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João, cidadão politicamente atuante e plenamente consciente dos deveres a serem cumpridos pelos poderes constituídos em suas relações com a população, decidiu fiscalizar a forma de distribuição dos recursos aplicados na área de educação no Município Alfa, sede da Comarca X e vizinho àquele em que residia, considerando as dificuldades enfrentadas pelos moradores do local. Para tanto, compareceu à respectiva Secretaria Municipal de Educação e requereu o fornecimento de informações detalhadas a respeito das despesas com educação no exercício anterior, a discriminação dos valores gastos com pessoal e custeio em geral e os montantes direcionados a cada unidade escolar, já que as contratações eram descentralizadas. O requerimento formulado foi indeferido por escrito, pelo Secretário Municipal de Educação, sob o argumento de que João não residia no Município Alfa; os gastos com pessoal eram sigilosos, por dizerem respeito à intimidade dos servidores; as demais informações seriam disponibilizadas para o requerente e para o público em geral, via Internet, quando estivesse concluída a estruturação do “portal da transparência”, o que estava previsto para ocorrer em 2 (dois) anos. João não informou de que modo usaria as informações. Inconformado com o indeferimento do requerimento que formulara, João contratou os seus serviços como advogado(a) poucos dias após a prolação da decisão e solicitou o ajuizamento da medida cabível, de modo que pudesse obter, com celeridade, as informações almejadas, o que permitiria sua divulgação à população interessada, permitindo-lhe avaliar a conduta do Prefeito Municipal, candidato à reeleição no processo eleitoral em curso. Elabore a petição da medida judicial adequada, considerando-se como tal aquela que não exija instrução probatória. EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUÍZO CÍVEL DA … VARA DA COMARCA X DO ESTADO DE … JOÃO, nacionalidade, estado civil, profissão, carteira de identidade nº... e inscrito no cadastro de pessoa física nº..., endereço eletrônico, residente e domiciliado na rua/avenida…, na cidade de … estado …, por meio de seu advogado devidamente constituído, conforme procuração anexa, e endereço profissional…, para onde devem ser remetidas as intimações, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 5º, LXIX da CRFB/88 e nos artigos 319 e seguintes do CPC/15, e com fundamento na Lei. 12.016/09, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR contra ato ilegal praticado pelo SECRETÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO ALFA, agente público, com endereço funcional…, vinculado ao MUNICÍPIO ALFA, no endereço …pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. I – DOS FATOS O Impetrante, residente do Município vizinho, com a intenção de divulgar à população interessada, decidiu fiscalizar a forma de distribuição dos recursos aplicados na área de educação do Município Alfa, para que pudessem avaliar o Prefeito do Município. Desse modo, requereu o fornecimento de informações detalhadas a respeito das despesas realizadas no exercício anterior, que abrangiam os valores gastos com pessoal, custeio em geral e os montantes direcionados a cada unidade escolar. Contudo, o requerimento formulado pelo Impetrante foi indeferido pelo Impetrado, sob o argumento dele não residir no Município Alfa, e afirmou que os gastos eram sigilosos e violariam a intimidade dos servidores. Por isso, seriam disponibilizadas para o público via internet em 2(dois) anos. II – DA LEGITIMIDADE A legitimidade ativa do Impetrante decorre do fato de ter o direito de acesso à informação, sendo titular do direito que postula. E quanto a legitimidade passiva do Impetrado, decorre do fato de ser o responsável pelo indeferimento do requerimento formulado, nos termos do artigo 6º da Lei 12.016/09, e do Município Alfa por ser a autoridade vinculada, artigo 7º, inciso I, Lei 12.016/09. III- DO CABIMENTO O presente mandado de segurança é tempestivo, pois foi impetrado dentro do prazo de 120 (cento e vinte) dias após a data da ciência, pelo interessado, do ato impugnado, consoante disposição do artigo 23 da Lei 12.016/09, confirmado pela Súmula 632 STF. N o p r e s e n t e c a s o , o i m p e t r a n t e r e s s a l t a a desnecessidade de dilação probatória, por se tratar de prova pré constituída, segue em anexo os documentos, que comprovam a materialidade do ato coator e que viola direito líquido e certo do impetrante não amparado pelo habeas corpus e nem habeas data, conforme artigo 5º, inciso LXIX, da CRFB/88 e artigo 1º, caput, da Lei nº 12.016/09. IV – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS O presente mandado de segurança repressivo visa coibir o ato ilegal exercido pelo Impetrado na recusa do requerimento, sob o argumento de que é assegurado a todos o acesso à informação, nos temos do artigo 5º, inciso XIV, da CRFB/88. Como também, o direito de receber dos órgãos públicos as informações de interesse coletivo ou geral, conforme dispõe o artigo 5º, inciso XXXIII, da CRFB/88. Além disso, os usuários têm assegurado o acesso a registros e informações sobre atos de governo, nos termos do artigo 37, § 3º, inciso II, da CRFB/88. As informações relativas aos gastos com pessoal não dizem respeito à intimidade dos servidores, pois refletem a maneira de gasto do dinheiro público, apresentando indiscutível interesse público. O fato do Impetrante não residir no Município é irrelevante, pois os entes federados não podem criar distinções entre brasileiros, nos termos do artigo 19, inciso III, da CRFB/88. O direito líquido e certo do Impetrante decorre da prova pré-constituída quanto à negativa de acesso à informação. V – DA MEDIDA LIMINAR A liminar está prevista no artigo 7º, inciso III, da Lei nº 12.016/09 e possui natureza cautelar. O periculum in mora se caracteriza pelo perigo de a medida tornar-se ineficaz, já que as informações requeridas pelo Impetrante servirão para que a população interessada avalie o desempenho do prefeito municipal, candidato à reeleição. O fumus boni iuri está presente na evidente violação ao direito à informação perante os órgãos públicos e o acesso aos atos de governo, previstos na CRFB/88. Desse modo, se faz necessário a imediata entrega dos dados solicitados pelo Impetrante. VI – DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer: a) a concessão da medida liminar, com a expedição de ofício à autoridade coatora determinando que forneça os dados solicitados pelo Impetrante, nos termos do artigo 7º, inciso III, Lei. 12.016/09; b) notificação da autoridade coatora, para assim sendo prestar esclarecimentos no prazo de 10 dias nos termos do artigo 7º, inciso I, da Lei. 12.016/09 c) a ciência ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, considerando-se a mesma citada para que ingresse no feito, conforme art. 7º, inciso II, da Lei. 12.016/09; d) a intimação do Ministério Público, conforme o artigo 12, da Lei. 12.016/09; e) a condenação do impetrado ao pagamento de custas processuais; f) juntada dos documentos anexos; g) que ao final, seja a ação judicial julgada procedente no mérito e concedida a segurança em definitivo, reconhecendo a ilegalidade do ato do Impetrante na recusa das informações solicitadas e o fornecimento dos dados públicos solicitado. Dá-se à causa o valor de R$1.000,00 (mil reais) para fins fiscais. Nestes termos, pede deferimento. Local...e Data… Advogado OAB
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