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Tratamento Farmacológico da Obesidade

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Tratamento Farmacológico da Obesidade 
ANFETAMINAS E SEUS DERIVADOS 
A anfetamina tem tendência a dependência: O uso de anfetamina depois de um determinado tempo causa uma deterioração tanto física quanto cerebral. 
Inicialmente foi utilizada para narcolepsia, que é a pessoa que tem tendência a dormir em horas improváveis e em qualquer momento e qualquer condição. O uso dela para narcolepsia era associado a redução de ingesta alimentar e isso mostrou que ela era eficaz na supressão do apetite. Portanto, começou a ser utilizada como inibidor de apetite. Só que se observou também que ela deixava a pessoa mais ligada e ativa, passando a ser usada como droga de abuso e recreação -> mais acelerada e com menos sono. 
A atividade da anfetamina está ligada à sua capacidade de penetrar na barreira hematoencefálica e atuar de forma direta e indireta na transmissão adrenérgica, estimulando-a a nível central e periférico. A nível central, esse tipo de uso dessas substâncias se associa a um aumento da vigília (redução da necessidade de sono) e há uma redução do estímulo da fome (aumento do estímulo da saciedade e redução da sensação de fome). Além, disso gera outros efeitos no sistema nervoso central. 
Também gera efeitos periféricos, cardiovasculares de aumento da atividade adrenérgica como um todo mão fria, FC aumentada etc. 
ANFEPRAMONA E FENPROPOREX – são anfetaminas. São as mais utilizadas para redução de peso historicamente. 
· EFEITOS: 
· 
· Euforia
· Aumento de energia e alerta
· Anorexia
· Termogênese
Obs.: por que ainda são utilizadas como drogas de recreação? Euforia e aumento de energia. Isso ajuda a pessoa a tocar a vida com mais disposição e mais feliz. Porém, leva a anorexia e a termogênese (aumenta a produção de calor corporal – acelera o metabolismo e aumenta o consumo de elementos, ou seja, há perda ponderal). 
· FARMACOCINÉTICA:
· Bem absorvidas por via oral
· Pico plasmático: 1 a 2 horas (relativamente rápido)
· Meia-vida: 6 a 10 horas (são geralmente usadas pela manhã para reduzir o apetite ao longo do dia) 
· Metabolização hepática 
· EFEITOS COLATERAIS:
· Insônia (efeito da atividade central)
· Ansiedade (efeito da atividade central)
· Cardiotoxicidade (efeito da atividade periférica)
· Tolerância e dependência – é o grande problema do uso a longo prazo. A tolerância é a necessidade de doses cada vez maiores para a obtenção do mesmo efeito. Passado um determinado intervalo de tempo, o efeito começa a ser reduzido e a pessoa volta a sentir fome. A dependência é quando você tirava o medicamento e a pessoa tinha uma sensação de desconforto, fadiga e mal-estar, buscando novamente o medicamento para se manter “bem”. Com os efeitos tóxicos e esses elementos de dependência e tolerância, essas drogas foram proibidas e retiradas do mercado. Antigamente, podia comprar nas farmácias.
Existe hoje uma situação complicada dos derivados anfetamínicos utilizados de forma regular para o tratamento tanto para transtornos de atividade (déficit de atenção por ex) quanto para a questão de narcolepsia. Essas substâncias têm sim algum grau de redução da sensação de apetite, mas elas não têm atividade sacietógena que as anfetaminas apresentavam. Essas drogas têm uma capacidade de diminuir um pouco a compulsão mas de forma bastante limitada que não tem uma repercussão final de perda ponderal. Não são portanto pensados nesse sentido pois os estudos não mostram uma eficácia real. 
SIBUTRAMINA 
A sibutramina é uma droga que inibe a recaptação de terminais sinápticos serotoninérgicos e noradrenérgicos. Ela reduz especialmente a sensação de compulsão e fome pelo doce. Tem uma ação anorexígena, porém inferior as anfetaminas. Tem uma tendência a aumentar a saciedade, aumentar a termogênese e diminuir o peso corporal de forma limitada e que também tem uma tendência a ter seu efeito reduzido ao recorrer do uso prolongado. 
· FARMACOCINÉTICA:
· Bem absorvida por via oral (77%)
· Intenso metabolismo hepático: metabólitos ativos (N-desmetilsibutramina e N-di-desmetilsibutramina)
· Meia-vida longa de 16 horas (dose intermediária pela manhã)
· Dose usual de 10-15 mg/dia
· Eliminação renal
· EFEITOS COLATERAIS: 
· 
· Cefaleia
· Ressecamento da boca
· Constipação 
· Insônia (SNC)
· Elevação da pressão arterial
· Taquicardia
· HAP (hipertensão arterial pulmonar)
Essa droga chegou a ter sua venda proibida por causa desses efeitos e depois de muita polêmica, como era a única coisa que se tinha efetividade com relação à saciedade e ajuda para perder peso, voltou ao mercado com um receituário especial (receituário azul controlado). Passou a ser vista como uma droga que pode ser utilizada mas com um determinado grau de monitoramento desses aspectos. O que se viu não é toda pessoa evoluindo com esses efeitos indesejáveis mas o que se considera é que o médico que trata seu paciente com sibutramina tem que estar atento as potenciais problemáticas, como por exemplo níveis pressóricos elevados, variação da frequência cardíaca e identificar sintomas que podem sugerir evolução para HAP. 
A parte psíquica da sibutramina é ambígua: em alguns pacientes, observa-se que a sibutramina produz uma melhora de humor e essa melhora de humor (funciona como antidepressivo), mas em outros ela produz um efeito psíquico péssimo, aumentando níveis de ansiedade, aumenta níveis de irritabilidade etc. Deve-se ficar atento nesse aspecto. Cada pessoa reage de uma forma. 
ORLISTAT
Inibidor da lipase. É um dos medicamentos de uso mais livre com menos potenciais de problemas que ajuda na perda ponderal. 
Ele faz inibição da lipase intestinal inibindo o processo de digestão de triglicerídeos. Através da inibição de lipases, ele consegue reduzir a metabolizalição e absorção de gorduras, que é uma fonte de caloria. A partir do momento em que há uma redução na absorção de gorduras, você absorve menos calorias. Mas, essas gorduras vão parar nas fezes. Portanto, se os pacientes usam orlistat eles têm que ser orientados pois vão ter uma mudança no seu padrão intestinal e essa mudança está ligada ao aumento da quantidade de gordura nas fezes, que causa diarreia gordurosa. Especialmente se ele comer muita gordura. A gordura está presente em vários alimentos, não só aqueles vistos como “gordurosos”. Deve-se ter uma dieta equilibrado e o orlistat ser um adutivo para reduzir a absorção de gordura e aumentar a perda ponderal. Se você aumentar muito a ingesta, vai ter um aumento da diarreia gordurosa e aumento da absorção também. Detalhe que ele só interfere na absorção da gordura, portanto as calorias derivadas de carboidratos por exemplo não sofrem influência do orlistat. Existem relatos de pacientes que começaram a fazer o uso desse medicamento de forma compensatória: vou enfiar o pé na jaca e tomar orlistat. 
· EFEITOS COLATERAIS:
· Diarreia: evitar alimentos ricos em lipídeos pelo risco de diarreia (efeito antabuse)
· Fezes oleosas
· Redução da absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) – deve-se monitorar esses níveis plasmáticos
· Flatulência 
· Incontinência fecal
O orlistat é visto como uma opção interessante em termos de segurança, mas seu grande aspecto negativo é não reduzir a assimilação de carboidrato. Se a pessoa comer muito açúcar, muito doce, muita massa, o orlistat não vai trazer um benefício grande. Portanto, continua dependendo de deita e atividade física. 
SISTEMA ENDOCARNABINOIDE - RIMONABANTO
É um dos medicamentos mais polêmicos pois está ligado aos inibidores do sistema endocarnabinoide. 
 Esse sistema possui dois receptores (CB1 e CB2) com várias concentrações em vários locais, cuja ativação se leva ao aumento da intensidade de fome. 
O rimonabanto é um bloqueador desses receptores (CB1 e CB2), logo um “bloqueador da fome”
· CB1: receptor CB mais disseminado nos tecidos de mamíferos e maiores concentrações em algumas áreas do cérebro e na periferia, como o tecido adiposo 
· CB2: células do sistema imune 
Através do bloqueio desses receptores, o rimonabanto tem uma tendência a diminuir a ingestão de comida, aumenta a atividade cognitiva e reduza lipogênese (reduz a dislipidemia e a resistência à insulina), aumenta a captação de glicose reduzindo a resistência à insulina e reduz a glicogênese, aumentando a sensação de saciedade.
Quando esse medicamento foi lançado, ele teve um excelente tipo de resposta terapêutica inicial. Essa resposta foi legada a uma redução do peso e da gordura abdominal e visceral, que é a gordura mais associada a mortalidade. A ação dele no SNC: redução da ingesta metabólica e aumento da saciedade através dos estímulos vagais, aumento de termogênese, redução da produção de gordura, aumento de maturação do adipócito sem acúmulo de lipídios (adipócito pequeno e sem gordura). 
Se você bloquear esse receptor, há um aumento de depressão e suicídio. Fora outras coisas menos importantes como sono e ansiedade. Essa depressão e suicídio fez com que ele tivesse sua comercialização suspensa. 
É considerado um dos melhores medicamentos em redução de peso e melhora de perfil metabólico, além da redução de gordura abdominal e visceral. 
INCRETINOMIMETICOS 
Foram recentemente liberados para o tratamento da obesidade. São medicamentos ligados ao tratamento do diabetes. As incretinas são liberadas no intestino em resposta a chegada do alimento e tem o GLP-1 e o GIP, que tem uma relação grande com o desenvolvimento de diabetes mellitus tipo II.
· Análogos do GLP1
· Inibidores da DDPP IV
INCRETINAS: hormônios secretados pelas células endócrinas localizadas no epitélio do intestino delgado.
· GLP-1 (glucagon-like-peptide-1): o mais importante na patogenia do DM2
· GIP (glucose-dependente insulinotropic peptide)
A redução da atividade dessas moléculas, principalmente a GLP-1, se associa a efeitos que determinam o desenvolvimento do paciente no diabetes mellitus tipo II. A ideia é que se você conseguisse aumentar a presença de incretinas no corpo, você teria uma efetividade direta no processo fisiopatológico do diabetes, reduzindo a progressão da doença e regenerando a célula beta. Um dos motivos disso é que essas substâncias são importantes para reduzir a liberação de glucagon e o glucagon é hiperglicemiante. Eles não seriam na verdade medicamentos hipoglicemiantes, mas anti-hiperglicemiantes. São medicamentos com efetividade no diabetes com baixo risco de hipoglicemia. Especialmente o GLP-1, quando produzido no intestino, a porção que consegue atingir a corrente sanguínea depois de sair do intestino e passar pelo fígado, ele tem efeitos cardioprotetores, de neuroproteção e redução do apetite, reduz a velocidade de esvaziamento gástrico e aumenta a sensação de saciedade. Portanto, o GLP-1 reduz a liberação de glucagon no pâncreas e como resultado teria um aumento da sensibilidade das células a insulina endógena, um aumento de biossíntese pancreática de insulina, melhora a capacidade de vida da célula beta, fazendo com que ela se prolifere enquanto que ela diminui a apoptose, melhora a captação de glicose e armazenamento a nível periférico, reduz a liberação de glicose hepática induzida pelo glucagon e aumenta a disponibilidade de insulina ativa na circulação. Esse efeito é benéfico do ponto de vista do controle do diabetes. Mas, isso mostra que quando a comida chega no intestino, a nível de íleo, há receptores de estímulo gustativo, e, quando são estimulados na presença de alimento, são responsáveis pela liberação do GLP-1, que tem todos esses efeitos que culmina com a perda de peso. Portanto, leva a redução do peso corporal. É uma droga anti-diabética com excelente grau de proteção pancreática e cardiovascular, sem risco de hipoglicemia e associada a perda ponderal. 
INCRETINOMIMETICOS: perda de peso + potencial regenerador da célula beta (redução da apoptose) + redução da hiperglucagonemia
Pacientes com DM tipo 2, além da resistência periférica de insulina, possuem uma redução dos níveis de GLP1, insulina e não contribuindo para a supressão do glucagon. 
São análogos ou agonistas do GLP-1, resultando em ações farmacológicas semelhantes às do próprio GLP-1.
1) ANÁLOGO DO GLP-1 - LIRAGLUTIDA
· Análogo sintético do GLP-1 com ações glicorregulatórias semelhantes ao próprio GLP-1 (reduz a glicemia pós-prandial + reduz a glicemia de jejum + aumenta a secreção de insulina após as refeições + suprime a produção pós-prandial de glucagon) 
· Reduz em até 0,8% a hemoglobina glicada 
· Náuseas e outras queixas gastrointestinais leves 
2) ANÁLOGO DO GLP-2 – EXENATIDA
· Outro análogo sintético do GLP-1 sintetizado a partir da Exendina (composto natural encontrado na glândula salivar do lagarto Heloderma suspectum) 
· Ações semelhantes a liraglutida
· Maior resistência a DPP-IV, apresentando maior meia-vida 
· Sintomas gastrointestinais leves 
Existem dois medicamentos que atuam em relação a incretina. O GLP-1 não tem aplicação eficaz pois sua meia-vida é extremamente curta. Você tem dois tipos de substâncias utilizadas:
Agonistas do GLP-1. Se ele é uma molécula de natureza peptídica, não pode dar esse remédio pela boca, pois vai ser digerido. São drogas injetáveis. O que eles têm de diferença em relação ao GLP-1? Aumento da duração do efeito (aumento da meia-vida) ou seja, os análogos do GLP-1 que são aplicados subcutaneamente e que tem o efeito do GLP-1 com duração orgânica maior. São eles: liraglutina e exenatina. 
A DPP-IV é a enzima que degrada o GLP-1. Você dá um remédio que reduz a degradação do GLP-1 (não produz GLP-1), aumentando sua meia-vida. Esses medicamentos aumentam a quantidade de incretina circulantes e são drogas de uso oral. 
Quem realmente tem efeito de redução de peso é o análogo. O inibidor da DPP-IV não teve efeito na mudança de peso corporal. Portanto, os análogos de GLP-1, tem uma capacidade de produzir uma série de operações que se associam ao controle da glicemia e ela produz náusea (acaba ajudando na redução alimentar) e outras queixas gastro-intestinais. Essa perda ponderal porém e limitada e também depende de dietas e exercícios físicos, mas é um medicamento que mostra efetividade clara nesse sentido. 
Quando você compara em relação a perda ponderal, o inibidor de DPP-IV, não muda o peso corporal. Vários antidiabéticos aumentam o peso, o que é ruim para o diabético. Esses agonistas direto fazem com que você tenha uma redução de peso. 
· Não é uma coisa mágica: não é como as pessoas sonham, continua dependendo de atividade física e dieta
· Esses medicamentos são de uso injetável regular, o que reduz um pouco a adesão ao tratamento
· São extremamente caros. A liberação recente de uma forma da liraglutida para redução de peso corporal com uma dose mais alta custa em torno de 500/600 reais o mês de tratamento. Foram liberadas para tratamento para obesidade mas são vistas como medicamentos muito ligados a uma necessidade conjunta: pessoa diabética precisando de controle glicêmico superior que também tem peso corporal elevado. Pode ser usada exclusivamente para perda corporal? Pode. Mas tem que conversar com o paciente, além de ter um poder econômico e tem que saber que não está recebendo injeção mágica. A grande frustração desses pacientes é não emagrecer magicamente. É eficaz dentro de um limite. 
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DE RESISTÊNCIA A INSULINA 
BIAGUANIDAS 
Ex.: metformina. É usada como droga para tratar a diabetes e pode ser usada como droga para perder peso corporal. A metformina é uma das drogas mais utilizadas no diabetes tipo II e tem vários efeitos positivos, entre eles uma redução da obesidade, especialmente abdominal. Tem uma tendência a causar náusea e reduz ganho de peso, teoricamente facilitando perda ponderal. Uma grande vantagem dela é um medicamento antigo e disponível nas farmácias. Mas, os estudos voltados para perda ponderal vão ver que na verdade a metformina não reduz perda ponderal. Pode até ter um efeito benéfico metabólico e em algumas pessoas causar náusea que reduz a ingesta alimentar, mas a gente não viu o resultado técnico dessa droga como droga para perda ponderal. 
· FARMACOCINÉTICA: 
· 
· É absorvida pelo intestino delgado
· Não se liga a proteínas plasmáticas 
· Meia-vida de duas horas· É excretada inalterada na urina
· 
· EFEITOS COLATERAIS: 
· Diarreia 
· Desconforto abdominal 
· Gosto metálico
· Anorexia
· Redução de absorção de vitamina B12
· Acidose lática: doses altas de metformina em pacientes de doenças crônicas cardiorrespiratórias pode causar acidose lática potencialmente fatal (difícil quadro de reversão) 
Na verdade, quem perde peso com a metformina é quem tem muito efeito colateral da metformina. Mas quem tem muito efeito colateral, quer parar de tomar o remédio.
TIAZOLIDINEDIONAS (GLITAZONAS)
Também está associada ao diabetes e tem sido vista como adjuvante na perda de peso. 
Elas são vistas como potencializadoras da ação celular da insulina, fazendo com que a insulina presente na célula tenha uma efetividade mais expressiva, estimulando a transcrição de genes ligados a insulina e melhorando a resposta corporal a insulina reduzindo a resistência à insulina. 
As glitazonas foram vistas como moléculas que através dos seus tipos de efeitos melhorando a ação da insulina, teriam atividade anti-inflamatória e determinados tipos de atividades metabólicas de redução de gordura, que levaria a uma redução da aterosclerose e principalmente redução da esteatose hepática (redução do acúmulo de gordura do fígado). Pacientes diabéticos que tem esteatose hepática pronunciada, essas drogas têm um efeito especialmente interessante, porque além de sua ação anti-diabetica, anti-inflamatória de proteção cardiovascular, ela reduz acúmulo de gordura no fígado pelos seus efeitos. 
· FARMACOCINÉTICA:
· 
· São rapidamente absorvidas
· Pico plasmático: duas horas
· Ligam-se fortemente a albumina 
· Meia-vida plasmática: 3 a 4 horas
· São metabolizadas pelo citocromo P450
· 
· EFEITOS COLATERAIS – especialmente em pessoas com idade avançadas e com algumas doenças 
· Hepatotoxicidade (algumas delas foram até retiradas do mercado – deve-se monitorar a função hepática do paciente) 
· Edema e expansão de volume plasmático (não devem ser usadas na insuficiência cardíaca moderada ou grave) – apesar de ser uma droga com proteção cardiovascular, a retenção hidrossalina pode desencadear insuficiência cardíaca ou agravar a pré-existente
· Anemia dilucional
· Aumento de peso – por ela reter líquido, ela pode aumentar o peso, mas esse aumento de peso não é ligado a obesidade, mas sim por retenção hidrossalina
Essa medicação tem um perfil paradoxal: tem efeitos protetores cardiovasculares e anti-inflamatório e efeitos tóxicos cardiovasculares e hepáticos. Então ela tem um aspecto positivo e um negativo. Tem sido vistas como drogas que podem reduzir o peso corporal mas especialmente reduzir a baixa de gordura desde que acopladas a novos elementos (não é vista como uma droga para reduzir peso). É uma droga para diabetes especialmente com esteatose hepática – não é para perder peso exclusivamente. 
INIBIDORES DA SGLT-2
Dapaglifozina, empaglifozina, kanaglifozina. São medicamentos que foram lançados há não muito tempo. 
· Bloqueiam o co-transportador de sódio-glicose a nível renal
· Reduzem a absorção renal de glicose – promove glicosúria não patológica (farmacológica) – se você coloca glicose para fora na urina, você tem um efeito diabético. Se você perde glicose, perde caloria, o que está associado a perda ponderal. A reabsorção de glicose é feita através do co-transporte de sódio, então ele também reduz o conteúdo de sódio corporal tendo efeitos positivos no controle da pressão arterial e da hipervolemia. Alguns pacientes com doenças cardíacas, como a insuficiência cardíaca, podem ter melhora na situação clínica.
· Úteis no DM tipo 2 em monoterapia ou combinada
· Contraindicados em DM tipo 1, pode dar mais cetoacidose diabética e insuficiência renal (não atua nesse caso)
· Se associam a perda ponderal e redução dos níveis pressóricos 
· Muito bem tolerados, discreto aumento de ITU (pode aumentar infecção urinária e cadidiase genital no sexo masculino principalmente), custo elevado (120/130 reais o mês de tratamento)
· Contraindicação: TGF menor 45 ml/min
Tem um nível de segurança bom. Está sendo estudada para saber se pode ser indicada tecnicamente como coadjuvante na IC e se ela pode ser usada como coadjuvante para perder peso. No momento, o previsto é o uso para o tratamento para DM tipo 2.
GLIFOZINAS 
· 
· Controle da glicemia 
· Diminuição da PA – redução de peso
· Redução da microalbuminúria
· Diminuição da mortalidade CVC (-38%), mortalidade geral (-32%), redução ICC
OUTROS MEDICAMENTOS 
· Alguns estão disponíveis no Brasil. 
· Naltrexona
· Bulpropiona
· Topiramato
· Fentermina
· Topiramato + Fentermina (Qsymia)- talvez seja o mais promissor de todos
· Locarsenina 
QSYMIA
Está sendo testado. Tem duas moléculas com ação que se complementam e que uma reduz o efeito colateral da outra e reduz a dose final. 
O topiramato foi lançado como anti-convulsivante, que não funciona bem. Quem tinha enxaqueca e epilepsia e tomava o topiramato, ele não melhorava a epilepsia, só a enxaqueca. Hoje em dia, é um dos medicamentos mais usados no tratamento profilático da enxaqueca, ou seja, é excelente para quem tem enxaqueca clássica (não é para a crise, mas é usado regularmente para reduzir a frequência e intensidade das enxaquecas). É também utilizado como droga anti-depressiva em alguns casos de depressão bipolar e também reduz a compulsão alimentar, especialmente em doses mais altas. Mas nessas doses mais altas, leva a um déficit de memória e de atenção -> a pessoa fica lesada (“touperamato”). Portanto, as doses necessárias para reduzir a compulsão alimentar e perda ponderal são associadas a um tipo de efeito psíquico negativo. 
A fentermina em doses isoladas e em doses mais altas, também tem diversos efeitos colaterais associados a ela. Quando você usa você usa os dois juntos, você consegue usar doses mais baixas de topiramato e de fentermina, melhorando o resultando final. Esse tipo de associação é que vem sendo um medicamento com um certo sucesso -> é muito recente em termos de chegada, por isso temos que tomar cuidado. Precisa verificar a longo prazo os efeitos colaterais.
NALTREXONA 
É vista como uma droga que inibe a compulsão alimentar, portanto não seria para qualquer paciente com sobrepeso e obesidade. Seria para aqueles com compulsão alimentar, aquele pessoa que come por momentos em que tem que comer o alimento e não consegue resistir. Nesse perfil de paciente, ela mostrou efetividade.
LOCARSENINA
Também é uma droga nova associada ao aumento da saciedade e redução de apetite. Porém, quando para de usar ou com o uso prolongado, a eficácia é reduzida. Está sendo testada mas parece que tem uma limitação quando comparada a Qsymia pois tem sua efetividade reduzida a longo prazo. 
A maior eficácia na redução de peso tanto em obesos quanto nos obesos diabéticos é fentermina + topiramato. Em segundo lugar, está o agonista de GLP-1. A naltrexona está associada com a bupropiona, que é um anti-depressivo que tem ação na compulsão alimentar. A bupropiona na verdade age em todo tipo de compulsão (tabagismo por exemplo). Depois tem a metformina, orlistat etc. A SGLT2 só reduz peso em pacientes diabéticos. Nenhum desses tipos de estratégia terapêutica é mágica, mas o mais promissor é a fentermina com topiramato, ainda não disponível no Brasil. 
Esses remédios não fazem a pessoa mudar o hábito alimentar. Ou seja, não consegue mudar a atitude da pessoa perante o alimento. A única droga que teve esse efeito foram as anfetaminas, que são anorexígenas. Esses outros aumentam a sensação de saciedade e reduzem a compulsão, mas vai depender da pessoa em relação a sua postura ao seu padrão nutricional e alimentar, além da questão em relação a atividade física. Por isso, esses medicamentos são vistos como adjuvantes do tratamento do problema ligado ao peso corporal. 
RESUMÃO
Antigamente, em termos alimentares, sobrevivia quem conseguia comer mais e mais rapidamente. Os medicamentos são adjuvantes no processo de perda de peso. O corpo tem estratégias de regulagem de ingesta nutricional através de sinais. Existem regulações deinsulina e leptina, que aumentam os sinais de saciedade e o consumo energético. Em situações patológicas, a leptina pode diminuir, diminuindo o mecanismo central ligado à saciedade e fome. Existem outras coisas ligadas a questão alimentar, como distúrbios emocionais, hábitos como treinar o cérebro a ter satisfação por determinado tipo de alimento. Os medicamentos mais efetivos em relação ao controle do peso foram as anfetaminas. Seu uso teve início na Segunda Guerra Mundial e é altamente relacionado ao abuso e à dependência. Inicialmente era usado para tratamento de narcolepsia (pessoa que dorme de forma absurda). Nas décadas de 50 e 60 foram utilizadas para supressão do apetite para que os soldados conseguissem ficar mais tempo em combate. Além disso, o corpo precisa de sono e reparo, então o uso abusivo é prejudicial. A anfetamina tem efeitos deletérios depois de um determinado tempo, em níveis físicos, mentais e comportamentais. A anfetamina penetra na barreira HE e estimula a transmissão adrenérgica, levando a sintomas de nível central, como aumento da vigília, redução do sono e redução do estímulo da fome. A nível periférico, aumenta a atividade adrenérgica periférica, tendo mãos frias, taquicardia, sudorese, calor etc. A anfetamina era comercializada com os nomes de Anfepramona e Fenproporex, e era usada de forma recreativa porque levam a sensação de euforia, energia e alerta. Leva a anorexia e termogênese porque acelera o metabolismo. São de uso oral, com pico plasmático de 1 a 2 horas com meia vida de 6 a 10 horas. Tem como efeitos colaterais a insônia, ansiedade, cardiotoxicidade, tolerância e dependência. Existem derivados da anfetamina com um grau de efetividade que geram essa diminuição do apetite, como a sibutramina, que é inibidor da recaptação de serotonina e noradrenalina. Tem ação anorexígena presente, mas inferior à anfetamina, aumentando a saciedade e a termogênese, mas tem controle sobre o peso corporal limitada. É de uso oral, metabolismo hepático e meia vida de 16 horas. É associada à cefaléia, boca seca, constipação, insônia, elevação da PA, taquicardia e HAP. Em alguns pacientes a sibutramina faz melhora de humor, então pode ser usado como antidepressivo de forma atípica, mas em outros aumenta confusão mental, irritabilidade, insônia. Cada pessoa reage de uma forma. Nos pacientes em que a sibutramina age de forma antidepressiva, pode ter perda ponderal relacionada à melhora da depressão, sendo assim o comer seria mais compulsivo relacionado a doença. 
Orlistat é um inibidor da lipase intestinal, reduzindo a digestão de triglicerídeos, então não absorve gordura, por isso absorve menos calorias. Essa gordura vai parar nas fezes, causando esteatorreia, especialmente se o paciente comer muita gordura. Ele é um aditivo, não permite ao individuo comer muita gordura e tomar o medicamento. Além da diarréia (quanto mais gordura na dieta, mais diarréia gordurosa causada pelo remédio – efeito antabuse), há redução da absorção de vitaminas lipossolúveis, flatulência e incontinência fecal. O orlistat não é relacionado ao carboidrato, então comer muito açúcar e massa não interfere no efeito dele, não haverá perda de peso. 
O sistema endocanabinoide é ativado pela Cannabis Sativa. Depois do seu uso a pessoa sente muita fome. Tem os receptores CB1, mais disseminado nos tecidos, e CB2, ambos acoplados à proteína G. O bloqueador de receptores endocanabinoides é o Rimonabantu. Ele diminui a ingestão de comida, diminuindo o peso; aumenta a adiponectina, diminui a lipogênese e aumenta os sinais de saciedadde. Teve uma excelente resposta terapêutica inicial, o adipócito fica pequeno, não tem acúmulo de lipídeo. Esse sistema existe independentemente da maconha. O problema de bloquear esse sistema é que aumenta a depressão, suicídio, ansiedade, tonteira, insônia, por isso o Rimonabantu teve a comercialização suspensa. 
Os incretinomiméticos (análogo ou agonista do GLP1) são usados no tratamento de diabetes. As incretinas são liberadas no ID em resposta a presença de alimento. Quando o GLP1 (glucagon like peptide 1) sai da célula intestinal e vai pra corrente sanguínea depois de passar pelo fígado, tem efeitos cardioprotetores, diminui o esvaziamento gástrico, aumenta a neuroproteção e diminui o apetite. Os incretinomiméticos associam perda de peso com potencial regenerador da célula beta (reduz apoptose) e redução da hiperglucagonemia. A insulina livre é a endógena, é regulada pelo próprio corpo, então não causa hipoglicemia. Os receptores do estímulo gustativo são responsáveis pela liberação de GLP1, por isso ele é relacionado com perda de peso. Administrar GLP1 não é tão eficaz porque a meia vida dele é muito curta. As substâncias são agonistas do GLP1, que são de natureza peptídica, não pode dar pela boca, é injetável (subcutâneo) e tem aumento na duração do efeito (Exenatida e Liraglutida). O GLP1 e seus análogos têm ações glicorregulatórias, reduzindo a glicemia pós-prandial, aumenta a secreção de insulina e suprime a produção de glucagon. Existem também os inibidores da DPP4, que é a enzima que degrada o GLP1, reduzindo a degradação e aumentando a meia vida dele do GLP1. É de uso oral. Na prática, o que realmente faz efeito na mudança de peso é o análogo ou agonista do GLP1, além da sensação sacietógena, causa um mal-estar gástrico que diminui o consumo de alimento. Inibidores de DPP4 não diminuem o peso corporal. Esses medicamentos agonistas não fazem perda de peso mágica, são de uso injetável regulado e são muito caros.
As biguanidas, como a Metformina, são hipoglicemiantes usados no tratamento de diabetes e síndrome metabólica com meia vida de 2 horas, absorvida pelo ID e excretada na urina. Ela não reduz o peso corporal, mas tem efeito benéfico metabólico, porque causam náuseas que reduzem a ingesta alimentar. Causam diarréia, dor abdominal, desconforto, gosto metálico, anorexia, redução da absorção de vitamina B12 e acidose lática. Quem perde peso com a metformina é quem tem muito efeito colateral, e quem tem esses efeitos param de tomar o remédio. 
As glitazonas (tiazolidinedionas) são vistas como potencializadores da ação celular da insulina, fazendo com que a insulina tenha uma efetividade mais expressiva, reduzindo a resistência à insulina, portanto tem atividade antidiabética. Além disso, tem atividade antiinflamatória, reduz a gordura, diminuindo aterosclerose e principalmente diminuindo a esteatose hepática. Os fármacos são absorvidos rapidamente, com meia vida de 3-4 horas e ligam-se a albumina. Os efeitos colaterais são hepatotoxicidade, edema e expansão de volume plasmático (não devem ser usadas em IC moderada ou grave), anemia dilucional e aumento do peso (aumenta por reter líquido, não é relacionada ao aumento de gordura). Podem diminuir o peso em gordura desde que associados, mas não podem ser usados pra diminuir peso e sim para diabéticos com peso corporal elevado com risco. 
Os inibidores da SGLT2 (glifozinas) são medicamentos para tratamento de diabetes. O transportador de glicose nos rins é inibido pelo medicamento, fazendo glicosúria farmacológica, a glicose sai na urina, perdendo caloria, então pode estar associado a perda ponderal. Aumenta também a excreção de sódio porque a glicose é cotransportada com sódio. Contraindicados no tratamento de DM1, cetoacidose diabética de insuficiência renal. Reduz peso e níveis pressóricos.
Outros medicamentos relacionados á perda de peso são naltrexona, bupropiona, topiramato, fentermina (pode associar topiramato com fentermina, que é melhor) e locarserina. A naltrexona reduz a compulsão alimentar, então não é pra qualquer paciente com sobrepeso e obesidade. O topiramato era anticonvulsivante, mas previne enxaqueca, não melhora crise. É usado como antidepressivo e reduz a compulsão alimentar, em doses mais altas leva a dificuldade de memória e atenção. A fentermina associada dá pra usar doses mais baixas dos dois, melhorando a tolerabilidade com resultado final melhor. A locarserina é associada a redução do apetite e aumento dasaciedade, mas aparentemente a eficácia é reduzida com o tempo. O melhor até agora é a associação de Fentermina com Topiramato para perda de peso. Bupropiona é um antidepressivo que age reduzindo a compulsão alimentar. A anfetamina leva a anorexia, os outros reduzem a compulsão e agem na saciedade.

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