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CONCEITO CONSTITUCIONAL DE RECEITA E FATURAMENTO, E A INCLUSÃO DE TRIBUTOS – STF X STJ Constitutional concept of revenue and bill of sale, and the inclusion of taxes – STF x STJ Revista de Direito Tributário Contemporâneo | vol. 11/2018 | p. 135 - 156 | Mar - Abr / 2018 DTR\2018\10675 Ailton José de Andrade Junior Pós-Graduando no Curso de Especialização em Direito do Estado pela Universidade Estadual de Londrina. Bacharel em Direito pela Universidade Estadual de Londrina. Advogado. ailton.andrade.jr@gmail.com Carlos Renato Cunha Doutorando e Mestre em Direito do Estado pela UFPR. Especialista em Direito Tributário pelo IBET. Especialista em Planejamento Tributário e Operações Societárias pela FBT. Professor de Direito Tributário e Econômico da graduação na PUCPR, Campus Londrina. Professor de Direito Tributário em diversos cursos de especialização lato sensu. Procurador do Município de Londrina. Advogado. carlos@cko.adv.br Área do Direito: Constitucional; Tributário Resumo: O presente artigo objetiva analisar a definição de receita bruta e faturamento por meio de um viés constitucional, comparando as diversas legislações que utilizam esses fatos para fins de tributação, bem como os argumentos utilizados pela jurisprudência, para se verificar a possibilidade de incluir no seu âmbito de aplicação os valores recebidos a título de ICMS e ISSQN. Assim, por meio da análise da jurisprudência, sobretudo do STF, é possível constatar que esses impostos, cobrados destacadamente e que apenas transitam pela contabilidade do contribuinte, não apresentam as características necessárias para ser considerada receita bruta ou faturamento. Portanto, torna-se indevida a tributação desses ingressos por meio das contribuições ao PIS, COFINS, Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta, IRPJ e CSLL, calculados sob o regime de lucro presumido, tendo em vista que todas adotam a mesma base de incidência, a receita bruta ou o faturamento. Palavras-chave: Receita bruta – Faturamento – Definição – Tributação Abstract: This article aims to analyze the definition of gross revenue and bill of sale through a constitutional bias, comparing the different laws that use these facts for tax purposes, as well as the arguments used by the jurisprudence, to verify the possibility of including in its scope the including of ICMS and ISSQN. Thus, through the analysis of the jurisprudence, especially of the STF, it is possible to verify that these taxes, collected detachedly and only transit through the accounts of the taxpayer, do not present the necessary characteristics to be considered gross revenue or billing. Therefore, taxation of these inflows is made unjustified through contributions to PIS, Cofins, Social Security Contribution on Gross Revenue, IRPJ and CSLL, calculated under the presumed profit regime, considering that they all have the same basis of incidence, gross revenue or bill of sale. Keywords: Gross revenue – Bill of sale – Definition – Taxation Sumário: 1 Introdução - 2 Conceito de receita e faturamento - 3 Inclusão ou exclusão do ICMS da definição de receita bruta – impasse judicial - 4 Consequências da nova definição de receita - 5 Considerações finais - 6 Referências bibliográficas 1 Introdução Conceito constitucional de receita e faturamento, e a inclusão de tributos – STF x STJ Página 1 Em março de 2017, o Supremo Tribunal Federal julgou o “caso tributário da década”, cuja repercussão econômica chega na casa das centenas de bilhões de reais, segundo estimativas da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (MENGARDO, 2017). Apesar do toque sensacionalista da notícia citada, não se pode diminuir a importância que o julgamento do RE 574.706 – que decidiu a exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições ao PIS e COFINS – teve para o Direito Tributário neste ano. Trata-se de um tema conhecido e que está pendente de resolução desde os anos 1990, a partir do julgamento da ADC 01, quando teve início a discussão acerca da definição de receita bruta e faturamento, para fins de incidência tributária sob a nova ordem constitucional. Nesse contexto, diversos diplomas normativos passaram a utilizar esses fatos como critério para tributação, às vezes deixando de manter um rigor metodológico para se investigar o conteúdo que esses conceitos invocam. Tal confusão acaba por colocar em risco os contribuintes que se veem obrigados a aceitar uma suposta interpretação oficial desses termos, dada Receita Federal, sob pena de ser autuado pelo não pagamento de tributos ou em razão do pagamento a menor. Assim, o presente trabalho tem por objetivo investigar o regime jurídico tributário dos fatos jurídicos definidos como receita bruta e faturamento, tendo como base a interpretação da Constituição Federal (LGL\1988\3) dada pela doutrina e jurisprudência, comparando-a com a legislação infraconstitucional, para tentar chegar a uma delimitação desses conceitos e compará-los com a forma como está sendo levada a cabo a tributação sobre estes fatos. Para tanto, em uma primeira etapa o artigo irá tratar dos conceitos básicos necessários à compreensão do significado de receita bruta e faturamento previstos na Constituição Federal (LGL\1988\3), e como estão previstos na legislação infraconstitucional. Em um segundo momento, será abordado o panorama jurisprudencial correspondente à utilização dos referidos conceitos, com a análise da jurisprudência do STJ em contraposição ao posicionamento adotado pelo STF, tendo como principal exemplo o julgamento do tema da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e COFINS. Por fim, irá se proceder a uma análise das consequências da definição de receita bruta e faturamento acolhidas pelo STF para os demais tributos que utilizam essas bases de incidência, tendo em vista ser a última instância no que toca à interpretação da Constituição. 2 Conceito de receita e faturamento Assim como os demais ramos do Direito, o Direito Tributário possui certos princípios constitucionais que norteiam a atividade do legislador, do aplicador da norma, e do intérprete, que devido sua importância dentro do sistema, por estar previsto na Constituição Federal (LGL\1988\3), todas as demais normas devem levar em consideração sua aplicação. O Princípio Constitucional da Capacidade Contributiva aparece como o mais relevante ao se estudar as materialidades possíveis de serem alcançadas pelas normas que impõem o dever de pagar tributo (já pressupondo a metodologia de estudo da regra-matriz de incidência de Paulo de Barros (2015, p. 685). O princípio da capacidade contributiva consubstancia-se em uma norma que obriga o legislador, ao formatar a hipótese de incidência dos impostos, a “descrever fatos que façam presumir que quem os pratica, ou por eles é alcançado, possui capacidade econômica, ou seja, os meios financeiros capazes de absorver o impacto deste tipo de tributo” (CARRAZZA, 2006, p. 92). Pela capacidade contributiva, verifica-se que os tributos devem incidir sobre fatos que constituam signos presuntivos de riqueza (CARVALHO, 2015, p. 345), no sentido de que a capacidade para contribuir pagando tributos dever ser verificada a partir da esfera de direitos de titularidade do contribuinte. De modo que não poderia o legislador prever tributo que alcance signo presuntivo de riqueza de outra pessoa. Ou seja, o evento que denota riqueza deve estar dentro do âmbito de disponibilidade de direitos do contribuinte Conceito constitucional de receita e faturamento, e a inclusão de tributos – STF x STJ Página 2 (CABRAL, 2010, p. 46). A afirmação se constata a partir da análise da formatação constitucional dos eventos elencados na Constituição que são passíveis de tributação, por exemplo, impostos, renda, propriedade imóvel, importação de produtos, prestação de serviços; como exemplos para contribuições, receita, lucro, folha de pagamento, receita de concursos de prognósticos;contribuição de melhoria, a partir do acréscimo de valorização patrimonial. Ainda que haja controvérsias a respeito de se aplicar princípio da capacidade contributiva para as contribuições sociais, a Constituição Federal deixa algumas pistas ao elencar os eventos tributáveis, para se verificar sua aplicação ou não. Ao prever a possibilidade de criar contribuições sociais sobre o lucro, por exemplo, é evidente que deve ter e mente que esse lucro está sujeito à capacidade contributiva, já que foi escolhida uma materialidade dependente da disponibilidade jurídica do recurso para o contribuinte, de forma definitiva (não é possível se presumir riqueza sobre valor que nunca pertencerá definitivamente ao contribuinte), ou seja, o lucro é signo presuntivo de riqueza do contribuinte, devendo, assim sujeitar-se ao princípio da capacidade contributiva. Portanto, correto o entendimento firmado por Marco Aurélio Greco, segundo o qual “a capacidade contributiva pode ser um elemento relevante em matéria de contribuições se a própria constituição (...) contiver a previsão de um fato denotador de capacidade contributiva” (GRECO, 2000, p. 196). Ou seja, diante da previsão constitucional de que a tributação deve obedecer a capacidade contributiva para os fatos jurídicos que denotem signos de riqueza, tal entendimento deve ser aplicável não só aos impostos, mas também às contribuições sobre receita, faturamento, valor da operação de importação de bens ou serviços. Assim, irrepreensível o entendimento de Ricardo Lobo Torres de que nesses casos (receita, lucro), somente a capacidade contributiva explica a incidência de tributos sobre esses eventos, mesmo para as contribuições sociais (apud MINATEL, 2005, p. 59). Dessa forma, ser tributado na medida da capacidade econômica do contribuinte se revela como verdadeiro direito fundamental, categoria de direitos que constituem na ordem normativa constitucional como conjunto de valores básicos e, ao mesmo tempo, como marco de proteção das situações jurídicas subjetivas (LUÑO, 2007, p. 20), sendo inarredável tanto para o legislador quanto para os aplicadores da norma, seja no âmbito administrativo, seja no judicial. Como o presente estudo foca na tributação da receita, primeiro deve ser reconhecida a possibilidade de se alcançar tal evento. A permissão é dada pela Constituição Federal de 1988 que em seu artigo 195, I, b definiu ser a receita ou o faturamento uma base imponível de contribuições sociais, bem como o artigo 149, § 2º, III, a contém semelhante disposição. Apesar de se encontrarem em seções diversas da Constituição, e a redação do artigo 149 conter o adjetivo “bruta” para caracterizar receita, está-se diante do mesmo conceito, como será melhor explicado à frente, que são bases imponíveis para contribuições sociais gerais (art. 149 da CF (LGL\1988\3)) ou destinadas à seguridade social (art. 195). Antes de se adentrar na definição propriamente dita dos conceitos de receita e faturamento, convém investigar se os conteúdos desses conceitos são previstos, ainda que implicitamente, na Constituição Federal (LGL\1988\3) ou se estão à disposição do legislador infraconstitucional para preencher esses conceitos com o conteúdo que desejarem, pois, se são definições pressupostas constitucionalmente, por óbvio, o legislador está condicionado a reconhecer essa definição, sob pena de inconstitucionalidade. Nesse contexto, quando a constituição se refere a receitas, a menção é sempre no sentido de uma disponibilidade econômica da pessoa, seja na previsão das receitas Conceito constitucional de receita e faturamento, e a inclusão de tributos – STF x STJ Página 3 tributárias para as pessoas políticas, conforme os artigos 157 e seguintes da Constituição Federal (LGL\1988\3) (campo do direito financeiro), seja na previsão das materialidades tributáveis, lidas a partir do princípio da capacidade contributiva, art. 149, § 2º, III, a, e art. 195, II, b, da Constituição Federal (LGL\1988\3). Ou seja, existe uma definição pressuposta para receita no texto constitucional, diante da sua unidade, no sentido de que deve representar uma disponibilidade econômica em caráter definitivo do contribuinte. A definitividade do recurso financeiro se revela como um dos pontos cruciais para caracterizar a receita constitucionalmente tributável. Tendo essa característica em conta, passa-se a análise da definição propriamente dita de receita e faturamento, que, para o direito tributário, deverá obedecer ao formato dado pela constituição. Receita é conceito já consagrado no direito empresarial a partir da Lei das Sociedades Anônimas (Lei 6.404/76) que utiliza o termo no contexto da apuração do resultado das empresas, ao defini-lo como o ingresso obtido com a venda dos produtos e serviços (art. 187, I, da Lei das S.A.). O Direito Financeiro também possui uma definição particular para receita, previsto na Lei 4.320/64, que é entendida em contraposição às despesas no orçamento público, para caracterizar os ingressos obtidos por meio do poder de império do Estado (tributos), ou por meio da exploração dos próprios bens do Estado (receitas originárias). Portanto, é possível ter uma ideia de que receita se refere aos ingressos de recursos financeiros decorrentes do exercício da atividade da pessoa, atividade empresarial para as empresas e arrecadação de tributos e exploração dos bens no caso do Estado. Essa é a tônica da definição pressuposta pelo constituinte ao prever a tributação de receita. Cumpre esclarecer que não se pretende curvar a Constituição à Lei, mas sim que a Constituição, ao criar uma norma a respeito de um conceito, algum conteúdo mínimo já existe, na lei, doutrina ou jurisprudência. A Constituição de 1988 não partiu do nada ao prever a tributação de receita, mas já se sabia que esse termo era utilizado para representar os ingressos financeiros decorrente de atividade empresarial. Porém, não é qualquer ingresso de recurso financeiro que pode ser caracterizado como receita. Para respeitar a capacidade contributiva, o ingresso deve entrar na esfera de direitos de forma definitiva e decorrente do exercício da atividade empresarial (MINATEL, 2005, p. 98). Ou seja, é possível distinguir meras entradas, como verbas que entram nos cofres da empresa para ser repassadas a outra pessoa; os recursos que ingressam de forma temporária, os empréstimos por exemplo; bem como os ingressos que não são derivados da atividade empresarial, v.g. o aporte de capital, recebimento de indenizações. Portanto, é possível concluir que nem todos ingressos são receitas, e, assim, não são passíveis de tributação quando o núcleo da materialidade se refira à receita. Nesse mesmo sentido, entende Paulo de Barros ao constatar que a receita tributável deve ser acréscimo patrimonial que se adere de forma definitiva ao patrimônio da pessoa jurídica (BARROS, 2015, p. 837), noutras palavras, receita pressupõe uma alteração positiva no patrimônio de quem a aufere, ao passo que os ingressos representam apenas um fluxo neutro de recursos financeiros (SEHN, 2006, p. 89). De forma analítica, muito bem expôs José Antonio Minatel (2005, p. 124), ao congregar todas as características de receita em sua definição segundo a qual: Anunciamos ser receita qualificada pelo ingresso de recursos financeiros no patrimônio da pessoa jurídica, em caráter definitivo, proveniente dos negócios jurídicos que envolvam o exercício da atividade empresarial, que corresponda à contraprestação pela venda de mercadorias, pela prestação de serviços, assim como pela remuneração de investimentos ou pela cessão onerosa e temporária de bens e direitos a terceiros, aferido instantaneamente pela contrapartida que remunera cada um desses eventos. Por essa definição é possível notar a amplitude do conteúdo de receita, porém, é Conceito constitucional de receita e faturamento, e a inclusão de tributos – STF x STJ Página 4 necessáriofazer uma distinção com outra realidade que costumeiramente vem acompanhada, o faturamento. Esse conceito integra a definição de receita, mas que com ele não se confunde, sendo entendido apenas como o ingresso de recurso decorrente de contraprestação de venda de mercadorias ou serviços (CARVALHO, 2015, p. 832). É importante que não se confunda ambos conceitos, como o legislador ordinário o fez ao editar a antiga lei do FINSOCIAL (Lei 7.738/89, artigo 28) que, para manter a constitucionalidade do critério material da exação, incidente sobre a receita bruta, o STF, no julgamento do RE 150.755-1/PE, teve que a aproximar da definição de faturamento prevista no Decreto-lei 2.397/87, em seu artigo 22, § 1º, a, sendo entendido receita bruta apenas aquela decorrente das vendas de mercadorias e serviços de qualquer natureza – uma vez que na redação original a Constituição Federal (LGL\1988\3) só previa contribuição sobre o faturamento. Ou seja, “receita bruta” (auferida na venda de bens ou serviços) pode ser entendida como equivalente a “faturamento”, como assinalou o STF, entretanto, de forma alguma esses conceitos se equivalem à “receita”, que é mais amplo. Convém ressaltar um ponto crucial ao se analisar os conceitos no direito tributário, que é o artigo 110 do Código Tributário Nacional (LGL\1966\26). De acordo com esse dispositivo, ao legislador tributário é vedado alterar a definição, o conteúdo ou o alcance de institutos, conceitos e formas do direito privado utilizados pela Constituição. Tal norma, de conteúdo proeminentemente didático, deve ser vista à luz da própria teoria geral do Direito, para que não seja entendida como uma vedação apenas aos conceitos do Direito Privado. Na verdade, o Direito Tributário, por fazer parte do Direito, utiliza-se de conceitos e definições próprias, sendo convencionado dividir os ramos do Direito para fins meramente didáticos. Disso decorre a lição de Alfredo Augusto Becker ao afirmar que diante da unidade do Direito, a Lei Tributária ao fazer referências a institutos e a conceitos que se convencionou a atribui-los a outros ramos de Direito, deve ser tomado no sentido quando ela entrou para esse ramo jurídico, seja direito civil, comercial, constitucional, penal (BECKER, 2007, p. 132). Seria, portanto, desnecessária a previsão do artigo 110 do CTN (LGL\1966\26) para se constatar que um conceito previsto na Constituição, atribuído a algum outro ramo do Direito, não poderia ser alterado pela Lei Tributária, mas se tornou importante essa expressa menção, se levar em conta a forma como os instrumentos normativos tributários são criados. Além disso, é importante ter subentendida a noção de que, uma vez que a Legislação Tributária adota um evento como capaz de ensejar a tributação, é necessário que o consequente tributário, mais especificamente a base de cálculo, tenha uma ligação direta com a hipótese de incidência, de modo a dimensionar ou a medir a grandeza desse evento e, em conjunto à alíquota, revelar a quantidade de tributo a ser pago (CARVALHO, 2003, p. 327). A par disso, não há dúvida de que a base de cálculo de um tributo que adote a receita ou faturamento como critério material só pode ser o próprio valor da receita ou faturamento ingressado ao patrimônio do contribuinte, à mesma conclusão chega Minatel ao afirmar que “projetou o constituinte o valor da receita como grandeza da conduta que merece ser dimensionada, para dela extrair compulsoriamente a parcela que o Poder público almeja como tributo” (MINITEL, 2005, p. 146). Assim, tendo em conta a definição pressuposta de receita e faturamento, lidos em consonância ao princípio da capacidade contributiva, e do artigo 110 do CTN (LGL\1966\26), é possível passar a análise de algumas das Leis Tributárias que adotam essas materialidades como núcleo, para tentar chegar a uma regra geral a respeito do problema principal desse trabalho, a inclusão de impostos na definição de receita e faturamento. Inicialmente, a contribuição ao Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor público (PIS/PASEP), prevista na Constituição em seu artigo 239, e regulamentado pela Lei 9.715/98 em seu regime cumulativo, e Lei 10.637/02 em seu regime não-cumulativo; a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), instituída pela Lei Complementar 70/91, alterado pelas Leis 9.718/1998 e Lei Conceito constitucional de receita e faturamento, e a inclusão de tributos – STF x STJ Página 5 10.833/2003. Essas contribuições podem ser tratadas juntas, uma vez que possuem o mesmo critério material na hipótese de incidência e mesma base de cálculo, tanto no regime cumulativo quanto no não cumulativo. As legislações de regência das contribuições ao PIS e COFINS, art. 3º da Lei 9.718/98, art. 1º, § 1º, da Lei 10.637/02 e art. 1º, § 1º, da Lei 10.833/2003, determinam que a base de cálculo a ser utilizada corresponde à receita bruta de que trata o artigo 12 do Decreto-lei 1.598/77, in verbis: Art. 12. A receita bruta compreende: I - o produto da venda de bens nas operações de conta própria; II - o preço da prestação de serviços em geral; III - o resultado auferido nas operações de conta alheia; e IV - as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III. Nota-se que os incisos I e II do artigo supracitado remetem ao conceito de faturamento, espécie do gênero receita, tal como formulado anteriormente, sendo que os demais incisos são mera repetição da mesma noção, de receita bruta como sendo o resultado das operações de venda de mercadorias ou serviços, seja em conta alheia (inciso III), seja em uma cláusula geral que diz respeito à atividade principal da pessoa jurídica (inciso IV). Ou seja, a definição dada pela doutrina está em consonância aos dispositivos legais que tratam das contribuições ao PIS e à COFINS. Importa esclarecer que a redação do artigo 12 do Decreto-lei 1.598/77, alterada pela Lei 12.973/2014, não pode ser interpretada a fim de dar um toque de legalidade na inclusão do ICMS na definição de Receita Bruta, mas os argumentos que sustentam essa hipótese serão melhor explicados na análise da argumentação das posições sustentadas pelo STJ e STF. Entretanto, não são somente essas contribuições que utilizam os conceitos de receita bruta, ou faturamento, como elemento da base de cálculo, outros tributos também a utilizam, como o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, calculados sob o regime de lucro presumido, conforme dispõe o artigo 20 da Lei 9.249/95, in verbis: Art. 20. A base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido devida pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal ou trimestral a que se referem os arts. 2º, 25 e 27 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996, corresponderá a 12% (doze por cento) sobre a receita bruta definida pelo art. 12 do Decreto-Lei 1.598, de 26 de dezembro de 1977, auferida no período, deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do § 1º do art. 15, cujo percentual corresponderá a 32% (trinta e dois por cento). (sem destaque no original) De acordo com esse dispositivo, a base de cálculo do tributo corresponde a um percentual da receita bruta, que o fisco presume ser o lucro da empresa, remetendo novamente à definição legal prevista no Decreto-lei 1.598/77. Nesse ponto, interessante notar que o mesmo artigo 20 da Lei 9.249/95 prevê a dedução dos valores correspondentes a devoluções, vendas canceladas e descontos incondicionais concedidos. Tal disposição, de conteúdo eminentemente didático, é, no entanto, ineficaz para configurar uma real dedução de receita bruta, tendo em vista que nunca integraram a definição de receita. Já que, no caso de devoluções como de vendas canceladas, o negócio jurídiconão se realizou, portanto, não existe receita bruta ou faturamento a ser auferido, e nos descontos incondicionais não há contrapartida do Conceito constitucional de receita e faturamento, e a inclusão de tributos – STF x STJ Página 6 exercício de atividade, ainda que tais rubricas possam estar registradas na contabilidade como “receita” (MINATEL, 2005, passim). Por fim, a Lei 12.546/2011 que instituiu a Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB), como medida para desonerar a contribuição patronal incidente sobre a folha de salários, regulamentada no art. 22, I, da Lei 8.212/91, também estipulou que a base de cálculo seria o “valor da receita bruta, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos”, conforme dispõe o artigo 8º do referido diploma legal. No entanto, diferente dos tributos especificados anteriormente, a Lei que instituiu a CPRB não remete o conceito de receita bruta previsto no artigo 12 do Decreto-lei 1.598/77, e ainda traz algumas exclusões não previstas para os demais tributos analisados, como a da receita bruta decorrente de exportações (artigo 9º, II, a), previsão aparentemente desnecessária em razão da imunidade prevista no artigo 149, § 2º, II, da CF (LGL\1988\3), mas que se revela de suma importância, tendo em vista que essa regra imunizante se aplica às contribuições sociais gerais regidas pelo artigo 149 da Constituição, ao passo que a CPRB encontra seu fundamento de validade no artigo 195 da Carta Magna, que não apresenta a mesma regra imunizatória. Foram também excluídas as receitas decorrente do transporte internacional de cargas (artigo 9º, II, b); das auferidas “pela construção, recuperação, reforma, ampliação ou melhoramento da infraestrutura, cuja contrapartida seja ativo intangível representativo de direito de exploração, no caso de contratos de concessão de serviços públicos” (artigo 9º, II, c); das vendas canceladas e descontos incondicionais (artigo 9º, § 7º, I), e aqui cabe a mesma crítica formulada nos parágrafos anteriores; do Imposto sobre Produtos Industrializados (artigo 9º, § 7º, II); e, por fim, do ICMS cobrado no regime de substituição tributária (artigo 9º, § 7º, III). Portanto, verifica-se que, apesar de conter algumas peculiaridades no tocante às exclusões, é possível afirmar que a CPRB adota como base de cálculo a mesma definição de receita bruta que as contribuições ao PIS e à COFINS, bem como o IRPJ e CSLL calculados sobre o regime de lucro presumido. Assim, torna-se possível investigar o conceito de receita bruta e faturamento de forma geral, de modo que possa ser aplicável a qualquer dos tributos elencados, que utilizam tais critérios materiais nas suas hipóteses de incidência e sua correspondente mensuração, no critério quantitativo da relação jurídico-tributária. 3 Inclusão ou exclusão do ICMS da definição de receita bruta – impasse judicial Um dos temas mais em voga no Direito Tributário no começo do ano de 2017 foi a respeito do julgamento pelo STF do RE 574.706, sob o rito da repercussão geral, para decidir o Tema 69 sobre a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS, tendo como fundamento justamente o tema tratado até então, a definição de receita bruta, cujos fundamentos repercutem ao demais tributos que adotam a mesma materialidade como fato tributável. Apesar de já ter sido julgado, de forma favorável ao contribuinte, o acórdão não foi publicado até a finalização do presente artigo, razão pela qual se adotará o RE 240.785 como representante do posicionamento do STF. A análise do julgado se justifica em razão dos demais tributos que utilizam o conceito de receita bruta ou faturamento como forma de calcular o montante devido a ser pago, bem como as consequências da ratio decidendi formada nos votos do proferidos em Recurso Extraordinário – entendida esta como o princípio de direito fundamental para a decisão judicial e sem a qual o caso teria sido julgado de forma diversa (ITURRALDE, 2013, p. 198), ou ainda como “a regra de direito que foi posta como fundamento direto da decisão sobre os fatos específicos do caso” (TARUFFO, 2011, p. 145). A questão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições ao PIS e à COFINS já havia sido decidida em sede de Recurso Especial Repetitivo 1.144.469 (tema 313), porém de maneira favorável ao Fisco. Conceito constitucional de receita e faturamento, e a inclusão de tributos – STF x STJ Página 7 Nesse contexto, será feita uma análise comparativa entre os argumentos ventilados nas decisões proferidas nas instâncias extraordinárias, para se constatar se as definições propostas pela doutrina são aplicáveis ou se devem ser revistas. Iniciando pelo REsp 1.144.469. Nota-se que os argumentos utilizados no voto vencedor para justificar a incidência do PIS e COFINS com o ICMS embutido na suas bases de cálculo foram: (a) é permitida a inclusão de tributos na base de cálculo de outros, salvo determinação expressa em contrário; (b) o art. 12, § 1º, do Decreto-lei 1.598/77, prevê que receita bruta comporta os tributos incidentes na operação de venda; (c) a mera informação do ICMS na nota fiscal não importa na sua separação no preço final do produto; (d) por fim, deveria ser mantida a jurisprudência do STJ no sentido de que o ICMS integra a receita bruta da empresa. O argumento (a) foi utilizado para afastar a tese do contribuinte de que o princípio da capacidade contributiva impede que haja a incidência de tributos sobre tributos, e elencou diversos dispositivos de lei e julgados que se alinham à posição de que a Constituição Federal (LGL\1988\3) não veda que um tributo esteja na base de cálculo de outro. De fato, a questão foi muito bem abordada no voto, porém, o cerne da questão está menos relacionado à questão de tributos na base de cálculo de outro, do que a análise da definição constitucional de receita bruta ou faturamento, mas que teve de ser enfrentada por ter sido alegada pela recorrente. Segundo a definição constitucional de receita bruta, ela deve representar o ingresso de recurso financeiro, em caráter definitivo, decorrente da atividade empresarial do contribuinte. Ou seja, a inclusão ou exclusão do ICMS decorre da própria definição constitucional pressuposta de receita bruta, como muito bem entendeu o Min. Marco Aurélio no julgamento do RE 240.785: O conceito de faturamento diz com riqueza própria, quantia que tem ingresso nos cofres de quem procede à venda de mercadorias ou à prestação dos serviços, implicando, por isso mesmo, o envolvimento de noções próprias ao que se entende como receita bruta. Caso a base de cálculo adotada comporte a inclusão de tributos na definição da materialidade – posto que a base de cálculo deve mensurar o critério material adotado – não haverá, em tese, inconstitucionalidade do tributo. A título de exemplo, o próprio ICMS sobre a circulação de mercadorias, cuja base de cálculo é o valor da operação final de circulação da mercadoria, a base de cálculo comporta a inclusão do próprio ICMS – cálculo por dentro – uma vez que o imposto integra a operação final. No entanto, não se pode estender o mesmo raciocínio aos demais tributos que possuem a receita bruta ou o faturamento como materialidade tributável, primeiro deve-se investigar se esses conceitos comportam a inclusão de outros tributos, caso positivo, quais tributos são esses. Noutras palavras, “pelo fato de terem ‘valor de operação’ diferente, consequentemente tanto o ICM quanto à COFINS terão regimes jurídicos diferentes, aplicando normas jurídicas correspondente a cada regime” (BASSOLI; GAION, 2008, p. 203). Dessa forma, correto o entendimento firmado no voto vencedor do REsp 1.144.469 de que “a discussão sobre o princípio da capacidade contributiva deságua inevitavelmente na definição da natureza jurídica do valor recebido pela empresa e que será por ela utilizado para pagar o ICMS” e não simplesmente na questão da inclusãode tributo na base de cálculo do outro, entretanto, interrompendo aqui os pontos convergentes com o voto. Já o segundo argumento (b), de que o art. 12, § 1º, do Decreto-lei 1.598/77 engloba a receita auferida com os impostos na sua definição de receita bruta, baseia-se principalmente na distinção feita entre receita bruta e receita líquida, presente no texto normativo, sobretudo após as alterações promovidas pela Lei 12.973/2014, conforme abaixo se nota: Conceito constitucional de receita e faturamento, e a inclusão de tributos – STF x STJ Página 8 Art. 12. A receita bruta compreende: I - o produto da venda de bens nas operações de conta própria; II - o preço da prestação de serviços em geral; III - o resultado auferido nas operações de conta alheia; e IV - as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III. § 1º A receita líquida será a receita bruta diminuída de: I - devoluções e vendas canceladas; II - descontos concedidos incondicionalmente; III - tributos sobre ela incidentes; e IV - valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976, das operações vinculadas à receita bruta. (sem grifos no original) O juízo feito no voto vencedor é a contrario sensu da definição de receita líquida, pois se ela é a receita bruta diminuída dos tributos sobre ela incidentes, logo, a receita bruta inclui os tributos sobre ela incidentes. Assim, a redação dos dispositivos anteriormente citados “deixam claro que oISSQN e o ICMS devidos pela empresa prestadora de serviços na condição de contribuintes de direito fazem parte de sua receita bruta” (voto proferido no REsp 1.144.469). Entretanto, tal entendimento firmado no STJ incorre em petição de princípio, sendo entendido como um erro na técnica de demonstração que consiste no fato de se pressupor o que se quer demonstrar (ARISTÓTELES apud PERELMAN, 2014, p. 127). Explica-se ao se afirmar que receita líquida é a receita bruta diminuída dos impostos sobre ela incidentes, que já demonstra que a receita bruta inclui os impostos como o ICMS. Isso se deve porque foi pressuposto que esse imposto já estava incluso na definição de receita bruta, em outras palavras, só é possível afirmar a exclusão do ICMS, por exemplo, da receita bruta, se esta já fizer parte dela. Ora, a inclusão ou exclusão de impostos, tais como o ICMS e ISS da definição de receita bruta é justamente o cerne do problema a ser enfrentado, logo os fundamentos do voto, nesse ponto, não solucionam a questão. Além disso, o raciocínio no que tange a substituição tributária também está incorreto. De acordo com o voto vencedor, nos casos de substituição tributária, seja do ICMS-ST ou ISSQN-ST, “a empresa não é a contribuinte, o contribuinte é o próximo na cadeia, o substituído. Quando é assim, a própria legislação tributária prevê que tais valores são meros ingressos na contabilidade da empresa que se torna apenas depositária do tributo”. Inicialmente, é possível criticar essa distinção para o caso da substituição tributária por meio da violação ao princípio da isonomia. Vale dizer o substituído – contribuinte de direito do ICMS-ST, por exemplo – não terá o valor do imposto contabilizado como receita bruta, ao contrário do contribuinte do ICMS comum, que deveria tratá-lo como receita e tributar sobre o valor desse imposto. Ademais, seguindo o raciocínio exposto no voto, o ICMS-ST só não foi classificado como receita em razão de uma expressa exclusão legal, e não por se tratar de um mero ingresso na contabilidade da empresa, sendo que da mesma forma que o ICMS comum corresponde ao produto da venda da mercadoria ou serviço, mas que não se adere de forma definitiva à contabilidade do substituído. Conceito constitucional de receita e faturamento, e a inclusão de tributos – STF x STJ Página 9 A questão da inclusão dos impostos na definição de receita bruta é anterior a isso, decorre de preceitos constitucionais que impedem a tributação de valores dos quais o contribuinte não pode dispor de maneira definitiva. Nesse, ponto cabe trazer como resposta ao REsp 1.144.469, o decidido no voto do Min Marco Aurélio no RE 240.785, in verbis: Da mesma forma que esta Corte excluiu a possibilidade de ter-se, na expressão “folha de salários”, a inclusão do que satisfeito a administradores, autônomos e avulsos, não pode, com razão maior, entender que a expressão “faturamento” envolve, em si, ônus fiscal, como é o relativo ao ICMS, sob pena de desprezar-se o modelo constitucional, adentrando-se a seara imprópria da exigência da contribuição, relativamente ao valor que não passa a integrar o patrimônio do alienante que de mercadoria, que de serviço, como é o relativo ao ICMS. Se alguém fatura ICMS, esse alguém é o Estado e não o vendedor da mercadoria. Restou reconhecido nesse julgado uma importante característica da receita bruta, que não foi analisada no acórdão do STJ, qual seja, a definitividade da receita. Esta, como visto anteriormente, é essencial para que algum valor que entre na contabilidade da empresa seja considerado receita ou algum outro tipo de ingresso, de modo que se a pessoa não puder dispor desse valor, será inviável sua tributação, sob pena de ofensa ao princípio da capacidade contributiva. Nesse contexto, muito bem expôs Rodrigo Caramori Petry, para quem os valores destacados na nota fiscal, seja do ICMS ou do IPI, constituem meros ingresso, uma vez que são destinados aos Estados e União, respectivamente (PETRY, 2008, p. 95). Não existe disponibilidade do recurso financeiro, o contribuinte não pode utilizar o valor correspondente ao ICMS para investir no mercado financeiro, por exemplo, posto que incorreria em ilegalidade devido a falta de pagamento do Imposto. Vale destacar que o fato de o IPI, o ICMS-ST e o ISSQN-ST estarem legalmente excluídos da definição de receita bruta, não faz com que em algum momento tais valores o tenham integrado. Retorna-se ao problema de excluir o item que já não pertencia à categoria. Tais impostos já não integravam o conceito de receita bruta, posto que não constituem entrada definitiva, sendo repassados ao ente político responsável, da mesma forma como ocorre com o ICMS e ISS. Portanto, por estar ausente uma das características essenciais de receita bruta, a definitividade, a parcela correspondente ao ICMS ou ISSQN não é capaz de integrar a definição constitucionalmente pressuposta de receita bruta. Chega-se, assim, no terceiro argumento (c) do STJ para inclusão do ICMS na receita bruta, a de que a mera informação do imposto na fatura não implica na sua exclusão do preço final do produto. Nessa toada, de acordo com o REsp 1.144.469, no fato gerador está o preço do produto ou serviço, incluído aí o valor correspondente dos impostos incidentes no consumo, revelando manifestação de riqueza tanto do adquirente quanto do vendedor ou prestador de serviço, e conclui definitivamente: E tal é o que acontece com o ICMS, onde o autolançamento pelo contribuinte na nota fiscal existe apenas para permitir ao Fisco efetivar a fiscalização a posteriori, dentro da sistemática do lançamento por homologação e permitir ao contribuinte contabilizar o crédito de imposto que irá utilizar para calcular o saldo do tributo devido dentro do princípio da não cumulatividade sob a técnica de dedução de imposto sobre imposto. Não se trata em momento algum de exclusão do valor do tributo do preço da mercadoria ou serviço. A respeito da capacidade contributiva evidenciada na operação de consumo, de fato ela se revela para o consumidor à medida que adquire um bem ou serviço que possui determinado valor, sendo esta a sua capacidade contributiva. Entretanto, para o fornecedor do produto ou serviço, não é todo o valor recebido em troca do produto ou serviço que revela sua capacidade contributiva, mas apenas ovalor do qual poderá Conceito constitucional de receita e faturamento, e a inclusão de tributos – STF x STJ Página 10 dispor de forma definitiva, o que não é o caso dos impostos destacados na nota fiscal, que será repassado ao ente tributante. Além do referido voto, é pertinente a colocação do Ministro Gilmar Mendes, esposada em artigo, segundo o qual: Ora, se a importância correspondente ao ICMS integra o valor da operação final, na linha do decidido pelo Plenário no RE 212.209/RS, constitui também produto da venda ou da prestação de serviço e faturamento do contribuinte, da mesma maneira que os outros fatores do preço das mercadorias e serviços. Em outras palavras, o montante relativo ao ICMS incorpora-se ao preço, de forma que é pago pelo comprador e é recebido pelo vendedor ou pelo prestador de serviço, ingressando em seu domínio, em consequência da respectiva operação. (2014, p. 23) Entretanto, vale destacar que o critério material tributado é a receita bruta auferida, cujo valor corresponderá a sua base de cálculo. Deve-se ter cuidado ao tratar dos dois conceitos, o preço é a realidade econômica constituída pelo valor total dispendido para se obter algum bem ou serviço, por isso pode-se falar que o ICMS-ST, ISSQN-ST, IPI ou qualquer outro valor, integra o preço, pois consta na nota fiscal e quem está comprando irá pagar o valor correspondente ao imposto, o que não quer dizer que integram a receita ou faturamento. A argumentação, nesse ponto, parece um retorno à doutrina da interpretação econômica do Direito Tributário que, “inconscientemente, nega a utilidade do Direito, porquanto destrói precisamente o que há de jurídico dentro do direito tributário” (BECKER, 2007, p. 138). No caso vertente, o conceito jurídico de receita bruta, em detrimento da realidade econômica verificado simplesmente no preço do produto ou serviço sem levar em conta as demais características intrínsecas à receita bruta. Assim, não existe uma relação de igualdade entre preço do produto e serviço e receita bruta. É descuidada a alegação de que o preço do produto ou serviço vai revelar a capacidade contributiva e ser passível de tributação de PIS ou COFINS, por exemplo, nos casos de contrato de parceria em que uma empresa (x) esteja responsável por comercializar um bem de titularidade de outra pessoa (y). Em que pese a pessoa (x) receba como preço da mercadoria o valor completo do produto, ela não auferirá todo esse valor como receita, pois está encarregada de repassar a parcela correspondente da pessoa (y). Foi justamente nesse sentido que ocorreu a alteração do Decreto-lei 1.598/77 pela Lei 12.973/2014, a fim de contemplar como receita o valor auferido nas operações de conta alheia, e por óbvio esse valor não poderia ser considerado como receita desta pessoa alheia, ainda que não haja uma exclusão expressa. Distinguindo a relação existente entre receita e preço, “assim sendo, essas contribuições devem corresponder a uma parcela da riqueza auferida (receita) pela empresa produtora, industrial ou comerciante, e não à parcela da riqueza extraída do consumidor/adquirente (preço)” (PETRY, 2008, p. 96). Nesse contexto, irrepreensível o entendimento exposto pelo Ministro Cezar Peluso no julgamento do RE 240.785, segundo o qual: O problema todo é que, neste caso, se trata de uma técnica de arrecadação em que, por isso mesmo, se destaca o valor do ICMS para efeito de controle da transferência para o patrimônio público, sem que isso se incorpore ao patrimônio do contribuinte. (…) trata-se de um trânsito puramente contábil, significando que isso, de modo algum, compõe o produto do exercício das atividades correspondentes aos objetivos sociais da empresa, que é o conceito de faturamento. Assim, o fato de os impostos, ICMS, ISSQN ou mesmo o IPI serem destacados na nota fiscal possibilita sua identificação no momento da ocorrência do fato gerador de seus tributos e torna possível a correta identificação de qual valor corresponde à receita do fornecedor, e qual o montante devido ao estado ou município. Não se afigura razoável a restrição do valor de imposto destacado em nota fiscal para simplesmente cumprir com Conceito constitucional de receita e faturamento, e a inclusão de tributos – STF x STJ Página 11 o princípio da não cumulatividade, mas pode também ser utilizada para constatar o montante auferido de receita na operação. Dessa forma, o fato de o ICMS e o ISSQN serem destacados na nota fiscal não é irrelevante na apreciação da receita bruta, como sustentou o STJ no REsp 1.144.469, mas sim é utilizado para se constatar os valores correspondentes à receita e do imposto, que compõem o preço pago pelo consumidor. Quanto ao ponto (d), segundo o qual deve ser mantido o entendimento firmado no STJ, que pode ser resumido nas súmulas 68 do STJ – “a parcela relativa ao ICMS inclui-se na base de cálculo do PIS” –, repetindo o entendimento da súmula 258 do TFR – “inclui-se na base de cálculo do PIS a parcela relativa ao ICM” – e súmula 94 do STJ – “a parcela relativa ao ICMS inclui-se na base de cálculo do FINSOCIAL”. Em que pese a intenção benigna de tentar manter estável a jurisprudência da Corte, no presente caso o entendimento deveria ser alterado. Ao se analisar os julgados que compõem as referidas súmulas – REsp 8.541/SP, REsp 14.471/MG, para a Súmula 68 do STJ e REsp 8.379/RJ, 14.467/MG, para a Súmula 94 do STJ – verifica-se que os argumentos dispendidos seguem a linha de entendimento de que, sendo o ICMS componente do preço do produto, não haveria como excluí-lo da incidência dos PIS e FINSOCIAL (equivalente à COFINS). Ou seja, incorrem na mesma confusão causada na análise do critério material dos tributos, tal como esposado acima. A base de cálculo já era a receita bruta, no entanto, insistem em tributar segundo a realidade econômica verificada no preço do produto, bem como não se atentam à característica de definitividade da receita bruta. Portanto, a mera alegação de manutenção da jurisprudência dominante não pode ser capaz de afastar os argumentos aptos a alterar o resultado do julgamento. Vale ressaltar que, quando do julgamento do REsp 1.144.469, já havia sido julgado o RE 240.785, em que se afastou o ICMS e ISSQN da definição de receita bruta, tendo em vista a manutenção da jurisprudência do próprio STJ, bem como por estar pendente de julgamento o RE 574.706, sob repercussão geral, a ADC 18, ambos sobre a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e COFINS, e o RE 592.616, também em repercussão geral, a respeito da exclusão do ISSQN da base de cálculo do PIS e COFINS. Porém, o RE 574.706 já foi julgado, estando pendente de publicação do acórdão, até o momento de finalização do presente trabalho, o que corrobora o argumento esposado de que, se existe fundamento melhor do que foi acatado na jurisprudência até então, esse deve ser alterado para melhorar e se tornar mais coerente. Dessa forma, é possível verificar que a posição até então adotada pelo STJ, sobretudo por meio do REsp 1.144.469, já não se revela como a mais adequada, seja diante da doutrina, como da jurisprudência do STF, cujo entendimento é o que melhor se coaduna com os preceitos constitucionais que tratam da tributação da receita, os quais excluem de sua definição os ingressos não definitivos, como o valor do ICMS e ISSQN destacados em nota fiscal, que serão repassados aos entes políticos competentes. 4 Consequências da nova definição de receita O estudo realizado até o momento tratou da análise da definição constitucionalmente pressuposta de receita bruta, sobretudo com o julgamento da tese que trata da exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS. No entanto, as considerações feitas aqui extravasam os limites dessa conhecida tese. Conforme explicado anteriormente, a Constituição Federal (LGL\1988\3) pressupõe uma definição para receita bruta e faturamento. Nesse contexto, caso algumalei instituidora de tributo adote esses fatos como critério material do tributo, deverá observar o regime constitucional da receita, de modo que, se o ICMS não pode ser incluído na base de cálculo das contribuições ao PIS e COFINS, igualmente não poderá integrar a base de cálculo desse outro tributo. O julgamento realizado no RE 240.785, bem como no RE Conceito constitucional de receita e faturamento, e a inclusão de tributos – STF x STJ Página 12 574.706, já antecipava essa questão, sendo inclusive um dos argumentos utilizados pelo Min. Gilmar Mendes para defender a inclusão do ICMS nas referidas contribuições. Vale ressaltar, no entanto, que esse argumento não é capaz de sustentar a incidência das contribuições sobre o imposto de circulação, pois não é razoável sustentar a manutenção de uma definição jurídica contrária ao entendimento da constituição por receio que a alteração feita na jurisprudência irá surtir efeitos nos demais tributos, em outras palavras, seria como perpetuar o erro por receio de que, se o corrigisse, teria de corrigir os demais erros, que são semelhantes. Os efeitos que irão atingir o sistema tributário, como disse Gilmar Mendes, decorre da própria natureza dos conceitos jurídicos, e que a Constituição os encampa, se trata da unidade do direito, como muito bem expôs Alfredo Augusto Becker (2007, p. 132), segundo o qual o Direito Tributário, ao utilizar conceitos e definições de outros ramos do Direito, não pode atribuir um significado diverso. A existência do artigo 110 do Código Tributário Nacional (LGL\1966\26) demonstra o acolhimento dessa tese no sistema tributário brasileiro. Assim, seria incoerente admitir-se que no mesmo sistema tributário fosse possível que a lei que institui algum tributo tendo a receita bruta, ou faturamento, como critério material para incluir o ICMS na sua definição, ao passo que o STF tenha decidido que esse posto não pode ser incluído na definição de outro tributo que também tenha adotado a receita bruta como critério material. Portanto, correto o entendimento do Ministro Gilmar Mendes, a decisão proferida no RE 574.706 irá surtir efeitos no sistema tributário nacional, mas que não são os desejados pelo Ministro. Inicialmente, além do ICMS, o ISSQN também deveria ser excluído da definição de receita bruta ou faturamento, posto que possui as mesmas características que afastam a incidência daquele. Assim como o ICMS, o imposto sobre serviços é cobrado de forma destacada na nota fiscal, e representa parcela que possui destino certo, os cofres do município que integra o polo ativo da relação. Ou seja, o prestador de serviços não pode dispor da verba recebida do consumidor que corresponde ao pagamento do imposto, pois estaria um ato ilícito. Assim, falta ao ISSQN as características essenciais do que corresponde à receita bruta ou ao faturamento, como a definitividade da verba ou a existência de signo presuntivo de riqueza, sem os quais não pode ser considerado receita bruta ou faturamento. Entretanto, existe no STJ o Recurso Especial Repetitivo 1.330.737, que firmou a tese no Tema n. 634, segundo o qual “O valor suportado pelo beneficiário do serviço, nele incluindo a quantia referente ao ISSQN, compõe o conceito de receita ou faturamento para fins de adequação à hipótese de incidência do PIS e da COFINS”. O fato de haver uma tese firmada em recurso repetitivo vem impedido que o STJ adote o novo entendimento acolhido pelo STF. Assim, até que o STJ reveja seu posicionamento, ou que o STF julgue o Recurso Extraordinário sob o rito da Repercussão Geral 592.616, a exclusão do ISS da definição de receita bruta se mostra impraticável. Outrossim, da mesma forma como as contribuições ao PIS e a COFINS, a Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta, instituída pela Lei 12.546/2011, também adota como materialidade tributável a receita bruta, em substituição à contribuição previdenciária patronal. Assim, sobre esse tributo também não podem incidir o ICMS e o ISS. Aliás, a respeito da exclusão do ICMS da CPRB, a Procuradoria-Geral da República adota o mesmo entendimento, conforme parecer exarado no Recurso Extraordinário 1.034.004: Embora o presente feito não verse sobre base de cálculo de PIS e COFINS, seu desfecho deve ser orientado pela solução adotada no acórdão da repercussão geral (Tema 69). Afinal, as mesmas razões que levaram à conclusão de que a base de cálculo do PIS e da COFINS não compreende o ICMS, sob pena de sua ampliação indevida, valem para afastar a inclusão do aludido imposto na quantificação da contribuição previdenciária substitutiva da Lei 12.546/2011. Já em relação ao IRPJ e CSLL calculados sob o regime de lucro presumido, com mais Conceito constitucional de receita e faturamento, e a inclusão de tributos – STF x STJ Página 13 propriedade devem ser excluídas as parcelas referentes ao ICMS e ao ISSQN, uma vez que a própria legislação do lucro presumido, ao tratar da base de cálculo, remete à mesma legislação do PIS e COFINS, qual seja, o Decreto-lei 1.598/77. Apesar de o STF já ter se manifestado no sentido de que essa discussão não é de matéria constitucional, conforme RE 777.714 e RE 756.116, e o STJ ter julgados contrários à tese do contribuinte (REsp 1.423.160 e REsp 1.312.024), a definição de receita bruta que foi reconhecida no RE 574.706 já começa a repercutir nos novos julgamentos sobre o tema, o que levou o Tribunal Regional Federal da 4ª Região a alterar seu entendimento, a fim de excluir o ICMS do IRPJ e CSLL calculados sob o regime de lucro presumido, conforme Apelação Cível 5018422-58.2016.404.7200 e 5014532-96.2016.404.7205. Portanto, seguindo os preceitos constitucionais no que tange à definição de receita bruta, o julgamento pelo STF que reconheceu seu conteúdo, para excluir o ICMS da sua definição deve ser levado em conta, a fim de que se possa excluir também o ISS desse conceito, bem como excluir o ICMS e ISSQN da receita bruta da CPRB, IRPJ e CSLL calculados sob o regime de lucro presumido, sob pena de tornar o sistema tributário nacional anacrônico, uma vez que todas adotam o mesmo critério material tributável, qual seja, a receita bruta. 5 Considerações finais A partir do estudo realizado é possível verificar que a Constituição Federal (LGL\1988\3) adota certos conceitos com uma definição pressuposta a partir de outras normas previstas no próprio Texto Maior, tais como os princípios jurídicos da capacidade contributiva, bem como do próprio sistema jurídico. Ou seja, é possível falar em uma definição constitucional para a receita bruta e faturamento, que possui certas características inafastáveis tanto para o aplicador da norma quanto para o legislador infraconstitucional, tais como a definitividade do ingresso financeiro, proveniente da atividade empresarial, aferido instantaneamente. Entretanto, nem sempre as leis respeitam os conceitos jurídicos constitucionais, legislando de forma a alterar o seu conteúdo para, como visto no presente estudo, ampliar o âmbito de incidência da norma, a fim de atingir fatos não contemplados pela definição constitucionalmente pressuposta de receita bruta e faturamento, como os impostos destacados na nota fiscal, que são repassados ao Estados, ao Distrito Federal ou aos Municípios, que por não apresentar a definitividade do ingresso, não podem ser consideradas receita bruta ou faturamento. Dessa forma, coube ao judiciário realizar o controle jurídico dos tributos que incidem sobre as referidas materialidades, para, em um primeiro momento, considerar devida a incidência dos tributos que adotam a receita bruta ou o faturamento como base imponível sobre os valores ingressados a título de ICMS ou ISSQN. Já em um segundo momento, verificou-se uma mudança no paradigma jurisprudencial, incialmente por meio de um Recurso Extraordinário com efeitos intra partes, e recentemente, por meio de julgamento sob Repercussão Geral, para adequar a definiçãode receita bruta e faturamento segundo os termos da Constituição Federal (LGL\1988\3). Além disso, constatou-se que o recente julgamento feito pelo STF, no RE 574.706 pode produzir efeitos sobre tributos que não foram objeto do julgamento, tendo em vista que a ratio decidendi do julgado extravasa aos limites daquela demanda, para afetar todos os tributos que adotem a receita bruta ou o faturamento como base imponível de tributação. Portanto, resolvida a questão, no que toca a exclusão do ICMS da base de cálculo das Contribuições ao PIS e à COFINS, por meio de decisão judicial com efeitos erga omnes, resta aguardar que os demais órgãos judiciários sigam o mesmo entendimento para os demais tributos que adotam a mesma materialidade tributável, sob pena de tornar o sistema tributário mais anacrônico e confuso do que de fato já é. Conceito constitucional de receita e faturamento, e a inclusão de tributos – STF x STJ Página 14 6 Referências bibliográficas BASSOLI, Marlene Kempfer; GAION, Wylton Carlos. Exclusão do imposto sobre operações de circulação de mercadorias-ICM da base de cálculo da contribuição para o financiamento social-COFINS. Revista de Direito Público, Londrina, v. 3, n. 3, p. 197-219, set.-dez. 2008. BECKER, Alfredo Augusto. Teoria geral do direito tributário. 4. ed. São Paulo: Noeses, 2007. CABRAL, Ana Rita Nascimento. A teoria do fato gerador e o fato gerador presumido. 2010. 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