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Projetos Avançados de Investimentos W B A 0 0 5 8 _ v2 _ 1 2/220 Projetos Avançados de Investimentos Autoria: Cristiano dos Santos Machado Como citar este documento: MACHADO, Cristiano dos Santos. Projetos Avançados de Investimentos. Valinhos: 2017. Sumário Apresentação da Disciplina 04 Unidade 1: Métodos de avaliação de investimentos 06 Assista a suas aulas 26 Unidade 2: Métodos de avaliação de investimentos: TIR e VPL 34 Assista a suas aulas 53 Unidade 3: Relação risco e retorno de investimentos 61 Assista a suas aulas 82 Unidade 4: Precificação de ativos 90 Assista a suas aulas 107 2/220 3/2203 Unidade 5: Estrutura de capital 115 Assista a suas aulas 131 Unidade 6: Introdução a derivativos: termo e futuros 139 Assista a suas aulas 159 Unidade 7: Introdução a derivativos: opções e swap 167 Assista a suas aulas 186 Unidade 8: VaR e simulação de Monte Carlo 194 Assista a suas aulas 211 Sumário Projetos Avançados de Investimentos Autoria: Cristiano dos Santos Machado Como citar este documento: MACHADO, Cristiano dos Santos. Projetos Avançados de Investimentos. Valinhos: 2017. 4/220 Apresentação da Disciplina Esta disciplina irá abordar o ciclo de avaliação e seleção de projetos de investimentos, dentro de um contexto corporativo. Este ciclo está inserido nas atividades da área financeira das empresas e tem por objetivo identificar oportunidades de investimento, para manter as operações da empresa ao longo do tempo. Existem ferramentas e técnicas para avaliação e identificação destes investimentos, que iremos estudar e analisar ao longo da disciplina. As ferramentas analisadas serão: Return on Investment (ROI), Payback, Payback descontado, Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR) e TIR Modificada. Dentro do ciclo de avaliação e seleção de projetos de investimento, outra atividade importante será a identificação da relação risco versus retorno dos projetos. Iremos analisar as teorias Capital Asset Pricing Model (CAPM) e Arbitrage Pricing Theory (ATP), para entender como esta relação é construída e qual a sua influência nas decisões de investimento e na escolha dos projetos para compor o portfólio de iniciativas da empresa. A composição de um portfólio de investimentos permitirá que a empresa faça a gestão dos riscos de seus projetos, visando maximizar seu retorno. Estudaremos a teoria de carteiras, buscando entender como a composição de uma carteira de diversos investimentos se relaciona com a relação risco/retorno total. 5/220 Uma vez que a carteira ou portfólio de iniciativas está determinada, será necessário identificar as fontes de financiamento. Iremos estudar a formação do custo de capital da empresa que suportará as decisões na busca de financiamento dos projetos de investimentos. Além disso, abordaremos o uso de derivativos e estratégias de hedge, buscando compreender como a empresa pode fazer uma melhor gestão dos fluxos futuros dos diversos investimentos. Por fim, apresentaremos a metodologia de simulação denominada Monte Carlo, que permite a simulação de diversos cenários, com o propósito de mapear riscos e incertezas. Desta forma, esta disciplina cobrirá as diversas atividades do ciclo de investimentos: avaliação e seleção; determinação da relação risco / retorno; composição de uma carteira de investimentos para gerir o risco total; identificação do custo de capital da empresa para financiar seus investimentos; gerir os riscos do projeto utilizando derivativos e simulação de possíveis cenários. 6/220 Unidade 1 Métodos de avaliação de investimentos Objetivos 1. Apresentar os principais métodos uti- lizados na avaliação de investimentos. 2. Analisar o indicador ROI, com suas aplicações e limitações. 3. Analisar o indicador Payback e Payba- ck descontado, com suas aplicações e limitações. Unidade 1 • Métodos de avaliação de investimentos7/220 Introdução Cada vez mais as empresas buscam gerar valor para seus stakeholders de uma forma ampla. Hoje existe uma preocupação cres- cente em atender as necessidades não ape- nas de seus acionistas, mas de todos com quem a empresa se relaciona. Esta geração de valor se dá, essencialmen- te, pela utilização de seus ativos tangíveis e intangíveis. Por isto as empresas necessi- tam de processos estruturados, técnicas e ferramentas para selecionar e determinar quais serão seus investimentos. Podemos caracterizar os investimentos como a aquisição de ativos que irão gerar fluxos ou resultados de futuros, desta for- ma, em geral podemos dividir as técnicas de análise em dois grandes grupos, de acordo com a apropriação ou não do valor do di- nheiro no tempo. As técnicas que consideram o valor do di- nheiro no tempo são mais complexas e in- corporam tanto a avaliação dos fluxos futu- ros, como considerações de riscos na reali- zação do projeto. Já as técnicas que não consideram o va- lor do dinheiro no tempo são de aplicação mais simples e direta, no entanto possuem algumas limitações, como a dificuldade de avaliação de projetos isoladamente e ne- cessidade de serem combinadas com ou- tras técnicas para chegar a um resultado interessante. Neste módulo iremos analisar as técnicas de ROI, Payback e Payback des- contado. Unidade 1 • Métodos de avaliação de investimentos8/220 1. Métodos de Avaliação de In- vestimentos Em suas atividades, as empresas utilizam ativos tangíveis e intangíveis com o objeti- vo de gerar valor para seus stakeholders. A atividade de investimentos tem por objetivo determinar como estes ativos serão estabe- lecidos e como o valor será gerado ao longo do tempo. No entanto, as empresas não existem ape- nas para maximizar o valor para seus acio- nistas. Na sociedade atual, as empresas começam a compreender que devem gerar resultados positivos para todos os stakehol- ders envolvidos. Os clientes esperam um determinado valor ao adquirir seus produtos, os funcionários esperam atingir seus objetivos pessoais ao trabalhar para a empresa, a sociedade espera uma postura ética e responsável. Enfim, as empresas que não conseguirem compreender esta dinâmica, cada vez mais enfrentarão desafios para sua existência no futuro. Link Instituto Endeavor destaca a importância dos stakeholders. ENDEAVOR BRASIL. Stakeholders: eles devem ser engajados com o seu negócio. Endeavor Brasil. 21 jul. 2015. Internet. Disponí- vel em: <https://endeavor.org.br/stakehol- ders/>. Acessado em: 04 out. 2017. https://endeavor.org.br/stakeholders/ https://endeavor.org.br/stakeholders/ Unidade 1 • Métodos de avaliação de investimentos9/220 Sendo assim, não podemos avaliar a gera- ção de valor apenas na perspectiva finan- ceira. Para trazer visão integrada para as empresas, Elkington (2012) propôs o mode- lo do triple bottom line, que sustenta que as empresas irão gerar valor em três eixos: fi- nanceiro, social e ambiental. Nesta discipli- na iremos avaliar os investimentos corpora- tivos no eixo de geração de valor financeiro, mas lembrando sempre que o equilíbrio de longo prazo será atingido quando os três ei- xos forem contemplados. Os investimentos corporativos são as ati- vidades relacionadas à determinação de como serão implementados os ativos da empresa, para geração de fluxos de caixa futuros, buscando remunerar e gerar valor para seus stakeholders. A seleção dos pro- jetos de investimento se dará por processos estruturados denominados avaliação de in- Para saber mais O single bottom line é representado pelo lucro das empresas e mede apenas o resultado financeiro. O modelo do triple bottom line busca incluir no lucro das empresas os resultados gerados nos três eixos: financeiro, social e ambiental. Um ne- gócio que consiga gerar valor nestes três eixos é denominado sustentável. Unidade 1 • Métodos de avaliação de investimentos10/220 vestimentos, que estudaremos adiante. 1.1 Investimentos corporativos Os investimentos corporativos são a aquisi- çãode ativos para a geração de fluxo de cai- xa futuro. Uma boa análise de investimentos irá identificar os projetos capazes de gerar o maior retorno possível, com o menor risco, incluindo aí os riscos sociais e ambientais. Uma vez selecionada e determinada a via- bilidade de um investimento, será necessá- rio determinar as fontes de financiamentos, que podem ser equity ou dívida. 1.2 O valor do dinheiro no tem- po O conceito do valor do dinheiro no tempo está atrelado à sua utilidade. A utilização de um valor monetário no momento atual permitirá a realização de uma necessidade Link A relação risco / retorno pode viabilizar projetos de ferrovias. BRASIL. Governo eleva taxa de retor- no para projetos em ferrovias. Governo do Brasil. 23 nov. 2015. Internet. Disponível em: <http:// www.brasil.gov.br/economia-e-empre- go/2015/11/governo-eleva-taxa-de-retor- no-para-projetos-em-ferrovias>. Acessado em: 04 out. 2017. Unidade 1 • Métodos de avaliação de investimentos11/220 imediata, mas um indivíduo pode adiar a realização desta necessidade, caso receba uma remuneração adicional. Da mesma for- ma, para receber imediatamente um valor monetário que estaria disponível no futuro, é esperado receber um valor menor e assim adiantar a realização de uma necessidade. Desta forma, percebemos que um fluxo mo- netário terá seu valor dependente do mo- mento que será recebido e poderemos cal- cular as equivalências entre receber este fluxo no momento atual ou no momento futuro. A esta valorização damos o nome de valor do dinheiro no tempo. Em projetos de investimento corporativo, existirão desembolsos e recebimentos que acontecerão em momentos distintos ao longo do tempo, portanto os valores serão impactados devido ao valor do dinheiro no tempo. Para uma empresa receber um fluxo em 10 anos terá um impacto completamen- te distinto de receber o mesmo fluxo dentro de 10 meses. Para saber mais O conceito de “utilidade” está associado à satis- fação que obtemos ao utilizar ou consumir algo. No ramo da Microeconomia, a análise da variação da utilidade permite explicar padrões de compor- tamento e consumo. Unidade 1 • Métodos de avaliação de investimentos12/220 As técnicas de análise de investimentos po- dem ser complexas, mas existem métodos de análise que simplificam as condições e não consideram o valor deste dinheiro no tempo, por exemplo, o Return on Investment (ROI) e o Payback. Por outro lado, existem métodos que utili- zam hipóteses mais complexas que visam não só contemplar o valor do dinheiro no tempo, mas capturar elementos de riscos, prazos, entre outros. Os métodos que utili- zam o valor do dinheiro no tempo mais uti- lizados são o Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR). Iremos apren- der sobre todos eles! 2. Métodos não vinculados Ao valor do dinheiro no tempo Os métodos que não utilizam o valor do di- nheiro no tempo podem ser facilmente apli- cados e permitem uma avaliação rápida do projeto, mas contam com limitações que serão analisadas adiante. 2.1 ROI O ROI ou Retorno sobre Investimento é uma métrica simples que mede o valor do retor- no obtido sobre o investimento realizado. A seguir apresentamos a fórmula geral para cálculo do ROI e dois casos para análise: Unidade 1 • Métodos de avaliação de investimentos13/220 Caso 1: Um projeto que terá um valor de investimen- to total de R$ 1.000.000,00 e irá gerar men- salmente um fluxo de R$ 50.000,00 durante 50 meses (retorno total de R$ 2.500.000). Utilizando a equação para cálculo de ROI, teremos: Caso 2: Um projeto que terá um valor de investi- mento total de R$ 50.000,00 e irá gerar trimestralmente um fluxo de R$ 25.000,00 durante cinco períodos (retorno total de R$ 125.000). Utilizando a equação para cálculo do ROI, teremos: Em ambos os casos o valor de ROI será de 1,5. Isoladamente não é possível dizer se é muito, pouco ou adequado. Deve-se levar em conta a realidade da empresa que irá re- alizar este investimento e a possível carteira de comparação dos investimentos alterna- tivos. Além disso, não é possível diferenciar os projetos. Qual será mais interessante para a empresa? Qual terá o menor risco de causar impactos negativos para a imagem da empresa? Qual será mais factível? O ROI possui limitações por não considerar Unidade 1 • Métodos de avaliação de investimentos14/220 o valor do dinheiro no tempo. Um fluxo no curto prazo não terá o mesmo valor que um fluxo no longo prazo. Porém pode ser utili- zado para comparar diversos investimentos e é de fácil implementação. O ROI é interessante para comparar uma carteira de projetos, mas devido a suas limi- tações não é amplamente utilizado na ava- liação de projetos. 3.2 Técnica de Períodos de Payback O período de payback ou tempo para payba- ck é um indicador do prazo necessário para que o investimento gere retornos (fluxos de caixa) suficientes para cobrir o valor total in- vestido. Link Veja nesse artigo uma aplicação do payback sendo utilizado por investidores para avaliar e para sele- cionar franquias. ZUINI, Priscila. 15 franquias que custam até 100 mil reais. Exame. 13 set. 2016. Internet. Disponível em: <https://exame.abril. com.br/pme/15-franquias-que-custam-ate- -100-mil-reais/>. Acessado em: 04 out. 2017. https://exame.abril.com.br/pme/15-franquias-que-custam-ate-100-mil-reais/ https://exame.abril.com.br/pme/15-franquias-que-custam-ate-100-mil-reais/ https://exame.abril.com.br/pme/15-franquias-que-custam-ate-100-mil-reais/ Unidade 1 • Métodos de avaliação de investimentos15/220 O payback pode ser calculado utilizando três métodos. O primeiro método utiliza o fluxo médio do projeto, já o segundo método utiliza o fluxo efetivo. Conforme veremos adiante, estas me- todologias não consideram o valor dos fluxos no tempo, para contornar este inconveniente foi proposto um terceiro método, que utiliza fluxos descontados. A seguir serão analisados os três métodos de cálculo, suas aplicações e restrições. 3.2.1 Payback utilizando fluxo médio e fluxo efetivo Para cálculo do payback considere as seguintes alternativas de investimentos, apresentadas na Tabela 1: Tabela 1 - Alternativas de Investimentos Alternativa Investimento Fluxo de Caixa Ano 1 Ano 2 Ano 3 A 800.000 600.000 200.000 100.000 B 800.000 300.000 300.000 300.000 Fonte: Cristiano Machado (2017) Unidade 1 • Métodos de avaliação de investimentos16/220 Alternativa A: Utilizando o fluxo médio o payback ocorrerá no Ano 3, pois neste momento a somatória dos períodos 1, 2 e 3 dará 900.000, que pa- gará o investimento inicial. Utilizando o fluxo efetivo o payback ocor- rerá no Ano 2, pois a somatória do fluxo 1 (600.000) e do fluxo 2 (200.000) pagará o investimento inicial. Alternativa B: Esta alternativa também terá um investi- mento de 800.000, mas como os fluxos são constantes no valor de 300.000, o fluxo mé- dio e o fluxo efetivo serão iguais. Neste caso o payback ocorrerá no Ano 3. Analisando os dois métodos, vemos que a utilização do fluxo médio irá distorcer a ge- ração de valor na Alternativa A, fazendo que o payback ocorra no Ano 3. Devido a estas distorções, o método de fluxo médio é pou- co utilizado. Ao compararmos o payback utilizando o flu- xo efetivo, vemos que a Alternativa A terá um payback menor que a Alternativa B. Em uma avaliação de investimentos utili- zando apenas este critério, o projeto de me- nor payback seria escolhido, pois este repre- senta o tempo que o investidor estaria com seu capital comprometido com o projeto. No entanto, cada empresa deverá determi- Unidade 1 • Métodos de avaliação de investimentos17/220 nar qual a tolerância ou expectativa de payback para seus projetos. O prazo deverá ser confron- tado com os prazos esperados para projetos semelhantes na empresa, só assim será possível aceitar ou rejeitar um investimento. Para saber mais A expectativa de payback para uma empresa está relacionada ao seu perfil de riscos, entre outrosele- mentos. Empresas mais capitalizadas e com maior tolerância a riscos podem aceitar projetos de payback mais longos. Unidade 1 • Métodos de avaliação de investimentos18/220 Uma forma alternativa de entender o payback, é sua associação aos potenciais riscos dos pro- jetos. Ao conseguir o retorno de seu capital no menor prazo, a empresa estará menos exposta a riscos potenciais e às incertezas associadas às estimativas dos fluxos de caixa. Uma das limitações desta técnica para análise de investimentos está no fato de o payback não levar em consideração o que ocorrerá após o tempo para retorno do capital. Caso a Alternativa B apresentasse fluxos adicionais ao longo do tempo, tornando seu fluxo total maior, como pode- mos ver na Tabela 2, não haveria impacto no payback e a Alternativa A continuaria saindo ven- cedora. Tabela 2 - Alternativas de Investimentos com Fluxo Expandido Alternativa Investimento Fluxo de Caixa Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 A 800.000 600.000 200.000 100.000 0 0 B 800.000 300.000 300.000 300.000 300.000 300.000 Fonte: Cristiano Machado (2017) Outra limitação apontada nesta técnica está no fato de que o cálculo despreza os valores dos fluxos individuais. Explicando melhor, tomando a Alternativa A como exemplo, caso os fluxos 1 e 2 fossem invertidos, o payback permaneceria o mesmo. Porém, como vimos, os projetos com fluxos maiores mais rápidos estarão menos sujeitos a riscos e incertezas. Unidade 1 • Métodos de avaliação de investimentos19/220 Adicionalmente, conforme foi comentado anteriormente, o payback não leva em con- sideração o valor dos fluxos no tempo. A adaptação que veremos a seguir busca con- tornar esta limitação. 3.3 Payback descontado O payback descontado utiliza o conceito de valor do dinheiro no tempo. Para ajustar os fluxos gerados pelo investimento será uti- lizada uma taxa de desconto determinada pela empresa para o tipo de projeto espe- cífico. 3.3.1 Cálculo do valor de um flu- xo no tempo: Um fluxo monetário terá um valor relativo no tempo. De maneira geral, para trazer um fluxo futuro para o momento presente utili- zamos a fórmula: Onde: Tx = Taxa de desconto em valores per- centuais e n = número de períodos. Conforme podemos ver na Figura 1, um flu- xo de 120 no Momento 1 será igual a um fluxo de 100 no Momento 0, dada uma taxa de desconto de 20%. Unidade 1 • Métodos de avaliação de investimentos20/220 Figura 1 - Valor do fluxo no tempo Fonte: Cristiano Machado (2017) Para calcular o valor no Momento zero de um fluxo de 120 que está no Momento 2, teremos: Unidade 1 • Métodos de avaliação de investimentos21/220 3.3.2 Cálculo do Payback descontado Para cálculo do payback descontado, os fluxos futuros são descontados para o mesmo momento em que o investimento será realizado. Desta forma será possível utilizar os diversos fluxos, sem os impactos gerados pala variação do tempo. Vamos calcular o payback descontado, para os fluxos da Alternativa B apresentados anterior- mente na Tabela 2, considerando uma taxa de desconto para a empresa de 10%: Tabela 3 - Cálculo do Payback descontado Valor fluxo Taxa Desconto Valor Corrigido Período de Payba- ck 0 -800.000 (1,10)0 -800.000 1 300.000 (1,10)1 272.727 2 300.000 (1,10)2 247.933 3 300.000 (1,10)3 225.394 4 300.000 (1,10)4 204,904 <=Payback 5 300.000 (1,10)5 186.276 Fonte: Cristiano Machado (2017) A Tabela 3 apresenta os ajustes necessários para efetuar o cálculo. Podemos ver que o payback foi atingido no Ano 4, comparativamente com o payback anterior que foi atingido no Ano 3. O payback descontado reconhece que receber um fluxo no futuro tem um valor distinto de rece- Unidade 1 • Métodos de avaliação de investimentos22/220 ber um fluxo no momento atual, por isto o tempo de payback será diferente. No entanto, permanece a restrição em relação aos fluxos após o momento que se atinge o payba- ck. Neste caso, mesmo que o projeto apresentasse fluxos adicionais nos anos 6, 7 e 8, eles não impactariam a avaliação final. Unidade 1 • Métodos de avaliação de investimentos23/220 Glossário Stakeholder: Termo em inglês que pode ser traduzido por “parte interessada”. Este termo é utili- zado para determinar todos os públicos que possuem algum interesse relacionado a uma empre- sa ou negócio, como funcionários, clientes, acionistas, etc. Equity: Termo em inglês que significa participação acionária. Um investimento que utiliza equity como forma de financiamento terá sócios com participação acionária e não credores. Payback: Termo em inglês que pode ser traduzido por “pagar de volta”. Questão reflexão ? para 24/220 Identifique um investimento que você tenha realizado recentemente e determine como aplicaria as técnicas de ROI, payback e payback descontado na análise deste investimento. Descreva as dificuldades e os potenciais benefícios que você teria para sua aplicação. 25/220 Considerações Finais • A geração de valor de uma empresa está atrelada à utilização de seus ativos. Esta geração deve contemplar todos os stakeholders da empresa, para ga- rantir sua continuidade no longo prazo. • Para determinar como seus ativos serão estabelecidos, a empresa deve uti- lizar técnicas de avaliação de investimentos em busca de maximizar os re- tornos nos eixos financeiros, sociais e ambientais. • Nesta disciplina iremos estudar técnicas de análise de investimentos com foco nos resultados financeiros, porém compreendendo a necessidade de buscar o resultado nos três eixos. • Analisamos as técnicas ROI e Payback, buscando identificar sua aplicação, bem como as limitações e restrições de utilização. Unidade 1 • Métodos de avaliação de investimentos26/220 Referências ASSAF NETO, Alexandre. Finanças Corporativas e Valor. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. BREALEY, Richard; MYERS, Stewart; ALLEN, Franklin. Princípios de finanças corporativas. 10. ed. São Paulo: AMGH Editora Ltda., 2013. ELKINGTON, J. Sustentabilidade: canibais de garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil, 2012. 27/220 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Métodos de Avaliação de Inves- timentos. Bloco I Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/0bce845411bba59619e42644c6cb8dde>. Aula 1 - Tema: Métodos de Avaliação de Investi- mentos. Bloco II Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 7237faeecab86b7242944406cbb50d21>. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/0bce845411bba59619e42644c6cb8dde https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/0bce845411bba59619e42644c6cb8dde https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/0bce845411bba59619e42644c6cb8dde https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/7237faeecab86b7242944406cbb50d21 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/7237faeecab86b7242944406cbb50d21 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/7237faeecab86b7242944406cbb50d21 28/220 1. Uma empresa com visão de longo prazo deve buscar maximizar: a) O retorno financeiro de seus investimentos b) O lucro para seus acionistas c) Os retornos financeiro, social e ambiental de seus investimentos d) O número de investimentos e) O seu custo de capital Questão 1 29/220 2. Assinale a alternativa que apresenta técnicas de análise de investimen- tos que levam em conta o valor do dinheiro no tempo: a) ROI, VPL b) Payback e ROI c) TIR e VPL d) Payback e TIR e) Payback e VPL Questão 2 30/220 3. Calcule o ROI de um investimento de 1.000 que gera um resultado de 3.000. a) 3,0 b) 0,33 c) 0,50 d) 1,00 e) 2,00 Questão 3 31/220 4. Uma das vantagens do uso do Payback é: a) Não ser afetado pelos riscos do projeto b) Sua fácil utilização c) Utilizar o fluxo total do projeto em seu cálculo d) Consideraro valor do dinheiro no tempo e) Ser sensível à ordem dos fluxos posteriores ao prazo de payback Questão 4 32/220 5. Calcule o fluxo presente de um fluxo futuro de 240 utilizando uma taxa de desconto de 20% e com 1 período de tempo. a) 200 b) 12 c) 192 d) 220 e) 120 Questão 5 33/220 Gabarito 1. Resposta: C. As empresas devem buscar resultados no triple bottom line. 2. Resposta: C. A TIR, o VPL e o Payback descontado levam em consideração o valor do dinheiro no tempo. 3. Resposta: E. ROI = (3.000 – 1.000) / 1.000 = 2,00. 4. Resposta: B. O payback é de fácil implementação. 5. Resposta: A. 34/220 Unidade 2 Métodos de avaliação de investimentos: TIR e VPL Objetivos 1. Analisar a estrutura do fluxo de caixa a ser utilizado na análise de investi- mentos. 2. Apresentar as técnicas da análise de investimentos VPL, TIR e TIR modifi- cada. 3. Analisar a aplicação das técnicas descritas, com suas vantagens e limi- tações. Unidade 2 • Métodos de avaliação de investimentos: TIR e VPL35/220 Introdução A análise de investimentos exige a mode- lagem financeira das alternativas a serem analisadas. Quando falamos de negócios já conhecidos e estabelecidos, as incertezas nestas modelagens e previsões de fluxos fi- nanceiros são menores, mas em novos ne- gócios, com mercados incertos, a elabora- ção será um desafio. Uma vez que os fluxos financeiros estão determinados, existem técnicas que levam em conta os valores e a distribuição destes fluxos no tempo. Neste Tema vamos anali- sar duas técnicas, o Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR). O VPL busca identificar o valor gerado pelo investimento, assumindo uma taxa de des- conto para o tipo de investimento. Desta forma, ao utilizar este método, um investi- dor terá uma expectativa de resultados po- sitivos ou negativos, para seu investimento, utilizando sua taxa de desconto. Já a TIR será utilizada para indicar qual a taxa que o investimento irá gerar ao longo de sua vida útil. Desta forma, o investidor poderá avaliar comparativamente o investimento frente às demais alternativas que possui. Ambos os métodos são amplamente utili- zados, mas possuem limitações que devem ser entendidas. Sendo assim, o domínio destas técnicas, bem como o entendimento de suas aplicações e limitações, serão fun- damentais para uma avaliação efetiva das alternativas de investimentos. Unidade 2 • Métodos de avaliação de investimentos: TIR e VPL36/220 1. O fluxo de caixa e análise de investimentos Nesta unidade iremos estudar os métodos que levam em conta o valor no tempo dos fluxos financeiros de uma alternativa de investimentos. Um dos elementos funda- mentais para permitir uma avaliação confi- ável será a capacidade de identificar corre- tamente os fluxos financeiros previstos para as propostas de investimentos em análise. Conforme Assaf Neto (2009) destaca, no processo de análise de investimentos, não basta analisar valor total dos fluxos futu- ros, mas será necessário identificar como eles ocorrerão ao longo do tempo. Compa- rativamente, não basta saber se um inves- timento renderá um determinado retorno, mas será a forma como este retorno se dará ao longo do tempo que determinará qual investimento será selecionado. A identificação destes fluxos se dará no le- vantamento do fluxo de caixa do projeto. Esta etapa é chamada de Financial Modeling e corresponde a uma avaliação do negócio e identificação de todas as entradas e saí- das de recursos. Para saber mais O Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC) das em- presas é um relatório que apresenta os fluxos fi- nanceiros em três grupos: Fluxos Operacionais, Fluxos Financeiros e Fluxos de Investimentos. A soma destes três fluxos será o fluxo de caixa da empresa. Unidade 2 • Métodos de avaliação de investimentos: TIR e VPL37/220 O fluxo de caixa normalmente não irá coincidir com o resultado contábil da empresa, conforme destaca Assaf Neto: O conceito de fluxo de caixa utilizado para análise de investimentos assume que todas as mo- vimentações de caixa, decorrentes da alternativa em análise, serão quantificadas, incluindo aí itens como o Imposto de Renda (IR). O conceito de fluxo de caixa, conforme é conhecido, não coincide nor- malmente com o resultado contábil da empresa, apurado pelo regime de competência. Enquanto o fluxo de caixa é mensurado de acordo com as efetivas movimentações de todas as entradas e saídas de fundos da empre- sa, o lucro contábil é mensurado por competência, não incorporando em seus cálculos determinados dispêndios não desembolsáveis (depreciação, por exemplo) e algumas saídas de caixa que não se constituem rigorosa- mente em despesas (amortização de principal de dívidas, por exemplo)” (2009, p. 358). Unidade 2 • Métodos de avaliação de investimentos: TIR e VPL38/220 Desta forma, os investimentos serão anali- sados com base em seus fluxos de caixa no lugar dos lucros contábeis. Isto se dá, pois, a utilização efetiva dos fluxos de caixa per- mitirá que a empresa realize investimentos, pague suas dívidas e distribua dividendos. 1.1 Como elaborar o Fluxo de Caixa A estruturação do fluxo de caixa do investi- mento a ser analisado exige conhecimento do negócio. Isto possibilitará a identifica- ção correta das premissas que impactarão as saídas de caixa, bem como as premissas de mercado que impactarão as entradas de caixa. Na análise de investimentos utilizamos flu- xos de caixa incrementais. Isto é, apenas os fluxos que serão decorrentes do investi- mento. Desta forma, os custos já existentes que não foram alterados com a entrada do investimento não serão relevantes para a análise. Como exemplo, podemos tomar um investimento em ampliação da capacidade instalada de uma fábrica, que não acarre- tará em aumento de aluguel. Neste caso, o custo do aluguel atual não entraria no fluxo incremental. Por outro lado, as sinergias e efeitos cola- terais do investimento deverão entrar como elementos de análise do fluxo. Unidade 2 • Métodos de avaliação de investimentos: TIR e VPL39/220 Assaf Neto (2009) destaca que os principais elementos que irão compor o fluxo de caixa para o investimento serão: Desembolsos e investimentos iniciais: De- sembolsos destinados a gerar resultados futuros. São saídas de caixa. Receitas operacionais: Incrementos de ven- das atribuídas ao novo projeto. São entra- das de caixa. Custos e despesas operacionais: Custos e despesas adicionais resultantes do proje- to. São saídas de caixa. Quando os projetos resultam em maior eficiência da empresa e reduzem os custos, o fluxo será positivo. Despesas não desembolsáveis e IR: As des- pesas não desembolsáveis, por exemplo, depreciação, afetam o valor a ser pago de IR, mas não são consideradas no fluxo, por não afetarem o caixa da empresa. Para saber mais Em projetos de aquisição, as sinergias e efeitos colaterais podem viabilizar a efetivação do negó- cio, no entanto, muitas vezes estes valores são su- perestimados nos fluxos futuros, o que torna sua realização inviável. Unidade 2 • Métodos de avaliação de investimentos: TIR e VPL40/220 Vendas de ativos: Em alternativas de inves- timentos com vendas de ativos, o fluxo de caixa do projeto deverá somar estas movi- mentações. Uma venda será um fluxo posi- tivo e uma aquisição de ativo gera um fluxo negativo. 1.2 Exemplo de fluxo de caixa A Tabela 1 apresenta uma alternativa de in- vestimentos proposta por Assaf Neto (2009) com as seguintes características: a) Investimento total de $500.000 a se- rem aplicados integralmente no mo- mento zero. Capital de Giro de 20% do investimento e 80% em ativos. O ca- pital de giro será recuperado ao final do projeto. b) Duração do projeto: 5 anos. O valor re- sidual dos ativos será nulo. c) Alíquota incremental de IR é de 40%. Para saber mais A depreciação pode ser definida como a perda de valor de um bem ou ativo devido a seu uso. Con- tabilmente a depreciação é registrada comoum percentual do valor financeiro do ativo. Será des- contada periodicamente dos resultados da em- presa e não se trata de um desembolso financeiro, já que o desembolso foi realizado na aquisição do bem. Unidade 2 • Métodos de avaliação de investimentos: TIR e VPL41/220 Tabela 1 – Alternativa de Investimentos ($ 000) Valores Incrementais Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Receita de Vendas 1.300 1.500 1.800 2.400 3.200 Custo de Produção (CPV) 700 850 980 1.150 1.500 Despesas Operacionais (Vendas e Administração) 280 350 420 490 620 Fonte: ASSAF NETO (2009, p. 366) Podemos ver que a Tabela 1 apresenta os fluxos incrementais de receitas e custos. Será necessá- rio identificar os valores de IR adicional e despesas não reembolsáveis (depreciação). Unidade 2 • Métodos de avaliação de investimentos: TIR e VPL42/220 1.2.1 Cálculo da depreciação O ativo adquirido será consumido em cinco anos e corresponderá a 80% do valor de in- vestimento. Podemos calcular: 1.2.1 Cálculo do Fluxo de Caixa A Tabela 2 apresenta o cálculo do fluxo de caixa do investimento. Ao analisar a tabela, tenha em mente os seguintes pontos: a) A depreciação irá impactar o IR, mas por não afetar os desembolsos do projeto, este valor deverá ser somado ao Lucro Líquido para cálculo do fluxo de caixa do investimento. Atenção, fi- nanceiramente este valor não saiu do caixa da empresa. b) O capital de giro de 20% do investi- mento será recuperado ao final do projeto Unidade 2 • Métodos de avaliação de investimentos: TIR e VPL43/220 Tabela 2 – Fluxo de Caixa do Investimento ($ 000) Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Receita de Vendas 1.300 1.500 1.800 2.400 3.200 Custo de Produção (CPV) (700) (850) (980) (1.150) (1.500) Lucro Bruto 600 650 820 1250 1700 Despesas Operacionais (280) (350) (420) (490) (620) Despesas de Depreciação (80) (80) (80) (80) (80) Lucro Operacional 240 220 320 680 1.000 Provisão IR (40%) (96) (88) (128) (272) (400) Lucro Líquido 144 132 192 408 600 Depreciação 80 80 80 80 80 Recuperação do Capital Giro 100 Investimento Total (500) Fluxo de caixa operacional (500) 224 212 272 488 780 Fonte: Adaptado de ASSAF NETO (2009, p. 368) Unidade 2 • Métodos de avaliação de investimentos: TIR e VPL44/220 A seguir estudaremos os métodos de análi- se de investimentos Valor Presente Líquido e Taxa Interna de Retorno e sua aplicação no fluxo de caixa apresentado na Tabela 2. 2. Métodos de análise 2.1 Valor Presente Líquido (VPL) O VPL, ou a sigla no inglês NPV, será obtido pela diferença entre os fluxos futuros trazi- dos a valor presente e o valor total de inves- timentos. Para cálculo do valor presente dos fluxos será utilizada uma taxa de desconto, que será a taxa mínima aceita pela empresa para investimentos semelhantes. Uma for- ma simplificada de entender esta taxa é a sua comparação com a taxa que a empresa receberia para aplicar seus recursos em um outro investimento financeiro, por exem- plo, um investimento em um banco. Quanto menor a taxa de desconto, maior será o VPL e vice-versa. Existem ferramentas on-line para cálculo do VPL. Relembrando a fórmula para trazer os fluxos futuros para o valor presente: Onde T x = Taxa de desconto Unidade 2 • Métodos de avaliação de investimentos: TIR e VPL45/220 Como exemplo, vamos considerar o fluxo apresentado na Tabela 2, além disso, va- mos assumir que a empresa exija uma taxa de desconto de 20% para projetos iguais ao apresentado. O fluxo apresenta um VPL de $540.100. Este valor significa que o investimento irá gerar um valor positivo para a empresa, utilizando a taxa de desconto mínima que a empresa aceita para seus projetos. Se a empresa utilizasse uma taxa de descon- to de 60% para seus projetos, o VPL seria de: Link Link: Ferramenta para cálculo do VPL. DAILYCALCULATORS. Valor Presente Líquido Cal- culadora (VPL). Disponível em: <http://dailycal- culators.com/pt/npv-calculator>. Acesso em: 07 out. 2017. http://dailycalculators.com/pt/npv-calculator http://dailycalculators.com/pt/npv-calculator Unidade 2 • Métodos de avaliação de investimentos: TIR e VPL46/220 Neste caso, o investimento apresentaria um VPL de -$61.930 Isto significa que o investi- mento irá destruir valor para a empresa. 2.1.1 Limitações do VPL O VPL tem como pressuposto que a empre- sa conseguirá reinvestir cada fluxo futuro na mesma taxa de desconto utilizada para seu cálculo. Desta forma, um VPL positivo se realizará somente se a empresa conseguir efetivamente fazer os reinvestimentos. Além disso, o VPL exige uma taxa de des- conto determinada pela empresa e em al- guns casos pode ser difícil determinar exa- tamente qual valor deve ser exigido de pro- jetos com riscos distintos. 2.2 TIR No cálculo do VPL podemos ver que depen- dendo da taxa utilizada tivemos um valor numérico, que foi de positivo para negativo. Em nosso caso específico, variando a taxa de desconto teremos os resultados apre- sentados no Gráfico 1: Fonte: Cristiano Machado (2017) Unidade 2 • Métodos de avaliação de investimentos: TIR e VPL47/220 É possível identificar no gráfico um ponto onde o VPL será igual a zero. A esta taxa damos o nome de Taxa Interna de Retorno (TIR) ou em inglês IRR. De forma conceitual a TIR é definida como: Em nosso fluxo a TIR seria calculada como: O método de taxa interna de retorno representa, (...), a taxa de desconto que iguala, em determinado momento (geralmente usa-se a data de início do investimento – momento zero), as entradas com as saídas previstas de caixa” (ASSAF NETO; 2009, p 378). Unidade 2 • Métodos de avaliação de investimentos: TIR e VPL48/220 Para cálculo da TIR é necessário utilizar uma calculadora financeira ou algum apoio para o cálculo interativo. A TIR pode ser entendida como a taxa de retorno que a empresa poderá esperar, ao realizar este investimento. É muito utilizada, por exemplo, em projetos de infraestrutura. Link Veja um exemplo de uma empresa que utiliza a TIR para avaliar projetos em PRNEWSWIRE. American Capital Energy & Infrastructure anuncia a venda de quatro investimentos em energia com uma taxa interna de retorno (TIR) de 18,1% e múltiplo do capital investido (MOIC) de 1,32x. Exame. In- ternet. 10 nov. 2016. Disponível em: https://exa- me.abril.com.br/negocios/releases/ameri- can-capital-energy-infrastructure-anuncia- -a-venda-de-quatro-investimentos-em-e- nergia-com-uma-taxa-interna-de-retorno- -tir-de-181-e-multiplo-do-capital-investi- do-moic-de-132x/. Acesso em: 24 nov. 2017. Link Link: Existem calculadoras on-line que calculam a TIR. CALCULATESTUFF. Calculadora de Taxa Interna de Retorno. Disponível em: <https://pt-br.calcula- testuff.com/financial/irr-calculator>. Acesso em: 07 out. 2017. https://exame.abril.com.br/negocios/releases/american-capital-energy-infrastructure-anuncia-a-venda-de-quatro-investimentos-em-energia-com-uma-taxa-interna-de-retorno-tir-de-181-e-multiplo-do-capital-investido-moic-de-132x/ https://exame.abril.com.br/negocios/releases/american-capital-energy-infrastructure-anuncia-a-venda-de-quatro-investimentos-em-energia-com-uma-taxa-interna-de-retorno-tir-de-181-e-multiplo-do-capital-investido-moic-de-132x/ https://exame.abril.com.br/negocios/releases/american-capital-energy-infrastructure-anuncia-a-venda-de-quatro-investimentos-em-energia-com-uma-taxa-interna-de-retorno-tir-de-181-e-multiplo-do-capital-investido-moic-de-132x/ https://exame.abril.com.br/negocios/releases/american-capital-energy-infrastructure-anuncia-a-venda-de-quatro-investimentos-em-energia-com-uma-taxa-interna-de-retorno-tir-de-181-e-multiplo-do-capital-investido-moic-de-132x/ https://exame.abril.com.br/negocios/releases/american-capital-energy-infrastructure-anuncia-a-venda-de-quatro-investimentos-em-energia-com-uma-taxa-interna-de-retorno-tir-de-181-e-multiplo-do-capital-investido-moic-de-132x/ https://exame.abril.com.br/negocios/releases/american-capital-energy-infrastructure-anuncia-a-venda-de-quatro-investimentos-em-energia-com-uma-taxa-interna-de-retorno-tir-de-181-e-multiplo-do-capital-investido-moic-de-132x/https://exame.abril.com.br/negocios/releases/american-capital-energy-infrastructure-anuncia-a-venda-de-quatro-investimentos-em-energia-com-uma-taxa-interna-de-retorno-tir-de-181-e-multiplo-do-capital-investido-moic-de-132x/ https://pt-br.calculatestuff.com/financial/irr-calculator https://pt-br.calculatestuff.com/financial/irr-calculator Unidade 2 • Métodos de avaliação de investimentos: TIR e VPL49/220 2.2.1 Limitações da TIR Nem sempre é possível identificar uma úni- ca TIR. É possível termos os seguintes casos: Uma única TIR, múltiplas taxas, nenhuma taxa. Nos dois últimos casos a preferência é utilizar o método do VPL. Assim como o VPL, a TIR assume que todos os fluxos futuros são aplicados a uma taxa, neste caso esta taxa de reinvestimento é a própria TIR. Esta premissa nem sempre é factível, dado que a empresa pode não ter esta alternativa para reinvestir. Neste caso utiliza-se a TIR Modificada, como veremos a seguir. 2.3 TIR Modificada Em nosso caso de estudo identificamos o seguinte valor para a TIR: TIR = 52% No entanto, caso a empresa não consiga re- aplicar cada um dos fluxos a esta taxa, o re- sultado para a empresa será diferente desta taxa. Como exemplo, vamos assumir que a em- presa consegue reaplicar seus fluxos a no máximo 20%. Neste caso será necessário levar todos os fluxos a valor futuro na taxa determinada e calcular novamente a TIR para o novo fluxo. Unidade 2 • Métodos de avaliação de investimentos: TIR e VPL50/220 Calculando, teremos: Podemos ver que a TIR foi menor que a iden- tificada anteriormente, mas será mais pró- xima à realidade que a empresa conseguirá atingir. Questão reflexão ? para 51/220 Um analista financeiro de uma empresa de motores elétricos deve- rá montar uma análise de investimentos para a expansão de uma fábrica. Quais dados ele precisaria levantar para montar um fluxo de caixa para o investimento? Quais informações adicionais ele ne- cessitaria saber para avaliar o VPL do projeto? Após montar o fluxo de caixa do projeto, seria possível calcular a TIR? 52/220 Considerações Finais • Apresentamos o conceito de fluxo de caixa e sua importância para as técni- cas de avaliação de investimentos. • • A elaboração do fluxo de caixa exigirá a modelagem financeira do inves- timento, estimando os fluxos incrementais que este resultará. • • A análise do VPL do investimento utilizará o fluxo de caixa descrito acima. Seu valor indicará se, utilizando as taxas de desconto da empresa, o projeto resultará em geração de valor ou destruição de valor para os investidores. • • A análise da TIR do projeto permitirá determinar qual a taxa esperada para o investimento e comparar com as alternativas financeiras disponíveis para a empresa. Unidade 2 • Métodos de avaliação de investimentos: TIR e VPL53/220 Referências ASSAF NETO, Alexandre. Finanças Corporativas e Valor. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 54/220 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: Métodos de Avaliação de Investi- mentos: TIR e VPL. Bloco I Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 5f7a8ea7e6052d49b8c599a6a4fa0db1>. Aula 2 - Tema: Métodos de Avaliação de Investi- mentos: TIR e VPL. Bloco II Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ bedd5da2be2b09c685c08ccd32712cd9>. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/5f7a8ea7e6052d49b8c599a6a4fa0db1 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/5f7a8ea7e6052d49b8c599a6a4fa0db1 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/5f7a8ea7e6052d49b8c599a6a4fa0db1 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/bedd5da2be2b09c685c08ccd32712cd9 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/bedd5da2be2b09c685c08ccd32712cd9 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/bedd5da2be2b09c685c08ccd32712cd9 55/220 1. Selecione a alternativa que preenche corretamente as lacunas: O ______ normalmente _____ coincidir com o ________ da empresa. a) fluxo de caixa – irá – fluxo contábil b) balanço contábil – irá – fluxo de caixa c) fluxo de caixa – não irá – resultado contábil d) investimento financeiro – irá – fluxo de caixa e) fluxo de caixa – irá – VPL Questão 1 56/220 2. A avaliação das alternativas de investimentos se dá pelo fluxo de caixa, pois: Questão 2 a) a utilização dos fluxos permite que a empresa realize investimentos, pague suas dívidas e distribua dividendos. b) é um modelo mais simples e direto. c) leva em consideração o valor do dinheiro no tempo. d) é um modelo mais complexo. e) não existem outras alternativas. 57/220 3. A depreciação não faz parte do fluxo de caixa do investimento, pois: Questão 3 a) Não é parte contábil do investimento. b) Representa um fluxo financeiro do negócio. c) Acontece antes dos investimentos. d) Não representa um desembolso financeiro. e) Pode prejudicar negativamente o fluxo do negócio. 58/220 4. Uma empresa está avaliando dois projetos distintos, com o mesmo fluxo e o mesmo valor de investimento. Porém, o projeto 1 tem uma taxa de desconto de 20% e o projeto 2 tem uma taxa de desconto de 10%. Em relação ao VPL: Questão 4 a) Será o mesmo para os dois projetos, pois os investimentos e fluxos são iguais. b) Será maior para o projeto 1, pois tem uma maior taxa de desconto. c) Sem os valores é impossível fazer qualquer afirmação. d) Será menor para o projeto 2, pois tem uma maior taxa de desconto. e) Será maior para o projeto 2, pois tem uma menor taxa de desconto. 59/220 5. Uma empresa está avaliando um projeto de investimento. Em relação à TIR deste projeto podemos dizer que: Questão 5 a) Se for positiva, o projeto será aprovado. b) Quanto maior a TIR, mais interessante será o investimento. c) Só poderá ser avaliada em conjunto com o VPL. d) Se a TIR for menor que a taxa-alvo esperada da empresa, o projeto será aprovado. e) Quanto menor a TIR, mais interessante será o investimento. 60/220 Gabarito 1. Resposta: C. O fluxo de caixa não coincide com o resulta- do contábil. 2. Resposta: A. O fluxo que é utilizado para investimentos, pagamento de dívidas e dividendos. 3. Resposta: D. O fluxo leva em consideração apenas os mo- vimentos financeiros. 4. Resposta: E. Quanto menor a taxa, maior será o VPL.erna e também elevará sua temperatura. 5. Resposta: B. Quanto maior a TIR, mais interessante o re- torno do investimento. 61/220 Unidade 3 Relação risco e retorno de investimentos Objetivos 1. Aprender a calcular os indicadores de Re- torno Esperado, Variância e Coeficiente de Variação para investimentos. 2. Analisar a relação Risco versus Retorno de um investimento e a Curva de Indife- rença dos investidores. 3. Compreender os elementos fundamen- tais da diversificação de carteiras. Unidade 3 • Relação risco e retorno de investimentos62/220 Introdução Como vimos nos temas anteriores, os inves- tidores buscam projetos que possam maxi- mizar o retorno de seus investimentos, além disso, analisamos técnicas utilizadas para calcular o retorno destes investimentos, tais como VPL e TIR. Neste módulo vamos aprofundar nosso en- tendimento sobre como calcular o risco para um investimento, bem como analisar como se dá a relação risco versus retorno para um investidor racional. O ponto de partida de nossa análise será o estudo dos principais indicadores estatísti- cos que serão utilizados para medir o risco e o retorno médio esperado. Estudaremos os seguintes indicadores: Retorno médio espe- rado, desvio padrão, variância e Coeficiente de Variação. Estes indicadores medem o risco total, no entanto, é importante destacarmos que o risco de um investimento pode ser dividido em risco sistemático e risco diversificável, conforme estudaremos adiante.Por fim, analisaremos como o investidor que busca equilibrar sua relação risco / retorno utiliza uma carteira de investimentos diver- sificada para atingir este equilíbrio, e apre- sentaremos o conceito de Fronteira Eficien- te, que será a ferramenta utilizada para a seleção de carteiras. O domínio destes elementos permitirá uma melhor compreensão dos fundamentos uti- lizados para a decisão de investimentos. Unidade 3 • Relação risco e retorno de investimentos63/220 1. Risco e Retorno O processo de avaliação e seleção de alternativas de investimentos é realizado com incertezas em relação aos resultados que serão obtidos. Sempre que existir incerteza em relação aos retornos, podemos assumir que a decisão será tomada em um cenário de riscos. O risco pode ser entendido de várias maneiras. Para um médico, o risco pode estar associado a contrair uma doença, para um engenheiro o risco pode ser a quebra de um equipamento ou a fa- lha em uma estrutura. O risco, de forma geral, será a incerteza em relação ao resultado esperado de um determinado evento. Assaf Neto (2009) define risco como: Para saber mais Em análise de riscos, “cenários” podem ser definidos como um conjunto de ca- racterísticas ou ações que podem ocorrer no futuro e impactar um resultado. Diferentes cenários e suas probabilidades de ocorrência são estabelecidos para cálculo do risco do investimento. Unidade 3 • Relação risco e retorno de investimentos64/220 Desta forma, estatisticamente o risco pode ser definido como a “dispersão dos resultados em relação ao valor médio esperado” (ASSAF NETO, 2009; p. 218), isto quer dizer que o valor do risco é uma medida estatística relacionada à dispersão. A seguir analisaremos o cálculo do Retorno médio esperado, Desvio padrão, Variância e Coe- ficiente de Variação. Estes indicadores serão utilizados para entendermos a relação existente entre Risco e Retorno. O conceito de risco vincula-se estreitamente com o de probabilidade. Exis- te risco sempre que a probabilidade de um evento ocorrer for menor que 100%. Assim, para um contexto determinístico em que a probabilidade de um evento for de 100% (certeza total), não há risco” (ASSAF NETO, 2009; p. 217) Unidade 3 • Relação risco e retorno de investimentos65/220 1.1 Retorno médio esperado, Variância e Coeficiente de Va- riação Conforme dito anteriormente, o retorno de uma alternativa de investimento é incer- to e está atrelado a probabilidades futuras. Em eventos simples, como o lançamento de uma moeda, temos dois eventos com pro- babilidades iguais a 50%. Já em um investi- mento, teremos uma matriz de probabilida- de de resultados. A Tabela 1 apresenta uma matriz de probabilidades de retorno para um investimento: Tabela 1 - Probabilidades de Retorno Retorno Esperado ( ) Probabilidade ( ) $ 600 60% $ 650 30% $ 700 10% Fonte: Cristiano Machado (2017) A primeira coluna apresenta os potenciais retornos esperados (R k ) para três possíveis cenários, a segunda coluna apresenta a probabilidade (P k ) para cada um dos retor- nos R k . O cálculo do Retorno Médio Esperado ( ) deste investimento será a soma de cada re- torno esperado multiplicado pela sua pro- babilidade. Ao realizar este cálculo chega- remos ao seguinte resultado: Unidade 3 • Relação risco e retorno de investimentos66/220 A dispersão do resultado em relação média ( ) indicará o risco do projeto. Quanto me- nor, mais interessante será o investimento em relação ao seu risco. Podemos calcular a dispersão de duas formas: utilizando desvio padrão ( ) ou calculando a variância (VAR). A seguir apresentamos as fórmulas gerais de cálculo para os dois indicadores: Onde: = probabilidade de ocorrência do evento k = O retorno do evento k = Média dos eventos k Para o exemplo apresentado na Tabela 1, o desvio padrão será calculado aplicando a fórmula anterior, conforme indicado abaixo: O Coeficiente de Variação (CV) é um tercei- ro indicador que representa a variação ou risco por unidade de retorno. Isto é, quanto irá variar o risco com a variação do retorno médio esperado. Quanto menor, mais inte- ressante será o investimento em relação ao seu risco. O CV é calculado da seguinte for- ma: Unidade 3 • Relação risco e retorno de investimentos67/220 Em nosso exemplo o CV terá valor de: Os indicadores Retorno Médio Esperado ( ), desvio padrão ( ), VAR e CV são utiliza- dos para entendimento e cálculo da relação Risco versus Retorno de um investimento, conforme veremos a seguir. 1.2 Risco e Retorno esperados Na avaliação de alternativas de investimen- tos o risco está associado tanto a fatores conjunturais, como a fatores relativos ao próprio investimento. Podemos definir fatores conjunturais como aqueles que afetam a todos os investimen- tos de forma semelhante, como exemplo, ajustes econômicos, choques de mercado, entre outros. A este tipo de risco damos o nome de Risco Sistemático. Por outro lado, os riscos próprios ao inves- timento são aqueles que afetam exclusiva- mente o investimento em análise, não se propagando para o mercado como um todo. Podemos citar como exemplo um atraso na implantação de uma fábrica, dificuldades na gestão de uma empresa, entre outros. A este tipo de risco damos o nome de Risco Não Sistemático ou Risco Diversificável. Desta forma, o risco total será entendido como: Risco Total = Risco Sistemático + Risco Di- versificável Unidade 3 • Relação risco e retorno de investimentos68/220 O risco diversificável pode ser eliminado, ao se montar um portfólio ou carteira de inves- timentos diversificado, conforme veremos mais adiante. 1.3 Seleção de Ativos em Merca- dos Eficientes A postura de um investidor em relação ao risco será individual e não haverá uma res- posta única para os diferentes investidores, cada um deles irá selecionar seus ativos de acordo com suas preferências. Para enten- dermos como se dá esta seleção, vamos utilizar as hipóteses de Mercados Eficientes conforme descrito por Assaf Neto (2009): Hipótese a: Nenhum participante isolada- mente consegue influenciar o preço de um ativo. Hipótese b: O mercado é constituído de in- vestidores racionais, que decidem sua sele- ção de investimentos buscando maximizar os retornos frente a um determinado risco ou minimizar seu risco para um determina- do retorno. Para saber mais A hipótese de Mercados Eficientes postula que os mercados são eficientes em relação à informação, isto é, os preços do mercado sempre incorporam e refletem todas as informações relevantes e as- sim são sempre valores “justos”. Esta hipótese foi desenvolvida por Eugene Fama e é a base para muitas das teorias financeiras modernas, embora seja controversa. Unidade 3 • Relação risco e retorno de investimentos69/220 Hipótese c: Todas as informações do merca- do são acessíveis instantaneamente e gra- tuitamente por todos. Hipótese d: Todos os agentes têm acesso equivalente a fontes de crédito. Hipótese e: Os ativos do mercado são nego- ciados em valores e quantidades livremen- te. Hipótese f: As expectativas dos investidores são homogêneas em relação às perspecti- vas futuras. Estas hipóteses são simplificações que nos permitem elaborar teorias gerais. Existem vários questionamentos em relação às sim- plificações adotadas, mas o importante é compreendermos as aplicações e limita- ções das teorias que surgem a partir destas hipóteses. 1.4 Curva de Indiferença Conforme descrito anteriormente, em nos- sa análise assumimos a hipótese de que os investidores são racionais e o mercado efi- ciente. Estes investidores irão selecionar seus ativos para maximizar seus resultados ou utilidade econômica. Para saber mais Uma corrente da economia chamada Finanças Comportamentais identificou que os investido- res possuem padrões de comportamento que fogem à hipótese de investidor racional. Esta corrente tem como expoente Daniel Kahneman, que ganhou o Prêmio Nobel por seu trabalho em Finanças Comportamentais.Unidade 3 • Relação risco e retorno de investimentos70/220 Desta forma, existirá uma curva que representa a utilidade (ou satisfação) relacionada às di- versos combinações de quantidade de determinados produtos, que será denominada Curva de Indiferença. A Figura 1 representa as curvas de indiferença para um investidor racional, com três alternativas de investimentos: A, B e C. Simplificamos as opções utilizando apenas dois ativos financeiros. Figura 1 - Curva de Indiferença Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2009, p. 233) Unidade 3 • Relação risco e retorno de investimentos71/220 As curvas R1, R2 e R3 representam as di- versas curvas de indiferença para um in- vestidor. O investidor terá o mesmo nível de satisfação (indiferença na escolha) para os investimentos que se encontram em uma mesma curva, ou seja, independentemente da proporção dos ativos, desde quando se aumente um se diminui o outro. Por outro lado, o investidor sempre preferirá uma quantidade maior de ativos desde que isso não implique em um maior risco. As- sim será preferida a curva R3 em detrimen- to da R2 ou da R1, dado essa possuir uma quantidade maior de ativos. Desta forma, o investidor terá o mesmo ní- vel de satisfação para os investimentos B e C, pois ambos estão na mesma curva R2. Por outro lado, o investidor irá preferir o investi- mento da curva R3, pois há uma quantidade maior de ativos em soja e outro indepen- dente da combinação, pois isso gera mais satisfação a ele. Como veremos mais à frente, a Curva de In- diferença e a Fronteira Eficiente serão utili- zadas para a seleção das carteiras ideais. 2. Teoria do Portfólio Até agora falamos de ativos ou investimen- tos de uma forma individual, isto é, o inves- tidor irá alocar seus recursos em um único ativo, no entanto, conforme vimos ante- riormente, o risco de um investimento é composto por uma parcela sistêmica e uma parcela diversificável. Como veremos, será a Unidade 3 • Relação risco e retorno de investimentos72/220 composição de um portfólio que permitirá eliminar ou reduzir esta parcela de risco di- versificável. Conforme destaca Assaf Neto (2009), a ava- liação de portfólios ou carteiras de investi- mento terá três grandes etapas: Análise dos títulos: Avaliação dos títulos ou investimentos individuais, determinando seu valor e selecionando os ativos que irão compor a carteira. Análise de carteiras: Cálculo dos retornos e riscos conjunto dos ativos. Seleção de Carteiras: Identificar a melhor composição para a carteira de investimen- tos contendo os títulos selecionados, bus- cando maximizar o grau de utilidade ou sa- tisfação. 2.1 Classes de títulos A composição de carteiras pode ser feita com diversos ativos. Quando falamos de uma empresa, por exemplo, a sua carteira de investimentos pode ser composta por diversas iniciativas ou projetos de investi- mentos. No contexto desta unidade, vamos conside- rar apenas os ativos financeiros, represen- tados por títulos financeiros. Neste sentido, podemos ter os seguintes tipos de ativos: Títulos de Renda Fixa Públicos: São com- postos por títulos do tesouro nacional e compõem a dívida pública dos países, são considerados títulos de menor risco. Alguns títulos do tesouro são denominados “livre de risco”, dado o seu prazo e capacidade de Unidade 3 • Relação risco e retorno de investimentos73/220 pagamento quase irrestrita dos governos, dado que em última instância estes podem emitir moeda para pagar seus compromis- sos. Para investidores no Brasil os títulos do governo indexados à taxa Selic são conside- rados livres de risco. Títulos de Renda Fixa Privados: São com- postos por títulos de dívida privada (dívidas empresariais). Podem ter diferentes níveis de risco, mas em linha geral são considera- dos mais arriscados que os títulos públicos. Títulos de Renda Variável (Ações): As ações representam parte do capital das empresas, Link Taxas de negociação de títulos públicos do Te- souro Direto. BRASIL. Rentabilidade dos Títulos Públicos. Tesouro Direto. Disponível em: <http:// www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-di- reto-precos-e-taxas-dos-titulos>. Acessado em: 22 out. 2017. t Link Link: ANBIMA divulga ranking das emissões de títulos de dívida privada. ANBIMA. Renda Fixa e Híbri- dos. ANBIMA. Disponível em: <http://www.an- bima.com.br/pt_br/informar/ranking/mer- cado-de-capitais/mercado-domestico-ren- da-fixa-e-hibridos.htm>. Acessado em: 22 out. 2017. http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto-precos-e-taxas-dos-titulos http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto-precos-e-taxas-dos-titulos http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto-precos-e-taxas-dos-titulos http://www.anbima.com.br/pt_br/informar/ranking/mercado-de-capitais/mercado-domestico-renda-fixa-e-hibridos.htm http://www.anbima.com.br/pt_br/informar/ranking/mercado-de-capitais/mercado-domestico-renda-fixa-e-hibridos.htm http://www.anbima.com.br/pt_br/informar/ranking/mercado-de-capitais/mercado-domestico-renda-fixa-e-hibridos.htm http://www.anbima.com.br/pt_br/informar/ranking/mercado-de-capitais/mercado-domestico-renda-fixa-e-hibridos.htm Unidade 3 • Relação risco e retorno de investimentos74/220 são ativos de maior risco, comparados aos anteriores. Dentro desta classe podemos ter ativos com distintos níveis de risco. O principal índice do mercado de renda vari- ável no Brasil é o Índice Bovespa (Ibovespa). 2.1.1 Linha de Mercado de Ca- pitais A Linha de Mercado de Capitais (CML – Ca- pital Market Line) descreve o retorno espe- rado para os diversos ativos do mercado de capitais, conforme apresentado na Figura 2. Figura 2 - Linha de Mercado de Capitais (CML) Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2009, p. 271) O retorno R f representa o retorno do ativo livre de risco, por isto seu risco é zero. Na Hipótese de Mercado Eficiente este retorno será o mínimo que o mercado de capitais e os investidores considerarão para seus in- vestimentos. Unidade 3 • Relação risco e retorno de investimentos75/220 O ativo M apresentado na Figura 2 possui um retorno esperado de R. Observe que para seu nível de risco ( ), o investidor irá receber um retorno superior ao ativo livre de risco. A diferença (R – R f ) é denominada prêmio pelo risco de mercado. 2.2 Retorno esperado e Risco de uma carteira O retorno esperado de uma carteira será igual à média ponderada dos retornos de cada ativo individualmente. Para uma car- teira composta por n ativos, onde cada ativo possui um retorno médio de R j e uma pon- deração de W j , o retorno médio esperado ( será calculado pela seguinte fórmula de cálculo: Conforme vimos anteriormente, uma par- cela do risco total pode ser diversificada e reduzir o risco da carteira. Isto será possí- vel sempre que o risco de cada ativo não for positivamente correlacionado entre si. Na Figura 3A e 3B vemos dois ativos correla- cionados. Unidade 3 • Relação risco e retorno de investimentos76/220 Figura 3A e 3B - Retorno de dois ativos correlacionados Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2009, p. 236) A carteira apresentada na Figura 3A é com- posta por dois ativos negativamente corre- lacionados. Podemos ver que sempre que um dos ativos reduz seu retorno, o outro ativo aumenta na mesma proporção, isto irá resultar em uma variação ou risco reduzido. Já a carteira da Figura 3B é composta por dois ativos positivamente correlacionados. Como os dois ativos variam na mesma dire- ção, a variação final será ampliada. Porém, ao estabelecer uma carteira não será possível eliminar completamente o ris- co, pois na prática não é possível encontrar ativos perfeita e negativamente correlacio- nados. Unidade 3 • Relação risco e retorno de investimentos77/220 2.3 Fronteira Eficiente Para um conjunto de ativos que podem constituir uma carteira, será possível deter- minar os possíveis retornos para esta car- teira, de acordo com as possíveis propor- ções dos ativos. A Figura 4 apresenta a Fronteira Eficiente que representaas possíveis relações de ris- cos e retornos para uma carteira com três ativos. Figura 4 - Fronteira Eficiente Fonte: Assaf Neto (2009, p. 256) Na curva determinada pela linha MW es- tarão as carteiras com as maiores relações risco versus retorno, e um investidor racio- nal irá selecionar carteiras que estão nesta linha. Note que o ponto M possui o menor desvio padrão da curva e o ponto W possui o maior retorno médio esperado. Unidade 3 • Relação risco e retorno de investimentos78/220 Podemos ver na Figura 5, logo abaixo, a Fronteira Eficiente e as curvas de indiferen- ça de dois investidores, A e B. Figura 5 - Seleção de carteiras utilizando a Curva de Eficiência Fonte: Assaf Neto (2009, p. 257) O investidor B irá selecionar a carteira G, que é o ponto onde sua curva de indiferença tangencia a Fronteira Eficiente. Já o Investi- dor A possui uma curva de indiferença mais conservadora e irá selecionar uma carteira com um menor risco e retorno. Unidade 3 • Relação risco e retorno de investimentos79/220 Glossário Dispersão: Em estatística a dispersão é definida como a distribuição dos eventos, por exemplo, ao se lançar vários dardos em um quadro, eles ficarão distribuídos ou dispersos em torno de uma região determinada. Títulos Financeiros: Também denominados de Valores Mobiliários, são contratos emitidos pelo governo ou pelo setor privado e conferem a seus portadores deveres ou direitos padronizados. São divisíveis e negociáveis. Correlacionado: Em estatística a correlação é uma relação de dependência entre duas ou mais variáveis. Questão reflexão ? para 80/220 Assumir as hipóteses de Mercados Eficientes é funda- mental para o desenvolvimento das teorias de avalia- ção de risco versus retorno. Avalie quais são as limitações que cada uma delas pode trazer na elaboração do modelo de Fronteira Eficiente caso não sejam atendidas. 81/220 Considerações Finais • • Apresentamos o conceito de risco e analisamos as fórmulas de cálculo do retorno médio esperado, desvio padrão, Variância e Coeficiente de Variação, que são utilizados para cálculo do risco de um investimento. • • Discutimos o conceito de risco sistemático e risco diversificável. Detalha- mos as hipóteses de mercados eficientes, que são utilizadas para elabora- ção de teorias a respeito da relação Risco versus Retorno. • • Com base nas hipóteses de mercados eficientes, analisamos o modelo de Curva de Indiferença, para seleção de ativos. • • Apresentamos a teoria de portfólio e os principais ativos que compõem uma carteira de investimentos. • • Discutimos os impactos da correlação dos ativos de uma carteira, no cál- culo do risco desta carteira. Analisamos como a Fronteira Eficiente é utiliza- da para selecionar carteiras de investimentos. Unidade 3 • Relação risco e retorno de investimentos82/220 Referências ASSAF NETO, Alexandre. Parte IV - Risco, Retorno e Custo de Oportunidade. In: ASSAF NETO, Ale- xandre. Finanças Corporativas e Valor. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. Cap. 10 - 11. p. 216 - 264. 83/220 Assista a suas aulas Aula 3 - Tema: Relação Risco e Retorno de In- vestimentos. Bloco I Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 26360ffebedbf59f98749ddb1ff7fc6d>. Aula 3 - Tema: Relação Risco e Retorno de In- vestimentos. Bloco II Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 0fbb36a8aa66336d86709c4c24e12daf>. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/26360ffebedbf59f98749ddb1ff7fc6d https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/26360ffebedbf59f98749ddb1ff7fc6d https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/26360ffebedbf59f98749ddb1ff7fc6d https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/0fbb36a8aa66336d86709c4c24e12daf https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/0fbb36a8aa66336d86709c4c24e12daf https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/0fbb36a8aa66336d86709c4c24e12daf 84/220 1. Existe risco sempre que________de um evento ocorrer for_______. a) a probabilidade – maior que 100% b) a certeza – maior que 100% c) a chance - nula d) a probabilidade – menor que 100% e) a probabilidade – menor que zero Questão 1 85/220 2. A Variância é definida como: a) O desvio padrão elevado ao quadrado b) O Retorno médio esperado ao quadrado c) Metade do desvio padrão d) O dobro do Coeficiente de Variação e) O inverso do desvio padrão Questão 2 86/220 3. Qual é a composição do risco total de um ativo? a) Será igual ao desvio padrão b) Risco Sistemático + Risco Diversificável c) Risco do ativo + Risco do Mercado + Risco do Negócio d) Riscos tangíveis e intangíveis e) Risco Diversificável + Risco Passivo Questão 3 87/220 4. Em relação à sua curva de indiferença, um investidor priorizará: a) Os ativos que estiverem mais à direita e nas curvas mais próximas do eixo horizontal. b) Os ativos que estiverem sobre as curvas mais distantes do eixo horizontal. c) Os ativos mais indiferentes. d) Os ativos que possuírem a maior relação risco versus retorno. e) Os ativos menos indiferentes. Questão 4 88/220 5. A Fronteira Eficiente é definida como a) A fronteira onde a Curva de Indiferença não se aplica. b) A curva que representa as carteiras com as menores relações risco versus retorno de uma carteira de investimentos. c) Uma fronteira para análise de retorno de ativos. d) Uma curva para medir o risco de uma carteira de ativos. e) A curva que representa as carteiras com as maiores relações risco versus retorno de uma carteira de investimentos. Questão 5 89/220 Gabarito 1. Resposta: D. Existe risco sempre que a probabilidade de um evento ocorrer for menor que 100%. 2. Resposta: A. A Variância é igual ao quadrado do desvio padrão 3. Resposta: B. O risco total é composto por Risco Sistemá- tico + Risco Diversificável 4. Resposta: B. O investidor prioriza os investimentos que gerem maior utilidade, ou seja, os que estão mais distantes do eixo horizontal. 5. Resposta: E. A Fronteira Eficiente representa as carteiras com as maiores relações Risco versus Retor- no. 90/220 Unidade 4 Precificação de ativos Objetivos 1. Apresentar os fundamentos dos mo- delos de precificação de ativos 2. Analisar o modelo Capital Asset Pricing Model (CAPM) com suas aplicações e limitações 3. Estudar as principais características do modelo alternativo ao CAPM deno- minado Arbitrage Pricing Theory (APT) Unidade 4 • Precifi cação de ativos 89 Assista91/220 Introdução Nos temas anteriores analisamos as diver- sas técnicas utilizadas para determinar a atratividade e fazer a seleção de alternati- vas de investimentos, além disso, analisa- mos como é determinada a relação risco versus retorno e como conseguir este equi- líbrio, com a utilização de um portfólio de investimento. Um elemento importante para a gestão adequada destas carteiras será a determi- nação do retorno a ser exigido das carteiras e ativos por seus investidores. A esta tarefa damos o nome de precificação de ativos. O principal método utilizado pelo merca- do para a precificação de ativos é o Capital Asset Pricing Model (CAPM). Este método é de fundamental importância, pois permite tanto determinar o retorno exigido de uma carteira de investimentos, assim como es- tabelecer o valor do custo de capital próprio, ou custo de oportunidade. Para entender como o modelo CAPM foi de- senvolvido, retomaremos os principais fun- damentos da teoria do portfólio. Isto permi- tirá analisarmos as hipóteses que sustentam o modelo, com suas vantagens e limitações. Indo além, também apresentaremos uma metodologia complementar ao CAPM, utili- zada para determinar a precificação de ati- vos, utilizando múltiplos fatores, chamada ArbitragePricing Theory (APT). A compreensão destes modelos será funda- mental, pois permitirá posteriormente de- terminarmos o custo médio de capital das empresas e avaliar corretamente seus pro- jetos de investimento. Unidade 4 • Precifi cação de ativos 89 Assista92/220 1. Modelos de Precificação de ativos Conforme vimos nos módulos anteriores, os investidores buscam ativos e carteiras que possam maximizar a sua relação risco ver- sus retorno. Este equilíbrio será atingido utilizando-se carteiras variadas de investi- mentos, e para a gestão adequada destas carteiras serão necessárias as seguintes atividades: 1. Determinação dos ativos a serem in- vestidos 2. Precificação dos ativos e determina- ção de sua relação risco versus retorno 3. Escolha da carteira ideal Neste módulo vamos analisar modelos de precificação de ativos, que consiste na de- terminação do retorno que o mercado exige, para aceitar investir nestes ativos. A teoria de precificação de ativos denominada Ca- pital Asset Pricing Model (CAPM) é o modelo mais utilizado para determinar o retorno de um ativo ou de uma carteira de investimen- tos. Esta teoria é resultado do trabalho de vários autores com base na Teoria do Por- tfólio de Harry Markowitz. Para saber mais Harry Markowitz nasceu nos EUA e se formou em Economia na Universidade de Chicago. Foi agraciado em 1990 com o Prêmio Nobel por seu trabalho na Teoria do Portfólio. Seu trabalho in- fluenciou o desenvolvimento da teoria CAPM. Unidade 4 • Precifi cação de ativos 89 Assista93/220 A seguir vamos recordar os elementos prin- cipais da Teoria do Portfólio que vimos an- teriormente e analisar como é estruturado o CAPM, além disso, vamos apresentar suas aplicações e limitações. 1.1 Hipóteses utilizadas para cálculo do CAPM O CAPM utiliza as seguintes hipóteses em seu desenvolvimento: • Os investidores têm acesso instanta- neamente a todas as informações dis- poníveis • Os investidores são racionais e tomam suas decisões baseados na relação risco versus retorno • Não há restrições para a livre negocia- ção no mercado • Os investidores possuem percepção semelhante em relação aos ativos, formando suas carteiras com base nas mesmas expectativas • Haverá uma taxa livre de risco no mer- cado Estas hipóteses são simplificações que, se- gundo muitas linhas de estudos, não inva- lidam os resultados obtidos com o CAPM, mas é importante entender as limitações que elas colocam no modelo, conforme ve- remos mais adiante. Unidade 4 • Precifi cação de ativos 89 Assista94/220 Riscos não diversificáveis ou sistemáticos São os riscos que afetam todos os ativos do mercado. Estão neste grupo itens como os ajustes econômicos; as mudanças de legis- lação; as trocas de governo; entre outros. Estes riscos são inerentes ao sistema e a to- dos os ativos, não sendo possível determi- nar uma carteira que os anule. O CAPM irá determinar o retorno esperado de um ativo com base em seu risco sistemático, confor- me veremos a seguir. 1.3 Reta do mercado de capitais Conforme vimos no tema anterior, segundo a teoria de mercados eficientes, os investi- dores possuem uma curva para determina- ção de sua relação risco versus retorno. Esta 1.2 Estrutura de Riscos Conforme vimos anteriormente, o risco to- tal de um ativo pode ser dividido em dois grupos: Riscos diversificáveis São os riscos intrínsecos a um ativo espe- cífico, afetando apenas a sua performan- ce e não do mercado como um todo. Estão neste grupo itens como: o risco de um pro- duto de uma empresa não vender a quan- tidade esperada; o risco de um projeto não ser implantado a tempo; entre outros. Estes riscos são ditos diversificáveis, pois é pos- sível escolher uma carteira de ativos que se complementará, de forma que o risco de um ativo seja anulado ou equilibrado com o su- cesso de outro ativo. Unidade 4 • Precifi cação de ativos 89 Assista95/220 curva é chamada curva de indiferença. Os investidores sempre terão maior satisfação ao optarem por combinações de ativos com maior retorno e menor risco, independente- mente da combinação da carteira de ativos. Ao se compor uma carteira com diversos tí- tulos, podemos determinar uma curva de- nominada Fronteira Eficiente, onde se en- contram as carteiras com melhor relação risco versus retorno. As curvas de indiferença serão utilizadas para determinar as carteiras mais atrativas para os investidores. A Figura 1, a seguir, apresenta a curva de indiferença de dois in- vestidores (A e B) e a Fronteira Eficiente para uma carteira diversificada, representada pela curva MW. Note que o investidor B irá selecionar a carteira G, pois possui a melhor relação risco versus retorno para sua curva de indiferença. Link Detalhes da Teoria de Mercados Eficientes em: LOPES, Mário Amorim. Eugene Fama e a teoria dos mercados eficientes. O Insurgente. 14 out. 2013. Disponível em: <https://oinsurgente. org/2013/10/14/eugene-fama-e-a-teoria- -dos-mercados-eficientes/>. Acesso em: 28 out. 2017. https://oinsurgente.org/2013/10/14/eugene-fama-e-a-teoria-dos-mercados-eficientes/ https://oinsurgente.org/2013/10/14/eugene-fama-e-a-teoria-dos-mercados-eficientes/ https://oinsurgente.org/2013/10/14/eugene-fama-e-a-teoria-dos-mercados-eficientes/ Unidade 4 • Precifi cação de ativos 89 Assista96/220 Figura 1 - Seleção de carteiras utilizando a Fronteira Eficiente Fonte: Assaf Neto (2009, p. 257) Ao adicionarmos um ativo livre de risco nes- ta carteira, a curva de eficiência se trans- formará na Linha de Mercado de Capitais (CML), apresentada na Figura 2. A carteira em destaque M representa uma média do mercado como um todo e terá risco médio ou desvio padrão de retorno médio de R M . Figura 2 - Linha de Mercado de Capitais (CML) Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2009, p. 271) Unidade 4 • Precifi cação de ativos 89 Assista97/220 1.4 Modelo CAPM e retorno Exi- gido Conforme dito anteriormente, o modelo CAPM é utilizado para determinar o retorno exigido ( ) de um ativo ou carteira de in- vestimentos. A fórmula do CAPM será: ou Conforme apresentado na equação acima, o retorno exigido terá dois componentes: Primeiro componente: Será composto pelo retorno do ativo livre de risco ( ). Um ativo livre de risco possui o menor risco no merca- do em consideração. No mercado brasileiro os títulos do governo federal pós-fixados atrelados ao retorno da Selic são denomi- nados livre de riscos, pois são a alternati- va com menor risco e melhor rentabilidade disponível para investidores no Brasil. Para saber mais Selic é sigla para Sistema Especial de Liquidação e Custódia. Este sistema foi criado para negociar os títulos da dívida pública federal e é gerido pelo Banco Central e a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capi- tais (Anbima). A taxa Selic é a taxa média, de um período escolhido, de negociação de Letra Finan- ceira do Tesouro, que é um título pós-fixado pela taxa básica de juros. Unidade 4 • Precifi cação de ativos 89 Assista98/220 Segundo componente: Será uma parce- la chamada retorno sobre o mercado. Esta parcela é composta pelo prêmio de risco de mercado, conforme apresentado na Figura 2, multiplicado por um índice beta ( ). O prêmio de risco de mercado é calculado como o retorno médio do mercado menos o retorno médio do ativo livre de risco. No Brasil o Índice Bovespa (Ibovespa) represen- ta a carteira média do mercado de ações e seu retorno médio pode ser utilizado como o retorno médio do mercado (R M ). O índice beta mede a correlação entre o ati- vo em análise e o mercado como um todo. Para um único ativo, será calculado como a covariância entre os retornos do ativo em análise e o mercado, dividido para variância do retorno do mercado: Para saber mais Covariância e variância são estatísticas utilizadas para medir a dispersão dos retornos dos ativos. A covariância irá medir a dispersão dos retornos entre dois ativos e a variância irá medir
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