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Resumo Direito Civil III

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DIREITO CIVIL III
 
01–ASPECTOS GERAIS SOBRE RESPONSABILIDADE CIVIL
1. RESPONSABILIDADE CIVIL
1.1 O porquê de sua existência e sua extensão:
A possibilidade de se impor a alguém a obrigação de reparar um dano causado sem autorização do sistema jurídico. É a consequência da violação do ordenamento jurídico. 
O dano pode ser material ou moral, ou os dois; através de uma única conduta. 
A extensão é completa pois alcança o binômio (direito patrimonial e o direito de personalidade). Ambos são protegidos pelo sistema jurídico, e devem ser indenizados, para servir de exemplo para outras eventuais indenizações e também manter a paz do convívio social. Ato de coação.
2. OBRIGAÇÃO E RESPONSABILIDADE
2.1 Conceito de Obrigação e suas Fontes: 
Vínculo jurídico pelo qual alguém pode exigir de outrem uma determinada prestação. É um vínculo “espiritual” que não se vê mas sabe que está ali. É previsto no ordenamento jurídico. A lei é espécie do ordenamento jurídico. A solidariedade pode ser ativa ou passiva ou mista/múltipla.
2.2 Diferença entre Obrigação e Responsabilidade Civil e seu conceito:
Surge para o violador da norma a responsabilidade. A responsabilidade, portanto, é uma consequência da não observância do ordenamento jurídico. É uma sanção estabelecida pelo legislador para o violador da norma. A responsabilidade “é a sombra da obrigação”. Em geral, ela vem após a obrigação. 
Responsabilidade civil: é um estado jurídico que autoriza alguém a exigir de outrem uma determinada prestação quer por uma conduta sua, quer por uma conduta de outrem ou então por um determinado fato jurídico. Um preceito secundário da norma jurídica. 
Responsabilidade pode ser:
- subjetiva: preconiza que o elemento culpa constitui, em regra, um dos pressupostos necessários para a responsabilidade civil. É a regra geral do nosso código, sustentada na teoria da culpa.
- objetiva: deve o ofensor reparar, restituindo ou restaurando o ofendido independentemente de culpa, bastando à comprovação do dano e do nexo causal. Objetiva por um fato ou atividade praticada. 
Obrigação: um preceito primário da ordem jurídica. Quer seja a obrigação contratual ou extracontratual.
Exemplo: A agride fisicamente B.
Preceito primário: conduta/dever de não causar prejuízo a outrem (neste caso extracontratual)
Preceito secundário: consequência da não observância da conduta, dever de indenizar o prejuízo na conformidade da lei
Exemplo: A se torna locatário de B. Acaba não pagando o aluguel. 
Preceito primário: dever de cumprir a obrigação (neste caso contratual)
Preceito secundário: indenizar na conformidade do contrato estabelecido
Contrato: fonte imediata da obrigação. A fonte primária sempre será a lei
Quando existe obrigação sem responsabilidade?
1- Dívida prescrita = quando ultrapassa o prazo estabelecido pelo legislador para o seu exercício. Em regra tudo prescreve, mas há exceções
2- Dívidas de jogo = jogo proibido. 
Quando existe responsabilidade sem obrigação?
Fiador = não firmou obrigação, mas tem responsabilidade.
Pais = perante atitudes ilícitas dos filhos menores de idade. 
3. DESENVOLVIMENTO DA IDEIA DA RESPONSABILIDADE CIVIL E DA CULPA
3.1 Início e o surgimento das Teorias sobre suas espécies:
No começo não havia regras para essa previsão, então se resolvia pelo mais forte, resolve por olho por olho dente por dente. E aí a sociedade foi vendo que havia mais vantagens em definir regras de responsabilidade. Editar normas de obrigação e responsabilidade civil (o Estado). Percepção de falha no sistema normativo. Estabeleceu a distinção entre responsabilidade subjetiva e objetiva. Passou a levar em consideração atividades desenvolvidas por pessoas jurídica para desenvolver regras e em razão do proveito obtido dessas atividades = daí que surge Teoria do Risco, Teoria da Atividade e Teoria do Risco Proveito.
4. IMPUTABILIDADE E RESPONSABILIDADE
4.1 O significado e a questão do discernimento:
Em regra, responsabilidade civil = conduta praticada voluntariamente com discernimento. 
Imputar: carrear, atribuir a alguém o dever de indenizar.
Atos da vida civil = Incapaz por menoridade, pais/tutores que responderão. 
Responde o patrimônio do menor. 
Incapacidade:
- Idade (absoluta) -16
- Anomalia psíquica (relativa)
- Pródigo (não é doente, é defeito específico/acentuado de personalidade)
02 ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE
1. IDENTIFICAÇÃO
1.1. Responsabilidade Extracontratual e Contratual: 
- Extracontratual: aquela que decorre da inobservância do sistema jurídico. A fonte direta e imediata é a lei. Tem como fonte primária e imediata a lei. Porque é a lei que define o dever geral de cautela, a conduta que deve ser adotada por todos, ou aquela que não deve ser assumida por ninguém. A responsabilidade contratual ela nasce diretamente do acordo de vontades, ou seja, do contrato. Haverá responsabilidade independentemente da questão da capacidade.
- Contratual: advém da inobservância de um acordo de vontades (contrato). Tem como fonte imediata um acordo de vontades. Sua fonte primária seja sempre a lei. Ex: contrato de compra e venda. Só é possível falar em responsabilidade em função da capacidade dos contratantes. Pois ninguém se envolve sem capacidade para tanto.
Legitimação: autorização especial para a prática de determinado ato exigido pelo legislador. Ex: venda de bens para um filho. 
Invalidado: nulidade e anulabilidade
DIFERENÇAS:
a) Questão do ônus da prova:
Na responsabilidade contratual não há necessidade de se demonstrar a culpa do violador do contrato. Há uma inversão do ônus da prova. Baseada na culpa, embora é possível se provar o contrário. Pode provar que há uma excludente da culpa nesta violação do contrato, não poderia agir diferente. Basta demonstrar que a conduta do contratante viola aquela conduta contida nas cláusulas contratuais. 
Já na responsabilidade extracontratual a vítima ou o lesado deve demonstrar a culpa, o prejuízo e o nexo causal entre a conduta do autor do fato e o resultado danoso obtido. 
b) Na Fonte de onde Promanam: 
A responsabilidade extrajudicial tem como fonte primária e imediata a lei, já a responsabilidade contratual nasce diretamente do acordo de vontades (contrato) – clausula penal é a contida no contrato, caso não esteja previsto se usa a lei (responsabilidade geral) – não se anulam, se completam. 
c) Capacidade do agente: 
Na responsabilidade contratual é necessária capacidade dos contratantes, há capacidade específica que além da geral a lei exige uma autorização especial, exemplo, autorização de herdeiros e cônjuge para adiantamento da legítima. Parte sem capacidade torna o contrato inválido. Na extracontratual haverá responsabilidade independentemente da capacidade do agente. 
1.2 Responsabilidade Subjetiva e Objetiva: 
Teoria subjetiva ou da culpa (clássica regra 186): 
Haverá responsabilidade quando se puder fazer uma afeição do ânimo do agente causador do dano. Neste caso leva-se em conta o grau de previsibilidade da conduta do agente. E essa previsibilidade pode ser verificada na culpa lato sensu. Ou seja se houve dolo ou se houve culpa. Se existe intenção de causar prejuízo ou se existe a inobservância na conduta do agente e que causa prejuízo alheio. O que se leva em consideração para responsabilizar o agente ou não é a afeição do estado anímico é por isso que a responsabilidade subjetiva também é chamada de responsabilidade por culpa própria. Essa responsabilidade não se mostrou eficiente, por essa razão criaram outras teorias. 
Teoria Objetiva ou do risco: 
Fala-se quando alguém responde por um fato praticado por outra pessoa, alguém responde por um fato comum/jurídico/ acontecimento, ou alguém responde por um risco criado. Se baseia em um desses três pilares. 
a) Presumida: 
Quando o próprio legislador em certos casos em função da relevância do bem jurídico protegido fizer a previsão da conduta do agente e ao mesmo tempo presumir a sua culpa. Está contida na lei por presunção legal, é uma forma de inversão do ônus da prova. A vítima/lesado deveprovar a conduta do agente, o prejuízo sofrido pela conduta do agente e a relação de causalidade entre um e outro (conduta + prejuízo + nexo causal). Ou seja, prescinde-se da demonstração de culpa. Exemplos: 
1-responsabilidade do dono do animal pelos prejuízos eventualmente causados 
2- responsabilidade por danos ocorridos em obras realizadas (dono da obra) 
3- responsabilidade do morador por objetos eventualmente caídos em cima do prédio
b) Independente de culpa: 
É aquela que advém de uma determinação legal, só é possível identifica-la se o ordenamento jurídico a defender, ou seja, ser previsto em lei. Basta que se encontre em uma situação descrita pelo legislador – responde independentemente da culpa. 
Exemplos:
1- responsabilidade dos pais pelos prejuízos causados pelos filhos menores que estejam sobre sua responsabilidade
2- responsabilidade do tutor pelo prejuízo do tutelado
3- responsabilidade do curador pelo prejuízo causado pelo curatelado
4- responsabilidade por prejuízos causados em acidentes em estrada de ferro
5- responsabilidade causada pelo fornecedor de produtos e serviços ao consumidor do CDC
Esses casos de atividade normalmente desenvolvida refere-se àquela atividade pessoal que embora seja licita autorizada pelo estado pode pelo seu potencial, vir a causar prejuízo para alguém. Nesses casos certas pessoas escolhem desenvolver uma atividade profissional sabendo dos riscos que está produzindo com essa atividade para a sociedade. Exemplo: atividade de transporte (contrato), acidente do trabalho. Alguém responde em função do risco criado ou em função de uma atividade desenvolvida onde ao assumir a atividade sabe que vai auferir os lucros e que portanto deve assumir os incômodos/prejuízos. Quem busca os cômodos deve suportar os incômodos.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (artigos 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
2. RESPONSABILIDADE POR ATOS LÍCITOS
Fatos não observados faz com que haja responsabilidade do agente (geral). 
Mesmo que agindo certo, sendo autorizado, ainda assim, em alguns casos, o agente fica responsabilizado em indenizar eventual prejuízo. O legislador parte do princípio que a parte contrária não deve suportar o prejuízo causado. Exemplo: estado de necessidade. 
Ex: passagem forçada, vizinho precisa adentrar parte do vizinho para determinado fim (ex: passagem de água, se consegue demonstrar necessidade) 
Ex: fogo no vizinho, derrubar muro
-Cláusula penal: ajuste entre os contratantes para estabelecer a indenização devida pela violação do contrato. 
-Princípios do Código Civil: socialidade, operalidade e eticidade.
03 – PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE
Pressupostos da Responsabilidade Civil:
-conduta (dividida em ação e omissão)
-culpa lactu sensu (se divide em dolo e culpa) strictu sensu
-nexo de causalidade
-dano
IDENTIFICAÇÃO
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
1. AÇÃO OU OMISSÃO
1.1 Significado: 
É necessário que se identifique um comportamento voluntário do agente, ação ou omissão. 
-Ação é um comportamento ativo do agente e ele se manifesta por uma atividade física ou moral. 
-Omissão: há um dever jurídico de agir e a pessoa deixa de agir. Se revela por um comportamento de abstenção do agente, ou seja, deixa de fazer algo que deveria fazer, se revela quando existe um dever jurídico de atuação e esse dever não é observado. 
Tanto a ação quanto a omissão tem que ser voluntário, sem a conduta não se caracteriza indenização. 
Dever Jurídico ocorre em três situações. 
- Disposição da lei: Legislador manda alguém agir de determinada maneira e esse sujeito não atua, não observa. Exemplo: dever de dar alimentos.
-Acordo de Vontades: quando duas ou mais pessoas realizam um contrato e esse não é cumprido.
-Situação especial criada por alguém: se responsabiliza pelo risco, exemplo, alguém se compromete a ensinar outra pessoa a nadar, assumindo a responsabilidade por ela e então deixa que morra afogada. 
Caso fortuito ou força maior é a mesma coisa no direito civil.
2. CULPA OU DOLO DO AGENTE
2.1 Gênero e Espécie: 
-Culpa lactu sensus se caracteriza por uma conduta humana baseada na falta de cuidado geral ou na inobservância de violação de direito alheio. Comportamento humano que leva a um dano sem deliberação para este dano, mas com deliberação própria para a sua possibilidade. 
-Dolo é a intenção de causar prejuízo alheio. É a perfeita consciência do mal e a deliberação em pratica-lo. Vontade de fazer o que sabe que não pode.
2.2 Modalidades da Culpa: 
-Imprudência: naqueles casos em que o agente adota uma postura de falta de cuidados pessoais e com o próximo. Nesse caso o agente não tem consideração com o próximo, portanto, ele age de forma impetuosa. Não se preocupa com os demais. Por exemplo: dirigir em alta velocidade na via pública. 
-Negligência: se caracteriza pela falta de cuidados necessários em certas situações. Ela se evidencia pelo desleixo do autor. Autor relaxado, desleixado. Portanto, ele deixa de toma providências, de reparos, cuidados etc, que ele sabe que deveria tomar mas não toma. “preguiça”. Exemplo: não providenciar a troca dos pneus que estão carecas, não providencia o reparo dos mecanismos de freio, nõa providencia o concerto do portão da residência, do telhado. 
-Imperícia: se caracteriza pela realização de uma conduta sem os conhecimentos necessários para tal fim. Ou seja, é a falta de conhecimentos técnicos. Por isso em geral é verificada nos casos de atuação profissional. Exemplo: dentista que realiza uma cirurgia de canal sem ser endodontista. Médico que realiza uma cirurgia de catarata sem ser oftalmologista.
2.3 Critério para aferição da Culpa: 
Para se aferir a culpa o legislador levou em consideração o comportamento médio de uma sociedade, portanto, ele estabeleceu o que é chamado de grau médio de previsibilidade. Isso significa que o legislador muniu/deu condições ao interprete da lei para que aferisse a conduta do violador da norma diante do que seria o comportamento esperado de qualquer outra pessoa da sociedade. Portanto, o comportamento do agente que se quer censurar ele se mede pelo grau do que se espera de comportamento social. Surge o chamado “homem médio” = ser imaginável como sendo uma pessoa de conduta serena, equilibrada, ajustada. Verifica-se a conduta a ser censurada, retira-se desse contexto seu autor e coloca-se em seu lugar a figura do homem médio. O que muda ligeiramente é o erro. Essa regra muda quando se refere Erros/Vícios da declaração de vontade que podem levar à invalidade do negócio jurídico = Erro, dolo, coação, fraude contra credores, lesão e estado de perigo, anulam o negócio jurídico. No erro deve se levar em consideração para aferir a culpa tanto o homem médio, quanto o comportamento e circunstancias do caso concreto. O vício chamado erro deve ser levado em consideração para aferir a culpa!
2.4 Graus da Culpa: 
Culpa grave (lata): identificada por uma conduta de falta de previsibilidade mais acentuada, portanto, mais distante das regras de observância geral. A conduta do agente traz consigo incita o maior grau de irresponsabilidade. No CC quandose faz previsão de culpa grave equipara-se ela ao dolo. Ex: alta velocidade em via pública 
Culpa leve: identificada naqueles casos em que o grau de ausência de previsibilidade é médio, levando-se as circunstâncias o local, a maneira de atuação do agente. A acaba causando dano em um staner de tiro por iniciar a atividade antes da orientação do instrutor.
Culpa levíssima: casos onde a exigência de previsibilidade para com o agente é um pouco menor, ou seja, a sua desatenção não é tão acentuada.
2.5 Divisão da Culpa:
In eligendo (culpa no momento de eleger um representante seu, na escolha de um representante, ex: quando se escolhe mal um despachante/mandatário)
In vigilando (quando alguém deveria vigiar uma pessoa que está sob os seus cuidados e não o faz, falha da vigilância devida, causando prejuízo. Ex: pai que não percebe que o filho pega as chaves do carro e sai dirigindo causando acidente)
In cometendo (se caracteriza por um comportamento positivo, uma atuação positiva. Ex: dirigir em alta velocidade.) 
In omitendo (se caracteriza pela omissão culposa, deixa de fazer alguma coisa, ex. deixa de fazer manutenção no barracão) 
In custudiendo (falha na custódia de animal ou objeto. Ex: A não percebe que o seu cachorro fugiu e este acaba atacando). 
2.6 Culpa Exclusiva da vítima e Culpa Concorrente: 
-Culpa Exclusiva da Vítima: Quando o evento se dá exclusivamente por sua conduta. A sobe em um viaduto e pula em um veículo que passava por baixo. O resultado danoso provém de uma conduta exclusiva da vítima. Logo, exclui-se a possibilidade de indenização. Por falta de relação de causalidade.
-Culpa Concorrente: O resultado danoso pode ser atribuído tanto ao agente como à própria vítima. O resultado produzido se dá por conta da dupla atuação dos dois comportamentos. Exemplo: A avança a placa pare batendo no veículo de B, mas se verifica que B dirigia embriagado em alta velocidade e sem habilitação. Neste caso o quantum indenizatório é repartido entre ambos. Haverá uma compensação na indenização em função da dupla conduta culposa.
3. RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
OBS: pressupostos da responsabilidade (é o inadimplemento de uma obrigação, em regra, gera uma indenização. Mas há exceção em que o sujeito responde pelo fato sem ter obrigação (fiador, curador, obrigação prescritas e dívida de jogo). 
1 – conduta (ação/omissão)
2 – culpa lato sensu (dolo/culpa)
3 – relação de causalidade 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, ... e causar dano a outrem, ..., comete ato ilícito.
3.1 Noção e as Concausas: 
Causa é todo o acontecimento que leva ao fato danoso em ofensa ao ordenamento jurídico, ou seja, toda conduta humana/fato jurídico que pode ser apontado como causador do dano. E nexo causal é a relação entre a ação e o fato jurídico. 
Concausas: nada mais é do que o concurso de fatores (preexistentes, concomitantes ou supervenientes) que, paralelamente ao comportamento do agente, são capazes de modificar o curso natural do resultado. Ou seja, são fatores externos à vontade do agente, mas que se unem a sua conduta. Assim, têm-se duas causas: a do agente e esses fatores que com a dele convergem são acontecimento associados a uma causa, ou seja, é mais de uma causa juntas, mais de uma situação que leva a um resultado. 
- Simultâneas: dois ou mais pessoas praticando o mesmo fato. A responsabilidade nesse caso deve ser analisada, se contratual deve-se observar as clausulas do contrato, se é solidaria ou subsidiaria. Já se a responsabilidade for extracontratual é necessário observar o ordenamento jurídico, que diz que responderam solidariamente, ou seja, juntos, na mesma proporção. 
- Sucessivas há três teorias: 
3.1.1 Teoria da equivalência das condições ou da condição “sine qua non” – (omissão sem a qual): 
Deve ser considerado concausa qualquer acontecimento que esteja ligado ao fato danoso, não importa se distante ou perto. É uma teoria imperfeita, pois, por exemplo, a fabricação da faca que matou o sujeito seria concausa). 
3.1.2 Teoria da causalidade adequada: 
Leva em consideração somente o fato que produziu o resultado, sem qualquer outra consideração (A dá uma pancada em B, sem saber que ele era portador de uma doença frágil, em razão da doença ele vem a falecer, a pancada recebida não causaria a morte de uma pessoa com o estado de saúde normal) – não leva em conta a doença de B apenas a pancada. 
3.1.3 Teoria dos danos diretos e imediatos: 
Somente haverá o dever de indenizar caso ao dano provocado seja efeito necessário da causa, posto ser imprescindível que haja um liame lógico-jurídico para que estabeleça a relação entre a causa necessária e o dano dela decorrente, direta ou indiretamente. Assim, importa que o dano seja uma consequência necessária da causa que está sob análise. Deve ser considerada causa e concausa todo o acontecimento que por si só é capaz de causar o resultado danoso, de forma direta (ex. por um erro da cuidadora uma senhora de idade morre, ela trocou os tubos de alimentação e medicação por descuido) – a cuidadora respondera pelo fato direito que gerou o dano moral (ofensa a dignidade). 
3.2 As Concausas Preexistentes, Supervenientes e Concomitantes: 
Preexistentes: é a causa que existe anteriormente à conduta do agente. Ex: "A" deseja matar a vítima "B" e para tanto a espanca, atingindo-a em diversas regiões vitais. A vítima é socorrida, mas vem a falecer. O laudo necroscópico, no entanto, evidencia como causa mortis envenenamento anterior, causado por "C", cujo veneno ministrado demorou mais de 10 horas para fazer efeito
Superveniente: é a causa que atua após a conduta do agente. "A" administra dose letal de veneno para "B". Enquanto este último ainda está vivo, desprende-se um lustre da casa, que acaba por acertar qualquer região vital de "B" e vem a ser sua causa mortis.
Concomitante: é a causa que surge no mesmo instante em que o agente realiza a conduta. Ex: "A" efetua disparos de arma de fogo contra "B", que vem a falecer em razão de um súbito colapso cardíaco (cuidado, não se trata de doença cardíaca preexistente, mas sim de um colapso ocorrido no mesmo instante da conduta do agente!). 
4. DANO
Dano é um prejuízo sofrido pelo ser humano, que pode afetar de duas formas, material ou personalidade (moral, dignidade). 
Ocorre quando há uma alteração negativa do patrimônio de alguém. As vezes como um único ato o sujeito pode praticar os dois danos, tanto o material, quanto o contra a personalidade. 
É fácil determinar o valor da indenização devida no caso de dano material, basta calcular o prejuízo causado para aferir o valor, nesse prejuízo se enquadra os lucros emergentes e cessantes (perdas futuras). 
Em contra partida é difícil calcular o dano moral, nesse caso se deve calcular o reflexo do dano à personalidade. O judiciário é quem vai aferir ao caso concreto um valor correspondente. Não há uma tabela que estabeleça valores e sim parâmetros que o advogado deve seguir para fundamentar o valor pedido. Antes da reforma do CC não era necessário colocar um valor na ação, o judiciário se encarregava de analisar e deferir, mas agora, após a reforma se tornou obrigatório determinar o valor da ação proposta, devem seguir sempre a razoabilidade e proporcionalidade, se amparando em parâmetros de julgados e jurisprudência. 
Em alguns casos o sujeito pode ser indenizado sem que sua conduta gere um efetivo dano, exemplo, dirigir acima da velocidade e levar uma multa, não causou nenhum efetivo dano, mas foi punido. 
O dano moral não se prova, é “in re ipsa”, ele é presumido. Você demonstra o fato ao juiz alegando o dano moral, mas não precisa ser provado, demonstra a situação fática onde se encontra o dano moral. Ao contrario do dano material que deve ser provado pela vitima. 
Em caso de violação contratual não é necessário provar o dano, basta mostrar a violação contratual ocorrida. 
Para se falar em direito de indenização é necessário que tenha todos os pressupostos. 
4.1 Significado. Prejuízo como pressuposto da indenização:
Os pressupostos do deverde indenizar, que são: a conduta humana, culpa genérica ou lato sensu, nexo de causalidade e dano ou prejuízo. 
Cabe ao autor da demanda, conforme o artigo 333, I, do CPC e 373, I do NCPC, o ônus de comprovar o dano patrimonial ou extrapatrimonial suportado. E em regra, não há responsabilidade civil sem dano.
Prevê a Súmula 37 e 387 do Superior Tribunal de Justiça que é possível a cumulação, em uma mesma ação, de pedido de reparação material e moral. Assim, logo após a Constituição Federal de 1988, que reconheceu os danos morais como reparáveis, a jurisprudência superior passou a admitir a cumulação dos danos.
1 - INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS COISAS E DIREITOS REAIS
1. A PROXIMIDADE DOS CONCEITOS
1.1 Bens e Coisas: 
Coisa é tudo aquilo que existe no mundo, que em regra, não é suscetível ao homem. Dentro disso existe coisas que interessam o homem e podem ser apropriadas, são itens suscetíveis de apropriação pelo homem e que possuem valor econômico, se possuem valor econômico, podem ser transacionados, alienados e etc. o legislador sabendo que poderiam ser transacionados cria regras sobre aquisição, uso, disposição e perda do direito das coisas. Direito das coisas é o ramo do direito civil que cuida de estabelecer normas de uso, gozo e disposição de itens que interessam ao homem e que podem ser fruto de disposição gratuita ou onerosa. 
Direito Reais é o conjunto de normas que buscam estabelecer os direitos do homem que nasce, por ser ele titular de um determinado bem, quer como possuidor, quer como proprietário, a propriedade surge quando este titular detém todas as prerrogativas próprias ao domínio, em especial o poder de disponibilidade, quem dispõe é somente o proprietário e não possuidor.
O domínio trás o direito de sequela que é o poder do titular de perseguir o bem aonde ele estiver, de resgatar o bem de quem o possua de ilegítima. 
1.2 A classificação dos Direitos Reais no CC: 
a) Pleno: quando o titular reunir todos os elementos da propriedade: posse, uso, gozo e livre disposição. A propriedade contém todos os requisitos
b) Limitados: decorre, nasce do pleno, exemplo o usufruto - ocorre um destaque de um ou mais poderes inerentes à propriedade que são transferidos para outra pessoa, formando-se assim um direito real na coisa alheia. 
O critério de distinção entre direitos reais plenos e direito reais limitados ou menores, é a extensão dos poderes que os direitos reais atribuem ao seu titular, ou seja, existem direitos reais que atribuem aos seus titulares mais poderes do que outros.
Exemplo: o direito de propriedade atribui poderes mais amplos, que o direito de usufruto. 
Considera-se que para além da propriedade, também a posse é um direito real pleno, significando que, por meio desta classificação, a situação possessória é colocada ao nível do direito de propriedade. 
O direito de propriedade é um direito real pleno porque abrange os mais amplos poderes de aproveitamento, ou seja, usar, fruir e dispor. Todos os outros direitos reais são limitados, dado os mesmos serem recortados do direito real pleno, permitindo ao seu titular o aproveitamento parcial e não pleno da coisa.
 
1.3 O porquê da proteção da Posse: 
Dentro do direito das coisas há a proteção da posse – o legislador a protege, pois, muitas vezes, é um desdobramento da propriedade, considerado um direito real pleno. Posse é situação de fato, que faz presumir a propriedade em certos casos, além disso, a posse apresenta-se como um dos pressupostos de aquisição de direito real pleno que é a propriedade, intitulada como usucapião (posse e transcurso do tempo). 
2. DIREITOS PESSOAIS E OS DIREITOS REAIS
2.1 Distinção e Compreensão: direitos pessoais ou obrigacionais são aquelas disposições normativas que dizem respeito as relações jurídicas existente entre pessoas, é o vínculo existente entre uma pessoa e outra onde uma delas pode exigir uma prestação, entre elas de cunho econômico. Elementos dos direitos pessoais são, os sujeitos, credor e devedor (passivo e ativo), e um vínculo jurídico (relação jurídica) – por esse motivo se pode exigir a prestação, pois existe obrigação jurídica. 
Direitos reais, situação jurídica que se pode identificar entre uma pessoa e uma coisa. Direitos reais é aquele que faz com que alguém tenha uma determina prerrogativa (pode dispor da coisa como a prover) sobre uma coisa, “bem”.
3. DISTINÇÕES ENTRE DIREITO OBRIGACIONAL E REAL
a) Quanto ao Objeto (Princípio da Aderência): nos pessoais o objeto imediato é sempre uma prestação, uma conduta humana ainda que essa prestação envolva um bem, o objeto mediato sempre será o bem pelo qual recai a relação jurídica (ex. venda de casa – objeto imediato a entrega, mediato a casa). Já no direito real o objeto é sempre um bem na vida, ou seja, a coisa, por ele se projetar sobre o bem ele se espalha por toda a sociedade
b) Quanto ao Sujeito Passivo ou Oponibilidade (Princípio do Absolutismo ou Relatividade): o sujeito passivo nos direitos pessoais será sempre as partes envolvidas, por isso só podem ser oponíveis (opor) sobre quem está na relação jurídica e não sobre outras pessoas, são limitados, só podem ser exigidos daquelas que se encontram na relação pessoal, podem ser exigidos somente de pessoas determinadas ou determináveis, em regra são “inter parts”. Já nos direitos reais ele são ditos absolutos pois podem ser oponíveis contra qualquer pessoa, podem ser exigidos de qualquer pessoa, pois possuem efeitos “erga omnes”. 
c) Quanto à Duração (Princípio da Perpetuidade): os direitos pessoais são transitórios na medida em que eles são feitos para que sejam extintos, a expectativas é que eles sejam cumpridos (cumprimento é uma das formas de extinção da obrigação). Já os direitos reais ocorre o oposto, eles são perpétuos, pois a tendência é que eles durem para sempre, até o fim da personalidade de seu titular, não se extingue pelo seu uso – princípio da perpetuidade (regra). Mas há exceções como o abandono ou desapropriação.
d) Princípio do Desmembramento: os direitos reais podem ser desmembrados, isto é, podem ser transferidos a terceiros, limitando a própria propriedade e sendo, ao mesmo tempo, por ela limitados. Abreviação da perpetuidade, como por exemplo o uso e fruto. 
e) Quanto à Formação ou Limitação (Princípio da Taxatividade): os direitos pessoais são ilimitados, pois o legislador permite a formação de tantos direitos pessoais for conveniente ou necessário para as partes, desde que não afete os preceitos de ordem pública, o interesse público, “numerus apertus” (abertos), possuem rol exemplificativo. 
Já os direitos reais são limitados, só são considerados reais aqueles apontados pelo legislador, não existe liberdade na sua criação, existe liberdade somente na fruição daqueles que já são reconhecidos pela lei. Estão indicados, reconhecidos no código civil e também em legislação especial – “numerus clausus” (fechados), rol taxativo. 
Não importa o nome do contrato e sim o conteúdo, o que interessa são as cláusulas contratuais.
- Princípio da Tipicidade: é aquele que diz que os direitos reais são ditos típicos, pois são considerados assim somente aqueles que o legislador os descreveu, ou seja, a um conjunto mínimo de f=definição no direito real ligado ao princípio da taxatividade. 
f) Princípio da Exclusividade nos Direitos Reais: os direitos pessoais admitem multiplicidade de titulares, é possível identificar vários titulares disfrutando do mesmo direito pessoal, solidariedade, não são exclusivos, pois várias pessoas desfrutam juntas do mesmo direito (ex. ter vários credores, os devedores). Já nos reais cada um dos titulares exerce de forma uni pessoal as prerrogativas que tem sobre determinado bem – princípio da exclusividade. 
g) Quanto ao Registro do Ato (Princípio da Publicidade ou Visibilidade): os direitos pessoais em regra não necessitam de registro jurídico para que sejam válidos e eficazes, mas há uma exceção que precisa de registro, a alienação. Já nos direitos reais, depende, direito reais sobre bens móveis não precisam, já bens imóveis(propriedade) precisam, só se tem propriedade no Brasil sobre bem imóvel após o registro do título aquisitivo. Há dois títulos aquisitivos, a escritura pública e o contrato, a lei é quem regula quando se pode usar a escritura ou o contrato para registro. Só se transfere propriedade com a escritura e não por contrato. Esse registro é feito no cartório de registro de imóveis (CRI). 
4. FIGURAS HÍBRIDAS
4.1 O que são: São institutos do direito civil que trazem características tanto de direito pessoais quanto diretos reais. Não obstante sejam obrigações elas trazem com sigo características que são próprias, reservadas dos chamados direitos reais, por isso são chamadas de figuras hibridas, ambíguas ou intermediarias. São obrigações que surgem pelo fato da coisa, por isso se diz que essas situações aderem a coisa, por isso diz também que nessas situações quem deve é a coisa, se houver a transmissão do direto essa obrigação transmite-se junto com o direito. 
Caracterizas - elas são próprias da coisa, nascem da coisa; elas se transmitem automaticamente com a coisa independentemente de acordo entre as partes, elas sequer podem ser recusadas. Elas não são puramente pessoais nem puramente reais, elas constituem “tertium genus”, mistura de obrigações. 
a) Obrigações Reais ou Porpter rem: são aqueles vínculos jurídicos que impõe uma determinada obrigação sob a alguém pelo simples fato de ser ele possuidor ou proprietário de uma determinada coisa, determinado bem. Se deixar de ser coisa ou bem cessa a obrigação. Exemplos: obrigação de proprietário/possuidor de veículo pagar o IPVA ou obrigação de proprietário/possuidor da residência pagar o IPTU ou obrigação de pagar a taxa condominial ou obrigação de dividir as despesas do muro divisório ou obrigação de não violar o sossego do vizinho ou obrigação ou obrigação de indenizar o possuidor de boa-fé pelas benfeitorias uteis e necessárias. Essa obrigação é chamada de obrigação ambulatória, pois ela caminha com a coisa, ela se transfere de uma para outra pessoa na medida que se transfere a titularidade da posse e do domínio. 
b) Obrigações com Eficácia Real: direito real tem eficácia “erga omnes”. São aquelas obrigações que além de ter eficácia entre as partes também passam a ter eficácia contra terceiros a partir de medidas que são tomadas pelo interessado ou pelos interessados, ou seja, enquanto sejam pessoais tais obrigações, após tais medidas elas passam a alcançar número indeterminado de pessoas. São direitos pessoais que acabam tendo a mesma dimensão que direitos reais, ou seja efeito “erga omnes”. Exemplo 1: locação por prazo determinado – há dois requisitos cumulativos, o contrato deve ser clausula de vigência em alienação (é uma clausula onde consta que se houver alienação o eventual comprador vai ficar obrigado a esperar o fim do contrato) e que o contrato seja levado a registro no CRI. Exemplo 2: compromisso de compra e venda – é um contrato preliminar onde as partes ajustam um futuro negócio jurídico a ser realizado, a principal característica é a irretratabilidade do contrato. A princípio se levado a registro o compromisso de compra e venda além de ser irretratável obriga as partes e todas as pessoas que devem seguir o contrato, o registro tem efeito “erga omnes”. Exemplo 3: cessão de direito – é um negócio jurídico pelo qual alguém transfere direitos e obrigações dos bens incorpóreos, de início tem efeitos para as partes, mas podem fazer com que tenha efeitos para terceiros a partir do registro de crédito, pois o registro tem efeito “erga omnes”. 
Todos esses exemplos possuem eficácia real em razão do registro que possui efeito “erga omnes”, ter efeito para todos e não apenas as partes. 
c) Ônus Real: imposição feita sobre determinado que restringe sua disponibilidade, uso e gozo, ou seja, são disposições que podem afetar a coisa alheia restringindo-a ou mesmo ampliando-a. Esses ônus reais podem ser identificados e criados pela lei (usufruto, uso) ou pela vontade das partes (constituição de renda). Esse ônus podem ser encontrados tanto nos direitos pessoais quanto nos direitos reais. Nos direitos reais – direito real de fruição ou direito real de garantia (hipoteca). No direito pessoal – se pode encontrar em obrigações “porpter rem” ou de eficácia real. 
02 NOÇÕES GERAIS SOBRE A POSSE
1. AS TEORIAS SOBRE A POSSE
1.1 Identificação: 
- Teoria subjetiva de Savigny: a posse é composta pelo chamado “corpus” (elemento objetivo) e “animus” (elemento subjetivo), corpos se caracteriza pelo contato físico da pessoa com coisa, detenção física da coisa e o animus é a intenção de ter a coisa para si, intenção de ser dono. Para essa teoria a posse se dá com a junção dos dois elementos, a posse se apresenta no momento que é identificado ambos os elementos caracterizados, o subjetivo e o objetivo
- Teoria objetiva de Ihering: a posse se dá simplesmente com o seu elemento objetivo, a posse se caracteriza com o contato da pessoa com a coisa mais diferentemente da primeira teoria sem que se verifique a intenção de ter a coisa para si, por tanto ela é formada só pelo elementos objetivo, mas muito embora não se reclame essa intenção o que se reclama, se verifica é que seja detectado um comportamento do agente com a coisa, nesse caso haverá posse quando alguém se comportar como quem carrega as caracterizadas da propriedade, independente se quer ou não a pessoa se comporta como um proprietário. Ex. um sujeito possui um plantação de milho e um anel de diamante, ele deixa o anel em meio a plantação, segunda essa teoria o sujeito e possuidor da plantação mas não do anel, pois não se comporta como proprietário. 
- Teorias Sociológicas: é um conglomerado de entendimento não se de juristas mas também de outros cientistas de outras áreas, tais como a sociologia que tentam justificar a existência da posse, por tanto a sua defesa, para esses cientistas a posse estaria baseada na sua função social e econômica, quer dizer esses cientistas enxergam o fenômeno chamado de posse levando em consideração o comportamento social e econômico do possuidor frente a coisa e frente a sociedade e da mesma forma da sociedade para com possuidor. É possível se identificar nesse comportamento uma independência social, econômica e jurídica 
Esses princípios foram base para a formação da constituição de 1988 e consequentemente para o novo código civil de 2002 que está baseado numa principiologia social e econômica. 
2. A TEORIA ADOTADA PELO CC E A QUESTÃO DA DETENÇÃO
2.1 Identificação da Posse e da Detenção – gradação: 
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Por esse artigo é possível verificar que o legislador partiu do pressuposto de uma gradação em relação aos institutos da propriedade, posse e detenção, porque primeiro para o legislador vem a propriedade, depois se a pessoa houver algum dos elementos haverá a posse de boa-fé, em terceiro lugar a posse, e posteriormente a detenção – possível verificar uma gradação, hierarquia.
Poderes da propriedade: o proprietário pode usar, gozar, dispor e reaver a coisa de quem o injustamente a detém. 
O legislador diz que considera-se posse alguém que possui algum dos elementos de posse, significa que ele formou uma gradação jurídica para determinação. 
Estabeleceu um reconhecimento gradativo dos institutos, para isso estabeleceu um conceito positivo de posse e propriedade, por outro lado estabeleceu um conceito negativo de detenção para poder explica-la e assim fez com dois dispositivos legais diferentes, pois nesse caso identificou negativamente 5 hipóteses de mera detenção, nesses casos que o legislador aponto ser detenção ou mera detenção o legislador estabeleceu a identificação daquele que não se encontra na condição de possuidor, daí por que em regra não fará jus as ações protetivas do possuidor 
2.2 Os casos de Detenção: 
2.2.1 Relação de dependência:
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência paracom outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. 
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário. 
Legislador estabeleceu duas presunções: 
1 – relação de dependência: considera-se detentor em primeiro lugar aquele que encontra-se em relação a coisa e seu dono em uma relação de dependência, de subordinação para com este dono, significa dizer que ele só age em relação a coisa seguindo instruções do seu proprietário, agem somente em função da instrução recebida de seus titulares. Exemplos: caseiro em relação ao dono da casa, ele não tem a posse, está agindo em relação de dependência; o empregado doméstico em relação a casa e as coisas do patrão não possui disponibilidade das coisas que guarnecem a casa; um soldado em relação ao objetos do quartel; o funcionário público em relação aos bens que se encontra na repartição pública sob seus cuidados; o preso que se encontra em relação de dependência com a ferramentas utilizadas na prisão para realizar trabalhos manuais e etc. 
2.2.2 Atos de mera permissão ou tolerância, violentos ou clandestinos:
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
Situações em que o legislador diz não ser possuidor mas sim mero detentor
1 permissão: a permissão acontece quando alguém autoriza o uso de determinado bem de maneira circunstancial, breve, temporária. Exemplo: A autoriza B a usar sua motocicleta para buscar um objeto 
2 – atos de tolerância: ocorre em uma situação de facilidade, o possuidor verifica que o bem está sendo usado por outrem e permanece inerte, consentindo o uso, significa dizer que ele adere ao comportamento do usuário. Exemplo: A verifica que B está usando sua motocicleta e simplesmente aceita o uso de forma pacifica. 
3 – atos violentos: são aqueles atos que permitem que alguém tenha contato físico com a coisa contra a vontade de seu titular, é um ato praticado contra a lei e que portanto gera consequências jurídicas, mas somente negativas em que se apresentam como consequência da violação da norma e não porque o agente assim quer. Exemplo: A toma para si a motocicleta de B mediante violência física, além de ser um ilícito civil é um elícito penal. 
4 – atos clandestinos: se revelam pela conduta sub-reptícia de alguém, ou seja, por uma conduta que se revela pelas escondidas, oculta, sem que a princípio o titular possa se defender, ou seja, é a percepção da coisa sem que o titular a princípio tomo consciência do acontecimento. Exemplo: A aproveitando-se da ausência de B toma para si a sua motocicleta. 
Legislador faz uma ressalva nos itens 3 e 4 – pode haver posse desses dois caso, caso cessada a violência ou cessada a clandestinidade, ou seja, quando cessarem os vícios que impedem a posse permite-se o reconhecimento dela. A cessação da clandestinidade se opera – quando o titular tomar conhecimento do fato ou o fato se tornar pública e ele nada fizer; ou quando o titular pretender reaver o bem mas for repelido violentamente por aquele que o detém. 
2.3 Detenção de bem público: se sustenta teoricamente que o bem público não está sujeito a posse de alguém mas sim a uma mera detenção autorizada, em razão de que por disposição legal os bens públicos não podem ser adquiridos por usucapião. A posse é um dos elementos fundamentais do usucapião. 
2.4 A antiga “quase posse”: anteriormente a posse era reconhecida e protegida quando derivasse diretamente da propriedade, fora isso os outros casos de relação da pessoa com a coisa, que eram derivados da propriedade (ex. uso e usufruto) eram protegidos mas com a qualidade de quase posse, mas hoje em razão do desdobramento da posse (direta e indireta) é possível se reconhecer a posse tanto para o proprietário como para o titular de outro direito real que não seja a propriedade. 
3. CONCEPÇÃO SOCIAL DA POSSE NA CF/88 e NO CC/2002: 
Art. 5º, XXIII da CF - a propriedade atenderá a sua função social;
3.1 A obrigatoriedade da função social da propriedade para sua mantença: 
Primeira regra da posse é a obrigatoriedade da função social, por se tratar de preceito constitucional o legislador se vê obrigado a seguir, não pode a legislação infraconstitucional restringir a regra e tão pouco suprimir a regra. É por isso que o CC 2002 estabeleceu regras sobre a propriedade que já existiam e outras que vieram a somar, todas tem como base a exigência que o titular da propriedade dê a ela uma destinação social além da destinação própria. A propriedade alcança função social toda vez que seu exercício permite alcançar os objetivos do proprietário mas ao mesmo tempo permite que a sociedade também venha a ser atingida positivamente por esse exercício ou que pelo menos tal exercício não obste (dificulte) o desenvolvimento social. Ter a função social implica ao seu titular não só o direito do exercício mas a obrigação de se submeter a regras que dizem respeito ao interesse social. Exemplo: o proprietário deve se submeter a regras ambientais. O proprietário deve se submeter a restrições temporários e excepcionais sobre sua propriedade, isso ocorre em casos de perigo ou saúde pública, onde o estado através de institutos do direito administrativo podem tomar a posse da propriedade de forma temporário, localizada, que justifica o fim daquele uso. A propriedade tem que ter uma função particular mas paralela a isso uma função social. Proprietário fica submetido a eventual desapropriação, ele pode chegar ao extremo de perder a propriedade, total ou parcialmente, desde que houver interesse da coletividade, mediante justa indenização. 
4. AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE PELA POSSE-TRABALHO
4.1 Previsão Legal:
Art. 1.228, § 4 do CC. O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou 
separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. 
Art. 1.228, § 5 do CC. No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
O legislador ao mesmo tempo que faz a previsão de proteção da propriedade ele também se preocupada em fazer a mesma previsão em prol da chamada posse produtiva, ou seja, ao mesma tempo que está preocupado com a posse do proprietário “instituição privada” ele também está preocupado com a posse que tenha função coletiva, produtora “função social”. Por isso nesse caso em especial ele fez a previsão da possibilidade da perda e consequentemente aquisição de bem imóvel “urbano ou rural” naqueles casos em que for constata a chamada posse produtiva (quem está produzindo algo para sociedade) em contraposição a chamada posse passiva. Nesses casos o legislador permite que o proprietário seja expropriado em favor de grupo familiar ou não que explore a propriedade de forma produtiva, é a chamada posse qualificada pelo trabalho produtivo. Nesses casos se preenchido os requisitos restritivos o juiz determinará a transferência involuntária da titularidade do domínio, mediante justa indenização e através de registro da sentença à margem da matricula do imóvel, ou seja, no CRI (cartório de registro de imóveis). Nesse caso a justa indenização deverá ser feita pelos elementos produzidos nos autos, que significa dizer que é possível chegar um pouco mais próximo da indenização devida nesse caso concreto. É uma desapropriação por interesse especifico com elementos de usucapião. 
5. A PROTEÇÃO POSSESSÓRIA EM FACE DE DIREITOS PESSOAIS
5.1 Proteção possessória por direitos pessoais; os semi-incorpóreos:
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder,temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto. 
Antigamente as ações possessórias poderiam ser usadas para direitos incorpóreos, por exemplo, para assumir determinado cargo. Mas depois houve uma mudança, as ações possessórias se destinaram a defesa de posse relacionada a direito real, porém as ações possessórias passaram a ser admitidas tanto para defesa de posse derivada de direito real como para posse de bens em virtude de direitos pessoais. Isso aconteceu em virtude do chamado desmembramento da posse, ou seja, o legislador dividiu a posse, em posse direta e indireta. A posse direta está relacionada ao exercício e domínio físico do bem (habitação, uso) e a posse indireta acontece naqueles casos onde alguém se encontra no exercício de um direito real ou na posse de um bem em razão de um direito pessoal ou obrigacional (usufruto, locação, comodato). Pode ter ação possessória também chamado de interdito possessório tanto na posse direta quanto indireta. A ação possessória é uma ação que tem como objetivo proteger a posse, são três: manutenção da posse, reintegração da posse e interdito proibitório.
Com passe nisso passou-se a admitir ações possessórias para defesa dos chamados direitos semi corpóreos, são aqueles direitos que não são palpáveis mas recém tratamentos de direitos corpóreos, pois como os tribunais já admitiram ações possessórias contra companhias telefônicas para ser mantido a posse da linha, o STF inclusive já reconheceu essa situação para que houve transmissão de titularidade de posse de linha telefônica – usucapião de linha telefônica. 
6. ACERTOS FINAIS DA QUESTÃO DA POSSE
6.1 Natureza Jurídica da Posse: Fato ou Direito?
Pra alguns a posse é um mero fato para outros é um direito. Mas existe uma outra teoria que é a aceita, chamada eclética, que aceita as duas, a posse é um fato e ao mesmo tempo um direito. A posse é um fato jurídico, é fato enquanto reconhecida pelo ordenamento jurídico e é direito levando-se em consideração os efeitos que produzem. 
6.2 Formas de proteção, o objetivo da proteção, as Figuras Tituladas e as Autônomas: 
A posse pode ser protegida por medidas extrajudiciais, são aquelas medidas jurídicas mas que não são levadas a efeito nem a interferência do poder judiciários, exemplo, notificação extrajudicial cartorária – não precisa do concurso do poder judiciário. 
Além disso também há proteção através das medidas judiciais que tem por objetivo proteger a posse provocando o exercício jurisdicional, como medidas liminares ou ação ordinária (ações possessórias). 
Também tem as medidas urgentes que são medidas jurídicas, reconhecidas pelo legislador, que podem ser tomadas pelo possuidor, titular da posse, sem interferência do judiciário, extrajudicial. São elas: legitima defesa da posse (posse ainda não foi violada) e desforço imediato (posse já foi violada) – tem que ser de imediato, não pode ser em excesso. 
O objetivo imediato do legislador é proteger a posse, e mediato a propriedade, pois se diz que a posse é a visibilidade da propriedade, é a exteriorização da propriedade. 
Quando se protege a posse precisa saber se ela é titulada ou autônoma não titulada: 
A posse jurídica é aquela posse que se encontra fundamentada em um determinado título jurídico, significa dizer que está posse está ligada a um determinado título que representa a posse ou propriedade, ela está ligada por tanto, a um direito real pleno (que é a propriedade) ou a um direito real menor (direito reais secundários – uso usufruto habitação) ou então a uma obrigação que justifica a posse, exemplo, contrato de comodato, locação, deposito. 
Posse autônoma é aquela posse que não deriva de nenhum título jurídico, não está ligada a propriedade, nem ao direito real menor, nem ao direito obrigacional que justifique a posse, ela se diz autônoma porque se baseia tão somente em uma situação de fato que aparenta uma situação de direito, uma situação fática que o legislador protege porque aparenta propriedade. Exemplo: A encontra-se na posse do imóvel de B por força de um contrato de locação ou então em razão de usufruto. A se encontra na posse do imóvel de B a um certo tempo sem oposição, pretendendo adquiri-lo (posse autônoma não titulada). 
O que diferencia a titulada e a autônoma é a posse do título, as duas merecem proteção processual 
- Posse jurídica tutelada “jus possidendi” - É o direito de posse que tem alguém e que tem relação jurídica com um título que o justifica 
- Posse autônoma ação tutelada “jus possessionis” - É o direito de posse que alguém tem e que não está preso a nenhum título jurídico, existe por si só, por que a situação fática é protegido por direito 
Motivos da proteção: 
1 – Para manter a pacificação social
2 – proteger aquele que tenha aparência de dono, de proprietário 
6.3 Motivo da proteção possessória, a prova que deve ser feita e o inconveniente da proteção:
O legislador protege a posse primeiro por que considera ela uma situação e fato que deve ser protegida pelo menos a princípio e segundo por que é uma situação de fato que aparenta domínio. A prova que deve ser feito da posse depende muito do objetivo do possuidor, se o que ele pretende é somente a proteção possessória por si só então dispensa-se a apresentação de título. Se o que ele pretende é a proteção possessória visando a aquisição da propriedade deve comprovar outros requisitos legais como por exemplo, o justo título e a boa fé 
A um inconveniente, pois se o legislador protege a posse a princípio significa dizer que o proprietário ficaria privado da posse diante de um mero possuidor. Exemplo: A sem que percebe-se acabou tomando a posse de sua fazenda, nesse caso A (invasor) merece proteção possessória provisória, pois ao longo do processo o proprietário terá a oportunidade de provar o seu domínio e retirar o invasor da posse. 
03 – CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
INTRODUÇÃO
1. POSSE DIRETA E POSSE INDIRETA
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
O legislador de 2002 visando estabelecer uma ordem na proteção provisória estabeleceu um título especifico onde faz a disciplina da posse, é nesse capitulo que podemos encontrar, por exemplo, a classificação entre posse direta e indireta, posse injusta e justa, posse nova e posse velha e etc. 
1.1 Definição das espécies no CC, Desdobramento e Dissociação da Posse: 
O código civil definiu a posse direta (locatário, comodatário, usufrutuário) e indireta (locador, comodante, nu-proprietário), feito isso estabeleceu o que chamamos de desdobramento da posse, desdobramento porque hoje no Brasil a posse se desdobra em direta e indireta, essa posse coexistem não se anulam, podem ser identificadas tanto nas relações de direito real como nas relações de direito pessoal. 
Dissociação da posse acontece quando o titular do domínio ou da posse a desdobra e sai da condição de possuidor direto para possuidor indireto, isso confirma que a posse no Brasil não se confundi com contato físico com a coisa necessariamente, mas sim se identifica com a situação jurídica, por tanto com uma condição de fato protegida pelo direito 
1.2 Coexistência da posse e de sua defesa: 
Não obstante o legislador permita o desdobramento da posse faz ao mesmo tempo a previsão de sua defesa, seja direta ou indireta, daí por que se diz que nestes casos o que se dá é a coexistência das posses, ou seja, o exercício da posse simultânea em conjunto, uma posse não anula a outra, não afasta a outra, não é mais nem menos que a outra, tanto uma como a outra merece o mesmo tratamento, tanto é verdade que o possuidor direto ainda que não seja dono pode proteger a sua posse contra o possuidor indireto que na maioria das vezes é dono. Exemplo: o locatário protege a posse do locador, mesmoque ele seja dono, deve houver respeito. 
1.3 Os desdobramentos sucessivos: 
O legislador permitiu o desdobramento da posse em direta e indireta sem fazer menção a outros desdobramentos, mas não obstante isso se intende que é possível se desdobrar a posse em tantas outras desde que haja fundamento jurídico, assim, se alguém proprietário entrega posse direta para outra pessoa e essa pessoa repassa a posse direta haverá tantas posses quantos ação os desdobramentos e que, por tanto, merecem proteção possessória. Exemplo: A faz a locação do imóvel para B (desdobramento da posse), que por sua vez subloca para C (A indireto, B indireto e C direito) – na sucessividade do desdobramento da posse somente o último da lista é que ficará com a posse direta, mas todos os indiretos merecem a mesma proteção possessória. 
2. POSSE EXCLUSIVA, COMPOSSE E POSSES PARALELAS
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
2.1 A posse exclusiva, plena, a composse e a defesa por cada um: 
Posse exclusiva – se dá nos casos onde o possuidor exerce sozinho o direito possessório ao menos de sua parcela ideal (A é locatário de B – A posse exclusiva). Essa posse não é incompatível com a posse indireta e direta, ou seja, pode existir (A exerce exclusivamente a pose direta e B exerce exclusivamente a posse indireta). 
Plena – quando o possuidor reunir em suas mãos todos os atributos da propriedade, ou seja, pode usar gozar, dispor e reaver a coisa de quem injustamente a detém. Ela não será plena se no caso concreto o possuidor não reunir todos esses elementos. 
Composse – é aquela posse exercida por mais de um titular, ou seja, é a posse exercida por duas ou mais pessoas sobre a mesma coisa. A doutrina diz ser a mesma posse da mesma coisa. Exemplo: A e B são proprietário do imóvel X. Um possuidor não pode ao exercer a sua posse obstruir a posse do outro, ou seja, eles exercem juntos mas ao mesmo nível, por tanto, qualquer um dos possuidores poderá proteger o seu direito possessório tanto de terceiros quanto do próprio compossuidor, direito de defesa é amplo, defende-se a posse por inteiro. 
2.2 Composse simples, em mão comum, pro diviso e pro indiviso
Composse simples é assim chamada a posse exercida por duas ou mais pessoas, difere da composta em mão comum que não é aplicada no nosso sistema, não os interessa. 
Posse pro diviso - é aquela posse exercida por mais de um titular, onde é possível se identificar as partes dobre o bem onde cada um exerce de forma individualizada a sua parcela de posse. Exemplo: usufruto com três usufrutuários, cada usufrutuário exerce sua posse na terça parte identificada sobre o bem.
Posse pro indiviso – é aquela composse onde os titulares exercem simultaneamente seus direitos sobre uma coisa indivisa, ou seja, não há uma identificação aritmética, geométrica para o exercício da posse, o que há somente são frações ideais. 
2.3 Posse entre Companheiros: 
Nosso direito fez o reconhecimento tanto do casamento quanto da união estável, ou seja, os cônjuges e aqueles que vivem em união estável possuem direitos próximos mas não iguais, entretanto no que diz respeito a posse o legislador não faz diferente entre posse do cônjuge e posse de um dos conviventes, por essa razão é que não se tem admitido ações possessórias contra o sobrevivente na união estável para afasta-lo da posse dos bens ainda que estes bens estejam em nome daquele que faleceu, ou seja, quem está em união estável deve ser mantido na posse até que se estabelece os diretos de propriedade sobre aquele patrimônio em concorrência com os demais herdeiros. 
3. POSSE JUSTA E INJUSTA
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
O código civil não define o que e justo, mas dá uma indicação do que seria injusto (a), seria a posse que apresenta vícios, tais vícios são: violência, clandestinidade e precariedade. 
3.1 A definição do justo, momento da definição e sua extensão: 
A violência: uma atuação injusta do possuidor no sentido de violar a integridade física “vis corporalis” ou moral “vis compulsiva” da parte contraria, essa violência é a mesma que fundamenta a invalidação do negócio jurídico em geral, no caso da moral coação. Exemplo: A após ameaçar B de morte, toma posse de um determinado bem (moral) ou A após agredir fisicamente B toma posse de determinado bem (física). 
 
A Clandestinidade: em termos de posse acontece quando alguém acaba se apossando fisicamente de um bem ás escondidas de seu verdadeiro titular, ou seja, é um apossamento sub-reptício, escondido, disfarçado. Titular não percebe que está perdendo a posse. Exemplo: alguém que furtivamente subtrai um tablete sem o dono perceber ou alguém que entra em determinado imóvel por que o dono estava viajando, escondido 
A precariedade: posse precária, portanto, não posse, toda vez que se puder verificar que a princípio havia posse, mas depois houve uma inversão dessa posse na medida em que o possuidor se recusou a devolve-la no momento oportuno. Exemplo: A tinha posse de veículo de B a título de empréstimo, mas no dia combinado para devolver recusou-se a fazê-lo injustificadamente. 
No que diz respeito a violência e clandestinidade o vício pode ser constatado no momento da transferência do bem ou da tomada física do bem. E na precariedade, o vício que contamina a posse se faz presente no exato momento em que o possuído se recusa a fazer a devida restituição, é neste momento que se constata a chamada inversão da posse. 
Os vícios que contaminam a posse dizem respeito ao possuidor e proprietário não se estende a terceira pessoa. 
3.2 Outras formas de Esbulho além da tríade: 
O legislador estabeleceu alguns vícios que que contaminam a posse, mas não significa a dizer que esse rol é exaustivo, esses três vícios que ele apontou são formas exemplificativas de violação da aposse. Exemplo: posse de um bem mediante estelionato, tomar a posse de um bem através de um estelionato. 
4. POSSE DE BOA-FÉ E POSSE DE MÁ-FÉ
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. 
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
Estar de boa-fé nos direitos reais no que diz respeito a posse, significa ignorar, desconhecer, qualquer impedimento para o exercício da posse, ou seja, alguém está na posse do bem acreditando que assim possa fazê-lo. Exemplo: A tem a posse de um imóvel pois acredita que foi abandonado. A boa-fé no direito é presumida, a má fé é que deve ser demonstrada. A presunção de boa-fé é relativa, ou seja, pode ser afastada por prova em contrário.
 
Justo título para fins possessórios é um documento que aparenta ser bom para transferência da posse, exemplo, uma sessão de direitos sobre a posse do bem. O possuidor de justo título presume-se que está de boa-fé. 
4.1 Significado (conceito utilizado para a posse e para a usucapião): 
Justo título possessório é o documento que estaria apto a transferir posse, por outro lado, justo título para usucapião, para transferir propriedade, domínio, é aquele documento que estaria hábil para transferir a propriedade, na posse o vício que ele ostenta. Exemplo: escritura de compra e venda falsificada. 
Possuidor de má fé é aquele que tem conhecimento, ciência, que sua posse é viciada de que não leva a aquisição da posse e tão pouco a prioridade 
Possuidor de boa-fé tem assegurado a indenização das benfeitorias úteis e necessárias e além disso tem direito de retenção da coisa. Ao contrário, o possuidor de má-fé não tem direito de retenção em hipótese alguma, e tem direito apenas a benfeitorias necessárias para que nãohaja enriquecimento sem causa
4.2 Transmudação da posse de boa-fé para de má-fé:
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
Essa posse de boa-fé pode perder o caráter positivo que tem a partir do momento em que fica evidente que o possuidor tomou conhecimento do vício, que ele não mais ignora o vício, de forma que deveria restituir o bem. A partir desse momento que ele não mas ignora ele passa a responder pelo bem na qualidade de dentear em razão da má-fé. Significa dizer que além disso, ele fica responsável pela perda da coisa. É possível que o possuidor passe a ter ciência do vício de várias formas como notificação, entre essas circunstâncias encontra-se a citação (para se defender – momento que doutrina entende que o possuidor tomou ciência do vício).
5. POSSE NOVA E POSSE VELHA
A distinção entre posse velha e posse nova, surgia a muitos tempos atrás no direito germânico que estava ligada ao plantio e a colheita, por que nesse caso se entendia que se o plantio e a colheita se desse dentro de um ano a posse seria nova e após isso a posse seria velha. 
Atualmente – posse nova é aquela posse que data em ano e dia, é aquela que ela dentro do período de ano e dia; a posse velha é aquela que está além desse período. 
A nossa legislação leva em consideração se a posse nova ou posse velha no sentido de considerar se nas ações possessórias haverá concessão ou não de liminar. Se na ação possessória estiver diante de um caso de posse nova, por parte do esbulhador, o autor da ação poderá pedir liminar, ou seja, para que seja reintegrado de imediato na posse, através de um mandato de reintegração de posse, para que então o processo judicial siga seu curso normal e para que essa liminar seja reapreciada quanto a sentença de reintegração de posse. 
Se a posse for velha embora caiba o processo de reintegração de posse não é possível a concessão de liminar. 
6. POSSE NATURAL OU CIVIL (OU JURIDICA)
Posse natural nada mais é que aquela posse exercida sem um título, sem causa, é uma posse estribada (fundamentada) em uma situação de fato. Exemplo: A entra em determinada fazenda e fica lá, toma posse dela. 
Posse civil também chamada de jurídica, é aquela que se fundamenta em um título jurídico. Exemplo: contrato de locação, comodato, compromisso de compra e venda. 
7. POSSE AD INTERDICTA E POSSE USUCAPIONEM.
A posse “ad interdicta” é chamada assim por que é aquela posse que pode ser protegida pelos chamados interditos possessórios (ações de defesa da posse).
A posse “usocapionem” é aquela posse que pretende fundamentar a futura aquisição da propriedade, do domínio e por isso em geral, vem acompanhada dos demais requisitos reclamados pela lei para a aquisição da propriedade pela usucapião. Exemplo: boa-fé, jsuto título, transcurso de tempo e etc. 
04 – AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE
1. MODOS DE AQUISIÇÃO DA POSSE
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
1.1 O modelo exemplificativo adotado pelo legislador: 
O legislador ao falar sobre os modos de aquisição da posse determinou que o exercício de alguns dos poderes, por tanto, de algumas qualidades próprias da propriedade indicam a ocorrência da posse, por tanto, vale dizer se alguém tiver a oportunidade de usar, gozar ou dispor da coisa será considerado possuidor. Não há necessidade de ter todos os atributos da propriedade, mas apenas um deles, por tanto, é uma forma exemplificativa de se indicar uma situação onde alguém tem posse, prova disso é que é possível se falar em posse em diante de outras situações e não estas indicadas no artigo 1.204, por exemplo, exercício do direito, ocupação e etc. 
1.2 Modo Originário e o Derivado de aquisição - consequências: 
A posse pode ser considerada originaria: naqueles casos onde não foi possível se identificar uma relação fática e jurídica entre o atual detentor da posse e o interessado seguinte, ou seja, neste caso não se é possível se identificar um vínculo jurídico entre pessoas no que diz respeito a transferência da posse, e da mesma forma não se identifica m vínculo, uma ligação psicológica entre essas pessoas. Exemplo: ocupação, usucapião – ocupa a posse, não há transferência. É dito originaria pois nasce de um fato jurídico e não um vínculo. 
A posse pode ser considerada derivada: quando se for possível identificar um vínculo psicológico, jurídico, entre duas ou mais pessoas pelo qual voluntariamente uma resolve transferir para outra a sua posse de determinado bem. Exemplo: a doação (transferência de domínio), empréstimo, locação, comodato (transferência de posse). 
Consequências - se a transferência se der de modo originária a posse não vai acompanhada de eventuais vícios possessórios, significa dizer que o novo possuidor não recebe a posse viciada, não recepciona vícios de posse diferente de obrigação como impostos. Agora se for posse derivada (ex. contrato de compra e venda) os vícios eventualmente existentes seguem a coisa, por isso o novo possuidor receberá a posse, mas uma posse contendo os mesmos vícios que o seu antecessor (ninguém transfere mais direitos que ninguém), exceto se o novo possuidor tenha possibilidade de dispensar o tempo transcorrido da posse anterior, “valerá daqui pra frente”. 
1.3 Os modos originários de aquisição da Posse: 
a) Apreensão da Coisa: primeira maneira de se adquirir a posse do bem é a apreensão da coisa, que diz respeito, ou se confundi, em regra com o contato físico, embora que no Brasil é adotado a teoria subjetiva da posse que não se confundi com o contato físico mas sim com a conduta de se comportar como possuidor. 
- Pela apropriação unilateral de coisa sem dono:
Esses casos dizem respeito a situação onde alguém toma posse de determinado bem que é encontrado e que foi dispensado por alguém, abandonada “res derelicta” ou que não possui dono “res nullius”. 
- Pela retirada da coisa de outrem sem a sua permissão:
Esse item refere-se à aqueles casos onde a posse tem início, origem, em comportamentos que pelo menos a princípio demostram uma posse viciada, são os casos de violência, clandestinidade, inversão da permissão. É possível que esse caso a mera detenção se transforme em posse e nesse caso, por tanto, possa ser defendida através das ações possessórias – ocorre se houver uma concordância do titular da posse; convalescimento do vicio no caso da clandestinidade – quando o titular da posse toma ciência da violação e nada faz a respeito ou então quando tomar conhecimento da clandestinidade tenta reaver a posse, mas é impedido violentamente; 
b) Pelo Exercício do Direito: 
Possível também se falar em aquisição da posse quando alguém exerce uma conduta que é identificada pelo legislador como uma conduta própria de exercício de direito, por tanto, um comportamento reiterado de alguém nas condições previstas pela lei, faz com que essa pessoa adquira ao menos a posse. São situações previstas no chamados direito de vizinhança, exemplo, passagem forçada, direito de águas, servidão e etc. 
c) Pelo fato de se dispor da Coisa ou do Direito: 
É possível que alguém possa por liberalidade dispor de determinado bem, de forma fática ou jurídica, é o que acontece no abandono, abandonar implica na ideia de dispor fisicamente de um bem, mas nesse caso é necessário se aliar duas situações, requisitos o animus e o corpus, isso por que a posse mediante abandono alheio só se concretiza quando ficar claro que o dono anterior de fato não quer mais ser o possuidor. Exemplo: alguém que abandona a bicicleta em um depósito de lixo. 
2. MODOS DERIVADOS DE AQUISIÇÃO DA POSSE
2.1 Hipóteses: 
a) Tradição: deriva de “tradir” que significa entregar, então tradição é o ato pelo qual alguém entrega determinado bem a outra pessoa, envolve disponibilidade física a princípio, pois no Brasil aderimos a teoria subjetiva. As espécies de tradição: 
- real:a tradição real é aquela que se opera mediante da transferência física de um determinado bem móvel a determinada pessoa, exemplo, A empresta seu veículo para B entregando-o. 
- simbólica: é aquela tradição que se opera mediante a entrega de determinado objeto que na verdade apenas simboliza o objeto principal da relação jurídica, apenas um ato simbólico de transferência de posse, não significa dizer que de fato está havendo a transferência física, é dizer ser uma presunção do legislador de que de fato ocorreu a transferência da posse. Exemplo: entrega da chave do veículo.
- ficta: a tradição nesse caso ocorre em casos em que o legislador entende por bem aceitar que houve a transferência de posse mesmo que ela não tenha ocorrido, simplesmente para se evitar transferências desnecessárias em razão de interesse e da manifestação da vontade das partes. Exemplo: “constituto possessório”, cláusula constituta – acontece quando alguém continua na posse de determinado bem, mas a partir de um certo momento assim o faz a outro título, significa dizer que ele era possuidor sobre determinado título, e agora continua sendo possuidor mas a outro título, em outra qualidade jurídica, uma inversão da qualidade da posse, exemplo, A proprietário de um veículo transfere esse veículo para B, mas sem contudo, transferir a posse, embora continue agora a título de empréstimo. O contrário também pode ocorre, se chama cláusula “brevi manu”, ocorre quando alguém tem a posse em uma determinada qualidade e por aquisição de domínio passa a ter a posse em outra qualidade, muito embora não tenha ocorrido a transferência física do bem, exemplo, A locatário tem a posse derivado do contrato de locação vem a adquiri o imóvel, transformando a sua posse em qualidade de proprietário, não precisou entrega o imóvel. 
b) Sucessão: quando se diz respeito a posse se diz tanto em ato “inter vivos” - efeitos são produzidos em vida pelos contratantes, exemplo, contrato de compra e venda de bem imóvel, em geral é singular; quanto em ato “causa mortis” - produz efeitos jurídicos somente quando há morte de pelo menos um dos contratantes, exemplo, sucessão legitima (quando se dá pela conformidade da lei isso ocorre quando o de cujos não deixa testamento) e testamentaria (ocorre quando o de cujus deixou uma disposição testamentária, aplica-se a ordem de sucessão testamentaria). Herdeiros necessários, ascendente, descendente e cônjuge herdem herança de qualquer maneira, mesmo contra a vontade do de cujus. 
- Móveis que se encontram nos imóveis: é um regra especifica do CC no caso da sucessão, uma presunção relativa do legislador (admite prova em contrário) que diz que eventuais móveis ou semoventes que se encontram em um determinado imóvel presume-se que também estão na posse de alguém que esteja com o imóvel. 
Está se falando nesse caso de pertences, que é diferente de acessórios. A diferença entre eles é a regra: o acessório segue o principal salvo disposição em contrário, ou seja, se integra ao bem, sendo que na maioria das vezes não é possível separa-lo sem danificar o bem; já o pertence não segue o acessório principal, também são utilidades que se colocam em um bem principal, mas não são incorporadas como os acessórios, não causam danos se retirados (ex. ar condicionado, móveis de uma sala). 
3. QUEM PODE ADQUIRIR A POSSE
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:
I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.
3.1 O interessado, seu representante o terceiro sem mandato:
O interessado é aquele que busca adquirir a posse sem a interferência de outra pessoa, e que por tanto pode seu tanto uma pessoa natural (física) quanto jurídica. 
Quando se fala em representante está se falando de alguém que adquire a posse não para si mas para outra pessoa, o representante pode ser legal ou convencional. O legal é aquele que age em nome/interesse de alguém por força da lei, por que a lei é quem lhe dá essa atribuição, exemplo, país que podem tomar posse em nome do filhos encapasses, tutor, curador e etc. O convencional é aquele que age em nome de alguém por força de um acordo de vontades, ou seja, de um contrato chamado mandato, alguém dá ou transfere poderes para outro para que o represente nos atos da vida civil, o instrumento que oficializa é a procuração (não é contrato e sim instrumento). 
3.2 O terceiro sem mandato: É possível que uma terceira pessoa sem autorização para tanto tome a posse de um determinado bem na presunção de que seria a sua vontade, evidentemente por ser uma presunção do interessado esse ato deverá ser ratificado pelo titular oportunamente, caso contrário não haverá validade (essa possibilidade não é exclusiva da posse, ocorre também na gestão de negócios). 
4. PERDA DA POSSE
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196.
4.1 Hipóteses: 
a) Abandono: perde-se a posse pelo fato do titular abandonar determinado bem de seu patrimônio, abandonar por tanto, significa se despir da posse. Exemplo: A deixa seu veículo abandonado em um terreno baldio. Não basta somente disposição física para sua configuração, é preciso o ânimo de disposição, ou seja, o abandono se caracteriza quando alguém após deixar determinado bem não se interessa por ele mesmo depois de avisado sobre o fato. Tem que ficar claro, pois talvez alguém se disponha temporariamente de um bem, sem se despir psicologicamente da posse, apenas fisicamente, não pode haver presunção e sim clareza. 
b) Perda da coisa propriamente dita: diz respeito ao desaparecimento da coisa, é possível, por tanto, que o determinado bem desapareça sem que possa se retomar a posse desse bem, no momento que se identifica que não é possível de retomar bem da posse, se caracteriza a perda jurídica da posse. No momento em que o titular desiste de procurar a posse, se caracteriza o desaparecimento do bem.
c) Destruição da Coisa: ocorre o perecimento do bem, ele se desfaz, perde sua essência, substancia, deixa de existir. O bem deixa de existir por vários fatores, tais como: fato natural – causas naturais, por exemplo, cai um raio em cima de um veículo, o bem perece e assim perece o direito; fato próprio – quando eu mesmo destruo o bem, exemplo, tentativa de enganar o seguro; fato de terceiro – quando alguém fora da posse destrói o bem. 
d) O exercício da posse por outrem: diz respeito aqueles casos em que alguém passa a exercer a posse que pertencia a outra pessoa. Isso acontece nos casos em que havia mera detenção da coisa, mas que por situações previstas pelo legislador, a detenção se transformou em posse. 
A posse por violência e clandestina (casos de detenção – ESTUDAR PROVA) pode se convalidar e se transformar em posse, exemplo, no caso de violência, o furto se torna posse quando o titular toma conhecimento mas não se importa com a posse exercida pelo furtador que se torna possuidor, não se torna dono. Exemplo no caso de clandestinidade, quando o titular toma conhecimento do apossamento indevido, ou o apossamento se torna o público e nada faz ou então quando ele tenta fazer e é impedido violentamente (física ou moral) 
5. PERDA DA POSSE PARA O AUSENTE
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.
5.1 O sentido da ausência e a retomada da coisa: 
6. RECUPERAÇÃO DE COISAS MÓVEIS E TÍTULOS AO PORTADOR
4.1 Disciplinas sobre reinvindicação de coisa móvel furtada no CC/16 e 2002: no código civil de 2016 havia uma previsão expressa naqueles casos que haveria possibilidade de recuperação de bens moveis que estariam na posse de terceira pessoa; no código de 2012 não se manteve essa regra, mas existe uma previsão que diz que a transferência feita por quem não é dono não transfere propriedade – se o comprador estar de boa-fé (não tinha conhecimento que a pessoa não tinha o domínio) é valido