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MANDADO DE SEGURANÇA COM TUTELA DE URGÊNCIA

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA CAPITAL PALMAS – TO. 
AMANDA (nome completo), brasileira, estado civil ..., profissão..., inscrita no CPF sob o nº 000.000.000-00, portadora do RG nº ... SSP/UF, endereço eletrônico ..., residente e domiciliada à Rua ..., Palmas/TO, filha de ... e ..., por intermédio de seu advogado subscrito, com endereço profissional à Rua ..., e endereço eletrônico ..., vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, nos termos do art. 5º, LXIX, da Constituição Federal de 1988, e artigo 1º da Lei 12.016/09, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COM TUTELA DE URGÊNCIA em face do MUNICÍPIO DE PALMAS/TO, pessoa jurídica de direito público interno, com sede na ..., PALMAS/TO, inscrita no CNPJ sob o nº 000.000.000-00, endereço eletrônico ..., representado pelo Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal ou pelo Exmo. Procurador do Município; e em face do SECRETÁRIO MUNICIPAL DE SAÚDE, autoridade coatora municipal, que pode ser encontrado na Secretária Municipal de Saúde, profissão: Secretário Municipal de Saúde, inscrito sob o CPF n° 000.000.000-00, portador do RG nº ... SSP/UF, residente e domiciliado à Rua..., filho de ... e de ..., e endereço eletrônico ...
I - DOS FATOS
A Impetrante é portadora de uma doença grave denominada como Diabetes Melitos, motivo pelo qual necessita de medicações com valores elevados e de uso contínuo, a fim de manter-se saudável. Desta forma, consultou-se com vários médicos e foi submetida a exames, sendo que esses profissionais lhe forneceram diversos documentos que comprovavam a referida enfermidade e, consequentemente, a necessidade de receber tratamento médico com insulinas especiais; um tipo de hormônio que deixa de ser produzido pelo corpo quando a pessoa tem diabetes. 
Assim, diante da natureza do pedido, a Impetrante realizou um pedido administrativo junto à Secretaria de Saúde do Estado do Tocantins no dia 2 de junho de 2018, o qual foi recebido e, posteriormente, instaurado um processo para análise do pedido de recebimento gratuito da medicação. Ocorre, Excelência, que a negativa do pedido veio somente após 180 DIAS, em 4 de janeiro de 2019, onde constava os seguintes dizeres: “o seu pedido não será atendido pela Secretaria do Estado de Saúde...”, ou seja, a decisão não foi fundamentada. 
Em que pese a negativa do Estado em fornecer a medicação necessária para a sobrevivência da Impetrante, a mesma se encontra em situação crítica, uma vez que todo o seu estoque do medicamento chegou ao fim e esta não possui condições para manter o tratamento.
Por todo o exposto, imperiosa se faz a concessão da tutela de urgência, a fim de garantir a medicação necessária à sobrevivência da mesma. 
II – DOS FUNDAMENTOS
DA NÃO MOTIVAÇÃO DA DECISÃO ADMINISTRATIVA
Em que pese a negativa não fundamentada de fornecimento da medicação suplicada pela Impetrante, a legislação é clara quanto à obrigação do agente público em fundamentar sua decisão, a fim apresentar correlação entre o conteúdo do ato administrativo e a sua finalidade. 
Assim, com relação à motivação dos atos administrativos, é importante ressaltar que a Lei n° 9.784/99, §2º, caput, dispõe de forma geral sobre o tema e, consequentemente, dispõe de forma específica sobre a questão no art. 50 do referido diploma. In verbis: 
Art. 2º. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados.
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito.
Portanto, indubitável se faz o direito de qualquer cidadão em receber uma decisão fundamentada do Agente Público, o qual tem o dever de agir de acordo com as normas que garantem do cidadão do Poder Público. 
DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO E DO DEVER ESTATAL DA SAÚDE
No caso em comento, resta-se cabível a utilização do remédio constitucional intitulado no Art. 1º, da Lei 12.016/09, o qual visa garantir que o Impetrante, independentemente de outras medidas, possa proteger judicialmente o direito líquido e certo do abuso ou ilegalidade oriundo dos atos de Agentes Públicos.
Art. 1º. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. (GRIFOS NOSSOS).
Assim, no presente caso, o Mandado de Segurança possibilitará que a Impetrante possa levar ao conhecimento do Poder Judiciário a sua necessidade referente ao medicamento, bem como o ato de ilegalidade cometido pelo Agente Público. 
Em que pese o disposto no artigo 196 da CF/88, cabe ao Estado garantir que o cidadão tenha garantido o seu direito à saúde e à vida, através de políticas públicas, ou seja, trata-se de um direito subjetivo assegurado de forma geral a todos os que buscarem amparado estatal. 
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução dos riscos de doença e de outros agravos e o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (GRIFOS NOSSOS)
Além deste dispositivo, a Lei 8.080/90, §2º complementa o disposto na CF/88, ao dizer que o direito à saúde é um direito fundamental inerente ao ser humano, cabendo ao Estado criar mecanismos para fiel cumprimento desse direito. In verbis:
(...) 
§2° - A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. (GRIFOS NOSSOS)
O e. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais já se posicionou sobre o tema, vejamos: 
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - OBRIGAÇÃO DE FAZER - FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO - RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA UNIÃO, ESTADOS E MUNICÍPIOS - DIREITO À SAÚDE - DIREITO CONSTITUCIONALMENTE GARANTIDO - RECURSO DESPROVIDO. 
- A responsabilidade dos entes políticos com a saúde e a integridade física dos cidadãos é conjunta e solidária, podendo sempre a parte necessitada dirigir seu pleito ao ente da federação que melhor lhe convier. 
- "A concessão dos medicamentos não incorporados em atos normativos do SUS exige a presença cumulativa dos seguintes requisitos: (i) Comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado expedido por médico que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS; (ii) incapacidade financeira de arcar com o custo do medicamento prescrito; (iii) existência de registro na ANVISA do medicamento." (REsp 1657156/RJ, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/04/2018,DJe 04/05/2018) 
- Comprovada a imprescindibilidade de determinado insumo, constitui-se em dever - e, portanto, responsabilidade - do Estado in abstrato, o seu fornecimento (CF, art. 23, II), considerando-se a importância da proteção à vida e à saúde (art. 196, CF). (GRIFOS NOSSOS)
TJMG - Apelação Cível 1.0707.15.018974-4/001, Relator(a): Des.(a) Elias Camilo, 3ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 27/06/2019, publicação da súmula em 09/07/2019.
Por fim, não há como o Estado se desvencilhar da responsabilidade que lhe foi atribuída pelo texto constitucional. 
 
III - DA TUTELA DE URGÊNCIA
FUMUS BONI IURIS E PERICULUM IN MORA
Inicialmente, cumpre apontar a situação crítica em que a Impetrante se encontra, haja vista que não mais dispõe de estoque do medicamento, bem como não possui condições favoráveis à aquisição de outras unidades do medicamento ora requerido, ou seja, o perigo da demora é evidente, uma vez que iminente risco de vida. 
Assim, Excelência, respeitosamente, o fato de estar a Impetrante com risco de vida, já demonstra suficientemente a concessão da tutela de urgência, observando-se a negativa injustificada do Poder Público. 
No que se refere ao fumus boni iuris, é fato incontroverso que o caso em comento demanda uma apreciação judicial, a fim de fazer cumprir o que o texto constitucional imputa ao Estado como responsabilidade objetiva. 
O e. Tribunal de Justiça de Minas Gerais já se posicionou acerca do deferimento da tutela de urgência em casos de iminente risco à vida, vejamos: 
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO. TRATAMENTO DE CÂNCER. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA GARANTIA CONSTITUCIONAL. PRESENÇA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS ENTES FEDERADOS. ATO DE IMPROBIDADE E CRIME DE DESOBEDIÊNCIA. POSSIBILIDADE. RECURSO DESPROVIDO. DECISÃO MANTIDA. 
- A prestação à saúde compreende responsabilidade solidária de todos os entes federativos ante a norma constitucional, subsistindo obrigação conjunta de viabilizar todas as providencias cabíveis à necessidade de eficácia do preceito fundamental, de modo que o litisconsórcio passivo da União, Estado e Município é facultativo. 
- Comprovada a gravidade do quadro clínico e a urgente necessidade do fornecimento do medicamento, restam preenchidos os requisitos autorizadores da concessão da tutela provisória de urgência, previstos no artigo 300 do Código de Processo Civil. 
- A disciplina constitucional relativa ao direito à saúde, tal qual inserta no artigo 196 da Constituição da República, impõe reconhecer seja dever da Administração Pública o fornecimento de medicamento e tratamento adequados mediante apresentação de receita médica atualizada. 
- O descumprimento de ordem judicial pela autoridade competente, permite apuração por eventual crime de desobediência, bem como remessa dos autos ao Ministério Público para apuração de eventual ato de improbidade administrativa. 
V.V.: AGRAVO - DIREITO À SAÚDE - ARTIGOS 5º, CAPUT, E 196 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - MEDICAMENTO - RECURSO ESPECIAL nº 1.657.156/RJ - NÃO DEMONSTRADA A UTILIZAÇAO DE OUTRAS DROGAS - RECURSO PROVIDO. 
- Em sendo a proteção à saúde indissociável do direito à vida, a Constituição da República preconiza que o Poder Público deve disponibilizar, mediante políticas públicas, atendimento integral ao cidadão, às crianças e aos adolescentes, de modo a suprir as suas necessidades individuais de acordo com as peculiaridades do caso, além de envidar todos os esforços possíveis para preservar-lhe a saúde e a vida, sob pena de comprometer bens jurídicos maiores e que se encontram sob risco de perecimento. 
- Cabível o afastamento da decisão que impõe ao ente público municipal a obrigação de disponibilizar medicamentos e/ou intervenção cirúrgica ao paciente quando não demonstrado o atendimento aos critérios elencados pelo STJ no Recurso Especial nº 1.657.156/RJ. 
- Dar provimento ao recurso. 
TJMG - Agravo de Instrumento-Cv 1.0000.18.142658-6/001, Relator(a): Des.(a) Moacyr Lobato, 5ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 04/07/2019, publicação da súmula em 05/07/2019) (GRIFOS NOSSOS)
IV – PEDIDOS
Por todo o exposto, requer a Vossa Excelência: 
· conceder, liminarmente, a tutela de urgência, de forma “initio littis” e “inaudita altera pars”, a fim de o réu seja compelido a fornecer as insulinas a demais medicamentos a que se fizerem necessários para manutenção da saúde da Impetrante; 
· ordenar a notificação do impetrado, para, querendo, manifestar-se dentro do prazo legal; 
· ordenar a intervenção do Ministério Público do Estado do Tocantins, a fim que de o mesmo possa atuar como defensor do interesse individual indisponível; 
· requer a concessão integral e definitiva dos medicamentos ora requeridos. 
Dar-se à causa o valor de R$ 1.000,00, para efeitos fiscais. 
Termos em que, pede deferimento.
Palmas/TO, ... de ... de 2019. 
ADVOGADO ...
OAB/UF n° ...
Assinado digitalmente por “ADVOGADO ...”
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