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O Império Romano-Cristão e a Nova Geografia Política

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​𝓗𝓲𝓼𝓽ó𝓻𝓲𝓪 
 
● O Império Universal Romano-Cristão 
 
 O Império era politeísta, adorando vários deuses (e não apenas os deuses romanos), 
existindo no entanto um povo que mantinha um culto ​monoteísta​: os Hebreus, na 
palestina​. 
 O povo hebreu, segundo as escrituras, aguardava a chegada de um salvador, o Messias, e 
muitos acreditaram que este seria jesus de nazaré, o filho de um carpinteiro que, 
acompanhado de vários discípulos, percorria a Palestina espalhando a “​boa-nova​” de que 
todos aos olhos de Deus todos os homens eram iguais e poderiam salvar-se. Esta 
“boa-nova” revelou-se ​revolucionária​, pois levou a alterações profundas entre os Homens 
e as suas relações. Considerando-se que todos os Homens -e todos os povos- eram iguais, 
negava-se a existência de povos “superiores”. Por outro lado, a crença na ​igualdade entre 
os Homens​ ​contrariava as profundas desigualdades sociais do Império Romano.Os 
cristãos primitivos para não serem perseguidos e mortos tiveram que praticar a sua religião 
nas catacumbas, consideradas as primeiras igrejas. 
 No século III, esta situação muda com a promulgação do ​Edito de Milão​ (313), pelo 
Imperador Constantino ​tendo sido reconhecida a ​liberdade religiosa​ aos cristãos e a 
igualdade de direitos dos restantes cultos do Império. Neste sentido, Constantino promoveu 
o ​concílio de Nicéia​ (325) e o ​concílio de Constantinopla​ (381) que estabeleciam os dogmas 
da igreja como, a essência ​divina de jesus cristo​, a existência da ​santíssima trindade​ e o 
credo​ que é a síntese destas doutrinas. Em ​380​ (séc.IV) o ​Imperador Teodósio​, através do 
Edito de Tessalônica​ ordenou a conversão de todos os habitantes do Império Romano ao 
cristianismo, que se tornou a ​religião oficial​ do Império Romano, reforçando a unidade do 
próprio Império: um Deus e um Imperador. 
 ​Este último passou a ser visto não como um deus, mas como um mandatário de Deus na 
Terra, governando segundo a sua vontade. Esta relação de influência mútua: a ​Igreja 
Romano-Cristã​ organizou-se tendo como orientação a própria estrutura administrativa do 
Império. Igualmente , o bispo de Roma recebeu o título informal de Papa e, com o passar do 
tempo, tornou-se a suprema autoridade sobre os fiéis cristãos. 
 Inicialmente, a religião cristã tinha como principais crentes os habitantes das cidades, 
locais onde os discípulos se concentraram, com a proximidade à administração e, 
especialmente,com a conversão do imperador, as elites romanas aderiram cada vez mais à 
nova religião. Desta forma, a ​cultura greco-latina​, de contornos clássicos, foi também 
transposta para o cristianismo​- destacaram-se S. Basílio de Cesareia e S. João 
Crisóstomo. A nova forma de ler o mundo através dos valores do ​cristianismo​ foi eficiente 
conjugada com a cultura clássica, através da ​retórica​. A “boa-nova” e as doutrinas 
fundamentaram-se através da utilização dos métodos e conceitos de ​Filosofia​, sendo 
também de destacar Santo Ambrósio (bispo de Milão e conselheiro do imperador Teodósio) 
e Santo Agostinho ( bispo de Hipona, no norte de África). 
 O Direito Canónico, que regulava o funcionamento da própria Igreja, inspirou-se, por sua 
vez, no ​Direito Romano​. A ​arte ​cristã também claramente influenciada pelos modelos e 
elementos romanos. 
 
 
● Prenúncio de uma nova geografia política  
 
 A conjunção da ​crise interna da pressão bárbara​ nas fronteiras foi apaziguada com o 
imperador Diocleciano, que conseguiu levar a cabo importantes reformas administrativas e 
militares. 
 Com a pressão crescente externa dos povos bárbaros ao longo do século IV, mas também 
interna, com o aumento da sua presença na administração e órgãos de poder romano, o 
imperador Teodósio dividiu, em 395, o império em dois: ​o Império Romano do Ocidente​ foi 
entregue ao seu filho Honório e o ​Império Romano do Oriente​ foi entregue ao seu filho 
Arcádio. O mesmo fixou a capital em Constantinopla (atual Istambul), cidade fundada em 
324 por Constantino, e que se desenvolveu de forma exponencial por ser considerada uma 
segunda Roma em todos os níveis. Honório, imperador do Império Romano do Ocidente, 
era ainda criança e o seu preceptor, Estilicão, de origem vândala, tornou-se muito poderoso 
na administração do Império do Ocidente. 
 No início do século V, a ​pressão bárbara​ e os ​conflitos internos​ no Império 
aumentaram: 
 
❏ em 404, Honório mudou a capital do Império do Ocidente para Ravena, cidade no 
norte de Itália impossível de cercar por estar rodeada pântano; entre 405 e 406, sob 
a pressão dos Hunos, vindos do Oriente e comandados por Átila, os Bárbaros 
iniciaram várias incursões sobre o Império do Ocidente: Francos, Alamanos e 
Burgúndios instalaram-se na Gália; 
 
❏ em 410, Roma foi saqueada pelos Visigodos, chefiados por Alarico, fundando mais 
tarde um reino no sudoeste da Gália e na Hispânia; 
 
❏ ao longo deste período, os imperadores do Ocidente e do Oriente cortaram relações 
e utilizaram a ação de mercenários bárbaros para se prejudicarem mutuamente. 
 
 Em 451, os Hunos foram vencidos na Gália por uma coligação de Romanos e Visigodos. 
Por esta altura, o Império Romano do Ocidente reduzia-se praticamente a Itália. Finalmente, 
em 476, o general bárbaro Odoacro depôs o último imperador romano do Ocidente, Rómulo 
Augusto. Este acontecimento é considerado como a​ queda formal de Roma​ e do Império 
Romano do Ocidente. Melhor sorte teria Constantinopla, a “segunda Roma”, pois o Império 
Romano do Oriente só terminaria em 1453. 
 No vasto território que compunha o agora desaparecido Império Romano do Ocidente 
nasceram​ vários novos reinos​.Estes caracterizavam-se por terem fronteiras fluidas e por 
serem de curta duração, pois muitas vezes a morte do chefe representava a morte do reino. 
Realçam-se os reinos dos ​Suevos e Visigodos​, na península ibérica, bem como o dos 
Francos​, na Gália, onde o poder se organizou de forma sólida e perdurou ao longo dos 
séculos. 
● Poderes e crenças- multiplicidade e unidade  
 
IMPÉRIO: 
 ​Apesar de enfraquecido,o sonho da constituição de um império que terminou com a queda 
do Império Romano do Ocidente. Este desejo começou a ser concretizado, numa primeira 
fase por Clóvis, rei dos Francos - um dos mais importantes povos bárbaros entre os que 
dividiram o Império - que ganhou prestígio ao ser o primeiro a unificar totalmente as suas 
tribos. ​Clóvis​ beneficiou ainda do apoio do Papado que, apesar de ainda não ser 
reconhecido por todos os reinos europeus, já demonstrava poder e estruturas de uma sólida 
hierarquia religiosa com impacto na sociedade. Após a sua morte, a partilha do reino entre 
os descendentes de Clóvis conduziu o reino a uma fraqueza crescente, apenas superada 
por Pepino de Heristal, prefeito de palácio de um dos descendentes de Clóvis. 
 ​Carlos Martel​, filho de Pepino, manteve a integridade do reino franco, o que por vezes era 
difícil, porque cada vez que um rei morria o poder era dividido pelos seus filhos. 
Estabeleceu uma aliança com o Papa e intitulou-se, no final da vida, “rei por vontade de 
Deus”, apoiando a fundação dos ​Estados Papais ​(território gerido por um papa como um 
reino), e aumentando o seu prestígio e autoridade. 
 Esse objetivo foi alcançado em grande parte pelo seu filho, ​Carlos Magno​, que unificou 
grande parte da Europa Ocidental graças, principalmente, à superioridade bélica - boa 
destreza militar, apelo aos conselhos dos geógrafos para movimentar eficazmente os 
exércitos e promoção do desenvolvimento da metalurgia e da criação de cavalos - e ao 
reforço da organização administrativa dos territórios francos. O seu sucesso também se 
deveu à aliança que estabeleceu com a Igreja. Deste modo, no ano 800, Carlos Magno foi 
coroado Imperador Romano do Ocidente pelo papa. 
 Com a morte de Carlos Magno, o ​Império Carolíngio​ foi dividido pelos seus herdeiros. E 
só com Otão I, rei da Germânia que, tal como Carlos Magno, reforçou os seus poderes 
aliando-seao Papa, se assistiu a uma nova tentativa, com a formação do ​Sacro Império 
Romano-Germânico​. No entanto, também o Sacro Império estava “condenado”: por um lado, 
pela afirmação de grandes senhores que iam formando novos reinos, cada vez mais fortes 
e organizados, e que elegem entre eles um imperador; e, por outro lado, pela ascensão 
política e econômica de grandes latifundiários, que acumulavam a riqueza das terras com 
os cargos administrativos do poder central. 
 
REINOS: 
 ​A fundação de um reino era definida pelo poder pessoal que o guerreiro líder demonstra 
perante os seus pares sem situação de conflito. Se inicialmente era tido como um poder de 
caráter pessoal, em que as ações e vitórias do guerreiro eram valorizadas, acabou por se 
transformar num poder institucional, em que o rei, no exercício das suas funções, garantia a 
segurança de uma comunidade. 
 A constituição de um reino implicava assim a delimitação de um território, garantindo-se o 
exercício dessas funções nesse espaço. Todos aqueles que viviam no território do reino 
mantinham uma relação de dependência do rei, beneficiando da sua proteção. Para que o 
poder se mantivesse na mesma família era aplicado o regime hereditário: a escolha de um 
sucessor recai sobre um dos filhos do rei, geralmente o mais velho. Deste modo, o 
surgimento de novos reinos na Europa medieval obedeceu a um processo claro de: 
1. afirmação de um rei; 2. delineação de um território; 3. regulação da relação do rei com os 
seus subditos. 
 
● A emergência de poderes locais  
  
 OS SENHORIOS:  
 Os ​senhorios​ foram criados em época de guerra, permitindo que as forças soberanas 
estabelecesse uma ligação com as populações. Eram propriedades agrárias, de dimensão 
variável, que podiam pertencer a um membro da nobreza ou do clero. O território senhorial 
era composto por um núcleo central, onde se localizava a casa do senhor, acompanhado 
por terras aráveis, bosques, baldios e aglomerados populacionais. 
 Numa primeira fase, os senhorios assumiam, apenas um carácter territorial, pela 
necessidade de assegurar a manutenção dos territórios conquistados ao inimigo - o rei 
garantia a presença e o acompanhamento nas batalhas de um exército de cavaleiros bem 
preparados e armados e, pelos serviços prestados, doava-lhes territórios através de um 
compromisso de honra, criando laços de solidariedade entre os guerreiros. Com o tempo, o 
senhorio deixou de se limitar apenas ao poder territorial, conquistando outras valências, 
como o domínio econômico e a autoridade sobre os homens que habitavam no seu espaço. 
 Muitas vezes, as populações desejosas de paz entregavam-se à proteção de um chefe 
militar, reforçando assim um direito antigo de proteção entre o senhor e os seus 
dependentes: o senhor impunha o seu poder e, em troca de proteção, sujeitava as 
populações que habitavam os seus territórios a uma série de obrigações complementares, 
designadas por banalidades e que incluíam serviços de ordem militar, jurisdicional e 
econômica. 
 Aproveitando a ruína e o enfraquecimento do poder central, os senhores foram 
conquistando ​imunidade​, ora suportada pelos reis,ora mais tarde institucionalizada. Ou 
seja, os senhores não se limitavam a seguir as ordens do rei, administrando os territórios 
em nome próprio. Este conjunto de poderes públicos e autoridade sobre os homens era 
designado como ​poder de ban​ e estava originalmente associado à autoridade pública 
exercida pelo rei, englobando duas áreas: o poder de comandar e o poder de julgar e punir. 
Assim, o senhorio fundiário e o senhorio judiciário eram controlados pelo mesmo homem. 
 
AS COMUNAS: 
 ​Foi com base nestas novas sinergias dos diferentes grupos que surgiram as aspirações 
das comunidades urbanas - as comunas - que, conscientes do seu papel, se foram 
distanciando do mundo rural. agrupadas em associações, estas comunidades uniram-se 
sob juramento, procurando obter dos senhores, ou do rei, um documento - ​a carta comunal 
- em que se fixassem os seus direitos e liberdades, mantendo aqueles o exercício do poder 
judicial e fiscal. A carta podia ser obtida através de revoltas armadas; através de compra - 
havia senhores com dificuldades econômicas que não resistiam e concediam os direitos dos 
habitantes a troco de avultadas quantias de dinheiro - ou através de mútuo acordo (alguns 
senhores entendiam que podiam beneficiar de rendas em fruto do desenvolvimento do 
comércio na região, e por isso, protegiam as comunas).

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