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Questões Prejudiciais e Processos Incidentes

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DIREITO PROCESSUAL PENAL I 
 
 
 
Trabalho III - Regime Especial - CCJ0040 
 
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: Rosane Spindler 
Matrícula: 201801236305 / Turma: 3001 
 
 
 
 
 
Novembro 2019 
 
 
 
 
 
1. Introdução 
 
O processo penal tem por finalidade resolver uma dupla questão fundamental: se o delito 
realmente existiu (materialidade) e se o réu cometeu o crime (autoria). Se as duas 
questões forem respondidas de modo afirmativo, o acusado será condenado e, caso 
contrário, será absolvido. 
 
Porém, podem aparecer controvérsias que devem ser resolvidas antes da questão 
principal. Tais controvérsias são chamadas de questões e processos incidentes, ou seja, 
discussões que têm relação com o crime ou com o processo e devem, necessariamente, 
ser resolvidas, antes da questão principal. 
 
“Incidente é aquilo que sobrevém. Questão é discussão, controvérsia. Assim, questões 
incidentes são aquelas controvérsias que podem surgir no curso do processo (rectius: 
procedimento) e que devem ser solucionadas pelo juiz antes da decisão da causa 
principal. Quando surgem, não podem ser apreciadas nos autos da causa principal, 
devendo ser objeto de um processo a parte, que normalmente fica apensado àqueles, 
precisamente para não criar balbúrdia processual”. 
(Tourinho) 
 
São espécies de questões e processos incidentes: 
 
I) questões prejudiciais (arts. 92 a 94); 
 
II) processos incidentes (arts. 95 a 154), que se dividem em: 
 
a) exceções (arts. 95 a 111); 
b) incompatibilidade e impedimentos (art. 112); 
c) conflito de jurisdição (arts. 113 a 117); 
d) restituição das coisas apreendidas (arts. 118 a 124); 
e) medidas assecuratórias (arts. 125 a 144); 
f) incidente de falsidade (arts. 145 a 148); g) incidente de insanidade mental do acusado 
(arts. 149 a 154). 
 
 
2. Questões prejudiciais (arts. 92 a 94) 
 
São aquelas relativas à existência do crime e que condicionam a decisão da questão 
principal. São espécies de questões prejudiciais: 
 
I) questões prejudiciais homogêneas – devem ser decididas no próprio juízo penal (ex: 
exceção de verdade no crime de calúnia – art. 138, § 3°); 
 
II) questões prejudiciais heterogêneas – devem ser resolvias em outro ramo do direito 
(cível, trabalhista, administrativo etc) e dividem-se em: a) obrigatórias – art. 92 – versa 
sobre estado civil e torna imperativo a suspensão do processo (ex: ação de anulação de 
casamento e crime de bigamia); b) facultativas – art. 93 – aborda outras questões, sendo 
permitido ao juiz suspender ou não o processo (ex: controvérsia sobre a propriedade e 
crime de furto). 
 
 
3. Processos incidentes (arts. 95 a 154) 
 
São eventualidades que podem aparecer no decorrer do processo e devem ser resolvidas 
no próprio juízo criminal. 
 
 
3.1 Exceções 
 
O acusado pode se defender de duas formas: a) diretamente, quando ataca a imputação 
que lhe é feita pela acusação (negando a autoria, por exemplo); ou b) indiretamente, 
quando ataca o próprio processo, com o objetivo de extingui-lo sem o julgamento do 
mérito ou de, simplesmente, retardar o seu prosseguimento. 
 
Essa defesa indireta é denominada exceção e se divide em: a) peremptória, que impede o 
processo e julgamento do fato (coisa julgada e litispendência); b) dilatória, que prorroga a 
duração do processo, possibilitando, ainda, o julgamento do fato (suspeição, 
incompetência e ilegitimidade de parte). 
 
 
3.1.1 Exceções peremptórias 
 
Uma pessoa não pode ser processada ou julgada mais de uma vez pelo mesmo fato 
(proibição do bis in idem). Assim, se dois ou mais processos correrem simultaneamente 
dar-se-á a litispendência e o que se iniciou por último deve ser extinto. 
 
Da mesma forma, se um processo chegou ao fim, isto é, a sentença transitou em julgado, 
impedindo qualquer recurso, a pessoa não pode mais ser julgada com relação àquele 
fato. Esse fenômeno é denominado coisa julgada e também impede a instauração de 
novo processo sobre o crime já julgado. 
 
 
3.1.2 Exceções dilatórias (arts. 95 a 111) 
 
Podem ser de: 
 
a) suspeição – os órgãos responsáveis pela condução do processo penal devem ser 
imparciais, assim, se o juiz, o Ministério Público (MP) ou mesmo o perito incidirem tiverem 
relação com alguma das partes (art. 254) devem ser afastados do processo e os atos 
praticados serão considerados nulos (art. 564, I); 
 
b) incompetência – todo juiz tem o poder de “dizer o direito”, isto é, aplicar o direito ao 
caso concreto (jurisdição). Porém, esse poder não é absoluto, devendo ser observadas 
algumas regras que o delimitam. Essa delimitação é denominada competência. A exceção 
é dirigida ao próprio juiz, que pode aceitá-la, remetendo os autos ao juiz competente, ou 
recusá-la, continuando no feito (art. 108). Da decisão que aceitar, cabe recurso em 
sentido estrito (art. 581, II) e da decisão que recusar a exceção, cabe habeas corpus; 
 
c) ilegitimidade de parte – para atuar nos pólos passivo (réu) ou ativo (acusador) do 
processo penal é preciso que sejam preenchidos determinados requisitos (ex: nas ações 
penais privadas, apenas o ofendido ou o CADI podem figurar no pólo ativo). O fato pode 
voltar a ser julgado se as partes legítimas estiverem em seus pólos. 
 
 
3.2 Incompatibilidades e impedimentos (art. 112) 
 
O impedimento, tal qual a suspeição, afeta a parcialidade dos órgãos responsáveis pela 
condução do processo. Porém, é mais grave, pois o juiz não pode exercer jurisdição no 
processo, por estar interessado em determinada solução da causa. As hipóteses de 
impedimento estão previstas no art. 252 e 253 e tornam o ato inexistente. Já a 
incompatibilidade cuida dos casos de parcialidade não previstos para a suspeição e 
impedimento e geralmente são previstas nas leis de organização judiciária. 
 
 
3.3 Conflito de jurisdição (arts. 113 a 117) 
 
Como visto, a competência é a delimitação da jurisdição. Se o réu considerar que 
determinado juiz é incompetente para o julgamento da causa, essa incompetência pode 
ser argüida por meio de exceção. Porém, essa não é a única forma de resolver as 
controvérsias relativas à competência, o que pode ser feito também por meio do chamado 
“conflito de jurisdição” (art. 113). 
 
O conflito de jurisdição pode ocorrer nos seguintes casos (art. 114): a) dois ou mais juizes 
se consideram competentes (conflito positivo) ou incompetentes (conflito negativo) para 
julgar a causa; b) quando aparecer controvérsia sobre junção ou separação de processos. 
Ao contrário da exceção de suspeição, em que só o réu pode suscitar o incidente, no 
conflito de jurisdição, podem fazê-lo (art. 115): a) qualquer das partes (autor e réu); b) o 
MP, mesmo quando não for parte; c) qualquer dos juizes ou tribunais interessados na 
causa. 
 
 
3.4 Restituição das coisas apreendidas (arts. 118 a 124) 
 
Uma das primeiras atribuições da autoridade policial durante o inquérito é apreender os 
objetos que tenham relação com o fato criminoso (art. 6°, II). Também existe durante o 
processo a medida cautelar de busca e apreensão (art. 240). O objetivo desses 
procedimentos é auxiliar na elucidação do crime. 
 
Desses objetos apreendidos, podem ser restituídas, antes de transitar em julgado a 
sentença condenatória, aquelas peças que não interessarem a o processo (art. 118). Nos 
outros casos, a restituição se dá com o trânsito em julgado da sentença (art. 119), a não 
ser que se trate de (CP, art. 91, II): a) instrumentos do crime, cujo uso, porte ou 
fabricação, seja considerado ilícito; b) produto do crime ou qualquer bem ou valor que 
constitua proveito auferido pelo agente com a prática do crime. Mesmo nesses casos, a 
restituição pode ser feita se os objetos pertencerem ao lesado ou terceiro de boa-fé. 
 
 
3.5 Medidas assecuratórias (arts. 125-144) 
 
A finalidade principal do processo penal é descobrir a verdade dos fatos, condenando ou 
absolvendo o réu. A sentença condenatória, além de aplicar ao réu uma pena, gera 
também as seguintes conseqüências: impossibilitar ao agente quetenha lucro com a 
atividade criminosa; dá direito à vítima ao ressarcimento dos danos causados; e pode, 
eventualmente, obrigar o condenado ao pagamento de uma pena pecuniária. 
 
Para que o processo tenha condições de gerar essas conseqüências, o CPP previu as 
medidas assecuratórias: providências tomadas no curso do processo que objetivam 
assegurar o direito à indenização da vítima do crime, o pagamento de eventual pena 
pecuniária ou evitar que o acusado obtenha lucro com a atividade criminosa. 
 
Nesse sentido, as medidas assecuratórias são as seguintes: a) seqüestro (arts. 125-133) 
– medida assecuratória consistente em reter os bens móveis e imóveis do acusado 
quando adquiridos com o proveito da infração penal; b) hipoteca legal (arts. 134-137) - 
medida assecuratória que torna indisponíveis os bens imóveis do acusado adquiridos 
legalmente; c) arresto (art. 137) - medida assecuratória que torna indisponíveis os bens 
móveis do acusado adquiridos legalmente. 
 
 
3.6 Incidente de falsidade (arts. 145-148) 
 
Tendo o processo penal a função de buscar a verdade dos fatos, tal qual eles 
aconteceram, é essencial que o juiz utilize provas verídicas, pois uma prova falsa pode 
levar a um erro judiciário, condenando um inocente ou absolvendo um culpado. Uma das 
provas mais importantes é o documento, que é qualquer objeto que expresse uma idéia a 
respeito de fato relevante para o processo. 
 
Assim, se houver controvérsia sobre a autenticidade de um documento, far-se-á um 
procedimento a parte que definirá a sua veracidade ou não. Esse procedimento é 
denominado incidente de falsidade. 
 
 
3.7 Insanidade mental do acusado (arts. 149-154) 
 
Crime é fato típico e ilícito. A culpabilidade é pressuposto de aplicação da pena e se 
compõe de imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e potencial conhecimento da 
ilicitude. A imputabilidade é a capacidade de ser responsabilizado por determinado crime. 
Para ser imputável, alguém deve ser capaz de compreender o ilícito e de se comportar de 
acordo com essa compreensão. 
 
A pessoa que não tem esse discernimento e/ou essa liberdade é inimputável. A causa 
dessa inimputabilidade pode advir de doença mental, desenvolvimento mental incompleto 
ou retardado (CP, art. 26) ou da menoridade (CP, art. 28). Esse último caso não nos 
interessa, pois o menor de 18 anos e maior de 12 que cometa crime (chamado de ato 
infracional) é julgado de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o 
menor de 12 anos não é responsabilizado, podendo contar ainda com medidas protetivas. 
 
A pessoa portadora de insanidade mental não pode ser punida, nem condenada, pois não 
tem capacidade de se responsabilizar pelos próprios atos. Pode, porém, ser processada, 
e, caso o juiz considere que o réu cometeu um fato típico e ilícito, lhe aplicará uma 
medida de segurança, espécie de sanção voltada para a cura e tratamento. 
 
Pois bem. Se, durante o processo ou inquérito, surge dúvida a respeito da sanidade 
mental do acusado, o juiz deve instaurar uma perícia médico-legal para esclarecer a 
situação. A perícia pode mostrar uma das seguintes possibilidades: 
 
a) o acusado não é insano – o processo continua normalmente; 
 
b) o acusado é insano – o juiz deve nomear um curador, que é um representante legal do 
réu. Podem ocorrer as seguintes hipóteses: 
I) o acusado se tornou insano após o cometimento do crime – o processo fica suspenso 
até o seu restabelecimento, podendo ser internado em manicômio (CPP, art. 152); 
 
II) o acusado já era insano ao tempo do crime. A insanidade pode ser verificada no 
inquérito, durante o processo ou mesmo após a condenação. No último caso, a pena será 
substituída por medida de segurança (LEP, 183). 
 
 
4. Sistemas de solução 
 
4.1 Sistema do predomínio da jurisdição penal: Por este sistema a questão principal deve 
ser solucionada pelo próprio juiz penal. 
 
4.2 Sistema da separação jurisdicional absoluta ou da prejudicial obrigatória: De acordo 
com este sistema, se a questão prejudicial for de natureza extrapenal deverá ser, 
obrigatoriamente, solucionada no juízo competente. 
 
4.3 Sistema eclético ou misto: Por este sistema a questão prejudicial é decidida tanto pelo 
juiz penal como pelo juiz extrapenal. 
 
 
5. Sistemas adotados no Brasil 
 
O sistema pátrio adotado é o misto, ex-vi do art. 93 do CPP, bem como o sistema da 
separação jurisdicional absoluta, quando se tratar de prejudicial relativo ao estado de 
pessoas (art. 92 do CPP).

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