195 pág.

Pré-visualização | Página 13 de 50
dada à elevada frequência de morte e graves sequelas,35 nos raros sobreviven- tes. É possível que, no futuro, o uso da hipotermia terapêutica, em casos de encefalopatia hipóxico-isquêmica grave, possa alterar essa recomendação. Deve ser enfatizado que a interrupção da reanimação só pode ser realizada após 10 minutos de assistolia na vigência de reanimação adequada. Atenção à Saúde do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde 48 Ministério da saúde 2.8 Cuidados de rotina após a estabilização clínica do RN na sala de parto Quando as condições clínicas do RN forem satisfatórias, os seguintes procedimentos devem ser realizados em sequência: • Laqueadura do cordão umbilical. Fixar o clamp à distância de 2 a 3cm do anel umbilical, envolvendo o coto com gaze embebida em álcool etílico 70% ou clorexidina alcoólica 0,5%.11 Em RN de extremo baixo peso utiliza-se soro fisiológico. Verificar a presença de duas artérias e de uma veia umbilical, pois a existência de artéria umbilical única pode associar-se a anomalias congênitas. • Prevenção da oftalmia gonocócica pelo método de Credé.36 Retirar o vérnix da região ocular com gaze seca ou umedecida com água, sendo contraindicado o uso de soro fisiológico ou qualquer outra solução salina. Afastar as pálpebras e instilar uma gota de nitrato de prata a 1% no fundo do saco lacrimal inferior de cada olho. A seguir, massagear suavemente as pálpebras deslizando-as sobre o globo ocular para fazer com que o nitra- to de prata banhe toda a conjuntiva. Se o nitrato cair fora do globo ocular ou se houver dúvida, repetir o procedimento. Limpar com gaze seca o excesso que ficar na pele das pálpebras. A profilaxia deve ser realizada na primeira hora após o nascimento, tanto no parto vaginal quanto cesáreo. • Antropometria. Realizar exame físico simplificado, incluindo peso, compri mento e os pe- rímetros cefálico, torácico e abdominal. • Prevenção do sangramento por deficiência de vitamina K. Administrar 1mg de vitamina K1 por via intramuscular ou subcutânea ao nascimento. 37 • Detecção de incompatibilidade sanguínea materno-fetal. Coletar sangue da mãe e do cordão umbilical para determinar os antígenos dos sistemas ABO e Rh. Não é necessário realizar o teste de Coombs direto de rotina. No caso de mãe Rh negativo, deve-se realizar pesquisa de anticorpos anti-D por meio do Coombs indireto na mãe e Coombs direto no sangue do cordão umbilical. • Realização da sorologia para sífilis e HIV. Coletar sangue materno para determinar a sorologia para sífilis. Caso a gestante não tenha realizado sorologia para HIV no último trimestre da gravidez ou o resultado não estiver disponível no dia do parto, deve-se fazer o teste rápido para anti-HIV o mais breve possível, e administrar a zidovudina profilática antes do parto, caso o teste seja positivo.38 • Identificação do RN: O Estatuto da Criança e do Adolescente (artigo 10 do capítulo 1) regulamenta a identificação do RN mediante o registro de sua impressão plantar e digital Atenção à Saúde do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde 49 Cuidados na Hora do Nascimento 2 Capítulo e da impressão digital da mãe. Essa identificação é feita no prontuário. Pulseiras devem ser colocadas na mãe e no RN, contendo o nome da mãe, o registro hospitalar, a data e hora do nascimento e o sexo do RN. Os RNs estáveis devem permanecer com suas mães e ser transportados ao alojamento conjunto. Caso haja a necessidade de transporte do RN para outra unidade neonatal, ele sempre deve ser mostrado à mãe novamente, antes do transporte. 2.9 Considerações finais A reanimação ao nascimento é uma importante estratégia para diminuir a mortalidade infantil em nível mundial. Estima-se que o atendimento ao parto por profissionais de saúde habilitados possa reduzir em 20% a 30% as taxas de mortalidade neonatal, enquanto o em- prego das técnicas de reanimação resultem em diminuição adicional de 5% a 20% nessas taxas, levando à redução de até 45% das mortes neonatais por asfixia. 38 As diretrizes apresentadas são apenas orientações gerais para a conduta neonatal na sala de parto. Cada serviço deve adaptá-las às suas condições de infraestrutura e de recursos humanos. Mais importante que um protocolo rígido são a experiência, a prática e a educação conti- nuada dos profissionais de saúde que participam dos cuidados ao RN, além da conscienti- zação da comunidade para a importância da assistência nesse período crítico de transição para o ambiente extrauterino. Atenção à Saúde do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde 50 Ministério da saúde Referências 1. BRASIL. DATASUS. Informações de saúde: estatísticas vitais: mortalidade e nascidos vivos, 2010. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sinasc/cnv/nvuf.def>. Acesso: 22 fev. 2010. 2. PERLMAN, J. M.; RISSER, R. Cardiopulmonary resuscitation in the delivery room. Associated clinical events. Arch. Pediatr. Adolesc. Med., Chicago, v. 149, n. 1, p. 20-25, 1995. 3. ALMEIDA, M. F. de et al. Perinatal factors associated with early deaths of preterm infants born in Brazilian Network on Neonatal Research centers. J. Pediatr., Rio de Janeiro, v. 84, n. 4, p. 300-307, 2008. 4. ALMEIDA, M. F. de et al. Resuscitative procedures at birth in late preterm infants. J. Perinatol., New York, v. 27, n. 12, p. 761-765, 2007. 5. ALMEIDA, M. F. de et al. Non-urgent caesarean delivery increases the need for ventilation at birth in term newborn infants. Arch. Dis. Child Fetal Neonatal Ed., London, v. 95, n. 5, p. F326-F330, 2010. 6. PERLMAN, J. M. et al. Part 11: neonatal resuscitation: 2010 International Consensus on Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care Science with treatment recommendations. Circulation, Baltimore, v. 22, n. 16, p. S516-S538, 2010. Suppl. 2. 7. KATTWINKEL J. et al. Part 15: neonatal resuscitation: 2010 American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. Circulation, Baltimore, v. 122, n. 18, p. S909-S919. Suppl 3. 8. ALMEIDA, M. F. de; GUINSBURG, R. Programa de Reanimação Neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria: Condutas, 2011. Disponível em: <http://www.sbp.com.br/pdfs/ PRN-SBP-ReanimaçãoNeonatalFinal-2011-25mar11.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2011. 9. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (Brasil). RDC 36, de 4 de junho de 2008. Dispõe sobre regulamento técnico para funcionamento dos serviços de atenção obstétrica e neonatal. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/divulga/noticias/2008/040608_1_rdc36.pdf>. Acesso: 22 fev. 2010. 10. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (Brasil). Pediatria: prevenção e controle de infecção hospitalar. Brasília: Anvisa, 2005. Brasília, 2005. Disponível em: <http://www. anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/manual_pediatria.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2010. 11. KAMLIN, C. O. et al. Accuracy of clinical assessment of infant heart rate in the delivery room. Resuscitation, London, v. 71, p. 319-321, 2006. 12. O’DONNELL, C. P. et al. Clinical assessment of infant colour at delivery. Arch. Dis. Child Fetal Neonatal Ed., London, v. 92, p. F465-F467, 2007. 13. DAWSON, J. A. et al. Defining the reference range for oxygen saturation for infants after birth. Pediatrics, Springfield, v. 125, n. 6, p. 1340-1347, 2010. Atenção à Saúde do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde 51 Cuidados na Hora do Nascimento 2 Capítulo 14. AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS; AMERICAN COLLEGE OF OBSTETRICIANS AND GYNECOLOGISTS. The Apgar score. Pediatrics, Springfield, v. 117, p. 1445-1447, 2006. 15. VAN RHEENEN, P.; BRABIN, B. J. Late umbilical cord-clamping as an intervention for reducing iron deficiency anaemia in term infants in developing and industrialized countries: a systematic review. Ann. Trop. Paediatr., London,