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Direito Economico e do Consumid santo graal vitaminado 5

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Karolyne Leite
DIREITO ECONÔMICO E CONSUMIDOR
SUMÁRIO
Ponto 1.a. Direito Econômico. Conceito. Objeto. Competência Legislativa. 4
Ponto 1.b. Sistema Nacional de Defesa do Consumidor. 10
Ponto 1.c. A Livre Concorrência. 17
Ponto 2.a. Regulação da atividade econômica: teoria jurídica (evolução) e princípios gerais. 23
Ponto 2.b. Agência reguladora independente: características. Poder regulatório e fiscalizatório. Defesa do consumidor. 32
Ponto 2.c. Regimes jurídicos das telecomunicações, energia elétrica e transportes públicos federais. 46
Ponto 3.a. Apropriação privada dos meios de produção. 57
Ponto 3.b. Banco de dados e cadastro de consumo. SINDEC. 61
Ponto 3.c. Intervenção estatal no domínio econômico: competência. 68
Ponto 4.a. Ordem Econômica: princípios constitucionais. 74
Ponto 4.b. Princípios e direitos básicos da Lei nº 8.078/1990. 82
Ponto 4.c. Jazidas, em lavra ou não. Recursos minerais. Propriedade. Exploração e aproveitamento. Autorização e concessão. Limites. Interesse nacional. 98
Ponto 5.a. Empresas estatais: prestadoras de serviços públicos. Regime jurídico. 105
Ponto 5.b. A proteção à saúde e à segurança do consumidor. 111
Ponto 5.c. Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). Natureza jurídica. Propósito, princípios e instrumentos. Solução de controvérsias entre Estados-Partes. 115
Ponto 6.a. Liberdade de iniciativa econômica. Limitações e condicionamentos. 124
Ponto 6.b. A responsabilidade civil pelo fato e pelo vício do produto. 129
Ponto 6.c. Empresas estatais exploradoras de atividade econômica: regime jurídico. 141
Ponto 7.a. Atuação estatal na economia. Monopólio natural. 144
Ponto 7.b. A decadência e a prescrição aplicadas às relações de consumo. 149
Ponto 7.c. Advocacia da concorrência. 157
Ponto 8.a. Abuso do poder econômico: prevenção, procedimentos. 159
Ponto 8.b. Concentração de mercado: fusão, incorporação, integração e outras formas. Limites e requisitos. 162
Ponto 8.c. Concentração de mercado: fusão, incorporação, integração e outras formas. Limites e requisitos. 167
Ponto 9.a. Abuso do poder econômico: instrumentos de repressão. Processo e procedimentos administrativos. A atuação do Ministério Público Federal perante o Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE. 171
Ponto 9.b. O conceito de fornecedor. 176
Ponto 9.c. Condutas anticoncorrenciais: acordos verticais e acordos horizontais. Cartéis. 185
Ponto 10.a. Abuso de poder econômico: domínio de mercados e eliminação da concorrência. 188
Ponto 10.b. O direito do consumidor na prestação de serviços públicos. 190
Ponto 10.c. O liberalismo econômico e o Estado intervencionista. 194
Ponto 11.a. Abuso do poder econômico: aumento arbitrário de preços. 196
Ponto 11.b. A responsabilidade solidária dos causadores do dano. 200
Ponto 11.c. Concentração econômica. Monopólios privados, oligopólios e trustes. 205
Ponto 1.a. Direito Econômico. Conceito. Objeto. Competência Legislativa.
Principais obras consultadas: Lafayete Josué Petter, Direito Econômico, 4 Edição, Editora Verbo Jurídico; Paula Forgioni. Os Fundamentos do Antitruste, 4 Edição, Editora Revista dos Tribunais.
Legislação básica: Arts. 170 e seguintes da CRFB; Lei 8.884/1994; Lei 12.529/2011
MPF - Prova oral - CPR26:
Sobre Direito econômico: conceito, objeto, previsão, competência e histórico (também nas constituições). 
MPF - Prova oral - CPR27:
Fale sobre a evolução dos Estados Liberal, Social e Regulador e sobre o sistema capitalista.
1. Noções Gerais.
Segundo Lafayete Josué Petter, o "surgimento do Direito Econômico dá-se, de modo definitivo, quando se inicia o processo de juridicização da política econômica. Neste momento há o reconhecimento do Direito Econômico como disciplina autônoma" (pp. 21-22). O autor destaca como fatos históricos mais marcantes a IGM, a República de Weimar (Constituição de Weimar de 1919), a Constituição Mexicana de 1917, a crise da Bolsa de Nova York (1929) e a IIGM (1939-1945). Após a Segunda Guerra Mundial, as constituições passaram a tratar de assuntos econômicos dedicando parte especifica ao tema.
Como leciona Paula Forgioni, "já no primeiro quartel do século XX, têm lugar alguns acontecimentos que modificam a postura do Estado em face da regulamentação e condução da economia. Em 1914, inicia-se a Primeira Grande Guerra. Os países vão divisando que, como afirmou Comparato, as guerras não se ganham apenas nos campos de batalha. Verifica-se, pois uma atuação no sentido de organizar a economia, direcionando-a para guerra. Surto de regulamentação estatal da atividade econômica se faz presente, não obstante tenha sido julgado por muitos como temporário e eventual". E acrescenta que "muito embora sempre se tenha verificado a atuação do Estado na economia, a partir do início do século XX, a quantidade de normas emanadas aumentou sensivelmente, de forma a fazer ver uma interferência não apenas episódica, mas organizada e sistemática. O Estado passa a dirigir o sistema, com o escopo de evitar as crises". (pp. 79-80).
Neste ambiente fértil os teóricos apontam o nascimento do Direito Econômico que pode ser conceituado como "o conjunto das técnicas jurídicas de que lança mão o Estado contemporâneo na realização de sua política econômica" (Fábio Konder Comparato, O indispensável direito econômico, Ensaios e pareceres de direito empresarial, apud Paula Forgioni).
Obs. Vitaminada: Evolução do Direito Econômico [Fonte: Vizeu]
I) Estado Democrático de Direito  queda do Estado absolutista marcou o fim dos regimes autoritários monárquicos europeus, que tinham como característica principal a concentração de poderes no soberano, sem separação da esfera de domínio público e privado. Com os valores emergentes, começou a se formar a democracia regulada pelo direito. Os principais valores a se apontar são: (a) Constituição de uma autoridade política; (b) Contenção da autoridade política; (c) Representação dos interesses da sociedade; (d) Pluralismo Social e justiça distributiva; (e) Estruturação do Estado, do Poder e seu exercício e dos direitos por intermédio de lei. 
II) Formas de Posicionamento Econômico do Estado: é a forma de participação do Estado nas atividades de cunho econômico, desenvolvida em seu respectivo território.  a) Estado liberal: baseia-se no liberalismo, que se assenta no respeito do Estado ao pleno exercício dos direitos e garantias por parte de seus respectivos indivíduos; sua principal manifestação econômica é o postulado da livre iniciativa, da liberdade contratual e da liberdade de mercado (nesse último, o sistema econômico fica sujeito à autorregulação, não sofrendo qualquer influência ou interferência estatal). Tem fortes bases em Adam Smith, que defendia que a mão invisível do mercado seria suficiente para lhe dar equilíbrio;  b) Estado intervencionista econômico: o Estado atua com o fito de se garantir o exercício racional das liberdades individuais; (logo, é espécie de Estado liberal mitigado). Essa forma de posicionamento foi muito influenciada por John Maynard Keynes, tendo como exemplo prático o New Deal;  c) Estado intervencionista social: a finalidade das intervenções estatais é garantir que sejam efetivadas políticas de caráter assistencialista na sociedade, para prover os notadamente hipossuficientes em suas necessidades básicas. Também é conhecido como estado de bem estar social ou Estado Providência. Ele busca mitigar os efeitos naturalmente excludentes da economia capitalista sobre as classes sociais mais desfavorecidas. Sua implantação tem início na primeira metade do século XX, tendo como expoente a Constituição Mexicana de 1917. Essa forma é muito criticada em função do grande déficit que costuma gerar nas contas públicas, uma vez que o Estado assume obrigações acima de suas capacidades.No plano jurídico, fundamenta-se no princípio da solidariedade;  d) Estado intervencionista socialista: forma intervencionista máxima do Estado, uma vez que ele adota uma política econômica planificada, baseada na valorização do coletivo sobre o individual e se apropriando dos meios de produção;  e) Estado regulador: modelo que busca um retorno aos ideais liberais sem, contudo, abandonar a necessidade de sociabilidade dos bens essenciais, a fim de se garantir a dignidade humana. No plano jurídico, fundamenta-se no princípio da subsidiariedade, já que o Estado somente atuará nas áreas em que a iniciativa privada, por si só, não consiga ou não se interesse por atingir as metas sociais de realização do interesse coletivo.
III) No Brasil: (1) Carta Imperial do Brasil, de 1824: inspirada no momento do Estado Liberal, estabeleceu apenas o direito à propriedade material e intelectual e o livre exercício da atividade profissional, desde que não atentasse aos costumes públicos; (2) Carta Republicana de 1891: acrescentou a liberdade de associação previstos na antiga Constituição; (3) Constituição de 1934: foi a primeira a prever uma ordem econômica e social em seu texto. Foi influenciada pela constituição alemã de 1919 e previu princípios de justiça social e dignidade da pessoa humana. Transforma-se em Estado Intervencionista Social. (4) Constituição de 1937: influenciada pela Constituição polonesa de 1935, intensificou a intervenção do Estado na economia, com a nacionalização e monopólio de diversas atividades econômicas e concentração de poderes do Executivo. (5) Constituição de 1946: previu regras acerca da ordem econômica. Novidades: busca de equilíbrio entre a iniciativa privada com o estímulo estatal (ex: propriedade privada condicionada ao bem-estar social; monopólio de diversas atividades econômicas e subordinação dos direitos individuais aos interesses da coletividade). (6) Constituição de 1967 e EC/69 não trouxeram previsão expressa acerca da atividade econômica. Contudo, manteve os institutos da desapropriação por interesse social, reforma agrária e positivou o principio da função social da propriedade na ordem econômica. A EC/69 acrescentou o princípio da justiça social às previsões da carta de 1967. (7) CF/1988 traz diversas previsões acerca da atividade econômica e prevê a intervenção indireta do Estado na ordem econômica e excepcionalmente, somente nas hipóteses previstas constitucionalmente, a atuação direta. Reside aqui a atuação como Estado regulador e não mais atuante direto na ordem econômica. Eis os princípios que devem nortear a ordem econômica: a) valorização do trabalho humano; b) livre-iniciativa; c) existência digna e, por fim, justiça social.
2. Conceito, objeto e competência legislativa.
Conceito: 
Conceito restrito: intervenção do estado no domínio econômico.
Conceito amplo: regulação das relações humanas propriamente econômicas, englobando outros ramos do Direito. 
A rigor, o direito econômico não seria nem direito privado, nem público, caracterizando-se como uma espécie de direito de síntese de princípios desses dois grandes ramos jurídicos
Washington Peluso Albino de Souza conceitua-o como "o ramo do Direito que tem por objeto a juridicização, ou seja, o tratamento jurídico da política econômica e por sujeito, o agente que dela participe. É o conjunto de normas de conteúdo econômico que assegura a defesa e harmonia dos interesses individuais e coletivos, de acordo com a ideologia adotada na ordem jurídica. Para tanto, utiliza-se do princípio da economicidade" (Primeiras Linhas de Direito Econômico. São Paulo: RT, 2003, p. 23).
Objeto: 
Assim sendo, o Direito Econômico terá por objeto "as normas que disciplinam a intervenção do Estado na economia", ou seja, "compreende os temas relativos à intervenção do Estado na economia, às normas disciplinares de políticas econômicas e ao direito da concorrência (direito econômico concorrencial)" (Lafayette, pp. 28-29).
Quanto às atividades, pode-se dizer que são objeto do direito econômico as seguintes: exploração direta da atividade econômica pelo Estado, monopólios estatais, serviços públicos delegados à iniciativa privada (D. regulatório), políticas de incentivo à atividade econômica privada, defesa da concorrência (D. concorrencial), planejamento econômico.
Competência legislativa: 
Dispõe a Constituição: Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; grifamos.
Jurisprudência: “É certo que a ordem econômica na Constituição de 1988 define opção por um sistema no qual joga um papel primordial a livre iniciativa. Essa circunstância não legitima, no entanto, a assertiva de que o Estado só intervirá na economia em situações excepcionais. Mais do que simples instrumento de governo, a nossa Constituição enuncia diretrizes, programas e fins a serem realizados pelo Estado e pela sociedade. Postula um plano de ação global normativo para o Estado e para a sociedade, informado pelos preceitos veiculados pelos seus arts. 1o, 3o e 170. A livre iniciativa é expressão de liberdade titulada não apenas pela empresa, mas também pelo trabalho. Por isso a Constituição, ao contemplá-la, cogita também da ‘iniciativa do Estado’; não a privilegia, portanto, como bem pertinente apenas à empresa. Se de um lado a Constituição assegura a livre iniciativa, de outro determina ao Estado a adoção de todas as providências tendentes a garantir o efetivo exercício do direito à educação, à cultura e ao desporto (arts. 23, V, 205, 208, 215 e 217, § 3o, da Constituição). Na composição entre esses princípios e regras há de ser preservado o interesse da coletividade, interesse público primário. O direito ao acesso à cultura, ao esporte e ao lazer são meios de complementar a formação dos estudantes.” (ADI 1.950, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 3-11-2005, Plenário, DJ de 2-6-2006.) No mesmo sentido: ADI 3.512, julgamento em 15-2-2006, Plenário, DJ de 23-6-2006.
“A competência do Estado para instituir regras de efetiva proteção aos consumidores nasce-lhe do art. 24, V e VIII, c/c o § 2o (...). Cumpre ao Estado legislar concorrentemente, de forma específica, adaptando as normas gerais de ‘produção e consumo’ e de ‘responsabilidade por dano ao (...) consumidor’ expedidas pela União às peculiaridades e circunstâncias locais. E foi o que fez a legislação impugnada, pretendendo dar concreção e efetividade aos ditames da legislação federal correlativa, em tema de comercialização de combustíveis.” (ADI 1.980, voto do Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 16-4-2009, Plenário, DJE de 7-8-2009.) No mesmo sentido: ADI 2.832, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 7-5-2008, Plenário, DJE de 20-6-2008; ADI 2.334, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 24-4-2003, Plenário, DJ de 30-5-2003.
27º CONCURSO MPF:		
66. A NOVA LEI ANTITRUSTE BRASILEIRA, LEI 12.529/11, EXPRESSAMENTE PREVÊ QUE:
a) ( ) O Procurador-Geral da República designará membro do Ministério Público Federal para oficiar em todos os casos sujeitos à apreciação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), tanto em atos de concentração, quanto na apuração de condutas anticompetitivas;  INCORRETA (Art. 20, Lei 12.529/11: a lei fala expressamente em emissão de parecer “nos processos administrativos para imposição de sanções administrativas por infrações à ordem econômica”.
b) ( ) As decisões do plenário do Tribunal Administrativo de Defesa Econômica que imponham sanções administrativas por infrações à ordem econômica em processos instaurados pela Superintendência-Geral são passíveis de revisão no âmbito do poder Executivo, suspendendo-se a sua execução enquanto perdurar o recurso administrativo.  INCORRETA art. 9º, § 2º [“As decisões do Tribunal não comportam revisão no âmbito do Poder Executivo (...)”]
c)( ) A Superintendência-Geral do CADE pode promover procedimento preparatóriode inquérito administrativo e inquérito administrativo para apurar infrações à ordem econômica e pode decidir pela insubsistência de indícios arquivando os autos de inquérito administrativo  CORRETA. Art. 13, Lei 12.529/11
d) ( ) O Superintendente-Geral do CADE é nomeado pelo Ministro da Justiça e pode ser exonerado ad nutum.  INCORRETA: Art. 12, §1º. É nomeado pelo Presidente da República, com mandato de 2 anos + possibilidade de recondução para um único Período subseqüente. 
27º CONCURSO MPF:		
67. SOBRE A LEGISLAÇÃO ANTITRUSTE BRASILEIRA É CORRETO AFIRMAR QUE:
a) ( ) A Lei 12.529/11 instituiu o controle prévio dos atos de concentração, exigindo que todas as empresas aguardem a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) antes de implementarem os seus processos de fusão, sob pena de nulidade;  INCORRETA: Arts. 90 e 88. 
b) ( ) O acordo de leniência pode ser celebrado pela Superintendência-Geral do CADE em qualquer fase investigativa, com pessoa física, ou jurídica, autora da infração à ordem econômica que colabore efetivamente com a investigação identificando os demais envolvidos na infração e fornecendo informações e documentos que comprovem a infração noticiada ou sob investigação; CORRETA. Art. 86, Lei 12.529/11 (importará em extinção da ação punitiva da administração pública ou a redução de 1 a 2/3 da penalidade aplicável, para pessoas físicas e jurídicas que forem autoras de infração à ordem econômica, desde que colaborem efetivamente com as investigações e o processo administrativo e que dessa colaboração resulte: I - a identificação dos demais envolvidos na infração; e II - a obtenção de informações e documentos que comprovem a infração noticiada ou sob investigação.
c) ( ) O termo de compromisso de cessação da prática sob investigação ou dos seus efeitos lesivos é um acordo firmado pela Superintendência-Geral do CADE que poderá ser realizado em qualquer fase do procedimento administrativo e ter caráter confidencial;  INCORRETA: art. 10, VII e art. 13, IX (a Superintendência-Geral do CADE propõe o acordo – termo, mas quem o firma é o Presidente do Tribunal). O termo de compromisso tem caráter público; o que poderá ter caráter confidencial é a proposta de termo apenas. Veja os arts. 85, §§5º e 7º.
d) ( ) A apresentação de proposta de termo de compromisso de cessação importa em confissão da ilicitude da conduta, impõe o fornecimento de provas acerca das práticas que o compromissário reconhece a priori como ilícitas e suspende o andamento do processo administrativo.  INCORRETA: art. 85, §§ 6º e 9º (a mera apresentação da proposta não suspende o andamento do processo administrativo; suspende-se no período de cumprimento do compromisso) 
25º CONCURSO MPF:		
67. O PROPÓSITO ÚLTIMO DA LEGISLAÇÃO ANTITRUSTE É: ANULADA
a) ( ) Proteger a pequena contra o poder econômico da grande empresa.
b)( ) Servir de instrumento eficaz para a intervenção do Estado no domínio econômico. [Correta]
c) ( ) Pacificar as relações comerciais entre empresas concorrentes.
d) ( ) Proteger o interesse do consumidor. [Correta]
Explicação: 
- Paula Forgioni: “nas leis antitruste, a tutela do consumidor é mediata, ao passo que a livre iniciativa e a livre concorrência são bens imediatamente tutelados.”
- Lei 8.884/94 (art. 1º): “Esta lei dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica, orientada pelos ditames constitucionais de liberdade de iniciativa, livre concorrência, função social da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder econômico”. 
- Lei 12.529/11 (art. 1º)- nova lei antitruste: “Esta Lei estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência - SBDC e dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica, orientada pelos ditames constitucionais de liberdade de iniciativa, livre concorrência, função social da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder econômico”.  regulamenta o art. 173, § 4º da CF/88: “A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.” Neste ponto, destaca a doutrina de Paula Forgioni: “O caráter instrumental da proteção da concorrência permanece na atual Constituição, que manda reprimir o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados e à eliminação da concorrência (art. 173, § 4º), em atenção ao princípio da livre concorrência (art. 170, IV). Manda, também, reprimir o aumento arbitrário de lucros (art. 173, § 4º), conforme o princípio da defesa do consumidor. (...)” Extrai-se, pois, a lição da autora que a Lei Antitruste serve à repressão do abuso do poder econômico, como também à implementação de políticas econômicas entendidas como “meios de que dispõe o Estado para influir de maneira sistemática sobre a economia”.
Ponto 1.b. Sistema Nacional de Defesa do Consumidor.
Principais obras consultadas: Antônio Herman V. Benjamin, Cláudia Lima Marques e Leonardo Roscoe Bessa. Manual de Direito do Consumidor. 4ª Edição. Ed. Revista dos Tribunais. Paginas 389/417.
Legislação básica: Art. 5º, CF + Lei 8.078/90 (arts. 4º, 5º, 6º, 44, 55 a 60, 82, 97, 102, 105, 106, 107) + Decreto 2.181/97 + Lei 8.987/95 (art. 38, §1) + Decreto 7.738/12.
SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR (art. 105): 
Instrumento para viabilizar a Política Nacional das Relações de Consumo. É uma expressão bastante genérica, trazendo a ideia de que todos os órgãos públicos e privados exercem algum papel para a consecução dos fins almejados pelo CDC, dentro de um campo pré-fixado (um país), devendo compor um todo organizado e articulado, buscando a eficácia social da lei, ou seja, realizando a defesa dos interesses dos consumidores. ATENÇÃO! As entidades privadas também podem participar do SNDC (e não só órgãos públicos).
Não há qualquer espécie de subordinação entre os órgãos que compõem o SNDC – há coordenação, com conteúdo de orientação (uniformização dos procedimentos adotados em nível nacional). Órgãos que fazem parte do SNDC:
MPF - Prova oral - CPR27:
Quais são os órgãos que compõem o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, segundo a lei e a doutrina?
Qual a diferença entre a Delegacia do Consumidor e os Procons?
Qual o papel do MP na defesa do consumidor? Quando ele pode atuar?
MINISTÉRIO PÚBLICO (PROMOTORIA DE DEFESA DO CONSUMIDOR): 
Para a doutrina, este órgão não integra formalmente o SNDC, pela sua absoluta autonomia financeira, administrativa e funcional. No entanto, ele deve procurar agir de modo articulado com todos que, direta ou indiretamente, promovem a proteção dos interesses do consumidor, em razão da massificação do mercado, publicidade enganosa, contrato-padrão como cláusula abusiva, defesa da personalidade do consumidor e etc. A criação de promotoria especializada depende da organização interna da instituição.
Competências: instaurar inquérito civil, procedimento de investigação preliminar, realizar diligências, ajuizar ações coletivas (ver art. 129, CR c/c arts. 8º/10 da Lei 7.347/85 c/c art. 8º, LC 75/93 e art. 26, Lei 8.625/93).
Atuação do MPF: depende da qualificação do fornecedor ou do órgão fiscalizador (ex. CEF; ANATEL etc.). Lembrar que cabe ação coletiva em litisconsórcio ativo entre Ministérios Públicos.
DEFENSORIA PÚBLICA: (arts. 5º, LXXIV, 134, CR/88). 
Mesma discussão que a do MP acerca de não integrar o sistema. Atuação: plano individual e coletivo (Lei 11.448/07 – legitimidade da DP para ACP).
DELEGACIA DO CONSUMIDOR: 
Órgão da polícia civil (há em Brasília, Goiânia etc.), cuja criação depende da iniciativa do Estado (Art. 4º ao art. 23, do CPP; Lei 9.099/95 – dever de investigar o fato). Terão conhecimento apenas das condutas que configuram, em tese, infração penal – em respeito ao principio da reserva legal. Ilícito civil sem correspondente penal: remessade cartão de crédito para a sua residência sem autorização do consumidor (art. 39, III c/c 56, do CDC).
Observação: as atribuições penais do MP podem ou não ser do Promotor de Justiça de Defesa do Consumidor, a depender exclusivamente da organização interna da instituição.
PROCON: 
Sua principal atribuição já reconhecida pelo STJ (AgRg no REsp 1135832-RJ, rel Min. Humberto Martins, j. 24.08.2010) é aplicar diretamente as sanções administrativas aos fornecedores violadores do ordenamento jurídico (por exemplo: art. 55 a 60 do CDC c/c Decreto 2.181/97) – não só a violação do CDC, mas de qualquer norma que objetiva a tutela dos interesses materiais e morais do consumidor (utiliza-se a doutrina do dialogo das fontes: CR/88 e artigo 7º, caput do CDC 
Obs. vitaminada: Doutrina do Diálogo das Fontes  Trata-se de uma teoria do direito internacional privado criada pelo alemão Erik Jayme e trazida para o CDC por Claudia Lima Marques.
Sanções administrativas. Classificada, por alguns (Bruno Miragem, ver in Manual de Direito do Consumidor, página 400), de sanções pecuniárias (multas), objetivas (consistem em providências concretas em relação ao produto ou serviço: II- apreensão; III- inutilização; IV- cassação do registro; V- proibição de fabricação e VI- suspensão do fornecimento de produtos ou serviços; art. 56, CDC) e subjetivas (as que incidem na atividade do fornecedor, em caráter provisório ou definitivo: VII- suspensão temporária da atividade; VIII- revogação de concessão/permissão de uso; IX- cassação de licença do estabelecimento/ativ; X-interdição; XI- intervenção adm; XII- imposição de contrapropaganda = art. 56). Podem ser aplicadas cumulativamente + inclusive por medida cautelar (antecedente ou incidente de processo administrativo) + independente de prévia manifestação da empresa.
A aplicação da multa tem a necessidade de se observar o contingenciamento formal (contraditório e a ampla defesa) e contingenciamento material (proporcionalidade entre o valor e as circunstancias fáticas) – assim, alguns Estados já normatizaram tal procedimento, outros utilizam o Decreto 2.181/97, outros a Lei federal 9.784/99. Há ainda o papel de informar à sociedade.
Observar o art. 58, que prevê as penas dos incisos II a VI do art. 56, do CDC: elas serão aplicadas somente quando forem constatados vícios de quantidade ou qualidade por inadequação ou insegurança do produto ou serviço. Segundo Bessa “em que pese à possibilidade de aplicação das aludidas sanções tanto a hipóteses de vício como de fato dos produtos e serviços, tem-se procurado limitá-las a situações que coloquem em risco a saúde e a segurança do consumidor” (Manual de Direito do Consumidor, página 401).
Cuidado! na pratica, o consumidor, antes de ajuizar ação, dirige-se ao PROCON para formular reclamação. No entanto, pela leitura do CDC, a resolução desta reclamação não deveria impedir a aplicação da sanção administrativa ao violador, uma vez que o objetivo desta sanção é preventivo e repressivo, e não indenizatório (art. 25, III, do Decreto n. 2.181/97).
O mesmo raciocínio deve ser utilizado para as ações judiciais. Ressalta-se, que o acordo firmado extrajudicialmente, bem como a sentença judicial, serve apenas como baliza, ante o caráter pedagógico da sanção administrativa. Ademais, esta tem relevante repercussão pratica: formação do cadastro de maus fornecedores (art. 44, CDC). Por fim, o PROCON pode ainda ajuizar ACP (art. 82, III, CDC).
Sanção de cassação de alvará de licença – O PROCON necessita de delegação pelo ente/agência que outorgou tal licença ou que agem em conjunto.
Cuidado! Quem aplica as sanções nos casos serviços públicos sob a fiscalização e regulação das agencias, são as próprias agências. Agora, se o fato estiver voltado apenas para o foco do consumidor, o PROCON poderá agir independentemente da conduta daquela.
Contrapropaganda: se o fornecedor se recusar, é possível que o próprio órgão fiscalizador a realize, voltando-se posteriormente para o ressarcimento devido (Rizzato Nunes).
Cadastro de reclamações fundamentadas. Dever de organização por todos os órgãos. Pelo artigo 44, do CDC, há a previsão de um patamar temporal quanto à publicação – pelo menos uma vez por ano, devendo observar critérios objetivos e que não paire dúvidas para manutenção e divulgação do cadastro (qualquer forma, exemplo, press releases e coletivas na imprensas). Veja-se que não se trata aqui de dar conhecimento ficto ao consumidor, como mera formalidade!
ASSOCIAÇÕES CIVIS DE DEFESA DO CONSUMIDOR: 
Pela Política Nacional, o poder público tem o dever de incentivar a criação de associações representativas (arts. 4º, II, e 5º, V, CDC), com o objetivo de conscientização de direitos + ajuizar ACP. A 1ª criada foi em Porto Alegre (maio/1976), depois em Curitiba (outubro/1976). Exemplos: Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor e Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – IDEC.
SECRETARIA NACIONAL DO CONSUMIDOR (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA): 
Obs. Vitaminada:
1º) iniciou com DNDC (Departamento Nacional de Defesa do Consumidor/Ministério da Justiça; citado no 106), que foi substituído por:
2º) DPDC (Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor), que foi substituído por:
3º) SNC (Secretaria Nacional do Consumidor) Decreto 7.738/12, que modificou o Decreto 2.181/97. Veja os artigos:
Art. 6º. O Anexo I ao Decreto no 6.061, de 2007, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 17. À Secretaria Nacional do Consumidor cabe exercer as competências estabelecidas na Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990, e especificamente:
I - formular, promover, supervisionar e coordenar a Política Nacional de Proteção e Defesa do Consumidor;
II - integrar, articular e coordenar o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor - SNDC;
III - articular-se com órgãos da administração federal com atribuições relacionadas à proteção e defesa do consumidor;
IV - orientar e coordenar ações para proteção e defesa dos consumidores;
V - prevenir, apurar e reprimir infrações às normas de defesa do consumidor;
VI - promover, desenvolver, coordenar e supervisionar ações de divulgação dos direitos do consumidor, para o efetivo exercício da cidadania;
VII - promover ações para assegurar os direitos e interesses dos consumidores;
VIII - adotar ações para manutenção e expansão do Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor – SINDEC, e garantir o acesso a suas informações;
IX - receber e encaminhar consultas, denúncias ou sugestões apresentadas por consumidores e entidades representativas ou pessoas jurídicas de direito público ou privado;
X - firmar convênios com órgãos, entidades públicas e instituições privadas para executar planos, programas e fiscalizar o cumprimento de normas e medidas federais;
XI - incentivar, inclusive com recursos financeiros e programas especiais, a criação de órgãos públicos estaduais, distrital, e municipais de defesa do consumidor e a formação, pelos cidadãos, de entidades com esse objetivo;
XII - celebrar compromissos de ajustamento de conduta;
XIII - elaborar e divulgar o elenco complementar de cláusulas contratuais e práticas abusivas nos termos do Código de Defesa do Consumidor;
XIV - dirigir, orientar e avaliar ações para capacitação em defesa do consumidor destinadas aos integrantes do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor;
XV - determinar ações de monitoramento de mercado de consumo, para subsidiar políticas públicas de proteção e defesa do consumidor;
XVI - solicitar colaboração de órgãos e entidades de notória especialização técnico-científica, para a consecução de seus objetivos;
XVII - acompanhar os processos regulatórios, objetivando a efetiva proteção dos direitos dos consumidores; e
XVIII - participar de organismos, fóruns, comissões e comitês nacionais e internacionais que tratem da proteção e defesa do consumidor ou de assuntos de interesse dos consumidores.” (NR)
“Art. 19. Ao Departamento de Proteçãoe Defesa do Consumidor cabe apoiar a Secretaria Nacional do Consumidor no cumprimento das competências estabelecidas na Lei no 8.078, de 1990.” (NR)
Art. 7º. O Decreto 2.181, de 20 de março de 1997, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 2º: Integram o SNDC a Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça e os demais órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal, municipais e as entidades civis de defesa do consumidor.”(NR)
“Art. 3º: Compete à Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça, a coordenação da política do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, cabendo-lhe: (...) XII - celebrar convênios e termos de ajustamento de conduta, na forma do § 6º do art. 5º da Lei 7.347/85;
“Art. 4º: [No âmbito de sua jurisdição e competência, caberá ao órgão estadual, do Distrito Federal e municipal de proteção e defesa do consumidor, criado, na forma da lei, especificamente para este fim, exercitar as atividades contidas nos incisos II a XII do art. 3º deste Decreto e, ainda:] (...) V - elaborar e divulgar anualmente, no âmbito de sua competência, o cadastro de reclamações fundamentadas contra fornecedores de produtos e serviços, de que trata o art. 44 da Lei 8.078/90 e remeter cópia à Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça;
“Art. 5º: (...) Parágrafo único. Se instaurado mais de um processo administrativo por pessoas jurídicas de direito público distintas, para apuração de infração decorrente de um mesmo fato imputado ao mesmo fornecedor, eventual conflito de competência será dirimido pela Secretaria Nacional do Consumidor, que poderá ouvir a Comissão Nacional Permanente de Defesa do Consumidor - CNPDC, levando sempre em consideração a competência federativa para legislar sobre a respectiva atividade econômica.”(NR)
“Art. 9º: A fiscalização das relações de consumo de que tratam a Lei 8.078/90, este Decreto e as demais normas de defesa do consumidor será exercida em todo o território nacional pela Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça, pelos órgãos federais integrantes do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, pelos órgãos conveniados com a Secretaria e pelos órgãos de proteção e defesa do consumidor criados pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, em suas respectivas áreas de atuação e competência.” (NR)
“Art. 16. Nos casos de processos administrativos em trâmite em mais de um Estado, que envolvam interesses difusos ou coletivos, a Secretaria Nacional do Consumidor poderá avocá-los, ouvida a Comissão Nacional Permanente de Defesa do Consumidor, e as autoridades máximas dos sistemas estaduais.”(NR)
“Art. 50. Quando o processo tramitar no âmbito do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, o julgamento do feito será de responsabilidade do Diretor daquele órgão, cabendo recurso ao titular da Secretaria Nacional do Consumidor, no prazo de dez dias, contado da data da intimação da decisão, como segunda e última instância recursal.”(NR)
“Art. 56. Na forma do art. 51 da Lei 8.078/90, e com o objetivo de orientar o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, a Secretaria Nacional do Consumidor divulgará, anualmente, elenco complementar de cláusulas contratuais consideradas abusivas, notadamente para o fim de aplicação do disposto no inciso IV do caput do art. 22.
“Art. 63. Com base na Lei 8.078/90, e legislação complementar, a Secretaria Nacional do Consumidor poderá expedir atos administrativos, visando à fiel observância das normas de proteção e defesa do consumidor.” (NR)
OUTROS ÓRGÃOS QUE DEFENDEM O CONSUMIDOR: 
Agências Reguladoras, por exemplo, bem como em âmbito municipal a Vigilância Sanitária. (a mesma discussão do MP/DP: eles integram ou não o SNDC?).
CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES ENTRE PROCON E OUTROS ÓRGÃOS. 
Conflito vertical (quando dois órgãos públicos que atuam diretamente na defesa do consumidor entendem ter atribuições para aplicar sanção em relação à determinada conduta de um fornecedor) e Conflito horizontal (decorre da situação na qual órgãos que exercem poder de fiscalização em áreas diversas, mas que indiretamente afetam os direitos do consumidor, pretende ou se nega a autuar determinada infração praticada no mercado, violando normas especificas de proteção ao consumidor e de regulamentação do setor. Ex. Anatel, Vigilância Sanitária, Banco Central, SUSEP etc.).
Observação: Para o STJ, PROCON pode aplicar sanção para seguradora.
27º CONCURSO MPF:
61. COM FUNDAMENTO NO CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR, CDC - LEI 8.078/90, E NO DECRETO 2.181/97, QUE DISPÕE SOBRE A ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR - SNDC, É CORRETO AFIRMAR QUE:
a) Integram o SNDC apenas os órgãos públicos da administração ocupados da proteção do consumidor, sejam eles federais, estaduais, do Distrito Federal ou municipais, sem subordinação hierárquica entre eles; Erro: ver art. 105 CDC (entidades privadas também!)
b) É permitido a qualquer entidade ou órgão da Administração Pública, federal, estadual ou municipal, destinado à defesa dos interesses e direitos dos consumidores, apurar e punir infrações às relações de consumo, no âmbito de suas respectivas competências; Ver art.5º, Decreto 2.181/97: “Qualquer entidade ou órgão da administração Pública, federal, estadual e municipal, destinado à defesa dos interesses e direitos do consumidor, tem, no âmbito de suas respectivas competências, atribuição para apurar e punir infrações a este Decreto e à legislação das relações de consumo”.
c) Na hipótese de fornecedor que pratique infração às normas do CDC que atinja consumidores em mais de um Estado, será competente para apuração da infração exclusivamente o PROCON do Estado no qual o fornecedor tem sua sede; Competência concorrente dos PROCONs dos Estados. Veja o art. 5º Decreto 2.181/97: Parágrafo único. Se instaurado mais de um processo administrativo por pessoas jurídicas de direito público distintas, para apuração de infração decorrente de um mesmo fato imputado ao mesmo fornecedor, eventual conflito de competência será dirimido pela Secretaria Nacional do Consumidor, que poderá ouvir a Comissão Nacional Permanente de Defesa do Consumidor - CNPDC, levando sempre em consideração a competência federativa para legislar sobre a respectiva atividade econômica . 
d) Os órgãos e entidades do SNDC da Administração Pública não podem apresentar-se como amici curiae de ações judiciais em demandas que envolvam direitos de consumidores por não terem personalidade jurídica própria, nem legitimidade judicial.
Ponto 1.c. A Livre Concorrência.
Principais obras consultadas: Lafayete Josué Petter, Direito Econômico, 4 Edição, Editora Verbo Jurídico; Paula Forgioni Os Fundamentos do Antitruste, 4 Edição, Editora Revista dos Tribunais.
Legislação básica: Arts. 170 e seguintes da CRFB; Lei 8.884/1994; Lei 12.529/2011.
1. A livre concorrência.
Inicialmente, cumpre conhecer os ensinamentos das Escolas de Harvard e de Chicago em relação ao antitruste. As discussões entre os economistas da Escola de Chicago e os economistas da Escola de Harvard giram em torno da questão central que é a de se estabelecer o objetivo que deve ser perseguido pela Lei Antitruste e que tipo de concorrência deve ser protegida.
A Escola de Harvard (algumas vezes tratada como "estruturalista") parte do pressuposto de que empresas com poder econômico farão uso deste poder para implementar condutas anticompetitivas. Por isso, devem ser evitadas as excessivas concentrações, dando-se preferência a uma estrutura mais pulverizada. A Escola vê as restrições verticais com desconfiança e entende que o agente econômico tende a utilizar sua posição dominante em um mercado para alavancá-la em outro.
A Escola de Chicago, por sua vez, defende um menor grau possível de regulamentação da economia pelo Estado. O jogo da concorrência deve desenvolver-se livremente. Contesta-se a ilicitude dos acordos verticais. A Escola de Chicago traz para o antitruste a análise econômica, instrumentoda eficiência alocativa do mercado, que sempre beneficia o consumidor. Tudo é ponderado de acordo com a eficiência e os acordos verticais passam a ser explicados em termos de eficiência e ganho para os consumidores.
No Brasil, por força da Constituição de 1988, fixa-se a noção de concorrência-instrumento, segundo a qual esta não é um valor em si mesma, mas um meio de obter o equilíbrio econômico. Desta afirmação derivam consequências importantes: se a concorrência não é um valor em si mesmo, pode ser sacrificada em homenagem a outros valores (Forgioni, p. 85).
"A partir da adoção de um regime de economia de mercado o princípio da livre concorrência visa a garantir aos agentes econômicos a oportunidade de competirem no mercado de forma justa, isto é, a ideia de conquista de mercado e de lucratividade deverá estar ancorada em motivos jurídico-econômicos lícitos (v.g., inovação, oportunidade, eficiência) e não serem decorrentes de hipóteses de abuso do pode econômico (v.g., adoção de práticas anticompetitivas ou anticoncorrenciais, entre outras)" (Lafayette, p. 73).
Jurisprudência: “American Virginia Indústria e Comércio Importação Exportação Ltda. pretende obter efeito suspensivo para recurso extraordinário admitido na origem, no qual se opõe a interdição de estabelecimentos seus, decorrente do cancelamento do registro especial para industrialização de cigarros, por descumprimento de obrigações tributárias. (...) Cumpre sublinhar não apenas a legitimidade destoutro propósito normativo, como seu prestígio constitucional. A defesa da livre concorrência é imperativo de ordem constitucional (art. 170, IV) que deve harmonizar-se com o princípio da livre iniciativa (art. 170, caput). Lembro que ‘livre iniciativa e livre concorrência, esta como base do chamado livre mercado, não coincidem necessariamente. Ou seja, livre concorrência nem sempre conduz à livre iniciativa e vice- -versa (cf. Farina, Azevedo, Saes: Competitividade: Mercado, Estado e Organizações, São Paulo, 1997, cap. IV). Daí a necessária presença do Estado regulador e fiscalizador, capaz de disciplinar a competitividade enquanto fator relevante na formação de preços.’ Calixto Salomão Filho, referindo-se à doutrina do eminente Min. Eros Grau, adverte que ‘livre iniciativa não é sinônimo de liberdade econômica absoluta (...). O que ocorre é que o princípio da livre iniciativa, inserido no caput do art. 170 da CF, nada mais é do que uma cláusula geral cujo conteúdo é preenchido pelos incisos do mesmo artigo. Esses princípios claramente definem a liberdade de iniciativa não como uma liberdade anárquica, porém social, e que pode, consequentemente, ser limitada.’ A incomum circunstância de entidade que congrega diversas empresas idôneas (ETCO) associar-se, na causa, à Fazenda Nacional, para defender interesses que reconhece comuns a ambas e à própria sociedade, não é coisa de desprezar. Não se trata aqui de reduzir a defesa da liberdade de concorrência à defesa do concorrente, retrocedendo aos tempos da ‘concepção privatística de concorrência’, da qual é exemplo a ‘famosa discussão sobre liberdade de restabelecimento travada por Rui Barbosa e Carvalho de Mendonça no caso da Cia. de Juta (Revista do STF (III), 2/187, 1914)’, mas apenas de reconhecer que o fundamento para a coibição de práticas anticoncorrenciais reside na proteção a ‘ambos os objetos da tutela: a lealdade e a existência de concorrência (...). Em primeiro lugar, é preciso garantir que a concorrência se desenvolva de forma leal, isto é, que sejam respeitadas as regras mínimas de comportamento entre os agentes econômicos. Dois são os objetivos dessas regras mínimas. Primeiro, garantir que o sucesso relativo das empresas no mercado dependa exclusivamente de sua eficiência, e não de sua ‘esperteza negocial’ – isto é, de sua capacidade de desviar consumidores de seus concorrentes sem que isso decorra de comparações baseadas exclusivamente em dados do mercado.’ Ademais, o caso é do que a doutrina chama de tributo extrafiscal proibitivo, ou simplesmente proibitivo, cujo alcance, a toda a evidência, não exclui objetivo simultâneo de inibir ou refrear a fabricação e o consumo de certo produto. A elevada alíquota do IPI caracteriza-o, no setor da indústria do tabaco, como tributo dessa categoria, com a nítida função de desestímulo por indução na economia. E isso não pode deixar de interferir na decisão estratégica de cada empresa de produzir ou não produzir cigarros. É que, determinada a produzi-lo, deve a indústria submeter-se, é óbvio, às exigências normativas oponíveis a todos os participantes do setor, entre as quais a regularidade fiscal constitui requisito necessário, menos à concessão do que à preservação do registro especial, sem o qual a produção de cigarros é vedada e ilícita.” (AC 1.657‐MC, voto do Rel. p/ o ac. Min. Cezar Peluso, julgamento em 27-6-2007, Plenário, DJ de 31-8-2007.)
“Em face da atual Constituição, para conciliar o fundamento da livre iniciativa e do princípio da livre concorrência com os da defesa do consumidor e da redução das desigualdades sociais, em conformidade com os ditames da justiça social, pode o Estado, por via legislativa, regular a política de preços de bens e de serviços, abusivo que é o poder econômico que visa ao aumento arbitrário dos lucros.” (ADI 319‐QO, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 3-3-1993, Plenário, DJ de 30-4-1993.).
MPF - Prova oral – CPR/27:
É possível que uma lei municipal limite o funcionamento de farmácias unicamente a um determinado local da cidade?
Alguns Municípios faziam leis dizendo onde determinados estabelecimentos deveriam ser instalados, proibindo, por exemplo, duas farmácias na mesma rua. Como o STF enfrentou isso?
27º CONCURSO MPF:
69. OBSERVANDO O ARTIGO 170 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL QUE TRATA DA ORDEM ECONÔMICA, O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ENTENDE QUE:
a) ( ) Viola os princípios da busca do pleno emprego e do livre exercício de atividade econômica a exigência de admissão no exame de Ordem realizado pela Ordem dos Advogados do Brasil para o exercício da advocacia pelo bacharel em Direito;  INCORRETA. Há precedentes do STF no sentido de que o Exame de Ordem mostra-se consentâneo com a CF, que remete às qualificações previstas em lei. (RE 603.583, Rel. Min. Marco Aurélio)
b) ( ) Viola o princípio da livre concorrência a lei municipal que estabelece o horário de funcionamento de farmácias;  INCORRETA. É pacífica a jurisprudência do STF no sentido de que os Municípios são competentes para fixar o horário de funcionamento de farmácias e drogarias, o que não implica em violação aos princípios constitucionais da isonomia, da livre iniciativa, da livre concorrência e da defesa do consumidor (Precedente: AI 629125 AgR)
c) ( ) Viola o princípio da livre concorrência a fixação de metas de qualidade e de tarifas pela prestação dos serviços das empresas concessionárias de serviços públicos pelo Poder Público;  INCORRETA. O papel das Agências Reguladoras é fiscalizar e regular os serviços públicos prestados pelos concessionários, permissionários e autorizados, conforme as políticas e diretrizes do governo. As Agências devem celebrar e administrar os contratos de concessão ou de permissão dos serviços públicos e expedir as autorizações, bem como executar a fiscalização, diretamente ou mediante convênios com órgãos estaduais. Também as agências devem dirimir as divergências entre concessionárias, permissionárias, autorizadas, bem como entre esses agentes e os consumidores. 
d) ( ) Viola o princípio da livre iniciativa e se caracteriza como empecilho ao livre exercício da atividade econômica a fixação pelo Poder Público de preços de produtos sucro-alcooleiros em valores abaixo da realidade.  CORRETA. AgR AI 777361, Rel. Min. Dias Toffoli. EMENTA Agravo regimental no agravo de instrumento. Responsabilidade civil do Estado. Setor sucroalcooleiro. Fixação de preços. Princípio da livre iniciativa. Violação. Precedentes.1. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que fere o princípio da livre iniciativa a fixação de preços em valores abaixo dos reais. 2. No exame do RE no 632.644/DF-AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro Luiz Fux, DJe de 10/5/12, reconheceu-se a “responsabilidade objetiva da União em face do ato estatal que fixou os preços dos produtos sucroalcooleiros em valores inferiores ao levantamento de custos realizados pela Fundação Getúlio Vargas”. 3. Agravo regimental não provido. 
26º CONCURSO MPF:
61. A ATUAL CONSTITUIÇÃO FEDERAL ELEGEU COMO PRECEITOS FUNDAMENTAIS DA ORDEM ECONÔMICA A VALORIZAÇÃO DO TRABALHO HUMANO, A LIVRE CONCORRÊNCIA, A EXISTÊNCIA DIGNA E A JUSTIÇA SOCIAL. COM BASE NOS CITADOS PRECEITOS, E NOS PRINCÍPIOS ELENCADOS NOS INCISOS I A IX DO ARTIGO 170 DA CARTA MAGNA, É CORRETO AFIRMAR QUE:
a) ( ) É inconstitucional lei que concede passe livre às pessoas portadoras de deficiências, por afronta aos princípios da ordem econômica, da livre iniciativa e do direito de propriedade;  INCORRETA. Veja a ADI 2.649�: O STF declarou constitucional a lei analisada. • Decidiu-se não haver ofensa à livre iniciativa, uma vez que empresa voltada à prestação de serviço público não dispõe de ampla liberdade para prestação que lhe foi outorgada, mas sujeita-se a um regime de iniciativa de liberdade regulada nos termos da lei e segundo as necessidades da sociedade. A livre iniciativa funciona como garantia de liberdade empresarial para atividades que sejam estritamente dessa natureza. • Entendeu-se, também, que a Lei 8.899/1994 obedeceu ao princípio da igualdade, na medida em que deu tratamento distinto aos usuários do sistema de transporte para igualá-los no direito de acesso ao serviço. 
b) ( ) É inconstitucional o conjunto de normas de comércio exterior que proíbe a importação de pneumáticos usados por afronta ao princípio do livre exercício da atividade econômica;  INCORRETA. ATENÇAO! Tema recorrente nas provas orais do MPF. ADPF 101, Rel. Min. Cármen Lúcia: O STF CONSTITUCIONALIDADE. atos normativos proibitivos da importação de pneus usados. Reciclagem de pneus usados: ausência de eliminação total dos seus efeitos nocivos à saúde e ao meio ambiente equilibrado. Afrontas aos princípios constitucionais da saúde e do meio ambiente ecologicamente equilibrado. [...] 2. Arguição de descumprimento dos preceitos fundamentais constitucionalmente estabelecidos: decisões judiciais nacionais permitindo a importação de pneus usados de países que não compõem o Mercosul: objeto de contencioso na Organização Mundial do Comércio, a partir de 20-6-2005, pela Solicitação de Consulta da União Europeia ao Brasil. Crescente aumento da frota de veículos no mundo a acarretar também aumento de pneus novos e, consequentemente, necessidade de sua substituição em decorrência do seu desgaste. Necessidade de destinação ecologicamente correta dos pneus usados para submissão dos procedimentos às normas constitucionais e legais vigentes. Ausência de eliminação total dos efeitos nocivos da destinação dos pneus usados, com malefícios ao meio ambiente: demonstração pelos dados. 4. Princípios constitucionais (art. 225) a) do desenvolvimento sustentável e b) da equidade e responsabilidade intergeracional. Meio ambiente ecologicamente equilibrado: preservação para a geração atual e para as gerações futuras. Desenvolvimento sustentável: crescimento econômico com garantia paralela e superiormente respeitada da saúde da população, cujos direitos devem ser observados em face das necessidades atuais e daquelas previsíveis e a serem prevenidas para garantia e respeito às gerações futuras. Atendimento ao princípio da precaução, acolhido constitucionalmente, harmonizado com os demais princípios da ordem social e econômica. 5. Direito à saúde: (...) 8. Demonstração de que: a) os elementos que compõem os pneus, dando-lhe durabilidade, é responsável pela demora na sua decomposição quando descartado em aterros; b) a dificuldade de seu armazenamento impele a sua queima, o que libera substâncias tóxicas e cancerígenas no ar; c) quando compactados inteiros, os pneus tendem a voltar à sua forma original e retornam à superfície, ocupando espaços que são escassos e de grande valia, em especial nas grandes cidades; d) pneus inservíveis e descartados a céu aberto são criadouros de insetos e outros transmissores de doenças; e) o alto índice calorífico dos pneus, interessante para as indústrias cimenteiras, quando queimados a céu aberto se tornam focos de incêndio difíceis de extinguir, podendo durar dias, meses e até anos; f) o Brasil produz pneus usados em quantitativo suficiente para abastecer as fábricas de remoldagem de pneus, do que decorre não faltar matéria-prima a impedir a atividade econômica. Ponderação dos princípios constitucionais: demonstração de que a importação de pneus usados ou remoldados afronta os preceitos constitucionais de saúde e do meio ambiente ecologicamente equilibrado (arts. 170, I e VI e seu parágrafo único, 196 e 225 da CB). Decisões judiciais com trânsito em julgado, cujo conteúdo já tenha sido executado e exaurido o seu objeto não são desfeitas: efeitos acabados. Efeitos cessados de decisões judiciais pretéritas, com indeterminação temporal quanto à autorização concedida para importação de pneus: proibição a partir deste julgamento por submissão ao que decidido nesta arguição.” (ADPF 101, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 24-6-2009, Plenário, DJE de 4-6-2012)
c) ( ) É inconstitucional o privilégio da exclusividade no envio de objeto postal de um remetente para endereço final e determinado concedido à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, por afronta ao princípio da livre concorrência;  INCORRETA. O STF pacificou o entendimento de que é Constitucional a concessão de exclusividade à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos para explorar as atividades descritas no art. 9º da Lei 6.538/78. Veja ADPF46, Relator: Min. Marco Aurélio, Relator para Acórdão: Min. Eros Grau.
d) ( ) É inconstitucional Lei Municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área, por afronta ao princípio da livre concorrência.  CORRETA. ATENÇAO! Tema recorrente nas provas orais do MPF. Nos termos da jurisprudência do STF, lei municipal não pode impedir a duplicidade de estabelecimentos do mesmo ramo, numa mesma área, uma vez que tal postura “redundaria em reserva de mercado, ainda que relativa, e, consequentemente, em afronta aos princípios da livre concorrência, da defesa do consumidor e da liberdade do exercício das atividades econômicas, informam o modelo de ordem econômica consagrado pela Carta da República (art. 170 e Parágrafo, da CF)” – STF RE 203.909, Relator: Min. Ilmar Galvão e RE 193.749, Relator: Min. Carlos Velloso. Ressalta-se, apenas, que o Colendo Tribunal julgou ser constitucional a limitação espacial de atividades de alto risco, tal como postos de gasolina. (RE 204.187, Relatora: Min. Ellen Gracie). A propósito, confira-se a SÚMULA 646 do STF: “Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área”. O STF entende que a autonomia conferida aos municípios, sobretudo no que diz respeito ao ordenamento territorial e à ocupação do solo urbano previstos no artigo 30, inciso VIII, da Constituição Federal, deve coadunar-se com os princípios que a própria Carta Magna estabelece como basilares, de forma a se evitar antinomias.
25º CONCURSO MPF:
62. A PRÁTICA ILÍCITA CONHECIDA COMO "VENDA-CASADA", PREVISTA TANTO NO ART. 21, XXIII, DA LEI ANTITRUSTE, COMO NO ART. 39, I, DO CÓDIGO DO CONSUMIDOR:
a) ( ) É rigorosamente o mesmo ilícito, podendo ser punida alternativamente por uma ou por outra Lei.  INCORRETA: A mesma conduta pode subsumir-se nas duas leis, porque são distintos dos bens jurídicos nelas protegidos. E não se trata de “rigorosamente o mesmo ilícito”, pois há diferença na disciplina da matéria pelas leis em questão, sobretudo diante do escopomais amplo da lei antitruste, na qual a proteção do consumidor é mediato, sendo imediato a livre iniciativa e a livre concorrência. Atente-se que à época da questão era vigente a Lei 8.884/94. 
b) ( ) É distinta em uma e outra lei, pois pressupõe abuso de poder de mercado, na Lei Antitruste, enquanto que não tem tal pressuposto no Código do Consumidor.  CORRETA.
c) ( ) É distinta em uma e outra lei, em função da competência distinta das autoridades incumbidas de investigar e punir.  INCORRETA: pode ser distinta no âmbito administrativo a competencia de punir, mas no âmbito judicial é a mesma.
d) ( ) Nenhuma das alternativas acima está correta.
Ponto 2.a. Regulação da atividade econômica: teoria jurídica (evolução) e princípios gerais.
Principais obras consultadas: Resumo 25º CPR. Resumo 26º CPR. GRAU, Eros Roberto. A Ordem Econômica na Constituição de 1988. 14ª ed. São Paulo. Editora Malheiros, SILVA, José Afonso. Comentário Contextual à Constituição, 6ª Edição, São Paulo. Editora Malheiros. FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo, 23ª Edição, Rio de Janeiro. Lumen Júris Editora. FIGUEIREDO, Leonardo Vizeu. Direito Econômico para concursos. Salvador, Editora Juspodivm. Artigos esparsos na internet e citados no corpo do texto.
Legislação básica: Constituição Federal.
Indicação de leitura complementar: “O Princípio de Subsidiariedade: Conceito e Evolução” – “Desenvolvimento Econômico e Intervenção do Estado na Ordem Constitucional” – “Estudos Jurídicos em Homenagem ao Professor Washington Peluso Albino de Souza” – Sérgio Antônio Fabris Editor – 1995”.
Introdução: 
Segundo José dos Santos Carvalho Filho (p. 986) o liberalismo econômico, como doutrina, passou a sofrer duros golpes. (...) A Intervenção do Estado o capacitou a regular a economia, permitindo a inauguração da fase do dirigismo econômico, em que o Poder Público produz uma estratégia sistemática de forma a participar ativamente dos fatos econômicos. Na verdade, o intervencionismo compreende um sistema em que o interesse público sobreleva em relação ao regime econômico capitalista. Leonardo Vizeu Figueiredo (p. 35) explica que o Estado abandonou a planificação econômica socialista e a crescente assunção de responsabilidades coletivas do modelo social, sem, todavia, voltar ao liberalismo econômico puro idealizado por Adam Smith. Destarte, busca-se com esse modelo um retorno comedido aos ideais do liberalismo, sem, contudo, abandonar a necessidade de sociabilidade dos bens essenciais, a fim de garantir a dignidade da pessoa humana.
José dos Santos Carvalho Filho (p. 991), destaca, ainda, que o estado pode atuar na ordem econômica de duas formas. Numa primeira, é ele o agente regulador do sistema econômico (objeto de estudo deste ponto). Nessa posição, cria normas, estabelece restrições e faz um diagnóstico social das condições econômicas. É um fiscal da ordem econômica organizada pelos particulares. Noutra forma, atua como agente executor (tema não objeto do presente ponto).
Maria Sylvia destaca que em nosso direito a função de regulação existe desde longa data e cita Manoel Gonçalves Ferreira Filho que menciona o exercício da função desde o inicio do século passado, a exemplo do Comissariado de alimentação Pública (1918), Instituto Nacional do Sal e mais recentemente o Banco Central e o Conselho Monetário Nacional. Ela Também é prevista no texto originário da CRFB (art 174, caput). Quando trata de agências reguladoras, a autora trata de dois tipos de regulação: (1) a de edição de regras no exercício genérico do poder de polícia administrativo e (2) edição de regras para a prestação do serviço público concedido, quando o poder público concede a prestação de serviços públicos e regula sua utilização.
Atividade econômica em geral: 
atividade voltada à satisfação de necessidades, o que envolve a utilização de bens e serviços, recursos escassos. Eros Grau defende o termo atividade econômica como um gênero (atividade econ. lato sensu) dos quais serviços públicos e atividade econômica stricto sensu são espécie, posto que ambos conceitos de referem a atividade voltada à satisfação de necessidades, o que envolve a utilização de bens e serviços, recursos escassos. Segundo Eros Grau, o serviço público está para o setor público assim como a atividade econômica está para o setor privado, porém, as atividades econômicas distinguem-se dos serviços públicos pela titularidade da iniciativa privada que somente é entregue ao Estado em caráter excepcional.
Regulação: 
Do ponto de vista teórico não é fácil definir o que seja regulação. Um das formas de se entender a regulação é descrevê-la como o instrumento utilizado pelo Estado na ordenação e organização dos mercados (GRAU, 2002, p 136). Pode-se entender regulação como poderes e ações decorrentes da intervenção do Estado quando este manifesta objetivos declaradamente econômicos (SUNDFELD, 2002, p. 18). Outra possibilidade é entender a regulação como controle legislativo e administrativo exercido por meio de impostos, subsídios, controle sobre ingresso nos mercados (POSNER, 2004, p.50). Pode-se adotar ainda a visão de que existem ao menos três formas de regulação: a econômica, que interfere diretamente nas relações de mercado; a social, que protege os interesses públicos, tais como meio ambiente e segurança; e a administrativa, que são regras por meio das quais os governos coletam informações e intervêm em decisões econômicas individuais (OCDE, 1997).” (SANT´ANA, Diogo de. Conjuntura da Regulação no Brasil: conflitos e convergências. Direito Econômico Regulatório. Coord. Mario Gomes Shapiro. São Paulo: Saraiva, 2010, Série GVlaw, p.366).
Regulação econômica é a área da Economia que estuda o funcionamento do sistema econômico através da regularidade de preços e de quantidades produzidas, ofertadas e demandadas através da interação econômica entre as respectivas partes do sistema econômico: o Estado , as empresas, os credores, os trabalhadores, os consumidores e os fornecedores. No campo econômico, a utilização do conceito de regulação é a correspondência necessária de dois fenômenos: a) a redução da intervenção direta do Estado na economia; b) e em segundo o crescimento do movimento de concentração econômica. São formas de regulação a autorregulação ou regulação privada (é a regra. Lembrar da teoria clássica do liberalismo econômico de Adam Smith) e a heterorregulação ou regulação pública (é a exceção – pelo Estado). Todavia, costuma-se utilizar simplesmente o vocábulo ‘regulação’ para conceituar a atividade intervencionista do Estado, em contraposição à autorregulação.
O Papel do Estado: 
O termo regulação é bastante amplo, engloba toda a organização da atividade econômica através do Estado, seja a intervenção através da concessão de serviço público ou o exercício do poder de polícia. O Estado está ordenando ou regulando a atividade econômica tanto quando concede ao particular a prestação de serviços públicos e regula sua utilização – impondo preços, quantidade produzida etc. – como quando edita regras no exercício do poder de polícia administrativo. Salomão Calixto Filho afirma que seria incorreto formular uma teoria que não analise ou abarque ambas as formas de regulação. (Regulação da Atividade Econômica,Malheiros, p.13-16).
Assim, o termo regulação pode ser empregado em dois sentidos: 1) estabelecer regras e 2) dirigir, governar. É uma função administrativa que se traduz, segundo Diogo de Figueiredo, “no exercício de competência administrativa normativa que sujeita atividades a regras de interesse público, como corolário da função de controle, voltada à observância dessas prescrições”. Diferentemente da regulamentação, a regulação é a produção de normas para o plano concreto, e não para o plano abstrato, ou seja, a ação reguladora possui, essencialmente, um caráter normativo, não ficando limitado à noção de lei em sentido formal, mas também compreende qualquer norma jurídica validamente positivada que afetea liberdade de ação dos agentes econômicos.
Observa Luiz Alberto David Araujo e Vidal Serrano Nunes Júnior que: “a economia, organizada e tutelada pelo Estado, é uma realidade do capitalismo moderno, determinada quer por razões de caráter estritamente econômico, quer por aspectos relacionados à proteção de determinados grupamentos sociais: trabalhadores, usuários, consumidores etc.”. ARAUJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de Direito Constitucional. Ed.: Saraiva, 13ª ed., 2009. p.473. Para Maria Sylvia, a regulação em sentido amplo, seria toda forma de organização da atividade econômica através do Estado, seja a intervenção através da concessão de serviço público, regulando sua utilização, ou o exercício do poder de policia (editando regras no exercício deste poder). Para a maior parte da doutrina a regulação é uma espécie do gênero intervenção (por ordenação), aplicando-se às atividades econômicas cuja titularidade é, em princípio, da iniciativa privada. Neste conceito não se inclui, segundo Alexandre Aragão, a atividade direta do Estado como produtor de bens ou serviços ou como fomentador das atividades econômicas.
Acerca do Estado Regulador, leciona José dos Santos Carvalho Filho (p. 992 e ss.): a) Estado regulador é aquele que, através de regime interventivo, se incumbe de estabelecer as regras disciplinadoras da ordem econômica com o objetivo de ajustá-la aos ditames da justiça social. b) o mandamento fundamental do Estado Regulador está no art. 174 da CF: Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. c) quando figura como regulador, o Estado não deixa sua posição interventiva. A intervenção nesse caso se verifica através das imposições normativas destinadas principalmente aos particulares, bem como de mecanismos jurídicos preventivos e repressivos para coibir eventuais condutas abusivas. d) para o autor, a atuação do Estado regulador se consuma de forma direta - Intervenção direta (ATENÇÃO – a maioria da doutrina não concorda com JSCF – entende que no caso de regulação a Intervenção é Indireta), vale dizer, sem intermediação de ninguém, ou seja, as normas, os fatores preventivos e os instrumentos repressivos se originam diretamente do Estado.
Objetivo da regulação da atividade econômica:
Acerca da Regulação da atividade econômica, José Afonso da Silva (p. 721), esclarece: “A intervenção por via de regulamentação da atividade econômica surgiu como pressão do Estado sobre a economia para devolvê-la à normalidade. Normalidade, então, consistia em manter um regime de livre concorrência; por isso, as primeiras formas de intervenção manifestaram-se através de um conjunto de medidas legislativas que intentavam restabelecer a livre concorrência”. (grifo no original). E continua o autor (p. 707): “A participação do Estado na economia será uma necessidade enquanto, no sistema capitalista, se busque condicionar a ordem econômica ao cumprimento de seu fim de assegurar existência digna a todos, conforme os ditames da justiça social e por imperativo de segurança nacional”.
Gontran Gifoni Neto salienta que: “A Teoria da Regulação Econômica está relacionada ao controle do funcionamento de determinados setores da atividade econômica considerados essenciais ou básicos para a vida econômica e social nas sociedades e fazem com que a relação entre produtor e usuário (ou consumidor) requeira alguma forma de intervenção pública. Segundo a Teoria Econômica, a intervenção do Estado na economia teria por função regular desequilíbrios do mercado e promover o desenvolvimento econômico. As diretrizes dessa intervenção seriam: a) a maximização da utilidade coletiva, b) fomentar, mas também estabilizar, o crescimento econômico, c) redistribuir a renda. Assim agindo, o Estado visaria aperfeiçoar o mecanismo de livre mercado, mas também corrigir o desvio na alocação ótima dos recursos e da maximização da eficiência, que ocorrem quando o mercado se afasta do modelo de concorrência perfeita (SANTOS e ORRICO FILHO, 1996a; BENJÓ, 1999). (in “Instituições Regulatórias do Transporte Rodoviário Intermunicipal de Passageiros: O Caso das Agências Reguladoras Estaduais Brasileiras” Artigo disponível em: www.det.ufc.br/index.php?option=com_docmantask...).
O fundamento jurídico da regulação está exatamente na procedimentalização da atividade econômica, que é justamente a busca de um objetivo predeterminado e pré-jurídico para a garantia efetiva da correção e da lealdade da integração dos vários agentes econômicos no mercado e de sua igualdade material em termos concorrenciais. Leitura obrigatória - STF RE 632644 AgR/DF, Relator Luiz Fux.
Justificativa para a Regulação da atividade Econômica:
Gontran Gifoni Neto salienta que: A intervenção do Estado nas atividades econômicas em uma economia de mercado justifica-se pelo fato de esse mercado apresentar disfunções denominadas falhas de mercado, que o fazem se afastar dos paradigmas de eficiência produtiva e eficácia alocativa. BUTTON (1991) e BELLI (1997) apresentam como falhas clássicas: a) concorrência imperfeita (monopólios, oligopólios e lucros rentistas): quando a missão do Estado seria a de impor barreiras aos agentes econômicos monopolizados ou oligopolizados, na sua tendência de aumentarem os preços e reduzirem a produção, afastando-se do critério de otimalidade de Pareto, e também de praticarem discriminações entre seus clientes. No caso específico de lucro rentista, o Estado viria compensar eventuais injustiças distributivas, quando um agente controla uma fonte de recursos mais barata do que as que dispõem seus concorrentes, extraindo da situação um lucro extraordinário. A solução clássica utilizada durante muitos anos por diversos países para evitar essa falha de mercado e mesmo uma regulamentação mais ativa foi a criação de monopólios públicos nos setores de infraestrutura, daí o aparecimento de empresas públicas como Eletrobrás, Telebrás, Portobrás, entre outras (RODRIGUES, 1997); b) externalidades: em determinados setores, os custos sociais da produção não se refletem integralmente nos preços, gerando-se para seus consumidores benefícios (externalidades positivas, por exemplo para o usuário de transporte individual, que não paga o custo do investimento viário) e, para os demais membros da sociedade, custos (externalidades negativas, tais como a poluição e os engarrafamentos). A intervenção estatal visa, aqui, a evitar desperdícios econômicos e compensar desequilíbrios entre custos e benefícios sociais e privados; c) insatisfação da taxa de retorno e excesso de competição: trata-se, aqui, do caso dos monopólios naturais, onde a estrutura de custos (custo médio decrescente) só permite a permanência de um número reduzido de fornecedores. Se o Estado não impuser um controle na entrada de empresas no setor, os produtores aí estabelecidos estarão sujeitos à ruína, sem que, contudo, ocorra a vitória do mais eficiente, e sim a do mais inescrupuloso. Uma vez o campo limpo de concorrentes, esse poderá assumir posturas predatórias de monopolista. Assim sendo, apenas um ou poucos produtores são admitidos no setor, mas estão sujeitos a restrições no que tange à fixação dos preços e das quantidades; d) falhas de informação: o bom funcionamento de um mercado competitivo pressupõe que os consumidores possuam informações satisfatórias sobre os bens e serviços a adquirir, o que freqüentemente não ocorre quando o produtor teme os custos da produção das informações devidas ou simplesmente não deseja esclarecer plenamente o consumidor. Novamente, a intervenção estatal é tida como um meio para produzir as informações necessárias, porém ausentes, ou para instar os produtores a produzirem-nas; e) outras razões: a literatura ainda enumera como outras falhas: 1) a escassez de determinados bens essenciais ou condições de produção (por exemplo, nas telecomunicações as freqüênciasde transmissão), 2) situações de desigualdade de poder de negociação (casos de monopsônios, mas também de poder geralmente inferior de negociação dos assalariados); 3) necessidades de racionalização, quando essa é dificilmente atingida pelos mecanismos de mercado; 4) situações de risco moral, tipicamente presentes quando o comprador não se identifica com o pagador da compra (por exemplo, no caso de serviços previdenciários, no qual o consumidor perde interesse em racionalizar o seu consumo, geralmente em grande parte pago pelo governo ou outros segurados); 5) razões de interesses estratégico-militares e 6) de política social (SANTOS e ORRICO FILHO, 1996a).
Instrumentos para a Regulação da atividade econômica pelo Estado:
Gontran Gifoni Neto enfatiza que para o exercício dessas suas funções, o Estado dispõe de um arsenal vasto de instrumentos, que podem, conforme proposta de BUTTON (1992), ser classificados em: i) instrumentos fiscais: impostos e taxas, multas, incentivos fiscais, subsídios, política tarifária, controle e acompanhamento de custos, incluindo-se o tabelamento de preços; ii) instrumentos de comando e controle: controle de entrada e saída do mercado, controles da qualidade e quantidade da produção; no caso mais extremo, execução direta de atividades econômicas com base na propriedade estatal dos meios de produção; iii) demais instrumentos: legislação e medidas antitruste, disposição de informações obrigatórias, regulamentação da responsabilidade civil e a criação de direitos negociáveis de propriedade (os produtores adquirem o direito de produzir externalidades negativas desde que compensem ao governo ou aos diretamente afetados).
Teoria jurídica (evolução): A teoria econômica da regulação é de origem marcadamente norte-americana. As escolas clássicas sobre regulação são: a escola do interesse público e a escola neoclássica da regulação. Os fundamentos dessas escolas são demasiadamente limitados, por priorizarem apenas um dos aspectos da regulação. Tal reducionismo leva a uma teoria incompleta, é preciso admitir a convivência dos aspectos econômicos e sociais da regulação e reconhecer, ainda, que a preponderância de um sobre o outro pode variar conforme a natureza do setor regulado. Assim, a regulação da atividade econômica em sentido amplo teve comprovado crescimento no presente contexto histórico, tendo em vista o refluxo da hipertrofia do Estado, devolvendo-se tanto a prestação de serviços públicos à iniciativa privada, quanto demarcando-se a intervenção por atuação direta do estado no domínio econômico apenas nos casos, tal qual estabelece o art. 173, caput, da CRFB (imperativos de segurança nacional ou relevante interesse coletivo) . Muito embora no início da vigência de nossa Carta o modelo de Estado ainda fosse de grande presença deste no exercício de atividades econômicas em sentido amplo, a Reforma Administrativa da década de 1990 iniciou um forte processo de desestatização, para não se usar o termo de privatização: deixar ao setor privado as atividades que potencialmente podem gerar lucros, e ao setor público tão semente a sua regulação e fiscalização. Emerge uma idéia de subsidiariedade, segundo Diogo de Figueiredo, que significa reconhecer a prioridade da atuação dos corpos sociais sobre os corpos políticos no atendimento de interesses gerais, só passando cometimentos a estes depois que a sociedade, em seus diversos níveis de organização, demandar sua atuação subsidiaria.
Abordagens em torno da regulação econômica - Há três grandes abordagens teóricas sobre regulação econômica: (fonte Wikipédia) a) que advém da tradição econômica clássica e neoclássica, onde a regulação é realizada pelo mercado, via mecanismos de preço e quantidade, a lei da oferta e da procura. Tanto a neoclássica "lei de Say" e a keynesiana e kaleckiana "Princípio da Demanda Efetiva" lhes são decorrências lógicas; b) que advém da tradição geral da heterodoxia, onde predomina a visão da Escola da regulação, que as instituições, normas e mercados especiais (de trabalho e de moeda) são os responsáveis pela regulação. Os schumpeterianos, os evolucionistase os institucionalistas também concebem de maneira semelhante, destacando o papel das instituições e organizações; c) que advém do Marxismo, onde a regulação é exercida pela "lei do valor". A melhor expressão desta visão encontra-se com o economista soviético Preobrajenski e seu livro A Nova Econômica, que diz "numa sociedade que não possui centros diretores de uma regulação planificada, chega-se, graças à ação direta ou indireta desta lei, a tudo que é necessário para um funcionamento relativamente normal de todo o sistema de produção".
Princípios gerais:
Da subsidiariedade, é princípio fundamental da intervenção estatal na economia e, como tal se aplica à regulação. Pressupõe-se a necessidade de atuação estatal para que haja uma atuação equitativa e eficiente dos agentes econômicos. Destaca Mauricio Carlos Ribeiro (in “Atividade Econômica Estatal, Subsidiariedade e Interesse Público”): A intervenção do Estado, então, enquanto agente diretamente envolvido na exploração de uma atividade econômica é subsidiária à iniciativa particular. (...) Tem-se, então, na Constituição de 1988, uma clara subsidiariedade implícita da atuação estatal, uma vez que se reconhece ao Estado a faculdade de atuar diretamente sobre a economia, como empresário, nos casos – e somente nos casos – em que o particular não possa ser o único agente econômico, por motivos de interesse público ou por disposição constitucional. Dizemos implícita esta subsidiariedade porquanto derivada da interpretação do texto constitucional (...). Em outras palavras, a atuação direta do Estado no domínio econômico, tanto nas atividades monopolizadas quanto nas exercidas em ambiente concorrencial, é claramente subsidiária à iniciativa econômica privada, seja por expressa previsão constitucional, no primeiro caso, seja por motivo de interesse público definido em lei, neste último. (...) Apesar de induzir à percepção de uma debilidade do Estado em relação à intervenção econômica, este princípio de subsidiariedade, em verdade, indica que a subordinação da atuação estatal na economia se prende a uma regra de necessidade, ao determinar que a exploração de atividades econômicas em sentido estrito pelo Estado só é legítima quando as ações ou omissões da iniciativa econômica privada venha a colocar em risco a satisfação dos interesses coletivos, o desenvolvimento sócio-econômico ou a própria existência do ente político. Maria Sylvia Di Pietro
(Parcerias na Administração Pública – 3ª edição – Atlas – pág. 24) assinala, ainda, os principais pontos que caracterizam o princípio da subsidiariedade: 1 - respeito aos direitos individuais, pelo reconhecimento de que a iniciativa privada, seja através dos indivíduos, seja através das associações, tem primazia sobre a iniciativa estatal; 2 - o Estado deve abster-se de exercer atividades que o particular tem condições de exercer por sua própria iniciativa e com seus próprios recursos; 3 - o princípio implica numa limitação à intervenção estatal, sem desconfigurar o dever do Estado de fomentar, coordenar, fiscalizar e permitir que os particulares obtenham sucesso na condução de seus empreendimentos; 4 - parceria “público-privada”, inclusive subsidiando a iniciativa privada, quando ela seja deficiente; 5 - a realização do “bem comum” obriga o Estado à assegurar as condições para que os próprios particulares sejam os seus artífices, os principais agentes e consigam, de fato, alcançá-lo; portanto, o Estado deve agir, segundo o princípio da subsidiariedade, sempre quando for necessário para criar as condições favoráveis ao livre exercício da atividade econômica. E arremata a Jurista: “O princípio da subsidiariedade está na própria base da nova concepção do Estado de Direito Social e Democrático, ou seja, de um Estado em que os direitos fundamentais do homem já não constituem apenas uma barreira à atuação do Estado, como se via no período liberal, mas constituem