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A ESTÉTICA E ALGUNS ASPECTOS PSICOLÓGICOS Uma reflexão sobre o artigo "A necessidade da Psicologia na Estética", de Marco Tommaso Yone Ikematsu1 1 Acadêmica do Curso em Estética e Imagem Pessoal da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba-PR) Endereço para correspondência: Rua Padre Agostinho, 1280 – Mercês CEP: 80.710-000 Curitiba-PR ___________________________________________________________________________ RESUMO: Este artigo tem por objetivo identificar alguns sinais de alteração psicológicas e emocionais que podem interferir nos resultados dos tratamentos estéticos, com vistas a amenizar a ansiedade e a alta expectativa em tais tratamentos. para tanto, a análise está centrada no artigo “a necessidade da psicologia na estética”, de marco tommaso, além da contribuição de diferentes autores que tratam do tema. Entende-se que a interdisciplinaridade e a visão holística constituem nos dias atuais o caminho mais produtivo e adequado para compreender o ser humano na sua totalidade. decorre daí a necessidade de contar com o auxílio de profissionais de outras áreas da saúde, como médico e psicólogo, no tratamento estético. Palavras-chave: Tratamento estético, alterações psicológicas e emocionais, visão holística, interdisciplinaridade. ___________________________________________________________________________ ABSTRACT: This article aims to identify signs of psychological and emotional change that might interfere with the results of cosmetic treatments, with the purpose of minimizing anxiety and high expectations involving these treatments. For such, the analysis is based on the article “The Need for Psychology in Esthetics”, by Marco Tommaso, in addition to contributions by several authors dealing with the same theme. It is understood that today interdisciplinarity and holistic vision are the most productive and suitable way to understand human beings in their wholeness. Hence the need to involve other professionals from different health care areas, such as physicians and psychologists, in esthetic treatment. Keywords: Esthetic treatment, psychological and emotional changes, holistic vision, interdisciplinarity. 2 1 INTRODUÇÃO [...] Narciso debruçou sobre a fonte para banhar-se e viu, surpreso, uma bela figura que o olhava de dentro da fonte. "Com certeza é algum espírito das águas que habita esta fonte. E como é belo!", disse admirando os olhos brilhantes, os cabelos anelados como os de Apolo, o rosto oval e o pescoço de marfim do ser. Apaixonou- se pelo aspecto do ser que, de dentro da fonte, retribuía o seu olhar. Não podia mais se conter. Baixou o rosto para beijar o ser, e enfiou os braços na fonte para abraça-lo. Porém, ao contato de seus braços com a água da fonte, o ser sumiu para voltar depois de alguns instantes, tão belo quanto antes. (A fonte da Vaidade) Na incessante busca pelo "ideal" de beleza, é facilmente constatável que, atualmente, dois fatos caminham quase no mesmo compasso: o interesse pelo tratamento estético e o surgimento de novas técnicas e abordagens manuais e mecânicas que tentam superar as anteriores. Com efeito, indústrias farmacêuticas investem em pesquisas científicas em alta tecnologias, Indústrias de Aparelhos Eletrônicos e hospitalares redirecionam seus engenheiros para desenvolverem produtos voltados à área de estética, e especialistas em biotecnologia cosmética tentam descobrir o novo "milagre" do rejuvenescimento. Na outra ponta, a procura pelo tratamento estético vem crescendo consideravelmente a cada ano, e o resultado desta demanda pode ser medido pela colocação do Brasil como o 3.o consumidor mundial de produtos cosméticos. Comercialmente o resultado é bastante satisfatório tanto para o segmento de vendas de produtos como para os prestadores de serviços em clínicas de estéticas. Contudo, mesmo com essa profusão de técnicas e produtos direcionados ao tratamentos estéticos capazes de atenuar as rugas e gorduras localizadas, que possibilita escolhas múltiplas do melhor tratamento, há pacientes que são inatingíveis quanto o grau de satisfação em relação aos tratamentos. E como preencher esta lacuna? Diante disso, entendeu-se oportuna a leitura do artigo "A necessidade da Psicologia na Estética", publicado em 19 de outubro de 2008, de autoria do Psicoterapeuta Dr. Marco Tommaso, para quem: "o resultado de uma intervenção estética é satisfatório quando a atuação na imagem trouxer benefício ao bem estar da pessoa como um todo". E tal afirmação vem ao encontro da proposta deste trabalho, que objetiva refletir, entre outras questões, sobre: quais os sinais do estado emocional e psicológico dos pacientes/clientes de estética? Qual o grau de satisfação do tratamento? Quando se faz necessário o auxílio de outro profissional no tratamento? 3 2 REFLEXÕES SOBRE O ARTIGO "A NECESSIDADE DA PSICOLOGIA NA ESTÉTICA" Com o objetivo de oferecer um panorama de importância em se relacionar o psicológico com o bem-estar físico, foram selecionadas algumas obras que abordam a interação do aspecto psicológico como base do bem-estar físico, estético e emocional que são significativos para um resultado satisfatório em qualquer tratamento estético. O propósito é estabelecer um diálogo com o autor de referência deste trabalho. Para Tommaso (2008): “A mulher moderna associa imagem de beleza aêxito social, individual, sucesso profissional, felicidade conjugal. Alicerça o poder de sedução e a sexualidade na beleza. Beleza torna-se autêntico regulador do comportamento social”. Transformar a beleza como um agente regulador de sucessos pessoal, pode desencadear uma expectativa muito alta dos tratamentos estéticos. Sabe-se que a aparência física é o resultado concreto da dissonância ou da harmonia da relação de uma pessoa com o seu meio. O ser humano é a integração do físico, químico, emocional, nutricional... inserido no ambiente em que vive. A pessoa é, principalmente, o resultado de suas escolhas desde seus ascendentes transmitindo aos seus descendentes. Nessa perspectiva, o autor define autoimagem nos seguintes termos: "A auto-imagem seria a visão que uma pessoa tem de si mesma, levando em conta experiências passadas, circunstâncias presentes e expectativas futuras." (TOMMASO, 2008). Tal entendimento parece receber complementação de Quental, que afirma: “O ponto de partida para reestruturar a auto-imagem é fazer uma avaliação justa de você, de suas qualidades e defeitos... Quando as mudanças são feitas em nome da auto-estima – não em busca de uma perfeição inatingível –, o investimento em beleza, ginástica e dieta dá mais resultado. Ter respeito e amor-próprio faz com que a beleza interna se reflita exteriormente” (QUENTAL, 2008). A aparência não pode ser motivo de frustração ou de infelicidade. O medo da velhice não pode substituir os créditos das conquistas da vida. A esse respeito, lê-se: “Em todas as mulheres, sobretudo quando entram na maturidade, instala-se uma força subterrânea e invisível que se manifesta por meio de comportamentos inesperados, arroubos de energia, intuições perspicazes, ímpetos apaixonados: impulso arrebatador e inesgotável que as impele obstinadamente rumo à salvação, a reconstrução de toda e qualquer integridade despedaçada” (ESTÉS, 2007). Trazer à luz os fatores positivos da maturidade ou da aparência, sem desvirtuar o foco do tratamento estético, será um processo contínuo na profissão do 4 tecnólogo em estética. Assim, será necessário ajudar as pessoas a enxergarem o que elas veem de si mesmas, abrir-lhes a mente para infinitas possibilidades do que é belo. Dra Jozian Quental, médica dermatologista, em seu livro "Sua pele em Boa Forma" argumenta que "a verdadeira beleza nasce do equilíbrio... ultrapassa os atributosfísicos". O desequilíbrio emocional gera descontentamento com a aparência, formando uma cadeia de reações orgânicas, como se pode comprovar com esta afirmação: "há muito tempo que, existe uma associação entre seus sentimentos, principalmente o estresse, e condições como acne, herpes, eczema, psoríase, ..." (MURAD, 2005). Não é tão simples definir expectativas saudáveis para si mesma, quanto mais para pacientes/clientes portadores de dismorfia corporal. "A dismorfia corporal se manifesta quando defeitos na aparência, imaginários ou levemente presentes, assumem proporções gigantescas" (QUENTAL, 2008). Tendo presente o exposto, constata- se que a interdisciplinaridade e a visão holística se fazem necessárias no campo de atuação do tecnólogo em estética, pois tudo está relacionado e é preciso ver o ser humano na sua totalidade. Contudo, resta a questão de como avaliar os sinais de distúrbios relativos à autoimagem. É o que se pretende fazer na sequência. 3 AVALIANDO A IMAGEM Os profissionais da Estética avaliam diariamente muitos pacientes/ clientes, com variadas reclamações e necessidades diferentes de tratamento estético. Como diz Tommaso (2008): “Os problemas de auto-imagem são mais freqüentes do que se supunha e aparecem basicamente em clínicas dermatológicas, estéticas e de cirurgia plástica, dado que a pessoa 'se vê feia', ou com algum defeito imaginado e espera que a correção estética, apenas, resolva o problema, o que não acontece”. Como identificar, porém, os sinais patológicos no preenchimento da ficha de avaliação? A Doutora Jozian Quental descreve em seu livro alguns sinais de perigo: - A pessoa observa insistentemente a própria imagem no espelho. Ou contrário: evita espelhos ou superfícies onde possa ver sua imagem refletida; - Conversa o tempo todo sobre a aparência; 5 - Evita tirar fotos porque se acha horrível; - Sente-se deprimida por conta da aparência; - Acha que não vale a pena viver por causa da aparência"horrorosa" - Busca insistentemente tratamentos estéticos, cirúrgicos ou não, apesar de amigos e familiares dizerem que ficou ótimo... (QUENTAL, 2008). Os distúrbios com a imagem provoca uma expectativa alta dos resultados estéticos, gerando conflitos entre os profissionais e os pacientes com dismorfia, ou emocionalmente alterados. Nesse sentido, Tommaso faz o seguinte alerta: “Embora teoricamente todos possam se beneficiar-se da melhor estética, na prática existem casos de pessoas que não usufruem dos resultados. Permanecem insatisfeitos mesmo diante de intervenções cirúrgicas tecnicamente perfeitas, demonstrando que a intervenção estética, por si só, não foi suficiente e atentam a necessidade da atuação psicológica conjunta, sem o qual o "defeito estético" continuará a ser percebido. Longe de terminar, seus problemas mal começaram [...]” (TOMMASO, 2008). Daí porque, além dos sinais, é necessário acrescentar na ficha de avaliação uma pergunta direta sobre o estado emocional da paciente/cliente no momento da consulta e qual a expectativa do tratamento oferecido por parte dos profissionais da área da estética. Identificados os sinais, deve-se encaminhar o paciente/cliente para um profissional médico ou psicólogo, que possa contribuir para os melhores resultados no tratamento estético. 4 CONCLUSÃO Da leitura do artigo que fundamenta este trabalho, pode-se concluir que o tratamento estético não pode ser visto como solução para todos os problemas relacionados com a vida particular de cada paciente/cliente. Isso significa que ao tecnólogo em estética cabem, ainda, outros cuidados, tais como: não interferir e insistir na realização de procedimentos físicos em pacientes/ clientes emocionalmente alterados; identificar os sinais de alteração, considerando faixa etária, sexo, profissão e, principalmente, qual a sua expectativa em relação ao tratamento estético. Procedendo dessa maneira, o profissional estará definindo limites de tratamentos e evitando futuros problemas. E, tendo em vista uma abordagem multidisciplinar desse processo e uma visão holística do ser humano, torna-se fundamental o auxílio de profissionais de 6 outras áreas da saúde, como médico e psicólogo, no tratamento estético. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ESTÉS, P. C. A ciranda das mulheres sábias. Rio de Janeiro: Rocco, 2007. HAY, L. Aprendendo a gostar de si mesmo.Rio de Janeiro: Sextante, 2001. MURAD, H. Livre de rugas para sempre. Rio de Janeiro: Prestígio, 2005. QUENTAL, J. Sua pele em boa forma: você bonita por dentro e por fora. São Paulo: Marco Zero, 2008. TOMMASO, M. A necessidade da psicologia na estética. 2008. www.tommaso.psc.br/site/artigos/?id_artig o=116 WECHSLER, A. Conexão mente e beleza. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2009.
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