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Terapia Cognitivo Comportamental para Crianças, Adolescentes, Adultos e Idosos_Final

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Brasília-DF. 
Terapia CogniTivo ComporTamenTal 
para Crianças, adolesCenTes, 
adulTos e idosos
Elaboração
Ana Claudia Fernandes Monteiro
Roberta Gueudeville Vita Mourão
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APrESEntAção ................................................................................................................................. 5
orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 6
introdução.................................................................................................................................... 8
unidAdE i
Fundamentos da terapia Cognitivo Comportamental e prinCípios da terapia raCional 
emotiva Comportamental .............................................................................................................. 11
CAPítulo 1
ConCeituação da tCC: surgimento e evolução – prinCípios básiCos ........................ 12
CAPítulo 2
diFerenças e similaridades nos enFoques neobehavioristas ........................................ 17
CAPítulo 3
terapia Cognitiva – aaron beCk – a terapia raCional emotiva Comportamental de 
albert ellis e o modelo a-b-C- a terCeira onda: terapia Cognitiva do presente ........ 21
unidAdE ii
proCessos neuropsiCológiCos básiCos – modelo Cognitivo ................................................ 33
CAPítulo 1
pensamentos automátiCos ................................................................................................ 35
CAPítulo 2
Crenças intermediárias ou subjaCentes ......................................................................... 39
CAPítulo 3
Crenças Centrais .............................................................................................................. 42
CAPítulo 4
ConCeituação Cognitiva ................................................................................................. 45
unidAdE iii
avaliação e téCniCas de atendimento em tCC ............................................................................. 50
CAPítulo 1
empatia e alteridade ........................................................................................................... 54
CAPítulo 2
a avaliação em tCC e quadro diagnóstiCo integrado: (nos CiClos de vida / relação 
Com o Cid X – dsm-v) ......................................................................................................... 64
CAPítulo 3
análise FunCional do Comportamento.......................................................................... 68
CAPítulo 4
distorções Cognitivas e avaliação de Crenças irraCionais ...................................... 72
CAPítulo 5
pensamentos enlouqueCedores ...................................................................................... 78
CAPítulo 6
reestruturação Cognitiva ................................................................................................ 82
CAPítulo 7
disFunções Cognitivas e emoCionais nos CiClos de vida (Criança, adolesCente, 
adulto e idosos) ................................................................................................................. 85
PArA (não) FinAlizAr ..................................................................................................................... 98
rEFErênCiAS .................................................................................................................................. 99
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
7
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
introdução
Nas últimas décadas, a TCC - Terapia Cognitivo-comportamental cresceu e se tornou 
uma das psicoterapias mais utilizadas no mundo inteiro. Tal fato é resultado do 
robusto suporte empírico demonstrando sua eficácia no tratamento de pacientes 
sofrendo dos mais variados transtornos psicológicos. Outro fator importante se dá pela 
complementação a TCC de um conjunto de novas terapias integradas que possibilitam 
mais opções e eficácia no tratamento.
As publicações sobre as terapias cognitivo-comportamentais têm sido crescentes na 
área da saúde, o que demonstra a eficácia das TCCs no tratamento de transtornos 
psicológicos em geral (KNAPP, 2004). A teoria da TCC tem como base fundamental o 
conceito de que é possível mudar as cognições por meio de uma psicoterapia estruturada 
e breve, com foco para a solução de problemas atuais e a modificação de pensamentos 
e comportamentos disfuncionais, quer sejam inadequados e/ou inúteis (BECK, 1964). 
A disciplina Terapia Cognitivo Comportamental para Crianças, Adolescentes, Adultos e 
Idosos tem como objetivo discutir os diversos conceitos, tratamentos, causas e impactos 
provocados pela doença. Desse modo, o conteúdo da disciplina foi dividido em unidades 
e capítulos para melhor entender o tema.
A primeira Unidade tratará dos Fundamentos da Terapia Cognitivo Comportamental 
e princípios da terapia racional emotiva comportamental. Nesta unidade veremos 
o conceito, surgimento e evolução; as diferenças e similaridades nos enfoques 
neobehavioristas; os princípios básicos da TCC; a Terapia Cognitiva de Aaron Beck; a 
terapia Racional EmotivaComportamental de Albert Ellis; o Modelo A-B-C e a terceira 
onda: terapia cognitiva do presente.
A segunda Unidade de estudo versará sobre os Processos Neuropsicológicos básicos – 
Modelo cognitivo. Nesta unidade, serão abordados os temas pensamentos automáticos; 
crenças intermediárias; crenças centrais e conceituação cognitiva.
A terceira e última Unidade será dedicada ao estudo da Avaliação e Técnicas de 
Atendimento em TCC. Nesta unidade serão contemplados estudos sobre: empatia; 
avaliação em TCC e quadro diagnóstico integrado: (nos ciclos de vida / relação com o 
CID X – DSM-V); análise funcional do comportamento; distorções cognitivas e avaliação 
de crenças irracionais; pensamentos enlouquecedores, reestruturação cognitiva e 
disfunções cognitivas e emocionais nos ciclos de vida (infância, adolescência, adulto - 
idosos). 
9
objetivos
 » Conhecer os Fundamentos da Terapia Cognitivo Comportamental e 
princípios da terapia racional emotiva comportamental. 
 » Compreender Processos Neuropsicológicos básicos – Modelo cognitivo.
 » Conhecer Avaliação e Técnicas de Atendimento em TCC.
11
unidAdE i
FundAmEntoS dA 
tErAPiA Cognitivo 
ComPortAmEntAl E 
PrinCíPioS dA tErAPiA 
rACionAl EmotivA 
ComPortAmEntAl
As técnicas cognitivas e comportamentais são a base da Terapia 
Cognitivo-Comportamental (BAHS; NAVOLAR, 2004). O ensino dessa abordagem tem 
por objetivo caracterizar e discutir aspectos teóricos e técnicos principais para cada fase 
específica do ciclo de vida, assim como, compreender os processos neuropsicológicos 
básicos e a intervenção em Terapia Cognitivo-Comportamental para pacientes com 
diferentes demandas clínicas. 
A evolução de um conjunto de influências de origens diversas contribuiu para o 
surgimento e desenvolvimento das TCCs, que foi chamada pela maioria dos estudiosos 
no assunto de revolução cognitiva. Tal revolução cognitiva foi iniciada por meio dos 
estudos publicados por autores como Aaron Beck, Michael Mahoney e Albert Ellis 
(ROSO; ABREU, 2003).
Posteriormente, outros modelos teóricos diferenciados foram se desenvolvendo nesse 
enfoque, como exemplos: a Psicoterapia Funcional-Analítica; a Terapia da Aceitação e 
Compromisso; a Terapia Racional – Emotiva – Comportamental; a Terapia Cognitiva, 
a Terapia por Contingências de Reforçamento (BARBOSA; BORBA, 2010). Entretanto, 
as duas modalidades mais influentes nas últimas décadas são a Terapia Cognitiva (TC), 
formulada por Aaron Beck e a Terapia Racional – Emotivo - Comportamental (TREC), 
formulada por Albert Ellis (DOBSON; SCHERRER, 2004).
Nesta Unidade de estudo, serão tratadas a conceituação da TCC, o seu surgimento e 
evolução, as diferenças e similaridades nos enfoques neobehavioristas, os princípios 
básicos da TCC, a terapia cognitiva – Aaron Beck, a terapia Racional Emotiva 
Comportamental de Albert Ellis, o modelo A-B-C e a terceira onda: terapia cognitiva 
do presente.
12
CAPítulo 1
Conceituação da tCC: surgimento e 
evolução – princípios básicos
O conceito da Terapia Cognitivo-Comportamental está integrado às técnicas e conceitos 
advindos de duas principais abordagens: a cognitiva e a comportamental. O termo teve 
origem na Terapia cognitiva, que surgiu na década de 1960 e hoje é usado por estudiosos 
da área como sinônimo de terapia cognitivo-comportamental, sendo este último o que 
será utilizado ao longo desta disciplina. (KNAPP; BECK, 2008)
A Terapia Cognitivo-Comportamental teve sua origem, principalmente com os estudos 
sobre quadros depressivos de Aaron Beck, que a partir de investigações empíricas e 
observações clínicas sistemáticas, tiveram como objetivo averiguar os mecanismos 
inconscientes propostos pela psicanálise. O resultado desses estudos revelou que os 
conteúdos dos pensamentos e dos sonhos dos pacientes apresentavam uma tendência 
a interpretar os acontecimentos de forma negativa, não evidenciando que a depressão 
fosse resultante de raiva voltada contra o self, conforme proposto pela psicanálise 
(RANGÉ, 2001).
Destarte, os resultados encontrados confrontaram os pressupostos psicanalistas, 
contribuindo para a busca de outros fenômenos que elucidassem de maneira satisfatória 
os dados empíricos observados (BECK; ALFORD, 2000). Assim, Beck propôs que 
os sintomas da depressão poderiam ser explicados em termos cognitivos como 
interpretações tendenciosas das situações atribuídas à tríade cognitiva, que é formada 
constituída pela ativação de representações negativas de si mesmo, do mundo pessoal 
e do futuro.
Desde então, houve sucesso na adaptação dessa terapia com abrangência a diversas 
populações e também a uma variedade de transtornos e problemas. E várias outras 
abordagens foram desenvolvidas no modelo cognitivo-comportamental. Entretanto, 
segundo Knnap e Beck (2008) os estudos cognitivo-comportamentais seminais e as 
abordagens iniciais para o tratamento dos transtornos emocionais tiveram origem 
nas décadas de 1960 e 1970 com autores como Aaron Beck, Albert Ellis, Lazarus, 
Meichenbaum e Mahoney. De acordo com Mahoney (1995), essas abordagens são 
divididas em:
1. terapias de habilidades de enfrentamento: com foco no desenvolvimento 
de habilidades para que o paciente se utilize de instrumentos para lidar 
com a diversidade de problemas que se apresentam a ele. 
13
Fundamentos da terapia Cognitivo Comportamental e prinCípios da terapia raCional emotiva Comportamental │ unidade i
2. terapia de solução de problemas: com foco no desenvolvimento de 
estratégias para lidar com as diversas dificuldades pessoais.
3. terapias de reestruturação: com foco na suposição de que os problemas 
emocionais são consequências de pensamentos disfuncionais. Seu 
objetivo é a reformulação dos pensamentos distorcidos e promoção de 
pensamentos adaptativos. 
Diferentes abordagens de terapia cognitivo-comportamental foram desenvolvidas e 
compartilham das características da terapia de Beck, entretanto suas conceitualizações 
e focos no tratamento podem variar até certo ponto. Entre as diversas abordagens que 
surgiram a partir do modelo de Beck, podem-se citar:
1. a terapia racional-emotiva comportamental de Ellis. 
2. a terapia comportamental dialética de Linehan. 
3. a terapia de solução de problemas de D’Zurilla e Nezu. 
4. a terapia de aceitação e compromisso de Hayes, Follette e Linehan. 
5. a terapia de exposição de Foa e Rothbaum. 
6. a terapia de processamento cognitivo de Resick e Schnicke. 
Desde então, vários estudos têm comprovado o sucesso da terapia cognitiva nos mais 
variados transtornos psicológicos, Beck (2013) relata uma série deles: Dobson, 1989 - 
sobre transtorno depressivo maior; Butler, Fennell, Freitas e Rech, 201 0- transtornos 
depressivos; Robson e Gelder, 1991- transtorno de ansiedade generalizada; Barlow, 
Craske, Cerney&Klosko, 1989 e Beck, Sokol, Clark, Berchick& Wright, 1992 - transtorno 
do pânico; Gelenter et al., 1991 e D’el Rey, Pacini, 2006 - fobia social; Woody et al., 
1983 - abuso de substâncias; Agras et al., 1992 e Garner et al., 1993 - transtornos 
alimentares; Duchesne, 2007 - transtorno da compulsão alimentar periódica. Baucon, 
Sayers&Scher, 1990 - problemas de casais; Bowers, 1990 e Bowler&Harden, 1991- 
depressão de pacientes internados.
Segundo Dobson (2001), as terapias cognitivo-comportamentais provêm de um modelo 
cognitivo, que independente de suas diferentes abordagens conceituais e estratégias de 
tratamento nos mais variados transtornos, todas compartilham de alguns pressupostos 
básicos. Os pressupostos básicos compartilhados são:
14
UNIDADE I │ FUNDAmENtos DA tErApIA CogNItIvo ComportAmENtAl E prINCípIos DA tErApIA rACIoNAl EmotIvA ComportAmENtAl
1. a influência da atividade cognitiva no comportamento.
2. a possibilidade de monitoramento e alteração da atividade cognitiva.
3. a possibilidade de influência do comportamento desejado, mediante a 
mudança cognitiva.
Assim, a teoria cognitiva comportamental possui como principal objetivo o 
desenvolvimento de uma psicoterapia estruturada e breve,a qual tem como foco a 
solução de problemas atuais e a modificação de pensamentos e comportamentos 
disfuncionais, quer sejam inadequados e/ou inúteis (BECK, 1964). 
Seu modelo básico ajuda aos terapeutas a conceitualizarem problemas clínicos e a se 
utilizarem de métodos específicos. Por ser um modelo simples proporciona ao terapeuta 
uma atenção totalmente voltada para as relações entre pensamentos, emoções e 
comportamentos e para orientação das intervenções de tratamento.(WRIGHT, BASCO; 
THASE, 2008). O tratamento na TCC baseia-se em alguns princípios básicos que serão 
descritos a seguir.
Figura 1. memória cerebral.
Fonte: <http://veja.abril.com.br/ciencia/cerebro-guarda-dez-vezes-mais-memorias-do-que-se-acreditava-diz-estudo/>.
Princípios básicos da tCC
Os princípios básicos da TCC se dividem em princípios teóricos e práticos (KNAPP, 
2004). Segundo os autores, o modelo teórico tem como base a inter-relação entre 
cognição, emoção e comportamento, que consiste na forma como a realidade é percebida 
e processada pelos indivíduos, a qual irá influenciar a forma como eles se sentem e se 
comportam. 
15
Fundamentos da terapia Cognitivo Comportamental e prinCípios da terapia raCional emotiva Comportamental │ unidade i
Esse modelo é constituído por três níveis de cognição: pensamentos automáticos 
(PA), pressupostos subjacentes e crenças nucleares. Todos os indivíduos possuem 
crenças, pressupostos e PA, sejam eles positivos ou negativos. Entretanto, no processo 
terapêutico normalmente esses conceitos quando citados, referem-se aos disfuncionais 
Desta forma o princípio teórico da TCC tem como objetivo reestruturar e corrigir os 
pensamentos considerados disfuncionais, promovendo mudança no comportamento 
e, consequentemente, a melhora dos transtornos emocionais (KNAPP, 2004). 
Esses conceitos serão descritos na Unidade II dessa apostila. A figura 2 apresenta a 
representação gráfica do modelo teórico cognitivo.
Figura 2. modelo teórico cognitivo.
 Crenças nucleares 
Pressupostos subjacentes 
Pensamentos automáticos Situação Reações 
Emocionais 
 
Comportamentais 
 
Físicas 
Fonte: knapp (2004).
No que se refere ao princípio prático, sua base está na inter-relação entre afeto, 
cognição, comportamento e pensamento. De acordo com Knapp (2004), nesse princípio 
é importante que as emoções sejam investigadas, pois apesar de a TCC ter como foco 
a mudança nos pensamentos, quando isso não acontece o tratamento é considerado 
como uma troca intelectual, sem nenhum significado terapêutico. O afeto é essencial 
para a realização da reestruturação cognitiva do indivíduo.
Knapp (2004) acrescenta que a disfunção emocional e cognitiva são retroalimentadas 
pelos padrões de comportamento, assim é importante que tais comportamentos 
sejam investigados. Os autores citam como exemplo, o fóbico social, que se utiliza de 
comportamento de fuga diante de situações ameaçadoras (Sai antes que algo acontecesse 
e eu passasse vergonha). Essas interpretações equivocadas vão retroalimentar seus 
16
UNIDADE I │ FUNDAmENtos DA tErApIA CogNItIvo ComportAmENtAl E prINCípIos DA tErApIA rACIoNAl EmotIvA ComportAmENtAl
pensamentos distorcidos. Dessa forma, toda vez que o paciente foge de uma situação 
dessas, essa situação o deixa mais atemorizado (KNAPP, 2004)
Assim, Knapp (2004) relata que esse processo ocorre em um ciclo constituído por 
pensamentos automáticos, pressupostos subjacentes, crenças nucleares e o impacto 
do humor, no qual as crenças disfuncionais ativam os PA´s e estes irão promover 
um humor correspondente, que levará o individuo a mais PA´s disfuncionais, que 
consequentemente aumentarão seu humor disfuncional. Esse aumento no humor 
pode provocar um aumento de recordações e percepções distorcidas (FREEMAN et al., 
1990, citado por KNAPP 2004). Como ocorre na depressão, em que a visão distorcida e 
negativa do paciente de si mesmo, das pessoas e do futuro, aumenta suas recordações 
e percepções de suas experiências que contribuem para o humor depressivo, o que o 
mantêm com os sintomas da depressão (KNAPP, 2004).
Desta forma, o objetivo inicial da terapia é quebrar o período em que os problemas do 
indivíduo são perpetuados e ampliados, com a utilização das técnicas para a modificação 
dos pensamentos automáticos, com o objetivo de reestruturar e corrigir os pensamentos 
disfuncionais, promovendo mudança no humor e, por conseguinte a mudança no 
comportamento do indivíduo, e melhora dos transtornos emocionais. Entretanto, 
Knapp (2004) enfatiza que não basta somente trabalhar com a cognição no nível mais 
superficial (PA), pois isso pode gerar um risco de uma recaída para o paciente quando 
experienciar eventos similares aos que ocorreram no episódio em curso. Para que os 
resultados sejam duráveis, é importante também que sejam modificadas as crenças e 
os pressupostos que predispõem aos problemas. Assim, o terapeuta poderá planejar 
estratégias eficazes para lidar com situações futuras que podem precipitar uma recaída.
Figura 3. terapia cognitivo-comportamental.
Fonte: <http://julianafisch.blogspot.com.br/2014/07/a-terapia-cognitivo-comportamental.html>.
17
CAPítulo 2
diferenças e similaridades nos enfoques 
neobehavioristas
O Behaviorismo surgiu em 1913 com os estudos de John B. Watson, intitulado 
“Psychology as the Behaviorist Views it” (Psicologia como o behaviorista a vê), conhecido 
como manifesto behaviorista (NETO, 2002) que relata o rompimento com a filosofia da 
psicologia objetiva com a psicologia comparativa. A primeira tem como base teórica a 
observação e a experimentação. A segunda postula o comportamento humano com base 
nas explicações da seleção natural de Darwin (BAUM, 1999, citado por NETO, 2002).
Assim, Watson tinha como proposta mudar o foco da Psicologia, que até então era 
mentalista, estudava os processos mentais (como pensamentos, sentimentos), para 
o estudo do comportamento observável. De acordo com Matos (1995), essa proposta 
incluía:
 » estudar o comportamento por si mesmo;
 » opor-se ao Mentalismo, e ignorar fenômenos como consciência, 
sentimentos e estados mentais;
 » adotar a teoria da evolução, estudando não só o comportamento do 
homem, como também dos animais, sendo este último o mais importante;
 » usar o determinismo materialístico;
 » usar métodos objetivos na coleta de dados, descartando a introspecção;
 » realizar experimentação controlada;
 » realizar testes de hipótese de preferência com grupo controle;
 » observação consensual.
Evitar explicar o comportamento por meio do sistema nervoso, contudo estudar a ação 
dos órgãos periféricos, dos órgãos sensoriais, dos músculos e das glândulas. 
18
UNIDADE I │ FUNDAmENtos DA tErApIA CogNItIvo ComportAmENtAl E prINCípIos DA tErApIA rACIoNAl EmotIvA ComportAmENtAl
quadro 1. diferenças e similaridades entre behaviorismo metodológico e behaviorismo radical.
Behaviorismo Metodológico Behaviorismo Radical
Percursorsores John B. Watson Burrhus Frederic Skinner
Base Realismo Pragmatismo
Objetivo Descrever o comportamento em termos fisiológicos, 
observáveis. Não analisava o contexto dos fatos.
Descrever o comportamento em seu contexto, 
fatores inobserváveis
Semelhanças É um campo de observação analisado através de métodos 
científicos, previamente comprovados.
Fonte: Ceribelli & mendes, 2015.
O Behaviorismo radical de Skinner, também chamado de filosofia da análise do 
comportamento, ao contrário do behaviorismo de Watson, admite que o mundo 
privado, ou seja, os estados mentais fazem parte do comportamento humano, unindo 
o comportamento observável com o inobservável. Para Skinner o Behaviorismo é uma 
filosofia da ciência e não uma ciência do comportamento humano (SKINNER, 1974).
Vale ressaltar que para o autor o objeto de análise da psicologia é o comportamento. 
E esse comportamento seria parte da atividade do organismo. Assim, para Skinner 
(1987), O corpo reflete o que a mente faz, portando ele considera que a mente é o 
comportamento.
Para Hayes (1987)os pensamentos independentes de sua natureza privada não são 
diferentes. Eles podem ter atributos especiais por serem verbais, mas continuam sendo 
comportamentos. Desta forma, o autor relata que os behavioristas começam a estudar 
as reações humanas com foco na distinção entre público e privado, deixando o físico e 
o mental.
De acordo com Skinner (1987), os eventos privados são as variáveis que apenas a uma 
pessoa tem acesso, estão relacionadas a condições físicas privadas e a comportamentos 
encobertos. A diferença deste acontecimento para os eventos publicamente observáveis 
é que eles são os únicos cujo acesso direto só é permitido à própria pessoa. O autor 
acrescenta que o comportamento verbal deveria ser explicado como função de 
contingências de reforçamento providas por uma comunidade verbal. Esta comunidade 
verbal ensinaria a pessoa a reagir discriminativamente a si mesmo, mediante 
determinadas estratégias.
A segundo Malerbi e Matos (1992), Skinner desenvolveu quatro estratégias para esta 
comunidade verbal.
1. Utilizar os estímulos públicos associados aos estímulos privados pela 
comunidade verbal, para que o reforçamento contingente volte à resposta 
do indivíduo.
19
Fundamentos da terapia Cognitivo Comportamental e prinCípios da terapia raCional emotiva Comportamental │ unidade i
2. Ensinar um indivíduo a relatar os seus eventos internos, que segundo 
Skinner, consiste em reforçar o tato de eventos privados, se e quando 
outras respostas colaterais deste indivíduo, não verbais, porém públicas, 
ocorrerem, hipoteticamente, aos mesmos estímulos privados.
3. O indivíduo deve descrever o seu próprio comportamento encoberto 
em reação a estímulos privados. Para Skinner (1974) o comportamento 
encoberto consiste em uma subclasse de eventos internos, que envolvem 
estímulos e respostas.
4. Consiste na proposta de que uma resposta que é adquirida e mantida em 
conexão com estímulos públicos pode ser emitida, por meio de analogia, 
na presença de eventos privados, com base em propriedades coincidentes 
destes dois conjuntos de estímulos.
Embora Skinner apresente quatro estratégias de ensino para a comunidade verbal 
Mallerbie Matos (1992) relatam que nenhuma delas mostrou-se suficiente para fornecer 
um repertório verbal confiável em relação aos estímulos privados, por serem passíveis 
de erro ou de limitação na sua aplicação.
Figura 4. Comunidade verbal.
Fonte: <http://www.danielafaus.com.br/blog/2015/9/23/tudo-estava-indo-bem-mas-4-dicas-para-quem-atravessa-a-crise-do-
terceiro-ano>.
Pode-se concluir que, o estudo do comportamento é controlado por regras, que vão 
auxiliar a compreender as contingências que embasam a relação entre pensamento e 
20
UNIDADE I │ FUNDAmENtos DA tErApIA CogNItIvo ComportAmENtAl E prINCípIos DA tErApIA rACIoNAl EmotIvA ComportAmENtAl
outras formas de ação do indivíduo. Segundo Hayes (1987) essas regras verbais são 
produzidas pela comunidade social-verbal e influenciam outras formas de ação do 
indivíduo. Sendo a consciência considerada como comportamento verbal, proveniente 
da inclusão na comunidade verbal. O comportamento verbal não pode se referir a 
um mundo real, objetivo e impessoal, pois as respostas verbais são controladas pelas 
práticas de reforço das comunidades verbais, pelo contexto e experiências pessoais do 
indivíduo. 
21
CAPítulo 3
terapia cognitiva – Aaron Beck 
– a terapia racional emotiva 
comportamental de Albert Ellis e o 
modelo A-B-C- a terceira onda: terapia 
cognitiva do presente
terapia cognitiva – Aaron Beck
A terapia cognitiva de Aaron Beck surgiu no início da década de 1960, caracterizada 
como uma psicoterapia breve (BECK, 1997). Deu origem ao termo terapia cognitiva, 
que hoje é denominado por estudiosos e profissionais da área como sinônimo de terapia 
cognitivo-comportamental (BECK, 2013). Sua estrutura de terapia breve, voltada para 
acontecimentos atuais, tem como proposta sanar problemas do presente e modificar 
pensamentos e comportamentos distorcidos (BECK, 1997). 
Para o tratamento na terapia cognitiva, Beck (1997) criou o modelo cognitivo com a 
proposta de que o pensamento distorcido ou disfuncional é comumente visto em 
todos os distúrbios psicológicos. Esse pensamento distorcido influencia o humor e o 
comportamento do ser humano. O foco do tratamento está na busca de uma mudança 
cognitiva, que consiste em modificar os pensamentos e crenças do indivíduo, que 
consequentemente promoverá a mudança duradoura emocional e comportamental. O 
Modelo cognitivo descrito por Beck é apresentado na figura 6:
Figura 5. modelo Cognitivo de beck.
 
Crença central 
Crença intermediária 
Situação Pensamento automático Emoção 
Fonte: beck (1997).
O modelo inicial de Beck foi voltado para tratar distúrbios como a depressão. Entretanto, 
a eficácia da Terapia Cognitiva tem sido confirmada em estudos sobre diversos tipos de 
transtornos, em pacientes com diversos níveis de renda, idade e background. Contudo, 
22
UNIDADE I │ FUNDAmENtos DA tErApIA CogNItIvo ComportAmENtAl E prINCípIos DA tErApIA rACIoNAl EmotIvA ComportAmENtAl
em todas as suas formas, o tratamento baseia-se em uma formulação cognitiva de 
um transtorno específico e em sua aplicação a conceituação ou entendimento de cada 
indivíduo (BECK, 1997).
Nessa mesma linha, Dobson (2001), Segundo Dobson (2001) as terapias 
cognitivo-comportamentais provêm de um modelo cognitivo, que independente de 
suas diferentes abordagens conceituais e estratégias de tratamento nos mais variados 
transtornos, todas compartilham de alguns pressupostos básicos. Os pressupostos 
básicos compartilhados são os seguintes.
1. A influência da atividade cognitiva no comportamento.
2. Possibilidade de monitoramento e alteração da atividade cognitiva.
3. Possibilidade de influencia do comportamento desejado, mediante a 
mudança cognitiva.
No que se refere às técnicas utilizadas pela abordagem cognitivo-comportamental, 
Rangé (2001) cita a seguir. 
1. Identificação dos pensamentos disfuncionais que provocam sentimentos 
negativos e comportamentos disfuncionais. 
2. Automonitoramento das cognições negativas. 
3. Identificação de afinidade entre pensamentos, crenças e sentimentos 
subjacentes. 
4. Aprender a usar pensamentos funcionais e adaptativos no lugar dos 
disfuncionais.
5. Identificação de seus pressupostos básicos, visão de si, do mundo e do 
futuro. 
Assim, o terapeuta busca mediante o modelo cognitivo, estratégias para promover 
a mudança nos pensamentos e crenças disfunções dos pacientes, para que ocorra a 
melhora em seus transtornos psicológicos. Nesse processo o foco é despotencializar 
as crenças centrais disfuncionais e o desenvolvimento e fortalecimento de crenças 
funcionais, ou seja, uma reconstrução reflexiva do sistema de crenças do paciente 
(BECK,1997). O autor relata que a realização dessa reconstrução depende, dentre 
outros fatores, da habilidade do terapeuta na identificação das crenças subjacentes ao 
funcionamento desadaptativo do cliente, na realização da conceituação cognitiva. 
23
Fundamentos da terapia Cognitivo Comportamental e prinCípios da terapia raCional emotiva Comportamental │ unidade i
Nesse processo, também é importante a comunicação ao paciente sobre suas crenças, de 
modo que ele possa identificar e compreender sua dinâmica psicológica. De acordo com 
Oliveira, Pires e Vieira (2009), os pacientes precisam ser submetidos a ter consciência 
de suas crenças disfuncionais, por meio de um teste de realidade. Pois, enquanto 
essas crenças não são refletidas, provocam interpretações distorcidas da realidade. 
Assim, esse processo de conscientização das crenças disfuncionais contribui para 
uma interpretação mais real das crenças centrais disfuncionais, do seu autoconceito e 
também acerca dos outros. 
O sucesso da terapia depende não só da utilização das técnicas psicoterápicas, mas 
também é fundamental que o terapeuta estabeleça uma relação de confiança na relação 
com o paciente. Essa relação também échamada de aliança terapêutica. Tal confiança 
promove uma predisposição no paciente para ouvir o terapeuta e aceitar o que ele fala. 
A terapia racional emotiva comportamental de 
Albert Ellis e modelo ABC
A terapia Racional Emotiva foi desenvolvida na década de 1955, com o psicanalista norte 
americano Albert Ellis. Teve influencia de teorias psicodinâmicas, contudo apresenta 
uma postura mais ativo, diretiva e sistemática de intervenção junto ao paciente. Por 
volta de 1983, passou a ser chamada de Terapia Racional Emotiva Comportamental 
(TREC), assumindo uma influência clara do behaviorismo no desenvolvimento de suas 
técnicas terapêuticas (KNAPP, 2004). A terapia racional emotivo comportamental 
tem como as cognições para promover mudanças emocionais e comportamentais 
(BECK, 1997)
O modelo ABC desenvolvido por Ellis propõe que situações ou acontecimentos (A), 
desenvolvem algumas crenças pessoais (B), essas crenças geram consequências (C), 
que podem ser da ordem emocional, comportamental e fisiológica. Desta forma, Ellis 
estabelece a visão os transtornos psicológicos, são baseados nas construções cognitivas, 
como pensamentos irracionais e negativos. Assim, a TREC tem como objetivo principal 
a identificação e contestação das crenças disfuncionais do indivíduo, buscando manter 
um estado de equilíbrio emocional para os pacientes (KNAP; BECK, 2008).
O autor formulou 11 crenças identificadas nos transtornos psicológicos. Geralmente 
essas crenças apresentam expectativas irreais ou absolutistas dos acontecimentos.
1. A pessoa deve ser estimada ou aprovada por todos a quem ela considere 
importantes em sua vida.
2. A pessoa deve ser plenamente competente, adequada e realizada, de 
forma a ser valorizada.
24
UNIDADE I │ FUNDAmENtos DA tErApIA CogNItIvo ComportAmENtAl E prINCípIos DA tErApIA rACIoNAl EmotIvA ComportAmENtAl
3. Algumas pessoas são más, perigosas ou desprezíveis, e deveriam ser 
reprovadas e penalizadas por suas crueldades. 
4. É terrível e calamitoso quando queremos que as coisas aconteçam de uma 
forma e elas não acontecem.
5. As razões externas são a causa da infelicidade humana e as pessoas não 
têm controle sob seus sofrimentos.
6. Só em pensar que alguma coisa é ou poderá ser perigosa ou apavorante, 
a pessoa deve ficar muito preocupada e pensar em todo tempo na 
possibilidade desta coisa acontecer. 
7. As dificuldades e responsabilidades pessoais são mais fáceis de serem 
evitadas do que enfrentadas. 
8. As pessoas dependem umas das outras e precisam de alguém em quem se 
sintam mais fortalecidas para que possam encontrar confiança e apoio. 
9. O passado é o que determina a identidade da pessoa e seu comportamento 
atual, se em algum momento houve alguma situação que tenha afligido 
gravemente sua vida, poderá ter influencias sobre ela.
10. Pessoas devem se preocupar extremamente com os problemas de outras 
pessoas.
11. Sempre há uma solução correta, precisa e perfeita para os problemas das 
pessoas, contudo, é uma catástrofe quando a solução não é encontrada.
Para Ellis são as crenças irracionais que dão origem aos sentimentos perturbadores e 
comportamentos disfuncionais, que faz o indivíduo ter uma visão distorcida da realidade 
e agir inadequadamente. Segundo ele o ser humano tem uma tendência biológica, tanto 
inata quanto adquirida para construir crenças irracionais. E geralmente essas crenças são 
utilizadas como mecanismo de defesa, isso contribui para que estas crenças tornam-se 
inadequadas e permaneçam gerando comportamentos disfuncionais.
Assim, é fundamental para manter um equilíbrio emocional, monitorar e desafiar 
constantemente seus sistemas de crenças básicas. De acordo com Barbosa et al. 
(2010), essas crenças irracionais tem forte relação com estados emocionais negativos 
equilibrados (tristeza, aborrecimento, mágoa, desprazer), que acarretam reações 
emocionais perturbadoras, como pânico, depressão, fúria. 
25
Fundamentos da terapia Cognitivo Comportamental e prinCípios da terapia raCional emotiva Comportamental │ unidade i
Ellis diz que a TREC é um tipo de psicoterapia ativa e diretiva que o terapeuta leva o 
paciente a identificar a origem filosófica de seus problemas psicológicos, suas crenças 
irracionais. E assim, contribui para que o paciente perceba que há tratamento para 
seus problemas e a partir da identificação e mudança de suas crenças irracionais, é 
possível mudar seu comportamento disfuncional. Nesse processo, Ellis descreve que 
o terapeuta pode ser considerado como um professor que ensina o paciente a ser seu 
próprio terapeuta.
De acordo com Ellis a TREC é uma abordagem conhecida por sua teoria do modelo ABC, 
que reconhece a relevância das emoções e comportamentos, mas realça o papel das 
cognições (crenças, pensamentos e imagens mentais). Esse modelo destaca as relações 
entre os ‘A’ , referem-se aos acontecimentos (adversidades ou os eventos ativadores), 
os ‘B’ (do inglês beliefs), representados pelas as crenças e as avaliações que fazemos 
dos acontecimentos e os ‘C’, que são as consequências emocionais e comportamentais 
(ELLIS; LANGE, 2004). A figura 1 mostra a representação gráfica do modelo:
Figura 6. modelo abC de ellis.
 
A B C 
Eventos Ativadores Suas crenças seus sentimentos e 
Situações específicas e os Eventos comportamentos 
E pessoas em situações Ativadores 
Fonte: ellis e lange (1994).
Esse modelo colaborou demasiadamente para compreender como se dá a influência 
dos processos cognitivos no funcionamento emocional e comportamental das pessoas. 
E amparou a proposta de que o uso dos métodos lógico-empíricos da ciência podem 
combater com eficácia as crenças irracionais. Assim, o modelo ABC tem como objetivo 
mudar nossa maneira de pensar, melhorando nossa habilidade de lidar com o estresse 
e a ansiedade. 
Figura 7. sensação de bem-estar.
Fonte: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticia/2011/12/saiba-como-aumentar-a-sensacao-de-bem-estar-e-prazer-3598878.html>.
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A terceira onda: terapia cognitiva do presente
A prática clínica da psicologia comportamental foi desenvolvida em três ondas. A primeira 
surgiu na década de 1950, com base nos estudos sobre condicionamento na psicologia 
comportamental de Ivan Pavlov (EYSENCK, 1994). Nessa época, a preocupação dos 
clínicos era com o condicionamento clássico e a aprendizagem operante. Assim, a 
proposta da terapia era a mudança dos comportamentos considerados inadequados, 
por meio de modificações no ambiente das pessoas.
A segunda onda surge com a revolução cognitivista dos anos 1960, com uma proposta 
de um modelo mais racional, que buscava investigar as crenças subjacentes aos 
comportamentos e afetos. Essa abordagem sugere que comportamentos e emoções são 
mediados por processos cognitivos. Dessa forma, esse é um modelo mediacional entre 
a terapia comportamental e a terapia cognitiva (BARBOSA; TERROSO; ARGIMON, 
2010). Na segunda onda destacam-se os trabalhos de Albert Ellis, sobre a Terapia 
Racional Emotiva e Aaron Beck, com os estudos sobre depressão.
Destarte, a terapia cognitiva comportamental continuou crescendo, assim outros 
modelos foram surgindo. A partir dos anos 2000, ocorre a terceira onda, uma 
abordagem empírica, que observa o contexto e as funções do fenômeno psicológico, 
que se propõe destacar estratégias de mudanças experienciais e contextuais (HAYES, 
2004). Diferentemente da primeira e segunda onda, que focavam mudança em algum 
conteúdo específico, a terceira onda focaliza a vivência subjetiva do indivíduo com 
a proposta de transformar o contexto sócio verbal que promove o pensamento e as 
crenças.
As mudanças para a terapia cognitivo-comportamental (TCC) não foi uma solução 
adequada para as limitações da terapia comportamental. Dessa forma, a terceira onda 
das terapias comportamentaisretoma o problema e as contribuições da primeira. 
Contudo seu foco ainda é a cognição, porém seu foco que era o conteúdo, agora passa 
para o contexto dos pensamentos, sentimentos e sensações. Contudo, a terceira onda 
compartilha de cinco princípios comuns em seus métodos (HAYES, 2004):
a. métodos e princípios contextuais – foco em mecanismos de mudança 
baseados no contexto e na função dos eventos psicológicos. 
b. repertório amplo e flexível – métodos eficientemente aplicados a 
síndromes muito distintas. 
c. adequação a clientes e clínicos – modelo unificado do funcionamento 
humano. 
27
Fundamentos da terapia Cognitivo Comportamental e prinCípios da terapia raCional emotiva Comportamental │ unidade i
d. integração com outras vertentes de TCC – incluiu métodos efetivos das 
terapias cognitivas e comportamentais. 
e. consideração de temas complexos – investiga assuntos típicos de tradições 
menos empíricas, como identidade, valores e espiritualidade.
 · Diversos são os modelos de intervenção que representam a terceira 
onda, destacando-se: ACT – Terapia de Aceitação e Compromisso, 
a FAP – Psicoterapia Analítica Funcional, a TCD – Terapia 
Comportamental Dialética e a Terapia Comportamental Baseada 
em Mindfulness.A seguir serão detalhados os modelos descritos:
ACt – terapia de Aceitação e Compromisso
A Terapia de Aceitação e Compromisso foi elaborada por Hayes, baseada na Teoria 
dos Quadros Relacionais. Teve seu início na primeira metade do século XX, tendo seus 
princípios básicos oriundos das teorias de aprendizagem (HAYES; VILLATTE; LEVIN; 
HILDEBRANDT, 2011). Conhecida como “uma abordagem funcional contextual de 
intervenção, baseada na Teoria dos Quadros Relacional, que vê o sofrimento humano 
como originário da inflexibilidade psicológica promovida pela esquiva experiencial e 
fusão cognitiva” (HAYES; STROSAHL; BUNTING; TWOHIG; WILSON, 2010, p. 29). 
Podemos ver nessa teoria conceitos de mindfulness, aceitação, comprometimento e 
processos de mudança comportamentais para alcance de maior mobilidade psicológica
Diferente das duas primeiras ondas da TCC que apesar de apresentarem métodos 
diversificados, compartilhavam do mesmo objetivo, que era o de modificar diretamente 
os comportamentos e sentimentos. A ACT não partilha desse objetivo, enfatiza a 
relação do indivíduo com os eventos psicológicos, e não dos eventos em si (HAYES, 
2008). Assim, o objetivo da ACT é produzir uma flexibilidade psicologia, de maneira 
que o paciente aceite seus eventos privados desagradáveis, de maneira que proponha 
a importância e a valorização de estratégias que conduza o paciente tenha uma vida 
plena, com significados.
Portanto, pode-se dizer que são três os focos de intervenção da ACT: o primeiro é a 
Aceitação dos eventos considerados ruins para o paciente, de maneira que ele não 
suporte a eles e os sinta para evitar um futuro sofrimento adicional. O segundo foco 
está na Escolha, que se baseia na experiência/história do indivíduo sem repetir erros. 
E o terceiro foco está na Ação, que deve ser apontada para o futuro e comportamentos 
abertos, que podem ser alterados.
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UNIDADE I │ FUNDAmENtos DA tErApIA CogNItIvo ComportAmENtAl E prINCípIos DA tErApIA rACIoNAl EmotIvA ComportAmENtAl
A história da ACT se divide em três períodos: o primeiro ocorreu entre os anos de 1970 
e 1980, nessa época a ACT foi chamada de distanciamento compreensivo, que indicava 
uma expansão e elaboração da terapia cognitiva. Teve como motivação a teoria de que 
o papel desempenhado pelo comportamento verbal e a linguagem desempenhavam na 
iniciação, manutenção e tratamento do comportamento anormal, eram primordiais 
para o comportamento. O segundo período surgiu entre as décadas de 1985 e 1999, 
juntamente com a teoria dos quadros relacionais (TQR) de Hayes, focalizando 
comportamental pós-skinerianno da cognição e da linguagem humanas. Nessa época, a 
TQR expandiu as compreensões de Skinner sobre comportamento verbal e seguimento 
de regras e fundamentou o modelo e as intervenções da ACT. O terceiro período 
ocorreu no ano de 2000 e se estende a atualidade. Teve como marco a publicação do 
livro Terapia de Aceitação e Compromisso: Uma Abordagem Experiencial à Mudança 
do Comportamento (HAYES; STROSAHL; WILSON, 1999). 
Assim, a ACT tem sido pesquisada e recebido reconhecimento de ser uma abordagem 
contextualista baseada na TQR. Com uma vasta produção científica até o ano de 2012, 
com diversos livros publicados em vários idiomas, assim como uma variedade de 
estudos clínicos aleatorizados abrangendo temas diversos, como ansiedade, manejo 
da diabetes, preconceito, enfrentamento do câncer, transtorno de personalidade 
borderline e desempenho esportivo (HAYES; PISTORELLO; LEVIN, 2012).
FAP - Psicoterapia Analítica Funcional
A Psicoterapia Analítica Funcional foi desenvolvida por Kohlemberg e Tsai, tem 
como base a análise funcional do comportamento, fundamentada na obra de Skinner. 
De acordo com Kohlemberg e Tsai (2004), a diferença entre a FAP e outras terapias 
comportamentais, é que esta é uma terapia centrada nas perspectivas dos pacientes e 
considera o vínculo terapêutico profundo e íntimo. 
Assim, a FAP tem seu foco principal na relação terapeuta/paciente, valorizando as 
contingências da sessão. Ocorrendo a modelagem de comportamentos em sessão 
e o reforçamento natural de comportamentos assertivos apresentados pelo cliente. 
Tem como suportes teóricos: o reforçamento, a especificação dos comportamentos 
clinicamente relevantes e a generalização (KHOLENBERG; TSAI, 2004).
No que se refere ao reforço, quanto mais rápida a consequência do comportamento, 
maior o efeito da resposta. Vale ressaltar que para determinado tipo de reforço, há o 
lugar certo para sua aplicação, como exemplo, alguns comportamentos só podem ser 
reforçados dentro do consultório, por isso o foco na relação terapêutica. Os reforços 
podem ser “naturais”, que consideram o comportamento já existente, ou “arbitrário”, 
29
Fundamentos da terapia Cognitivo Comportamental e prinCípios da terapia raCional emotiva Comportamental │ unidade i
que não promovem benefício para o cliente e sim para quem faz o reforçamento 
(KOHLENBERG; TSAI,2004). 
Já os comportamentos clinicamente relevantes são denominações tanto para 
comportamentos problema, quanto para os desejados. É fundamental a observação 
para definição dos CRBs, e o ideal é que eles apareçam na presença do terapeuta. Assim, 
exige-se do terapeuta um treinamento que o capacite a identificar e classificar os CRBS. 
Para que ocorra a generalização é necessário que a terapia aconteça no mesmo ambiente 
em que acontece o problema.
Os comportamentos dos indivíduos podem ser divididos em três categorias: 
1. CRBs1: é geralmente a queixa apresentada pelo cliente, os comportamentos 
desadaptativos e disfuncionais que ele apresenta.
2. CRBs2: é basicamente a melhora dos CRBs1. Comportamentos que se 
tornam mais assertivos e produtivos comparados aos comportamentos 
descritos na queixa.
3. CRBs3: aqui é o comportamento de autoanálise feito pelo cliente. Onde 
ele aprende a discriminar as variáveis das quais seus comportamentos 
são função, podendo assim, agir mais assertivamente no ambiente em 
que está inserido.
Para além da divisão dos comportamentos dos indivíduos, a FAP define alguns dos 
comportamentos do terapeuta para facilitar a compreensão de como trabalhar com os 
CCRs, numerando-os em cinco regras. 
 » Regra 1- Prestar atenção nos CRBs do cliente - é importante que o 
terapeuta esteja atento observando todo repertório ocorrido na sessão.
 » Regra 2- Evocar CRBs do cliente - quando o relacionamento 
terapeuta-cliente é ideal ocorre a evocação do CRB1 e cria condições para 
o desenvolvimento do CRB2.
 » Regra 3- Reforçar CRBs2 –essa é uma regra difícil depor em prática, 
uma vez que os únicos reforçadores naturais disponíveis na sessão, 
para o cliente adulto, são as ações e reações interpessoais entre cliente e 
terapeuta.
 » Regra 4- Observar os efeitos daintervenção - enfatiza a importância 
dos efeitos das consequências do comportamento sobre sua futura 
probabilidade de ocorrência.
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UNIDADE I │ FUNDAmENtos DA tErApIA CogNItIvo ComportAmENtAl E prINCípIos DA tErApIA rACIoNAl EmotIvA ComportAmENtAl
 » Regra 5- Modelar CRBs3 no cliente - fornecendo interpretações de 
variáveis que afetam o seu comportamento.
Assim, com a utilização dessas regras, torna-se possível a identificação dos 
comportamentos do terapeuta que podem ser eficazes no trabalho clínico.
tCd - terapia Comportamental dialética 
A terapia comportamental dialética (DBT) foi desenvolvida por MarshaLinehan 
em 1984.Inicialmente seu foco foi o tratamento de comportamentos suicidas e 
parassuicidas (DIMEFF; KOERNER, 2007), posteriormente foi estendido para algumas 
psicopatologias, como transtorno de personalidade borderline (TPB), prescrevendo o 
treinamento de habilidades específicas a serem realizadas com os clientes.
O tratamento consiste no equilíbrio de técnicas de aceitação com técnicas de mudança, 
com desenvolvimento de metas comportamentais específicas, organizadas em forma 
de pré-requisitos, em que a aprendizagem de uma meta é condição para que se 
possam promover aprendizagens mais direcionadas dentro das metas seguintes. Esse 
tratamento ocorre em três estágios: 
1. Alcançando as habilidades básicas: tem como foco obter comprometimento 
com o tratamento e reduzir comportamentos que ameacem a segurança 
e a saúde do paciente. O terapeuta identifica as cognições, estados 
emocionais e consequências interpessoais que impedem o paciente de 
adotar um modo mais funcional e o ajuda a encontrar alternativas. De 
acordo com Abreu & Abreu (2016), esse processo ocorre por meio do 
desenvolvimento de quatro metas terapêuticas: 
a. redução de comportamentos de suicídio ou parassuicídio. 
b. reduzir comportamentos que interferem na terapia. 
c. reduzir comportamentos que interferem na qualidade de vida.
d. promoção de habilidades.
2. Redução do estresse pós-traumático: o foco desse estágio está na meta de 
descrever e aceitar as interações aversivas traumáticas vivenciadas pelos 
clientes com TPB ao longo de sua vida, como exemplos, abuso sexual, 
separação, perdas de pessoas queridas, mudança, ataques alcoólicos dos 
cuidadores, ameaças traumáticas dos pares. O terapeuta nesse estágio 
31
Fundamentos da terapia Cognitivo Comportamental e prinCípios da terapia raCional emotiva Comportamental │ unidade i
leva o cliente a lembrar e aceitar eventos traumáticos, sintetizando as 
interpretações sobre abuso físico ou psicológico (ABREU; ABREU, 2016).
3. Solucionando problemas de vida e desenvolvendo o respeito próprio: esse 
estágio consiste na utilização da relação terapeuta-cliente para promoção 
do reforço dos comportamentos relacionados à capacidade de confiar 
em si mesmo, validação de suas próprias opiniões, emoções e ações. 
Ressaltando também valores pessoais, identificados nesse período, como 
estudar, trabalhar, formar uma família, ser uma ótima mãe. Dessa forma, 
o cliente aprende a viver, definir metas de vida, construir autorrespeito 
e encontrar paz e felicidade de maneira independente (ABREU; ABREU, 
2016).
À guisa da conclusão esses três estágios finalizam a ampla proposta de tratamento para 
o TPB, que se inicia na concepção de sua etiologia até a designação do papel de cada 
profissional de saúde envolvido na aplicação da DBT (ABREU; ABREU, 2016).
terapia comportamental baseada em mindfulness
A terapia cognitiva baseada em mindfulness surgiu na década de 1982. O movimento 
cognitivo- comportamental introduziu importantes mudanças nas terapias para os 
tratamentos de transtornos psicológicos. Tais mudanças foram marcadas por três ondas, 
conforme sinalizado no início desse capítulo. Nessa época a mudança de abordagem 
da primeira para segunda onda, que visava à “modificação direta dos conteúdos 
problemáticos”, foi denominada de mudança de primeira ordem. Posteriormente, 
outras propostas terapêuticas surgiram, entretanto o seu foco estava na “vivência 
subjetiva dos conteúdos problemáticos, dando início à mudança de segunda ordem – a 
qual o interesse pelo papel de mindfulness se desenvolveu de maneira mais abrangente.” 
(VANDENBERGHE; ASSUNÇÃO, 2009). 
Figura 8. pensamento.
Fonte: <http://www.bemparana.com.br/motta/tag/pensamento/>.
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O objetivo da terapia baseada em mindfulness é rever o contexto socioverbal que os 
alimenta, transformando a perspectiva que produz significado em relação a uma crença 
ou um sentimento, ao invés de modificar os conteúdos de pensamentos e suposições 
irracionais. 
A literatura sinaliza que a terapia cognitiva baseada em mindfulnessé indicada para 
tratamento de depressão, abuso de substância, trauma, comportamento suicida, 
transtorno de ansiedade generalizada, transtornos alimentares, transtorno de estresse 
pós-traumático (CASTRO, 2014). De acordo com Linehan (1993), o processo dessa 
terapia consiste em um treino de mindfulness, em que seus componentes para esta 
habilidade são os seguintes. 
1. Observar: O paciente aprende a identificar e reconhecer os eventos 
e emoções que levam aos comportamentos. De maneira que não use 
estratégias de esquiva ou controle das emoções. Observando os conteúdos 
como sendo diferentes de si mesmo. Assim, sentimentos e pensamentos 
aversivos deixam de ameaçá-lo.
2. Descrever: relatar verbalmente dos eventos e suas reações a eles. Deve 
ser uma linguagem descritiva e não avaliativa ou explicativa.
3. Participação plena, sem realizar atividades paralelas do tipo: racionalizar 
ou justificar. As habilidades na prática são: (a) não julgar, isto é: não 
avaliar, categorizar, descartar ou desqualificar, (b) estar atento, de forma 
integral, ou seja, observar uma coisa por vez, (c) agir de forma efetiva, em 
concordância com seus valores e alvos pessoais.
As técnicas de mindfulnesse aceitação costumam ser mais utilizadas pelos terapeutas 
na terceira onda, diferenciando-as das abordagens anteriores. Entretanto, há também 
uma fusão de técnicas e teorias tanto de origem comportamentais como também 
oriundas das teorias cognitivas. As práticas de mindfulness afirmam que não é útil 
averiguar os conteúdos dos pensamentos negativos: o correto é observá-los e aceitá-los 
(VANDENBERGHE; SOUZA, 2006). 
33
unidAdE ii
ProCESSoS 
nEuroPSiCológiCoS 
BáSiCoS – modElo 
Cognitivo
Os processos neuropsicológicos contemplam as relações entre o cérebro e o 
comportamento humano. São caracterizados como processos neuropsicológicos 
básicos: sensação, percepção, atenção, memória, pensamento, linguagem, motivação, 
aprendizagem, que derivam tanto das interações de processos inatos quanto de 
processos adquiridos, atrelado a relações das experiências e vivência do individuo com 
o meio.
O terapeuta tem por objetivo principal investigar as alterações observadas no 
comportamento do paciente com as possíveis áreas cerebrais envolvidas, para uma 
possível reestruturação de processos disfuncionais, que pode ser desenvolvida por um 
intermédio de um modelo cognitivo.
O modelo cognitivo surge durante a década de 1960, com o trabalho de Aaron T. 
Beck, em decorrência de estudos sobre depressão. Os fundamentos do modelo 
cognitivo consistem na tese de que os pensamentos da pessoa afetam diretamente o 
seu comportamento e a sua maneira de sentir. Desse modo, uma deformação na sua 
capacidade de percepção sobre uma determinada situação poderia refletir no seu 
humor na maneira de o indivíduo se comportar e de sentir até um limite em que essas 
suas características passem a perder a sua função (BECK, 1997).
Tais pensamentos são construídos com base nas crenças que cada indivíduo possui 
de si mesmo e de terceiros. Dessa maneira, o modelo cognitivo é formado por: 
crenças centrais, crenças intermediárias (regras, atitudes, suposições) e pensamentos 
automáticos. O Quadro1 apresenta a representação do Modelo Cognitivo baseado em 
Beck (1997), que será descrito nesta unidade.
34
UNIDADE II │ ProcEssos NEUroPsIcológIcos básIcos – MoDElo cogNItIvo
quadro 2. modelo Cognitivo de beck
Crença Central Eu não sou adequado
Crenças Intermediárias
1- Atitude É péssimo não ser adequado
2- Suposições:
2.1-positivas
2.2-negativas
2.1- Trabalhando mais duro, consigo realizar bem as coisas;
2.2- Sem trabalhar com afinco, vou fracassar
3- Regras
Eu sempre deveria empreender o máximo de esforço; 
Eu deveria buscar a excelência em todas as coisas que procuro realizar
Pensamentos automáticos quando 
deprimido
Eu não tenho permissão para realizar isso;
Isso é complexo por demais;
Eu nunca irei aprender
Fonte: beck (1997).
35
CAPítulo 1
Pensamentos automáticos
A terapia cognitiva abrange três diferentes níveis para identificação e reestruturação 
da cognição. São eles: pensamentos automáticos, crenças intermediárias e crenças 
nucleares. Sendo os pensamentos automáticos o nível de cognição mais superficial na 
terapia cognitiva (BECK, 1997).
Em todo o tempo ocorrem pensamentos, eles surgem espontaneamente e sem indagações 
a respeito da sua fidedignidade ou da sua legitimidade ou serventia. Geralmente, não os 
percebemos de forma consciente, pois normalmente ocorrem de modo repentino, não 
voluntário e espontâneo (KNAPP; BECK, 2008). Possivelmente acontecem de maneira 
verbalizada ou até mesmo de imagens. Usualmente, são admitidos como legítimos, 
sem um exame mais crítico, numa espécie de coexistência com o encadeamento de 
pensamentos de maior manifestação. Contudo, estão ligados aos nossos sistemas de 
crenças centrais e subjacentes. 
De acordo com Aaron Beck, os pensamentos que surgem de modo automático 
usualmente apresentam um espectro negativo, excetuados os casos em que o paciente é 
excêntrico ou hipocondríaco, apresente transtorno de personalidade de cunho narcisista 
ou mesmo que seja um usuário contumaz de drogas. Os pensamentos automáticos 
também são comumente breves e o paciente frequentemente tem mais consciência da 
emoção vinculada ao pensamento do que o próprio conteúdo do pensamento em si. 
Tais pensamentos influenciam o comportamento, no que optamos ou não por fazer e 
na qualidade do nosso empenho. Sofrem influência das crenças assimiladas ainda na 
fase da infância, e também do meio cultural, e ajudam a definir o estado de humor que 
experimentamos.
Rangé (2001) salienta que por meio dos pensamentos automáticos é que é possível 
compreenderas circunstâncias que o originaram e as diferentes espécies de distorção 
cognitiva que dão esteio às patologias que temos de enfrentar. Desse modo, os 
pensamentos automáticos são o elemento central entre o estímulo-reação emocional. 
Desta forma, é de extrema importância que sejam identificados para a compreensão 
das emoções, conhecimento e acesso ao conteúdo psíquico. Segundo Beck (1997), são 
três os tipos de pensamentos automáticos.
1. Distorcidos, acontecendo ainda que em face de evidências opostas.
Ex.: “Ao me divorciar, jamais alcançarei a felicidade novamente.”
36
UNIDADE II │ ProcEssos NEUroPsIcológIcos básIcos – MoDElo cogNItIvo
2. Precisos, porém com inferências irregulares.
Ex.: “Minha filha até agora não me ligou, possivelmente está chateada comigo.”
3. Precisos, mas totalmente disfuncionais. 
Ex.: “Tenho muita coisa para fazer, levarei o dia todo, ficarei exausta”. Apesar 
de pensar corretamente a concentração e a motivação é reduzida.
Os pensamentos automáticos caracterizam-se como disfuncionais, quando os 
indivíduos interpretam erroneamente situações neutras e até positivas. Isso acontece 
quando há uma distorção da realidade, quando esses pensamentos se apresentam com 
características emocionais aflitivas, afetam a capacidade de o paciente alcançar metas e 
geram comportamentos mal adaptados.
Knnap (2004) apresenta uma síntese das características dos pensamentos disfuncionais, 
conforme apresenta a figura 9:
Figura 9. Características dos pensamentos disfuncionais.
 » Existem juntamente com o fluxo de pensamentos manifestos.
 » Surgem de maneira espontânea, não como produto de uma reflexão ou desejo.
 » Geralmente são admitidos como legítimos, sem nenhum exame mais crítico.
 » Podem passar despercebidos, quando não monitorados, a emoção relacionada é usualmente mais percebida.
 » Emoções específicas estão relacionadas, associadas ao seu conteúdo e significado.
 » Frequentemente são abreviados, velozes e efêmeros, num modelo de telegrafia.
 » Possivelmente acontecem de maneira verbalizada ou com a formação mental de imagens.
 » É possível aprender como identificar os pensamentos ditos automáticos.
 » É possível valorá-los no que diz respeito à sua legitimidade e/ou serventia.
Fonte: knnap (2004).
De acordo com Knnap e Beck (2008), normalmente os indivíduos são desprovidos 
da consciência de que os sentimentos desagradáveis e as inibições de ordem 
comportamental são posteriores aos pensamentos automáticos negativos, ao passo 
que emoções consistem com aquilo que está contido nos pensamentos automáticos. 
Um modo de incrementar a consciência acerca desses pensamentos é utilizando as 
técnicas cognitivas, que ensinam aos pacientes a identificar e substitui os pensamentos 
automáticos disfuncionais. 
Geralmente, as pessoas com transtornos psicológicos leem equivocadamente situações 
de neutralidade ou até positivas, de maneira que seus pensamentos automáticos sejam 
37
Processos NeuroPsicológicos básicos – Modelo cogNitivo │ uNidAde ii
tendenciosos (WRIGHT et al., 2008). Esses pensamentos possivelmente originam 
reações de carga emocional eivada de sofrimento e uma conduta comportamental de 
funcionalidade imprópria. De acordo com os autores, a manifestação de fortes emoções 
é caracterizada como um indício importante de que os pensamentos automáticos podem 
estar ocorrendo.
A terapia Cognitiva Comportamental oferece algumas técnicas que ajudam o paciente 
a aprender a perceber os seus pensamentos automáticos não funcionais. Assim, o 
terapeuta auxilia o paciente a identificar quais foram os tipos de pensamentos ocorridos 
logo previamente a uma manifestação emocional, uma conduta comportamental e uma 
resposta de ordem fisiológica como resultado de tal pensamento. Essa identificação 
promoverá uma mudança de comportamento e consequentemente uma melhora nos 
transtornos psicológicos. 
O processo terapêutico tem como base o modelo cognitivo de Beck (1997) que inclui: 
situação, pensamento automático e reação (emoção, comportamento e resposta 
fisiológica). Segundo Beck (1997), os pacientes confundem emoções com pensamentos, 
desta forma, o terapeuta tem que estar atento na ocorrência dessas situações. 
Segundo a autora, em alguns momentos confundir pensamento comum sentimento 
é “relativamente irrelevante em um determinado contexto, sendo melhor abordar a 
“confusão” ao discutir algo mais tarde “(p. 106). A autora sugere ao terapeuta ignorar 
tal confusão. Em outros momentos essa “confusão” é considerada importante, sendo 
sugerido que o terapeuta posteriormente realize a distinção entre pensamentos e 
emoções. A relação entre pensamentos, emoção e comportamento deve fazer sentido 
para o terapeuta e também combinar com seu pensamento automático, quando isso 
não acontece, o terapeuta deve investigá-la.
De acordo com Wright et al. (2008) várias pesquisas confirmaram que os indivíduos 
deprimidos, que sofrem de transtorno de ansiedade e diferentes patologias psiquiátricas 
possuem uma elevada incidência de pensamentos automáticos com distorção, vis a vis 
os estudos de Blackburn et al., (1986); Haaga et al. (1991, 1986), Wright et al.,(2003). 
Enquanto outros estudos relatam que os pensamentos automáticos na depressão 
estão vinculados a questões de falta de esperança, reduzida autoestima e derrota, ao 
passo que nos transtornos de ansiedade, relacionam-se com antevisões de situações 
perigos as, danos, ausência de controle oufalta de habilidade para enfrentar situações 
intimidadoras, como exemplo: Clark et al. (1990); Ingram e Kendall (1987); Kendall e 
Hollon (1989).
38
UNIDADE II │ ProcEssos NEUroPsIcológIcos básIcos – MoDElo cogNItIvo
Figura 10. pensar.
Fonte: <http://lcmtreinamento.com.br/wp-content/uploads/2014/10/pensar.jpg>.
39
CAPítulo 2
Crenças intermediárias ou subjacentes
As crenças intermediárias, também denominadas pressupostos subjacentes ou 
pressupostos condicionais (BECK, 1997), são construções cognitivas disfuncionais, 
responsáveis pelos pensamentos automáticos. Entretanto, encontram-se mais 
arraigadas do que os próprios pensamentos automáticos e tem por finalidade conferir 
mais sentido ao meio. Configuram um caminho para acessar o modelo cognitivo do 
indivíduo, uma vez que elas orientam as ações e posturas cotidianas do indivíduo.
São as crenças intermediárias que operacionalizam as crenças centrais. Elasse situam 
no segundo nível de cognição projetado por Beck, são consideradas como normativos, 
padronizações, regulamentos, premissas e ações que promovemos como guia de conduta. 
Geralmente, são identificadas na forma condicional (Se..., então...) (RANGÉ, 2001). 
Embora não sejam tão facilmente modificáveis quanto os pensamentos automáticos, 
são mais flexíveis do que as crenças centrais. As crenças intermediárias se manifestam 
por meio dos elementos a seguir.
 » REGRAS: (“eu preciso...”) - “Preciso alcançar a perfeição em todas as 
coisas que realizo.”, “não convém mostrar como sou na realidade, pois 
perceberão o quanto sou incompetente.”
 » ATITUDES: (“é preciso que...”) - “É péssimo não ser competente.” “É 
péssimo desperdiçar seu potencial.”
 » SUPOSIÇÕES: (se eu...) - “Se conservar a minha posição, eu estarei bem. 
No entanto, se tentar mudanças, já não poderei mais ficar bem”. “Se 
cometo erros, significa que na verdade eu sou uma má pessoa.”
Apesar de o indivíduo construir e manter os pressupostos subjacentes na tentativa 
de trabalhar as suas crenças nucleares não funcionais, eles acabam confirmando e 
reforçando-as. Uma tentativa de auxilio para trabalhar com as crenças aflitivas são as 
estratégias compensatórias, identificadas como comportamentos de enfrentamento, 
frequentemente ligadas à crença central pelas amplas suposições do paciente. Tais 
condutas comportamentais de embate correlacionam-se diretamente direta com os 
regramentos e os pressupostos não funcionais e terminam por solidificar mais ainda as 
crenças (BECK, 1997).
Desse modo, o conceito de crenças intermediárias assume que, se regulamentos, 
padrões, normas e atitudes forem realizados, alcançar-se-á um resultado positivo, como 
40
UNIDADE II │ ProcEssos NEUroPsIcológIcos básIcos – MoDElo cogNItIvo
exemplo: fazendo a vontade do outro, ele irá nutrir bons sentimentos por mim. Todavia, 
caso eventualmente esses requisitos não sejam preenchidos, o cidadão se torna mais 
suscetível a sofrer transtornos emocionais, vez que dessa maneira as crenças centrais 
negativas passam a se intensificar (KNAPP, 2004).
As crenças intermediárias retratam entendimentos ou ideias mais aprofundados e mais 
resilientes a alteração do que os pensamentos automáticos. É o modo de que o cidadão 
dispõe para diminuir a angústia provocada pela crença central (BECK, 1997). A autora 
acrescenta que, assim como no caso das crenças centrais, os pensamentos automáticos 
são mais acessíveis à consciência do que as crenças intermediárias, que podem ser 
introduzidas ou removidas com auxílio das técnicas cognitivas apropriadas e testadas. 
Algumas estratégias são apresentadas por Beck (1997) para identificação das crenças, 
como as seguintes.
1. Distinguir quando uma crença é anunciada como um pensamento 
automático.
2. Organizar a primeira parte de uma suposição.
3. Obter diretamente uma regra ou atitude.
4. Usar a técnica da flecha descendente.
5. Analisar os pensamentos automáticos do paciente e explorar temas 
comuns.
6. Conferir questionário de crença respondido pelo paciente.
Além das estratégias para identificação das crenças, Beck (1997) relata algumas 
técnicas a serem utilizadas para tal identificação, as quais também são utilizadas para 
identificação dos pensamentos automáticos:
 » Pensamento socrático
 » Experimentos comportamentais
 » Continuum cognitivo
 » Role-play racional emocional
 » Usar os outros como ponto de referência
 » Dramatizar “como se”
 » Autorrevelação
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Processos NeuroPsicológicos básicos – Modelo cogNitivo │ uNidAde ii
Geralmente, as crenças intermediárias são modificadas antes das crenças centrais, vez 
que podem ser muito inflexíveis. Assim, após relatar as estratégias para identificação 
das crenças e as técnicas para o alcance de sua mudança, Beck (1997) apresenta uma 
síntese de como acontece o processo de modificação:
O terapeuta ajuda o paciente a identificar as crenças intermediárias 
reconhecendo quando uma crença foi expressa como um pensamento 
automático, provendo parte de uma suposição, obtendo diretamente 
uma regra ou uma atitude, usando a técnica da flecha descendente, 
procurando temas comuns entre os pensamentos automáticos do 
paciente e/ou revisando um questionário breve de crenças preenchido 
pelo paciente. O terapeuta, a seguir, determina quão importante a crença 
é apurando quão fortemente o paciente acredita nela e quão ampla e 
fortemente ela afeta seu funcionamento. Então, ele decide quanto a 
começar a tarefa modificando-a na sessão presente ou aguardando as 
sessões futuras. Quando começa o trabalho de modificação de crenças, 
o terapeuta educa o paciente sobre a natureza de crenças, muda regras 
e atitudes em forma de suposição e explora as vantagens e desvantagens 
de uma determinada crença. Ele mentalmente fórmula uma nova crença 
mais funcional e orienta o paciente em direção a sua adoção através de 
muitas técnicas de modificação de crença, incluindo o questionamento 
socrático, as experiências comportamentais, continnun cognitivo, 
role-play racional-emocional, uso de outros como um ponto de 
referência, agindo “como se” e autorrevelação“ (p. 173).
Assim, no processo terapêutico após a identificação de uma crença, o terapeuta define 
se esta é central ou intermediária, geralmente, tem como foco as crenças intermediárias 
mais importantes, em seguida se inicia a estratégia para o tratamento.
42
CAPítulo 3
Crenças centrais
As crenças centrais são usualmente consideradas como conteúdos de cognição não 
flexíveis e aprofundados, concepções centrais que o indivíduo possui sobre o “eu”, das 
outras pessoas e de todo o, que selecionam a nossa percepção das circunstâncias e 
afetam nossas condutas comportamentais e nossas reações emocionais (BECK, 2007). 
É o nível mais fundamental do pensamento. Fazem parte da formação do caráter do 
indivíduo, em relação aos quesitos psicossociais, quesitos assimilados que afetam a 
própria personalidade da pessoa.
Essas crenças também têm natureza absolutista, de espectro geral e cristalizadas, 
possivelmente se mantém escondidas durante o tempo todo, sendo acionadas por 
ocasião dos transtornos de ordem emocional (BECK, 1997) e independente da 
experiência vivida pelo indivíduo, ele irá pensar do mesmo modo conforme suas 
crenças (KNNAP, 2004). Podem ser crenças sobre si (Eu sou um incompetente), sobre 
os outros (As pessoas estranhas não são confiáveis) e sobre o mundo (O mundo é 
perigoso e hostil) (RANGÉ, 2001).
As crenças surgem logo nos primeiros experimentos de aprendizado na infância e se 
consolidam no decorrer da vida, dando forma à maneira de perceber e interpretar 
os acontecimentos e a nossa maneira psicológica de existir. Ainda que à vista de 
experimentos que não as confirmem, essas crenças podem se tornar convincentes na 
fase adulta (RANGÉ, 2001)
A maior parte dos indivíduos é capaz de conservar as crenças centrais positivas por 
um longo tempo de vida, como exemplo, “Eu estou substancialmente no controle”, “Eu 
posso fazer a maior parte das tarefas de maneira bastantecompetente”, “Sou um que 
desempenha bem as suas funções”, “Sou um ser humano amável”, “Eu tenho dignidade” 
(BECK, 1997). Já as crenças centrais negativas podem surgir apenas em momentos de 
aflição psicológica. Com exceções em alguns pacientes com transtorno de personalidade 
em que as crenças centrais negativas são acionadas continuamente.
Alguns autores também denominam as crenças nucleares de esquemas, entretanto, Beck 
(1997) distingue as duas conceituações. Propondo que os planos são representações 
cognitivas do pensamento, que conferem à experimentação a sua modelagem e significação 
e ainda proveem a estrutura elementar dos sistemas afetivo, cognitivo e de comportamento 
no decorrer do tempo e dos acontecimentos. Já a crença central é o conteúdo dessa 
estrutura, que são as representações internas encontradas nas informações recebidas 
43
Processos NeuroPsicológicos básicos – Modelo cogNitivo │ uNidAde ii
do sistema de processamento de dados, que provemos fundamentos para intelecção dos 
experimentos da vida (CLARK; BECK; ALFORD, 1999).
As crenças centrais são consideradas como os esquemas de maior interesse para a clínica 
cognitiva, pois estão relacionados intensamente aos estados afetivos e aos padrões 
comportamentais. Assim, esses esquemas exercem um papel central na manutenção 
das patologias e problemas psicológicos (PADESKY, 1994), vez que estabelecem a 
maneira como a pessoa irá interpretar as informações.
Diferentemente dos pensamentos automáticos, a crença central que os pacientes 
acreditam ser legítima acerca de si mesmos, não é percebida na sua totalidade, sendo 
necessário o terapeuta auxiliá-lo na sua identificação a respeito do sentido dos seus 
pensamentos com o auxílio da técnica da flecha descendente. Os pacientes também 
podem ter crenças centrais negativas sobre outros indivíduos e seus universos e que 
assim como as crenças centrais a respeito de si próprios, merecem ser examinadas e 
alteradas, como exemplo, “As outras pessoas não são confiáveis, “As outras pessoas vão 
magoar-me”, “O mundo é um lugar corrompido” (BECK, 1997).
As crenças centrais quando disfuncionais provocam uma predisposição ao acontecimento 
de transtornos emocionais, bloqueando o alcance de metas, são associadas a emoções 
fortes, tornando-se ativas em situações relacionadas a vulnerabilidades específicas do 
indivíduo e são idiossincráticas (cada indivíduo reúne as suas características). Uma 
pessoa que desenvolve um esquema de fobia social pode desenvolver uma crença central 
como “sou incapaz de ser amado”.
Figura 11. indivíduo fóbico social
 
Exemplo: Indivíduo Fóbico Social 
 
 
Sou incapaz de ser amado (CRENÇA CENTRAL) 
É perigoso interagir com as pessoas, pois elas não vão gostar de 
mim. (ATITUDE) 
Para não ter problemas, não devo interagir com as pessoas 
(REGRA) 
Se eu interagir com as pessoas elas não vão me aceitar como sou. 
Devo me afastar, caso contrário me machucarão (SUPOSIÇÃO) 
 
Não vou ter assunto para conversar na festa. 
(PENSAMENTO AUTOMÁTICO) 
Fonte: <http://slideplayer.com.br/slide/5588477/>.
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UNIDADE II │ ProcEssos NEUroPsIcológIcos básIcos – MoDElo cogNItIvo
Beck (1995, citada por KNNAP, 2004), relata que as crenças nucleares disfuncionais 
podem ser apresentadas em três grandes agrupamentos, como exemplo:
1. crenças nucleares de desamparo (Helplessness);
Crenças a respeito de ser impotente, apresentar características de fragilidade, 
carência, vulnerabilidade, necessidade e desamparo.
2. crenças nucleares de ausência de amor (Unlovability);
Crenças que levam a pessoa a se sentir não amada, sem capacidade de se fazer 
gostar, sem capacidade de ser amada, não atrativa, com imperfeições, passível 
de rejeição, deixada ao abandono, só.
3. crenças nucleares de desvalor (Unworthiness).
Crenças a respeito de se sentir incapaz, sem competência, não adequado, não 
eficiente, imperfeito, cheio de defeitos, perdedor, enganador, sem qualquer 
valor.
O fim da Terapia Cognitiva é transformar essas crenças centrais disfuncionais e, assim, 
organizar a vida do indivíduo, sem permitir, talvez, que ele possa conceber precisamente 
o que está se passando. A partir da alteração da organização dessas crenças, pode ser 
realizada a reestruturação cognitiva (KNAPP; BECK, 2008).Esse objetivo é alcançado 
por meio do modelo cognitivo, que é uma definição elementar para a teoria e para a 
prática clínica no âmbito da psicologia cognitiva. Dessa maneira, é possível perceber 
que existe uma modelagem teórica que ajuda na prática e que abrange uma ordenação 
hierárquica de funções cognitivas que se inicia nas crenças centrais, passando pelas 
crenças intermediárias (ou regramentos, ações, pressuposições) e também pelos 
pensamentos automáticos, até chegar nas emoções e nas sensações do corpo.
A figura 12 mostra a hierarquia das funções cognitivas, conforme modelo cognitivo.
Figura 12. modelo Cognitivo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:<http://images.slideplayer.com.br/16/5250559/slides/slide_18.jpg> 
MODELO COGNITIVO 
A nossa forma de ver/pensar uma situação influencia a nossa forma de 
agir e sentir emocionalmente e fisicamente 
 Crença central 
Crença intermediária 
Pensamentos Automáticos Situação agora Reações 
Corporal 
Comportamental 
Emocional 
Fonte: <http://images.slideplayer.com.br/16/5250559/slides/slide_18.jpg>. 
45
CAPítulo 4
Conceituação cognitiva
Nas diversas formas de terapia cognitiva originadas a partir do modelo Beck, a base do 
tratamento consiste tanto em uma formulação cognitiva de um determinado transtorno 
como também na sua apresentação à percepção ou compreensão do cliente. Assim, o 
terapeuta deve iniciar o tratamento com a conceitualização cognitiva e pode retomá-la 
a cada novo contato. 
A conceituação cognitiva, também chamada de conceitualização cognitiva, formulação 
de caso, enquadre cognitivo do caso ou conceituação de caso, assume o papel de um 
mapa que direciona o desenvolvimento do trabalho do terapeuta junto ao cliente 
(BECK, 1997). Para realização da conceituação cognitiva é empregado o diagrama de 
conceituação cognitiva, que consiste em um formulário ou em um quadro coordena e 
articula todas as crenças centrais, intermediárias e também os pensamentos automáticos 
do paciente, que auxilia o terapeuta na construção da estrutura para a compreensão 
das características de cada paciente em toda a sua subjetividade e ajuda, ainda, no 
planejamento das estratégias de terapia que virão a ser adotadas durante o tratamento 
(PERSONS, ROBERTS, ZALECKI; BRECHWALD, 2006).
A conceituação cognitiva é classificada como um procedimento a partir do qual 
o psicoterapeuta e o paciente coparticipam, objetivando, de início, detalhar e, na 
sequência, exporas angústias apresentadas pelo cliente. A meta primordial consiste em 
direcionar o trabalho terapêutico, de modo a mitigar o sofrimento e contribuir com 
a formação de resistência da parte do cliente. (KUYKEN, PADESKY; Dudley, 2010). 
É tida, também, como uma proposição de adesão do cliente para com a terapia, vez 
que, com a concretização da mesma, é possível observar um crescimento motivacional 
e no entendimento de todo o processo terapêutico da parte do cliente e também do 
profissional terapeuta.
Certos estudos indicam que a conceituação cognitiva é o coração, o ponto primordial 
da TCC(BECK, 1997; BECK, 2007; KUYKENETAL., 2005; PERSONS et al., 2006). 
Todavia, a fim de que uma conceituação cognitiva produza os efeitos desejados, o 
psicoterapeuta deve buscar examinar determinadas características específicas junto ao 
seu cliente, a saber: a diagnose clínica, as problemáticas recentes relatadas pelo cliente, 
junto com os fatores de estresse que os precipitaram, suas predisposições de ordem 
genética e de família, seus pensamentos automáticos (PAs), suas crenças intermediárias 
ou subjacentes e suas crenças centrais ou nucleares (KNAPP, 2004).
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UNIDADE II │ ProcEssos NEUroPsIcológIcos básIcos – MoDElo cogNItIvo
Os aspectos a serem investigados

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