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ATOS DA ADMINISTRAÇÃO Disciplina: Direito Administrativo. A Administração Pública realiza inúmeras atividades, das mais variadas possíveis, desde a limpeza de vias públicas até a sanção e veto de leis. Mas será que todas as atividades administrativas podem ser caracterizadas como atos administrativos? Certamente que não. Os atos administrativos possuem atributos e elementos próprios, que possibilitam a sua individualização como categoria especial no meio das demais atividades administrativas. Com efeito, a doutrina enfatiza que todo ato praticado no exercício da função administrativa é ato da Administração , porém, nem todo ato da Administração é ato administrativo. Ou seja, a expressão “ato administrativo” abrange apenas determinada categoria de atos praticados no exercício da função administrativa, mas não todos . Dentre os atos da Administração incluem-se: → Atos de direito privado: são aqueles praticados pela Administração em igualdade de condições com o particular, ou seja, sem se valer das prerrogativas de direito público. Exemplo: contratos regidos pelo direito privado, como a doação, permuta, compra e venda, locação etc. → Atos materiais da Administração: são atos que envolvem apenas execução material, de ordem prática , como a demolição de uma casa, a apreensão de mercadoria, a instalação de um telefone público, a desapropriação de terrenos etc. Alguns autores incluem os atos materiais na categoria dos fatos administrativos. Em regra, os atos materiais ocorrem como consequência de um ato administrativo . Por exemplo: para que ocorra a demolição de uma casa (ato material) é necessário que a Prefeitura emita uma ordem de serviço (ato administrativo); a desapropriação de um terreno (ato material) ocorre como consequência da edição de um decreto (ato administrativo), e assim por diante. → Atos de conhecimento, opinião, juízo ou valor: são atos que não produzem efeitos jurídicos imediatos. Exemplo: atestados, certidões, pareceres, laudos, despachos de encaminhamento de papeis e processos. → Atos políticos ou de governo: são atos praticados pelos agentes de cúpula da Administração , em obediência direta à Constituição, isto é, com base imediata no texto constitucional. Exemplo: iniciativa de leis, sanção ou veto a projetos de leis, celebração de tratados internacionais, decretação de estado de sítio, indulto, entre outros. → Contratos administrativos e convênios: são atos em que a vontade é manifestada de forma bilateral . Exemplo: contrato de concessão e permissão de serviços públicos e contrato de fornecimento de material, ambos decorrentes de processo licitatório. → Atos normativos: são atos dotados de generalidade e abstração , enfim, com conteúdo de leis, e, só formalmente, são atos administrativos. Exemplo: portarias, resoluções, regimentos etc. → Atos administrativos propriamente ditos: manifestação de vontade cujo fim imediato seja a produção de efeitos jurídicos, regidos pelo direito público. Exemplo: nomeação de servidor, concessão de licença, homologação de licitação etc. Repare, acima, que o rol de atos praticados pela Administração Pública é bem mais amplo que a edição de atos administrativos propriamente ditos. Importa notar que, para se falar em ato da Administração, ele necessariamente deve ter sido emanado da Administração. Vale dizer, não existem atos da Administração produzidos por particulares . Por outro lado, os atos administrativos podem ser produzidos mesmo por pessoas que não pertencem formalmente à Administração Pública , caso dos particulares em colaboração (agentes honoríficos, delegados e credenciados). Por exemplo, concessionárias e permissionárias de serviços públicos, quando atuam sob regime de direito público, praticam atos administrativos. Também são exemplos os atos praticados pelos tabeliães, agentes delegados, no exercício da função notarial. Nem toda atividade desempenhada pela Administração se dá através da edição de atos administrativos. Como exemplo, pode-se citar a locação de imóveis (ato de direito privado), a limpeza de ruas (ato material), a emissão de pareceres (ato de opinião), além dos atos políticos, dos atos normativos e da celebração de contratos administrativos. Todas essas atividades constituem atos da Administração, mas não são classificadas como atos administrativos, pois lhes falta algum dos elementos destes, como a unilateralidade, o regime de direito público e a produção de efeitos jurídicos imediatos. A abertura de conta corrente pelos bancos públicos é feita mediante contrato, regido pelo direito privado. Trata-se de ato da Administração , porque praticado por entidade pública, mas não propriamente de ato administrativo , que constitui declaração unilateral do Estado, sob regime de direito público . De fato, é correto que nem toda ação da Administração Pública é considerada ato administrativo , a exemplo dos atos típicos de direito privado praticados pelas empresas públicas e sociedades de economia mista, como é o caso da abertura de contas correntes e a concessão de empréstimos pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal, assim como a venda de petróleo no mercado e a compra de refinarias pela Petrobrás. Quando pratica atos de direito privado , a Administração se coloca em igualdade de condições com os particulares, vale dizer, não atua com as prerrogativas próprias do regime jurídico-administrativo . Porém, vale ressaltar que as empresas públicas e sociedades de economia mista, ainda que exploradoras de atividade econômica , em determinadas situações também praticam atos administrativos propriamente ditos , como quando realizam licitações na atividade meio ou quando realizam concurso público para contratação de pessoal.
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