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Coordenação-Geral de Contencioso Administrativo e Judicial – Cocaj
Coordenação de Acompanhamento do Contencioso Judicial – Cconj Divisão de Acompanhamento de Decisões Judiciais – Diaju
Coordenação-Geral de Contencioso Administrativo e Judicial – Cocaj
Coordenação de Acompanhamento do Contencioso Judicial – Cconj Divisão de Acompanhamento de Decisões Judiciais – Diaju
DECISÕES JUDICIAIS 
Principais decisões proferidas nos processos judiciais relacionados aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e à legislação aduaneira, especialmente no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
STF – PIS/COFINS – REPERCUSSÃO GERAL – Constitucionalidade da inclusão da Cofins e da contribuição ao PIS em suas próprias bases de cálculo.........................................................................3
STF - NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO - REPERCUSSÃO GERAL -
Constitucionalidade da sistemática estabelecida no art. 3º, I, da Lei nº 8.200/1991, para a compensação tributária decorrente da correção monetária das demonstrações financeiras de pessoas jurídicas no ano-base 1990....................................................................................................................5
STF – PIS/COFINS - Incidência sobre operações de serviço de transporte rodoviário de mercadorias destinadas ao exterior............................................................................................................................7
STF – NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO - Constitucionalidade da "PEC da Música"
(Emenda Constitucional nº 75, de 15/10/2013).....................................................................................8
STF - REINTEGRA - Necessidade de observância do princípio da anterioridade para redução de benefício fiscal vigente, por implicar aumento indireto do tributo.....................................................10
STF - IRPF – Consitucionalidade dos limites à dedução de gastos com educação. (Lei nº
9.250/1995). Necessidade de lei formal para se estabelecer isenções tributárias................................11 STF – IRPF – Ausência de previsão legal para que o Poder Judiciário determine a correção monetária da tabela progressiva do Imposto de Renda.......................................................................13
STJ – IRPJ/CSLL – Não inclusão do crédito presumido de ICMS nas bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. A superveniência de lei determinando a qualificação do incentivo fiscal estadual como subvenção de investimentos não altera a conclusão de que a tributação federal do crédito presumido de ICMS representa violação do princípio federativo.........................................................................14
STJ - LEGISLAÇÃO ADUANEIRA - Aplicação da pena de perdimento quando houver demonstração da responsabilidade do proprietário na prática do ilícito tributário.............................16
STJ – CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS A TERCEIROS - Não incidência sobre o aviso prévio indenizado...........................................................................................................................................17
STJ – CSLL – Exigência de pagamento antecipado e em espécie de, pelo menos, 30% do saldo devedor do parcelamento como requisito para utilização de créditos de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL...................................................................................................................18
STJ – IRPF – Restrição da isenção concedida em função de moléstia grave aos proventos de aposentadoria ou reforma, não alcançando rendimentos salariais percebidos pelos servidores em atividade..............................................................................................................................................20
STJ – CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS – Não incidência sobre as verbas recebidas a título de licença-prêmio não gozada e de ausência permitida ao trabalho....................................................21 STJ – IPI – Impossibilidade de concessão de isenção do IPI para a pessoa portadora de visão monocular na aquisição de veículo automotor....................................................................................22 STJ - IRPF – Incidência sobre o abono de permanência.....................................................................23
STJ – IRPF – Não incidência sobre a compensação financeira prevista no art. 1º da Lei nº 7.969/1989 devida ao oficial ou praça licenciados ex officio por término da prorrogação do tempo de serviço.................................................................................................................................................25
STJ – PIS/COFINS – Redução a zero das alíquotas para o PIS/Cofins incidentes sobre a receita decorrente da venda de águas minerais naturais comercializadas em recipiente................................26 STJ – IRPF - Isenção na hipótese de resgate das parcelas recolhidas ao plano de previdência privada, proporcional às contribuições cujo ônus tenha sido suportado, exclusivamente, pelos participantes do plano, e, ainda assim, no período de vigência da redação original do art. 6º, VII, ‘b’, da Lei
7.713/1988...........................................................................................................................................27
STJ – PIS/COFINS - Possibilidade de desconto de créditos da contribuição ao PIS e da Cofins, pelo contribuinte substituído, sobre o ICMS recolhido, pelo substituto, no regime de substituição tributária progressiva do imposto estadual (ICMS-ST)......................................................................28
STJ – PIS/COFINS – Impossibilidade de creditamento, no regime não cumulativo, dos custos com as embalagens impressas e personalizadas (sacolas de supermercado) utilizadas para acondicionar as mercadorias adquiridas para revenda, por não integrarem o conceito de insumos.............................32 STJ - IRPF – Não incidência sobre a indenização recebida pela renúncia ao período de estabilidade provisória garantida por lei ou por instrumento de negociação coletiva, em face da natureza indenizatória da referida verba............................................................................................................34
STJ - IRPF – Impossibilidade de estender a isenção sobre proventos de aposentadoria e pensão dos portadores de moléstia grave para alcançar remuneração de outra natureza (in casu, crédito decorrente de diferenças salariais reconhecido em Reclamatória Trabalhista), ainda que disponibilizada no período no qual o contribuinte já esteja no gozo da isenção.................................35
STJ - IRPJ/CSLL – Inclusão dos valores pagos a título de ICMS nas bases de cálculo do IRPJ e da
CSLL, quando apurados pelo método do lucro presumido.................................................................36
STJ – NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO - Inaplicabilidade da denúncia espontânea ao transportador em razão do descumprimento de obrigação acessória. Viabilidade da multa prevista no art. 107, IV, "e", do Decreto-Lei nº 37/1966..................................................................................38
STJ - NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO - Possibilidade de deferimento de medida cautelar fiscal contra o devedor, ainda que suspensa a exigibilidade do crédito tributário por meio de parcelamento.......................................................................................................................................39
STJ – COFINS - Conceito de “receitas relativas às atividades próprias das entidades sem fins lucrativos”, para fins de gozo da isenção prevista no art. 14, X, da MP nº 2.158-35/2001 (ilegalidade do art. 47, II, e § 2º, da IN SRF nº 247/2002).....................................................................................40
STJ – PIS/COFINS - Impossibilidade de aplicação da técnica do creditamento da contribuição ao
PIS e da Cofinsno regime de tributação monofásico.........................................................................42
STJ - IRPJ/CSLL - Exclusão dos créditos apurados no REINTEGRA da base de cálculo do IRPJ e da CSLL..............................................................................................................................................43
STF – PIS/COFINS – REPERCUSSÃO GERAL – Constitucionalidade da inclusão da Cofins e da contribuição ao PIS em suas próprias bases de cálculo.
Em sessão finalizada em 18/10/2019 (Acórdão pendente de publicação), o Plenário
Virtual[footnoteRef:1] do STF, por unanimidade, reconheceu a existência de repercussão geral[footnoteRef:2] da questão suscitada no Recurso Extraordinário (RE) nº 1.233.096/RS, catalogada sob o Tema nº 1.067: “Inclusão da COFINS e da contribuição ao PIS em suas próprias bases de cálculo.” [1: Plenário Virtual: Sistema informatizado, com votação eletrônica, ou seja, sem necessidade de reunião física dos membros do Tribunal, por meio do qual os ministros manifestam-se sobre a existência ou não da repercussão geral em determinado processo.] [2: Repercussão Geral: instrumento processual inserido na Constituição Federal de 1988, por meio da Emenda Constitucional nº 45, com o objetivo de possibilitar que o STF selecione os Recursos Extraordinários que irá analisar, de acordo com critérios de relevância jurídica, política, social ou econômica. Uma vez constatada a existência de repercussão geral, o relator no STF determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional (art. 1.035 da Lei nº 13.105/2015 novo Código de Processo Civil – CPC/2015). Em relação à vinculação da RFB às decisões proferidas pelo STF em matérias com repercussão geral, vide o disposto na antiga redação do art. 19 da Lei nº 10.522/2002 e do art. 19-A da Lei nº 10.522/2002 (com a redação dada pela Medida Provisória nº 881/2019). Vide também a Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 1/2014.] 
O apelo extraordinário foi interposto por certa empresa limitada contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª (TRF-4) que entendera o seguinte: “As contribuições para PIS-PASEP e COFINS incidentes sobre operações do contribuinte podem compor as bases de cálculo das contribuições para PIS-PASEP e COFINS de que é sujeito passivo tributário em nome próprio”.
Alega em seu favor violação do artigo 195, I, “b”, da Constituição Federal (CF). Quanto ao mérito, sustenta a inaplicabilidade do posicionamento firmado, em sede de repercussão geral, no RE nº 582.461/SP, pois o caso em tela não versa sobre a inclusão do ICMS na sua própria base de cálculo. Entende ser inconstitucional a inclusão da contribuição ao PIS e da Cofins em suas próprias bases de cálculo porque tais exações não se amoldam aos conceitos de receita ou de faturamento estabelecidos na esfera do direito privado. Adita que, à hipótese dos autos, deveria ser adotado o entendimento de que o ICMS não integra a base de cálculo para a incidência do PIS/Cofins, fruto da análise do RE nº 574.706/PR. Acerca da repercussão geral, destaca que a questão extrapola os limites subjetivos da lide, apresentando-se relevante sob os prismas jurídico, econômico e social.
Em contrarrazões, a União aponta, preliminarmente, a ausência de impugnação dos fundamentos do acórdão atacado e postula a sua manutenção.
Segundo o relator, Ministro Dias Toffoli, a controvérsia disposta no apelo extraordinário distingue-se das questões referentes à inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição ao PIS e da Cofins (Tema nº 69) e à inclusão do ISS na base de cálculo dessas mesmas contribuições (Tema nº 118), de modo que o questionamento sobre a inclusão da contribuição ao PIS e da Cofins em suas próprias bases de cálculo vai depender da interpretação a ser dada pela Suprema Corte ao previsto no art. 195, inciso I, alínea b, do texto constitucional.
A seu ver, a temática é constitucional e supera os interesses subjetivos das partes, além de sua relevância jurídica, econômica e social, motivo pelo qual se manifestou pela existência de questão constitucional e pela repercussão geral da matéria, devendo o caso ser apreciado pelos demais Ministros da Corte.
STF - NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO - REPERCUSSÃO
GERAL - Constitucionalidade da sistemática estabelecida no art. 3º, I, da Lei nº 8.200/1991, para a compensação tributária decorrente da correção monetária das demonstrações financeiras de pessoas jurídicas no ano-base 1990.
Determinada Sociedade Anônima interpôs o RE nº 545.796, com repercussão geral reconhecida, em face de acórdão proferido pelo TRF da 2ª Região, no qual se controvertia acerca da constitucionalidade do diferimento promovido pelo art. 3º, inciso I da Lei nº 8.200/1991, para a compensação tributária decorrente de correção monetária das demonstrações financeiras das pessoas jurídicas do ano-base de 1990.
O órgão regional entendera que “é defeso à empresa utilizar-se da diferença advinda entre a aplicação do IPC e do BTFN, sem observância do diferimento determinado pela Lei nº 8.200/1991, ou pelo artigo 11 da Lei nº 8.682/1993 no imposto de renda das pessoas jurídicas”.
A recorrente defendia a inconstitucionalidade das limitações estabelecidas na Lei nº 8.200/1991, bem como dos decretos regulamentares respectivos, sob o argumento de que essas limitações configurariam hipótese de empréstimo compulsório, sem observância dos critérios constitucionais exigidos. A União, por sua vez, em sede de contrarrazões, aduzia que o recurso não merecia prosperar, pois a matéria já estaria pacificada no mesmo sentido do acórdão recorrido.
Coube ao Ministro Gilmar Mendes a relatoria do caso. Verificou ele que o Plenário do STF, em 5/11/2015, concluiu o julgamento do RE nº 201.512/MG, publicado no DJe em 11/4/2016 (recurso que se encontrava pendente de análise à época do reconhecimento da repercussão geral), e, por maioria, deu-lhe provimento para declarar a constitucionalidade da sistemática constante do art. 3 º, inciso I, da Lei nº 8.200/1991.
Afirmou que no referido RE, a tese vencedora fora inaugurada no voto divergente do Ministro Eros Grau, o qual sustentou que a matéria em exame já teria sido analisada em precedentes anteriores, nos quais o Plenário do STF, a exemplo do RE nº 201.465, DJe de 17/10/2003, se manifestou pela constitucionalidade do art. 3º, I, da Lei nº 8.200/1991.
Nesse julgamento, o Ministro Eros Graus, em seu voto-vista, consignou que “foi declarada a constitucionalidade do inciso I do artigo 3º da Lei n. 8.200, de 28 de junho de 1991, com a redação que lhe foi dada pelo artigo 11 da Lei n. 8.682, de 14 de julho de 1993. Em consequência, foram refutadas as alegações de indevida majoração da base de cálculo do tributo, de empréstimo compulsório, de confisco, de ofensa aos princípios da anterioridade, da legalidade e da isonomia”.
Outro precedente citado pelo Ministro Eros Grau com o mesmo entendimento referia-se à ADI nº 712, ajuizada pela Procuradoria-Geral da República, em que o STF, em sessão datada de 20/8/1992, referendou a decisão prolatada pelo Ministro Celso de Mello, indeferitória da liminar postulada. Nessa decisão, o Ministro Celso de Mello “observou que o objetivo da Lei nº 8.200/1991 era o de neutralizar aspectos fiscais gravosos concernentes à tributação das pessoas jurídicas e restabelecer a veracidade dos balanços das empresas, instituindo, para esse efeito, mecanismos destinados a implementar, em bases reais e adequadas, a correção monetária das demonstrações financeiras. A lei não teria modificado as demonstrações financeiras de 1990, nem o imposto lançado em 1991”.
Nesse sentido, transcreveu também o relator o voto do Ministro Teori Zavascki, no qual foi ressaltado que “a tese segundo a qual o dispositivo questionado (art. 3º, I, da Lei 8.200/91) encobre um empréstimo compulsório ilicitamente instituído por lei ordinária – e não um favor fiscal, como têm reconhecido os precedentes do STF – tem como pressuposto necessáriode que era ilegítimo o sistema de correção monetária das demonstrações financeiras que vigorava para o ano-base 1990, afirmação essa que, por sua vez, dependeria do reconhecimento e da declaração de inconstitucionalidade das normas que então disciplinavam tal matéria (Lei 7.779/1989 e 8.024/90), inconstitucionalidade sequer alegada”.
Observou o relator que a orientação exposta, no sentido de reconhecer a constitucionalidade da sistemática estabelecida no art. 3º, inciso I, da Lei nº 8.200/1991, vem sendo aplicada por ambas as turmas do STF, não havendo razão para alterá-la. Precedentes: RE nº 274.850 AgR-ED, DJe de 6/2/2018; e AI nº 549.486 AgR, DJe de 14/11/2017.
Assim, decidiu reafirmar a tese fixada pelo STF ao julgar o RE nº 201.512/MG, DJe de 11/4/2016, oportunidade em que propôs a fixação da seguinte tese de repercussão geral: “É constitucional a sistemática estabelecida no artigo 3º, inciso I, da Lei 8.200/1991, para a compensação tributária decorrente da correção monetária das demonstrações financeiras de pessoas jurídicas no ano-base 1990”.
Nesse contexto, o Plenário do STF, em sessão virtual realizada nos dias 18 a 24 de outubro de 2019 (Acórdão publicado no DJe em 22/11/2019), por unanimidade de votos, decidiu negar provimento ao recurso extraordinário da contribuinte, nos termos do voto do Relator.
STF – PIS/COFINS - Incidência sobre operações de serviço de transporte rodoviário de mercadorias destinadas ao exterior.
Trata-se de Agravo Regimental (AgR) manejado contra decisão singular que negara
seguimento ao Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) nº 1.213.762/RS, aplicando ao caso a jurisprudência da Corte Suprema, consoante o seguinte trecho extraído do decisum rechaçado: “Esta Corte, ao analisar questão análoga a dos autos, firmou entendimento no sentido de que a imunidade tributária prevista no artigo 155, § 2º, X, a, da Constituição Federal, que exclui a incidência do ICMS sobre as operações que destinem mercadorias ao exterior, não se aplica às prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal de mercadorias destinadas à exportação, pois não há que se confundir a operação de exportação com a etapa anterior relativa ao serviço de transporte interno da mercadoria a ser exportada. […] Esse mesmo raciocínio se aplica ao caso concreto, em que se requer a extensão da imunidade tributária em relação às contribuições sociais para as receitas decorrentes de exportação, às receitas advindas do serviço de transporte em território nacional das mercadorias destinadas à exportação. Registre-se que é vedado ao Poder Judiciário desconsiderar os limites objetivos e subjetivos estabelecidos na concessão de benesse fiscal ou na previsão de regime mais vantajoso, de sorte a alcançar contribuinte não contemplado na legislação aplicável, ou criar situação mais favorável ao contribuinte, a partir da combinação legalmente não permitida de normas infraconstitucionais, sob pena de agir na condição anômala de legislador positivo.”
No agravo regimental, a parte agravante insistia na tese de que a imunidade do PIS/Cofins prevista no art. 149, § 2º, inciso I, da CF/88, alcança as receitas dos serviços de transporte rodoviário de cargas resultantes de operações de exportação, visto que o fito desse dispositivo constitucional é compreender toda e qualquer receita decorrente do mesmo fato gerador (venda de mercadorias para o exterior), sem qualquer reserva ou discriminação, conforme restara consignado no RE nº 627.815/PR, julgado sob a sistemática da repercussão geral[footnoteRef:3]. Defendia, ainda, que, como inexiste jurisprudência dominante sobre a temática, a decisão agravada não poderia ser mantida. [3: A respeito do julgamento do RE nº 627.815, que tratou sobre “Incidência de PIS e COFINS sobre receita decorrente de variação cambial positiva obtida em operação de exportação de mercadorias e serviços”, informa-se que a PGFN está dispensada de contestar e recorrer sobre a questão. Sugere-se a leitura das Notas PGFN/CRJ/Nº 762/2014, Nota PGFN/CRJ nº 598/2015 e Nota PGFN/CASTF nº 95/2016, elaboradaS com a finalidade de subsidiar a aplicação, pela RFB, com base na antiga redação dos §§4º, 5º e 7º do art. 19 da Lei nº 10.522/2002, regulamentado pela Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 1/2014. As referidas Notas estão disponíveis na intranet da RFB, em:
] 
Para o Ministro-Relator Gilmar Mendes, os argumentos apresentados são incapazes
de infirmar o decidido, revelando mero descontentamento com a solução aplicada. No ponto, ratificou que, conforme precedentes citados na decisão agravada (ED no RE nº 602.399/MG e AgR no RE nº 340.855/MG), “a imunidade das receitas decorrentes de exportação prevista no art. 149, § 2º, do texto Constitucional, não pode ser aplicada à hipótese dos autos, no que tange às receitas advindas do serviço de transporte em território nacional de mercadorias destinadas à exportação”. Outros julgados referenciados: AgR nos ED no RE nº 1.039.830/PR e AgR no RE nº 808.291/DF.
Dessarte, em julgamento finalizado em 11/10/2019 (Acórdão publicado no DJe em 22/10/2019), a Segunda Turma do STF, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto da relatoria.
STF – NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Constitucionalidade da "PEC da Música" (Emenda Constitucional nº 75, de 15/10/2013).
Trata-se da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 5.058/DF ajuizada pelo Governador do Estado do Amazonas, com requerimento de medida cautelar, em face da Emenda
Constitucional (EC) nº 75, de 15 de outubro de 2013, que incluiu a alínea “e” no artigo 150, inciso VI, da CF, passando o dispositivo constitucional a vigorar com a seguinte redação: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI- instituir impostos sobre: e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser”.
Alegava o autor que a matéria objeto da EC nº 75/2013 teria violado os arts. 5º, inciso
XXXVI; 150, inciso I do texto permanente da CF, bem como os arts. 40 e 92 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), já que teria causado o esvaziamento do modelo de estímulo regional dirigido à Zona Franca de Manaus, sujeito à proteção jurídica constitucional e à garantia de tratamento fiscal especial, o que ocasionou violação de cláusula pétrea. Mencionava também que a instituição de imunidade tributária dessa natureza acabava por ferir o princípio constitucional da segurança jurídica.
Postulava que fosse concedida medida cautelar e que fosse declarada a
inconstitucionalidade da EC nº 75/2013, “ou, subsidiariamente, com emprego de interpretação conforme a alínea “e” do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal, (I) a aplicação da imunidade tributária somente para as operações envolvendo obras musicais e seus suportes físicos ou digitais que ocorram na Zona Franca de Manaus, observado o prazo de vigência do art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; e (II) a exclusão da interpretação da locução “suportes materiais ( ... ) que os contenham” de qualquer “outro material ou instrumento que não sejam destinados exclusivamente à função de elemento de suporte ou acessório ao registro fonográfico ou videofonográfico”, excluídos os eletroeletrônicos e outros aparatos de informática”.
Fez menção de que o prazo do art. 40 do ADCT, prorrogado inicialmente pelo art. 92
do ADCT por dez anos, teria sido novamente estendido por mais cinquenta anos, pelo art. 92-A, de acordo com a EC nº 83/2014.
 Discorreu primeiramente o relator, Ministro Alexandre de Moraes, sobre o Poder Constituinte derivado, inserido na própria Constituição e decorrente de regra jurídica de autenticidade constitucional que estabelece limitações expressas e implícitasa esse poder reformador. Informou que no exercício desse poder, pode o Congresso Nacional alterar o texto constitucional dentro dos limites regulamentares nele previstos e que entre tais limitações constitucionais estabelecidas de forma expressa estão as “cláusulas pétreas” (art. 60, § 4º da CF), não se subsumindo os artigos 40 e 92 do ADCT ao conceito nelas estabelecido, ao contrário do que alega o autor.
Ponderou que “por mais que se enxergue importância e sensibilidade para previsões
voltadas a uma zona fiscalmente privilegiada, como se conforma a Zona Franca de Manaus, nada nela se identifica como diretamente relacionado com o conjunto das cláusulas pétreas. Pretender como intocável, sobretudo a partir de supostos reflexos indiretos, tais como os derivados de previsões que estendem a outros limitação do poder de tributar previsto em norma tributariamente imunizante, é um excesso que não encontra amparo em adequada leitura da mensagem constitucional”.
No que se refere à alegada violação do conceito de segurança jurídica, entendeu
também ser descabida a pretensão de absoluta imodificabilidade do regime jurídico tributário relativo à Zona Franca de Manaus. Observou que “as alterações normativas em exame não se voltam diretamente para a Zona Franca de Manaus, ressalvada, ainda assim se pretendendo de modo favorável, a parte final do texto da Emenda, quando estabelece que da vedação de exigência de imposto se exclui a etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.
Por fim, acrescentou o relator que “aos requerimentos de interpretação conforme à Constituição, com entendimento de que, em observância dos prazos de vigência dispostos pelos arts. 40 e 92 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, a aplicação da imunidade tributária somente poderá ser admitida para operações envolvendo obras musicais e respectivos suportes físicos ou digitais, acaso ocorridas na Zona Franca de Manaus; ou de que se deverá excluir da expressão “suportes materiais ( ... ) que os contenham” qualquer “outro material ou instrumento que não sejam destinados exclusivamente à função de elemento de suporte ou acessório ao registro fonográfico ou videofonográfico”, o que alcança eletroeletrônicos e outros aparatos de informática, deve se responder negativamente. Isso porque, como antes sustentado, as previsões constitucionais inovadoras não se apresentam vedadas, em nada afetando, de todo modo, o regime jurídico fiscal que atende a Zona Franca de Manaus”.
Ante as considerações expostas, o Plenário do STF, em 20/9/2019 (Acórdão publicado
no DJe em 3/10/2019), por unanimidade, decidiu conhecer a ação direta ajuizada pelo Governo do Estado do Amazonas, julgando-a improcedente, nos termos do voto do relator.
STF - REINTEGRA - Necessidade de observância do princípio da
anterioridade para redução de benefício fiscal vigente, por implicar aumento indireto do tributo.
A Primeira Turma do STF, em Sessão Virtual realizada entre os dias 20 a 26/9/2019 (Acórdão publicado no DJe em 11/10/2019), por unanimidade de votos, negou provimento ao Segundo Agravo Interno no Recurso Extraordinário (Segundo Ag.Reg. no RE) nº 1.214.919/RS, interposto pela União com vistas a impugnar decisão monocrática que desproveu o recurso extraordinário por ela manejado, no qual se debatia a respeito da necessidade ou não de observância do princípio da anterioridade geral e nonagesimal, em razão de aumento indireto de tributo decorrente da redução da alíquota de incentivo do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (REINTEGRA).
Registre-se que no acórdão prolatado pela Primeira Turma do TRF da 4ª Região, que
ensejou a interposição do presente RE, fora esclarecido que “os Decretos que modificam as alíquotas referentes ao Programa REINTEGRA, implicam aumento indireto de tributo, e, por isso, devem observar o princípio constitucional da anterioridade nonagesimal”.
A agravante, entretanto, defendia que a redução das alíquotas referidas não
implicavam em alteração, majoração ou instituição de tributo, não havendo que se falar em afronta ao princípio da anterioridade.
Em seu voto, o relator, Ministro Luís Roberto Barroso, concluiu que a agravante não
trouxe argumentos novos capazes de modificar a decisão recorrida e decidiu reiterar os termos consignados na decisão agravada de que “a jurisprudência do STF é firme no sentido de que não só a majoração direta de tributos atrai a aplicação do princípio da anterioridade, mas também a majoração indireta decorrente de revogação de benefícios fiscais”. Precedentes indicados: RE nº 1.040.084-AgR; e RE nº 1.091.378-AgR.
Sobre a matéria, vide, também, os BDJ nºs 9/2014 e 2/2018.
STF - IRPF – Consitucionalidade dos limites à dedução de gastos com educação. (Lei nº 9.250/1995). Necessidade de lei formal para se estabelecer isenções tributárias.
Alegando transgressão a preceitos constitucionais, certo contribuinte pessoa física
interpôs agravo interno (AgReg) com vistas a impugnar decisão que deu provimento ao Recurso Extraordinário (RE) nº 1.123.745/SP manejado pela União, cuja controvérsia judicial tratava da constitucionalidade dos limites à dedução de gastos com educação, nos termos expostos na Lei nº 9.250/1995.
Ressalte-se que a União interpôs recurso extraordinário contra acórdão do TRF da 3ª Região, proferido em sede de apelação, no qual se afirmou que a matéria em exame foi definitivamente julgada nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade Cível nº 000506786.2002.4.03.6100, tendo sido declarada a inconstitucionalidade do artigo 8º, II, “b”, da Lei nº
9.250/1995. O referido RE, entretanto, fora provido a fim de atestar a constitucionalidade da regulamentação da dedução das despesas com educação no Imposto sobre a Renda, determinada pela Lei nº 9.250/95 em seu artigo 8º, inciso II, ‘b’.
O relator, Ministro Celso de Mello, reconheceu que a decisão agravada está de acordo
com a orientação jurisprudencial firmada no STF sobre a matéria, razão pela qual reconheceu não assistir razão ao contribuinte. Confirmou a viabilidade do recurso questionado ao observar que a controvérsia jurídica apresentada já foi objeto de análise perante as duas turmas do STJ sob o entendimento de que “não cabe ao Poder Judiciário ampliar os limites estabelecidos em lei para a dedução, da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Física, de gastos com educação. Ao Judiciário não é permitido estabelecer isenções tributárias, redução de impostos ou deduções não previstas em lei, ante a impossibilidade de atuar como legislador positivo” (RE nº 984.427AgR/SP). Mencionou também o RE nº 984.430-AgR/SP no mesmo sentido.
Relembrou o relator a necessidade de observância do princípio da isonomia, que
vincula toda a atuação do Poder Público “com sua precípua função de obstar discriminações e de extinguir privilégios, sob duplo aspecto: a) o da igualdade na lei e b) o da igualdade perante a lei”, entendimento esse veiculado nos autos do RTJ 136/444, no qual o relator funcionou como redator para o acórdão. Com relação a esse vício jurídico, esclareceu, entretanto, que o preceito legal em causa não padece de invalidade.
Mencionou que de acordo com o entendimento prolatado no julgamento do RE nº 157.228/SP perante a Segunda Turma do STF “a isenção fiscal decorre do implemento da política fiscal e econômica, pelo Estado, tendo em vista o interesse social. É ato discricionário que escapa ao controle do Poder Judiciário e envolve juízo de conveniência e oportunidade do Poder Executivo”. Destacou ainda a exigência constitucional de lei formal para a veiculação de isenções em matéria tributária, obstáculo insuperável à solicitação da parte recorrida, que almeja estender benefícios isencionais por via jurisdicional, encontrando óbice no dogma da separação de poderes.
Foram citados os seguintes julgados para ilustrar sua tese: ARE nº 1.004.455/DF, ARE
1.027.716/BA, e RE nº 943.886/SP.
Verificou, ao final, o Ministro que houve comprovação de que o acórdão hostilizado
por meio do recurso extraordináriointerposto pela União diverge da orientação jurisprudencial firmada perante o STF sobre a matéria em referência, razão pela qual a decisão recorrida merece ser mantida por seus próprios fundamentos. 
Assim, em Sessão Virtual ocorrida entre os dias 20 a 26 de setembro de 2019
(Acórdão publicado no DJe em 9/10/2019), os Ministros da Segunda Turma do STF, por unanimidade de votos, decidiram negar provimento ao recurso de agravo do contribuinte, nos termos do voto da relatoria.
No mesmo sentido, vale mencionar a decisão proferida nos autos do AgReg. no RE nº 1.000.726/SP, da relatoria da Ministra Carmen Lúcia (publicada no DJe em 26/9/2019).
Sobre o tema, vide, também, o BDJ nº 9/2016.
STF – IRPF – Ausência de previsão legal para que o Poder Judiciário determine a correção monetária da tabela progressiva do Imposto de Renda.
Determinada entidade representativa de servidores ingressou com Agravo Regimental (AgR) nos Embargos Declaratórios (EDcl) no ARE nº 1.053.351/SP, em face de decisão unipessoal que negara seguimento ao recurso extraordinário, argumentando, para isso, que fora demonstrado, no caso, desrespeito aos preceitos contidos nos artigos 3º, I, II e IV, 5º, caput, XII, 145, § 1º, 150, I e IV, e 153, III, da CF.
O ARE havia sido interposto contra acórdão do TRF da 3ª Região assim sumariado: “AGRAVO. DECISÃO MONOCRÁTICA. ART. 557, CAPUT, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. IMPOSTO DE RENDA. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DA TABELA DE DEDUÇÕES. MANUTENÇÃO DA SITUAÇÃO FÁTICA. I – Nos termos do caput e
§1º-A, do art. 557, do Código de Processo Civil e da Súmula 253/STJ, o Relator está autorizado, por meio de decisão monocrática, a negar seguimento ao recurso e ao reexame necessário, nas hipóteses de pedido inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com a jurisprudência dominante da respectiva Corte ou de Tribunal Superior. II - A decisão monocrática está em absoluta consonância com o entendimento do Colegiado Superior Tribunal de Justiça. III – Malgrado meu posicionamento, no sentido de ser ofensiva ao princípio da capacidade contributiva a ausência de atualização monetária da tabela progressiva do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte, curvo-me ao entendimento, incontrastável, fixado pelo Plenário do Supremo Tribunal. IV- Inexistência de elementos novos capazes de modificar o entendimento adotado por esta Relatora no momento em que proferida a decisão monocrática. V-Agravo Legal improvido.”
Ao rever o tema, a Ministra-Relatora Rosa Weber limitou-se a confirmar que o decisum
agravado encontra-se em harmonia com a jurisprudência do STF no sentido de que: 1) a correção da tabela progressiva do Imposto de Renda não ofende os princípios da proibição do confisco ou da capacidade contributiva, e 2) ao Poder Judiciário não é permitido autorizar a correção monetária da tabela progressiva do IR, caso inexista previsão legal nesse sentido. Precedentes mencionados: RE nº 388.312/MG (BDJ nº 6/2011) e AgR no ARE nº 982.682/SP.
Sob tais considerações, em julgamento encerrado em 20/9/2019 (Acórdão publicado no DJe em 1º/10/2019), a Primeira Turma do STF, por unanimidade, acompanhando o voto da relatoria, conheceu do agravo regimental e negou-lhe provimento.
Vide, também, os BDJ’s nºs 6/2012 e 11/2015 acerca da matéria.
STJ – IRPJ/CSLL – Não inclusão do crédito presumido de ICMS nas bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. A superveniência de lei determinando a qualificação do incentivo fiscal estadual como subvenção de investimentos não altera a conclusão de que a tributação federal do crédito presumido de ICMS representa violação do princípio federativo.
A Fazenda Nacional ingressou com Agravo Interno (AgInt) contra decisão singular
que, dando provimento aos Embargos de Divergência (EDv) da contribuinte, negara provimento ao Recurso Especial (REsp) nº 1.619.575/PR, dispondo que os valores referentes a créditos presumidos de ICMS não integram a base de cálculo do IRPJ e da CSLL.
Em suas razões, dizia que, não obstante a Corte Superior ter finalizado o julgamento
do EREsp nº 1.517.492/PR, ainda está pendente de análise o EREsp nº 1.210.941/RS (BDJ nº 9/2014), circunstância que afasta a afirmativa de que existe entendimento pacífico e sólido em relação ao tema no âmbito do STJ. Sustentava, ainda, haver fato superveniente ao exame do EREsp nº 1.517.492/PR a provocar a superação parcial desse precedente: a entrada em vigor, em 22/11/2017, do art. 9º da Lei Complementar (LC) nº 160/2017. Ao final, pugnava pela reforma do decisum ou sua submissão ao crivo do Colegiado.
Ao debruçar-se novamente sobre a controvérsia, a Ministra-Relatora Regina Helena Costa asseverou não assistir razão à agravante. Esclareceu que, por ocasião do julgamento dos EREsp nº 1.517.492/PR, de sua relatoria, a Primeira Seção do STJ reconhecera “a inviabilidade de inclusão do crédito presumido de ICMS nas bases de cálculo do IRPJ e do CSLL, porquanto entendimento contrário sufragaria a possibilidade de a União retirar, por via oblíqua, o incentivo fiscal que o Estado-membro, no exercício de sua competência tributária, outorgou”.
Disse a relatora que tal posicionamento foi consolidado pela Primeira Seção em
julgado recente (AgInt nos EREsp nº 1.462.237/SC – BDJ nº 2/2019), no qual restara afiançado que “o fato superveniente, no que se refere à LC n. 160/2017, ainda que examinado, não ensejaria o acolhimento da tese fazendária, pois a superveniência da lei que determina a qualificação do incentivo fiscal estadual como subvenção de investimentos não tem o condão de alterar a conclusão de que a tributação federal do crédito presumido de ICMS representa violação do princípio federativo”. No mesmo sentido, citou precedentes de ambas as Turmas de Direito Público da Corte Superior: AgInt no REsp nº 1.726.562/RS e AgInt no REsp nº 1.619.595/SC (BDJ nº 8/2018).
Arrematou explicando que “A classificação dos créditos presumidos de ICMS como
subvenção para investimento, promovida pela Lei Complementar n. 160/2017, não tem o condão de interferir – menos ainda de elidir – a fundamentação calcada na ofensa ao princípio federativo. Ademais, ausente a própria materialidade da hipótese de incidência do IRPJ e da CSLL, revela-se, também sob esse viés, desinfluente tal enquadramento.”
Ante o exposto, em assentada realizada em 1º/10/2019 (Acórdão publicado no DJe
em 3/10/2019), a unanimidade da Primeira Seção do STJ, acompanhando o voto da relatoria, negou provimento ao AgInt nos EDv nos EREsp nº 1.619.575/PR.
No mesmo sentido, foram julgados o EREsp nº 1.518.366/SC (DJe em 4/10/2019), o EREsp nº 1.524.869/RS e o EREsp nº 1.552.083/SC (Acórdãos publicados no DJe em 4/10/2019 e relatados pelo Ministro Napoleão Nunes Maia Filho).
O tema já foi veiculado nos BDJ's nºs 7/2008, 5/2013, 6,/2014, 2/2016, 1 e 6/2017 (neste, o Plenário do STF rechaçou a repercussão geral da questão suscitada, dada a sua natureza infraconstitucional – RE nº 1.052.277/SC), 3, 6, 7, 8 e 9/2018, 2, 3, 4 e 6/2019.
STJ - LEGISLAÇÃO ADUANEIRA - Aplicação da pena de perdimento quando houver demonstração da responsabilidade do proprietário na prática do ilícito tributário.
O REsp nº 1.817.179/RS decorre de Mandado de Segurança (MS) impetrado por certa sociedade locadora de automóveis com o escopo de obter a liberação do veículo alugado a determinada pessoa física que o empregara na prática de descaminho/contrabando.
Nos autos constam as seguintes informações: 1) na primeira instância, o writ fora denegado por entender ser legítimo o cabimento da pena de perdimento de automóvel utilizado para o transporte de mercadorias descaminhadas (art. 617, inciso V, do Decreto nº 6.759/2009 Regulamento Aduaneiro), sobremaneira diante dos “fortes indícios de que a empresa, embora ciente do risco de ver seus veículos apreendidos, não tem se valido da diligência necessária na hora de locar seus veículos, sobretudo na região de fronteira, assumindo, assim, os riscos inerentes à sua desídia”; 2) em sede de apelação, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) entendera pela legalidade da imposiçãoda pena de perdimento, tendo em vista “a premissa de que a locadora de veículos, no exercício de sua atividade, não toma as cautelas necessárias para impedir a possível utilização do veículo locado na internalização irregular de mercadoria estrangeira”.
O Ministro-Relator Gurgel de Faria afastou a ocorrência da ofensa ao art. 1.022 do CPC/2015 e também observou que o art. 421 do CC não fora objeto de prequestionamento. Por outro lado, conheceu do apelo especial quanto à controvérsia relativa à pena de perdimento, cujo exame independe do revolvimento do acervo fático probatório.
Explicou que somente a lei pode prever a responsabilidade pela prática de atos ilícitos e estabelecer a penalidade cabível para as situações que definir, além do que ninguém pode ser privado de seus bens sem a execução do devido processo legal. À luz do disposto nos artigos arts. 94, 95, 96 e 104 do Decreto-Lei (DL) nº 37/1966, e 668 do Decreto nº 6.759/2009, depreendeu o Ministro que “a pena de perdimento do veículo só pode ser aplicada ao proprietário do bem quando, com dolo, proceder à internalização irregular de sua própria mercadoria”. Nesse sentido, citou o REsp nº 1.498.870/PR e o REsp nº 1.498.871/PR, ambos veiculados no BDJ nº 1/2015.
Prosseguiu dizendo que, nessa perspectiva, a pessoa jurídica proprietária do veículo, que empreende a regular atividade de locação, com fins lucrativos, não pode ser punida com pena de perdimento em função de ilícito cometido pelo condutor-locatário, exceto se tiver participado no ato ilícito para internalização de mercadoria própria, ressalva que, à míngua de previsão legal, não pode ser igualada à não investigação dos “antecedentes” do cliente. Acrescentou que, na hipótese dos autos, “o delineamento fático-probatório contido no acórdão recorrido não induz à conclusão de exercício irregular da atividade de locação, de participação da pessoa jurídica no ato ilícito, nem de algum potencial proveito econômico da locadora com as mercadorias internalizadas, de modo que não pode ser a ela aplicada a pena de perdimento do veículo locado.”
Dessarte, em julgamento realizado em 17/9/2019 (Acórdão publicado no DJe em 2/10/2019), a Primeira Turma do STJ, por unanimidade, conheceu parcialmente do REsp nº 1.817.179/RS e, nessa extensão, deu-lhe provimento, nos termos do voto da relatoria.
Sobre o assunto, vide, também, os BDJ nºs 9/2012, 5/2013, 8/2014, 3/2017 e 6/2018.
STJ – CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS A TERCEIROS - Não incidência sobre o aviso prévio indenizado.
Por intermédio do AgInt no REsp nº 1.823.187/RS, a Fazenda Nacional insurgia-se contra decisão singular resumida nos seguintes termos: “TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS A TERCEIROS. SAT/RAT. MESMA SISTEMÁTICA DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. NÃO INCIDÊNCIA SOBRE O AVISO PRÉVIO INDENIZADO. PRECEDENTES. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO.”
Nas razões recursais, o ente fazendário defendia a inaplicabilidade do entendimento firmado no REsp Repetitivo[footnoteRef:4] nº 1.230.957/RS (BDJ nº 1/2014)[footnoteRef:5] à situação dos autos, que tratou da incidência de contribuição previdenciária. Sustentava que às contribuições destinadas a terceiros e ao SAT/RAT não pode ser conferida a mesma abordagem dada pela Corte Superior às contribuições previdenciárias no que alude ao caráter indenizatório do aviso prévio indenizado, dos primeiros 15 dias do auxílio-doença e do terço constitucional de férias. [4: Recurso especial submetido ao rito do art. 1.036 da Lei nº 13.105/2015 - novo CPC/2015, o qual dispõe que, quando houver multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais com fundamento em idêntica questão de direito, haverá afetação para julgamento de acordo com as disposições da Subseção II, observado o disposto no Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal e no do Superior Tribunal de Justiça. Em relação à vinculação da RFB às decisões proferidas pelo STJ nos recursos repetitivos, vide o disposto no art. 19-A da Lei nº 10.522/2002 (com a redação dada pela Medida Provisória nº 881/2019). Vide também a Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 1/2014.] [5: A respeito do julgamento do REsp nº 1.230.957, que tratou sobre a questão referente à ” Incidência de contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título de aviso prévio indenizado, terço constitucional de férias, auxílio-doença pago nos primeiros quinze dias, salário-maternidade e salário-paternidade”, informa-se que não há dispensa de constituição e cobrança do crédito tributário pela RFB, haja vista que há exceção para que a PGFN continue contestando e recorrendo sobre a matéria quanto à não incidência de contribuição previdenciária, a cargo da empresa, sobre valores pagos a título de aviso prévio indenizado, conforme Nota PGFN/CRJ nº 485/2016. Vide informações complementares na Nota PGFN/CRJ/Nº 981/2017 e Matéria nº 1.11.4.54 no Sistema SAJ/PGFN. Para informações sobre os temas com exceção para continuar contestando e recorrendo relacionados ao REsp nº 1.230.957, vide Nota PGFN/CRJ nº 640/2014,
Nota PGFN/CRJ/Nº 115/2017, Nota PGFN/CRJ/Nº 520/2017 e Nota PGFN/CRJ/Nº 981/2017 e Matéria nºs 1.11.4.52 e] 
Ao rever o tema, o Ministro Benedito Gonçalves reiterou que, em virtude da identidade de base de cálculo com as contribuições previdenciárias (art. 3º, §2º, da Lei nº 11.457/2007 “remuneração paga, devida ou creditada a segurados do Regime Geral de Previdência Social”), as contribuições destinadas a terceiros (sistema “S” e outros) devem acompanhar a mesma metodização daquelas, “não incidindo sobre as rubricas que já foram consideradas por este Superior Tribunal de Justiça como de caráter indenizatório, vale dizer: auxílio-doença, aviso prévio indenizado, terço de férias e vale transporte”. Precedentes citados: REsp nº 1.517.381/SC, AgRg no AREsp nº 82.816/PI, AgInt no REsp nº 1.602.619/SE e AgInt no REsp nº 1.750.945/MG (BDJ nº 1/2019).
Diante do exposto, em sessão exaurida em 7/10/2019 (Acórdão publicado no DJe em 9/10/2019), a Primeira Turma do STJ, por unanimidade, acompanhou o voto da relatoria e negou provimento ao agravo interno em destaque.
STJ – CSLL – Exigência de pagamento antecipado e em espécie de, pelo menos, 30% do saldo devedor do parcelamento como requisito para utilização de créditos de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL.
O cerne da controvérsia disposta nos atos do REsp nº 1.572.154/RS consistia em
definir a necessidade, ou não, de pagamento antecipado de 30% do saldo do parcelamento em dinheiro como requisito para utilização de créditos de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL para quitação de parcelamento, no molde previsto na Lei nº 13.043/2014.
O apelo especial foi manejado por certa sociedade anônima contra acórdão do TRF-4
assim sumariado: “TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. UTILIZAÇÃO DE CRÉDITOS DE PREJUÍZO FISCAL E DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DA CSLL PARA QUITAÇÃO DE
DÉBITOS PARCELADOS. EXIGÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO E EM DINHEIRO DE
1.11.4.53 e 1.11.4.59 no Sistema SAJ/PGFN.
30% DO SALDO REMANESCENTE. LEI Nº 13.043/14. PORTARIAS CONJUNTAS PGFN/RFB NºS
15/2014 E 21/2014. 1. Para que o contribuinte possa se valer de créditos de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da contribuição social sobre o lucro líquido - CSLL para quitar 70% do parcelamento, exige-se o pagamento antecipado e em dinheiro de, no mínimo, 30% do saldo do parcelamento, conforme expressamente previsto no artigo 33 da Lei nº 13.043/2014. 2. As Portarias Conjuntas nº 15/2014 e 21/2014 não extrapolam os limites estabelecidos expressamente pela Lei nº 13.043/2014”.
Em suas razões, a recorrente indicava que o acórdão regional destoava do previsto no
art. 111 do CTN, bem como da jurisprudência da Corte Superior. Defendia a legitimidade da utilização de créditos de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL, a fim de quitar até 70% dos saldos de parcelamentos, consoante o disposto no art. 33 da Lei nº 13.043/2014, sem a necessidade do pagamento mínimo de 30% do saldo de parcelamento. No ponto, informava que a Portaria ConjuntaPGFN/RFB nº 15/2014 estipulou obrigação não prevista em lei, contrariando o princípio da legalidade.
O Ministro-Relator Napoleão Nunes Mais Filho explicou que, de acordo com a Medida Provisória (MP) nº 651, de 9/7/2009, convertida na Lei nº 13.043, de 13/11/2014, o contribuinte que tivesse débitos tributários, vencidos até 31/12/2013, perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) ou a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), poderia, por meio de requerimento, utilizar créditos próprios de prejuízos fiscais e de base de cálculo negativa da CSLL, apurados até 31/12/2013 e declarados até 30/6/2014, para a quitação antecipada dos débitos parcelados. Informou, ainda, que, entre outros procedimentos, a Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 15/2014 estabeleceu a exigência de pagamento antecipado de, no mínimo, 30% do saldo devedor declarado pelo contribuinte (para cada tipo de parcelamento), para a quitação do saldo remanescente com os créditos de prejuízos fiscais e de base de cálculo negativa da CSLL.
Após referenciar o parecer do Ministério Público Federal (MPF), o relator asseverou
que, de fato, a legislação subordina a concessão do referido benefício fiscal ao cumprimento das condições cumulativas previstas na Portaria e na Lei supracitadas: pagamento antecipado em espécie de 30% do saldo do parcelamento e quitação total de 70% do saldo remanescente. Nessa perspectiva, afiançou que, na hipótese em apreço, “não há censura a se impor à postura da autoridade fiscal de se recusar a aceitar a liquidação do débito parcelado mediante a utilização de créditos de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da CSLL, frente à ausência de quitação em espécie do valor monetário equivalente a, pelo menos, 30% do saldo devedor do parcelamento, porquanto há dispositivo legal que exige seja antecipada o pagamento daquele montante”.
Sob tais esclarecimentos, em julgamento ocorrido em 1º/10/2019 (Acórdão publicado
no DJe em 8/10/2019), a Primeira Turma do STJ, por unanimidade, acompanhou o voto da relatoria e negou provimento ao recurso em destaque.
STJ – IRPF – Restrição da isenção concedida em função de moléstia grave aos proventos de aposentadoria ou reforma, não alcançando rendimentos salariais percebidos pelos servidores em atividade.
Por intermédio do REsp nº 1.835.324/MG, a Fazenda Nacional combatia acórdão
proferido pelo TRF-1 nos termos da seguinte ementa: “TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA.
NEOPLASIA MALIGNA. ISENÇÃO SOBRE RENDIMENTOS/REMUNERAÇÃO DE SERVIDOR EM ATIVIDADE. 1. Atestado pela Junta Médica Pericial da Superintendência da Polícia Federal/MG que o autor é portador de ‘adenocarcinoma de próstata’ (neoplasia maligna) desde 02.05.2007, tem direito subjetivo à isenção do imposto de renda sobre seus rendimentos, ainda que esteja em atividade, nos termos do art. 6°/XIV da Lei 7.713/1988. 2. Não obstante o disposto no art. 111 do CTN e o REsp n° 1.116.620 -BA, representativo de controvérsia, r. Ministro Luz Fux, 1 a Seção, a orientação da 4a Seção deste Tribunal contém adequada e específica fundamentação estendendo o benefício fiscal também para o servidor em atividade, levando em conta o fim social a que se destina o art. 6°/XIV da Lei 7.713/1988 (CPC, art. 8°). 3. Segundo a melhor doutrina, ‘não há lei que não contenha uma finalidade social imediata... O intérprete-aplicador poderá: ...b) aplicar a norma a hipóteses fáticas não contempladas pela letra da lei, mas nela incluídas, por atender a seus fins. Consequentemente, fácil será perceber que comando legal não deverá ser interpretado fora do meio social presente; imprescindível será adaptá-lo às necessidades sociais existentes no momento de sua aplicação. Essa diversa apreciação e projeção no meio social, em razão da ação do tempo, não está a adulterar a lei, que continua a mesma’ (Maria Helena Diniz, Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro Interpretado). 4. Apelação do autor provida.”
Argumentava a recorrente ofensa aos artigos 489, II, e 1.022, II, do CPC/2015; 6º, XIV e XXI, da Lei nº 7.713/1988; e 111, II, do CTN, sob a justificativa sucinta de que o IR incide sobre rendimentos/remunerações auferidos em atividade laboral pelo contribuinte portador de enfermidade grave
Descartada a suposta existência de omissão, contradição ou obscuridade no acórdão
impugnado, passou o relator da contenda, Ministro Herman Benjamin, ao exame da questão de fundo, certificando que o Tribunal a quo esposara orientação divergente da jurisprudência da Corte Superior, que é no sentido de que “a isenção do Imposto de Renda a portadores de moléstia grave (art. 6º, XIV, da Lei 7.713/1988) restringe-se aos proventos de aposentadoria e pensão, não alcançando rendimentos salariais percebidos pelos servidores em atividade” (REsp nº 1.825.251/RS, REsp nº 1.799.621/DF e RMS nº 47.882/CE).
Assim, em julgamento finalizado em 3/10/2019 (Acórdão publicado no DJe em 11/10/2019), a Segunda Turma do STJ, à unanimidade, deu provimento ao REsp em epígrafe, para restabelecer a sentença, nos termos do voto da relatoria.
STJ – CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS – Não incidência sobre as verbas recebidas a título de licença-prêmio não gozada e de ausência permitida ao trabalho.
Trata-se de Agravo manejado pela Fazenda Nacional nos autos do REsp nº 1.521.423/DF em face de decisão singular que inadmitira o seu apelo especial, interposto, por seu turno, contra acórdão regional assim resumido: “TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. LICENÇA PRÊMIO. AUSÊNCIA PERMITIDA PARA TRATAR DE INTERESSE PARTICULAR. PRESCRIÇÃO DECENAL. HONORÁRIOS. 1.O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE n. 566.621/RS, sob o regime de repercussão geral, reconheceu a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerando ‘válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005’. Ação ajuizada em 21/10/2004: prescrição decenal. 2.Consoante comando da Lei n. 8.212/91, não estão sujeitas ao recolhimento de contribuição previdenciária as parcelas incluídas na folha de pagamento que estejam expressamente elencadas no art. 28, § 9o, a saber: (...) 8. recebidas a título de licença-prêmio indenizada; (Redação dada pela Lei n° 9.711, de 1998). 3.As verbas recebidas pelo trabalhador a título de ausência permitida ao trabalho não integram o salário-de-contribuição para fins de incidência de contribuição previdenciária, visto ostentarem caráter indenizatório pelo não-acréscimo patrimonial. Precedentes. 4. Honorários de sucumbência majorados para 5% sobre o valor da condenação a teor do disposto no art. 20, § 3o, do CPC. 5.Apelação da Fazenda Nacional e remessa oficial desprovidas. 6.Recurso adesivo da Caixa Econômica Federal provido.”
O ente fazendário apontava contrariedade aos artigos 458 e 535, II, do CPC/1973; 22
e 28 da Lei nº 8.212/1991. Defendia, em síntese, que o montante pago a título de licença convertida em pecúnia (LP), à exceção das hipóteses de falecimento e de aposentadoria, bem como os valores pagos a título de ausência permitida para tratar de interesse particular (APIP), compõe, para todos os fins, a base de cálculo da contribuição previdenciária prevista no referido artigo 22.
Afastada a alegada ofensa aos dispositivos do CPC, o Ministro-Relator Herman Benjamin, debruçando-se sobre o mérito, ateve-se a dizer que a Corte Superior entende que “as verbas recebidas pelo trabalhador a título de licença-prêmio não gozada e de ausência permitida ao trabalho não integram o salário-de-contribuição para fins de incidência de contribuição previdenciária, visto ostentarem caráter indenizatório pelo não acréscimo patrimonial” (AgInt no REsp nº 1.624.744/RS, AgRg no REsp nº 1.560.219/MG, REsp nº 1.580.842/SC - BDJ nº 4/2016, e REsp nº 802.408/PR).
Dessarte, em julgamento ocorrido em 17/9/2019 (Acórdão publicado no DJe em 14/10/2019), todos os componentes da Segunda Turma do STJ acompanharam o voto da relatoria para, conhecendo do agravo, negar provimento ao recurso especial em realce.
Em sentidocontrário (pela incidência da contribuição previdenciária), vide o BDJ nº 9/2014.
STJ – IPI – Impossibilidade de concessão de isenção do IPI para a pessoa portadora de visão monocular na aquisição de veículo automotor.
Nos autos do REsp nº 1.825.444/RS, controvertia-se a respeito do direito de a pessoa portadora de visão monocular adquirir veículo automotor com isenção de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
O apelo especial fora interposto por determinada pessoa física contra acórdão regional que reconhecera que “A existência de visão monocular, para fins de isenção do IPI na aquisição de veículo automotor, nos termos do disposto na Lei nº 8.989/95, não é suficiente para a concessão do benefício, devendo estar demonstrado, também, se o outro olho possui acuidade visual igual ou menor que 20/200, após a melhor correção, e/ou campo visual inferior a 20º (Tabela de Snellen).”
Nas razões recursais, indicava desobediência ao disposto nos artigos 1º da Lei nº 8.989/1995, e 1º e 4º da Lei nº 3.298/1999, sob a defesa de fazer jus à isenção do IPI, ICMS, IOF e IPVA, pois, conforme atestam os laudos médicos acostados aos autos, não possui globo ocular esquerdo e possui acuidade visual de 20/25 sem correção ótica e 20/20 com correção no direito. 
Ao debruçar-se sobre a lide, o Ministro-Relator Herman Benjamin referenciou o acórdão impugnado, no qual o Tribunal a quo consignara que: 1) os pareceres médicos constantes do processo atestam que a contribuinte, de fato, só enxerga com o olho direito, cuja acuidade visual é de 20/25, sem correção, e de 20/20, com correção ótica; 2) para verificar a deficiência visual com vistas à isenção do IPI, a Lei nº 8.989/1995 vale-se da classificação da Tabela de Snellen, segundo a qual a acuidade de 20/12 a 20/25 é catalogada como visão normal. Em conclusão, certificara o Tribunal de origem o seguinte: “em que pese a sua visão monocular assegure ao autor a concessão do benefício previsto no artigo 6º da Lei nº 7.713/88, ou seja, a isenção do imposto de renda sobre aposentadoria, conforme deferido pelo juízo singular, o mesmo não se aplica à isenção do IPI para aquisição de veículo automotor.”
Considerando que conclusão diversa demandaria o revolvimento do acervo fático probatório, o Ministro, com esteio no comando da Súmula STJ nº 7, afiançou que o apelo especial não poderia ser conhecido.
Desse modo, em sessão realizada em 3/9/2019 (Acórdão publicado no DJe em 11/10/2019), a Segunda Turma do STJ, por unanimidade, acompanhou o voto da relatoria e não conheceu do REsp nº 1.825.444/RS.
STJ - IRPF – Incidência sobre o abono de permanência.
A contenda trazida nos Embargos de Divergência no REsp nº 1.596.978/RJ referia-se à existência ou não de limitação temporal da aplicação do REsp Repetitivo nº 1.192.556/PE, que firmou a tese de que incide Imposto de Renda sobre o Abono de Permanência previsto nos artigos 40, § 19, da CF; 2º, § 5º, e 3º, § 1º, da EC nº 41/2003; e 7º da Lei nº 10.887/2004 (vide BDJ nº 7/2010).
O apelo especial havia sido interposto pela Fazenda Nacional contra acórdão regional, tendo a Primeira Turma do STJ, em 7/6/2016 (Acórdão publicado no DJe em 1º/9/2016), dado parcial provimento ao pleito, para reconhecer a incidência do IRPF sobre o abono de permanência apenas a partir de 2010, ressalvada a prescrição quinquenal, ocasião na qual o STJ, ao analisar o REsp Repetitivo nº 1.192.556/PE, posicionara-se pela legalidade da cobrança (vide BDJ nº 5/2016).
Irresignado, o ente fazendário ingressou com Embargos de Divergência, aduzindo que a decisão embargada contrapunha julgamento exarado no AgInt no REsp nº 1.590.222/DF, no qual a Segunda Turma da Corte Superior certificara a incidência do IRPF sobre o abono de permanência sem qualquer limitação temporal ao mesmo. Para si, o decidido no REsp Repetitivo nº 1.192.556/PE deve ser plenamente adotado, “independentemente de os fatos geradores e/ou a ação ajuizada serem anteriores ao seu advento.”
Ao rever a matéria, o Ministro-Relator Herman Benjamin confirmou a similitude fática entre os acórdãos contrapostos, bem assim o dissenso entre as soluções jurídicas perfilhadas em cada caso. Em seguida, esclareceu que o tema controvertido foi objeto de recente estudo pela Primeira Seção da Corte Superior, no julgamento dos EREsp nº 1.548.456/BA, “no qual se concluiu que o entendimento firmado no Recurso Especial repetitivo 1.192.556/PE deve ser aplicado de forma plena, sem nenhuma espécie de modulação temporal de seus efeitos” (BDJ nº 3/2019).
Nessa perspectiva, em sessão realizada em 14/8/2019 (Acórdão publicado no DJe em 11/10/2019), a Primeira Seção do STJ acompanhou o voto da relatoria pelo provimento aos Embargos de Divergência, para reconhecer a aplicação plena do decidido no REsp Repetitivo nº 1.192.556/PE, sem modulação temporal de seus efeitos.
A matéria já foi abordada nos BDJ’s nºs 5/2011, 9 e 10/2012, 11/2013 e 9/2016.
STJ – IRPF – Não incidência sobre a compensação financeira prevista no art. 1º da Lei nº 7.969/1989 devida ao oficial ou praça licenciados ex officio por término da prorrogação do tempo de serviço. 
O REsp nº 1.816.834/RJ fora interposto pela Fazenda Nacional, em virtude de acórdão regional que, desprovendo sua apelação, assim dispusera: “A compensação pecuniária, prevista no art. 1º da Lei n. 7.963/89, devida ao oficial ou praça, licenciados ex officio por término de prorrogação do tempo de serviço, é paga como forma de compensar a perda financeira do militar temporário licenciado das Forças Armadas, possuindo natureza indenizatória, não ocorrendo, portanto, a hipótese de incidência do imposto de renda.”
Em decisão singular publicada no DJe em 8/8/2019, o Ministro-Relator Herman Benjamin afiançara que o STJ já reconheceu o caráter indenizatório da verba de que trata o art. 1º da Lei nº 7.963/1989, não constituindo, portanto, fato gerador do IR (REsp nº 1.085.772/RS, AgRg no REsp nº 720.853/RJ e AgRg no AREsp nº 156.858/RS, citado no BDJ nº 3/2018). Estando, pois, o acórdão hostilizado em harmonia com a corrente orientação da Corte Superior, concluíra que o inconformismo não merecia guarida, e, com base na Súmula STJ nº 83, negara seguimento ao apelo especial.
Irresignado, o ente fazendário ajuizou Agravo Interno, insistindo no caráter salarial da “compensação pecuniária” e pugnando pela reforma do decisum ou a submissão do tema ao crivo do Colegiado.
Ao reexaminar os autos, rechaçou o Ministro a suposta violação ao art. 1.022 do CPC, haja vista que o Tribunal a quo apreciara integralmente a demanda e observara os pontos relevantes e essenciais à solução da controvérsia, não tendo havido qualquer omissão ou contradição. Quanto ao mérito, afiançou que não foram apresentadas justificativas bastantes para elidir o decisum monocrático, no qual restara assentado que a jurisprudência da Corte Superior é no sentido de que a verba prevista no art. 1º da Lei nº 7.963/1989 (“compensação pecuniária”) possui natureza indenizatória, não podendo, por isso, sofrer a incidência do IR.
Ante o exposto, em sessão encerrada em 10/9/2019 (Acórdão publicado no DJe em 11/10/2019), a unanimidade da Segunda Turma do STJ acompanhou o voto da relatoria e negou provimento ao agravo interno em tela.
STJ – PIS/COFINS – Redução a zero das alíquotas para o PIS/Cofins incidentes sobre a receita decorrente da venda de águas minerais naturais comercializadas em recipiente. 
Por intermédio do REsp nº 1.796.518/PE, a Fazenda Nacional insurgia-se contra acórdão proferido pelo TRF-5 resumido nos seguintes termos: “APELAÇÃO. TRIBUTÁRIO. SENTENÇA QUE DEFERIU PLEITO DE COMPENSAÇÃO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR. PIS/COFINS. ALÍQUOTA ZERO QUE TEM RESPALDO NO ART. 76 DA LEI 12.715/2012. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA CABÍVEIS TENDO EM VISTA A RESISTÊNCIA À
INTEGRALIDADE DO PEDIDO DA AUTORA. IMPROVIMENTO. I - O art. 76 da Lei
12.715/2012, inovando o tratamento da matéria constante da Lei 10.833/2003, assegurou o direito à alíquota zero aos comerciantes quando da revenda de água mineral nos códigos que indica, operações que se encaixam noobjeto social da apelada. II - O fato do objeto social da apelada englobar a revenda de outros produtos além de água mineral, não é capaz de impedir que haja o deferimento da utilidade pleiteada, cabendo à Administração Tributária, quando do exame da documentação apresentada pelo contribuinte por ocasião do requerimento de compensação, verificar se os créditos apresentados decorrem da realização de negócios que se enquadrem nos termos do art. 76 da Lei 12.715/2012. III - A circunstância dos pagamentos a maior terem resultado do preenchimento, pelo contribuinte, das DCTF's, não afasta, no caso concreto, os encargos da sucumbência, uma vez a apelante, quando da sua contestação, ter manifestado resistência integral aos pedidos de compensação formulados. IV - Recurso cujo provimento é denegado.”
A recorrente apontava ofensa aos artigos 85, 86 e 1.022, II, do CPC; 2º, §§ 2º e 3º, da LINDB; 58-A, 58-B e 58-J da Lei nº 10.833/2003 e 76 da Lei nº 12.715/2012. Defendia a nulidade do acórdão regional por não ter examinado várias questões de direito, bem como afirmava que as indústrias estão obrigadas ao recolhimento do PIS e da Cofins até 2015.
De início, o relator do processo, Ministro Herman Benjamin afastou a alegada violação do art. 1.022, II, do CPC, uma vez que o Tribunal Regional solucionara a controvérsia na sua integralidade, com base em fundamentos suficientes para evitar qualquer omissão ou contradição. Acerca do mérito, asseverou que o acórdão impugnado deveria ser mantido, pois, da leitura do disposto no art. 76 da Lei nº 12.715/2012, que reduziu a zero as alíquotas das referidas exações incidentes sobre a receita resultante da venda de águas minerais naturais comercializadas em recipiente, depreendeu que, de fato, a recorrida aí se enquadra, “pois a norma deve ser aplicada a qualquer empresa que se dedique à comercialização de água mineral.”
Sob tal perspectiva, em julgamento exaurido em 5/9/2019 (Acórdão publicado no DJe em 11/10/2019), a Segunda Turma do STJ, por unanimidade, conheceu, em parte, do recurso especial e, nessa extensão, negou-lhe provimento, nos termos do voto da relatoria.
STJ – IRPF - Isenção na hipótese de resgate das parcelas recolhidas ao plano de previdência privada, proporcional às contribuições cujo ônus tenha sido suportado, exclusivamente, pelos participantes do plano, e, ainda assim, no período de vigência da redação original do art. 6º, VII, ‘b’, da Lei 7.713/1988.
Cuida-se do REsp nº 1.826.787/RN, manejado por certa pessoa física contra acórdão regional, cuja controvérsia reside em esclarecer se há, ou não, isenção de IRPF para portador de doença grave, em relação aos valores auferidos a título de resgate da previdência complementar.
O Tribunal a quo, ao reputar o pleito improcedente, concluíra que a norma aplicável (art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713/1988 e art. 39 do Decreto nº 3.000/1999 – Regulamento do Imposto de Renda/RIR) permite o benefício isentivo tão somente para os proventos de aposentadoria e reforma, não compreendendo o montante pago a título de resgate das contribuições vertidas à entidade de previdência complementar.
Segundo o Ministro-Relator Herman Benjamin, o acórdão combatido vai de encontro à jurisprudência da Corte Superior, que, ao interpretar a mencionada legislação federal, reconheceu “haver isenção na hipótese de resgate das parcelas recolhidas ao plano de previdência privada, isenção essa proporcional às contribuições cujo ônus tenha sido suportado, exclusivamente, pelos participantes do plano de previdência privada, e, ainda assim, no período de vigência da redação original do art. 6º, VII, ‘b’, da Lei 7.713/1988 (1º de janeiro de 1989 a 31 de dezembro de 1995). Diferentemente, são tributáveis as parcelas correspondentes às contribuições vertidas pelo empregador, bem como os ganhos oriundos de investimentos e lucros da entidade de previdência privada”. Precedentes referenciados: AgInt no AREsp nº 1.034.986/SP, AgInt no REsp nº 1.743.314/SP e AgInt no REsp nº 1.481.695/SC.
Ante o exposto, a Segunda Turma do STJ, por unanimidade, acolheu o voto da relatoria e decidiu dar parcial provimento ao recurso especial da contribuinte, em sessão finalizada em 5/9/2019 (Acórdão publicado no DJe em 11/10/2019).
STJ – PIS/COFINS - Possibilidade de desconto de créditos da contribuição ao PIS e da Cofins, pelo contribuinte substituído, sobre o ICMS recolhido, pelo substituto, no regime de substituição tributária progressiva do imposto estadual (ICMS-ST).
No REsp nº 1.428.247/RS, debatia-se a respeito da possibilidade de desconto de créditos da contribuição ao PIS e da Cofins, pelo contribuinte substituído, sobre o ICMS recolhido, pelo substituto, no regime de substituição tributária progressiva do imposto estadual (ICMS-ST).
O apelo especial foi manejado por certa pessoa jurídica contra acórdão proferido pelo TRF-4 assim sumariado: “TRIBUTÁRIO. CRÉDITOS DE PIS E COFINS SOBRE O VALOR DO ICMS-ST. PRINCÍPIO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. Em que pese componha o preço de aquisição para o adquirente, o ICMS - Substituição Tributária não sofreu incidência da contribuição para PIS e da Cofins na venda (por parte do fornecedor) e, portanto, não pode compor a base de cálculo dos créditos de tais contribuições, na aquisição (pela empresa adquirente). Apenas o ICMS pago pelo adquirente das mercadorias destinadas à revenda dá direito aos créditos da contribuição para o PIS e da Cofins. É a lógica do princípio da não-cumulatividade: descontar as contribuições devidas nas operações anteriores (Leis nº 10.637/02 e 10.833/03).”
A recorrente apontava ofensa aos artigos 121 e 128 do CTN; 3º, incisos I e II, da Lei nº 10.637/2002, e 3º, incisos I e II, da Lei nº 10.833/2003, ao entendimento de que os valores de ICMS-ST, retidos por seus fornecedores, deveriam ser enquadrados como custo de aquisição a fim de proporcionar a geração de créditos de PIS/Cofins na sistemática legal de não cumulatividade dessas exações. Alegava, também, que, à semelhança do que acontece com o IPI, o ICMS não recuperável, como na situação da substituição tributária, deve ser qualificado como custo, consoante dispõem as Instruções Normativas (IN’s) SRF nº 247/2002, nº 358/2003 e nº 404/2004. Por sua vez, a Fazenda Nacional defendia, em preliminar, o cunho constitucional da matéria, e, no mérito, o desprovimento do recurso.
Em 17/5/2019, o Ministro Gurgel de Faria, relator original da controvérsia, emitiu voto desfavorável à contribuinte, sob as seguintes justificativas: 1) “[...] na base de cálculo de incidência das contribuições, dentre outras receitas, não se incluem, p.ex, as decorrentes de saídas isentas da contribuição ou sujeitas à alíquota zero; as auferidas pela pessoa jurídica revendedora, na revenda de mercadorias em relação às quais a contribuição seja exigida da empresa vendedora, na condição de substituta tributária; e as referentes a vendas canceladas e aos descontos incondicionais concedidos”; 2) “Ao lado dessa verificação, nota-se que o inciso II do § 2º do art. 3º da Lei n. 10.637/2002, cujo teor é o mesmo do inciso II do § 2º do art. 3º da Lei n. 10.833/2003, estabelece que 'não dará direito a crédito o valor da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição'”; e 3) “[...] não parece razoável entender que uma parcela do preço de aquisição da mercadoria, não submetida (a parcela) à incidência das contribuições, possa ser oposta à base de cálculo de incidência, o que, na prática, leva à sua redução sem que esta esteja lastreada na vontade do legislador”.
Ao pedir vista antecipada dos autos, a Ministra Regina Helena Costa, ao pronunciar-se, asseverou que o Tribunal a quo dirimira a contenda com base em parâmetros infraconstitucionais e preceitos de leis federais. Explicou que, diferentemente do alegado pelo ente fazendário, o STF já certificou a índole infraconstitucional da questão em debate(decisões monocráticas exaradas no RE nº 1.186.177/PR, no ARE nº 1.127.815/SP, no RE nº 1.113.653/RS, no ARE nº 1.092.749/RS e no ARE nº 1.078.682/RS). Dando prosseguimento a seu voto, teceu as seguintes considerações:
1) da moldura normativa: art. 3º, incisos I e II, e § 2º, inciso II, da Lei nº 10.637/2002
(PIS), art. 3º, incisos I e II, e § 2º, inciso II, da Lei nº 10.833/2003 (Cofins), art. 289 do RIR/1999, cujo teor foi mantido pelo art. 301 do atual RIR (Decreto nº 9.580/2018), e art. 17 da Lei nº 11.033/2004 (REPORTO);
2) do panorama jurisprudencial: a Segunda Turma do STJ fixou orientação conforme a qual “não tem direito o contribuinte ao creditamento, no âmbito do regime nãocumulativo do PIS e COFINS, dos valores que, na condição de substituído tributário, paga ao contribuinte substituto a título de reembolso pelo recolhimento do ICMSsubstituição” (REsp nº 1.456.648/RS – BDJ nº 5/2016);
3) da regra constitucional da não cumulatividade:
a) o texto original da CF/1988 trouxe expressamente essa sistemática apenas para o IPI
(art. 153, § 3º, II) e o ICMS (art. 155, § 2º, I), ambos sujeitos a regime plurifásico;
b) com a edição da Emenda Constitucional (EC) nº 42/2003, constitucionalizou-se aregra da não cumulatividade para as contribuições voltadas ao financiamento da seguridade social, ou seja, “a par do já existente regime cumulativo para as contribuições, disciplinado pela Lei n. 9.718/1998, autorizou-se a aplicação do regime de não cumulatividade para tais tributos”;
c) não obstante, como o texto constitucional não institui qualquer regramento
(diferentemente do que faz quanto ao IPI e ICMS, em relação aos quais indica sua
disciplina, apontando até casos em que inexiste geração de crédito - arts. 153, § 3º, II, e 155, § 2º, I, da CF), resta assumir, inevitavelmente, que fora conferida maior margem de liberdade ao legislador infraconstitucional para estipular seu regramento.
d) portanto, em relação ao IPI e ao ICMS, o método da não cumulatividade, que refletereal aplicação do princípio constitucional da capacidade contributiva, busca evitar a “tributação em cascata”, isto é, a incidência de imposto sobre imposto, no caso de tributos multifásicos (aqueles incidentes em operações sucessivas). Nada mais é do que “um sistema de créditos que poderá ser usado como forma de pagamento do tributo” (o contribuinte deve diminuir do montante devido de IPI/ICMS os créditos acumulados nas operações anteriores);
e) em contrapartida, para tributos de diversa configuração (situação da contribuição aoPIS e da Cofins), não obstante também seja a elas aplicável o princípio da capacidade contributiva, por exibirem materialidade de imposto, a não cumulatividade há de cobrirse de metodologia distinta. “Com efeito, cuidando-se de contribuições cuja base de cálculo é a receita bruta ou faturamento, e que, portanto, não têm conexão direta com determinada operação que tenha por objeto produto ou mercadoria, a técnica de não cumulatividade a ser observada é de ‘base sobre base’, isto é, o valor do tributo é apurado mediante a aplicação da alíquota sobre a diferença entre as receitas auferidas e aquelas necessariamente consumidas pela fonte produtora (despesas necessárias)”.
4) da substituição tributária progressiva:
a) o tipo de substituição tributária disposta, notadamente, no art. 150, § 7º, da CF,chamada substituição tributária progressiva (substituição “para frente”), é aplicável a impostos multifásicos, tratando-se, pois, de hipótese de tributação por fato futuro, “na qual o responsável (substituto) antecipa o pagamento do tributo das operações que ainda ocorrerão, com base de cálculo presumida e, caso a operação subsequente não ocorra, ou ocorra a menor, caberá a restituição do tributo, ou do excesso, recolhidos previamente”;
b) o STF, rechaçando a inconstitucionalidade dessa sistemática, afirmou que “o fato gerador presumido [...] não é provisório, mas definitivo, não dando ensejo a restituição ou complementação do imposto pago, senão, no primeiro caso, na hipótese de sua nãorealização final” (ADI nº 1.851/DF, DJ 22/11/2002). No entanto, em sede de repercussão geral (RE nº 593.849/MG, DJe 30/3/2017), a Corte reviu esse entendimento e fixou a tese de que “é devida a restituição da diferença do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS pago a mais no regime de substituição tributária para frente se a base de cálculo efetiva da operação for inferior à presumida” (Tema STF nº 201).
c) A Corte Superior, por sua vez, ao julgar o REsp Repetitivo nº 931.727/RS (DJe14/9/2009), assentou a orientação de que “o substituto é o único responsável pelo recolhimento integral do tributo e pelo cumprimento das obrigações acessórias, não havendo falar em responsabilidade solidária ou supletiva do substituído, porquanto ‘não existe qualquer relação jurídica entre o substituído e o Estado’, não sendo este (o substituído) ‘sujeito passivo da relação jurídica tributária’”.
Após referidos esclarecimentos, passou a Ministra Regina Helena ao exame do caso concreto. Afiançou que os arts. 3º, § 2º, II, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, proíbem a concessão de créditos de PIS/Cofins sobre valores de “aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição”. Apesar disso, informou que a Primeira Turma do STJ, ao analisar o AgInt no REsp nº 1.051.634/CE, em 28/3/2017, reconhecera que o disposto no art. 17 da Lei nº 11.033/2004, que garante a manutenção dos créditos existentes de contribuição ao PIS e da Cofins, mesmo que a revenda não seja tributada, não se aplica somente às operações efetuadas com os destinatários do benefício fiscal do REPORTO, e registrara, ao final, “a revogação tácita do art. 3º, § 2º, II, de ambas as Leis ns. 10.637/2002 e 10.833/2003” (BDJ nº 3/2017).
Nessa perspectiva, a Ministra certificou que “o direito ao creditamento independe da ocorrência de tributação na etapa anterior, vale dizer, não está vinculado à eventual incidência da contribuição ao PIS e da COFINS sobre a parcela correspondente ao ICMS-ST na operação de venda do substituto ao substituído”. Isso porque, sendo o fato gerador da substituição tributária prévio e definitivo, o direito ao crédito do substituído deriva, com acerto, do impacto econômico do ônus acarretado pelo pagamento antecipado do ICMS-ST imputado ao substituto, constituindo, assim, o custo de aquisição da mercadoria adquirida pelo revendedor.
Registrou, também, que “a repercussão econômica onerosa do recolhimento antecipado do ICMS-ST, pelo substituto, é assimilada pelo substituído imediato na cadeia quando da aquisição do bem, a quem, todavia, não será facultado gerar crédito na saída da mercadoria (venda), devendo emitir a nota fiscal sem destaque do imposto estadual, tornando o tributo, nesse contexto, irrecuperável na escrita fiscal, critério definidor adotado pela legislação de regência”. Ponderou, ainda, que, caso não se confirme o fato gerador presumido ou se realize por valor menor ao previsto, possível recuperação do ICMS-ST caberá ao substituto, único sujeito passivo da relação jurídica tributária desse sistema, o qual poderá proteger, de modo exclusivo, “suas prerrogativas, administrativa ou judicialmente, formulando impugnações ou recursos, bem como deduzindo suas pretensões em juízo para, sobre elas, obter a prestação jurisdicional do Estado”, como definido no supracitado recurso repetitivo. Citou, inclusive, lições doutrinárias alusivas ao cenário da não cumulatividade, no qual “é juridicamente ilegítimo frustrar o direito ao creditamento por supor recuperado o custo mediante eventual projeção no valor de revenda”.
Ao finalizar seu voto-vista, a Ministra divergiu do Relator para reconhecer o direito da recorrente aos créditos da contribuição ao PIS e da Cofins pretendidos, seja porque prescindem da incidência de tais contribuições sobre o montante do ICMS-ST

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