o estado das coisas, no 
local onde houver sido praticado o crime, até a chegada dos peritos, que podem 
instruir	seus	laudos,	necroscópicos	ou	quaisquer	outros,	não	só	com	fotografias,	
mas com desenhos e esquemas elucidativos.
Os peritos registrarão no laudo as alterações do estado das coisas e discutirão, 
no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos.
Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará 
para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se 
lavrará auto circunstanciado.
Pode acontecer que o cadáver a ser examinado já esteja sepultado, quer por 
se desconhecer de início que houve a prática de um crime quer para comprovar-
se	ou	retificar-se	laudo	anterior	sobre	o	qual	pairavam	dúvidas.
Em caso de dúvidas sobre a identidade do cadáver exumado, procede-se 
ao	 reconhecimento	 pelo	 Instituto	 de	 identificação	 ou	 repartição	 congênere.	 Os	
peritos devem fazer uso de todos os elementos que dispuserem como impressões 
digitais,	palmares,	plantares,	fotografias,	radiografias,	fichas	dentárias,	e	assim	por	
diante. Pode ser feito também o reconhecimento pela inquirição de testemunhas, 
parentes ou pessoas que conheceram o de cujos. Em ambos os casos deve 
lavrar-se o auto de reconhecimento e de identidade.
190
 Direito Processual Penal 
Outras	Perícias
Nas	perícias	de	laboratório,	os	peritos	guardarão	o	material	suficiente	para	a	
eventualidade	de	nova	perícia.	Sempre	que	profícuo,	os	laudos	serão	fotográficos,		
microfotográficos,	desenhos	ou	esquemas.
Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo à 
subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever 
os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época 
presumem ter sido o fato praticado.
Observa-se, porém, que a escalada, na maioria das vezes não deixa 
vestígios, valendo a prova testemunhal ou mesmo os indícios que comprovem 
a	qualificadora.	É	valido	para	outros	exames	em	que	se	deve	apurar	a	violência	
contra a coisa, crime de dano...
No	 caso	 de	 incêndio,	 os	 peritos	 verificarão	 a	 causa	 e	 o	 lugar	 em	 que	
começou, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio 
alheio, a extensão do dano e o seu valor, alem das demais circunstâncias que 
interessarem à elucidação do fato.
Insta salientar que a apuração de todas essas circunstâncias é indispensável 
porque o fogo pode constituir apenas crime de dano, de fraude para recebimento 
de indenização ou valor do seguro. Ou ter causado perigo para a vida ou 
patrimônio de terceiros, caso em que pode caracterizar o crime de incêndio doloso 
ou culposo.
Interrogatório	do	Acusado
Interrogatório é ato processual no qual o juiz ouve o acusado sobre a 
imputação contra ele formulada. Trata-se de garantia de sua defesa, de sua 
autodefesa. 
Há que se dizer, no que concerne à natureza jurídica, que o interrogatório é 
meio de prova. Não se pode ignorar que ele é também um ato de defesa, pois não 
há dúvidas de que o acusado pode dele valer-se para se defender da acusação. 
Vislumbra-se, segundo Mougenot que quanto à sua natureza, a doutrina 
divide-se em três posições:
191
Provas Penais Capítulo 6 
a) Para alguns doutrinadores o interrogatório é meio de prova, fornecendo ao 
juiz elementos de convicção. Essa é a opção do legislador ao tratá-lo no 
capítulo referente à prova, deixando por sua vez em segundo plano a função 
do interrogatório como meio de auto defesa do acusado.
b) Para outros, o interrogatório é um meio de defesa, porque nele o acusado 
expõe a sua versão, contestando a acusação. Podendo constituir fonte de 
prova.
c) Uma terceira corrente concilia as duas propostas anteriores atribuindo ao 
interrogatório natureza mista: é meio de defesa e meio de prova. Se por um 
lado, o interrogado ao expor suas alegações, exerce sua defesa, é inegável 
que	 suas	 afirmações	 fornecerão	 elementos	 que	 influirão	 na	 apuração,	 pelo	
julgador, da verdade. 
As leis n.10.792/2003 e 11.900/2009 alteraram a disciplina do interrogatório, 
substituindo todos os dispositivos a eles referentes e incorporando importantes 
preceitos a legislação em vigor. À nova disciplina, entretanto, conquanto empreste 
ao interrogatório características mais próximas então relacionadas à defesa do 
réu, não altera sua natureza mista, mantendo também sua função probatória. 
a) Necessidade do Interrogatório
O acusado que for preso, comparecer espontaneamente ou em virtude 
de intimação perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será 
qualificado	e	interrogado.
O acusado deve ser interrogado no curso do processo penal, porém, a falta 
do interrogatório gera causa de nulidade (artigo 564, III, “e”). Conclui-se que, 
sendo ele possível, deve ser efetuado até o trânsito em julgado da sentença, 
mesmo após a decisão. 
A lei não determina, mas o interrogatório do réu que é preso ou se apresenta 
durante a instrução deve ser realizado o mais breve possível, antes da realização 
de outras diligências ou apresentação de provas.
O Supremo Tribunal Federal decidiu que a falta do interrogatório no curso 
da ação penal, quando possível, gera nulidade relativa. A supressão desse termo 
configura	prejuízo	presumido,	podendo	o	juiz	decretar	nulidade	absoluta.
Não há nulidade quando o réu for considerado inimputável, quando este se 
recusar a prestar declarações, quando for revel ou estiver foragido.
192
 Direito Processual Penal 
A	 falta	 de	 interrogatório	 no	 auto	 de	 prisão	 emflagrante	 não	 invalida	
o ato quando o preso não estava em condições físicas ou mentais de prestar 
declarações. O ato deverá ser realizado durante o inquérito policial logo que 
desaparecer a incapacidade.
b) Formalidades do Interrogatório
O interrogatório é um ato público, gozando o acusado de liberdade e da 
garantia	 de	 que	 não	 se	 praticará	 extorsão	 das	 confissões.	A	 única	 exceção	 à	
regra é a prevista pelo artigo 792, §1°, quando da publicidade do ato puder 
resultar escândalo, atitude inoportuna grave. Será o ato realizado, então, a 
portas fechadas.
O defensor do acusado não poderá intervir ou incutir, de qualquer modo, 
nas perguntas e nas respostas. Contudo a lei processual enseja o direito a 
esclarecimentos, tanto para a acusação como para a defesa.
O interrogatório, por sua vez, é um ato personalíssimo. Ou seja, só o 
acusado pode ser interrogado, não se admitindo a representação, substituição 
ou sucessão ou interferência do defensor ou curador. Neste sentido, Mougenot 
registra como características do interrogatório:
O interrogatório é o ato público, personalíssimo e oral: 
a) públicos, pois, salvo naquelas ocasiões em que for 
aconselhável a decretação do sigilo, deve ele ser conduzido 
à vista de todos; b) personalíssimo, porque a presença do 
réu não pode ser substituída, inexistindo o interrogatório por 
procuração e admitindo-se a participação ativa de terceiros 
no procedimento apenas no caso do interrogatório surdo e 
mudo que não saiba ler e escrever (art. 192, parágrafo único); 
c) oral, porquanto, salvo nas hipóteses em que o interrogado 
seja impossibilitado de falar, nessa forma deverá ser a 
manifestação do réu, que será reduzida a escrito por escrivão 
judicial.
Outra característica do interrogatório é a sua judicialidade, isto é, cabe ao 
juiz, interrogar o réu; como visto anteriormente é um meio de prova. É ato de 
instrução do processo, onde o juiz tem oportunidade de formar juízo a respeito da 
personalidade do inquirido. Assim ensina Mougenot:
Apontava-se como característica do interrogatório, ainda, 
a judicialidade. Isso porque o interrogatório constituía um 
momento de contato direto entre o juiz e o acusado, sendo 
anteriormente ao advento da Lei n. 10.792/2003, vedada a 
intervenção do advogado, cuja presença era considerada, em 
princípio, facultativa. Entretanto, a atual disciplina do ato tornou 
193
Provas Penais Capítulo 6 
obrigatório	a	presença	do	advogado	e	acabou	por	flexibilizar	a	
judicialidade do interrogatório, uma vez que a nova redação 
do art. 188 do Código de Processo Penal, impingida pela lei 
n.10.792/2003, reforçou seu caráter contraditório, ao permitir 
as partes manifestarem-se acerca dos fatos que não restaram 
esclarecidos após a inquirição do réu pelo juiz. Caberá ao 
julgador, então, formular as perguntas correspondentes, se as 
reputar pertinentes e relevantes.
Outra característica do interrogatório é a oralidade: a palavra do acusado, 
circundada de sua atividade, de seus gestos, tom de voz, pode dar ao juiz um 
elemento de convicção insubstituível. 
As respostas do acusado serão, sempre que possível, gravadas em mídia, e 
quando não for possível a gravação, reduzidas a termo. Esta determinação tem 
um grande valor na formação e valoração do conjunto probatório.
Se o acusado não souber escrever, não puder ou não quiser assinar, tal fato 
será consignado no termo.
Se houver co-réus, cada um deles será interrogado separadamente. Visa-se 
impedir,	que	cada	um	dos	acusados	se	beneficie	das	repostas	dadas	pelo	réu	o	
qual	o	antecedeu,	que	as	declarações	de	um	possam	influir	nas	dos	seguintes,	o	
relato de cada acusado deve ser pleno de espontaneidade.
Conteúdo	do	Interrogatório
De acordo com art. 187 do CPP, o interrogatório será constituído de duas 
partes: a primeira discorrerá sobre a pessoa do acusado e a segunda terá 
questões sobre os fatos apurados.
Portanto, o interrogatório não é só um termo do processo, com uma série de 
perguntas determinadas, a que o acusado dá resposta de antemão já estudadas, 
para não comprometer-se, mas uma franca oportunidade de obtenção de prova.
A Constituição Federal assegura ao indiciado e ao réu o direito ao silêncio. 
Foi consagrado o princípio nemo tenetur se detegere. Não pode o acusado ser 
obrigado a produzir provas contra si mesmo, e mais, se optar por permanecer 
calado,	 seu	 silêncio	 não	 importará	 confissão,	 nem	 será	 interpretado	 em	
prejuízo da defesa. Portanto a doutrina entende que o réu está obrigado a 
responder às perguntas sobre sua pessoa, cujo conteúdo vem disposto no art. 
187, § 1º do CPP.
194
 Direito Processual Penal 
O artigo 188 do CPP preconiza apenas o conteúdo dos assuntos a serem 
focalizados no interrogatório, com prevalência daqueles que constituem a 
imputação, possibilitando o acusado confessar ou negar a prática do ilícito penal. 
No	que	concerne	ao	interrogatório,	este	tem	como	finalidade:
• Facultar o magistrado o conhecimento do caráter, da índole dos 
sentimentos do acusado - compreender-lhe a personalidade; 
• Transmitir ao julgador a versão dos acontecimentos pelo 
acusado, de que o último dispõe ou pretenda dispor, para 
convencer a idoneidade de sua função; 
• Verificar	as	 reações	do	acusado,	ao	 lhe	ser	dada	diretamente	
pelo juiz, a ciência do que os autos encerram contra ele.
O	 julgador,	 além	 das	 perguntas	 de	 identificação,	 fará	 as	 perguntas	
necessárias à pesquisa da verdade dos fatos, conforme evidencia o item VII da 
Exposição de Motivos do Código de Processo Penal.
O acusado será perguntado sobre o seu nome, naturalidade, estado, 
idade,	filiação,	residência,	meios	de	vida	ou	profissão	e	lugar	onde	exerce	a	sua	
atividade	e	se	sabe	 ler	e	escrever,	e,	depois	de	cientificado	da	acusação,	será	
interrogado sobre: onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se 
teve notícia desta;
• as provas contra ele já apuradas;
• se conhece a vítima e as testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde 
quando, e se tem o que alegar contra elas;
• se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer dos 
objetos que com esta se relacione e tenha sido apreendido;
• se verdadeira a imputação que lhe é feita;
• se, não sendo verdadeira a imputação, tem algum motivo particular a que 
atribuí-la; se conhece a pessoa ou pessoas a que deva ser imputada a prática 
195
Provas Penais Capítulo 6 
do crime, e quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da infração ou 
depois dela;
• todos os demais fatos e pormenores, que conduzam à elucidação dos 
antecedentes e circunstâncias da infração;
• sua vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, no 
caso	afirmativo,	qual	o	juízo	do	processo,	qual	a	pena	imposta	e	se	a	cumpriu.
Se o acusado negar a imputação no todo ou em parte, será convidado a 
indicar as provas da verdade de suas declarações. Contudo, se o réu confessar 
a autoria, será especialmente perguntado sobre os motivos e circunstâncias da 
ação e se outras pessoas concorreram para a infração e quais sejam.
Porém, não são somente essas perguntas que podem ser feitas pelo juiz. A 
este é facultado formular ao acusado quaisquer perguntas que julgue necessária 
à pesquisa da verdade. O interrogatório será nulo se não for possibilitado ao 
acusado o acompanhamento de advogado ou defensor público.
Casos	Especiais
Ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que o mesmo 
responderá oralmente; ao mudo as perguntas serão feitas oralmente respondendo-
as ele por escrito; ao surdo mudo as perguntas serão formuladas por escrito e 
deste mesmo modo respondidas.
Sendo o acusado surdo-mudo e alfabetizado, este deve ser inquirido por 
escrito e responder por escrito as perguntas da autoridade, não se permitindo 
a comunicação por mímica, sob pena de nulidade. Assevera sobre os casos 
especiais	Mougeno	(2011	página????):
Havendo mais de um acusado, serão interrogados 
separadamente(art.191). Se o interrogando for surdo, as 
perguntas serão apresentadas por escrito e respondidas 
oralmente (art. 192, I). Sendo ele mudo, as perguntas serão 
feiras oralmente e respondidas por escrito (art. 192, II). Na 
hipótese surdo-mudez do réu, as perguntas serão formuladas 
por escrito e do mesmo modo serão dadas as respostas ( art. 
192, III). Finalmente se , nesse caso, o réu não souber ler nem 
escrever, intervirá no ato, como intérprete, pessoa habilitada a 
entendê-lo (art. 192, parágrafo único). 
Quando	o	acusado	não	falar	a	língua	nacional,	o	interrogatório	será	feito	por	
196
 Direito Processual Penal 
intérprete.	Não	 significa	que	o	 intérprete	 interrogará	o	acusado,	mas	que	ele	é	
o meio de que o juiz utilizará para fazer as perguntas e receber as respostas. 
A intervenção do intérprete (tradutor) é necessária, mesmo que o juiz conheça 
o idioma, uma vez que perguntas e respostas devem ser entendidas pelo MP, 
acusador particular, defensor, que podem não conhecer a língua.
Na hipótese de haver revelia, poderá o juiz, uma vez comparecendo o 
acusado, proceder ao seu interrogatório. Nos casos de citação por edital, onde o 
processo	fica	suspenso,	comparecendo	o	acusado,	observar-se-á	o	que	dispõe	os	
arts. 394 e seguintes do CPP (CPP,art. 363, §§1º e 4º, com a redação determinada 
pela	Lei	n.11.719/2008),	o	que	significa	então	dizer	que	o	interrogatório	deverá	ser	
realizado dentro da audiência, na forma dos artigos 400 e 531 no CPP.
Confissão
É o reconhecimento pelo réu da acusação que lhe é dirigida no processo 
penal, capazes de ocasionar-lhe conseqüências jurídicas desfavoráveis.
No	 âmbito	 do	 direito	 processual	 penal,	 a	 confissão	 poderá	 ser	 judicial, 
quando feita em juízo, ou extrajudicial, quando produzida em sede diversa, 
como por exemplo, a realizada em inquérito policial, ou comissão parlamentar de 
inquérito.	A	confissão	judicial,	por	sua	vez,	pode	ocorrer	no	interrogatório	ou	fora	
dele.	Neste	último	caso,	consoante	o	art.	199	do	CPP,	a	confissão	será	tomada	
por termo nos autos. 
SIMPLES
E
QUALIFICADA
EXPRESSA OU EXPLÍ-
CITA OU TÁCITA, IMPLÍ-
CITA 
OU FICTA
Quanto aos efeitos, pode ser:
Quanto à forma, será:
Valor	Probatório
A	 	 confissão	 por	 muito	 tempo	 ficou	 conhecida	 como	 regina probationum 
-	 	 rainha	 das	 provas.	 Hoje,	 porém,	 não	 desfruta	 de	 tanta	 influência,	 diante	 do	
sistema	 adotado	 na	 nossa	 legislação.	 A	 própria	 confissão	 do	 acusado	 não	
197
Provas Penais Capítulo 6 
constitui, necessariamente, prova plena de sua culpabilidade, já que todas as 
provas são relativas.
O	Código	de	Processo	Penal,	no	art.	200,	determina	que	a	confissão	será	
divisível e retratável.
 DIVISIBILIDADE: A confissão pode se dar no todo ou em parte.
RETRATABILIDADE: O acusado pode retratar-se, isto é, negar o que já havia dito.
Das	Perguntas	ao	ofendido
O ofendido é o titular do bem jurídico de interesse lesado ou posto em perigo 
pela prática de conduta criminosa. 
Na visão de Mougenot (2011) o ofendido é a vítima, ou seja, o sujeito passivo 
da infração penal. A vítima não é equiparada, as testemunhas, pois esta tem 
interesse na condenação do réu. 
O ofendido pode ser parte: como o querelante, na ação privada, assistente 
de acusação, na ação pública, recorrente, autor nos pedidos de restituição de 
coisas apreendidas e nos processos acautelatórios, destinados a garantir a 
reparação civil. O ofendido é objeto de prova no exame de corpo de delito, no 
reconhecimento e na busca pessoal para aquisição de prova.
Sempre	 que	 possível,	 o	 ofendido	 será	 qualificado	 e	 perguntado	 sobre	 as	
circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que 
possa indicar, tomando-se por termo as suas declarações. Portanto, a vítima que 
casualmente conceder informações discordantes daquelas que posteriormente se 
confirmarem	como	de	fato	verdadeiras	não	comete	crime	de	falso	testemunho.
Insta salientar que o ofendido não é testemunha. Sua oitiva é facultativa, não 
constituindo sua falta causa de nulidade. Portanto, uma vez que seja determinada 
sua realização o seu comparecimento é obrigatório. Se intimada regularmente, 
a vítima não comparecer, proceder-se-á sua condução coercitiva à presença da 
autoridade policial ou judicial.
Qualquer	 das	 partes	 pode	 insurgir-se	 contra	 as	 	 declarações	 do	 ofendido.	
Menciona-se, neste sentido que a Lei n. 11.690/2008 forneceu ao ofendido 
algumas garantias: 
198
 Direito Processual Penal 
• Comunicação dos atos processuais de ingresso e saída do acusado, 
designação de audiência, de sentença e de acórdão. A comunicação poderá 
ser feita de endereço indicado ou pelo uso do meio eletrônico.
• Na audiência terá espaço reservado.
• Encaminhamento a atendimento multidisciplinar, às custas do ofensor ou do 
Estado, em face dos inúmeros traumas gerados por determinados crimes.
• A	retirada	do	réu	da	sala	a	fim	de	evitar	incômodo.
• Ao magistrado cabe tomar as providências necessárias ao resguardo da 
intimidade, vida privada, honra e imagem, podendo este decretar segredo de 
justiça em relação aos dados, depoimentos e outras informações.
Prova	Testemunhal
O	 testemunho,	 por	 ser	 meio	 de	 prova	 no	 processo,	 tem	 como	 finalidade	
demonstrar a veracidade de determinados fatos. É muitas vezes indispensável que 
sejam ouvidas as pessoas que presenciaram os fatos, no todo ou ao em parte. 
E aprova testemunhal, por sua vez, é a que se obtém através do relato 
prestado em juízo, por pessoas que conhecem o fato litigioso.
Porém, só é considerada prova testemunhal a colhida com garantias que 
cercam o depoimento oral, que obrigatoriamente se faz em audiência na presença 
do juiz e das partes, sob compromisso legal de dizer a verdade, e sujeito a 
contradita e reperguntas.
A testemunha é a pessoa que perante o juiz, declara o que sabe acerca 
dos fatos sobre os quais se litiga no processo penal, ou sobre suas percepções 
sensoriais a respeito dos fatos imputados ao acusado.
A	 princípio	 podem	 ser	 testemunhas	 as	 pessoas	 cujas	 afirmações	 são	
compreendidas pelas autoridades judiciárias e outras autoridades competentes, 
com o intuito de facilitar a descoberta da verdade do crime. 
Impedimento
No processo penal todas as pessoas podem testemunhar. É tarefa do 
julgador analisar, quando da sentença, a utilidade, pertinência e idoneidade dos 
199
Provas Penais Capítulo 6 
testemunhos. A pessoa chamada a depor é obrigada a fazê-lo, contudo, o Código 
de Processo Penal estabelece algumas exceções, no artigo 206. 
Atendendo aos laços afetivos e de consangüinidade que prendem as 
testemunhas ao acusado, procura a lei preservar a paz e a harmonia na 
família, não impondo a ela a obrigação de depor numa perceptível situação de 
constrangimento.
A	 enumeração	 do	 artigo	 é	 limitada	 (taxativa),	 não	 sendo	 exemplificativa.	
Sendo obrigadas a depor, em decorrência da regra geral, o divorciado, o 
amasiado, o padrinho, o compadre...
A lei não se opõe que as pessoas enunciadas no artigo possam oferecer 
seus esclarecimentos a respeito dos fatos em discussão. 
Prepondera o interesse geral, contra o interesse particular.
Reconhece	a	lei,	porém,	que	tais	pessoas	dificilmente	prestarão	o	depoimento	
com a imparcialidade que se espera das demais testemunhas. Assim, quando 
prestam ou são obrigadas a fazê-lo, não se lhes exige o compromisso de dizer a 
verdade,	conforme	artigo	203	CPP.	ART.	208	(in	fine).
Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e 
deficientes	mentais	e	aos	menores	de	14	anos,	nem	às	pessoas	a	que	se	refere	
o art. 206 (art. 208). Como a enumeração da Lei é taxativa, nada impede que o 
silvícola deponha.
O fato de uma pessoa ter a recusa do depoimento como possibilidade e, 
mesmo assim, prestar o compromisso não causa nulidade no processo.
São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, 
ofício	 ou	 profissão,devam	guardar	 segredo,	 salvo	 se,	 desobrigadas	 pela	 parte	
interessada,	 quiserem	 dar	 o	 seu	 testemunho.	 Desta	 forma	 esclarece	 Bonfim,	
(2010,p.407), “Algumas pessoas são proibidas por lei de depor. A lei veda 
testemunho	de	quem,	em	razão	de	 função,	ministério,	ofício	ou	profissão,	deva	
guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o 
seu testemunho” (art. 207).
Cumpre ressaltar que ao contrário de empregar o sistema de indicar 
especificamente	as	profissões	compatíveis	com	o	segredo	profissional,	a	lei	usa	
palavras genéricas para indicá-las.
São pessoas que devem guardar segredos:
200
 Direito Processual Penal 
• as pessoas previstas em lei;
• as previstas nos regulamentos que disciplinam o exercício da atividade;
• as previstas nas normas consuetudinárias;
• as indicadas pela própria natureza da infração.
• Função: entende-se o encargo que alguém recebe, em virtude da lei, decisão 
judicial ou contrato;
• Ministério: encargo de atividade religiosa;
• Ofício: atividade predominantemente mecânica, manual;
• Profissão:	atividade	de	natureza	predominantemente	intelectual;
Seguramente	o	sigilo	profissional	é	dever	do	advogado	que	pode	recusar-se	
a depor como testemunha sobre fatos que teve conhecimento em razão de sua 
atividade	profissional.
Por	fim	o	sigilo	profissional	do	advogado,	por	ser	peculiar,	merece	destaque	
nos ensinamentos de Mougenot:
O Estatuto da Advogacia e da Ordem dos Advogados do Brasil 
(Lei n. 8906/94), no art. 7º, XIX, estabelece como prerrogativa 
do advogado “recusar-se a depor como testemunha em 
processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre 
fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, 
mesmo quando autorizado ou solicitado pelo conseguinte, bem 
como	sobre	fato	que	constitua	sigilo	profissional.”	Trata-se	de	
exceção ao art. 207 do CPP, uma vez que mesmo desobrigado 
pelo interessado, e defeso ao advogado testemunhar nos 
casos	 mencionados.	 A	 violação	 de	 segredo	 profissional	 é	
crime nos termos art. 154 do Código Penal.
De forma geral, as pessoas mencionadas podem depor, porém, se tiverem 
consentimento do titular do segredo, e desde que, evidentemente, não haja dano 
a terceiro. Sendo vários os titulares do segredo, necessário a anuência de todos, 
para que seja prestado o depoimento. 
Deveres	da	Testemunha
Sabe-se que testemunha é a pessoa diversa dos sujeitos processuais 
chamada a juízo para narrar fatos dos quais tenha tomado conhecimento.
A s testemunhas têm três obrigações:
• O ato de comparecer;
• De prestar compromisso 
201
Provas Penais Capítulo 6 
• Prestar o testemunho do que sabem, ou seja, não podem omitir e não podem 
mentir.
O compromisso é a promessa feita pela testemunha, sob sua palavra de 
dignidade (honra) de dizer o que souber e do que lhe for inquirido. Porém, tal 
dever de prestar compromisso não é absoluto, como já se viu (artigos. 208 e 203 
do CPP). 
Se o juiz deixar de deferir o compromisso à testemunha, parte da doutrina 
entende tratar-se de nulidade absoluta. Alguns entendem que a omissão gera 
nulidade relativa. Outros, porém, consideram que a falta desta formalidade 
representa mera irregularidade do ato.
Nota se que a prestação do compromisso não constitui elemento do crime de 
falso testemunho.
De acordo com a redação do art. 214 do CPP, antes de iniciado o depoimento, 
as partes poderão contraditar a testemunha ou argumentar sobre circunstâncias 
ou defeitos que a tornem suspeita de parcialidade. O juiz só excluirá a testemunha 
ou deixará de deferir o compromisso nos casos previstos nos arts. 207 e 208.
Via de regra, intimada a testemunha esta deve comparecer a juízo para 
prestar depoimento.
São exceções ao dever de comparecimento:
• As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por velhice, serão inquiridas 
onde estiverem (art. 220);
• As pessoas enumeradas no art. 221 serão inquiridas em local, dia e hora 
previamente ajustados entre elas e o juiz. Integram este rol o Presidente e 
Vice- Presidente da República; os Senadores e Deputados Federais; os 
Ministros de Estado, Governadores de Estado e Territórios (bem como o 
Governador do Distrito Federal); os Secretários de Estado, os Prefeitos dos 
Municípios, os Deputados das Assembléias Legislativas dos Estados, os 
membros do Poder Judiciário e os membros e Ministros dos Tribunais de 
Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal 
Marítimo. Por força de Lei n. 8.625/93, art. 40, devem-se incluir nessa lista os 
membros do Ministério Público.
• A testemunha que morar fora da jurisdição do magistrado deve ser inquirida 
pelo juiz do lugar de sua residência, por meio de carta precatória (art.222), 
intimando-se as partes.
202
 Direito Processual Penal 
Vislumbra-se da redação das Súmulas 273 e 155 respectivamente: “intimada 
a defesa da expedição da carta precatória, torna-se desnecessária intimação da 
data da audiência no juízo deprecado”; “é relativa a nulidade do processo criminal 
por falta de intimação da expedição de precatória para inquirição de testemunha”. 
Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem motivo 
justificado,	 o	 juiz	 poderá	 requisitar	 à	 autoridade	policial	 a	 sua	apresentação	ou	
determinar	seja	conduzida	por	oficial	de	justiça,	que	poderá	solicitar	o	auxílio	da	
força pública. 
a) Direitos da Testemunha
• O direito a expor, com coerência, tudo que sabe sobre o fato objeto do 
processo ou a respeito do que for perguntado. 
• O direito a um tratamento leal e respeitador, dentro do devido processo legal
• O direito a compensação do dia trabalhado, conforme determinado na lei.
b) Depoimento 
No âmbito do Direito Processual Penal, determina o art. 203 do Código 
de Processo Penal brasileiro que o depoimento é composto de quatro fases: 
• Identificação	da	testemunha;
• Verificação	de	vínculo	com	as	partes;
• Advertência das penas cominadas ao crime de falso testemunho,
• Inquirição dos fatos da causa que tenha conhecimento
As perguntas das partes são feitas diretamente às testemunhas, sem a 
intermediação do juiz.
• Ao juiz cabe inspecionar a inquirição, não admitindo que perguntas conduzam 
a resposta, bem como as que não tenham relação com a causa ou que já 
tinham sido respondidas pela testemunha. 
• Poderá o juiz completar a inquirição nos pontos ainda não esclarecidos.
• Ao término da inquirição feita pelo juiz, procedem-se as reperguntas das 
partes.
O juiz, também poderá completara inquirição nos pontosque não foram 
devidamente esclarecidos (art.212). 
203
Provas Penais Capítulo 6 
Assinala Mougenot:
Não obstante, parcela da doutrina e da jurisprudência tem 
se inclinado no sentido de que, com a nova redação do art. 
212 do Código de Processo Penal, a ordem de inquirição 
das	 testemunhas	 foi	 substancialmente	 modificada,	 cabendo	
primeiramente às partes (acusação e defesa, nesta 
ordem, salvo em relação às testemunhas arroladas pela 
defesa, oportunidade em que esta iniciará a inquirição) a 
perquirição das testemunhas, possibilitando, em seguida, 
a complementação dos questionamentos pelo juiz, quando 
entender necessários, esclarecimentos. Este é o mais recente 
entendimento do STJ, no qual diverge, no entanto, quanto ao 
caráter da nulidade oriunda da referida inversão.
O depoimento das testemunhas será oral, devendo ser gravado em mídia 
sempre que possível, sendo de valor inquestionável este procedimento, como já 
se disse. Nada impede que haja consulta a anotações * Princípio da Oralidade *.
O teor de depoimento poderá ser reduzido a termo, que deverá assinado 
pela testemunha, pelo juiz e pelas partes. Como já fora dito anteriormente, se a 
testemunha não souber assinar o próprio nome ou estiver impossibilitado de fazê-
lo, poderá alguém que o faça por ela, depois deste lido na presença de ambos 
(art. 206).
Insta salientar que na redação do depoimento, o juiz deverá limitar-se às 
expressões

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