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Avaliação do ensino e da aprendizagem significativa numa perspectiva formativa reguladora

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Avaliação do ensino e da
aprendizagem significativa numa
perspectiva formativa reguladora
A avaliação escolar situa-se no centro de uma questão essencial da instituição escolar, por estar inserida no
seu cotidiano. Ao defender que a avaliação deve acompanhar o fazer cotidiano escolar, tem-se como
princípio que, à luz de seus resultados, assegura a aprendizagem de seus alunos. Entretanto, sabemos que
além de mensurar o processo de aquisição de conhecimentos dos alunos, a avaliação também orienta os
processos de seleção, assim como os encaminha para funções diferentes, consideradas necessários à
manutenção deste modelo de sociedade. Neste processo de seleção, os mecanismos da avaliação realizam
um papel de fundamental importância, determinando até a exclusão dos sujeitos que não adquiriram, em
dado momento, a aprendizagem objetivada pelo professor. Para tanto, ao discutir elementos que dificultam
a aprendizagem e que compõem o campo avaliativo, contribuições como as de Vasconcellos são
significativas.
Para Vasconcellos (2005), os alunos não estão aprendendo e a escola não está mudando. Questões como a
aprendizagem têm sido desconsideradas no sistema educativo, uma vez que uma nova revisão conceitual na
neurociência aponta que todos os humanos têm a possibilidade de aprender. Vasconcellos direciona nossas
reflexões sobre a necessidade de contemplar, nos currículos escolares, as aprendizagens que sejam
significativas aos alunos como os elementos indispensáveis à cultura, para que o processo de apreensão e
sistematização seja levado a efeito. Neste sentido, ao realizar estas constatações, foram utilizados como
fonte de coleta de dados o SAEB e o PISA-ONU, tanto na escola pública quanto na escola particular. Índices
de não aprendizagem de alunos não é novidade, segundo Vasconcellos, principalmente quando os índices
de reprovação da 1ª série do ensino fundamental continuam em 50% desde 1936, conforme dados do
Serviço de Estatística Educacional da Secretaria Geral da Educação. Com estes dados alarmantes, é
fundamental buscar alternativas que considerem o aluno enquanto ser aprendente, encaminhando-o para
processos de emancipação, na medida em que os conteúdos programáticos passam a ser maturados e
sistematizados.
Alguns dados são apontados como elementos inviabilizadores da aprendizagem dos alunos. Dentre eles,
destacam-se: a crise de valoração, do desemprego, exclusão social, preconceito e trabalho infantil; todos
são elementos que permeiam a vida do aluno e do professor e interferem no ensino e na aprendizagem; o
desmonte material e sim bólico da escola, péssimas condições de instalações, falta de equipamentos e
recursos financeiros são outros sérios entraves para melhorar o pedagógico e implementar alternativas
diferenciadas de aprendizagem; ainda, as classes superlotadas, as bibliotecas pobres em acervos ou não
existentes, a queda do mito de que o estudo é condicionante de ascensão social são elementos constatados
por pais e alunos; o desmonte das condições de trabalho do professor referente a sua formação, baixos
salários, condições de trabalho e valorização social, o currículo organizado em disciplinas, a exigência em
cumprir o programa pré-estabelecido, desconsiderando a aprendizagem qualitativa, favorecendo a
fragmentação do cotidiano da escola e, conseqüentemente, a avaliação, utilizada como mais um elemento
de exclusão dos direitos fundamentais de acesso a uma aprendizagem significativa, delegando ao aluno a
responsabilidade pela não apreensão dos conteúdos escolares.
Dentre todos esses dados, direcionamos nosso foco na avaliação, por ser a parcela que cabe ao professor. A
avaliação da aprendizagem nos dias atuais precisa romper com antigos pressupostos e rever os desvios de
objetivos, uma vez que o professor, ao direcionar suas ações para a nota, aprovação/reprovação, na sanção
competente/ incompetente, desconsidera o processo pelo qual a aprendizagem se dá. A avaliação mais
utilizada é a que classifica, elabora ranking de aprendizagens e de alunos. A dimensão ética da avaliação
também tem sido desconsiderada, uma vez que, na maioria das vezes, os modelos utilizados não enxergam
o aluno como sujeito do processo avaliativo.
Com estes pontos de estrangulamento, a avaliação, nos dias atuais, tem enfrentado um grande desafio:
como ensinar na escola elementos emancipatórios e libertadores?
A partir da percepção das dificuldades e das necessidades do aluno, um olhar atento para a sua realidade é o
cerne para a tomada de decisões e um dos princípios ao ensinar na escola conteúdos que viabilizem a
construção e a ressignifi cação de elementos emancipatórios e libertadores. Dentro deste novo contexto,
ressignificar a avaliação, rompendo com os setores de resistência conservadores, mudando seu conteúdo,
sua forma e sua intencionalidade, torna-se premente.
Assim, a avaliação é utilizada como ferramenta de reorientação didático-pedagógica, concorrendo para uma
efetiva aprendizagem – aprendizagem significativa. Segundo Janssen (2003:16), há uma emergente
necessidade em "desenvolver uma nova postura avaliativa" e a prática pedagógica deve estar sendo revisada
à luz dos dados que emergem da avaliação. Assim, encaminhar as discussões na escola para propostas de
avaliação formativa inseridas numa dimensão ética-filosófica poderia se constituir em uma alternativa de
quebra paradigmática dos elementos constitutivos da avaliação enquanto mecanismo de repressão e
exclusão.
Nos dias atuais, muitos professores se perderam em questões de descrédito e deixaram de considerar que,
para além do ensinar, é preciso ensinar bem, para que os alunos tenham excelência, sejam bons, dominem
muito bem os instrumentos culturais (arte/ mente/ fatos), para colocá-los a serviço da transformação
pessoal, institucional e social.
Em síntese: a mudança na avaliação deve auxiliar a prática pedagógica ajudando a qualificá-la. Por meio de
uma avaliação autêntica é possível exercer esta ação, respaldada no conceito de amorosidade crítica de
Freire, em que o grande mote está amparado na identificação e focalização do problema e na sua luta para
superá-lo.
REFERÊNCIA
ESTEBAN, Maria Teresa (Org.). Práticas avaliativas e aprendizagens significativas: em diferentes áreas do
currículo. Porto Alegre; Mediação, 2003.

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