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Ciclos, progressão continuada,promoção automática

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Ciclos, progressão continuada,
promoção automática
Avaliação como processo
Na vida humana, a avaliação se insere como um fenômeno natural. A concepção histórica de homem, numa
dimensão ética, é princípio para refletir sobre a realidade. O homem cria valores e, a partir deles, estabelece
metas a ser alcançadas. Ele produz sua existência ao atender as suas metas para viver bem, posto que ao
homem não importa apenas viver, mas sim criar novas necessidades. Pois é na realização de suas metas,
derivados de seus valores éticos, que ele constrói sua própria realidade humana. Entretanto, para verificar
se suas metam foram alcançadas, ele averigua constantemente se as atividades propostas conduzem às suas
metas. A avaliação, então, está presente em várias situações, mesmo de forma implícita, no cotidiano das
pessoas. O homem, no sentido de verificar a realização de seus objetivos, deve considerar os recursos e o
tempo empregados, percebendo a importância de procedimentos avaliativos cada vez mais freqüentes, com
a intenção de evitar desperdícios ou ações que dificultem atingir os fins desejados. Com isso, romper com os
procedimentos avaliativos que desconsideram o processo, principalmente quando se avalia somente ao
final de determinado processo, perde-se com o aumento dos recursos e desperdiça-se o tempo despendido
no curso da ação. Neste sentido, o avaliador, ao avaliar concomitantemente ao processo de ensino-
aprendizagem, tem a oportunidade de corrigir os rumos e os procedimentos com um custo de tempo e de
recursos cada vez menor. Para tanto, a avaliação que é realizada constantemente pode ser um elemento
viabilizador de dados que conduzam à correção dos rumos e superação de problemas.
Ensino-aprendizagem como processo 
de trabalho
O processo educacional ocorre por meio da ação pedagógica, realizada enquanto trabalho humano,
adequada a um fim específico – aprendizagem efetiva. Embora possua todos os elementos característicos
deste, é premente considerar as especificidades que importa considerar antes de tratar de sua avaliação.
Estas características de atividades enquanto processo de trabalho rompem com os modelos avaliativos que
concebem que o aluno deve entregar suas atividades concluídas e realizadas de forma correta. Neste
sentido, rompe-se com a visão reducionista e pequena dos objetivos da educação escolar, encaminhando-se
para que ocorra a apropriação da cultura de um modo mais completo do que a simples transposição de
informações.
A importância da avaliação está respaldada no pressuposto de que é por meio dela que se evita a má
formação dos sujeitos e, também, da sociedade.
O processo de avaliação deve evitar a má formação dos sujeitos, que lhe impõem marcas que não são
detectadas pelos mecanismos convencionais de avaliação do produto e que comprometem sua vida e,
consequentemente, seu desempenho social.
A avaliação do ensino e da aprendizagem enquanto
processo contínuo
Ao defender que a utilidade da avaliação é fornecer elementos imediatos referentes às etapas de ensino e
aprendizagem e das correções do processo no sentido de atender ao objetivo, a avaliação educativa está
inserida dimensão do cuidar da qualidade do ensino oferecido pelas escolas. Para atender esta proposta, a
avaliação deve possuir um caráter diagnóstico.
Segundo Luckesi (1995:81), "a avaliação deve ser assumida como um instrumento de compreensão do
estágio de aprendizagem em que se encontra o aluno(...). A função da avaliação será possibilitar ao
educador condições de compreensão do estágio em que o aluno se encontra, tendo em vista poder trabalhar
com ele para que saia do estágio defasado em que se encontra e possa avançar em termos dos
conhecimentos necessários".
Com isso, podemos defender que a avaliação educativa deve identificar o estágio de compreensão e
assimilação do saber pelo educando e suas dificuldades, bem como os fatores que determinam tais
dificuldades, com vistas à intervenção de ações corretivas. Para tanto, a avaliação do rendimento escolar é
um recurso para diagnosticar os alunos que necessitam de auxílio e, conseqüentemente, implementar os
cuidados pedagógicos específicos. A dinâmica do processo pedagógico precisa ser revista, com o princípio
de que a avaliação deve oferecer informações e que estas informações devem ser coletadas em intervalos
pequenos para uma revisão e intervenção dos instrumentos pedagógicos, com o fim de possibilitar ao aluno
uma aprendizagem eficiente e significativa.
A avaliação, enquanto um diagnóstico das situações de ensino e aprendizagem, possibilita intervenções, no
sentido de promover a recuperação das dificuldades do aluno na perspectiva de revisão e correção da ação
educativa. A adoção do princípio de correção constante no processo de ensino e aprendizagem põe em
evidência a avaliação enquanto elemento flexível, respaldado na dimensão formativa.
Ensino-aprendizagem como processo 
de trabalho
A avaliação tradicional baseada em exames e provas deve ser erradicada nas escolas, uma vez que conduz a
uma prática de reprovações anuais articulada com o próprio método de ensino anti-educativo de nossas
escolas. Na prática da escola tradicional brasileira com um pseudo-ensino, a imposição de conteúdos pré-
estabelecidos e a passividade dos educandos são aportes defendidos como essenciais ao processo de ensino.
Os conteúdos pré-estabelecidos são passados em forma de informações, no estilo da "educação bancária"
(Freire, 1975), em que o aluno é considerado uma conta-corrente em que depositam conhecimentos,
conforme um banco comercial.
E, para ser considerado bem-sucedido na escola, via avaliação, nas datas pré-fixadas no calendário escolar
com a denominação "Semana de Avaliação", o aluno devolve aquilo que nele foi depositado. Assim, com
estas ações, é verifi cável que a escola não está estruturada e organizada para ensinar e promover
aprendizagens significativas nos seus alunos, mas para selecionar aqueles que, apesar dela, têm condições
de galgar os vários níveis de ensino.
Ciclos, Progressão Continuada 
e Promoção Automática
Os ciclos têm sido defendidos enquanto um elemento que favorece romper com a reprovação. Entretanto,
alguns equívocos podem ser observados quando o aluno, na passagem de um ano para o outro no interior
de cada ciclo, não pode ser retido. Assim, como é retirado este poder da escola e do professor em reprovar, o
aluno, na passagem de um ciclo para o outro, não é avaliado, na suposição de que possíveis defasagens são
inexistentes.
A falta de uma cultura avaliativa diferenciada do modelo tradicional é um fato observável nas escolas. Se
analisarmos as razões que justificam a organização do ensino em ciclos ou da progressão continuada,
devemos garantir a educação de qualidade para todos. O sistema de ciclos, por si só, não consegue dar conta
da diversidade de questões inerentes a sua organização, uma vez que outras medidas devem ser
implementadas; devido às inadequadas condições de ensino, providências pedagógicas e novas formas de
organização curricular flexíveis devem ser implementadas, viabilizando o desenvolvimento do educando em
suas características individuais e em seus estágios de desenvolvimento psicológico e social, rumo à busca
contínua do aprendizado efetivo.
REFERÊNCIA
PARO, Vitor Henrique. Reprovação escolar: renúncia à educação. São Paulo: Xamã, 2001.
www.inep.gov.br (http://www.inep.gov.br/) (ensino fundamental)
http://www.inep.gov.br/

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