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1 Derivados do Ácido Aracdônico EICOSANÓIDES DAINES: Drogas analgésicas, antitérmicas, antiinflamatórias não esteróides. Elas inibem em sua maioria tanto a atividade da ciclooxigenase I (COX I – constitutiva), quanto à ciclooxigenase II (COX II – induzidas pela presença de inflamação). O ácido aracdônico é um fosfolipídio da membrana celular. As substâncias derivadas dos eicosanóides são: Prostaglandina (PGs), Prostaciclina (PGI), Tromboxano (TXA₂) e Leucotrienos (LTs). Autacóides ou Autofármacos: são as substâncias produzidas pelo organismo que possuem ações biológicas exercendo seus efeitos no local liberado. São liberados frente a estímulos: físicos, químicos, biológicos, alterações hormonais, que irão ativar uma enzima (fosfolipase A₂) que irá degradar os fosfolipídios da membrana (ácido aracdônico) dando assim início aos seus derivados. O ácido aracdônico pode ser metabolizado por duas vias: uma pela enzima CICLOOXIGENASE (COX) que formam as prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxano e pela via LIPOOXIGENASE (LOX) que formam os leucotrienos. CICLOOXIGENASE (COX) As prostaglandinas ativas são: PGD, PGE e PGF. Em todos os nossos tecidos normais temos enzimas constitutivas COX I e seus derivados irão realizar em determinados locais, ações fisiológicas. A COX II é uma enzima induzível, que só aparece nos processos patológicos e determina ações fisiopatológicas (febre, dor, inflamação). Esta enzima tem papel constitutivo apenas em alguns locais, como rins, pulmão, cérebro. A COX III também é uma enzima induzível aparecendo no cérebro, no entanto suas ações ainda não são bem claras. Ela é importante na percepção da dor. MECANISMO DE AÇÃO DOS EICOSANÓIDES Essas substâncias irão ativar receptores específicos, que são receptores acoplados a proteína G. Ex.: A prostaglandina ativa receptor no útero fazendo contração no músculo liso uterino, devido ao aumento de cálcio (proteína Gq). EFEITOS FISIOLÓGICOS OU FARMACOLÓGICOS ÚTERO: as prostaglandinas (PGE, PGF) são responsáveis pela contração uterina. ÚTERO GRAVÍDICO: as prostaglandinas são responsáveis pela contração uterina, manutenção do ducto arterioso, reprodução e parturição. TXA₂: age nas plaquetas e vasos. É indutor da agregação plaquetária. É também um vasoconstritor. PGI₂: tem ação antagônica ao tromboxano. Causa inibição da agregação plaquetária. É também um vasodilatador. PGE₂: age nos vasos renais, fazendo vasodilatação dos vasos renais, manutenção do fluxo sanguíneo renal e aumenta a excreção de sódio. PGE₂ e PGI₂: tem ação de vasodilatação e hipotensão nos vasos sanguíneos em geral. Mas em alguns locais específicos fazem vasoconstrição. PGD₂ e PGE₂: são responsáveis pela vasodilatação dos corpos cavernosos e pela ereção peniana. NO ESTÔMAGO 2 PGE: inibe a secreção gástrica. PGI₂: estimula a secreção de muco. Dessa forma elas fazem a citoproteção gástrica através da diminuição de HCl e aumento na produção de muco (HCO₃⁻). NO PULMÃO LEUCOTRIENOS (LTB₄): é um agente quimiotático para neutrófilos, liberação de enzimas granulares, macrófagos. LTC₄, LTD₄ e LTE₄: fazem constrição bronquiolar, diminuem a pressão arterial, vasodilação (anafilaxia aguda). AÇÕES BIOLÓGICAS NA INFLAMAÇÃO AÇÕES DAS PROSTAGLANDINAS NA INFLAMAÇÃO Vasodilatação Aumento da permeabilidade vascular Sinais: calor, rubor, dor e edema DOR é um conjunto de fatores: Perda da isotonicidade Falta de oxigênio tecidual Queda do pH (radicais livres – exsudatos) Pressão sobre as terminações nervosas (devido ao edema) Ativadores diretos do nociceptor ATIVADORES DIRETOS DO NOCICEPTOR PGE₂, PGI₂ e BRADICININA HISTAMINA: ácido principal, causa o prurido. ESTÍMULOS FÍSICOS: traumatismos teciduais. MECANISMOS DA FEBRE Prostaglandina (PGE₂) Citocinas IL-1, IL-6 TNF-α As interleucinas farão síntese de prostaglandina no hipotálamo, que irá desregular o termostato hipotalâmico, ativando assim os mecanismos que conservam o calor, aumentando a temperatura corporal. MEDIADORES QUÍMICOS MAIS PROVÁVEIS DA INFLAMAÇÃO AÇÕES MEDIADORES QUÍMICOS Vasodilatação Prostaglandina e óxido nítrico Aumento da permeabilidade vascular Aminas vasoativas, bradicinina, leucotrienos e fator de ativação plaquetária (FAP) Quimiotaxia (atração dos leucócitos) Leucotrienos B₄, quimiocininas, produtos bacterianos Febre IL-1, IL-6, TNF-α, PGs Dor PGs, bradicinina Lesão tecidual Enzimas lisossômicas dos neutrófilos, metabolismo do oxigênio 3 USO TERAPÊUTICO DOS EICOSANÓIDES ABORTO TERAPÊUTICO: PGE sintética (misoprostol) – CYTOTEC® TRATAMENTO DE ÚLCERAS GÁSTRICAS: PGE sintética (misoprostol) – CYTOTEC® IMPOTÊNCIA SEXUAL: PGE (alprostatil) HIPERTENSÃO PULMONAR: PGI₂ (epoprostenol) DAINES – MECANISMO DE AÇÃO GERAL Eles inibem em sua maioria tanto a atividade da ciclooxigenase I (COX I – constitutiva), quanto a ciclooxigenase II (COX II – induzidas pela presença de inflamação), reduzindo a síntese de prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxano. *DAINES NÃO SELETIVOS: não tem seletividade. Inibem COX I e COX II. * DAINES SELETIVOS: são inibidores seletivos da COX II. * A vantagem dos DAINES SELETIVOS é que causam menos irritação da mucosa gástrica. * Os DAINES SELETIVOS são considerados drogas pró-trombóticas. DAINES – MECANISMOS PARALELOS Reduzem a produção de radicais livres Diminuem citocinas pró-inflamatórias (TNF-α e IL-1) Modificam a atividade dos leucócitos Esses três mecanismos causam a redução da resposta inflamatória. DAINES – Ações ANTIINFLAMATÓRIAS Inibição da vasodilatação Diminuição da permeabilidade vascular Diminui a quimiotaxia ANALGÉSICA Diminuição da produção de mediadores da dor Aumenta o limiar da dor Mecanismos centrais de analgesia ANTIPIRÉTICA (ANTITÉRMICA) Diminuição da liberação de prostaglandinas no hipotálamo, causando a redução da temperatura corporal. GRUPOS OU CLASSES DOS DAINES 1 – AAS / DIFLUNISAL analgesia antiperese antiinflamatória anticoagulante * O AAS é um bom analgésico e antitérmico, porém sua ação antiinflamatória só aparece quando ele é usado em dose acima de 1g por dia. Para ARTRITE REUMATÓIDE é necessário uma dose maior que 2,5g até 7g por dia. * O AAS tem ação anticoagulante, pois é um potente inibidor da TXA₂, por isso ele é utilizado na profilaxia em doenças tromboembólicas nas doses de 85mg a 325mg por dia (média de 100mg por dia). * O AAS é considerado o DAINES mais irritante da mucosa gástrica. Também é considerado o que mais causa reação de hipersensibilidade e não deve ser utilizado em alérgicos crônicos (portadores de asma, rinite, bronquite). 2 – PARACETAMOL analgesia 4 antipirese * O paracetamol por não penetrar bem em tecidos que produzem radicais livres, possui uma ação antiinflamatória muito fraca. * Acima de 10 - 15g por dia de paracetamol existe o risco de lesão hepática fatal (hepatite fulminante), pois quando o paracetamol é metabolizado ele produz um radical livre hepatotóxico. O álcool + paracetamol potencializa o risco de lesão hepática. Doses de 20 - 25g por dia são potencialmente fatais. * O paracetamol é droga de escolha nos casos de dengue. A dipirona também. * O paracetamol é bem utilizado na pediatria. * O paracetamol não é seletivo, mesmo assim, não irrita a mucosa gástrica. 3 – INDOMETACINA antiinflamatória * É depois do AAS a DAINES que mais irrita a mucosa gástrica. * É um potente antiinflamatório e analgésico. É utilizada na ARTRITE GOTOSA. 4 – ÁCIDO MEFENÂMICO analgesia antiinflamatória * Utilizados principalmente em cólicas menstruais. 5 - DICLOFENACO analgesia CETOROLACO antipirese antiinflamatório* Em pacientes hipertensos pode causar o efeito colateral de aumento de P.A, pois este medicamento inibe também a prostaglandina presente nos rins que faz a vasodilatação fisiológica. Inibida esta PGs pode gerar o aumento da pressão. 6 – NAPROXENO analgesia CETOPROFENO antipirese IBUPROFENO antiinflamatório * O IBUPROFENO é muito utilizado na pediatria por ser um excelente analgésico. Sua ação antiinflamatória só aparece em doses altas. 7 – PIROXICAM analgesia TENOXICAM antiinflamatório MELOXICAM * O meloxicam embora não seja totalmente seletivo, tem preferência pela COX II, dessa forma causa menos irritação na mucosa gástrica. 8 – NIMESULIDA antiinflamatório anti radicais livres * Mesmo não sendo seletivo é também um inibidor preferencial da COX II, assim agride menos a mucosa gástrica. * Também é um excelente varredor de radicais livres. 9 – DIPIRONA analgesia antipirese * A dipirona é extremamente tóxica a medula em altas doses. Pode causar aplasia medular. * A sua ação antiinflamatória só tem efeito em altas doses. É considerado o melhor antitérmico. * É droga de escolha na dengue. DAINES SELETIVOS DA COX II 5 ETORICOXIB (Arcóxia®) analgésico CELECOXIB (Celebra®) antiinflamatório VALDECOXIB (Bextra®) risco de evento cardiovascular LUMIRACOXIB (possui ação pró-trombótica) * Eterocoxib e Celecoxib são os mais comercializados. * A vantagem dos seletivos é que eles não irritam a mucosa gástrica. * Por não inibir a COX I no estômago (PGs) eles não provocam irritação gástrica. E por não inibir a COX I nas plaquetas (TXA₂) eles não aumentam o tempo de sangramento. * Os DAINES seletivos não inibem TXA₂, mas inibem a PGI, assim ocorre vasoconstrição que pode levar ao aparecimento de trombos. * Esses medicamentos são hepatotóxicos. *** Os antiinflamatórios (seletivos ou não seletivos) não podem ser utilizados por muito tempo, pois lesam hepatócitos, porém os SELETIVOS lesam mais. REAÇÕES ADVERSAS 1 – GASTROINTESTINAIS (úlceras e gastrites) Os DAINES inibem a COX I no estômago, inibindo assim a síntese de prostaglandinas, com isso aumentam a produção de HCl e diminuem a produção de muco (HCO₃⁻), deixando a mucosa gástrica exposta. O grupo que mais provoca esse efeito são os não seletivos. 2 – RENAIS (risco aumentado para: ICC, insuficiência renal, pacientes hipertensos) O aumento da pressão arterial ocorre porque as prostaglandinas no rim são inibidas, causando assim vasoconstrição dos vasos renais, com isso haverá diminuição do fluxo sanguíneo, diminuição da excreção de sódio e maior retenção de água, causando o aumento da pressão arterial. A COX I e COX II estão envolvidas. Dessa forma as reações podem ser provocadas por DAINES seletivos e não seletivos. * A COX II tem papel constitutivo nos rins. 3 – FUNÇÃO PLAQUETÁRIA (aumenta o tempo de sangramento) O aumento no tempo de sangramento se deve ao fato de que é inibida a COX I de plaquetas, diminuindo assim o tromboxano, que inibe a agregação plaquetária, aumentando assim o tempo de sangramento. Ocorre com os DAINES não seletivos. 4 – GRAVIDEZ (fechamento precoce do canal arterial) Isso se dá pela inibição da COX I e COX II, inibindo assim as prostaglandinas, que causa o fechamento prematuro do canal. Pode ocorrer com os DAINES seletivos e não seletivos. 5 – INTOLERÂNCIA (rinite, urticária, asma, broncoconstrição, edema de laringe) Isso ocorre porque ao inibir a COX, há um desvio do metabolismo para a LOX, dessa forma ocorre um aumento na concentração de leucotrienos, que podem levar a uma broncoconstrição. A COX I e COX II estão envolvidas. Essa reação pode ser causada por DAINES seletivos e não seletivos. ÁCIDO ARACDÔNICO 6 LOX COX [ ] LEUCOTRIENOS PROSTAGLANDINAS BRONCOCONSTRITOR INDICAÇÕES DOR E FEBRE: DIPIRONA, PARACETAMOL, AAS, IBUPROFENO DOR DE CARÁTER INFLAMATÓRIO: DICLOFENACO, PIROXICAM/MELOXICAM, NAPROXENO, CELECOXIB/ETORICOXIB CONTROLE DA DOR PÓS-OPERATÓRIA: DICLOFENACO, PIROXICAM/MELOXICAM/TENOXICAM, NAPROXENO/CETOPROFENO, NIMESULIDA, CELECOXIB CORTICOSTERÓIDES HORMÔNIOS DO CÓRTEX ADRENAL Os produtos sintetizados no córtex da adrenal são hormônios esteróides denominados CORTISOL. Esses hormônios esteróides podem ser derivados de: GLICOCORTICÓIDES: formados através do metabolismo de proteínas, gorduras, glicose. MINERALOCORTICÓIDES: formados através do metabolismo de íons sódio, potássio, cálcio e água. 7 NA ADRENAL TEMOS: ZONA GLOMERULOSA: libera ALDOSTERONA. ZONA FASCICULADA: libera CORTISOL. ZONA RETICULAR: camada mais profunda e responsável pela liberação de ANDROGÊNIOS. Mecanismo de ação dos glicocorticóides Age através do eixo hipotálamo - hipófise – adrenal (H-H-A). CRH ACTH LIBERA HIPOTÁLAMO HIPÓFISE SUPRA-RENAL CORTISOL *CRH: hormônio liberador de corticotrofina. *ACTH: corticotrofina. Fatores que regulam a liberação de ACTH Situações de estresse como: traumatismo, infecções graves, calor e frio intensos, grandes cirurgias. Fatores que regulam a liberação de CORTISOL Ritmo circadiano é quem dita a liberação exata do cortisol. * A produção de cortisol aumenta a partir das 23 horas. * A melhor hora para administrar CORTICÓIDES é na parte da manhã, até as 10 horas, respeitando o ritmo circadiano. EFEITO GLICOCORTICÓIDE Metabolismo de carboidratos: gliconeogênese e produção de glicogênio; diminuição da utilização da glicose periférica. Metabolismo dos lipídeos: estimulação da lipólise (receptor β-3); aumento do glicerol. Metabolismo das proteínas: estímulo da quebra de proteínas (proteólise); diminuição da síntese protéica (causa como efeito colateral atrofia do tecido muscular e linfóide). EFEITO MINERALOCORTICÓIDE Equilíbrio hidroeletrolítico – aldosterona: Aumento da reabsorção de sódio (leva a uma hipernatremia) Aumento da excreção de potássio e cálcio (leva a hipocalemia e hipocalcemia) Aumento a excreção de H⁺ (leva a alcalose) AÇÕES FARMACOLÓGICAS Sistema nervoso central: afetam comportamento e humor; apatia e depressão; insônia e psicose. Sistema cardiovascular: ação permissiva no sistema nervoso autônomo; aumento da reabsorção de sódio e excreção de potássio, que podem levar ao aumento da volemia e consequentemente aumento da pressão arterial. Outros efeitos: supressão do eixo H-H-A. Mecanismo de ação dos corticóides Inibem a ativação da enzima fosfolipase A₂. Dessa forma, não haverá degradação dos fosfolipídios de membrana (ácido aracdônico), e consequentemente não haverá formação dos seus derivados. 8 CORTICÓIDES SINTÉTICOS De acordo com o tempo de ação: CURTA: 8 a 12 horas – (HIDROCORTISONA e CORTISONA) INTERMEDIÁRIA: 18 a 36 horas – (PREDNISOLONA, TRIANCINOLONA, METILPREDNISONA) PROLONGADA: 36 a 72 horas – (BETAMETASONA, DEXAMETASONA) CORTICOTERAPIA SISTÊMICA Corticóides se ligam a receptores específicos de glicocorticóides (GC) ou mineralocorticóides (MC). A ação dos glicocorticóides ou mineralocorticóides do corticosteróide depende da afinidade ser maior ou menor por esses receptores. EFEITO TERAPÊUTICO IDEAL Máxima atividade imunossupressora, antialérgica e antiinflamatória. Mínima atividade mineralocorticóide. * As drogas de ação prolongada, com uma dose baixa (0,75 mg) tem uma grande potência antiinflamatória e não causam retenção de sódio. Retenção de Sódio Potência antiinflamatória Dose (mg) Aldosterona 3000 0 0 Cortisona 0,8 1 20 Hidrocortisona 1 1 1 Prednisolona 0,8 4 5 Triancinolona 0 5 4 Dexametasona 0 20/300,75 Betametasona 0 20/30 0,75 Inibição da liberação de alguns mediadores químicos da inflamação Leucotrienos: quimiotaxia, aumento da permeabilidade vascular. Prostaglandinas: febre, dor, vasodilatação. Prostaciclina: vasodilatação, anti-agregante plaquetário. EFEITOS COLATERAIS Insuficiência supra-renal Compleição de Cushing Atraso no crescimento Diabetes Mellitus Imunossupressão (devido à diminuição dos mediadores químicos) Úlceras gástricas Aumento da pressão intra-ocular (glaucoma) Hipertensão (devido ao aumento da reabsorção de sódio) Fraqueza muscular (devido à proteólise que causa a perda de aminoácidos) Osteoporose (devido à eliminação de cálcio nos túbulos renais) 9 INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS Terapia de reposição Reumatologia: doenças auto-imunes (imunossupressores); artrite reumatóide (prednisolona, triancinolona) Alergia, choque, rinite: asma, bronquite (metilprednisolona E.V, prednisolona V.O, flucatisona intranasal) Uso tópico: diminui a síntese de colágeno (para controlar a cicatrização) Desenvolvimento fetal: feto entre 27 e 34 semanas (em partos controlados onde se sabe que haverá um nascimento prematuro, usa-se corticóides para estimular o desenvolvimento da árvore traqueobrônquica do feto) Corticoterapia sistêmica Fatores que influenciam na supressão do eixo H-H-A Horário de administração Frequência Duração da ação CORTICOTERAPIA SISTÊMICA IDEAL Horário de administração: preferencialmente pela manhã (respeitando o ciclo circadiano) Frequência: usar em dias alternados (um dia usa DAINES e no outro dia usa corticóides) Duração da ação: curta Lembrar: < 7,5 mg por dia – sem alteração 10 mg por dia – alterações após um ano 15 mg por dia – alterações após 6 meses 30 mg por dia – alterações a partir da primeira semana Histamina e anti-histamínicos HISTAMINA São considerados AUTACÓIDES (próprio remédio), pois são substâncias produzidas pelo organismo que possuem ações biológicas que exercem seus efeitos no local liberado. A histamina é um hormônio local, pois ela é produzida e age no local da reação. Mensageiro químico A histamina é um mensageiro químico de algumas reações, como: Reações alérgicas e inflamatórias Secreção gástrica de ácidos (ativação de H2) Neurotransmissão do SNC (ativação de H1, encontrados em todo SNC e concentrados no hipotálamo) * Uma ação da histamina muito importante é MANTER O ESTADO DE VIGÍLIA. * O β-aminoetilimidazol é sinônimo de histamina. Existem quatro classes de receptores para histamina 10 H1, H2, H3 e H4. H1 e H2 são drogas de uso clínico. Os receptores H3 e H4 ainda estão sendo estudados. Distribuição da histamina A distribuição da histamina ocorre por todo o corpo de forma irregular, havendo maior concentração nos locais de maior exposição com o meio externo (pulmão, mucosa nasal, estômago). Síntese e metabolismo da histamina Histamina exógena: é aquela adquirida através da alimentação, ou através de bactérias da flora intestinal. Essa histamina exógena é rapidamente metabolizada e excretada pelos rins. Histamina endógena: essa será formada a partir da histidina, e será armazenada em dois locais. Nos tecidos estarão nos grânulos dos mastócitos, e no sangue estarão nos grânulos dos basófilos. No entanto, há locais em que a histamina não é armazenada dentro de grânulos. Ela é formada e utilizada a partir de um estímulo, como exemplo, isso pode ocorrer nas células gástricas, células da derme. * Nos locais de armazenamento o processo de síntese da histamina é lento; nos locais de não armazenamento é rápido. Liberação da histamina Pode ocorrer por dois processos: Processo citotóxico: neste processo ocorre a lise das células, levando estas células a morte. Aqui a histamina é liberada devido à ação de agentes físicos, químicos e biológicos. Processo não citotóxico: neste processo não há lise das células, e estas permanecem vivas. Acontece a liberação através da EXOCITOSE. Essa exocitose pode ocorrer por duas vias: a via imunológica e a via não imunológica. Efeitos farmacológicos da histamina Nos vasos Pequenos vasos (menores que 80 micras): causa vasodilatação. (ativação de H1 e H2). Vasos de maior calibre: causa vasoconstrição. (ativação de H1). Vênulas pós-capilares: causa aumento da permeabilidade capilar. (ativação H1). No coração Aumenta a força de contração (tanto atrial quanto ventricular) e a frequência cardíaca. (H2). Redução da velocidade de condução no nódulo átrio-ventricular. (ativação H1). Choque histamínico: os pequenos vasos se dilatam e grandes volumes de sangue são retidos, e conforme a permeabilidade desses vasos aumenta, o plasma escapa da circulação. Esses efeitos diminuem o volume sanguíneo efetivo, reduzem o retorno venoso, e reduzem muito o débito cardíaco. Em altas doses desencadeia arritmias. (ativação de H2) Na musculatura lisa dos brônquios Broncoconstrição. (H1). Na musculatura lisa intestinal Contração. (H1). Nas terminações nervosas sensoriais Na epiderme provoca prurido Na derme provoca dor, as vezes acompanhada de prurido Estimulação em neurônios aferentes e eferentes autonômicos. (na periferia a ativação é principalmente de H1) ANTI-HISTAMÍNICOS 11 Mecanismo de ação São antagonistas competitivos dos receptores histaminérgicos. 1 – BLOQUEADORES H1 (antagonistas H1) Primeira geração (clássicos/SEDATIVOS) – *estes causam sono DIFENIDRAMINA (DRAMIM®), PROMETAZINA (FENERGAM®), CLORFENIRAMINA Segunda geração (NÃO SEDATIVOS) LORATADINA (CLARITIN D®), DESLORATADINA (DESLOR®), FEXOFENADINA (ALLEGRA D®), AZELASTINA *Fexofenadina e azelastina apresentaram efeitos teratogênicos em animais, por isso não devem ser utilizados em gestantes. 2 – BLOQUEADORES H2 (antagonistas H2) CIMETIDINA, RANITIDINA, FAMOTIDINA, NIZATIDINA É uma potente inibidora enzimática, podendo causar interação medicamentosa com outros fármacos. * As secreções gástricas não são inibidas por antagonistas de H1, mas sim antagonistas de H2. USOS Bloqueadores H1 Reações alérgicas como rinite, urticária, cinetose. Bloqueadores H2 Gastrites, úlceras pépticas. Ação anticolinérgica dos bloqueadores H1 Os bloqueadores histamínicos não são totalmente seletivos para os receptores H1. Eles também acabam atuando em receptores muscarínicos. As glândulas que produzem saliva possuem receptores muscarínicos muito sensíveis. Assim ao ingerir um bloqueador de H1, também haverá uma ação antagônica nos receptores muscarínicos das glândulas salivares, lacrimais, diminuindo a produção de saliva, de lágrimas. Isso causa a sensação de boca seca, muita sede. Ação anticolinérgica dos anti-histamínicos ELEVADA BAIXA AUSENTE Prometazina Clorfeniramina Loratadina Difenidramina Hidroxisina Clemastina Feniramina Ação sedativa dos anti-histamínicos ALTA MODERADA LEVE Difenidramina Feniramina Clorfeniramina Prometazina Clemastina Sistema nervoso central: os antagonistas H1 de primeira geração atravessam facilmente a barreira hematoencefálica, assim podem tanto estimular quanto deprimir o SNC. 12 Pode ocorrer estimulação em pacientes que tomam doses convencionais, como a excitação central pode ocorrer devido a intoxicação, que em geral resulta em convulsões, geralmente em lactantes. Por outro lado a depressão central constitui a manifestação habitual de doses terapêuticas de bloqueadores H1, causando a diminuição do estado de vigília. Efeitos colaterais A sedação constitui o efeito colateral de maior incidência dos antagonistas de H1. A ingestão concomitante com álcool ou outros depressores do SNC produz um efeito aditivo, que compromete as habilidades motoras do indivíduo. Outras reações adversas atribuíveis a ações centrais são: tontura, zumbido, cansaço, incoordenação, fadiga, visão embaçada, diplopia, euforia, nervosismo, insônia e tremores. Outros efeitos colaterais envolvem o trato digestivo e incluem perda de apetite, náuseas, vômitos, desconforto epigástrico e prisão de ventre ou diarréia. Farmacoterapia da asma O tratamento da asma é baseado no remodelamento da musculatura lisa para evitar o relaxamento dos brônquios. TRATAMENTO SINTOMAS AGUDOS Agonistas β₂-adrenérgicos de ação rápida Anticolinérgicos (Brometo de ipatrópio - ATROVENT®) Corticosteróides Metilxantinas (Aminofilina) MANUTENÇÃO Corticosteróides Agonistas β₂-adrenérgicos de ação longa Antagonistas de leucotrienos Cromonas Metilxantinas (Teofilina de liberação lenta) Anti IgE Imunoterapia 1 - CORTICOSTERÓIDES Possuem uma ação antiinflamatória e imunossupressora Redução da inflamação Redução da hiperresponsividade brônquica Inibição da remodelação brônquica * Em relação as vias de administração tem que ser administrado com segurança para não causar reações adversas. O que mais causa reações adversas são os corticosteróides de via sistêmica. A via inalatória causa menos reações. Corticóides inalatórios + FLUCATISONA BUDESONIDA (utilizado em gestantes) POTÊNCIA BECLOMETASONA FLUNISOLIDA - Reações adversas dos corticóides inalatórios Tosse Disfonia 13 Candidíase oral Efeitos sistêmicos em altas doses Uso na ASMA Corticosteróides inalatórios Manutenção da asma persistente Corticosteróides sistêmicos – V.O Controle a longo prazo Controle a curto prazo Ex.: PREDNISOLONA (ação intermediária) Corticosteróides sistêmicos – E.V Exacerbação Ex.: SUCCINATO SÓDICO DE METILPREDNISOLONA; SUCCINATO DE HIDROCORTISONA REAÇÕES ADVERSAS Supressão do eixo H-H-A (hipotálamo-hipófise-adrenal) Osteoporose Equimoses Redução no crescimento Miopatia Hiperglicemia Imunossupressão 2 - AGONISTAS β₂ SELETIVOS SALBUTAMOL TERBUTALINA ação curta 3 a 4 horas FENOTEROL (BEROTEC®) SALMETAROL ação longa até 12 horas FORMOTEROL Mecanismo de ação O receptor β é um receptor de membrana acoplado a proteína G, que quando é estimulado vai ativar a enzima adenil ciclase, que vai aumentar o AMPc celular, causando redução do tônus muscular (relaxamento) das vias aéreas e broncodilatação. Diferenças SALBUTAMOL FORMOTEROL SALMETAROL Hidrofílico Intermediário Lipofílico Curta duração Longa duração Longa duração Início rápido Início rápido Início lento * O formoterol pode ser utilizado como uma droga de resgate, por ter início rápido e longa duração. Ação farmacológica Broncodilatação Reduzem a liberação de mediadores químicos Aumenta o clearance mucociliar 14 Uso na ASMA Curta duração: alívio dos sintomas Longa duração: associação na manutenção REAÇÕES ADVERSAS Taquicardia Tremores Arritmias Hipopotassemia Observações Aumentam a reatividade brônquica Down – regulation dos receptores β Aumento do risco de morte 3 - ANTICOLINÉRGICOS (BROMETO DE IPATRÓPIO – ATROVENT®) A broncodilatação produzida pelo ipatrópio nos pacientes asmáticos desenvolve-se mais lentamente e, em geral, é menos intensa do que a induzida pelos agonistas β₂-adrenérgicos. Uso na ASMA Asma aguda Broncoespasmo por β-bloqueadores 4 - METILXANTINAS (TEOFILINA – AMINOFILINA – BAMIFILINA) Mecanismo de ação São drogas que inibem a enzima fosfodiesterase. Ação farmacológica Broncodilatação Ação antiinflamatória Diminuição da fadiga muscular diafragmática Uso na ASMA AMINOFILINA: usada para alívio dos sintomas (opção secundária). TEOFILINA + BAMIFILINA: associação usada na manutenção. Reações Adversas Náusea, diarréia, vômito Irritabilidade Convulsão Cefaléia Hipotensão Arritmia cardíaca 5 - CROMONAS CROMOGLICATO DE SÓDIO Mecanismo de ação Inibição da desgranulação de mastócitos. 15 Uso na ASMA Prevenção dos sintomas (profilaxia). Reações adversas São poucas 6 - CETOTIFENO (É UMA CROMONA) Mecanismo de ação Inibição da desgranulação dos mastócitos Ação anti-histamínica Reações adversas Aumento do apetite e conseqüente ganho de peso Uso na ASMA Profilaxia 7 – ANTAGONISTA DE LEUCOTRIENOS MONTELUCASTE E ZAFIRLUCASTE. * Zafirlucaste não deve ser administrado na presença de alimentos, pois estes causarão diminuição na absorção da droga. Mecanismo de ação Bloqueiam os receptores de leucotrienos. 16 Ação farmacológica Efeito broncodilatador Ação antiinflamatória Redução da hiperresponsividade brônquica Uso na ASMA Manutenção Asma induzida por exercício Reações adversas São raros Pode aparecer a Síndrome de CHURG-STRAUSS 8 - OMALIZUMABE (ANTI IgE) Uso na ASMA Reduz exacerbações Reduz a dose de corticosteróides e agonistas β₂-adrenérgicos * Usada em crianças acima de 12 anos com aplicações a cada 2 ou 4 semanas. 9 - IMUNOTERAPIA Uso na ASMA alérgica Tem papel secundário Primeiramente tem que identificar o alérgeno TRATAMENTO DA ASMA DE ACORDO COM A GRAVIDADE ALÍVIO 1ª ESCOLHA ALTERNATIVAS INTERMITENTE β₂ curta duração PERSISTENTE LEVE β₂ curta duração Corticóide inalatório – dose baixa Anti leucotrienos Cromoglicato de sódio PERSISTENTE MODERADA β₂ curta duração Corticóide inalatório - dose baixa-média + β₂ longa duração Corticóide inalatório - dose alta + β₂ longa duração Corticóide inalatório - dose alta PERSISTENTE GRAVE β₂ curta duração Corticóide inalatório – dose alta + β₂ longa duração + corticóide oral Corticóide inalatório – dose alta + β₂ longa duração + corticóide oral + anti leucotrienos de liberação longa 17 FARMACOTERAPIA DA DPOC DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA INFLAMAÇÃO *Doença das pequenas vias aéreas *Destruição do parênquima *Inflamação das vias aéreas *Ruptura das ligações alveolares *Remodelamento das vias aéreas *Redução do recolhimento elástico LIMITAÇÃO AO FLUXO AÉREO Diagnóstico diferencial DPOC ASMA *Início em adultos *Início precoce, na juventude (frequentemente em crianças) *Sintomas progridem lentamente *Sintomas variam a cada dia *Longa história de tabagismo *Sintomas ocorrem pela noite e pela manhã *Dispnéia durante o exercício *Alergias, rinites, ou eczema também estão presentes *Limitação ao fluxo aéreo é irreversível *Apresenta história familiar de asma *Limitação ao fluxo aéreo é reversível Fatores de risco para DPOC * Fumaça de cigarro * Nutrição * Pó e gases ocupacional potencializam * Infecções * Tabagismo passivo se associados a * Condições socioeconômicas * Poluição ambiental * Envelhecimento populacional Diagnóstico da DPOC Sintomas: tosse, expectoração, dispnéia. Exposição a fatores de risco: tabagismo, ocupação, poluição extra e intra domiciliar. Depois de verificado os sintomas, e se o paciente esteve exposto a fatores de risco, para o fechamento do diagnóstico é feito a espirometria. OBJETIVOS DA FARMACOTERAPIA Prevenir a progressão da doença Aliviar os sintomas Melhorar a tolerância a atividades físicas Reduzir frequência e severidade das exacerbações Conduta na DPOC: todos os estádios Evitar agentes nocivos Cessar tabagismo Reduzir a poluição intra domiciliar Reduzir a exposiçãoocupacional Vacinação contra a gripe FARMACOTERAPIA DA DPOC 18 OS FÁRMACOS UTILIZADOS PARA O TRATAMENTO PODEM SER DIVIDOS EM: A – MANUTENÇÃO Agonistas β₂-adrenérgicos Broncodilatadores Anticolinérgicos Metilxantinas Inalatórios Corticosteróides Oral 1 - AGONISTAS β₂ SALBUTAMOL TERBUTALINA ação curta 3 a 4 horas FENOTEROL (BEROTEC®) SALMETAROL ação longa até 12 horas FORMOTEROL Mecanismo de ação O receptor β é um receptor de membrana acoplado a proteína G, que quando é estimulado vai ativar a enzima adenil ciclase, que vai aumentar o AMPc celular, causando redução do tônus muscular (relaxamento) das vias aéreas e broncodilatação. Reações adversas Taquicardia Tremores Arritmias Hipopotassemia Observações No caso de DPOC: Preferir os medicamentos de via inalatória Preferir os de ação prolongada 2 - ANTICOLINÉRGICOS (BROMETO DE IPATRÓPIO – ATROVENT®) 19 Bloqueiam a resposta parassimpática Preferir os fármacos de via inalatória Ipatrópio X Tiotrópio Anticolinérgico específico – de ação longa Anticolinérgico inespecífico – ação curta 3 - METILXANTINAS (TEOFILINA – AMINOFILINA – BAMIFILINA) Mecanismo de ação São drogas que inibem a enzima fosfodiesterase. Ação farmacológica Ação antiinflamatória Diminuição da fadiga muscular diafragmática Ação sobre a musculatura respiratória Preferir TEOFILINA de ação longa Reações adversas Náusea Diarréia Vômito Irritabilidade Convulsão Cefaléia Hipotensão Arritmia cardíaca 4 - CORTICÓIDES INALATÓRIOS Apresenta eficácia menor do que na asma Reduz a frequência de exacerbações Aumenta a possibilidade de pneumonia Deve-se fazer associação com broncodilatadores Reações adversas Tosse Disfonia Candidíase oral Efeitos sistêmicos em altas doses 5 - CORTICÓIDES ORAIS Possuem uma ação antiinflamatória e imunossupressora Redução da inflamação Redução da hiperresponsividade brônquica Inibição da remodelação brônquica * Em relação às vias de administração tem que ser administrado com segurança para não causar reações adversas. O que mais causa reações adversas são os corticóides de via sistêmica. A via inalatória causa menos reações. Reações adversas Supressão do eixo H-H-A (hipotálamo-hipófise-adrenal) Osteoporose Equimoses Redução no crescimento Miopatia Hiperglicemia Imunossupressão 20 6 - N – ACETILCISTEÍNA Ação mucolítico – fluidificante Ação antioxidante Diminui as exacerbações 7 - VACINAS VACINA ANTI INFLUENZA: reduz morbidade e mortalidade. VACINA ANTIPNEUMOCÓCICA: reduz incidência de pneumonia comunitária. 8 - MUCOLÍTICOS (ambroxol – carbocisteína) B – EXACERBAÇÃO Broncodilatadores Agonistas β₂ + ipatrópio Metilxantinas Predinisolona oral: pode usar pelo tempo que for necessário. Corticóides Hidrocortisona E.V: usar no máximo 2 semanas. Manutenção Oxigênio Exacerbação Ventilação: exacerbação Farmacoterapia das dislipidemias Conceito de dislipidemia Alterações metabólicas lipídicas decorrentes de distúrbios em qualquer fase do metabolismo lipídico que resultem em alterações dos níveis séricos das lipoproteínas. * LDL e HDL estão relacionados com aterosclerose e suas conseqüências. * TRIGLICERÍDEOS estão relacionados com a pancreatite aguda e suas conseqüências. * 80% do LDL é endógeno, isso explica porque apenas a mudança na dieta não adiantaria para reduzir o LDL do organismo. GRUPOS FARMACOLÓGICOS 1 - Estatinas LOVASTATINA SINVASTATINA FLUVASTATINA ATORVASTATINA ROSUVASTATINA * As estatinas são as drogas mais eficazes nas alterações do LDL, isso ocorre porque elas inibem a síntese do colesterol endógeno. 21 Mecanismo de ação As estatinas são inibidores competitivos da enzima HMG-CoA redutase, uma das enzimas chave na síntese intracelular do colesterol. Sua inibição reduz a biossíntese de colesterol e, como conseqüência, há aumento do número de receptores de LDL nos hepatócitos, que então removem mais VLDL, HDL e LDL da circulação para repor o colesterol intracelular. Ação das estatinas Redução do LDL (20% – 55%) Aumento do HDL (2% - 10%) Redução dos triglicerídeos (7% - 28%) * As estatinas ajudam na estabilização da placa. Elas fazem o fechamento prematuro da placa de ateroma, assim impedem a formação de trombos nessas placas. * As estatinas ajudam na redução da agregação plaquetária. E estatinas são capazes de melhorar a função endotelial. * A cada vez que se dobra a dose de estatinas, ocorre uma diminuição do LDL de mais ou menos 6%. Uso terapêutico Iniciar com dose alvo Horário de administração O melhor horário é tomar estatinas é ao deitar, pois o pico da biossíntese do colesterol ocorre entre as 0 hrs e 2 hrs. A atorvastatina e a rosuvastatina podem ser administradas a qualquer horário, pois possuem meia vida mais longa. Seleção da droga Observar qual é o percentual de LDL que precisa reduzir. Observar o custo da droga. Tempo de tratamento Para sempre. Reações adversas Hepatotoxicidade Em pacientes assintomáticos, a elevação isolada de 1 a 3 vezes das transaminases (enzimas hepáticas) não justifica a suspensão do tratamento com estatina. Caso ocorra elevação isolada e superior a 3 vezes, um novo exame deverá ser feito para confirmação. Não há contra-indicação do uso de estatinas em pacientes com doença hepática crônica, doenças hepáticas ou esteatose não alcoólicas. Entretanto, é contra-indicado seu uso em pacientes com hepatopatias agudas. Miopatia Recomenda-se monitorização cuidadosa em pacientes que apresentarem dor muscular e/ou aumento de CPK (creatinofosfoquinase) de 3 a 7 vezes o limite superior da normalidade. As estatinas devem ser suspensas caso ocorra um ou mais dos seguintes critérios: aumento progressivo da CPK; aumento da CPK acima de 10 vezes o limite superior da normalidade ou persistência dos sintomas musculares. Gestação e lactação 2 – Inibidor da absorção intestinal de esterol EZETIMIBE Mecanismo de ação O ezetimibe é um inibidor de absorção do colesterol que atua na borda em escova das células intestinais inibindo a ação da proteína transportadora do colesterol. Disfunção endotelial: o endotélio é responsável em produzir algumas substâncias. Na disfunção endotelial ele passa a produzir mais substâncias vasoconstritoras e pró-agregantes plaquetários. 22 * Somente inibe a absorção de colesterol, não de toda gordura. Isso é importante, pois com a gordura há absorção de vitaminas lipossolúveis. Combinação com estatinas Tem sido mais freqüentemente empregada em associação com as estatinas, em função da potencialização da redução do colesterol intracelular (redução da síntese pela estatina e da absorção intestinal pelo ezetimibe). Em média, a dupla inibição proporciona reduções cerca de 20% maiores do LDL em comparação com a mesma estatina na mesma dose isoladamente. Essa droga veio para ser associada com a estatina e reduzir os efeitos da miopatia, que é dose dependente. Ação do ezetimibe Redução do LDL (18% - 20%) Aumento do HDL (1% - 2%) Redução dos triglicerídeos (5%) * 10mg de ezetimibe reduz cerca de 18% - 20% do LDL. Assim é possível reduzir a estatina e minimizar os efeitos da miopatia. 3 – Sequestradores de sais biliares ou Resinas de troca COLESTIRAMINA (a única disponível no Brasil) COLESTIPOL COLESEVELAM Mecanismo de ação São fármacos que reduzem a absorção intestinal de sais biliares e, conseqüentemente, de colesterol. Com a redução da absorção, reduz-seo colesterol intracelular no hepatócito e, por este motivo, o fígado aumenta o número de receptores de LDL nos hepatócitos para captar mais LDL, reduzindo o LDL circulante. Ação das resinas Redução do LDL (12% - 25%) Aumento do HDL (4% - 5%) Aumento dos triglicerídeos * O efeito sobre a colesterolemia é variável, reduzindo em média 20% dos valores basais de LDL. Esse efeito é potencializado pelo uso concomitante de estatinas, causando uma redução de 40% - 60% do LDL. Ocasionalmente pode promover pequena elevação do HDL. * O uso dessas drogas é reservado para gestantes, pois como essa droga não sofre absorção, ela não causa efeitos teratogênicos. Reações adversas Aumento de triglicerídeos Dispepsia, gases Constipação intestinal Cálculos biliares Ligação com fármacos e nutrientes * Qualquer medicamento concomitante deve ser administrado uma hora antes ou quatro horas depois da administração das resinas. 4 – Ácido nicotínico NIACINA Mecanismo de ação O ácido nicotínico reduz a ação da enzima lipase tecidual nos adipócitos, levando à menor liberação de ácidos graxos livres para a corrente sanguínea. Como consequência, reduz-se a síntese de triglicerídeos pelos hepatócitos. Também causa uma aumento da Apo-A I levando ao aumento do HDL. Ação do ácido nicotínico Redução dos triglicerídeos (35% - 45%) Redução do LDL (20% - 30%) Aumento do HDL (15% - 35%) 23 * A associação com resinas ajuda na redução do LDL em até 40% - 60%. Reações adversas Rubor Prurido Dispepsia Hepatotoxicidade Aumento da resistência à insulina Aumento do ácido úrico Miopatia 5 – Derivados do Ácido Fíbrico (Fibratos) CLOFIBRATO GENTOFIBROZILA FENOFIBRATO CIPROFIBRATO BEZAFIBRATO * Não servem para tratar aumento do LDL, somente para o tratamento da hipertrigliceridemia. Mecanismo de ação São fármacos derivados do ácido fíbrico que agem estimulando os receptores nucleares denominados “receptores alfa ativados de proliferação dos peroxissomas” (PPAR-α). Esse estímulo leva a um aumento da produção e ação da enzima lipase lipoprotéica, responsável pela hidrólise intravascular dos triglicerídeos. O estímulo do PPAR-α pelos fibratos também leva a maior síntese da Apo-A I, e conseqüentemente, o aumento de HDL. Ação Redução dos triglicerídeos (30% - 60%) Aumento do HDL (7% - 15%) Ação variável sobre LDL * Inibição da coagulação e aumento da fibrinólise. Reações Adversas Urticária Cefaléia Anemia Cálculos biliares Miopatia Interação com anticoagulantes orais 6 – Ômega 3 Mecanismo de ação Redução na produção hepática de VLDL. Redução de triglicerídeos. Diuréticos no tratamento de: 1 – Insuficiência Cardíaca 2 – Hipertensão Arterial Diuréticos São drogas que aumentam o fluxo urinário a fim de ajustar o volume e/ou a composição do líquido extracelular, alterando a concentração e a diluição da urina. Também são chamados de natriuréticos por impedir a reabsorção de sódio e retê-lo nos túbulos. 24 Mecanismo de ação Inibe a reabsorção de sódio. Hipertensão Arterial Ocorre quando há níveis de pressão arterial maiores que os valores ideais. * Para uma droga ser um anti-hipertensivo adequado ela tem que mexer com a resistência periférica. A pressão arterial elevada provoca alterações patológicas na vasculatura e hipertrofia do ventrículo esquerdo. Em consequência, a hipertensão constitui a principal causa de acidente vascular cerebral, leva a doenças das artérias coronarianas com infarto do miocárdio e morte cardíaca súbita e representa o principal fator contribuinte na insuficiência cardíaca, na insuficiência renal e no aneurisma dissecante da aorta. Os anti-hipertensivos podem ser classificados de acordo com seus locais ou mecanismos de ação. Como a pressão arterial é o produto do débito cardíaco pela resistência periférica, ela pode ser reduzida por ações de fármacos sobre a resistência periférica ou débito cardíaco. Os fármacos podem reduzir o débito cardíaco ao inibir a contratilidade miocárdica, ou ao diminuir a pressão de enchimento ventricular, resultado que pode ser obtido por meio de ações sobre o tônus venoso ou o volume sanguíneo por intermédio de efeitos renais. Os fármacos podem reduzir a resistência periférica ao atuar sobre o músculo liso, produzindo relaxamento dos vasos de resistência, ou ao interferir na atividade de sistemas que produzem constrição dos vasos de resistência. Insuficiência Cardíaca Um dos principais objetivos do tratamento da insuficiência cardíaca é atenuar os sintomas que, por sua vez, são uma consequência direta do distúrbio hemodinâmico subjacente. A expansão do volume intravascular e o aumento das pressões de enchimento ventricular provocam a hipertensão venosa pulmonar e sistêmica, que causa dispnéia aos esforços e ortopnéia. A diminuição do débito cardíaco provoca fadiga e redução da capacidade de realizar exercícios. Mesmo quando não há lesões recorrentes do coração, a gravidade da disfunção miocárdica subjacente geralmente é progressiva. Isto se deve à remodelação ventricular, um processo que acarreta alterações de má adaptação progressivas na estrutura e função do ventrículo. Por essa razão, o segundo principal objetivo do tratamento é retardar ou evitar a progressão da remodelação miocárdica. O débito cardíaco está reduzido e é insuficiente. Disfunção Sistólica o coração não supre adequadamente Débito cardíaco as demandas metabólicas teciduais Disfunção Diastólica Sistema nervoso simpático resistência periférica Mecanismos de Sistema renina-angiotensina-aldosterona reabsorção de Na⁺ compensação ADH (hormônio anti diurético) volume Fatores vasodilatadores Hipertrofia cardíaca * Angiotensina e aldosterona são capazes de estimular o remodelamento cardíaco, causando uma perda funcional do coração. Insuficiência cardíaca direita: quem não funciona bem é a parte direita do coração, que recebe sangue da grande circulação, dessa forma, causa edema de membros e ascite. Insuficiência cardíaca esquerda: recebe sangue da pequena circulação, causando edema de pulmão (a queixa do paciente será dispnéia progressiva). Os diuréticos são usados para reduzir o volume dos líquidos extracelulares e as pressões de enchimento ventriculares (ou “pré-carga”), mas geralmente não causam reduções clinicamente significativas do débito cardíaco, principalmente nos pacientes com insuficiência cardíaca avançada que apresentam aumento da pressão de enchimento ventricular esquerdo. 1 - Tiazídicos HIDROCLOROTIAZIDA INDAPAMIDA CLORTALIDONA CLOROTIAZIDA 25 São os diuréticos de escolha para tratar hipertensão arterial, mas não são usados para tratar insuficiência cardíaca. Isso ocorre porque dentre todos os diuréticos, apenas os tiazídicos são capazes de causar redução da resistência periférica. Em um primeiro momento, o principal efeito dos tiazídicos é a redução na volemia e uma redução pequena do débito cardíaco. Após alguns dias de tratamento, o débito cardíaco se normaliza, mas a resistência periférica diminui. A ação vasodilatadora é parcialmente dependente da função renal. Quando utilizados no tratamento de hipertensão, os diuréticos tiazídicos geralmente devem ser administrados com um agente poupador de potássio. Pode-se obter uma atenuação da excreção de potássio (efeito caliurético) dos diuréticos tiazídicos com o uso de agentes que bloqueiam os canais de sódio e potássio na porção final do túbulo distal e ducto coletor (amilorida e triantereno) ou através da inibição da ação da aldosterona (espironolactona) Mecanismo e local de ação Atuam em uma parte do túbulo contorcido distal, inibindo o simporte de Na⁺/Cl⁻ da membranaluminal. * São diuréticos de eficácia moderada e espoliadores de potássio. Seu efeito pleno ocorre em cerca de um mês. Mecanismo anti-hipertensivo Causa depleção (redução) de volume e redução da resistência periférica. Ainda: Relaxam a musculatura vascular; retiram sódio e água da parede vascular; alteram a resposta vascular a estímulos (ocorre um aumento da resposta vascular a mediadores químicos vasodilatadores, como as prostaglandinas, histaminas). Excreção urinária Aumenta em 5% a excreção de sódio na urina. Aumenta a excreção de cloro, potássio, ácidos (H⁺) e magnésio na urina. Diminuí a taxa de excreção de cálcio na urina (isso torna essa classe de diurético útil no tratamento de hipercalcemia. Além disso, esse efeito também é benéfico em pacientes com tendência a formação de cálculos de cálcio). Pode aumentar ou diminuir a excreção de ácido úrico. Reações adversas Desequilíbrio hidroeletrolítico. Em crianças aumenta ácido na urina. Alcalose. Perda de potássio que associada a perda de magnésio pode gerar um quadro de arritmias. Disfunção sexual. Hiperglicemia. Hiperuricemia. LDL Alteração do perfil lipídico HDL TG * A dose máxima de tiazídico é de 25 mg/dia, pois a partir dessa dose o efeito não aumenta com a dose administrada. Uso terapêutico Hipertensão arterial; Insuficiência cardíaca em associação; Outros. * É 1ª escolha em negros e idosos. A maioria dos pacientes responde aos diuréticos da classe tiazídica com uma redução da pressão arterial em 2 a 4 semanas, embora uma minoria não consiga redução máxima da pressão arterial durante um período de até 12 semanas com determinada dose. Via de administração – via oral (V.O) 26 2 - De Alça FUROSEMIDA (Lasix®) ÁCIDO ETACRÍNICO BUMETAMIDA TORSEMIDA * A maioria dos pacientes com insuficiência cardíaca depende da administração crônica de um diurético de alça para manter o volume circulante normal. Nos indivíduos com retenção de líquidos, a furosemida geralmente é iniciada na dose de 40 mg, 1 a 2 vezes ao dia, que pode ser aumentada até que haja diurese adequada. Mecanismo e local de ação Atuam no ramo ascendente da alça de henle espessa, inibindo o simporte Na⁺/K⁺/2Cl⁻. O diurético de alça inibe a diluição do filtrado, reduzindo a tonicidade da medula. Excreção urinária Aumenta em 25% a excreção de sódio. Aumenta a excreção de cloro, potássio, ácidos (H⁺), cálcio e magnésio. Pode aumentar ou diminuir a excreção de ácido úrico. * Impedem a concentração da urina. * Outras ações: venodilatação. * A venodilatação faz com que haja uma redução do débito cardíaco direito, diminuindo a congestão nos pulmões, e consequentemente melhorando o edema. Também por melhorar a diurese, e com isso ajudar a drenar o edema. * A furosemida é 1ª escolha no tratamento de edema pulmonar. Efeitos adversos Desequilíbrio hidroeletrolítico (podendo provocar hipopotassemia, hiponatremia, hipocalcemia e hipomagnesemia) Alcalose Ototoxicidade Hiperglicemia Hiperuricemia LDL Alterações no perfil lipídico HDL TG Uso Terapêutico Edema agudo de pulmão (1ª escolha, devido sua venodilatação) Insuficiência cardíaca Hipertensão arterial (como 2ª escolha) Outros * Não serve para hipertensão, por que: 1º - o hipertenso não é necessariamente hipervolêmico; 2º - por ser de ação rápida deve ser administrado mais de 1x/dia. Vias de administração – via oral (V.O) / via intra muscular (I.M) / via endovenosa (E.V) 3 - Poupadores de Potássio I - Inibidores dos canais de sódio TRIANTERENO AMILORIDA II - Antagonista da aldosterona ESPIRONOLACTONA Os diuréticos poupadores de potássio podem ser divididos em dois grupos: agentes que inibem os canais de sódio na membrana das células epiteliais do ducto coletor (amilorida, triantereno); e os antagonistas da aldosterona, que também exercem seu efeito farmacológico principal no ducto coletor (espironolactona). Embora esses fármacos geralmente não sejam 27 eficazes como agentes diuréticos quando usados em monoterapia, eles podem ajudar a reduzir as perdas renais de potássio e magnésio e/ou acentuar a resposta às outras classes de diuréticos. Existem evidências que a espironolactona em doses baixas pode aumentar a sobrevida dos pacientes com sintomas avançados da insuficiência cardíaca, aparentemente por um mecanismo independente da diurese. Mecanismo de ação Os inibidores dos canais de sódio atuam na parte final do túbulo contorcido distal e no ducto coletor. Inibem os canais de sódio e potássio e o antiporte Na⁺ e H⁺. Os antagonistas da aldosterona atuam na parte final do túbulo contorcido distal e no ducto coletor, bloqueando o receptor de aldosterona, inibindo a troca de Na⁺ por K⁺ e de Na⁺ por H⁺. A espironolactona está estruturalmente relacionada a aldosterona, atuando como um inibidor competitivo, inibindo a ligação da aldosterona a sua proteína de ligação celular. Excreção urinária Aumenta em 2% a excreção de sódio. Diminui a excreção de cloro, potássio, magnésio e cálcio. Efeitos adversos Hiperpotassemia Acidose metabólica Alterações endócrinas (apenas a espironolactona causa isso, pois também é um hormônio esteróide como a aldosterona) * Amilorida é a que tem menos efeitos adversos. Uso terapêutico Associação com outros diuréticos (amilorida) Hiperaldosteronismo (espironolactona) * Subdose de 25mg de espironolactona inibe a remodelação cardíaca. * Não se usa poupadores de potássio isoladamente. Usa-se associação a amilorida em caso de hipopotassemia. Ou em associação a espironolactona na insuficiência cardíaca para inibir a remodelação cardíaca. Vasodilatadores no tratamento de 1 - Insuficiência Cardíaca 2 - Hipertensão Arterial * Vasodilatadores na hipertensão arterial tem que dilatar o leito arterial, para que haja assim uma diminuição da resistência periférica. * Na insuficiência cardíaca os vasodilatadores são utilizados para a dilatação do leito arterial e leito venoso, com isso diminuem a carga que chega ao coração, melhorando a condição do trabalho cardíaco. Vasodilatação Arterial Se houver dilatação do leito arterial ocorre uma diminuição da resistência periférica, que leva a uma diminuição da pressão arterial, fazendo com que a pós-carga seja diminuída. No entanto, quando há uma queda da pressão arterial os barorreceptores logo percebem e realizam uma descarga simpática, que ao chegar nos vasos causaria uma vasoconstrição, no entanto, como há uso de vasodilatadores essa vasoconstrição não ocorre. O uso de vasodilatadores em relação ao coração, vai apenas levar a um aumento da frequência cardíaca (efeito cronotrópico positivo) e aumento da força de contração (efeito inotrópico positivo). Vasodilatação venosa Pensando na grande circulação, com o uso de vasodilatadores, haverá uma diminuição do retorno venoso, e com isso uma diminuição da pré-carga. Também pode haver uma hipotensão postural. Esta hipotensão necessita de um ajuste rápido por parte do organismo para não ocorrer. Esse ajuste é feito pelo sistema simpático, que não ocorrerá devidamente por causa do uso dos vasodilatadores. 28 Vasodilatadores 1. Drogas anti angiotensina II 2. Bloqueadores dos canais de cálcio 3. Nitrovasodilatadores 4. De ação direta 5. Bloqueadores α-adrenérgicos 1 - Drogas anti angiotensina II I - Inibidores da ECA II - Antagonistas dos receptores AT₁ Sistema renina – angiotensina – aldosterona Renina: é liberada no rim. Sua liberação é causada pelas células justaglomerulares devido ao fluxo renal diminuído, estímulos simpáticos (β₁). Uma vez liberada, a renina converte angiotensinogênio em angiotensina I que através da ECA é convertida em angiotensinaII. A ECA pode atuar ainda sobre outras substâncias. A angiotensina 1-7 pode ser originada a partir da angiotensina I, através da EM (enzima polipeptidase). Ela é uma antagonista da angiotensina II. Essa angiotensina 1-7 também pode ser produzida através da angiotensina II. Angiotensina II (vasoconstritor da arteríola eferente) possui os seguintes efeitos: alteração da resistência periférica, alteração da função renal, alteração da estrutura cardiovascular. Alteração da resistência periférica: vasoconstrição direta, aumento da atividade simpática. Alteração da função renal: aumento da liberação de aldosterona, aumento da reabsorção de sódio no túbulo contorcido proximal, altera a hemodinâmica renal. Alteração da estrutura cardiovascular: efeitos não hemodinâmicos (participa da remodelação cardiovascular), efeitos hemodinâmicos (aumento da pós-carga, aumento da resistência periférica). Angiotensina 1-7 possui os seguintes efeitos: vasodilatação, aumento do ADH, natriurético, diminui a proliferação de células do músculo liso cardíaco. Inibidores da ECA (Enzima Conversora de Angiotensina) CAPTOPRIL (3X por dia) ENALAPRIL (2X por dia) FOSINOPRIL (1X por dia) LISINOPRIL (1X por dia) * São drogas de grupo, ou seja, todas essas drogas causam o mesmo efeito. A diferença está na farmacocinética, ou seja, só muda a meia vida de uma droga para outra, e consequentemente, o número de vezes que ela será administrada durante o dia. * Negros e idosos não respondem bem a este medicamento. Mecanismo de ação da ECA Diminuição da formação de angiotensina II e do acúmulo de bradicinina. As conseqüências diretas da diminuição da angiotensina II incluem a redução do efeito vasoconstritor, do efeito retentor de sódio (via aldosterona), e do efeito trófico na musculatura lisa de vasos, nas células miocárdicas e fibroblastos. Outros efeitos potencialmente benéficos resultam da diminuição da ativação simpática, diminuição da endotelina e da arginina-vasopressina. O acúmulo de bradicininas, possivelmente, se relaciona à síntese de prostaglandinas vasodilatadoras e à maior geração de óxido nítrico. * A ECA converte a angiotensina I em angiotensina II. Também quebra a bradicinina em um peptídeo inativo (inativa a bradicinina). * A ECA atua no sentido de aumentar a pressão arterial, pois forma um vasodilatador e um vasoconstritor. 29 * Inibindo a ECA (IECA) vai diminuir a formação da angiotensina II e o acúmulo de bradicinina. Também ocorre um aumento na angiotensina 1-7. * A bradicinina é vasodilatadora, mas atua através de um aumento na produção de óxido nítrico, com isso causa uma vasodilatação. Ação Farmacológica 1 - Inibir a formação de angiotensina II causa: Vasodilatação (efeito mais intenso) Redução da secreção de aldosterona (com isso há aumento na eliminação de sódio e água) Inibição da remodelação cardiovascular 2 - Acúmulo de bradicinina causa: Aumento na síntese de prostaglandinas e óxido nítrico (vasodilatação). * Aumento na angiotensina 1-7, ainda não conseguiu quantificar seus efeitos. 3 - Nefroproteção (usado em hipertensos e diabéticos. Isso ocorre porque diminui a pressão de filtração, não lesionando a membrana de filtração. A taxa de filtração estará diminuída). Com isso o rim funciona menos, porém por mais tempo. A creatinina no sangue será aumentada. 4 - Diminuição da resistência a insulina (ótimo para diabético tipo II e para quem apresenta síndrome metabólica). 5 - Inibe a progressão de vasculopatia diabética. 6 - Redução da hipertrofia do ventrículo esquerdo. 7 - Aumento da sobrevida. Uso terapêutico Hipertensão (1ª escolha em diabéticos, síndrome metabólica e hipertrofia ventricular esquerda) Insuficiência cardíaca (todos com insuficiência cardíaca ou risco de desenvolvê-la, tem indicação de fazer uso de inibidores da ECA) Outros Reações adversas Tosse seca intratável que acomete de 5% a 20% dos pacientes. Essa tosse se deve ao acúmulo de bradicinina na árvore respiratória. Hipotensão severa que pode ser evitada introduzindo o IECA em doses progressivas. Hipercalemia ocorre devido a diminuição da secreção de aldosterona, que faz com que acumule potássio. Insuficiência renal aguda (para evitar essa reação, a administração deve ser progressiva). Teratogênico (2º e 3º trimestre). Edema angioneurótico: é um edema de instalação súbita, que pode acometer pálpebra, lábio, língua, laringe. * Quem apresenta tosse seca ou edema angioneurótico é intolerante aos IECA. Antagonistas dos receptores AT₁ (são receptores da angiotensina II) LOSARTAN VALSARTAN OLMESARTAN Mecanismo de ação Os BRA (bloqueadores dos receptores de angiotensina II) atuam de forma seletiva no bloqueio dos receptores do subtipo AT₁ da angiotensina II, promovendo redução dos níveis de aldosterona e catecolaminas, vasodilatação arterial com consequente diminuição da resistência vascular periférica. Apresentam ainda, atividade antiproliferativa, com pouco efeito no cronotropismo (frequência cardíaca) e inotropismo (força de contração). Não interferem na degradação da bradicinina, reduzindo a incidência de tosse. * Tem menos reações adversas, mas não são drogas de 1ª escolha. A 1ª escolha é IECA e os antagonistas dos receptores AT₁ são 2ª escolha. 30 Uso terapêutico Hipertensão arterial e insuficiência cardíaca, em todos aqueles pacientes que forem intolerantes aos inibidores da ECA. Ação farmacológica Vasodilatação Inibição da remodelação cardiovascular Redução da aldosterona (assim há um aumento na eliminação de sódio e água) * Apresenta ação antiproliferativa, pois vai inibir a remodelação cardíaca. * A associação de IECA e antagonista de AT₁ pode ser feita em casos de sintomatologia muito persistente, pois um inibe os efeitos da angiotensina II e o outro inibe os receptores da angiotensina II. Reações adversas Hipotensão severa que pode ser evitada introduzindo fármaco em doses progressivas. Hipercalemia ocorre devido a diminuição da eliminação de aldosterona, que faz com que acumule potássio. Insuficiência renal aguda (para evitar essa reação, a administração deve ser progressiva) Teratogênico (2º e 3º trimestre) Edema angioneurótico: é um edema de instalação súbita, que pode acometer pálpebra, lábio, língua, laringe. * Há uma incidência extremamente baixa de reações adversas. 2- Bloqueadores de canais de cálcio FENILALQUILAMINAS (VERAPAMIL) BENZOTIAZEPINA (DILTIAZEM) DIIDROPIRIDINAS (NIFEDIPINA, NICARDIPINA, ANLODIPINO) Mecanismo de ação Bloqueio de canais de cálcio voltagem-dependente tipo 1. * Ocorre a redução da disponibilidade de cálcio dentro da célula, pois o bloqueio ocorre apenas em um tipo de canal. Ação farmacológica Em vasos sanguíneos vai causar vasodilatação (os vasos são mais sensíveis a dilatação pelas diidropiridinas). No coração vai haver uma ação depressora sobre o miocárdio (reduz a força de contração, diminui a frequência cardíaca, retarda a condução do impulso ao longo do coração). Efeitos no coração A vasodilatação arterial: diminui a pós-carga, assim ocorre uma descarga simpática (pelo estímulo dos barorreceptores), que vai aumentar a força de contração e a frequência cardíaca. Na hemodinâmica causa diminuição da pressão arterial. * Essas drogas são bons vasodilatadores coronarianos. * Como anti-hipertensivo, a diidropiridina é melhor, pois altera com maior eficácia a resistência periférica. A associação dessas drogas com β-bloqueadores é satisfatória, porque inibe a ação estimulante no coração. * β-bloqueadores com verapamil e diltiazem é uma associação arriscada, pois deprime demais o coração. 31Uso terapêutico Hipertensão: os três podem ser usados, mas o mais utilizado é a diidropiridina. No nosso meio é o anlodipino. Insuficiência cardíaca: não existe indicação de bloqueadores de canais de cálcio na insuficiência cardíaca. A diidropiridina não deve ser utilizada, porque causa aumento da frequência cardíaca, e na Outros insuficiência cardíaca a frequência cardíaca já está aumentada. Arritmias cardíacas e síndromes coronarianas (angina estável, angina instável, angina prinzmetal e infarto agudo do miocárdio). Reações adversas Cefaléia Rubor Depressão cardíaca Edema pré-tibial Isquemia do miocárdio Os diidropiridínicos aumentam a frequência cardíaca e a força de contração, com a diminuição da pressão arterial, podendo levar a isquemia do miocárdio. Com a diminuição da pressão arterial diminui a oferta de O₂ aos tecidos. Com o aumento da frequência cardíaca e aumento da força de contração a demanda de sangue aumenta. Com a diminuição do tempo de enchimento há uma diminuição da oferta de O₂ Com isso falta sangue para o coração e causa isquemia do miocárdio. Se houver associação de β-bloqueadores, isso não ocorrerá. 3 - Nitrovasodilatadores ou Nitratos Orgânicos NITROPRUSSIATO DE SÓDIO NITROGLICERINA DINITRATO DE ISOSSORBIDA TETRANITRATO DE ERITRITIL Mecanismo de ação O nitrato libera óxido nítrico perto do vaso. O óxido nítrico irá estimular a enzima guanilato ciclase, levando a formação de GMPc e promover o relaxamento do músculo liso do vaso (vasodilatação). Ação farmacológica Nos vasos sanguíneos: Doses baixas: causa venodilatação. Exceção: o nitroprussiato de sódio causa dilatação do leito arterial e venoso em qualquer dose. Outras doses: vasodilatação arterial e venosa. No coração: Taquicardia reflexa. Redução do consumo de O₂ no coração. * O nitrato por causar venodilatação leva a uma diminuição da pré-carga, melhorando a condição do trabalho cardíaco, dessa forma o coração necessita de menos O₂ para trabalhar. * Os nitratos são bons vasodilatadores coronarianos. 32 Uso terapêutico Emergência hipertensiva (nitroprussiato de sódio é a 1ª escolha, porque causa vaso e venodilatação em qualquer dose). * O início da ação do nitroprussiato de sódio administrado via endovenosa ocorre em 30 segundos, sendo que seu efeito hipotensivo máximo é alcançado em 2 minutos e quando se interrompe a infusão, o efeito desaparece em 3 minutos. Insuficiência cardíaca: é usado o nitrato, pois causa venodilatação, diminuindo a pré-carga, assim ajudam a tratar principalmente do edema pulmonar. Outros (síndromes coronarianas). Reações adversas Hipotensão arterial Síncope Cefaléia Taquicardia Quem faz uso constante de nitrato não pode interromper o tratamento Tolerância e dependência física repentinamente. Deve ser de maneira progressiva. Assim a tolerância reverte rapidamente. Interação dos nitratos com Sildenafil (Viagra®) O Viagra atrasa a degradação do GMPc no organismo. O uso de nitrato libera óxido nítrico, formando mais GMPc. Assim o uso de Viagra® dificultando a degradação desse GMPc irá gerar uma vasodilatação mais intensa, diminuindo a oferta de O₂ ao miocárdio. E devido ao esforço físico (relação sexual), vai aumentar a demanda de O₂ para o miocárdio. Essa isquemia miocárdica pode ser grave e prolongada o suficiente para causar infarto do miocárdio. * Após administração de nitrato, esperar 24 horas para tomar Sildenafil e 48 horas para tomar outros medicamentos com esse mesmo efeito. 4 – Vasodilatadores de ação direta HIDRALAZINA MINOXIDIL DIAZÓXIDO Mecanismo de ação (minoxidil e diazóxido) Abrem canais de potássio nas células do músculo liso, com isso o potássio sai da célula, devido a diferença de concentração. Isso faz com que a célula fique hiperpolarizada, levando-a ao relaxamento. Ação farmacológica São vasodilatadores arteriais, que agem causando a diminuição da resistência periférica (diminuição da pressão arterial e diminuição da pós-carga) e aumentando o débito cardíaco (aumentando a frequência cardíaca e aumentando a força de contração). * A diminuição da pressão arterial estimula barorreceptores que farão uma descarga simpática causando um aumento do débito cardíaco. * O minoxidil aumenta o fluxo sanguíneo para a pele, o músculo esquelético, o trato gastrointestinal e coração, mais do que para o sistema nervoso central. O débito cardíaco pode aumentar acentuadamente, de 3 a 4 vezes. O principal determinante da elevação do débito cardíaco consiste na ação do fármaco sobre a resistência vascular periférica, aumentando o retorno venoso ao coração. Reações adversas Hipotensão excessiva Taquicardia Angina de peito Cefaléia Rubor Retenção de sódio e água 33 HIDRALAZINA: síndrome lúpus like (doença auto-imune que ataca o colágeno). A hidralazina imita os sintomas da síndrome lúpus like. A hidralazina também pode causar isquemia do miocárdio, devido ao aumento da demanda de oxigênio imposto pela estimulação do sistema nervoso simpático, induzida por barorreflexo, e também devido ao fato da hidralazina não dilatar as artérias epicárdicas. Por conseguinte, a dilatação arteriolar produzida pode causar um “roubo” do fluxo sanguíneo da região isquêmica. Essa isquemia miocárdica pode ser grave e prolongada o suficiente para causar infarto do miocárdio. DIAZÓXIDO: inibe a secreção de insulina, imitando a hiperglicemia. MINOXIDIL: causa hipertricose em todos os pacientes que recebem minoxidil por um longo período de tempo. Esse efeito adverso constitui uma consequência da ativação dos canais de potássio. Ocorre o crescimento de pêlos na face, nas costas, nos braços e nas pernas, o que é particularmente desagradável para as mulheres. Hoje, o minoxidil tópico é comercializado para tratamento da calvície masculina. O uso de tópico de minoxidil pode causar efeitos cardiovasculares detectáveis em alguns indivíduos. * Vasodilatadores de ação direta devem ser utilizados com diuréticos e β-bloqueadores. Uso terapêutico Hidralazina: hipertensão na gestação; emergência hipertensiva (E.V); na insuficiência cardíaca, em associação. * A metildopa é a 1ª escolha para hipertensão na gestação. Minoxidil: hipertensão grave em associação. É a ultima droga a ser administrada. Diazóxido: emergência hipertensiva. 5 - Bloqueadores α-adrenérgicos PRAZOSINA DOXAZOSINA TERAZOSINA Mecanismo de ação Bloqueio seletivo de adrenorreceptores α₁. Ação farmacológica Vasodilatação arterial e venosa. * O uso de prazosina na insuficiência cardíaca aumenta o risco de mortalidade. * Doxazosina é muito utilizada na hiperplasia prostática benigna, porque o bloqueio de α₁ relaxa a cápsula da próstata e mantém essa uretra sem ser pressionada. * A princípio, os bloqueadores α₁-adrenérgicos reduzem a resistência periférica arteriolar e a capacidade de armazenamento venosa, produzindo aumento barorreflexo simpaticamente mediado na frequência cardíaca e na atividade da renina plasmática. Durante a terapia prolongada, a vasodilatação persiste, enquanto o débito cardíaco, a frequência cardíaca e a atividade da renina plasmática retornam aos seus valores normais. Uso terapêutico Hipertensão Reações adversas Hipotensão postural Taquicardia Retenção hídrica * A principal preocupação em relação ao uso dos antagonistas dos receptores α₁-adrenérgicos na hipertensão é o denominado fenômeno de primeira dose, que pode causar hipotensão ortostática sintomática, que ocorre até90 minutos após a dose inicial do agente ou quando se aumenta rapidamente a dose. 34 Drogas inotrópicas positivas São drogas que aumentam a força de contração do coração, por isso são usadas apenas para insuficiência cardíaca sistólica. Insuficiência cardíaca O débito cardíaco está reduzido e é insuficiente. Disfunção Sistólica o coração não supre adequadamente Débito cardíaco as demandas metabólicas teciduais Disfunção Diastólica Sistema nervoso simpático Resistência periférica Mecanismos de sistema renina-angiotensina-aldosterona reabsorção de Na⁺ Compensação ADH Volume Fatores vasodilatadores Hipertrofia Cardíaca Uso prolongado DIGITÁLICOS Suporte a curto prazo DIGITÁLICOS INIBIDORES DA FOSFODIESTERASE AMINAS SIMPATICOMIMÉTICAS SENSIBILIZADORES DE CÁLCIO 1 - Glicosídeos cardíacos ou digitálicos DIGOXINA DIGIZOXINA V.O ESTROFANTINA QUABAINA DIGOXINA E.V DESLANOSÍDEO Está entre as drogas mais antigas e mais tóxicas. 1 comprimido por dia é terapêutico. 7 comprimidos no dia é letal. * Não existe droga, até hoje, que substitua os digitálicos, pela via oral. * O uso dessa droga é bem reduzido. * Um dos motivos para que a Digoxina não saia do mercado, é que ela tem sua excreção exclusivamente renal, e na Digizoxina a excreção é renal e hepática, sendo que uma compensa a outra. Assim essa droga é utilizada para pacientes com insuficiência cardíaca e insuficiência renal grave. Outro motivo é que a meia vida da digoxina é longo (tem uma meia-vida de 24 a 48 horas, com uma média de 35 horas). Mecanismo de ação Os digitálicos são inibidores potentes e altamente seletivos do transporte ativo do sódio e potássio através das membranas celulares. Esse transporte é dependente da enzima sódio potássio ATPase. Entre um potencial de ação e outro, é necessário uma fase de repouso para reorganizar a concentração dos íons. Isso é realizado pela bomba de Na+/K+ (ou sódio potássio ATPase). Quem arruma a concentração do Ca++ é um carreador que funciona por gradiente de concentração, que é dependente do funcionamento da bomba Na⁺/K+. 35 Os digitálicos fazem uma inibição parcial da bomba Na+/K+ (a inibição total mata!). Com isso aumenta o Na+ intracelular, diminuindo o gradiente de sódio, causando inibição do carreador Na+/Ca++. Com isso aumenta o Ca++ intracelular, causando um aumento na força de contração. Esse mecanismo não é progressivo, e durante o tratamento serão estabelecidos novos gradientes desses íons. Ação farmacológica Ação inotrópica positiva (corrige o débito cardíaco, aumentando-o). Aumentando do débito cardíaco, causa diminuição da atividade simpática, levando a uma diminuição da frequência cardíaca e diminuição do tônus muscular, com consequente diminuição da pressão arterial. Aumentando o débito cardíaco, aumenta o fluxo sanguíneo renal, causando a diminuição da atividade do sistema renina- angiotensina-aldosterona, levando a uma diminuição do tônus vascular e consequentemente leva a diminuição da pressão arterial. Efeito parassimpaticomimético no coração. Diminuição do consumo de oxigênio (diminui o risco de angina). Redução da área cardíaca. Diminui a velocidade de condução do impulso do coração (principalmente do átrio para o ventrículo). * Digitálicos melhoram a condição de vida e a hospitalização, mas não melhoram a sobrevida, mesmo assim, isso não tira o valor dessas drogas. Uso terapêutico Insuficiência cardíaca sistólica com taquiarritmia supraventricular (fibrilação atrial). * Além de suas propriedades inotrópicas, a digoxina possui propriedades vagomiméticas e simpaticoinibitórias, o que faz com que sua associação aos β-bloqueadores torne o controle da frequência cardíaca mais eficaz, sobretudo nos pacientes com fibrilação atrial. * A digoxina está indicada em pacientes com insuficiência cardíaca com disfunção sistólica, associado à frequência ventricular elevada na fibrilação atrial, com sintomas atuais ou prévios. Intoxicação digitálica A intoxicação por digitálicos ou por outros glicosídeos cardíacos pode ocorrer durante o uso terapêutico da droga, porque a dose terapêutica é muito próxima da dose tóxica. Geralmente apresenta os seguintes sintomas: Manifestações neurológicas: delírio, fadiga, confusão, tontura, vista turva ou amarelada, xantopsia. Manifestações gastrointestinais: anorexia, náuseas, vômitos, dor abdominal. Manifestações cardíacas: extra-sístoles ventriculares, taquicardia, bradicardia, bloqueio AV, fibrilação ventricular. * Pacientes com intoxicação digitálica devem ter o digital suspenso, pelo menos temporariamente. Nestes casos, o nível sérico de digoxina pode ajudar a confirmar o diagnóstico, porém a conduta de suspender o medicamento não deve ser retardada por este motivo. Mesmo indivíduos com nível sérico baixo podem ter intoxicação digitálica, principalmente se houver hipocalemia ou hipomagnesemia concomitante. Tratamento para intoxicação Suspensão da droga Controle da potassemia (isso porque o potássio que estimula a bomba Na+/K⁺) Antiarrítmicos Anticorpos de glicosídeos (imunoterapia anti-digoxina) * A digoxina como suporte E.V. funciona bem e não diminui a sobrevida. 2 - Aminas simpatomiméticas (agonistas β-adrenérgicos) DOPAMINA DOBUTAMINA 36 * O estímulo simpático excessivo predispõe a remodelação cardíaca, diminuindo a sobrevida do paciente. Dopamina Baixas concentrações – estimula D1 Intermediárias concentrações – estimula D1 e β1 Concentrações altas – estimula β1 e β₂. 1-5 µg/kg/min até 20-50 µg/kg/min. A dose baixa aumenta o fluxo sanguíneo renal. Isso é usado em UTI neonatal, na UTI adulto está sendo abandonado. Em concentrações intermediárias ela tem ação mais inotrópica do que cronotrópica. Essa droga predispõe a arritmia cardíaca. Dobutamina (vem substituindo a dopamina) A dobutamina estimula os receptores adrenérgicos β1 e β2, promovendo aumento de enzima adenil ciclase e, em última instância, aumento da concentração de cálcio intracelular. É considerado um agonista β1 inotrópico, pois consegue um grande aumento da força de contração e um aumento leve da freqüência cardíaca. Efeito inotrópico positivo (aumento da força de contração). Pequeno efeito cronotrópico positivo (aumento da frequência cardíaca). Efeito sobre a resistência periférica (não é um efeito direto). Efeitos adversos incluem aumento da frequência cardíaca e aumento do consumo miocárdico de oxigênio, bem como possível aumento do número de extra-sístoles e de episódios de taquicardia ventricular. 3 - Inibidores da fosfodiesterase INANRINONA MILRINONA Mecanismo de ação Inibem a fosfodiesterase, que é a enzima que degrada AMPc, acumulando-o. * Milrinone é um inibidor da fosfodiesterase, que aumenta a contratilidade cardíaca e produz dilatação arterial e venosa por intermédio do aumento das concentrações intracelulares de AMPc e, consequentemente, de cálcio. Promove aumento do débito cardíaco e queda da resistência vascular pulmonar e sistêmica, sem aumentar o consumo miocárdico de oxigênio. Ação farmacológica Ação inotrópica positiva Ação cronotrópica positiva Vasodilatação arterial e venosa Aumenta o débito cardíaco 4 - Sensibilizadores de cálcio LEVOSIMENDAN PIMOBENDAN Mecanismo de ação No coração: sensibilização das proteínas contráteis ao cálcio. Nos vasos sanguíneos: abertura de canais de K+ (tem ação vasodilatadora). Características Não é arritmogênico Não aumenta o consumo de oxigênio Não desenvolve tolerância Não apresenta antagonismo com β-bloqueadores * É a melhor droga 37 Farmacologia de drogas
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