Buscar

Olavo de Carvalho - 16 - Xavier Zubiri e a Escolástica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Olavo de Carvalho anrma que xavier zubiri
foi "um filósolo táo gra.de quanto Âristóteles".
Ese é uma afimaçào coniundenle, queencontra
juíificativa nas inúmeras contribuições dese filósofo
espehol do século XX. Enlre elas, está a explicaçáo
de que o ser huma.o percebe o rcalidade com base
em umsensaqáointelisente, paraaqualarealidade
se revela em sua ioma e eséncia.
Neste Drceraha, ol.vo de CaNalho moíra como
o penümentode zubni §..ontràpôs aos sresos,
iluminodo muitâs das qucstóes econllito$ que
doninaram siande parlc dos debates dâ Escolástica.
"Olavo de Carvalho é o
mâis importânte pensador
lillllilililllll
brasileirc hoje."
Wagner Carelli
"Filósofo de grande
Roberlo Campos
"Um gigante."
Bruno Tolentino
"Olavo de Carvalho se
destacá porque pensa,
reflete,cédeuma
honestidade intelectual
que chega a ser crLlel."
Carlos Heitor Cony
"Louvo a comgem e lucidez
de suas idéias e a maneira
admiÉvel com que as expôe."
Helherro Sales
Esta publicagâo vêm acompanhade de um DVD,
quê náo pode servendido separadm€ntê.
Xavier Zubiri e a Escolástica
Aula 16
por Olavo de Carvalho
coleçáo
História
Essencial da
Filosofia
Xavier zubiri e ã Escolástica
por Olavo de CaNâlho
coleçáo Hhtória E§encial dâ Iilosolia
Acompanha esta públicaçáo um DVD
que náo pode ser veídido se!âradamente
lmnrc*o nô Brasil. Mio de 2006
co;!risht o 2006 by oldvo de Cdtvalho
Foto Olalo d€ Camlho
Ediror
Edson Manocl de Oliveim Filho
Mon que SchenneLs e Dâgmàr Bi77ôlo
Dagui Design
Tereza Mária Lou.enço Pereira
Os direiios âurorais de$a edição perlenccm à
f Rcd'i/aqoe( ld'rora. I vra.id c DisrribJil'rr Lrdt
Caixa Postal:,15321
CEP:04010-970 São Páulo SP
Telefaxr (11) 5s72 5363
E-maii: e@ereàlizacoes com.br
\Ilwerealizacoe§.com.br
Resêúâdos todos os direitus desla obú Proibida tódâ e quàl$er reprÔdú§áo de$a ediqáo por
qualquer meio ou toma, sêia ela eleLrônica ou úecCnica' IÓtoópia, 8ávaçáo ou qÍalquer tuoio
Xavier Zubiri e a Escolástica
Aula 16
por Olavo de Carvalho
coleção
História
Essencial da
Filosofia
f\
ü
2006
Coleçáo Históda Essencial da Filosofia
Xavier Zubiri e a Escolástica - Aula 16
por Olavo de Carvalho
Tenho aimpressão de que náo vai ser necessário â gente se estender
muito sobre Santo Tomás de Aquino, porque toda a problemática
da Escolásticâ que a gente veio expondo é justamente o que conilui
nesse sistema dele e ali encontra uma formulaçâo mais ou menos
estáve]. É importante apenâs rcssaltar que, quândo se diz que o grande
esÍorço de Tomás de Aquino foi conciliar a filosofia de Àristóteles com
a religiáo cistá, as pessoas entáo imaginam que isso é um trabalho
meramente externo, que náo há propriamente uma obra filosófica
nisso, e aí se iludem pelo nome. Partir de duas doutrinas recebidas
e encontrar seus pontos de concodância parece mais um trabalho
de arquivista, de compilador Mas isso é uma impressáo brutalmente
errada que setem, porque os problemas ali eram enormemente difíceis.
Na verdade, muitos deles eram insolúveis. E, pensando bem. todo e
qualqüer fi1ósofo náo lez nada mais do que dar um jeito em idéias
que já vinham de antes. Aristóteles ;á dizia que todo conhecimento
novo vem de algum conhecimento ântigo. Sempre se pode, na obra
de qualquer filósofo, desmembrar os elementos herdados que chegâm
até ele e que, ou ele absorve uma parte, absorve por concordância, ou
absoNe sob a forma de prcblemas a resolver E, no caso de Aristóteles,
ele trouxe mais problemas, naverdade, do que soluçóes.
O primeiro dos prcblemas era, evidentemente, a própria questáo
da etemidade do mundo. Nâo devemos esqu€cer que o conceito de
Deus de Aristóteles é somente o de um pdmeiro motor imóvel - a
erpressáo que até hoje é muito mal compreendida, porque se entende
o motor mais ou menos no sentido mecanicístico, de uma causa físicâ,
{
1
I
I
d
ü
f;
s
e de fâto ráo é issLr Aristótele§ explicâ quc csie pri rciro rroior inóvel
rnovc tlrclo por unâ cspécie de atraçao. como sc fosse amorosa Nâo
é uma ação mecânica. O primciro nrotor náo é un1â primcira bolinha'
que bârc na segunda bolinha que baie na tcrceirâ bolinha Nào é
assim. O pÍimciro nrotor é primciro na séric temporal. Mas náo se podc
esqueo€r quc é unlâ sóric que náo é corrposta de cnti.ladcs do nresnnr
gônero. o prineirc motor âbrange iudo o quc vem em scguida, c de
ceÍo moLlo nada está fora dele Conlo diria Sào PaLrlo^póstolo: 'Nelc
vivcmos. nos movemos e so ros". O primciro noior nào é umâ causa
cficienle apcnâs. nras é o instaurador da própria realidade de tudo'
Elc ó o cloador dc reâlidadc. Nesse scntido, o primelrc mott']r imóvel
u< \_is'ulc e\ puJ( { iocnl.'iLi' ..' I u s. r. \1. ' 'nnru ' q' \LL; iâ
lazcr p.Lra ptxar aleslc prineiro motor imarvel a doutrina dâ Trincladc,
â EncaÍnaqâo. â SalvaçAo. cic.'? Tüdo islo é táo |ora do univcrso
ârisiotólico que nâo loi lácil encâixâr umà coisê na outra:
Um seglrndo problelnâ era o da €icrnidâdc do lnundo o lato de
um mundo cxistentc rcr um primeiro motor imóvcl náo qucr dizcr
que eristisse algo ante§ dcle. F,s§c -prinei.o" signilicâ prinrciLo na
ordem da hierarquiâ. É a rcâlidade lundantc. mas náo nccessariamenle
a r€alidacLe anterior em sentido cronológico. Àristóteles em nenhum
momenlo conccbe algo anterior à existôncia do Universo tal como
conhecido Enlaocsscprincirolnoioréumpdmcironotorpennâncnte,
ele é o lundarncnio constanie e permânenlc de tudo o que eriÍe lsso
tanbém náo sc coadunava de maneira alguma conl a icléia de ünra
criaqão auiàilo, dc ulna criaçáo do nâda, o quc supõe Lrma espécic de
Lrm pró-munclo divino quc scriâ anicrior a loda a exisiônciâ do Universo
conhccido Isso signiüca cntão quc anoçao do Deus transcendcnte' err
Sanlo lbmás. é nnensanrenle mais compLcxa do qüc em Aristóteles'
Um tcrceiÍo problema cra o dauni.lade do intelecto. Arislótelcs náo
tirha a menor noEão cla queslao da imortâlidade da alma individual,
e isso tanrbóln colocrLvâ pam Sânto Tonás de Aquino um problenlâ
teÍrificantc, que ele vâiiratar através de uma polêmica conr Averróis
IlÍe subscreve lilerâlmcnte â tese de Aristótcles de que iodâ a almâ
humana é noÍtal, dc que tlrdo que cristc no ser hunano ó mortâI.
e de que soncnte Lr inlelecto ó imortal. Mas o irtclccto não se podc
dizer proprianente que pericnçâ a este indivíduo ou àqlrele indivíduo.
Aristóiclcs é. nâ veÍdadc, obscuro quanto â csse ponto. Náo é que
clc afirme qlre só existe um intclccto pâra todos. Elc nâo afirma
propriamentc isso deixa nrâis ou menos inplícito sem resolver o
problenâ. Avcnóis interprcta isso no sentido dc urna dJirnlâçáo da
rrni.lâdc do nrielecto cniáo só h:rvedâ na vcrdade lnrâ única almâ
quc subsiste. e todas as outras al as sáo lnortais. Isto aÍ também náo
sc .oàdrnâ en nada oon1 a doutrina cristã. e Sanio Tomás escreve toda
un1â polêffica conl AverÍóis para denonslrar a impossibilidade disso
A coisa característica de sânlo Tomás é iustamente o senso de
urklade que ele conscgue dar a uma visão do Drundo que começa
cnl Deus e qüc, através das potÔncias angélicas que ele chanrâ
"substánciâs separadas', cria e move lodas âs criatlrras, inclüsivc
a criatura humana, dentro de um esquema unitário no qüal o livre
arbÍtrio humano sc cncâiu de umâ maneirâ quase mágica. E a
coisa lnâis curiosa desse sistema dc Santo'lbmás de Aquino é â sua
imensa flcxibilidade. ule pmticamente se adâpiâ a quâlqlrer inoi'âÇão
cieniífica que tenha aparccido depois disso. Náo tem um único ponto
do sistema de Santo Tomás de Àquino quc você possa dizer quc tal ou
qual descobcrta cientifica i pugnou O negócio é dc uma flexibilidade
real entc assombrosa, o quc torna aié mesmo difícil a exposiçáo do
"sistema" de Santo Tomás. O sistena é ruito simples, e suas bases
sáo cxatamente as mcsmas deAristóteles, só que pârâ ludo aquilo que
em Àrislótelcs era problema e cra lãlhâ de repenic aparece aiguma
j
§
§
I _.-J
E
!I
I
§
fl
I
I
I
?
q
i
Ulrl ponto quc rne parcce liaco no sistcma de Santo'lomás é
su polômica coln os agosiiiiânos no concernentc à origcm clo
conhccimento, cm que cle aderc à leoriaarisiotólica da abstraçáo
negando, €ntào, n idóia âgostinjanâ da ilu inaçáo divinâ Sânto
Agostinho dizia que como nós só icmo§, pclos sentidos' accsso âo
conhecirnento dc substâncias individuâis, enráo o lato de pod€rmos ter
idéias universais é Lrm milâgre Você nlrnca viu uma esPécic, só vê um
excmplar, outro. outro... De onde você iirâ â idóia de espócie? De onde
tirâ esses universâis. a ponto de conscguir rnontêr raciocínios inteiros
com eles sem ler irn€cljaianenle ncnhu âpoio na experiência. e\ceto
essc apoio nruito liaco que é â nrduçao, e no final chegar â conclusocs
qu. a experiênciâ confimra? Esse é urn negócio quasc niraculoso'
Eniâo. entre a expcriênciâ sensível e a lormaç,to ':los univcrsais'
Agostinho via a intervençâo de uma ilunrinaçáo divina Hle dizia: 'A
iIrel,g.n( r th.rr"r" h-mi.r- o l"roJ( 'c tu'n'eriir rr'r"rn'rc'ir I
ünivcrsais, lá é êlgo miraculoso".
Sânto Tonás de Aquino náo âceiiâ isso c âpcla à ieoria trisiotólic'r
da abstração. Que é isso? Significa que câda enlc, cadà subsiância
individual lraz na sua p6pria prcsenqa, nâ sua própri.r nanifesiaçâo'
sua própria lorma inteligível, qtlc é âlorma dà espócie. Entâo b'rstâ que
nâ mcnóÍiavocê consigâ separar o que ó a prescnçâ, o substrato físicll
indn,iclualizado, e pensaÍ somente nâ forma cssencial. e essa l'orlnâ
c*(rL,al du:rd'\ Juu râ c a rurrra d1\rp'. ".
Isso me parcce aiiâmcnte problemático. porquc, pri eiro, inrplica
já nâo um milâgrc. mas dois nlilagres. Pela teoria da iluminaç'o'
a inteligênciâ divinâ socorria a intcligénciâ humana luendo uma
cspécie dc Pgradr, e você conscguiâ cÍiar con'eitos que estavam
inlinitâmente além dâ sua expcriência. Entào o nilagÍ€ sc operava
na inteligência. Mas o Íato dc que a formâ esscncial estcjâ mânilesta
na próptiâ presença lísica dos entes iá é Lrm milâgre que se dá nâo nâ
irlieligência, n1âs nos próprios entes. Há uma niraculosa coincidência
aí de quc a inteligência, quando olha os entes. não vai captar apcnas
a infinidade de acidcntes que o ccrcan: val captâr esses acidcntcs em
torno de ulna lbrmê essencial. Se você pensâr bem. islo é ainda mais
niraculoso. Por que nós temos que fazcr isso? Por quc a inleligênciâ
vai accrtar exatamentc ncste ponio?
Eu já dei o cxcmplo de quc, se você fossc obter os conceitos
universâis por clrmparaaáo de substânciâs padiculares. jarnâis
conseguiria. Pol(]lre vocô olhâ uma substância. ollta outrâ, olha oürrâ...
ll o quc de uma i,ocô vai compârar conl o qlre dc olrtra? Por excmplo,
sc você tjver uma nultidáo dc garos, no primeiro gâto vocô rcparâ na
cor: no s€gundo reparâ no lbrmalo. no tcrceiro repâra no tâmanho.
no quarto repara nâ posição, no quinto repara que es1á niândo,
no scxto repara quc eslá nramândo na nãe, c assin po. diante. O
niünero de acidentes é infinito, e nâ verdade é isto quc você recebc
,"rr,".laJ" *r,rrel l.'. q , r Lii/c' qr .. 'r ,,1 flir rc,rà\("o.cia
nAo captasse diretamcnte a toÍna csscncial, nao tcria o que comparar
conl o segllndo, con1 o terceiro ou com o quafto.. Enláo ó clêro que
não é por comparaqãoi basta un1 único criemplâr pârâ que você pegüc
r t rn " . +. nr -l \4á. i5tu ú(u,,te.. 5r rTpre' F . arn qu( n3o \u'na
infinidâde de câsos, você pega apcnas os acidenics e nâo capta Ionna
cssencial alguma. Percebe mais ou n1enos o que €slú acontccendo. mas
náo percebc para quem cstá acontecendo, quem é o sujeito da açao.
Untáo o lãio de que nâo hâia uü nilmcro rluito rnaior de erros. o fato
dc que, por llm lado, os entcs mârifesten táo clârâmentc a sua lornâ
cssencial, tâo ingenuêmentc. táo honestamente a suâ lonna essenciâl,
ao inr,és de escondê-la, isso iá é u]n milagre. Nada impediria o mundo
dc ser unr âmálgama de acidcntes c que vocô custasse muito para
capt alguma forma essencial lá embaixo. E. eln segundo lugar. exist€
o milagre dc que a intcligênciâ conscgue fixâr a atcnçâo na [orma
a
ü
I
I
I
I
I
Í
ü
il
essencial. A tcoria dÀ abstraEào nre parcce que, longe de iÍnpugnar â
idéia da ilul1linâçâo divina, ela â subcntende
Muiio mais taÍd€, xavier Zubiri. que não é propriamente um
escolástico, nras üm hercteiro de todâ a pÍob1cmática escolásticâ quc
elc clabora e rranscende infinitamente -, diriL que só o ser humano
apreende as coisâs como rcalidâde. os animais êprecndem apenas como
€siinrulklade. Enlão, no exenlplo quc ele dá, diz: Un1 animalpercebe.
por cxcmplo, se está sentindo calor ou lÍio, mas nós pcrcebenos quc
o calor é quentc, mesmo qtlc nâo esleia fazendo calor". EIe dizr "Isso
que nós châmamos 'realidade' é a lormaiidade qtlc co espondc âo
moclo dc apreensáo, âo nodo de pcrcepE.lo scnsivel do scr humâno.
Percebcr re.Llidade ó próprio do scr humano'. Entao a rcalidade, no
seniido objelivo, rcalmente só cxiste para o scrhunâno lsto é a mesmâ
coisa que dizer que os univcrsais cm sentido pleno só o ser humano
apreendc. porque os universais sáo âbstraídos dc umâ perccpção L1e
realidadc e não cle uma percepçáo dc mera eslimulida.te
l\lut1o: Quan.to o senlnr diz que o ser hwnatrc tem a capacidade
(...) de perceber qüe a caLat é quelúe. estai qúercndo dizet que ele é
uqaz de rcco hecet a sensaçtto de caLo| de...?l
Náo. ele é câpaz de pensar no oalor nresmo que r1ão csrcia lãzendo
calor algum. 'Ah, no momento não eslá fazcndo calor, mas se estivcsse
scrla quenic." Por quê? PorqLre o calor é quentel
L]üno: É mais o calor rccorlstituído, naturuLfiente.)
Essa noçâo de que aquilo que eslá pcrcebicio náo cstá vinculâdo ao
suieito percipie.te. isso aí é o caractcristico do humano.
lAl,rno: M a s o an i n o L. n u m a etpetiêl1c ia de ss a s... Cal1 clic io a m e nt o
rullon taúbém (...). I
Vâi eíar scmpre vincülado âo csiÍnulo que ele rcccbc. Ele precisa
rê..h.r o m--smo estimulo de novo. I1 como dizer assim: ufl ânnnâl
rcconhece. nas não conhece, de certo modo. Ele náo vâi conscrvar a
forma âbsirata da substância parâ poder pensâr nela na total ausência
do eslínrulo. Sc nào há o esttuulo. aqlrilo não e)iistc para ele.
fAtuna: Pard íssa ele prccisrilia tur tazào. Porque a )'ozao é Llna
fu1çaa l
Isso não é razão. Zubiri desnente toda a Escolásticâ. Diz: "Esta
funçào náLr é mcional. As sersaçóes humanâs sâo assim. As sensâça)es
humanas são dilêrentes dâs scnsaçôes dos anirrâis. As sensaçóes
hurnanas são obietivas". É o que ele chama . Ele diz: "E se náo tosse
isso, não poderia havcr nenhuna openqáo da razáo em cima A râzáLl
náo podeia operar se o nosso substrato percipiente fossc purânenle
anirnal. Elc não daria à funçâo racionâ1, à funçáo intelectual, o
marerial cm cina do qual cle pudesse fâz€r a abstrâçalr e os conceiios
Lrnivcrsais". Quer dizcr que nâ sensaçáo humâna e).iste já a raiz dâ
Iormação dos conccitos universais.
lAluna: rvro ch.t]nã isso de ü1luiçào? lá nao chatna, ele estú
cha d da da sensação tLtesna.. )
Náo, é pcrcepçáo sensívcl.
lAluna: rrrds por ls.ro ?níao qLte ndo sãa doís (. .) )
NáLr. a riqucza mailr'o! mcnor dos elementos de percepção
i.:nr nâda a ver com isso
l0 1l
ÍAlü]no Nâo, as a daLtônico percebe.. )
Porque o daltônico é deficiente num aspecto animal, e náo num
aspecto humâno. O que falha para ele é um certo tipo de sensaÇâo' e
náo a qualidâde de sensaçáo que está recebendo. Ele tem uma cettâ
categoria de estÍmulos que não chcgam... É, ele é dâltônico. Você tem
umâ ce$a categoiâ de estínulos que não chegam em você, mas a
qualidade dos estimulos que recebe é humanâ.
ÍAluna: Mas fiAo é e&tamente isso que Sa to Tbmás Íaz quando
ão aceita a questão da lLuminaçao?l
Náo. não é. É1e vai pegar da percepçáo sensivel . Em cima da
percepção sensíveL tem a âtuaçáo dâ inteligência Ele vai dizer como
Aristóteles: "Você recebe os dados da percepqáo sensível. conscrva na
memória. A memóda separa a forma genérica c a Iorma essencial da
espécie dos seus acidentes, e você, nun1 certo monento, lenbra só da
forma essencial separada dos acidentes". Esse é o sistemâ aristotélico.
Só quo Zubiri diz: "Nada disso seria possível se o mâterial que você
apreendeu nâ sensação losse exatamente a nresma coisa queo anlmâl
percebe". Se já náo há uma ênfase inicial quc laz que a estimulidade
seja percebida como realidade...
l\]|Jna: Mas esse trubalho de abstfição e conparuçãa...1
Náo é por uma abstração. A percepção dalormâ objetiva do ser náo
é um trabalho posierior, segundo Zubiri. É um irabalho que se dá no
ato da sensação.
[A]una: Mds, de qualquet Íotma, esse babalho de comparução
apeieiqoa o conhecinento das Íotmas e das... )
T2
Sim. ele aperfeiçoa e facilitâ para você conservar na memória. Você
classifica, reduz a multiplicidade aumas quantas fomlas verbais, e isso
lacilita, masessencialmenteacoisaiáestádadanaprimeirapercepçáo.
Isso quer dizer que a disiinçào. por exemplo, entre substáncia e
acidente já é uma distinçáo posterior que você faz. Para que você
lo(ta di.lingui_ en lr< r. brtárcra c aciderle c neLe'ra'ro quc a coi'd iJ
tenhâ sido percebida como rcalidade, porque, se fosse pcrcebida como
csiimulidade âpenas... A estimulidade é só âcidente.
l{luna Mas é nais diÍícil àizet qua do Íoi d ptimeita üez que se
deu alEuma coisa, nào él Analisal (...)-l
Você náo precisa analisar esse momento. Sâbe que houve alguma
percepçáo de alguma clâsse de obietos que ântes você náo tinha visto.
Por exemplo, um gâroto que estádentro damaternidade, ali ele não vâi
vcr um câchorro. entáo a visào de cacho[o náo é simultânea com o
seu nâscimento. Algum diâ ele vai ter que perceber. Bola, por exemplo,
ninguém vai dar uma bola para ele logo... Bom, brasileiro é capaz de
dâr uma bolâ já no bercinho, náo é?
l|\lunat (...) poÍ ercnplo, ele sepatar as coisas pot gêneÍa, espécie
e Íal, isso só cofi cofiparução, nào é?)
Náo, náo é porcomparaçáo:â possibilidade da conpârâçáo depende
disso aí.
l{l'rÍra: Mas esses det( hes de Eêfierc, espécíe...1
Se você percebeu, por exemplo, dois gatos. Veia, paravocê distinguir
unr gato de outro gato...
I
I
i
l1Júna (...) de m "au'au"-l
O lato ale ela não saber os nomes náo quer dizer que ela confrnda
Esse é o problema. as nossas.. ( .,)
ÍAlrrtto: RecenÍemente se descobiu no íu do do fiat orgafiistkos
que não se conhecia- Parccefi ser tubos EE parece coral, tfias eLes
fião t)iaem de axigê\1io, eles tazeh o cicto da aida etfi torno da en aÍrc
que saí das ema .rcões do (...) úutcão no tutltlo do mar' O pessoal,
qüando üiu aqúila a pineba Üea, deÚe tet &chado alEufia coisa
eslanha: "Camo é q e aquele otga,lisfio Ú)iae nessa rcEião?" ')
Quando você diz que náo sabe o que é' consegue dizer 
que náo
sabe a classificaçáo científica exata daquele animal' Mas você percebe
clarâmente... A forma essencial está dada.
ÍAllr,Ítot Nàa, é de saber q e ela é alguma coisa dilerc te, potque
ufi orgafiismo aiao, denttu iLaquilo que se conhecia' não podia ÜiL'et
fiaquelas col1díções, sem luz e sefi otigênio- Ele sabia que alEufia
coisa diterc te ti ha, nlas não sabia o que efi l
Sim, ele pode nem saber se é um animâI ou náo é um animal, mas
issonáotem nadaaver como que estamos falando' veja, vocêperceber
a forma essencial é uma coisa, e saber catalogar uma essência dentro
de uma chave ale essência§ é outra coisa completamente diferenie'
Para você poaler chegar â classificâr depois, é necessário que 
já tenha
percebido a formâ essencial, senào vai classificar o quê? Meros
estimulos sensíveis?
ÍAílna: Mas até aí também a níz)el de percepção aí clepefidet 
do
quetemdiantefuipessotttatfibém'nào é? Pot exemplo, ( ') compafido
com ciança fiesfio. Nâo dá (...). Uma dianci ha üefido una coisa
pela prifieira üez e um adulto üefido as caisas peLa prímeira zlez, ela
üai captal tanto quantô?l
Mas todo nundo é assim desde o primeiro momentol Náo, náo
é. O "tânto quanto" náo tem nada que ver Ela vai captar a forma
essencial. O númerc de acidentes que compôem âquilo pode ser
enormemente mais rico numa pessoa do que em outra, mâs isso náo
tem nada que ver Até para poder associar os acidentes à mesma coisa
você prccisa ter captado a coisa.
llJüno: Se ufia qiança tar ensinaà.t que cachoíro e Sato chamam
tüdo "cachotro", se ele ai um gato úai chamat de cachonoll
Vai chamar de cachorlo, mas sabe que sáo dois tipos diferentes de
l{lúna. (...) genetica.mente anifiaL.)
Náo, ele náo vai pegar geneicamente... A própria classificaçáo em
animal é posterior Para você saber se uma coisâ é animal ou vegetal.
precisa saber o que ela é.
fÀluna: Mas, úafias dizet, o Íato de ela estat chafianda tudo
de "aü-au" é porque enÍefideu que aquilo é animaL Outrc a ifial,
a ifial, ela etxtefideu isso,l
Olha, animal é um conceito, pelo amor de Deus!
[All]na:'Animal", estou àaniLo um ane. ELa nao sabe esse none.
(...))
,t
,
Quanclo as pessoas querem analisaressas 
coisas, a grandedificuldade
é a segrinte... É que você está jogando sempre com conceitos 
que já
tem, e para remontar até â experiência vâi ter que tentar descrever
aquilo sem esses conceitos. Entâovaivoltar aconceitos mais 
primfuios'
e o conceito mais primário mesmo é o da forma essenciâl' Quer dizer'
uma coisa é âquilo que elâ é. Você náo sabe classifical, náo sabe o 
nome
daquilo, náo sabe qual é a relâção, mâs sabe que ela é aquilo 
que é'
Náo preclsa saber "nome", náo tem nada a ver com o nome Àliás' a
possibilidaale de aprendel nomes depende disto'
O fato de, desde a Ántiguidaale até a Escolástica - e na verdade até
hore . as pessoár tererÍ ochado que primeiro voce lem uma pe"cepcão
sensível mais ou menos informe, depois guarda aqullo na memória
e vai lãzer uma séÍie ale classificaçóe§, depois vai obter o conceito'
isto aí criou a impossibilidâde de explicat a linguagem' por exemplo'
pois você vai fazer com que a próp a percepçâo da forma sensível
depenalâ da linguagem: 'Ah, você sabe que é um gato porqüe aprendeu
a palavra'gato'e associa a palalaa com aquela coisa"' Como 
que e1e
pôale aprenaler o nome da coisa se ele náo sabe identificar â coisâ antes
do nome? É aí que Zubiri (ale certo modo ele é após a Escolástica' é
o último escolástico) pega os problemas da Escolástica e o§ resolve'
Mas resolve assim ale uma maneira radical' Ele diz: "Tudo isso 
qüe
eles estáo falanalo iá está dado na sensação As sensações 
que o ser
humano iem já são sensaçoes inieligentes" Esse negócio do "maierial
hrüto '. como vai aiizer depois o Kani, tudo isso foi uma besteira fora
do comum... Kânt estava errado, a própria Escoiásticajá estavaerradâ'
e o prôprio Aristóteles já estava errado'
IAluna: Mas (. .) essênci.ts, kfito'Ibntis tem essa 
pefipectiaa' de
que nãa ten esse ( -- -) que se dti a postetioti Exatamente" ')
lA]unai (...) Oenteeaessência,1 quando ele Íala sobrc a captação
das essências e parque a Íotma subsíanciaL...l
Ele vai explicar â coisaporum processo de abstraçáo, quândo náo é
abstraçáo. Se você tem que fâzer abstraçáo, náo. A abstraçáo já é leita
na memória, segunalo Aristóteles também. À âbstraçáo racionâliá é de
§egunalo grau. O primeiro grau de abstração é {eito nâ memória'
l{ítna Mas isso é ArisÍóteLes.l
Santo Tomás também. Na memóriavocê vai separar o conjunto dos
acialentes alâ forma essencial. Mas como é que você poderia fazer isso
se já náo tivesse captado a forma essencial? Entáo a lorma essencial
esiá dâda intuitivamente no primeilo momento.
Nào é isso que ele diz. Ele segue eratamenie â teoria da abstúçáo -
qJe \ocê recebe ludo i-r lo e e rd memor:a que \a: sepalar urÍ" coi'd
ala outra. Mas como sepârar uma coisa da outra se você náo conhece
nem uúa nem outra? Isso foi um eüo de dois mil anos, de dois mil e
quatrocentos anos. qüe todo mundo caiu, mas todo mundo, até que
teve um suieito que teve a cara de pâu de dizer: "lsso aí já está dado na
sensaçào. Sua sensaçáoiáé sensaçáo inteligente. Náo é uma separaçáo
que você operâ depois, não é uma âbstraçáo, é uma percepçâo"'
I\lrl1a. Seú que isso (...) ni'el de intelíEê ctu' a questão .'?)
Isso é humânol Tbdo ser humano tem a capacidâde. Até um
mongolóide tem que ser capaz de fazer isso, senào nao é gente. Essa
é a forma cognitiva própria do ser humano: perceber as coisas como
realidade. náo como estimulidade.santô Tomás deAQUlNo, Oeíled, eisé,.i, Petróp!1is/Ri: vozes,200s.
I
I
t
lAluna: lbi isso que efitendí qre O cnte e â essônciâ. O le,lo
Mas não é isso que €lc diz, por.:luc. se ele coloca a intcrferêrciâ da
menrória, se vai ier um processo de abstracáo imaginailvâ, eniáo você
está lidando com umê espécic de naterial n1âis ou mcnos conluso qüe
vocô pega e depois vai opcrar . Abstraçâo quer dizer sepâraçào. Você
vai percebcr a lbnna essenciâ] mcdianle â scp.Lração cntre â [orma
irlteligívcl qlre câprou € os acidcntes quc cÍâo enr voha É assim como
Aristótcles diz. c Santo Tornás náo faz mais do quc exPlicar isso com
mâis delalhes. E o qlle Zubi vai dizer? Diz: -Bom. de faio é assim,
só que para qlre isio seja àssiff ó necessário que tenha aconiecido umtr
cojsa antes. !lneccssário qlrea percepçáo dafomrâ s ubstanciâl já estej.t
dada na própria sensação .
Í^funa: Na operaçttc) tle absbação üacé só estii sepãrutulo a
acidente (le essê cí.t.1
Vocô cstá separando isso na slrir I]lemóda, e náo na percepção.
A nremória sóagc sobre a memóriê. Você cstá esclarcccndo suâ mcmóda
e câialogândo parâ poder sc recordar direito Nao é nâ memóriâ e na
inaginaçáo que vocé cstá lornrando . O concciro dâ loflna do ente não
é ll,nnâdo, ele já vcm na primcira percepçáo do ente
l{út\a: É un Prccesso da ínÍeligitrcia e túa dã lnenótia.)
Não é dâ inteligibilidâde, ó da sensaçâo À sensaçâo humana já é
intcligenle
l,\l'ü1t: |l1Íuiçàa set8íreL I
IAluno: Ao euaú na nenória, el.e luatda.. Pot eÍenlpl(), se
locê tê ui11 !,alo, anÍes tle pet§at sabrc a lnenória... Paru 3uaü14r na
nle lótia lent que lLtardar qüe o ldÍo linha quatto patas.)
lá precisa ier glrartlado o gato. Exalo, você t€ff quc tcr pcrcebidl)
o gâto conro gâto, scnáo. como é que vocô vâi scparar o acidenle
da lbrnra csscncial? É uma coisa sumamente óbvia, mas quc
tciho impressáo que iropcçou num problcma. nunra dificuldade
tcrminológica. \'ejâ quc tanro Àrislóleles quânto Santo lbn1ás de
^quino. 
e muiios outros depols dele, cstavam descrevendo náo o
processo rcal do conheciúento, mas sua estruturâ lóglca. Sc i'ocê
nr,L,,npu ugrLrn.r.tc \ I r"ú . \i.r( fe,c(jl."^ c\i... n.rnuril
.xiste essa âbslração, cxiste istLr. isio.. Mâs sáo componentes lógicos
do p.ocesso, náo componentes rcâis sobrctudo, nlLo componentcs
icmporais. São os vários aspcctos nos quais logicâmcntc você pode
dccompor esse prcccsso Mâs isso nalr quer dizcr que essas eiapas
tod.Ls .rclrnteçâm São sinplesnenle noncs dc aspectos en1 que !ocô.
a poste ai. dccompóe zrquilo. Diz: "Qual é a esirulurâ lógica da
pcrccpção?" "É esia aqui.' 'l^gorâ. nluito bem, qual é a estrulura
rcal?"
A eslrutura rcal é â seguinler é quc, na primeira. você já p€rccbc
.l forma do enle como Íeâlidadc, e nâo apenâs como cstinulidade.
Significa que você lá o pcrccbe como coisa. perccbc a coisê colno
coisa, náo como urr âglomerado de acidentcs ou. muito menos ainda.
com{) dirá IGnt. como um câos dc scnsâçôcs infbnnes. Isto é, náo ó a
inicligôncia que separa uma coisa da outra. não é â mzáo. nào é nada.
,\ inicligência, parâ podcroperar: já tem que opcrar sobre esse nlàle al
prcviamenie selecionado.
lAluno /]' í...) riiret nu t rtutlrlo de eslinulidade seria, 4í sim,
I
t
{
a _'Ç*-
I
I
Viver no munclo da eslimulidade seria vivcr no caos Agora'
segurdo l(ant - e emparte iambém segundo Arisióteles e Sânlo Tomás
ue \'jrrr ru nu' .\lrr'rn' ru n nunLlo or \' r'\r!^i\ qu( a 'n(nnrir ' l,
inieligôncia dccompÕcm por âbstraÇáo e fornlâm as cspécies 
Pâra ver
que nào é assim, para ver qüe eles estavanr crrâdos é muito simples'
Vocô soma o niLnero cle sensaqóes que tcm e 
'lepois 
sona o númcro de
recordaçóes Asrecordaeóes sào em mcnor q uàntidadc evidentcn1ente'
Pcga agora o fúmero de vczes que você fcz a recordaçáo consciente 
e
separou uma coisâ da outra Menos ainda Entáo se fossc por ess€
proccsso da abstraçào posteÍior. você chcgaria â conhccer um 
número
iüÍinilamenic pequeno de cois.tslNào ia c]ârtcmpo' Sc a seleçao iá 
náo
é opeÍad.r na própria sensâçáo, você nunca vai chegar lá
lAllr nor Ápelds coflo os atú ais' túo é? Pot cr'emplo' um caÜaL()
percebe üfia cobra l)enefiasat' e tliaersos atlimais percebefi a pLanla
que dá pal tt calnet ou nao dá paru camet Atgu l 't 
percepça o itúeLiSenle
parcce que eles têtl tttttlbé||1. I
Bom, alguma cles têm ,{ difcrenqâ é a seguinler é quc eles só têm
no insiante cnl que aquilo cstá presente' e você' quervlrcê estcia 
vcndo
a coisa qucr estcjê pcnsando cla, sabe que ela é ela' E isto você 
pego(
como? Pcsou no primeiro nÔnlento q e per'eheu'
llinlna: llas como a gettLe atti sobet que ele não 
sabe quol é o tal
(.. )?)
Porque sc ele puciesse lidar com ela na ausência teria o eq ivalenie
lingüístico dela O equivâlente lingüistlco é a prova de que você 
está
conscientc da coisa quanalo ela cstá ausente Você podcriâ 
corlpor
csquemas dc possibilidacles de scrcs ausentes e iâ Poder tcr que
c()rnunicaristo de algun modo Sevocê nao pode comunicar, não pode
rctcr na memória. Isso quer dizer que o proccsso da linguage é, na
vcrdade. rnuiio mâis simples do que as pcssoas estáo pensando. Muitâ
Scntc pcnsava. nlâis olr rDcnos na linha do Kânt, quc é a existênciâ
dâ linglrasen da nrrma do mundo objetivo que nós clrnhecerros.
cntão serja a tâl da "construçao sociâl da reâlidàde" Você tcm umâ
grânática. e porque suâ gramática é âssin você vô o mundo assirll
ou assado. Daí o prcblcma dâ odgem do conhecinento é tÍocado
pclo problenra aindâ mais espinhoso dâ origcm dê linguagem. Você
rru.rLrnp'ol'l.rnaporu t'utior ár da \4r.\ 'o. rao.nn\8ui'nus
sequcr pcrceber Llma coisa como coisa, corro ó que conseguiÍlos
invcntar calegorias gramâticais. elc.? Entáo, ncsta perspecti!â. â
origen da linguagcm se tomâ un ffisiério tremendo, e na verdadc é
unra mistificaçáo e nao um mistório.
LLtno: Ou un niLaltre díüi1o-l
Ou um milagre divinol A filosofiâdo Rosenstock':ó baseadâ nisso:a
linguagen é um milagre divino. Mas o nrilagre divino veio muito ântcs
dissol A linguagem, pcnsando ben1. náo é milagre nenhum.
lAluno:No caso do cdcltun'o que percebe que o àana fiaa eski Lri e
uii)a er desespeto. ou coisa da !êfierc, isso ttào é tabez utna Íon a
l ito ptinitiua de etprcssào Lingüística lanbén, de percepçtto do
Ele eliá expr€ssândo o que eLe está scntindo. náo o que â coisa é.
I
ri'!rn Ros \s,,tr ( HuLs\ A o 1:. r la ]i "lut|ú Rio dc latr.i'o 
Rec.Íd. 2002
zt
ÍAlulno'. A\orc, se eu ti esse uít ouÚo cachoto' 
( '-) ele sabe o que
aquele cachofio está sefilindo )
Como é? Élc sâbe porque scnie tambén' 
aquilo se comunica a ele'
Ou -cjr. Lonl,nua nÔ rrun'lo oâ c'timulidadc'
LAI)na: (...) sente o estí,r1ulo da 
ausência Poruüe está Liqada ao
típo àe memória ào animal )
o fato é o seguintc: se você pcrccbeu Lrma nultidao 
dc coisas no
.;;"ú,"r", . mun'lo que você já esiá percebendo 
náo é um
.rid" [*.r".^a" iá é um mundo todo aÍi'Dlado' as 
coisas estão
;;;;".;"t nas ouiras, as coisas iá estáo separadas 
e distintas
;;;;;;;."" 
" 
*"ndo você apÍcnde â ringuasem 
náo está nada
."* - t"" "r***0" 
üma espécie de reproduÇáo' uma espécie 
de
.,.""1"r1'""n" 0""" 'r'ren''r quc vnLe ia Dcr''ebeu' 
{ linsuagcnr ê
ba,eooa na "ealiOarlc e nao " realidad' r" 'inbJdgcrn'"-"u"ra, 
"""u 
*"*" ror que ninguém lê esse ta1 de zübiri' náo 
é?
"riJ"n" 
**" u ^'n" 'lifícii 
e segun'lo porquc quando lê' \'ocê diz:
iÉ ,:fr"lo qr.e or"i,", " 'e 
esse cara tem razáo cntào cinco séculos 
de
filosofia aí foí tempo Perdido ''
lAluno] Qrdl d difercnça 
efitrc Kant e Atistóteles fiesse aspecto
í ..)?l
IGnt vâi muito mais âlém Ele vai 
pegar o processo da abstrâçáo e
u"""i"r*r_" nun processo de projeçáo o 
processo será o nresnro'
.,1"r" 
" ".""'," 
elcÍ'rcrru oue vorê perJebeu' lue 
roi o (lcrrcnfo
."",,t., . 
" "* " '*" 
t afena' um i'noreno :\lo e' c ap(na\ I'm'l
"."*ara 
é algo que apâreceu porém você 
náo sabe se por trás
;""d;" um-a realida'le' Eniáo você pesa as categorias 
do seu
22
t)cnsamento e da sua percepçáo e aplica em cimadaquilo, formando
üm objeto. Mas isso é tão complicado que precisa|ia de anos paravocê
linrnar o primeiro objcto. Éun1â coisatáo ariificial. táobesta, pensando
hcnr, que náo sci por que se prestou atenção nisso dez minutos.
^ 
unx: t-. a teo'ta ptatont,a ( ptot aind7. lrao P" f nai\ prt'caricl
Nâo, porque ela náo é umâ teoria do conh€cinenio. é u â ieoria
rrctalísica Essa é outra coisal
Que diler que. â panir do múrínru em que a5 Pcssoa\ nàu
cntenderam. náo admitiriam âqllele negócio. Plotino dizia: "Olha,
.r essência de uma coisa é a coisa mais fácil de você corheceÍ,
forque a cssência se revela na forma, na primeira". Aliás, se
você náo pudesse perceber a essência de coisas, não perccberia
de estímulo também, náo conseguiria diferenciar nâ vcrdade um
cstin lo de outro cstímulo, a náo ser no momento cm que ele
cslivesse pÍesentc. Afinal de contâs, você acaba dando um none para
o cstímulo (calor, frio, dor elc.), reconhcce que êlguma objetividade
,'1. r.n alBu <le c. 5e n"o con5,gui.-e lãlir i..o ren con .erc'
completos (gâio, vaca, etc.), como é que iâ conseguir lazer com coisas
tío evanescentes quanto meros estinulos? Entáo você consegue dar
fomes às coisas porque as percebe como coisâs, e conscguc dar nomes âos
eíímulos porque os percebe como estímulos.
fÀlunâr Ejses press&p.rsl os (se eu estiüer ÍaLafido üos íetmas erwàas
tfie cattija) de SanÍa Tamás a rcspeiÍo da otigem do cotlhecimento
etafi compattilhaàas peLa fiaiatia dos liLósoÍos escolásticos? AIEüfi
aq ueLa época rctomou Agostinho...? )
Z3
Nxo. 5cÍpre ricou et'c r<goLio de Lonrirlã' 
c agu:linrrno5' \empre
ti,;',;,;;;; ;.',\ LaÍa' qu< nào ensoriram diíeiro e"e 
nesocio
0""t"".* u^ *"*t* " "les 
aiÚ'laficam com a iluminaçào divina' 
mas
,,i" r"'.'0"0. que eumaconru)au Porqrte num terro 
pldnovocé
;";:;;.,:;r;" ". "'"u 
prano \ ocê rcm 1 i'unir"cào divina' 'o 
que
;;;;"*;-" -*a e outra precisa 
ter tido isso qüe diz zübiri'
que é â percepçao de realidade'
lulúna, Quet dizet isso é o 
mais básico?l
lsso é o mais básico É incrível como 
é qüe um problema filosóijco
pode cluÍar dois mil e quâtrocentos anos 
e,''
llt una: RPat t \n o fi e' o so t on ?qoú' a4 
/ ubii c n t a o'l
Realismo no sentido ra'lical? Só Zubhi 
Ésse é o pÍimeiro "
l/lluft- Lu ào enrcnd' Oerre c a rsser(;d' 
e'?r'u'l
Mar pÍc.la"rcncao'eledi/que\oci namemorir'opeÍad'eprracãÚ
*,r" 
" 
ii.." "**"ot"o 
ací'lente' e aíé que você vai ' orâ' essa é 
a
abstração imâginatival
lÀluna: E lão, í ") em O ente e 
a essência ele fiãa ftabalha esse
aspecto...l
Escuta, mâs se esse negócio estivesse 
cm Santo Tomás de Aquino
"*"tr" 
,rb,.t "t* ,ercebido' 
ou pelo mêíos eu teria percebido'
r ",,. . n"nocio ao Z'l'i"i e lao 
oiÍe'enre do quc !'il SanrL''lo na' dc
;;;;r. " eenre 
n1o I'm ne'n medidl cumum \rngu;m nunca
ot],. n,J":"',* "*",a\àoiái 
inreligenrr: elx ii Í4" x )'paraçan e
Z+
vocô já percebe a coisa com â sua forma, e isto se chama realidade".
você perceber as coisas como realidâde e náo como estimulidade é o
próprio do ser humâno.
lAlunai Os es.oláslicos nãa z)í.Ifi a futeligência em tudo? Nia
r)iafi a inteliqê cia fia-.-?)
Náo, o processo de l'onnação da percepção das substâncias no
scntidoque depois corresponderáa elas nâdefinição das espécies "gato",
"vàca". etc.. isto, segundo Aristóteles, náo é feito pela inteligência, isto
náo é dâdo na sensaçáo. A sensâçao, segundo eles, é o que o homem
icm en comum com os ânimais. SensaEáo todos os ânimais têm, entao
náo pode ser aí que se opera a percepçáo da forma essenciâ1.
O que Zubirj diz nào é que de faio é animal. A sensaÇáo humana é animal.
mas náo ótâo animal assim Elaiemun detalhe dilerente que iá está nela. A
inicligênciajá está no nivel da sensaçâo, náo é uma função disiinta.
l\llfiat \---) u a dicotonía, assi , a inteligência só está na aLma,
tlAa estti o caryo-)
\(Ihum e.colasricu aceilana isso, (..4 tepa"asào.
ll.lt)no: Q er dizet que o a inal fiAa km essa capacidade de abstúi?l
Ele náo tem a sensaqáo inteligcnte. lnteligente no sentido hunano,
dc percepçáo...
ÍAlünot Se a diÍercnÇa efitre o hofie x e animal está essa sensação
itúeligefite, a ifiprcssão pelo he os que fie àá é que daLi paru cilnct
podetia até set tuda íguaL, potque...1
Dali para cima oü dâli para baixo.
25
l$|rno: Se a difercnciação 
é aí' entáo nãa existe ('-') "'l
f i.\o me"mo L I \au c que o homem Lerr umo Íuncau 
cup<ÍroÍ
*" " 
i'r,'"tr. O* *'lnai'' Nao elc i" e 'uperio" desdr o 
interiur' E'
]Jna, ro'"e, uq,i nao 'e \ e cono pode'ia' nüm 
corpo qLie c con)riturdo
de mâneira puramente animal' entrâÍ 
uma fünçáo superlol
l\run" l..l O pPsçoctl rcü leito'tobalho' 
principalfiPnt? can
,n,i)i')" ^ ",""""'eucm 
rct Ln nt*t de I4t?ttP"t" ta conporau?l
ou a criança de lfts anos f
Com o nivel de raciocínio Mas raciocinar 
qualquer gato raciocinâ'
náo precísa daí ser nem chimpanzé 
O jacaré Íâ'iocina"
Nào, náo ten1 nâda que ver O processo râcional se baseia nisso.
Mas. escuta,., A resposta é a seguintei é claro que náo. Porque isto
inrplica que para o ser humano o mundo é eminentemenie inteligível.
l{lúna: Cetío, üas nào é que os animais são totalmente sem
inteLigência. No níaeL deles .. Quet dizet, há uma co-naÍuruIídade...)
Neste sentido náo têm nâda. Veja, todos os probiemas de diferença
(rlre rrlelgencio a1im"l e humana \e'rr dr.so P que lollo munJo
partiu de que a basc animal era igual c dc que havia algo diferente que
cntrava ern açáo depois ou num outro plano. Entáo, partindo do ponto
lle vistâ de que o ser humano tem sensaçôes animais. você tinha que
decilrar como é que ele dava um tratamento humano e racional a essas
sensaçóes. Isso supunha que todo o mundo do conhecimento humano
cstá na mente humana. está no cérebro humano.
O que Zubiri vai dizer é que náo está no cérebro humâno. Você náo
tun nem que guardar isso na memóda. Todas as vezes que você voite a
ve r a coisa ela apêrecerá com a sua constituição objetivâ. Nossa memória
nào está dentro de nós, elâ está no mundo. O ser humdno náo p€nsa
con1 o cérebro, náo intelige com o cérebro, eie intelige com o mundo.
'lànto que um cérebro separado do seu ambiente, o cérebrc até sepêrado
do seu corpo, náo vai funcionar. A idéia de você tentar encontrar no
cérebro a explicaçáo do conhecimento humano já é uma idéia imbecil,
porque esse cérebro só funciona se ele estiver nesse corpo, se esse corpo
csiiveÍ nesse planeta, se esse planeta estive( exatamente no lugar que
cstá ocupando no espaço e se as coisas l'orem exatamente como sáo. O
córebro sozinho náo fâz absolutanente nâdâ.
lAluna: rvas daàa a cotpotaliàade é que se pattiu de umt)
abseft)aÇão do le ômena de conhecer a pattir daquilo que o homem
IAluno: E cot11o é que ele vai
cofihecet?)
Ele conhece o estimulo Quando
reconhece o mesmo esiímulo'
reconhecer se ele fiãa Pode
apârece o mesmo estímulo' cle
jlit,r\o' Olha at o tat alo pot eiemflo' | "t olha a 
cobto r?reno<d
" 
)t"iri ,., ,, *'* nào c' Lle noo rccehPu uÍ1 
?'ttt11ulo' el? noo
foi picado (...).1
Preste atençáo Se você percebe' 
como ser humano as váÍias
"orru".'.,* 
.olu,, n* têm carâcterísticas delat *" t^u*-""*l::l
",""*, *r,'Or*. 
iro 'igniÉca o 5eguinle' 
que \océ n;o pÍe.rsa
:;;;;';;; """'' 
a-toraridade do que ':onhece' 
o mundo e d
"r^ -".Uta. " 
U* U r) que náo acontece com o animal'
l lnna. Mas ten ní eis, nao é? ( ")1
26
I
t
P 1 cano itslttlfietttal- ParÍNe' qüaúdo 
Atitlóteles coloca qüe ão
'ii^"r'ir'r" trt",,"" ,ue túo tetútt passado pelos se titlos - Ínse
n,n,,,,rn,r, iotn :o'' i' ]ta 2']no\' 
qtt' o pto\'\'a' o\-nttita
l r, ,,; , 11ú' mo\ rttti Ptr Jep"llP' ''c'to' lP ct' 
P'\' "f i.t't'o
',.,i*,|,i ii",r,r" " *: e ten esse 
aspecb (ta coÍpanlidade' e isso
elt ditide con o !ê erc al1i|nãL )
À4âs ele náo tliz isso lsso ó Lrnra lonna 
quc invcniarâm dcpois'
. . ';, ; "" ;", ,..' 
'a''|' p'" ' \"'rô'erc '"' rnr' ta-J 
sJnrn
;":.;,;;..;;", .,,.. , '|ooJ'|r-n'lru 
c' " p'<'ruan'r'rrJu
,,, " ;;: ,;" ''rr'lrizunJo 
r'c 'r' r'ua'l'""''"'1.
,r"",rn *,."."Ot **aç'rcs hunanas já s'Ô Lliiercntes 
das scnsaçoes
[A]una: À7rr,'] a diteretqa especíÍica 
Úlocada canto
rcciollalidade . )
Náoc:{iste... Aclilerenqacspeciticaé 
to(al o homem náo se disiinglrc
U"" ^trr*'. 0- "" 
*"çtLo' mas por sua t(rraliciadc '^ sensâçtio 
Llcie ó
a'*..^,", 
" 
ln".Ul." n Oilerente' o funcionamen(o comoral 
é difercnle'
o pcnsamento é 'lilerente, 
é iudo dilcrente'
l{llit\a Lu út:ha fiafiailhaso 
issol)
CIaÍo que é rnaravilhosoi É maravilhoso 
c é verdadeiro' porqüc
,ao ""i..on1o 
o(lt* náo ser assim' O que eL1 vejo 
é quc os caras
""*". ".",' 
dcscrever a estrutura '1o 
proccsso cognitivo'
."* ""rt"**" 
*"vam categorias lógicas Eles diziam: "vâmos
."*'".'ô,,",' são os componentes? Tenos 
unr componcnte
""1"",r."- 
n"' * 
'*"ificava"Ah' 
mas o sensiilvo o animal também
,"*, "",4" 
*o c(,Ll*'" à pârte animal' Depois tem ulnâ outra 
que c
lrl
r niemóriâ. que o animal tanbém iem " Dc rcpcnte chegavam nulrâ
quc o animâlnão tem. Mâs isto é unrâ dccomposiEáo lógica, islo não ó
lllrra lcnomenologia, não ó ümâ descriçãol
A estrulura lógicâ ó unra coisa. Estruiura lógicâ sáo os elementos
potcnclais nos quais você poderia subdividir tcoricamente. Agora. enr
!c, dc fâzcr â subdivis,ro lcóÍicâ. lógica. vamos ver conro é quc as
coisâs sc âpresentanr no fato. isto ó, no processo não lógico nàLr a
cstrutrua lógica d.r proccsso. mâs â esirulum roâ1. E isso. na ver.liLcle.
Zubiri toi o primciro quc fez. Zubiri é uff filósofo tâo granLle quanto
Arisrótclcs. É um monstro. eu falo quc ó um lnonslrlrl
l\lrno: Camo Íica a eznLltção nisso 4í? O set'hunano etttaa .t1:)
podc te] ewluído una (. .)?)
Zubiri aceita algo dâ leoria dâ evoluçao. Ele não afirma
Lrriâtivâmente. n1as diz quc ó possivel.
lAluno M"s Íicú compliuda daí íer esse salÍo. ào? A
l-lspera aí, agol-a você já quer qüe o coitado do Zubiri eiplique
qnrlo rluc isto aconteceu? Isto é um dos grandes vícios da mcntc
lrünrana: ela n,ro aceitar um làto quando náo iem a cxplicação.
Mas. se losse assim, você jamais podcriâ icr aprcendido lito
rlgLlln, porquc, enquantci sua máe trazia a rnamadeila, vocô ia
dizcr "Prove que isso aí é leiic". Tcm que aceitar o lato: o "o quê"
prcccde o "pol quê"? Às vczcs precede de milênios. Tcm pdrreiro
() "o quê", clcpois o "como", e só depois o 'por quê". Claro qrc,
l()dâs as dcscobcrtas que você faça, sc pre que você encontra
Uora cnplicaç,ro. essa explicação levanla outra perglrnta. Nlas. se
a assim. isto cria um problema do ponto dc vista evolutivo. Acho
oue criâ, dc lalo. Ma- pur que e\'c 
problema nao pode licar para
il.:;;;;; no"""' q'" '"'otu"r rodus 
lrc Lrma \e/:
Àl,no M'' 4r | - t potque 0 llt'ta ou 'et 10 
quPfi Íot nunca
,,t")'r',",''," ",rr.,''" '"ntta 
a da'J ini no poú p'lo meno' Ta 
cs'a
questão...'?l
Porque qü1ndo ZuDiÍi apar( eu ia 
nao€\r'tia nrr' lPÍelr A' ubras
.";H';;;"' rPubricadtr' LrudoobÍr 
pú'rL'na Lre\o
pubLicou dois Livros em vidâ'
l!)lLna: Éte Üiz)eü 
q a do?\
Éle morreu creio qÚc em mil novecentos 
e setentâ e pouco c os
tir.o, a.ie to,a- puttlcu'los todos 
postumamFnie' Comeriam a sair 
nas
;;;;;;";;,,;" *, " 
esiáo publicando até hoie Evocêachaqueno
t",""r",". ,t'U* 
"()In 
cabeça para enten'ler isto âqui? 
Náo tem não'
;;;;;;;;-* " porêmicâ 
da Isrejâ co., o m,ndo moderno
i,oi,.]ii.;;;;;";''àn'"n'" tuao isso é u',' besteiror 
sem nm'
.,*,." '"* * (l'" *'a taldndo l':o la" Daíe 
da c )\'lta pop
i.'; "'; ;;';*'" 
de Ê4v 'om 
o \ari' ano' r55o "âu me inrere'st
*.*"^""", O* 'Uo 
me fâz Íir Os argümentos de um lado' os
-.r,,r.1,"., rl" "'"" '"do' 
er(s ne lalcm rir' o srmples ralo dc \oce
:i::, ;;;;;';" .e"u' ia e nLm rhâ" e como 
c que lnce vai
"." 
rrr- _ 'no'' olhl, v"rÔ\ tonl'apnr um {letc;o'c\ual ' 
um"
' ,urÍr'a 
tcorogica . cono e quc * ial i*l'" CoÍru e 
que a gcnte
il';;;;; t1ue taz? se úamar Ariqióieles 
a cabeqa' o cérebro
u"* t', i.*. "* 
unta: "Eu náo sei fãzer isso Fâça 
o seguinte'
:;;;;;; t;"" ""a 'louirina 
teolósica' ou converta a doutrinâ
;;;;;;;,; ,".t" e 
'raí 
vamos poder comparar' Mas 
assim como
(slri, o mâterial bruto, náo dá'. E está o mundo inteiro discutindo essa
l)cslciÍal Isso é coisa do diabo, rapaz. lsso é uma gozação para... Olhâ,
,) diabo está lá apostando com Deus, está dizendor "Vamos mostrar
(t(lc lodos têm cérebro de gâ1inha, essas cíaturas da qual você tanto se
,irgulha, é tudo idiotâ". E provoul
lAlrlna: "você me eúLou par causa disso?")
"Por câusa disso aí você me botou no exí]io?" E isso fica cada
(lia pior Entáo, vcja, a gente aqui esiudando essa coisa tem uma
ccriâ possibilidade de se preservar desta imbecilizaçáo, na quâ] o
lr(;mem, no seu nível lingüístico, conscgue ser muito mais burro do
quc é no nível de perccpção. A percepçào humâna é evoluidíssima, é
Iiníssima... A percepçáo humana. o corpo humano, foi Deus que fez,
c por isso que funciona assim. E a nossa linguagem, as câtegodas
todâs? Nós que fazemos. Entáo é claro que no nível intelectual somos
lnlriio majs burros do que no nível sensitivo. Qualquer pessoa que
cnlra nessas discussóes, é o raciocínio dela que está se enganândo,
nras na vida r€al ela continua percebendo as coisas exatamente como
sào, eesteéqueé oproblcma.
Na verdade, quando a gente fala uma colsa, há o problema dâ
pillalaxe. Náo poderia existir o fenômeno histórico da paralâxe
cognitiva s€ elâ já náo estivesse de algum modo prefigurada na própria
cstrutura hümana, A que clemento dâ estrutura humana colresponde
â pâralaxe? Conesponde ao abismo enlre a percepçâo e a linguagem.
Porque a percepçâo é intinitamente diferenciada conforme o lugât
o momento, a pessoa de que se trata, etc. E a linguagem? Vocô tem
um certo número de palavras, um certo número de combinaEõ€s
ruitíssimo limitado que só se re{ere à realidade ânalogicâmente,
râ verdade reduzindo todas as individualidades a espécies. usando
conceitos gerais, pois náo se tem um nome para cada coisa.
ll
Alinguagemé müito atmsatla e énelaquese criam as conlusôes Porisso
mesno é que me laz rir a idéia dos cams que querem explicar a percepção
pela estruiura dâ linguagem. lsso é a esma coisa quc vocé querer cxplicar a
rnrenlro d^ duromo' el pclo CodiSo dc lÍànsiru eraranrentc a mc'na rni'i'
Ou a invençao do aviáo pelo Códlgo da DAC" Tcm o regulamcnto do DAC'
entáo inveniaram Llm aparclho que se enquadrasse naquilo Eu quando vejo
isso digo: _Puna, nas é islo que os caras chamam de 'filosofia'? Mas nós
somos um... Darwindeviâter râzão, porque níx sonlos macacosrnesmo'
Isso é coisâale macaco, náoé coisa de filósoio" l Freqüentemente você terá
uma grande dec€pçáo até com os maiotes frlósolos, até com Aristóteles'
con] Santo Tomás de Aquino. Porque às vezes leva dez séculos para
resolver L1mâ coisa... Vamos dizer: Olhâ, cspera ai' o suieilo comeieu
Lün pequeno engano, que ele descrcveu",, Não é que ele está errado'
o que ele falou está certo, só que se refe(e a outra coisa' EIe está
alescrevenalo a estrutura lógica, e você náo pode esquecer que de todos
esses instrumentos, â lógica foi um aios primeiros que foram criados'
A lógica, notenrpo de Santo Tomás deÀquino, já tinhâ aí mil e sei§centos
anôs de idade, cntáo é uma ciência altissimamente desenvolvida E 
é cssa
ciênciâ que ele vai usar para tratar o assunio' Espera ai, mas a lógica "
Nào existia umâ ciência dâ descriçáo do lênômeno, isto aparece no século
XX. isto é Ienomenologiê. É umê ciôncia quase iáo rigorosa quanto a
1ógicâ. Entáo digo: "Você estavâ tentândo resolver por ânáLisc lógica 
unr
problemâ que só pode ser resolvialo por descriçào' Então é claro que'
por mais que você se aproxime da verdâde, vâi estar se referindo a elâ
analogicamenÍe. vai dizer uma coisa parecida Esse processo todo dê
abstrâçáo, ele náo é o processo reâl do conhecimenlo, é uma estrutürâ
lógica análoga Eniáo você náo pode dizer que está e âdo'
lAlüa: (...) de Íomaçao àa deÍí ição, naa é? Nãô é do conceito'
nas da detiniçàa.)
3Z
Nao, é do conceito mesmo. À definiçâo verbal é outra coisâ.
A (lol'iniçáo verbal já dependeapenas da sua gramática, âí é mals
.orirplicado. A definiçâo náo é nada mais do quc aexpressão verbâlizada
(l) u{)nceito, o que depcnde da língua que você lãla. A língua vai entrdl
iri s(nnente nesse ponto.
lA.lúno Entào (... ) meío
uttrcira se síwl (...). Tudo.
dista íe é todo o co hecifienLo da
É por isso que o senhot íald que totla
E que nada cstá no intelecto que não tenhapassâdo pelos sentidos;
( quc nâ verdade nada está intelecto, ponto final. O qlre chamâmos
(lc inielecto é o nome de uma dâs funções sensÍvcis quc conhecemos.
() inielecto náo faz quase nada.
ltlrtro: IficLusiüe aÍMpdlha muitas t)ezes, nào é? O ínteLecÍa ( ..).1
Ille atrapalha. E se náo fossc assim... Zubiri na verdade é muito
rir is crisiâo até do que Santo Tomás. Porque, se náo losse assim, como
( que se teria a ressurreiçáo do coÍpo? Veja, se o corpo é somcntc
rqucle substrato aninral, etc., entáo como ó que é cssc negócio? Para
(tuc vai fazer outro corpo? Isso qucr dizer que, se o corpo nâo tem a
cspiriiualidade nele mesmo, não vai ter en lugar nenhum. À distinção
irló de corpo e espirito passa a ser umâ distinçáo funcional e náo
substàncial. Seria como a piópria noçáo de forma. Entre a formâ do
scÍ c o scr a distinçâo é o quê? Funcional apenas.
l(lün.à: Fuficional ou Íotmal? De Íarna e fiaíAia?)
Náo, formal no sentido estrito náoé. Àdistinçáo de l'ormâ e matéria
r umâ distinçâo formâl? É funcional, porque, se a forna nunca está
separada dâ mâiéria, como é que poderia ser? Uma coisa nao pode ser
iormalmcnte distinta aiâ outra. Porexemplo, um elefanteé formalmente
distinto ala fonniguinha. náo tem possibilidade de um ser o outro ou de
um estâr no outro. Àgora, a ionna do elelante iamais esiá separada do
elelãnte, nem ele delâ -portanto, é âpenas unla questão funcionâl' Você
se r€ferc â um ou se relerc ao outro) mas é como se Iosse o elelante'
tomailo em ilistintos nívcis conforme o seu inleÍesse, conforme a sua
âtençâo portà1to, é umâ distinçáo meramenre luncionâI'
lÃl,r']ia: Mas a qLLesíão (la Íafi1a stlbsttt cial 
prcssupõe que essa
coísa da intel.igêtrcia nàa seÍ' calno Üocê i|Lou"' Se tudo é sefisíÜel'
pressupõe úfia ateialízação àaquito que està se do thamada de
larma subslancial, o que é üma i lpossibilidade )
Claro que é posslbilidadc, porque, por excmplo' se você disser
"Deus é puro espírjto sem matéria 
" 
dlgo: 'N{ás se nào tem matéria em
Deus, como é que Ícm aqui?'
l\lLtna: Não fiatéÍia no serlido dd nateria secur,da' 
potque eslou
lalafida da notéria...)
Matéria-prima, ftolerid secÚda, qualquer u a' Tudo isso está onde'/
l!.lllna: Onde tocê üiu algltéfi Íalar que Deus Íem 
matétia?l
Eu estou dizendol Se Ele náo tem, como é que tem aqui? Então nós
conseguimos ficar forê dele, conseguimos existir irdependentenente
clele. fora dele. Náo é possivel isto
LA1L.na: lsso aí não é simples assim, 
patque" l
3,1
ll claÍo que é simples assiml O problema é que Deus tem nâo
s()nrcntc a maiéria exisienle, n1as a mâtéria por existir aindâ. E aquela
(tu( nuncn vâi existir Elc também tem.
Tanto fazl E. no fundo, o que isso qucr dizer! Que se Deus criou o
rundo do nada, é porque estâ mêtéÍia existiâ em Deus como um nâda.
.\is(ia como uma possibilidade dclcl Ou estava lora dele? Nâo estava.
li)ra dele iinha o nada. entáo está nele mcsmol
l{lúra F,nho Deus é uma espécie de bibLíoleca de Babel (...).)
Náo, nâo brinca. Espera.rí, nós já estamos suficientemente
.ncrencados sen figuras dc linguagem Estamos ientando dizer âs
(r)isas com seus nomes âpropriados. 'Ah, â biblioteca de BâbeI"...
lispcrâ âí, agora complicou...
Al!]no: Mas (...) fião ptoüoctt y teís 1o?)
Nâo, isso é o inverso do panieísmo. Porqu€ o panteísmo vai dizer
r LL! tudo é Deus. Você diz: "Vocês inverierâm. Delrs é tudo mâis
iLlNUffa coisa", porque a mâléria que náo existe também está nele.
l^lunot Mas de quaLqud modo acaba haüendo ulfia Íüsào ou mesmo
tltLlidade entrc a essêficiu de Deus e essência de cada set ctiado.l
Sim. mas isso é ô,7e ?rrd\ náo é dupla via.
|,,\luna: Enriio não é matétid nesse se Íida da naíéia oue lem
I
l.Àluna: Só /le!s r as úois..s. as coistts ntlo sào Deus.)
l]. cxâtamcnlc, só Deus ó às coisas, c as coisas não sao Elc
lil]no: i t:aÍta a afuis io th iicistej' Eúatt, onLle aL:ê é Deus...
"Eu sou Deus. Llus Deus não é eu l
"lir s(nr Deus. mâs Dcus naL, é eu " É isso lncsnio NaLh eslá fora
de Dcus, Iada. E iudo qLre e\isle esiá lá. mês ain.la não o colnplcta.
porqrLc o que nao c\ist!'tanrbórn ó Elc.
Enlão, na verdadc, há muitos agoslinianos quc acharan1 qrre Sanio
:l'omás cle Aqlriiro cstragou Luclo A hora quc aristoleli/ o ncgócio,
conrplicou. lsso nao é iolâlnrcntc iusto. mas nalo.lcixa dc tcr algutrr
tundâmcnto. pols:tlguns problcmas básicos do cristianismo só lomm
n, r.n,l\iJ,,\!,c\r.,c,-r,Zuoi .e ., "'I J,l(. I i,. rr. r ,, r,,d,,
vocô dizcr ':^ tal d.L âlrna. orde cslá? i\h. ela eslÍ ro corpo'. Nlê§
clâ cstâr no corpo Tudo quc iá foi e qLre ain.la scú. c qtte eln ouitos
corpos possíveis iambóm, que vol:'ê possa ier iido cn1 Lrulra eriíôrcia.
isso tlrdo é alma. xlâs ela nao está iora do oorPo. o corBr náo cstti
lora dcla. Ela transcen.lc o corpo. o conceito, por.tuc o corPo só erlíc
tcmporâln]ente nunr ccrto cstado. O lorpo só cstá no c§iado qüe clc
estaL naquele momcnto.
F. !l na? 
^ 
rlnrà -á a.res'na â vida inteira. elà É lodos os m(nnenlos.
cniáo náo é uma iúirâ coisa Porque é daí qlre vai cair nâ du.Llidade
dc substânciâ clo Descartcs que e\isle um ncgócio chamado corpo c
outro negócio chamâdo alnrà. Nao iem cssas coisâs. só iem rm. que
é ulnâ coisa que obscurâmcntc o próprio Aristóleles dizia. que a ahna
c o colpo sao u r coffposto indissolúvel L Santo Ton:1s de Aquino
tân1béü Nías â própria pâlêvra "corrrposto' não é un1 conceilo, ó urna
ligum dc linguagen, po.qüe pâravocô comporduas coisas ó nccessário
quc clas exlstam indeDendcntcmcnie. llntAo se podc conceber a al râ
tlLt)cndcnte rente clo csrado.1o corpo. mas o corpo só cxisre no
, .lir(lo (tLrc elc cstá naquelc nro'lento Elc rcÍI un1a cxisiência. por
,.,1r .li1cl a(0mísiicâ liu. Por c{cnrpto Ondc cÍá o mcu corpo dos
, i i ,r ü)s dc i.lade'l Não cstá mais âq'Li, 
'ias 
a atma csl:r. Enrâo ó esse
,,,1i([) (]uc a alrrâ é .' fonna do corpo, corlro diziâ,\risríjtetes É a
,' ,,rx do corpo trnüâdo enr todos os seu! monrcni{rs da srLa crisiência
L. rpossivel NlrLselanáoestiinumouitutugar.ctânãoétomrahrente
1 ,\li rlir. a apcnâs l\rnclonalmL.nle (lisrinta.
| \lrna: E Nssírtl k»m l.ar assint: ':4 .tlno é a üniue^aL da ser
\rx). isso é aDâklgico. nlLo ó riiloroso
^lUno 
Erino q a íLo na butlisno se k totlos .tqueles
t'1t\t:íLinenlos téc iLos pata tktgarse a cu cana ,,isla aqui", o qua
, l, \ tllocan1. ncnt há u lt1 ckaçào da úlnru tte natlei]lt akutnã I
\r{r. mâs náo ó. de jeito ncnhun1. É simplesnerltc pâra the ensinar
.i !t)ârâr da percepção clo momcnio Porquc dc 0nr ponto de vista
rrrrfico aqrilo qlre loi âos três ânos de tdacle ó tão reat quânlo o
r u. csiá serldo agora. pois ó o (orpo toffaclo nâo abstrativamcrte.
( ) ro|po que nós verno! .r cada nromcnto ó unr.L abstraçAo. \,ocô
tr rrfbc? O corpo nâo ó concreto, cle é o âbstraú. porquc ó só Lün
,r,rrrcnto. Eu sír estou vcndo esses corpos lâis como etes estâo agora.
rl.ria possível que eles tivcsscrn suryido ncÍe nresn1o flo relrto? Não,
L t,s subcrtendem uln pâssado e Lrm fuiuro Entáo é o qlre nós Íàlamos
I uc o corpo colLo perccpção sensívcl do nromenro é uma abstrâçao.
() r(rpo lLrmado na slra corcrctu.le ó o coryo conr alllla. com sua
,, rLldl. "nr,ri,b. ou,, h-r..r. t,.Jô. o,,ru,.r^r (,,1u.. L que huI, r
.r r rnâ invcrsáo d0 concrcto e do abÍralo.
)
I
I
JAluno: O .orp.r co leçrt a aislit qua do lldsce e let 1i n í1e
existir. qte da totrc aLt qua da se decanpõe )
Quâl o nmmenio. quando ú q c clc conreça a Lxistir ptoprianente?
ll(nn, comcçr â cxisiir na hora dâ geração. Flspeta aí, nras c o
cspcrmatozrii.lc que uaiu 1á, aqlrele prccisaDrcnle, clc já não cxistia
antes? ll clc cra o quêl Elc cra orrirâ pcssoa? Naio. cle era locô mesnr)
I,,l'.lt1(t:ltÍas e a óüuLo. ptulesso? Cotno t1. ?)
Nl.Lis o óvu10. âquclc arvul0.
Al.Jna: Etttão turo en ibcê.)
lAl,rro: IlLes não erun a m.sna caisa l
Nrlo, era voca nlesrro. Só que €ra \'ocê colro rnertL possibili.lâde
bidógica. não conro rcalidade lriográlica cleliva. Nlâs rráo crâ ourrâ
pcssoâ \hmos slrpor locê pegâ uma dorlâ âos viile ânos. Quando
elâ tivcr vinle c scie, v.tl icr um óvolo '\" assim c assinr Está âqlri
um flrlano qllc cstá coln vinte anos Quando ele tivcr vinle c novc. vai
tcr unl espcnnatozóidc "x' assnrr c assiDl Quando jurrtar csses dois.
vai asccr o Fulâno de lil. mâs dcsde iá clcs já são Flrlano dc Tal.
A combiruçao dcste cl)ln cstc, embota cssc Ú!rrlo náo erisla ainda e
cssc cspernatozói.le náo cxista airrda, iá é aqÜcla pessoa, porque náo
a o!trâl E aquelâ pessoa, individualizada, é ncsse nromcnto apenas
u â possibilicladc. Não é ulna realidadc. mas já ó cla. Ilssa ó â ial
n. .ssêncitr inclividual '. É a tal da rdecceilds dc Duns Scot: "Olhâ.
quando juntar csse espcrmatoTóidc aqui co âquele (i!nlo 1á, no âno
i.,137. vâi ser o seu Fulano de Tal e nao otltrâ pes§oâ '
Isso quer.lizcr o seguintc: crisle uma série de \ icios tilosóficos que
i.r vânr do lalo de que a riênciâ da lósica, a ciência do râcioctuio, â
t t rciir da deduçào. sc dcscnlolveü lomidavcimcntc ârÍes d.L uiêrcia
, | (lcso içl]o. llntlo. âo pcsàr os lenônenos e tratálos, vocô dâla n
( !l uiür.1 lógic.L deles. nâo suâ rcâlldâde elciiy.r. Nâo quc a cstrurürâ
,!ti.r cstivcssc crradâ. Iras ela é dilcrcntc da cstrLriura real
^ 
parli, do momcnro cfi que lez isso. gcra milharcs de prcblenas
iir)srlticos. c d.Lí. quândo chcgârâ r os iilósoÍos modcrnos (HLrire.
l\:Lrt. c1c.). eles lor.rir l'flzer uma conlLlsáo d(,s diâbos lrorquc âquilo
,t ir. jri cstavâ scparâdo loglcamente ell1 
^ristótclcs 
c ern Santo lblnr,Ls
! ri scparado onloloilicamcnte. eleiivamcrtc Então. âq!i, o Írrundo
Ll,L! t)crccpçoes é un] câr)s, náo ó nadil I e\is(c uma niraculírsa for]na
tt trioti qtLc \,ai lá e rnont.L tlrdo. 
^h. 
dc oÍrde lir.ur cssa lbmm a
i i,drll" Dai vinha o outro e conrplicâ mais o ncefuio '\4is a l'orlna a
/r0i n,o é eternai a f(xrra a prioi é hislóricâ clâ vcm dâs lonlas
1, liniluagcnr que estão consolidadâs cl)r cxrla época" Entâo vocô
,lrrgr à conclusáo de qlle âs coisas tôln a l'ormâ qne lêln graçâs âos
,r1{)ics.le livros dc grârnálica l-oi o Nâpolcáo Mcndcs de Alneida
.,r,. rururulldu: 
^ 
.ô r. lu:Jô Ju h rnr , ...d -l r li "r,lp, r,, c
li,/ ' 
^ 
lirguage r nao laz absol,,itamcntc nâdal
1\)r cxcntplo, sc você. ao olhar a rcâlidadc, não lc»se capaz de
l,, r')iuir r,rr. ^ ou.. ô 'ujeir, Lli,.\,ú, ,..lrc c " d(",, 'u.én.,,
1., iir dlsiinção de substantivo c vcrbo. Dizer que lui cssa distinÇão qlre
,,)u tl ontra, isso seria o lnilagrc dos milâgrcsl \l,cê eslá entenclcndol,
\, flirst vcndo agaia e ali esiouverldo aitatâ dândo de nalrar para
,'. lriinhos. Sei quc uma coisa náo é a outral 
^ 
clisilnção dc nonrc
, ierbo csiá dadâ na percepEâo scnsivel. daí você criâ um sínbolo
,,,91 iíico rcmonr ilislo aí. OLr seja, toda a cstrulura da glalnática cstá
lir(lir nas catcgoria, obleiivas do ser. Dai as catcgoriâs da gtrmática
, ,, )irnr de uma nâncira crosscira, assim como qlralqucr dcscnho. por
, i.ris ooffpl€io que seja, é grossciro crn relação à realidadc do cnte.
I
I
,
I
I
I
I
Ou é âré à menrória. Ou scja. v(,cê làz o scglrintc: lccha os ol|os c
lembrâ unra pcssoa qlre vocé conhccc, lcmbra â suâ n1ãc, ltclrâ c pensal
"}, a mâe". Vocô vai ver cL,mo a imâgcm que fer é esqucmática c pofrrc
err relação à reâlidadc, â pessoa que vocó viu â viclà inteira. Não ó
lAltjna: lildo be 1,Olara.nasd[e tu Aa tlllsceu ürl4 íde Íilical
uma Êata natnaüílo ou deituntlo de tru nar, quü dizet. ú siluaçaL)
de conprcensão funana, pensarulo iá qtle o hanet tetde ao
co hecitnenta, que inclllsiac jú a AristóteLes coLacatur..l
Náo. nisso ai nâo acrcdiro,.lic o honem ienda ao conheci.rento.
De jcito ncnhum
lAhnn: f ) 
^ft. 
ttào'? Você estú ia.e d.a a que laz hú quarc ta
lu tendo ao conhecirDcnto. E o rcstântc da espÉcie hurnana? A
hisi(irià de que rodos os |omens tendein por naiür.czâ à blrscê do
conhccnncniô la7 me rir. É claro que náol Lles fogcm disso conlo o
diabo lbgc da crurl Tem meiâ dúzia dc loucos que se dedican a isso. É
que Aristótclcs achavâ que ele era o scr hunran o rcpresenlativo. c cu
nâo âcho quc eu sou o scr hunrâno representatirc.
[A]una: ,VIai o que esl.otl querc tlo di2et é o seeuínte: existe uÍl
se tido l1essa situdçiio do set hunana. O set humano tem um setllido,
css? setltido esüi Ligad.a a una passibilidade d.e co heciuetio.)
Bspera ai. como é que vou saber? Sc você iive que descob r isso.
i.ai ter que descobrir â partir da Íeali.tâde. Nâo ó você paÍtir de um
ncgócio de Ah, rem um sentido", e âgora você vai moldar a suâ.. Não.
\([r]ila a possibilida.le dc q0e não rcnha senrido illgum. cnião: ,,1,\âo
r.i sc Icr. sentido náo sei sc não ren1 scniido. isso é üm nomc que vou
LI a cc iis erpcctatllas qnc fâço conl rclâçao ao fururo. à clcstinaçáo
, iis rr)isas. ctc. lsso é âpcnas un1 nome que cstuu dando' .
l,\lrLnar ÀÍrs. Í do ben, aatnos supo/ que íwlo issa tuhLl sida
tlta pftlinLi út e qrrc s{. tenha pt:.rcebido que h(i ln fíÍt nãs cL)isos e
ttIt:. potltLnto. as cois.ts passuem Lou senlido.
Nlas como quc você podc pâllir de uma cotsa dcssal
Alrna. Nãa pati rle utnã coisa àestu.luilá. co hcciuncarahá
.'a íltas chamaú) ()laüa de Ca]üalho. que me lLontlou Let l,}istoteLes.
I ! t i I t) At'i síóleLes. . I
,\h, lnas cssc aí nuncâ ràciocinâ a ptLrir do pressuposro dos
:i,ntidos. Iir nuncâ rnciocino a partir dcsse prcss|posto. Sc as coisas
li\ (!rln uff litr, se a realidâdc river ull1 fim. etn vai tcr que n1e moslrar
rrir!üe senâo ó apenas unra coisa que elr invc iei quc quis e quc
,l(,rrctci que é assim Para sâber se as cois,rs rônr Lr r sentido ou nâo.
\(,cô tcm que admitir as .luas hipótescs, d€ que rcnhâ um scnrkto e de
,tu. niio ienhâ nenhunr. Acho quc até tem
Llúna: Il,lantbém .. selu da. cu túo nasci sozinha au iÍE lei o
ttuutlo. EstuLt coLacadd denlrc de u 1a teulilade histót.iLa. üiíste uma
lttltanicLade que ne prcceàe, etisteLtl caisas acumuludas às quais Íui
ttt)tt:se lada E é o que z'acê laloü: cu acrcditei que eru a 1..)!l
Sim. nlas vocé vendo o corljunio dâ hisróriâ hulnana é muiio dilicjl rlizer
,tIc isso lem un s€nlido. 
^lcgara 
hjsióriâ tjumanacolllo prcva dosenrido..
| ,) cortrárior a história hLmüna ptuva que ito làz scnrido algum.
1l
[Altlna,80111, ]nas a Reüelação e ahisttjia, pc» erctnplo. do CrisÍa,
pata fiim ísso l.rz a lgum senticlo.)
Mas essa é outra história. Esse aí é o negócio de Sanro Agostinho.
Náo existe unra hisrória, exiíem duas histórias: existc uma históri:r
empírica, quc é a hiÍória dos Impédos. a história das sociedadcs.
entâo não laz sentido algum. Ínâs iem cm cima dcsta outrâ hisli;iâ
que faz scniido. mas iÀz senrido se você aceitar também, porque se
você náo acciiar náo 1ãz senrjdo algum.
IAIü]:á: (..) Eítueéahistó a da Satz)ação.l
Entáo você vô que em nenhum câso a cxistênciê do sentido pocle
scr dada como um pressupostlr A eliistênciâ do sentido é aliamcnie
p, ubl<r'r"r.(". \1, pouenru\ ari iricird ta. ,r. nau.o nu un i. prer, sâ
âutofundânte, de jeiio nenhum, e raciocjnar a partjr detaj ,Àh, lem
que scr assirn porque as coisa! têm que ter rn scnlido,.. porque dizem
que as coisas iêm que ter um sentido? Espero quc tenhâm. espero..
lAlfia: (...) potque senào Êúa ur? nonsensc]. .l
Mas e sc Ior o ronserse?
lAJr)no: Potque eaiste uma necessítlatle. O ser lrunano ten Llna
necessiclaàe dc eLe buscat o se íida (...).1
lsto lem, mas eu tanbénr tenho muitâ necesslcladc de dinheiro. e
nem por isso o dinheiro aparece na minha conta. Entáo a necessidade
de uma coisa não prova que ela exista
[A]nnL\: Eu queria calocat, a patb tlissa, é que tocê só c1i
percebenda. pincipallfienLe íssa que é a Íi alidadÊ, a palíít_de um
prccesso absttaÍi o Eu esíaü impackldct co l uma questãa ..1
Itssc é o modo trêdicional de olhar, o modo escolástico. euer dizer.
1 ) )rocessoabstrativo você chegar à conclusâo de quc cxiste Dcus
L ,ttle tcrn Lrma finâlidade. Hoje eln dia, depois dc iudo o qu€ estudei.
i,( lri) quc sc for assim é lnuiro complicêdo.
,\luna: Mas é Lonplicaàa o ( .) !)
li qlre, se for complicâdo, vai dâr todas âquel.Ls discussóes do
l(r rt.. Se ior complicado, vai compljcâr n1ais âinda, dc nrodo quc
, lr a c]:islênciê dcsse sentido. ou ela tcnr que âparccer para você conr
I r rslucidcz a pârtir do lenômcno mesmo, ou então é melhor nem
Itfsa. mais no assunto. Se a existôncia de um sentido vai clepender
{l( rlnrâ complcxâ demonstraÇão lógjcâ que você vai iãzcr é nuito
) Aluno: A menos (tue alguém tenha ptaz)ado issa cientilicamente.l
Nào, nAo cicntificamente. Cientificamente iambém não serve.
tr)rquc tudo que é provado cientificamentc é condicional.
Aluna: ,[lds a percepçào do aÍo (la úteligêucia é uüa coísa
\rusíztel? Quarulo acê petcebe üm ata rcatizado peLr inteLigência
t)ole díze| que aqu a que a iúelieêtlcia percebeu naqüeLe ato da
tt'tse|lÇtl que ehl está aenda é um aío se síuet?)
Não percebcmos nada pârâ cima do scnsívcl. de manciÍa que,
sc o ral do espírito náo estivess€ no sensivel, nós jaffais o tcriân1os
)crlebido. Você se reltre a ele independentc dos sentidos. Você pode
illxr dele indcpendente dos senridos, mas perccbê lo não.
fÀlunar r!Íds a inteLigência. qua do etd intelíge, el.a inteLíAe
|.nsi?ehnenÍe ou a pattit do se sízrel?)
+.1
t
I
I
il
To.lo o rnaterirl ql]c ch€g.t aló clâ é sensnrcl. NtLo tcm nada alóm
dos senridos. nada. E que vocô acabâ perccbcn.lo quc isto quc você
chama .lc scntidos cln si nresmo é alSo Inais do qLrc scnti.los () iamoso
"cspiritual' o 'tr.Ln§cendcnte", elc. nao ê§lri âléfr dos «:nlidos
i!r^lr4p:u.( in.. rrli\. p'rl< doquc l \'' u
ponlo: nâo é una ouir.L laculdade que vai.rtrai dcpois parâ làzcr por
abstraçào, naoi â coisl está nâ sua.ârâ. é peÍccbido nos scnti.los no
primelro rnomento Aió a erislôncia dc Deus ó percebklâ assi''
l]le náo percebc por quê? R)rque n(js cstamos acosiumaclos a li.lâr
LU''r .\\. 1,,,',I.ru.r rôd" ,'J rr'ô. i . d..,i "' I ''{'
problenra dc toda a tisc(rástjca E sc a Escolástica nro tivcsse tornado
cste ruirro, dcpois dcla náo teria hâvjclo DcscaÚes, não teria havidl)
]tun1, náo tcriâ lrâvido essa porca .Ldâ toda
lAlüna: ,II.rs issa üua é prcblemu da EscoLástica lsso aí ioi .
Qüando Occafi...l
É un problcma da Escoltlsiicâ. sim Esse problernâ já cslá no
próprio Santo l'oIrás dc,,\qlrino. Está em Santo lbmás dc Aquino. cstá
enl Sânto 
^lbe.io... 
o úl(irno suieilo no qual nao hâviâ prcblclnâs era
Sânto Agostinho. Dcpois daí a coisa foi conlplicando. cornplicando'
Isso quer.lircr qlre, sc for para propor unr rctorno, bom, relorno a
SantL) Agosiinho
lAúno:'fem duas coisas qu? ne ( .) é itlLe]'essafile comcttlat'
A ptitlleim é que, quatklo o scnhat dí? que o (.) é t aís básico da
que tanto Slt1/o 'n» ás quanto Alostinho esse axa ( .) Safilo
Agastinl]J é que é mais básico tlo qüe Zubiri, na sentítlo de quc essa
percepqAo que uai ftcando cliierc te dos {r i}nais asldtitl d dinlensào
tiiai a. etLtão eshi o co hecinetlto tlc Deus (. ) Stlnta Agosíitll1o
eslatia mais básico da ítLrc Zubiri, Aa é'll
l,u não saberia rcsponder isso àí. Sinccrantente, não sei. O que cu
r.i a o scguirte: q!ando você pega dois grancles homcns, e dois sântG,
,lrLando um deles diz uma coisâ c o outro Lliz o contrário. é pro!âvclmcnlc
hrque cacla unl csiá Perccbcndo Lrm pedaÇo Quando locô vô que. fo
nl Lrlo rncsno ern quc sc desenlolvc ioda a lilosofiâ cscoláslicâ. lá no
rrcio daqujL, iern um sujeilo chamado Sao Bcrnardo qlre diz "olha,
lLrdo rsso aí só scrve parâ icvâr as pessoâs para o lnferno".. Não é
t!)ssn,cl quc €1e eíivcssc totalnrenic crrado. e unrbórr náo é possí/cl
, Lrc o outro lado csrivcs se tolalmcntc cllado. então óporque te r alguma
roisa ali que eslá lalhando I qnc coisa é essa,
lAlrna: ,^Ias ele astu z,a se rcÍeti da a quê?)
^ 
toda a filosofiê. ille cra contra a lllosofia. Enlro locô tcnr ai unr
llrlr)nra dc que e\istc algum problcmâ, e que o problema não scrá
r.sr)lvido do dia prâ noite. talvez sc clucide séculos depois Quando na
I s.olástica se consolida esse ncgócio d.L lé e da razào 'Aqui tcmos o
,,Úhcci.renio obiido pela Ió. aqui pelâ râzão' , cu semprc pcrgunlava
.rssin "Olha. quandooscamarâdâsviranlJesusCristorcssuscilaÍLázaro.
r l,rs !iram pela Íé ou pcla raláo? Quando lesus Cristo ressuscitou c foi
llLLrr conl Lrs carâs. dizendor 'Olha, eu sou âqucle lá. eles pcrccbcranr
rsso pela li ou pcl.L rarão?'. lsio é experiôncia Então isio ó básico: rrãô
L. nuI fó ncln raz,to. iem algo qlre é anrcrior. E P()I isso que senrpre digo:
,,,risii.nisnro náo ó uma doutrina. ou ele é Llrr làto ou não ó nada,
( uLr Íaio .lâ ordem fisica, matcrial lcsus Cristo ressuscitou ou na{)
,rssuscitou? Ressuscilou na Íé ou na mzâo:' Nao ressuscitou nem na fó
r.rn na razão, resslrscitou no plancta Tcrral iste ó o problema Na horâ
rrrrcluc se corsolicla aquele negócio dc té e razáo. digo: 'lb, já complicou
Ludo ' llrião ó claro que Sáo BernârLlo fala: 'lh. esse ncgócio vai dar o
. . iu. l-ôd... Ll< l. I r\. n "ru . l-ii ^ puíqL
I
I
,
I
;
I1!lüna: Ele j{i estaru truutnatizada co l Abelaúo. Nào seí se cle
coúden ari a Safi I o'Ibtfi ais.l
Ele tâmbé'r viviâ procurando heresia eü Abelârdo e náo
conscguia achar Entaro clc também cstava cquivocado cstav.Lm
lodos equivoc.idos. na vedaLle Por quê? Porque o problerra ela
grânde dcmais e requêriâ âlguns séculosl Eles não tôm culpa dc não
icrcm cnxcrgado a coisa. o snicito dá um alârmc . Um camarada cstá
eslNturarLlo a relaçáo de lé e razio o lnehor que pode. e Lr oulro está
direndo: "Isso aí vâl dar bocle' Os dois lados são impoÍantes. Elcs
csiáo.lizcndo algurna coisa csscncial. por u,n lado c por oulro Enião,
em Santo Tomás.le Aquino. você vai ver o quê? Vâi ver â eslruturâ
lógica do processo cognilivo e sua lilndameniâçao lógica, a prova de
por que llnciona \,lullo bern. a provâ lógica de por qlre oma coisâ
furciona náo ó â mcsma coisa quc â dcscriçâo matcrial dcstâ coisa.
ÍA|rfia: (- ) Esse equíiroco ( . ) eslara tnltilo ilnprcgnado do ÍLaào
a alhíco da EsLalástica.|
Do mo.to analilico cla Escolásiica. certamcnlel Porque eles
linhanr acabado de conquistar a ciência da lógica Vejam, no séctllo
imcdiâtânrcnte alrtcrior Gilbcll dc Lr Po.rc funcla â 'nova lóilica'.
E quc é a nova lósica? 
^ 
analitica. Os caras ficâram n1âravilhados
com aquele negócio. Eles dizem: "Ent,ro valnos âgora eltrullrr.rr
tudo de acordo conr essa nova lógica'. Bom. claro que iinham que
fazcr isso, claro quc cra importantc. só quc â lógica scrve pâra qué?
Para erpor a cstrutura lógicâ das coisas. À cstrlrtura lógica dâs
coisas é â estrlriura de Lrln raciocínio que você lil7 a respeiio- e nao
a estÍurüÍâ da coisa res ra.
Alrtno: Aí o suleiÍo caneçú ú (. .): "Eu ão consigo explicat issa
logicdme te. etttãa (...)".1
Aí já é un1 vÍcio secundário quc deri!â disso. Agora, a parlir dcsta
dcscrição dâ esirutrm lógjca. os filósoios scguintcs começânr a discutir
' o úoÍ a 
( \rr .rur:r lôgr.o j. .1 i*r , d. .ir.
Nlas eles lazenisso como? També'rr logicamenle. Enrâo selaziâ análisc
dr ânálise dâ ànálise dâ análisc. c no fim vâi esl:rrelâr tucto e não sobra
nada E sc um cam dissei: "Hspera âí. isso quc vocôs cstáo analisíuldl)
não é o ltnômcno da percepçáo, é sua eÍrutura lógicâ tâl conro loi
(loscrita pelos Escolásticos". É cm cilna desu que Hume raciocina,
quc Dcscâ(es raciocin.r, que todos raciocirâff1 E se locê pegar esse
problcma da percepção e colejar con1 o problclna dâ rcssuffeiçáo de
\osso Senhor rcsus Crisio. aí é que tic.L rnâis patcnrc ainda qLre em
lo.la esia discussào á re|lid,d. fi..iú fÍ,ri
lÀlrúo Eütàa quet dize] que a Íé é postetiat à percepçlia?l
N,lâs que lé! O sujeitolãlâ em "ló'. cu iá tenho vontade de bater nas
pcssoas. Escutâ. o sujeiio está lii. viu Jcsus Crisio resslrsciiar Lázaro.
Itecisâ 1é para vcr isso?
l{lltra: Ah. nids úí fiàa Íoi li Não kjgico quet1Aa. A\otu prccisa
do li, potque nào Len nais. O Ídío é (lue as pessoas..)
Nlas como nãô tcm mais? Sc não (iver êgo[L não scrvc pârâ nadal
lAlun^: F.u eslaüa dizc do rtue qua da Jesus é prcse te cot seu
t t[po ressurreclo. enlAo üoo prccísa tla Íi. Ago]'a, ã ]nedida em íluc a
]|»neü do século L\l tLào tet essa caisa da prese Qa. .l
+i
Náo, náoé. Se precisâ da fé ou se não precisa, você está confundindo
com ouío problema, com o problema da salvaçáo da alma, se vocô
precisa da fé ou náo para a salvaçáo da alma. Claro que precisa! Estou
falando é se o problema da naturezâ do conhecimento tem algo a ver
com fé e razào. Respostâi náo. Náo tem nem com fé nem com razáo.
Náo é nemÍé nem razáo, é peÍcepçáo. E apercepçáo está subentendida
em toda a história de Nosso Senhor Iesus Cristo, porque, se erâ para ir
peta fé, entáo ele náo precisava nem vir Erâ só ele mândar um telegrama
dizendo: "Olha, eu vou. Vocês acreditam ou náo?". Se era pela razáo,
ele mandava uma equaçáo. E Sáo Paulo Apóstolo dizi "Mâlditos os
gregos que exigem uma prova e os outros que exiSem um milagre".
ÍAlünot Mas ele também Íalou uma outra coisa dessasr "Se C/islo
não ressuscitou, então setia úã a ossa lé",)
E ele diria: "Isso aí é o quê? Um objeto de fé ou é um objeto de
razáo?".Istoéumfato. Entáo onegócio defé erazáo é muiio posterior,
e certamente náo vai nos elucidar nada. Ora, toda a articulaçáo que
Santo Tomás de Àquino dá ao problemâ do conhecimento está na
arliculaçáo de fé e razào. E o fato? Bom, o fato ele conhecia, mas náo
falou nada a respeito.
l{lnna, Ma\ üeja, íé e ruzão são as Íormas hunanas de se alcançar
uma aetdade, então a Íé...1
Essa coisa aqui você náo vai alcançar nem por fé nem por râzáo.
Estâ aqui é impossíve1.
[Alrna: Nào, a doutina
qúe etplica aquiLa a un-..)
48
estti... No caso existe ü corpo teórico
Nenhuma doutrina, se você pegatoda afé do mundo e toda a iazáo
do mundo, vai fazer com que o iato âconteçâ. Entáo o que interessa é a
Íó ou a razáo? Náo é nem um nem outrc, é o fato. Jesus Cristo veio na
carne, morleu e ressuscitou. Sim ou nâo? Ou isso aconteceu. ou nâo
aconteceu. Se você vai ter lé nisso, ou se vai ter uma demonstraçáo
lógica de que aconteceu, isso é um problema posterior. O básico é o
hio. No problema daRevelaçáo Cristá, oproblema básico é o fâio, e no
problema do conhecimento também o problema básico é o fato. Entáo
porque \a no. licar com esse negocio de lorma' 4 prlori. o proces§o
abstrâtivo, e ficar com a teologia toda. efé e râzáo, sepodemos resolver
â coisa de uma mâneira muito mais simples?
lAl.Jno: São Betna o (...).1
Claro que Sáo Bernardo tinha razáol Ele tinha razáo, mâs não sabia
por quê.
ÍAlúnat Vou ficat calada aqui. porq e se isso 'Íosse assit t... (-..) ser
santo s imediatafi ente ! l
Claro que náol Que ser santo nadal Náo precisâ nada disso. Porque
os caras que estavamlávendo Iesus Cristo ressuscitar Lázaro, só quem
era santo viu? Náo, mas náo precisa ser santo I Se o sujeito precisâ ser. ,
Claro que nâol Que ser santo nada, náo precisa nada disso. Porque os
carâs qu€ estavam lá vendo Jesus Cristo ressuscitar Lázaro, só quem
lAlsnê.: Clarc que não!)
Entáo ser santo ou náo santo é problema posierior também.
!ir
L{)rno: lssa úo letfi fiaLla d ücl caú1 se ele cle íalo eÍíslíu lnes 1a)
oú se foi aLe é t que c]iou I
Tcnr quc vcrl Sc o tãro Í'oi criado, ói sc o lãro ó invcntado, é outra
,ui.i ú,r ..(u, ,.,.rrr.,r 1,,'.,JU,', r,riJ p-,j i.r,.(
o rlesm0 para você saber se o gí(o eslá ali deiia.lo ou não Ou o lâlo
acontcccu ou náo. Acho quc sc Crislo rcssuscitoLr, sc clc ltz isso, clc
podc |àzcr aleuma coisil]ha a mâis. E sc clc poclc razcr alguma coisinha
a Dr.Lis. ele po.le lazer rqui e agora. Se ntLo po.ie iazer aqui e agora,
1ârrtrérn tudo isso Ião e inieressâ.
Enião. no fLrrdo. no fundo, a gcntc fica tcorizando muito, cxist.
loda umâ teorizaçáo, ulllâ discussào que vai mlriio âlérn d.L esfer.L
clos It(os. qurLndo o apelo xos alos resdveriÀ a coisr inredi:rurrenie
Resolve ressâ eslera iêológica lambénr. e resolve rais ain.lâ na cste€
dâtcoria.loconhccnncnro.Olatoóoscguintc ó q uc todo cssc ncgócio
de S.Lnto tomás cle Aquino deu muila discussâo. deu lnlrilo lrabalho,
lii un proble.ráo para l'azer tuLb aquilo. e dai passo! nrilis oilo séculos
p†â Ígrcjâ en.lossar âqlrilo. E note benr: eles €rdossân e na hora quc
cndossâlll aquilo fica corno um bloco. un1 edifÍcio inteiro que você tem
que engolir. E âquele edilicir, é tao complicado. e leva i.Lnto tenpL)
para vr)cê .rdquirir que no curso de estudâr âqlrele negócio lodo locê
iá passa a discutir â filosofiâ dc Sânto Tolrás dc Aquino cm l,cz dc
discLrtir o rato (. .)
Está ótimo. a filosofia de Sânro lomás de &uino é cxcelente, a de
Arisióteles l:rrrbénr é excelente Só que lern o seguinie: tenr âlgo que
ó o prcssuposto dc tudo isto. lsso qucr dizcr quc. sc ó vcrdâdc quc
estamos chegancbpcrto dofinl.krstcmpos. cntão uma saricdeenigmas
|islórjcos que se prolorgaran durante dois r l anos, de reperic a
solrçao dclcs comcÇâ a aparcccr âssim. mâs qrc âró um idioia como
cu pcrocbc. A gcntc tcvc ur]râ chuvâ dc sâbcdoria quc pulula para tudo
5ir
,LL irf to ó lâ.1o. dc rcporl€ as pcssoâs conrcçanl a l)erccbcr certas coisas
I',rl.r n: "N'lâs como é quc os filósolàs gâ§tara'ü tâItos neurônios se eu,
I',' !i ru', r...'r^, l.r..ot'.1"i' rr r n.ir r' I rrr "'ru \'rÔ
l,islrn icâ anornral na qual nruito daquilo quc ficolr oculto de repcntc
,,!rcca a aparecer Conlo é que rrós chcganros, por e\enrPlo, â lünras
i,r0 rrlil'iciaisl:le râciocí]io qu€ pudentos acrcditar que a linguager c
L Jrranráiic.L gctanl a fornrâ do rnun.io? NÍas conlol I qnândo ninguórn
'irhir granrárica, como ó 
quc cra?
Ãlr,j.o: SL|,at qut corpo e nte le stto Laisns sqtlj'ddas )
l-nr. J.,c, u.r l- ran,.', ,',, q ! <rr'l r luL L IL,.I,'\'\: I
.\sc§ ànlrnais? NÍas coflo é qüc chcgan1os â uma eslupidcz como essa
-.r)rrsrruçáo social da realidâdc'. quan.lo basta abrir os olhos e vcÍ o
trLr.anho qlre c' o ncgócio? É claro que a «rciedade náo pode construir
Lrdo islo Construa um cletânle sc \/ocê puder'
al prirna(to.lo fato. do lâto no seniido nlais Inâicrial possívcl,
{,ssc ó o elcllrcrrto nilnrero um. Êxistc o Ser, o Scr eslá aí na
rrinha cira. É a tarrosa prcsença rtÍal de quc fala l,ouis Lavelle
Isslr selnprc eslevc prescnte âí. Noss()s pcnsâmentos. eles são
lrscontínuos. Nosso pensâmcnt0. nossa linguagcm. nossa l'ala.
r do ó desconiínuo. íl urn pouqutuhc aqLri. é como se losse uma
rspuminha cm cimâ clo occano Im cima do occano cta rralidade lem
ünras coisinhas 1,r quc nós chànrarnos de'lensamento" Agora. apaga
ru ruLlidadc cm iorno c vê quarrto Sobra do scu pcnsanrcnto Digo, por
.\cmplo. que cssa aqüi ó rilrrlhâ lilhâ cu a conhcÇo. Se eu ficâr dez
lros se â vcr (dez anos nào. de, mcscs). nao consigo lembmr o roÍo
dcla exalamcnte corno ó. Eu prcciso deh para lcmbrar' A rcâlidudc ó
o nosso cérebnrL A rcêlidade cxtcrna, o trundo é o rosso cérehro. Nós
pcnsamos cofr o mundo. pcnslLnros com coisa§. corn rcalidadc.
No câso.lo crisii.Lnismo é a mesnLL coisa: ou aqLrilo acontecclr' ou
não aconlcccu Sc acontecerr, eniáo não é n€nlpor fó nenl por r'L/áol
lslo ó un ll1odo üui1.) poícrior. mLLilo rcnroto de vcr as coisas Agora'
sc aconicceu, c se Icslrs Cri§io cle próprio diz quc é agora o lllesmo 
de
oniem e cio que scrá atranhA, crtAo tern quc estar aconleccndo â coisa
âgora nresnlo aí. ou entào iudo ;sto é Llma bobagern'
Enl rcligiao coÍro em biologia e cln qualquer oulra coisa' o tcste
da coisa é o tato. E iambé isso ó unr ilr'Lndc consolo, porqüc vocô
náo precisa guardar luclo na cabcça pois slit nrcmóriâ é o mlrndo
Sabc quanalo é que mc âparccell cssâ idéia? Unra vez rllla pcssoâ flc
pcrguntou sc cu nao fazia fichinha I rcsLrmo dos livros que liâ Eu dissel
"Mas o resuno já cstá no livroL l'l já nrârqlrei os pedâços 1á' já csiá lá'
F.lÊ o livru. ó a Íichal Espera ai. rnâs sc o livro é a ficha cnt.Lo os latos
sâo a nesma coisa. Eu rao preciso llcar guardando ludo na memória
porque quirndo esqucço lou 1á e olho de novo N'o é assirn qLrc todo
munclo iaz? Uma

Outros materiais