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Estágio Impulsivo Emocional Wallon – aula nº 2 1. Introdução Para Wallon, o primeiro estágio do desenvolvimento humano compreende o período do nascimento até um ano de idade e compreende dois momentos: impulsividade motora e emocional. A criança inicia sua vida em situação de TOTAL DEPENDÊNCIA DO MEIO EXTERNO, já que é incapaz de resolver suas próprias necessidades para sobrevivência. A criança inicia sua vida imersa no mundo social que a rodeia, recebendo dele o significado e as respostas as suas necessidades. A vivência sincrético-social antecede na criança a formação da consciência de si. Wallon considera o homem um ser intimamente e essencialmente social, devido as consequências de uma necessidade íntima. 1º momento: Impulsividade Motora Período: do nascimento até três meses. Wallon atribui o nome de impulsividade motora porque o bebê é quase organismo puro e sua atividade se manifesta apenas por reflexos e movimentos impulsivos. Primeiras semanas – a atividade do bebê está totalmente monopolizada pelas necessidades primárias fisiológicas (tônico-posturais, alimentares, sono). Atenção: essas necessidades eram atendidas no período fetal e agora vive momentos de desconforto porque há “momentos de espera”. Esse desconforto provoca descargas motoras que são movimentos, reflexos, impulsivos, descontínuos, não-intencionais, cuja única finalidade é a diminuição do estado de tensão. A impulsividade motora é um recurso ainda reflexo, característico desse período de contato inicial com a realidade. A impulsividade motora tem um efeito significativo no meio ambiente, uma vez que suscita respostas e intervenções úteis. Inicia-se assim, um processo de comunicação entre a criança e seus envolventes. Sensibilidades intero, próprio e exteroceptiva Sensibilidade interoceptiva: reúne os sinais dos órgãos internos, fazendo chegar ao cérebro as excitações que vêm das paredes das vísceras. Exemplo: fome, referentes aos movimentos de digestão. Sensibilidade proprioceptiva: está relacionada ao movimento e ao equilíbrio do corpo no espaço. Exemplo: terminações do aparelho muscular. Sensibilidade Exteroceptiva: está relacionada ao conhecimento do mundo exterior. As reações aos estímulos externos são ainda incipientes e funcionam como mera descarga motora, tendo em vista a redução de tensões que não conseguem sofrer inibição. Simbiose fisiológica e simbiose afetiva Simbiose fisiológica: o bebê depende totalmente do adulto para sobreviver. Simbiose afetiva: é o período inicial do psiquismo em que a reciprocidade se dá por impulsos contagiantes, pela indiferenciação suscitada pela força da emoção. Movimento Para Wallon, o movimento é uma das principais formas de comunicação da vida psíquica com o ambiente externo. Considera o movimento como uma das grandes possibilidades de tradução do mundo interno da criança, já que ela se faz entender por gestos que representam suas necessidades e seu humor. Para Wallon, o movimento apresenta-se de três formas: 1. Movimentos de equilíbrio: reajustamento do corpo sob a ação da gravidade. A criança passa da posição deitada para a sentada, depois de joelhos e finalmente em pé. 2. Movimentos de preensão e de locomoção: deslocamento do corpo e dos objetos no espaço. Domínio do espaço. 3. Reações Posturais: atitudes e mímicas. O movimento pode ser entendido como resultado da atividade muscular, sob os aspectos: Clônico – músculos de alongamento e encolhimento. Tônico – atitudes e posturas, atividades que darão ao músculo um grau de consistência e forma determinadas. São aspectos distintos, mas complementares e que aparecem no decorrer do desenvolvimento, permitindo mudanças nas reações da criança com seu meio. 2º momento: Emocional As transformações das descargas motoras em meio de expressão e comunicação caracterizam o estágio emocional. A intensidade das trocas que acontecem entre o bebê e o adulto criam um verdadeiro campo emocional, no qual gestos, atitudes, vocalizações e mímicas adquirem nuança cada vez mais diversificada de dor, tristeza, alegria, etc. A variedade de emoções é a primeira forma de sociabilidade. A ausência de instrumentais cognitivos que faz a emoção ser um instrumento de comunicação e de sobrevivência típico da espécie humana, com forte poder de mobilizar o ambiente para atender às necessidades primordiais do bebê, sem o qual ele pereceria. Afetivo – capacidade de afetar o outro. O bebê afeta o meio que o circunda, obtendo respostas deste para suas necessidades. Da troca afetiva entre o bebê e o adulto surge o início da vida psíquica (primeiras imagens mentais, nas quais se imprimirão as primeiras marcas da individualidade). Afetividade e inteligência estão ainda misturados, com a predominância da afetividade, mas os primeiros atos voluntários começam a surgir e a criança começa a intervir mais no seu meio. A presença, a voz e os movimentos humanos são sempre mais estimulantes para o bebê que os objetos, e estes adquirem maior interesse quando apresentados pelas pessoas. EMOÇÃO E TÔNUS Para Wallon, o tônus é fonte de emoção. Assim, toda alteração emocional corresponde uma alteração tônica. A criança mantém com a mãe um diálogo tônico-postural, respondendo a suas carícias ou entonação de voz. A função tônica dá suporte à manifestação da emoção, o que estabelece entre elas uma relação de profunda complementaridade. ATIVIDADES CIRCULARES Na segunda metade do 1º ano de vida, a criança começa a entregar-se a uma série de atividades repetitivas que irão promover aprendizagens importantes e que anunciam o estágio posterior: o sensório-motor. ATIVIDADES CIRCULARES: inicialmente serão movimentos casuais, mas que serão repetidos intencionalmente pela criança, levando-a a investigar a conexão entre seus movimentos e seus efeitos e a variação dos efeitos diante das variações dos movimentos, ajustando os gestos aos resultados obtidos entornando-os mais úteis. A atividade circular é um importante instrumento de aprendizagem em diferentes áreas, entre elas: Identificação e conhecimento do próprio corpo; Linguagem (ajustamento dos campos auditivo e vocal – dos balbucios passa ao processo de vocalização). BIBLIOGRAFIA MAHONEY. Abigail A.: ALMEIDA, Laurinda R. (org.). Henri Wallon. São Paulo. Loyola, 2000.
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