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PSICOTERAPIA COGNITIVA APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Esta disciplina propiciará o estudo do surgimento e do desenvolvimento das Psicoterapias Cognitivas no decorrer dos últimos cinquenta anos. A partir das proposições originais de Aaron T. Beck às atuais vertentes construtivistas, você terá um panorama histórico, epistemológico, teórico e técnico da evolução do modelo cognitivista na prática clínica. O material poderá ser utilizado como orientação para seu estudo e como complemento das atividades realizadas nas aulas presenciais. O programa da disciplina está distribuído em nove módulos, que devem ser estudados ao longo do semestre letivo. Alguns tópicos serão objeto de avaliação na NP1 (Módulos 1, 2, 3 e 4) e outros módulos serão avaliados na NP2 (Módulos 5, 6, 7, 8 e 9). Sugerimos que você siga a ordem abaixo apresentada, ao planejar seu estudo, uma vez que os temas mantém entre si uma relação lógica. Seguem os módulos: 1. Apresentação do Panorama histórico da terapia cognitiva-comportamental e suas diferentes áreas de atuação. 2. Teoria e Metateoria da Terapia Cognitiva. 3. Bases metodológicas e conceituação cognitiva. 4. Identificação, avaliação e modificação de Crenças. 5. Terapia Cognitiva da Depressão. 6. Terapia Cognitiva da Ansiedade. 7. Principais técnicas da terapia cognitiva. 8. A perspectiva construtivista em terapia cognitiva. 9. Terapia cognitivo-comportamental em crianças e adolescentes. BIBLIOGRAFIA BÁSICA: BECK, J. Terapia Cognitivo-Comportamental – teoria e prática. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. PETERSEN, C. S. e WAINER, R. & Cols (Org.) Terapia cognitivo-comportamental para crianças e adolescentes. Ciência e Arte. Porto Alegre: Artmed, 2011. RANGÉ, B (Org.) Psicoterapias Cognitivo- Comportamentais: Um diálogo com a Psiquiatria. Porto Alegre: Artmed, 2011. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: ABREU, C. N.; GUILHARDI, J. H. Terapia Comportamental e Cognitiva-Comportamental: Práticas Clínicas. São Paulo: Roca, 2004. ABREU, C. N.; ROSO, M. Psicoterapias cognitiva e construtivista: novas fronteiras da prática clínica. Porto Alegre: Artmed, 2003. BECK, A. T.; ALFORD, B. A. O poder integrador da terapia cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2000. FALCONE, E. As bases teóricas e filosóficas das abordagens cognitivo-comportamentais. In: JACÓ- VILELA, A. M.; FERREIRA, A. A. L.; PORTUGAL, F. T. (Orgs.) História da Psicologia: Rumos e Percursos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2013. (pg. 223-244) FERREIRA, R. F. Construtivismo: um momento de síntese ou uma nova tese? Cadernos de Psicologia, v. 4, n. 1, p. 27-39. Ribeirão Preto: 2001. OUTRAS INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS HOFMANN, S. G. Introdução à Terapia Cognitivo- Comportamental Contemporânea. Porto Alegre: Artmed, 2014. KNAPP, P. (Org.) Terapia Cognitivo Comportamental na prática psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed, 2004. LEAHY, R. L. Técnicas de terapia cognitiva: Manual do terapeuta. Porto Alegre: Artmed; 2016. WRIGHT, J.; BASCO, M. R.; THASE, M. E. Aprendendo a Terapia Cognitivo-comportamental – Um Guia ilustrado. Porto Alegre: Artmed, 2008. SITES E BANCO DE DADOS Revista Brasileira de Terapias Cognitivas. http://www.fbtc.org.br/fbtc/?area=rbtc Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva. http://www.rbtcc.org/ http://www.scielo.br/ http://bvsms.saude.gov.br http://www.teses.usp.br/ http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php www.bvs-psi.org.br www.periodicos.capes.gov.br Gostaríamos de lembrá-lo que se você necessitar de informações adicionais para http://www.fbtc.org.br/fbtc/?area=rbtc http://www.rbtcc.org/ http://www.scielo.br/ http://bvsms.saude.gov.br/ http://www.teses.usp.br/ http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php http://www.bvs-psi.org.br/ http://www.periodicos.capes.gov.br/ ampliar seus conhecimentos, solicite-as do professor, nas aulas presenciais. MÓDULO 1 - Apresentação do Panorama histórico da terapia cognitiva-comportamental e suas diferentes áreas de atuação. Toda abordagem psicoterápica se insere e se desenvolve em um contexto histórico e dentro de u m a b a s e f i l o s ó f i c o - e p i s t e m o l ó g i c a . Compreender suas origens e processo de desenvolvimento é fundamental para poder se apropriar adequadamente da teoria e dos princípios que a embasam, possibilitando a i den t i f i cação de suas ca rac te r í s t i cas fundamentais e distintivas de outras práticas psicoterápicas. Neste sent ido torna-se fundamental ao aluno compreender o histórico de desenvolvimento das terapias cognitivas e o contexto histórico que possibilitou o seu surgimento, para melhor compreensão do lugar que as terapias cognitivas ocupam hoje, suas diferentes práticas e os princípios fundamentais que as unem. Pontos a se rem prob lemat i zados e discutidos: - A contextualização da Terapia Cognitiva dentro do histórico de desenvolvimento da psicologia, - A terapia cognitiva como uma evolução das terapias comportamentais, - O contexto histórico que possibilitou o desenvolvimento das terapias cognitivas, - Os princípios básicos compartilhados por todas as terapias cognitivas, - As duas principais vertentes organizadoras das abordagens cognitivas: O Racionalismo e o Construtivismo, Bibliografia Básica: Falcone, E. As bases teóricas e filosóficas das abordagens cognitivo-comportamentais. In: JACÓ-VILELA, A. M.; FERREIRA, A. A. L.; PORTUGAL, F. T. (orgs. ) Histór ia da Psicologia: Rumos e Percursos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2013. (pg 223-244) A Terapia Cognitiva emerge da busca de Beck por evidências empíricas de proposições ps icod inâmicas re la t i vas aos quadros depressivos. A não validação empírica dessas proposições e o surgimento de evidências que contrariavam as proposições em questão, serviram como pontos de partida para a edificação do modelo denominado Terapia Cognitiva. Este modelo propõe a cognição como o elemento central na determinação do comportamento e da vivência emocional do indivíduo, submetendo assim todos os sistemas psicológicos – atenção, memória, percepção, comportamento, emoção - prioritariamente à sua influência. Nas palavras de Beck (2000,pg. 23), cognição é definida como aquela função que envolve deduções sobre nossas experiências e sobre a ocorrência e o controle de eventos futuros... a cognição inclui o processo de identificar e prever relações complexas entre eventos, de modo a facilitar a adaptação a ambientes passíveis de mudanças. Desta forma a teoria da Terapia Cognitiva apresenta-se como uma teoria formal acerca da influência que teorias pessoais – as cognições automáticas do indivíduo – exercem sobre seus sistemas psicológicos. Podendo assim ser entendida como uma teoria de teorias. Ao subordinar os diversos sistemas psicológicos à influência das cognições, a terapia cognitiva eleva a cognição ao estatus de lócus determinante da adaptação psicológica e consequentemente atribui àquelas cognições distorcidas o papel de causador e mantenedor dos diversos distúrbios psicológicos. A termo "cognições distorcidas" como o elemento comum a todos os quadros de distúrbios psicológicos, a correção destas passa a ser entendida como o caminho para promoção da remissão dos sintomas psicopatológicos. Atividade recomendada: 1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando os argumentos utilizados pelos autores, em defesa de suas teses. 2) A partir do modelo de determinação do comportamento apresentado pelos autores, faça uma reflexão quanto a sua característica dualista e mediacional deste processo de determinação, elencando seus componentes. Vejamos no exemplo: O modelo cognitivo proposto por Aaron T. Beck se caracteriza pelo seguinte paradigma: A) Estímulo, Resposta, Emoção, Consequência B) Estímulo, Resposta, Consequência C) Estímulo, Pensamento, Consequência, Comportamento D ) E s t í m u l o ,P e n s a m e n t o , E m o ç ã o , Comportamento E ) E s t í m u l o , E m o ç ã o , P e n s a m e n t o , Comportamento Se você compreendeu corretamente a proposta do autor, você deve ter assinalado a alternativa D que atribui à variável Pensamento a posição de elemento determinante e regente dos sistemas psicológicos, como por exemplo, Emoções e Comportamento. ----------------------------------------------------------------- -------- Qualquer teoria, seja ela científica, filosófica, teológica ou de senso comum, deriva suas proposições de pressupostos tomados como válidos ‘a priori’. Ou seja, suas proposições se sustentam em postulados com os quais os adeptos daquele corpo teór ico devem necessariamente concordar. Para que uma teoria científica tenha seu estatus de cientificidade validado dentro da comunidade acadêmico- científica faz-se necessário que todas as proposições que componham um dado corpo teórico apresentem-se como congruentes com seus pressupostos fundamentais. Para que tal congruência possa ser explicitada é necessário que estes pressupostos sejam apresentados. No primeiro capítulo de seu livro "O poder integrador da terapia cognitiva" , (Beck & Alford, 2000) os autores apresentam o que entendem serem os dez axiomas do modelo teórico. Nestes pressupostos estão descritas as relações de influências entre variáveis cognitivas, emocionais, comportamentais, ambientais, de caráter interpessoal e de caráter sócioculturais que balizam o modelo teórico proposto por Beck. São contemplados nesses axiomas: a natureza das cognições, a relação entre cognições e os diversos sistemas psicológicos, o caráter maladaptativo de cognições disfuncionais, os diversos níveis de cognição e de significados, bem como o caráter contextualista da terapia cognitiva. Atividade recomendada: Leia cuidadosamente os axiomas apresentados pelo autor e responda a questão abaixo: Mediante os axiomas propostos por Beck, podemos afirmar que é uma característica da terapia cognitiva: A) tomar as variáveis ambientais como os elementos de maior relevância no processo de determinação do comportamento. B) Que apesar de as cognições automáticas serem sempre inconscientes a análise cuidadosa da função dos comportamentos poderá permitir a descoberta desses conteúdos inconscientes. C) Tomar a estrutura cognitiva como algo determinado pelas experiências emocionais intensas vividas pelo indivíduo nos primeiros anos de vida. D ) Q u e a s e x p e r i ê n c i a s e m o c i o n a i s desagradáveis são necessariamente produtos de cognições disfuncionais e por isso devem ser alteradas sempre que surgirem. E) A qualidade de funcional ou disfuncional apresentada pelas cognições automáticas deve- se não a sua estrutura interna, mas a sua relação com o ambiente. Se você compreendeu corretamente o texto a alternativa D foi a sua escolha, pois enfatiza a qualidade contextualista da terapia cognitiva em q u e n e n h u m a c o n c l u s ã o a c e r c a d a funcionalidade ou não das crenças pode ser tirada se não em relação ao contexto ao qual ela se relaciona. Realize os exercícios deste módulo, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná-las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais. MÓDULO 2 - Teoria e metateoria da terapia cognitiva Qualquer teoria, seja ela científica, filosófica, teológica ou de senso comum, deriva suas proposições de pressupostos tomados como válidos ‘a priori’. Ou seja, suas proposições se sustentam em postulados com os quais os adeptos daquele corpo teór ico devem necessariamente concordar. Para que uma teoria científica tenha seu estatus de cientificidade validado dentro da comunidade acadêmico- científica faz-se necessário que todas as proposições que componham um dado corpo teórico apresentem-se como congruentes com seus pressupostos fundamentais. Para que tal congruência possa ser explicitada é necessário que estes pressupostos sejam apresentados. No primeiro capítulo de seu livro "O poder integrador da terapia cognitiva" , (Beck & Alford, 2000) os autores apresentam o que entendem serem os dez axiomas do modelo teórico. Nestes pressupostos estão descritas as relações de influências entre variáveis cognitivas, emocionais, comportamentais, ambientais, de caráter interpessoal e de caráter sócioculturais que balizam o modelo teórico proposto por Beck. São contemplados nesses axiomas: a natureza das cognições, a relação entre cognições e os diversos sistemas psicológicos, o caráter maladaptativo de cognições disfuncionais, os diversos níveis de cognição e de significados, bem como o caráter contextualista da terapia cognitiva. Atividade recomendada: Leia cuidadosamente os axiomas apresentados pelo autor e responda a questão abaixo: Mediante os axiomas propostos por Beck, podemos afirmar que é uma característica da terapia cognitiva: A) tomar as variáveis ambientais como os elementos de maior relevância no processo de determinação do comportamento. B) Que apesar de as cognições automáticas serem sempre inconscientes a análise cuidadosa da função dos comportamentos poderá permitir a descoberta desses conteúdos inconscientes. C) Tomar a estrutura cognitiva como algo determinado pelas experiências emocionais intensas vividas pelo indivíduo nos primeiros anos de vida. D ) Q u e a s e x p e r i ê n c i a s e m o c i o n a i s desagradáveis são necessariamente produtos de cognições disfuncionais e por isso devem ser alteradas sempre que surgirem. E) A qualidade de funcional ou disfuncional apresentada pelas cognições automáticas deve- se não a sua estrutura interna, mas a sua relação com o ambiente. Se você compreendeu corretamente o texto a alternativa D foi a sua escolha, pois enfatiza a qualidade contextualista da terapia cognitiva em q u e n e n h u m a c o n c l u s ã o a c e r c a d a funcionalidade ou não das crenças pode ser tirada se não em relação ao contexto ao qual ela se relaciona. Realize o exercício deste módulo, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná-las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais. Bibliografia Básica: BECK A.T., ALFORD B.A. O poder integrador da terapia cognitiva. Cap. 1. Porto Alegre, Artmed, 2000. MÓDULO 3 - Bases metodológicas e conceituação cognitiva O te rapeu ta começa a cons t ru i r uma conceituação cognitiva durante seu primeiro contato com um paciente e, continua a refinar sua conceituação até a últ ima sessão. Conceituar um paciente em termos cognitivos é crucial para determinar a trajetória mais efetiva de t ra tamento. Isso também auxi l ia a desenvolver a empatia, um ingrediente essencial para estabelecer um bom relacionamento de trabalho com o paciente. Bibliografia Básica: BECK, J. S. Terapia Cognitivo- Comportamental. Teoria e Prática. 2 edição. Porto Alegre: Artmed, 2013. Cap. 3, 9 e 11 Bibliografia Complementar: Wright, J; Basco, MR; Thase, ME. Aprendendo a terapia Cognitivo-comportamental – Um Guia ilustrado. Porto Alegre: Artmed, 2008. (cap. 3 – Avaliação e formulação. Pg 45-58 e cap. 5 - Trabalhando com pensamentos automáticos, pg. 77-101). Dentro do modelo de psicoterapia proposto por Aaron T. Beck, os pensamentos automáticos estão alocados no nível mais superficial da estrutura cognitiva. Este fato faz dessas cognições automáticas as de mais fácil identificação e modificação. Porém, esta superficialidade não pode ser entendida como algo que diminua sua importância dentro do processo terapêutico. O trabalho de identificação e avaliação dos pensamentos automáticos é fundamental para que a terapia cognitiva possa produzir os frutos a que se propões. Este processo de identificação e avaliação é bemdescrito por Judith S. Beck (1997). Há varias possibilidades de interação com o paciente que favorecem a identificação dos pensamentos automáticos, a pergunta “o que está passando pela sua cabeça neste momento” amplamente utilizada na busca por essas cognições já é um clássico dentro os terapeutas cognitivistas, entretanto uma série de outras estratégias pode ajudar terapeuta e paciente na tarefa de identificação dessas cognições. A correta identificação dos pensamentos automáticos pode ser dificultada pela maneira que ele é expresso pelo paciente, que muitas vezes pode relatá-los, em forma de pergunta, como uma interpretação racional, envolto e outros pensamentos automát icos menos ú te is ,na forma de pensamentos telegráficos ou mesmo de modo implícito no discurso. Uma vez identificados, cabe ao terapeuta decidir por abordar, ou não tal pensamento automático. Há algumas dimensões que devem ser levadas em conta na decisão de abordar ou não um pensamento automático em uma sessão de terapia. A pertinência de tal abordagem se caracteriza pelas seguintes condições: - A situação em que tal pensamento ocorre é re lavante para o at ingimento da meta estabelecida para a terapia? Quanto o paciente acredita nesse pensamento. - O quanto o paciente acredi ta neste pensamento? - Qual a relevância do estado emocional regido por este pensamento automático? - Quais as sensações corporais relacionadas a ocorrência destes pensamentos? Atividade recomendada: 1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando os argumentos utilizados pelos autores, e dos procedimentos por eles descritos. Tendo os pensamentos automáticos como o elemento mais superficial da estrutura cognitiva, ao mesmo tempo que seu importância para o processo terapêutico não é diminuída, a identificação deste tipo de cognição automática passa a ser entendida como fundamental na aplicação da terapia cognitiva. Sobre os pensamentos automáticos podemos afirmar que: A) São pensamentos brever que resultam da nossa pouca instrução e que podemos superá- los através de um aprofundamento das reflexões que fazemos acerca de nossas vidas. B) São cognições automáticas que dão s u s t e n t a ç ã o a s c r e n ç a s c e n t r a i s e intermediárias. C) São cognições automáticas que coesistem com um nível manifesto de pensamento e se relacionam com situações específicas sendo menos amplas ou generalizadas como as cognições subjacentes a elas. D) São sempre imagens que nos conduzem a experiências emocionais de dor e sofrimento. E) São crenças centrais que ao aflorar à consciência passam a interferir no processo de metacognição como descrito nos axiomas da terapia cognitiva. Se você compreendeu corretamente as proposições da autora em relação aos pensamentos automáticos, sua natureza, características e função, a resposta assinalada por você deve ter sido a alternativa ‘C’ que explicita a sua qualidade de cognição automática e sua delimitação a situações específicas. ----- Tendo o processo de avaliação dos pensamentos automáticos como de fundamental importância para a terapia cognitiva, cabe compreendermos oque será avaliado quando mencionamos tal avaliação. Esta avaliação tem por objetivo determinar a funcionalidade ou não destes pensamentos. A idéia de funcionalidade é entendida aqui como relativa à validade e utilidade dos pensamentos automáticos. Quando nos referimos à validade dos pensamentos au tomát icos es tamos en fa t i zando sua congruência com a realidade. Para concebermos a possibilidade de fazer tal análise temos que entender o Mundo como dotado de uma realidade dada passível de ser conhecida pelo observado, e mediante tal realidade podemos fazer a checagem da congruência de um determinado pensamento automático e a realidade a que este se refere. Quando percebemos que um pensamento automático distorce uma determinada realidade podemos afirmar que tal pensamento é disfuncional. A outra dimensão a ser avaliada neste processo é a u t i l idade deste pensamento. A lguns pensamentos automáticos, apesar de serem congruentes com a realidade, nos conduzem a estados emocionais e a comportamentos que não nos ajudam na adaptação ao contexto em que nos encontramos. Estes pensamentos automáticos avaliados como não úteis tornam-se também alvo do processo terapêutico por não serem favorecedores da adaptação do indivíduo ao meio. Atividade recomendada: 1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando os argumentos utilizados pelos autores, bem como as concepções de Homem e mundo que sustentam as propostas terapêuticas ali descritas. A partir das formas de intervenções propostas pela autora, podemos compreender como c o n c e p ç õ e s d e H o m e m e d e m u n d o característico deste modelo terapêutico: A) O conhecimento verdadeiro não reflete uma realidade dada mas apenas se caracteriza como uma possibilidade de entendimento do real. B) As interpretações feitas pelo indivíduo são sempre o reflexo do real que a ele se apresenta. C) A realidade dada pode ou não ser apreendida de forma fidedigna pela pessoa que nela está inserida, sendo a distorção uma ocorrência comum a todos os seres humanos. D) A realidade é uma construção que se dá na relação do indivíduo com o seu mundo não sendo possível para um outro avaliar a possível congruência de uma interpretação e a realidade por ele construída. Se você compreendeu claramente as concepções que sustentam as proposições da terapia cognitiva a alternativa que assinolou foi a ‘C’ que caracteriza a visão racionalista do modelo Beckiano de psicoterapia. MÓDULO 4 - Identificação, avaliação e modificação de crenças. O modelo cognitivo afirma que a interpretação de uma situação (em vez da situação em si), frequentemente expressa em pensamentos automáticos, influencia as respostas emocionais, c o m p o r t a m e n t a i s e f i s i o l ó g i c a s s u b s e q u e n t e m e n t e . O s P e n s a m e n t o s automáticos são um fluxo de pensamento que coexiste com um fluxo de pensamento mais manifesto. Esses pensamentos não são peculiares a pessoas com angústia; eles são uma experiência comum a todos nós. A maior parte do tempo, nós mal estamos cientes desses pensamentos, embora com um pouco de treinamento possamos facilmente trazer esses pensamentos à consciência. Quando nos tornamos cientes dos nossos pensamentos, podemos automaticamente fazer uma verificação de realidade quando não estamos sofrendo de uma disfunção psicológica. Avaliando os Pensamentos Automáticos. Os pacientes têm milhares de pensamentos em um dia, alguns disfuncionais, alguns não. Visando a eficácia terapêutica, o profissional seleciona apenas um ou alguns pensamentos chaves para serem aval iados em uma determinada sessão. Respondendo aos Pensamentos Automáticos. O uso de questionamento para ajudar um paciente a avaliar um pensamento automático e determinar a efetividade da sua avaliação é frequente e o Registro de Pensamento Disfuncional é a principal ferramenta para que os pacientes os avaliem e respondam por escrito aos seus pensamentos automáticos. O RPD como é conhecido o registro do pensamento disfuncional (ou automático) é uma minuta que ajuda o paciente a responder mais efetivamente a seus pensamentos automáticos, reduzindo sua disforia. Bibliografia Básica: B E C K , J . S . T e r a p i a C o g n i t i v o - Comportamental. Teoria e Prática. 2 edição. Porto Alegre: Artmed, 2013. Cap.9, 11, 12, 13 e 14. Bibliografia Complementar: Wright, J; Basco, MR; Thase, ME. Aprendendo a terapia Cognitivo-comportamental – Um Guia ilustrado. Porto Alegre: Artmed, 2008. (cap. 5 – Trabalhando com pensamentos Automáticos. Pg 77-101) Uma vez identificados, os pensamentos automáticos são submetidos à avaliação. O primeiro passo no processo de avaliação é a definição sobre abordar ou não o pensamento automáticoidentificado. Nesta direção o elemento central a ser contemplado é a relação que este pensamento automático tem com a situação problema e as potenciais alterações emocionais e comportamentais que a alteração deste pensamento automático identificado poderá promover. Uma vez definido como um pensamento automático a ser abordado em sessão, inicia-se o processo de desafio a este pensamento. Este processo deve se dar de forma colaborativa de acordo com o princípio do empirismo colaborativo proposto por Beck. Esta e tapa da t e rap ia ca rac te r i za - se pe lo levantamento de evidências, contra e a favor destes pensamentos, pela elaboração de explicações alternativas àquelas apresentadas pelos pensamentos automáticos, pela criação de novas perspec t i vas de ava l iação das consequências descritas pelo pensamento automático e pela tentativa de promover um entendimento distinto acerca da situação em questão do promovido pelo pensamento automático identificado. Este trabalho é conduzido sempre de modo que o Cliente colabore ativamente, envolvendo-se no processo terapêutico de maneira ativa e, muitas vezes, mesmo nos períodos compreendidos entre as sessões. Atividade recomendada: 1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando os argumentos utilizados pelos autores, bem como as concepções de Homem e mundo que sustentam as propostas terapêuticas ali descritas. Na Terapia Cognitiva não se pretende tomar todas as cognições automáticas do paciente como alvo do processo terapêutico. Desta forma, a seleção dos pensamentos a serem trabalhados deve ser precisa para que evitemos perda de tempo com intervenções ineficazes no decorrer do processo. A avaliação dos pensamentos automáticos deve contemplar quais dos aspectos listados abaixo: A) Sua congruência com a realidade, sua utilidade e sua relevância para o estado emocional relacionada à queixa do paciente. B) Sua lógica interna, sua validade, sua utilidade, e seu sentindo dentro do projeto de vido do paciente. C) Sua congruência com a realidade e sua pertinência mediante os valores fundamentais da cultura em que o paciente esta inserido. D) Sua lógica interna, sua correção semântica e sua relevância para o estado emocional relacionada à queixa do paciente. E) Sua intensidade, seu pertencimento ao nível metacognitivo de cognição e sua teleonomia. Se você compreendeu corretamente o processo de avaliação dos pensamentos automáticos, você deve ter assinalado a alternativa ‘A’ que explicita os dois aspectos que determinam a disfuncional idade de um pensamento automático e o aspecto que determina a relevância deste pensamento disfuncional para o atingimento da meta da psicoterapia. MÓDULO 5: Terapia cognitiva da depressão e ansiedade Modelo cognitivo da Depressão A terapia cognitiva fundamenta-se na premissa de que, o comportamento e a emoção de uma pessoa são determinados, em grande parte, pela forma como ela estrutura o mundo em termos de suas cognições, abrangendo eventos verbais ou pictóricos no fluxo da consciência. Mediante a investigação do conteúdo das cognições dos pacientes deprimidos, Beck e colaboradores criaram uma tipologia das distorções cognitivas. As distorções cognitivas permeiam todos os sintomas afetivos, comportamentais e motivacionais da pessoa deprimida. EXERCÍCIO: A depressão é um transtorno muito comum e frequente no mundo, que afeta o ambiente social e ocupacional. Para Beck e cols (1997), a alteração do humor e comportamento comum no quadro depressivo, são em decorrência de esquemas cognitivos disfuncionais. Sobre esse transtorno e a visão cognitivista, analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta. I) O modelo cognitivo de depressão pressupõem dois elementos básicos: a tríade cognitiva e as distorções cognitivas. II) As distorções cognitivas, compreendidas como erros sistemáticos na percepção e no processamento de informações, ocupam lugar central na depressão. III) Para que essas distorções cognitivas sejam alteradas, estratégias são utilizadas para que o cliente possa identificar as crenças negativas e, posteriormente aprender a transformá-las em positivas, pois pensando positivo reduzirá o estresse, se sentirá mais autoconfiante para enfrentar a depressão. a) Estão corretas I e II b) Estão corretas a II e III c) Está correta a I d) Está correta a II e) Estão corretas a I e III Resposta Correta a – A assertiva I está correta - O modelo cognitivo de Beck para a depressão pressupõe dois elementos básicos: a tríade cognitiva e as distorções cognitivas. A tríade cognitiva consiste na visão negativa de si mesmo, na qual a pessoa tende a ver-se como inadequada ou incapaz, uma visão negativa do mundo, e na visão negativa do futuro, o que parece estar cognitivamente vinculado ao grau de desesperança. A assertiva II está correta. As pessoas com depressão tendem a estruturar suas experiências de forma absolutista e in f lex íve l , o que resu l ta em er ros de interpretação quanto ao desempenho pessoal e ao julgamento das situações externas. A assertiva III está incorreta - na terapia cognitiva não se buscar mudar o pensamento negativo para positivo e sim em buscar as evidências que comprovem ou não as crenças, com base na realidade do cliente que mantém o estado depressivo. Bibliografia Básica: Lima, MS et al. Depressão. In: Knapp, P (org.). Terapia Cognitivo Comportamental na prática psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed, 2004. (pg 168-192) Bibliografia Complementar: Hofmann, SG. Introdução à Terapia cognitivo- Comportamental Contemporânea . Porto Alegre: Artmed, 2014. (cap. 8 - Lidando com a Depressão, pg 121-134) Modelo Cognitivo da Ansiedade Pode-se compreender que para cada transtorno há uma especificidade de conteúdo cognitivo. De acordo com Beck e cols (1985), os temas específicos dos transtornos de ansiedade centram-se na vulnerabilidade a possíveis danos futuros. De modo geral, os pacientes com a n s i e d a d e a p r e s e n t a m p e n s a m e n t o s a u t o m á t i c o s r e l a c i o n a d o s à a m e a ç a , favorecendo as respostas de ansiedade. Costumam superestimar eventos futuros como ameaçadores e, subestimam sua capacidade ou recursos próprios de enfrentamento. A ideia de ameaça costuma aparecer em forma de pensamentos ou imagens e é causada pela interação de processos cognitivos básicos (atenção ou memória, por exemplo) e pelas estruturas cognitivas já existentes, incluindo a de vulnerabilidade à situações de ameaça ou perigo. Assim, o indivíduo que sofre de ansiedade apresenta esquemas de perigo que guiam o processamento de informação Para lidar com essa situação, o ansioso desenvolve respostas de fuga/esquiva ou comportamentos de segurança, como controle excessivos e monitoramentos constantes em função da avaliação equivocada dos eventos estimuladores. Tais comportamentos impedem- no de descofirmar a atribuição exagerada de ameaça, mantendo assim a ansiedade. . Exercício - Leia atentamente o caso clínico a seguir: “Mário terá logo mais uma apresentação de um projeto no seu trabalho. Já acordou pensando na apresentação que será uma desgraça, um desafio enorme. Fica imaginando que as pessoas que estarão lá são competentes e, certamente identificarão possíveis erros no seu projeto. Em seguida, pensa que as pessoas notarão sua insegurança no seu modo de falar e se expressar. Isso tudo ocasiona sensações físicas muito desconfortáveis, tais como: taquicardia, sudorese, ativação motora e von tade de des is t i r, como já ocor reu anteriormente em situação semelhante.” Sobre o caso acima e o modelo cognitivo da ansiedade, assinale a alternativa correta: a) Mário apresenta um trauma psicológico, que abalou seu ego, uma vez que já foi mal sucedido anteriormente, fazendo-o escapar mais uma vez de enfrentar uma situação semelhante. b) Mário, está interpretandoo evento de modo disfuncional, ou seja, enxerga a situação a ser enfrentada (a apresentação), como algo muito difícil, como uma ameaça e subestima sua capacidade para enfrentá-la e, por isso responde com reações físicas intensas e desconfortáveis. c) Mário possivelmente se auto sabota, teme ser bem sucedido, tem receio do desconhecido, por isso apresenta reações físicas que o impede de realizar a tarefa. d) Para trabalhar a ansiedade o terapeuta cognitivo deve resgatar a história passada de Mário, para assim identificar os estímulos temidos sofridos e propor formas de superá-los. e) A ansiedade é um transtorno biológico que é a f e t a d o p o r c o n t e ú d o s p s i c o l ó g i c o s inconscientes. Mário possivelmente está apresentando uma reação defensiva de algo que não quer enfrentar, por isso sofre as reações f í s i cas da ans iedade como fo rma de autopunição. Resposta correta b: o modelo cognitivo da a n s i e d a d e p r e s s u p õ e u m a a v a l i a ç ã o superestimada de uma determinada situação de modo catastrófico e ao mesmo tempo, uma subestimação da capacidade de enfrentamento. Essa discrepância gera reações físicas (batimento cardíaco acelerado), emocionais (sentimento de insegurança e incapcidade) e comportamentais (desistência, fala acelerada) característicos da ansiedade. Bibliografia Básica: Kapczinski, F; Margis, R. Transtorno de Ansiedade Generalizada. In: Knapp, P (org.). Terapia Cognitivo Comportamental na prática psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed, 2004. (pg 209-216) Bibliografia Complementar HOFMANN, S.G. Introdução à Terapia cognitivo-Comportamental Contemporânea. Porto Alegre: Artmed, 2014. (Capítulo 7 - Lidando com o transtorno de Ansiedade Generalizada e a preocupação, pp. 105-120). MÓDULO 6: Principais técnicas cognitivas e comportamentais A terapia cognitiva baseia-se na premissa que de as nossas cognições(modos de significação) são determinantes para nossas ações, ao influenciarem nossas emoções e comportamentos. As técnicas de terapia cognitivo-comportamental têm por objetivo influenciar o pensamento, o comportamento, o humor e a estimulação fisiológica do paciente. Neste sentido, as estratégias de reestruturação cognitiva estão na essência do trabalho de mudança proposto pela terapia Cognitiv. Entender estas estratégias e as técnicas associadas a elas é fundamental para a eficácia do trabalho do psicólogo cognitivo. Algumas técnicas são muito empregadas com esse objetivo, tais como: solução de problemas, tomada de decisão, relaxamento, mindfulness, cartões de enfrentamento, lista de méritos e etc. (Beck, 2013). Outra forma de intervenção na terapia cognitiva, é a mudança de comportamentos. Em alguns casos, a alteração do comportamento é fudamental para aumentar a auto-eficácia e as habilidades de enfrentamentos das situações do dia-a-dia e de seus problemas. Exercício: Muitas vezes, alterar pensamentos disfuncionais torna-se um desafio para o terapeuta cognitivo. No entanto, em alguns casos, é possível utilizar as técnicas comportamentais para complementar o trabalho. Sobre essa possibilidade assinale a alternativa correta: a) As técnicas comportamentais visam a mudança de comportamento, por isso não fazem parte dos objetivos da terapia cognitiva, já que nessa abordagem o foco central é a mudança dos pensamentos. b) As técnicas cognitivas se sobressaem em relação às comportamentais, assim o terapeuta deve tentar usar todas as estratégias cognitivas para a alterar a cognição distorcida e, caso não tenha resultados, usar uma estratégia comportamental. c) As técnicas comportamentais são também usadas na terapia cognitiva, principalmente quando o cliente apresenta dificuldades em identificar e avaliar as suas distorções cognitivas. Ao mudar o comportamento, o cliente poderá a partir disso alterar a sua cognição. d) As dificuldades para alterar a cognição, podem estar associadas a uma história traumática, o que favorece ao cliente a resistir às técnicas cognitivas, assim independente da técnica, é fundamental que o terapeuta volte ao passado do cliente para depois usar uma técnica comportamental. e) Quando um cliente está resistente a mudança, independente da técnica a ser utilizada o terapeuta deve confrontá-lo, pois caso contrário nenhuma técnica favorecerá a mudança de pensamento disfuncional. Resposta correta C – quando o cliente está res is tente a ident i f icar e aval iar seus pensamentos disfuncionais, pode-se recorrer a técnicas comportamentais. Com elas o cliente pode aprender a se expor, a enfrentar certas situações (mudar seu comportamento) e, a partir disso, poderá identificar mais facilmente as crenças associadas e a ressignificá-las quando disfuncionais. Bibliografia Básica: Beck, J. Terapia Cognitivo-Comportamental – teoria e prática – 2ª ed. Capitulo 15 – Outras Técnicas. Porto Alegre: Artmed, 2013. Knapp, P. Principais Técnicas. In: Knapp, P (org.). Terapia Cognitivo Comportamental na prática psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed, 2004. (pg 133-158) Guimarães, SS. Técnicas Cognitivas e Comportamentais. In: Rangé, B (org). Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais: Um dialogo com a Psiquiatria. Porto Alegre: Artmed, 2011 (pg 170-193) Bibliografia Complementar: Leahy, RL. Técnicas de terapia Cognitiva: Manual do terapeuta. Porto Alegre: Artmed; 2006. MÓDULO 7: A perpectiva construtivista em terapia cognitiva Com o fim da idade média, uma nova forma de o lhar o mundo emerge na Europa renascentista. Na tentativa de construir novos referenciais de segurança e inteligibilidade do mundo, um novo empreendimento humano começa a tomar corpo, a "Modernidade". Essa nova forma de conceber o mundo e de produzir conhecimento coloca novamente o Homem no lugar de legitimador do saber produzido, alçando a razão à condição de elemento fundante do saber verdadeiro. O método científico surge então como o conjunto de procedimentos que, quando seguido pelos pesquisadores, garantiria um acesso direto e inequívoco ao real, propiciando assim um saber desprovido das distorções promovidas pelas emoções, desejos, interesses ou superstições; permitindo assim que o conhecimento científico, sustentado na razão, desvelasse a verdade contida no mundo. Podemos dizer então que a modernidade estabelece novos parâmetros de validação e de produção de saberes considerados legítimos, o que implica dizer que se estabelece uma nova concepção epistemológica, que passou a ser chamada de epistemologia moderna. É partir dessa nova concepção epistemológica é que é construído o edifício da ciência moderna. Essa ciência adota uma visão de mundo própria, en tendendo-o como sendo um mundo organizado por leis, dotado de essências, constituído por fenômenos regulares e que é passível de ser apreendido através da observação rigorosa e neutra. Para os modernos o pesquisador, quando munido de um método rigoroso, seria capaz de colocar-se na posição de "observador neutro" de um fenômeno e de “deixar-se impregnar” pela realidade de modo a construir representações fidedignas deste real, o que faria do conhecimento produzido uma representação fiel da essência do real. Atividades recomendadas: 1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando os argumentos utilizados pelos autores, em defesa de suas teses. 2) Frente às concepções modernas de Homem, mundo e verdade, faça uma reflexão partindo do texto sugerido e responda a questão abaixo: O conhecimento produzido nos diferentes momentos históricos atendeu a diferentes critérios de validação pelas comunidades nos quais estes emergiram. A modernidade caracteriza-se dentre outras coisas por uma determinada concepção epistemológica, sobre ela é correto afirmar que: A) A verdade deve ser reconhecida a partir das esc r i t u ras sagradas pe la sua co r re ta interpretação. B)A verdade depende do olhar de quem produz o conhecimento já que as realidades são múltiplas. C) A posição de neutralidade é imprescindível para a construção de um saber verdadeiro. D) O pensamento filosófico em nada ajuda a definição dos parâmetros de derdade que devem ser adotados pelo cientista. E) A razão não é confiável uma vez que ela pode nos trair pela sua imprecisão em relação aos fenômenos naturais Se você compreendeu corretamente as proposições do autor, você deve ter assinalado a alternativa ‘C’ uma vez que a neutralidade apresenta-se, dentro do pensamento moderno, como um elemento imprescindível para a construção de um conhecimento verdadeiro. Uma das principais funções da adoção do método científico moderno é a promoção de uma posição de neutralidade do observador frente ao objeto de pesquisa. ----- Na medida em que se avolumava o conhecimento construído a partir de preceitos modernos, cada vez mais fenômenos eram abordados pelos pesquisadores que, munidos de suas teorias e instrumentos, buscavam descobrir a verdade oculta neles. Tais empreendimentos se mostraram muito bem sucedidos, porém ao se depararem com fenômenos que se mostravam irregulares os pesquisadores modernos tiveram sua metodologia colocada em questão. A emergência dos paradigmas pós- modernos se dá a partir da dificuldade dos modelos modernos de dar conta de explicar e compreender satisfatoriamente um conjunto de fenômenos que não se mostravam dotados de regularidade. Tal dif iculdade propicia o surgimento de uma nova maneira de se conceber o conhecimento e de um novo olhar pa ra os c r i t é r i os de va l i dação des te conhecimento como verdadeiro. É dentro desta crise paradigmática que o construtivismo terapêutico nasce. Nesta nova perspectiva critérios tão caros à ciência moderna são colocados em cheque, a ideia de neutralidade na relação entre sujeito e objeto, da existência de leis gerais regendo a totalidade dos fenômenos, a concepção de um mundo constituído de fenômenos regulares e, sobre tudo, a crença em um conhecimento que fosse uma representação fiel de uma realidade dada, são todas colocadas em questão. A partir destes questionamentos surge uma nova forma de entender o que é o conhecimento, a este novo modelo adotado no universo das psicoterapias é dado o nome de Construtivismo Terapêutico. Atividades recomendadas: 1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando os argumentos utilizados pelos autores, em defesa de suas teses. 2) Frente às concepções modernas de Homem, mundo e verdade, faça uma reflexão partindo do texto sugerido e responda a questão abaixo: A partir da chamada crise da modernidade, um novo modelo epistemológico é proposto. No universo das psicoterapias este modelo vem sendo chamado de construtivismo terapêutico. Sobre esta nova concepção é possível afirmar que: A) O conhecimento verdadeiro é o reflexo da essência dos fenômenos estudados. B) A realidade objetiva deve ser o referencial primeiro de legitimação do saber produzido pelo pesquisador. C) Os saberes que se distanciam da realidade são vistos como distorcidos ou errados. D) o estabelecimento de uma neutralidade entre sujeito e objeto é condição fundamental para a produção de um saber válido. E ) O u n i v e r s o a p r e s e n t a - s e c o m o a potenc ia l idade de const rução de uma diversidade de mundos possíveis. Se você compreendeu corretamente as proposições do autor, você deve ter assinalado a alternativa ‘E’. A visão construtivista rompe com a concepção essencialista de mundo, própria da visão moderna, e passa a olhar os fenômenos como definidos nas relações. Bibliografia Básica: FERREIRA R.F. Construtivismo: um momento de síntese ou uma nova tese? Cadernos de Psicologia, Ribeirão Preto, v. 4, n. 1, p. 27-39, 2001. ABREU, CN. Psicoterapia Construtivista: o novo paradigma dos modelos cognitivistas. In: Rangé, B (org). Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais: Um diálogo com a Psiquiatria. Porto Alegre: Artmed, 2011 MÓDULO 8 - Terapia cognitiva-comportamental (TCC) em crianças e adolescentes. No início da década de 1980, trabalhos em TCC com crianças e adolescentes começaram a ser desenvolvidos com mais clareza e frequência. A literatura tem apontado que a TCC e as suas técnicas são tão efetivas para esse público, como já se mostrou em adultos. Dai a importância em conhecê-las. No entanto, é preciso considerar as diferenças, as particularidades existentes nestas fases de desenvolvimento ao nível cognitivo, comportamental e afetivo, utilizando para tanto, estratégias específicas, para se alcançar os objetivos terapêuticos. Bibliografia Básica: PETERSEN, C. S.; WAINER, R. Princípios básicos da terapia cognitivo-comportamental de crianças e adolescentes. In: Petersen, C.S.; WAINER, R. e Cols. Terapia cognitivo- comportamental para crianças e adolescentes. Ciência e Arte. Porto Alegre: Artmed, 2011. (pg.16-31).
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