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1 HISTÓRIA MEDIEVAL Prof. Dra. Talita Sauer Medeiros 2 HISTÓRIA MEDIEVAL PROF. DRA. TALITA SAUER MEDEIROS 3 Diretor Geral: Prof. Esp. Valdir Henrique Valério Diretor Executivo: Prof. Dr. William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Profa Esp. Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Profa. Esp. Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Profa. Esp. Izabel Cristina da Costa Profa. Esp. Imperatriz Matos Revisão técnica: Profa. Ph.D Fabiana Grecco Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luíza mendes Leite Maria Eliza P. Campos Prof. Esp. Guilherme Prado Design: Aline De Paiva Alves Bárbara Carla Amorim O. Silva Élen Cristina Teixeira Oliveira Taisser Gustavo Soares Duarte © 2021, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza- ção escrita do Editor. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. 4 HISTÓRIA MEDIEVAL 1° edição Ipatinga, MG Faculdade Única 2021 5 Doutora em História Cultural pela Univer- sidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Mestre em História Social pela UNESP e Especialista em História e Patrimônio pela Universidade Esta- dual de Londrina (UEL), Licenciada em História pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). TALITA SAUER MEDEIROS Para saber mais sobre a autora desta obra e suas quali- ficações, acesse seu Curriculo Lattes pelo link : http://lattes.cnpq.br/5195397586731841 Ou aponte uma câmera para o QRCODE ao lado. http://lattes.cnpq.br/5195397586731841 6 LEGENDA DE Ícones Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes nas quais você precisa ficar atento. Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro. Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-os a suas ações. Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos conteúdos abordados no livro. Apresentação dos significados de um determinado termo ou palavras mostradas no decorrer do livro. FIQUE ATENTO BUSQUE POR MAIS VAMOS PENSAR? FIXANDO O CONTEÚDO GLOSSÁRIO 7 UNIDADE 1 UNIDADE 2 UNIDADE 3 UNIDADE 4 SUMÁRIO 1.1 Introdução............................................................................................................................................................................................................................................................................................10 1.2 O processo de transição entre Antigidade e a Idade Média ............................................................................................................................................................................11 1.3 Império Romano ............................................................................................................................................................................................................................................................................12 1.4 O Cristianismo ................................................................................................................................................................................................................................................................................13 1.5 A crise do Império Romano ...................................................................................................................................................................................................................................................14 1.6 “Invasões bábaras” ........................................................................................................................................................................................................................................................................16 1.7 A formação dos reinos tomanos-germânicos............................................................................................................................................................................................................18 FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................................................................................................................................................................................................21 2.1 Introdução .........................................................................................................................................................................................................................................................................................26 2.2 A reação do Império Bizatino às tranformações no Ocidente ....................................................................................................................................................................26 2.3 Surgimento e expansão do Islã .........................................................................................................................................................................................................................................29 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................32 3.1 Introdução .........................................................................................................................................................................................................................................................................................37 3.2 Feudalismo ......................................................................................................................................................................................................................................................................................37 3.3 Sociedade Feudal ........................................................................................................................................................................................................................................................................38 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................43 A TRANSIÇÃO ENTRE ANTIGUIDADE E A IDADE MÉDIA ORIENTE E OCIDENTE NA IDADE MÉDIA SOCIEDADE FEUDAL 4.1 Introdução ........................................................................................................................................................................................................................................................................................47 4.2 O crescimento generalizado que caracterizou a Europa entre os séculos XI e XIII ......................................................................................................................474.3 As Cruzadas ....................................................................................................................................................................................................................................................................................47 4.4 O Renascimento Comercial e Urbano ..........................................................................................................................................................................................................................51 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................53 A EUROPA ENTRE OS SÉCULOS XI E XIII 5.1 Introdução..........................................................................................................................................................................................................................................................................................58 5.2 O fortalecimento das monarquias ..................................................................................................................................................................................................................................58 5.3 A estrutura da Igreja ............................................................................................................... .................................................................................................................................................59 5.4 O Tribunal Santo ofício ...........................................................................................................................................................................................................................................................60 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................64 O PODER NA BAIXA IDADE MÉDIA 6.1 Introdução ........................................................................................................................................................................................................................................................................................69 6.2 A decadência do Feudalismo .............................................................................................................................................................................................................................................69 6.3 A crise do século XIV .................................................................................................................................................................................................................................................................69 6.4 A ideia de Modernidade .........................................................................................................................................................................................................................................................72 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................76 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO .......................................................................................................................................................................................................................79 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................................................................................................................................................................80 A CRISE DO SÉCULO XIV E A TRANSIÇÃO PARA A MODERNIDADE UNIDADE 5 UNIDADE 6 8 O N FI R A N O L I C V R O UNIDADE 1 Nessa Unidade veremos o processo de transição entre a Antiguidade e a Idade Média. Com a formação da Europa Feudal a partir da desagregação do Império Romano do Ocidente. Quando vários povos que viviam às margens do antigo império entraram no território romano formando novos reinos chamados Reinos Bárbaros. UNIDADE 2 Trataremos da reação do Império Bizantino às transformações no Ocidente, ou seja, a parte Oriental do Império Romano. Assim como, estudaremos o surgimento e expansão do Islã. UNIDADE 3 Discutiremos o sistema que vigorou por grande parte da Idade Média: o Feudalismo, marcado pela descentralização de poder e pela vida rural. E como a sociedade feudal estava estruturada. UNIDADE 4 A Unidade 4 é dedicada ao crescimento generalizado que caracterizou a Europa entre os séculos XI e XIII, e as transformações ocorridas no período conhecido como Baixa Idade Média. UNIDADE 5 Nessa Unidade o foco se volta para o poder em meados do período medieval, momento no qual se fortalecem as monarquias, e a Igreja se estrutura fortemente. UNIDADE 6 Trataremos da crise do século XIV e a transição para a modernidade. Trazendo elementos e questões que fizeram parte do processo histórico que levou ao fim o período medieval. 9 A TRANSIÇÃO ENTRE A ANTIGUIDADE E A IDADE MÉDIA 10 1.1 INTRODUÇÃO Nesse livro vamos falar da história da Europa, mais especificamente da chamada Idade Média ou Período Medieval, época que vai do século V ao XV. A Idade Média abrange um período de cerca de dez séculos e está entre a Antiguidade a Idade Moderna. Para facilitar a compreensão dos processos históricos, os estudiosos geralmente dividem o tempo em períodos, com base em acontecimentos que servem como marcos históricos. Desse modo, são criadas as periodizações. As periodizações são criadas pelos estudiosos, podendo variar de um lugar para outro, portanto, é importante pensarmos que não são naturais. Como pontua Silva (2019), os historiadores nunca entraram em consenso sobre quais seriam os marcos exatos que marcariam o início e o fim da Idade Média. Pois, para alguns poderíamos considerar da data da queda de Roma, em 476, e da queda de Constantinopla, em 1453; mas para outros, teríamos como marcos o Edito de Milão, em 313 e a chegada dos espanhóis à América. Outra periodização costumeira é a divisão entre duas idades dentro desse período maior conhecido como Idade Média (século V ao XV): seriam a Alta Idade Média: período compreendido entre os séculos V e X e Baixa Idade Média: período compreendido entre os séculos XI e XV. Porém, existem outras divisões e até os dias atuais não há uma unanimidade sobre onde se inicia e onde termina os períodos. “Essa divisão em dois períodos aconteceu, em parte, para facilitar o estudo pelos pesquisadores, bem como para diferenciar os avanços que ocorreram de um período para outro” (CARVALHO, 2016, p. 29). Contudo, embora haja esses pontos de divergência, é consenso na historiografia contemporânea (LEGOFF, 2005; FRANCO JÚNIOR, 2001; FRUGONI, 2007) que esse foi um período bastante interessante, o qual vai muito além da ignorância, da fome, da peste, da pobreza da maioria da população, da violência e obscuridade, da perseguição àqueles que ousavam desafiar a Igreja, ou seja, ultrapassa elementos que fizeram com que esse período ficasse conhecido por muito tempo como a “Idade das Trevas”. É fato que esses aspectos tenham que estar presentes na caracterização do período, porém, a Idade Média contempla muitas outras questões. O período medieval foi marcado pelo poder da Igreja, que conquistou riquezas, territórios e transformouo cristianismo numa ferramenta de integração, se necessário pelo uso da força. E uma época na qual, como destaca Silva (2019) vigorou um sistema denominado Feudalismo, no qual prevalecia a descentralização, a vida rural e a dominação senhorial, através do controle econômico, jurídico, político e militar dos camponeses por parte dos grupos mais favorecidos. Mas como ressalta McEvedy (2007) a Idade Média foi um longo período, no qual ocorreram diversas transformações ao longo do tempo, como a urbanização. É curioso que tenha sido durante a Idade Média que o fenômeno urbano tenha tido grande relevância, já que em sua maioria, a população vivia no meio rural, outro ponto, é que foi nesse contexto que surgiu o germe do capitalismo. O período medieval pode ser visto como um momento de mudanças significativas na mentalidade dos indivíduos que viveram esse período. McEvedy (2007) destaca o desenvolvimento do conhecimento, incluindo o advento das Universidades, pontuando que a repressão e a censura - promovidas tanto pela Igreja quanto pelas monarquias em vias de centralização - não impediram o florescimento de novas ideias. Em acordo com LeGoff (2007) para quem a 11 1.2 O PROCESSO DE TANSIÇÃO ENTRE A ANTIGUIDADE E A IDADE MÉDIA Para saber mais sobre a época medieval você pode acessar o livro: SILVA, Marcelo Cândido da. História Medieval. São Paulo: Contexto, 2019. Dis- ponível em Biblioteca Pearson: https://www.bvirtual.com.br/NossoAcervo/Pu- blicacao/170122 Acesso em 10 jul. 2021. BUSQUE POR MAIS Idade Média foi “uma época que não foi de trevas nem imune ao progresso; ao contrário, foi uma época fértil de invenções vitais e importantes”. O período medieval traz à tona questões cruciais que permitem compreender não só o cotidiano e a sociedade feudal, mas também a formação dos Estados Nacionais, o aprimoramento das mentalidades e o surgimento de novas religiões e sistemas econômicos e de produção. Assim, ao longo das seis unidades que compõem esse livro, serão abordados os principais aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais da Idade Média com o intuito de fornecer uma visão geral sobre o período. Ressaltando que procuraremos entender o processo histórico desenvolvido entre o período do século V ao XV ocorridos na Europa. Nessa época, a América, por exemplo, ainda não era conhecida dos europeus, e vivia outro processo histórico, não teve, portanto características da época medieval, pois passou por uma evolução sócio-econômico-cultural diferenciada do contexto europeu. Portanto, os aspectos tratados aqui se referem a acontecimentos e modos de vida relativos ao espaço social e geográfico do que hoje é a Europa, Norte da África e o Oriente Próximo (o mundo conhecido pelos europeus na época). Nessa obra, o autor abrange todo o período da Idade Média e seus principais aspectos. A expansão e formação dos territórios, os grupos de poder, a força do cristianismo, proble- mas como a fome, a peste negra, as guerras. Assim como, os tempos de paz e prosperida- de e os desenvolvimentos da época. Nessa primeira unidade do livro, veremos como a Europa Feudal se formou a partir da desagregação do império Romano do Ocidente, um momento no qual, vários povos que viviam às margens do antigo império entraram no território romano formando novos reinos chamados de Reinos Bárbaros. Observando como a queda do Império Romano do Ocidente, não significou o fim dos romanos, mas sim, a fusão da cultura romana com os hábitos e costumes dos povos chamados de bárbaros. E como elementos culturais desses dois grupos sociais estão presentes no sistema feudal. O Império Romano dominou grande parte da Europa por muito tempo. Com uma grande estrutura, o império contava com recursos como um grande exército e estradas interligando todo o território, uma estrutura administrativa que fez com que perdurasse por séculos e tornou possível aos romanos impor a várias populações seu domínio, modo de vida e seus costumes. Contudo, a parte ocidental da Europa começa a sofrer invasões de povos germanicos por volta do século III e mais tarde por povos árabes. Essas misturas culturais derivaram em um novo modo de vida característico desse espaço geográfico. Esse movimento começou inicialmente de forma pacífica, entretanto, com o https://www.bvirtual.com.br/NossoAcervo/Publicacao/170122 https://www.bvirtual.com.br/NossoAcervo/Publicacao/170122 12 1.3 O IMPÉRIO ROMANO passar do tempo, as invasões tornaram-se violentas e trouxeram medo e insegurança para a região. Roma foi uma cidade bastante importante desde a Antiguidade. Existem duas versões para o surgimento de Roma: Uma baseada na lenda da fundação de Roma. Segundo a mitologia romana, dois gêmeos, Rômulo e Remo, filhos do Deus Ares, foram jogados no rio Tibre, depois foram salvos e amamentados por uma loba. Ao crescerem, Rômulo fundou Roma e se tornou o seu primeiro rei. Figura 1: Loba Capitolina, escultura de bronze. Roma, Itália. Fonte: Disponível em: https://bit.ly/37wC2p9. Acesso em: 01 jul. 2021. E uma versão histórica na qual os Latinos, que eram pastores e viviam em aldeias no Século X a.C. às margens do Rio Tibre. No Século VIII a.C. os latinos teriam se unido e fundaram Roma, pois se sentiam ameaçados pelos outros povos, os sabinos. Por volta de 600 a.C., os etruscos se estabeleceram em Roma como comerciantes e aos poucos ganharam poder até conquistarem o governo da cidade. A história política de Roma pode ser dividida em três períodos distintos: Monarquia (753 a.C.- 509 a.C.); República (509 a.C. – 27 a.C.); Império (27 a.C. – 476 d.C.). Falaremos brevemente desses períodos a fim de nos situarmos: • Monarquia: A sociedade romana nesse período era composta por: Patrícios: que eram os nobres romanos, donos de terras e os únicos a possuir direitos políticos; Plebeus: não tinham direito a participar das decisões políticas e podiam ser escravizados por causa de dívidas. Era a maior parte da população; Clientes: eram servidores ou protegidos de um patrício; quanto mais clientes um patrício possuísse, maior era o seu prestígio social e político; Escravizados: prisioneiros de guerra ou pessoas que não conseguiam pagar suas dívidas. Na política o rei era a maior autoridade, mas governava em conjunto com o Senado (formado pelos chefes das principais famílias patrícias) e a Assembleia (soldados com até 45 anos). Quando um rei morria, o Senado escolhia seu sucessor e a Assembleia se manifestava contra ou a favor da escolha. Em 509 a.C., os patrícios, que dominavam o Senado e não se conformavam com o domínio etrusco sobre Roma, derrubaram o rei Tarquínio, o Soberbo, e fundaram a • República: Senado patrício: Durante a República, os cargos mais altos pertenciam aos patrícios, portanto, eram o grupo social detentor do poder. Magistrados, Senado e Assembleia. (lembram-se que antes era o rei, Senado e Assembleia) governavam a República. A ascensão dos militares: Júlio César uniu-se a outros dois generais (Pompeu e Crasso) e assim formaram o Primeiro Triunvirato. Um acordo que os https://bit.ly/37wC2p9 13 permitiu controlar o poder de Roma. Depois de conquistar a Gália, Júlio César voltou a Roma e tomou o poder. Segundo Triunvirato: com a morte de César, formou-se o Segundo Triunvirato, integrado pelos generais Otávio, Marco Antônio e Lépido. Otávio e seus soldados venceram as forças de Marco Antônio, podo fim à República, e, em 27 a.C., estabeleceram o Império. Império Romano: Durante o Império, Roma adquiriu certa estabilidade política, econômica e social, a partir do reforço nas fronteiras, da redução do expansionismo militar, da construção de estradas e obras públicas e a reorganização da cobrança de impostos. Esse período de relativa tranquilidade ficou conhecido como Pax Romana. Em sua extensão máxima, o Império Romano ia desde a Península Ibérica (oeste) até a Mesopotâmia (leste) e desde a Britânia (norte) até o Egito (sul). Como podemos ver no mapa a seguir: Figura2: Mapa mostrando a extensão do Império Romano Fonte: Enciclopédia Britânica, 2010. Cândido (2019) ressalta que é nesse período que se dá a integração entre os povos que faziam parte do Império Romano e os ditos “povos bárbaros”, o autor destaca que é, sobretudo, um processo de integração que vai transcorrendo num longo período de tempo (entre os séculos III e VII, período de historiadores como Franco Jr. definem como Primeira Idade Média, ou Antiguidade Tardia). 1.4 O CRISTIANISMO Ao pensarmos na Idade Média é interessante falarmos das origens do cristianismo. Jesus Cristo, o principal profeta dessa religião, e cuja principal fonte sobre a vida de Jesus se encontra nos evangelhos da Bíblia, nasceu na Palestina, na época, uma província romana; Por volta do ano 30, Jesus começou a pregar sua palavra visitando aldeias e cidades da Palestina e se apresentava como o salvador, o Messias. Em seu discurso, pregava o amor ao próximo, a não violência e pedia às pessoas que não fossem orgulhosas, invejosas ou egoístas. Jesus ganhou uma popularidade enorme e suas ideias atraíam milhares de pessoas, pregando a de igualdade e de fraternidade entre as pessoas. Ressalto esses pontos, pois, justamente eles serão considerados uma ameaça pelos poderosos do 14 Império Romano. As ideias pregadas por Jesus iam contra as bases do governo romano que estava pautada nas conquistas militares, na escravidão e na diferença social. Jesus fez muitas críticas contra o sistema da época, como ao criticar o comércio nos templos e casas de oração provocando a ira dos sacerdotes do templo de Jerusalém. Dessa forma, Jesus foi a condenado a crucificação, uma condenação para criminosos naquele contexto. Foi condenado à morte na cruz, e, esse fato fez com que seus seguidores se organizassem e procurassem divulgar a palavra do que eles consideravam ser “o salvador”. A partir desse fato ocorre uma separação entre judeus e cristãos. Através da determinação dos seus pregadores o cristianismo se espalhou rapidamente pelo mundo romano. Outro ponto estava na ameaça gerada pelo fato dos cristãos não reconheceram a divindade do Imperador, nem tão pouco os deuses romanos, pois acreditavam num único Deus (monoteísmo). Nesse contexto, Jesus seria o filho de Deus (o Messias – “Ungido”) autoproclamado rei dos judeus; Com o passar do tempo, os romanos passaram a ver no cristianismo uma ameaça, perseguindo-o e cristãos passaram a serem sacrificados. Diocleciano foi um dos últimos imperadores que violentamente perseguiram os cristãos destruindo as casas de oração. Contudo, ainda assim, o cristianismo se espalhou e com o tempo também passou a ganhar adeptos das classes altas e até mesmo autoridades romanas. Esse panorama começou a mudar quando o Imperador Constantino, assinando o Édito de Milão, concedeu liberdade de culto aos cristãos. O Próprio Constantino se batizou antes de morrer. E muitos outros imperadores se tornaram cristãos. Em 380, o Imperador Teodósio tornou o cristianismo religião oficial do Império Romano através do Tratado de Tessalônica. O que antes era uma religião os pobres e excluídos, agora, tornou-se a religião do Estado e os que a rejeitavam eram chamados de pagãos. 1.5 O IMPÉRIO ROMANO EM CRISE A partir do século III d.C. iniciou-se um lento e longo período de crise do Império Romano. Os imperadores encontravam dificuldades cada vez maiores para vigiar fronteiras, cobrar impostos, impedir rebeliões de escravos e de povos conquistados. Além disso, muitos funcionários do governo usavam dinheiro público para enriquecimento próprio. Essa corrupção trazia mais um problema: a falta de investimentos no exército, pois o governo não tinha como pagar salários, contratar novos soldados nem equipar o exército com mais armas. Os problemas do Império foram agravados pela crise do escravismo. A diminuição das conquistas territoriais esgotou a principal fonte de escravos: a guerra. Cada vez mais rara, a mão de obra escrava foi se tornando mais cara. Hoje os maus tratos e a vida precária de parte dos escravos provocavam a morte precoce de muitos deles. Proprietários de terras, comerciantes e artesãos não tinha o dinheiro para repor os escravos que morriam. A crise do escravismo provocou diminuição na produção agrícola, artesanal, mineradora, prejudicando a atividade comercial a queda na produção provocou o aumento no preço das mercadorias gerando uma inflação descontrolada nesse período também os grupos sociais mais ricos enfrentaram dificuldades financeiras olá a crise foi mais grave em Roma e nas províncias ocidentais do Império na mesma época as províncias do Oriente não dependiam unicamente do trabalho escravo e tinha um 15 próspero comércio. • Divisão do Império Romano Muitas mudanças foram feitas em busca de soluções para a crise no ano de 395 d. C. o imperador Teodósio dividiu o Império na parte ocidental com capital em Roma, e na parte oriental com capital em Constantinopla com isso o controle sobre o mar Mediterrâneo também se dividiu. No entanto, os problemas do Império Romano do Ocidente continuaram se agravando, enquanto o Império Romano do Oriente manteve seu desenvolvimento por mais de mil anos. Figura 3: Mapa com as regiões que faziam parte do Império Romano do Oci- dente e do Império Romano do Oriente. Podemos ver também, os povos que habitavam os entornos do império. Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3ACVKfH. Acesso em: 30 jun. 2021. Você já ouviu a expressão “Todos os caminhos levam a Roma” ? Essa frase foi dita pelos romanos, pela habilidade de fazer vias de acesso que ligavam todos os cantos de seu território. “No ano 117 de nossa era, quando os romanos chegaram ao ponto máximo de expansão geográfica, a intrincada rede de caminhos por eles cons- truídos percorria 80 mil km” (REDAÇÃO BRITISH BROADCASTING CORPORATION, 2018). O exército romano se deslocava por todas as regiões por essas vias. Hoje na cidade de Roma é possível realizar um tour histórico pelas principais vias da Roma Antiga e pensar: Qual a importância das estradas para os romanos? As estradas possibilitaram aos romanos se locomoverem por todos os lados e expandi- rem seus domínios. Além de fundamental na distribuição de alimentos, mercadorias e escravos para todas as localidades Romanas. “Estas estradas serviam para o transporte de tropas e suprimentos, que abasteciam as conquistas deste império. Depois, elas se tor- naram rotas de comércio e de trocas de mensagens” (REDAÇÃO BRITISH BROADCASTING CORPORATION, 2018). Os romanos eram excelentes construtores, realizaram um sistema elaborado de aquedu- VAMOS PENSAR? https://bit.ly/3ACVKfH 16 A crise do Império Romano se deflagra com: • O enfraquecimento do Estado Romano e uma sucessão de imperadores sem condi- ções de governar; • O declínio do sistema escravista; • A insatisfação do exército romano; • As constantes invasões de outros povos que viviam a margem do Império. FIQUE ATENTO tos que levavam água até os banhos públicos, onde a elite romana passava o tempo e discutia política. Para saber mais: BBC News Brasil. A impressionante rede de estradas ro- manas que continua gerando riqueza 2 mil anos depois. Agosto, 2018. Dis- ponível em: https://bbc.in/2VHMrMb. Acesso em: 29 jul. 2021. 1.6 “INVASÕES BÁRBARAS” Todos que viviam fora do limes do Império eram considerados pelos romanos como inferiores, não possuíam tradição, nem cultura. Conhecemos os povos bárbaros e porque os romanos os chamavam assim. Os romanos chamavam de bárbaros todos os povos que viviam fora de seu território e não tinham cultura romana, ou seja, não falavam latim nem possuíam os mesmos costumes e tradições que os romanos. POVOS BÁRBAROS: O termo bárbaro diz respeito aos povos que não estavam inseridos na sociedade romana como cidadãos e que eram culturalemente diferentes. FIQUE ATENTO LIMES: em latim “limes” = Conjunto das fortificações, delimitações e ocupações sistemá- ticas romanas nas bordas do seu império. Estabelecendoo limite entre as fronteiras. GLOSSÁRIO • Os povos germânicos Durante a crise do século III d. C diferentes povos ultrapassaram as fronteiras do Império Romano e migraram para as suas províncias. Eram diversos povos vindos da Germânia, região situada ao norte dos rios Reno e Danúbio. Chamados em seu conjunto de povos germânicos, cada um deles tinha sua própria cultura e vivia de forma independente e, provavelmente, entraram em território Romano em busca de melhores condições de vida. Entre os povos que invadiram o Império Romano, o grupo principal eram os germanos (francos, saxões, anglos, lombardos, bretões, entre outros). A inserção desses povos no ambiente do Império foi muito importante para a formação da Europa da forma como a conhecemos. https://bbc.in/2VHMrMb 17 Em geral, esses povos praticavam a agricultura ou pastoreio, o artesanato em ferro e couro e produziam suas armas. Organizavam-se em tribos guerreiras, eram seminômades e suas crenças eram politeístas. Eles não desenvolveram formas de escrita transmitindo oralmente suas tradições. Muitos pesquisadores, como Cândido (2019), tratam essas ditas “invasões” como um processo de migração, um longo processo em que há a integração entre os povos bárbaros e romanos, um processo bastante complexo e importante para a formação da Europa Medieval, pois, essa integração deriva em arranjos importantes como o regime de federação, no qual, os povos conservavam o seu líder que por vezes era chamado de rei (rex). No que se refere aos germanos, inicialmente ocorreram migrações pacíficas dentro do Império romano. As primeiras migrações germânicas ocorreram a partir do século I d. C. Naquela época interessava ao governo Romano permitir que esses estrangeiros trabalhassem como agricultores e soldados do Império. Entre os séculos II d. C. e V d. C. as migrações continuaram. Até então os germânicos viveram em relativa paz com os romanos muitos casamentos se realizaram, as culturas se misturaram, os povos assimilaram muitas tradições e costumes uns dos outros. Parte das populações germânicas adotou a religião cristã, o latim e as leis escritas da sociedade romana. Mas essas migrações também tiveram momentos violentos. Por volta do século IV d.C., os povos bárbaros, no caso os germanos, começaram a intensificar as entradas no Império romano e muitas feitas de forma violenta. Mas qual seria o motivo da mudança das entradas pacíficas para uma invasão envolvendo guerras, mortes, saques e pilhagens? Vamos analisar um fato importante: No final do século IV d.C., um povo nômade, originário da Ásia central invadiu as terras dos germanos, destruindo tribos, realizando saques e assassinatos em massa. Liderados por Átila, rei dos Hunos, os germanos se viram pressionados e partiram para o ataque a fim de ocupar as terras pertencentes ao Império romano fugindo da violência imposta pelos Hunos. Os Hunos eram povos asiáticos considerados bárbaros pelos romanos, era um povo da Ásia Central, compostos por vários clãs. Os hunos eram ótimos guerreiros (em suas batalhas utilizavam cavalos, lanças, espadas e arco e flecha), pastores e nômades (ou seminômades). O apogeu dos hunos se deu quando estavam sob a liderança de Átila (406-453 d.C.), foi nesse período que invadiram regiões da atual Europa. O reflexo das invasões dos hunos foram terríveis para o Império romano. As invasões em massa desestruturaram o Império Romano do Ocidente. Figura 4: Pintura retratando a Invasão dos hunos à Península Itálica. Fonte: Ulpiano Checa, 1887. 18 • Fim do império romano do ocidente A população urbana foi diminuindo no Império Romano ocidental, as cidades foram abandonadas devido ao desemprego, a falta de produtos e a inflação. Grande parte da população pobre procurou trabalho junto aos grandes proprietários rurais. Esse processo deu início a um novo tipo de trabalho, o colonato, que lentamente substituiu à escravidão. Nesse sistema, os proprietários de não pagavam salários em dinheiro aos colonos, mas permitiam que eles usassem as terras para praticar agricultura e pastoreio e a produção fosse destinada a sobrevivência de todos. Em troca de seu trabalho os colonos recebiam moradia e proteção. No final do século V a entrada de povos germânicos no Império Romano se intensificou porque estavam fugindo dos hunos, que vinham da Ásia que começavam a conquistar territórios antes ocupados por tribos germânicas. Em 476 d. C. a cidade de Roma foi saqueada e praticamente destruída pelos hérulos esse fato é utilizado por alguns historiadores como referência para marcar o fim da Idade Antiga e o início de outro período da história europeia denominado Idade Média. Os hérulos, povo germano, invadiram Roma em 476 d.C. sob o comando de Odoacro. Odoacro depôs o Imperador Rômulo Augusto, o último imperador do Império romano do Ocidente dando fim ao Império Romano do Ocidente . Odoacro se tornou o primeiro rei da Itália (476 a 493 d.C.). Porém, embora esse fato seja considerado por boa parte da historiografia como marco inicial da Idade Média, Cândido (2019) ressalta que fontes contemporâneas levantam problematizações em relação a isso, considerando elementos como o fato de Odoacro ter enviado insígnias imperiais para Constantinopla, evidência que pode ser interpretada como um respeito a autoridade imperial. Outro ponto ressaltado pelo autor é que teria havido não uma finalização do poder dos imperadores devido aos outros povos, mas sim uma vacância de poder imperial, sendo reestabelecido posteriormente com Carlos Magno (800 d.C.). 1.7 A FORMAÇÃO DOS REINOS ROMANO-GERMÂNICOS Anderson (1897) ressalta como as invasões/ migrações germânicas foram determinantes para a forma como se constituiu o feudalismo ocidental. “foi a onda seguinte de invasões germânicas que de- terminou profundamente e de maneira permanente o último mapa do feudalismo ocidental. Os três episó- dios principais desta segunda fase bárbara foram, na- turalmente, a conquista franca da Gália, a ocupação anglo-saxônica da Inglaterra e – um século depois, à sua maneira – o assalto lombardo à Itália.” (ANDER- SON, 1987, p. 116). O fim do Império Romano do Ocidente significou o início da formação dos Reinos Bárbaros, apesar de muitos grupos bárbaros já estarem inseridos nas fileiras do exército romano. O território, após a queda de Roma, é formado a partir de intensa migração e pilhagens. Vários Reinos Bárbaros se formaram em meados do século V, em regiões do que outrora foi o Império Romano. São esses os grupos étnicos: • Na Península Itálica: ostrogodos e lombardos; • Na Gália: visigodos, burgúndios, alamanos e francos; 19 • Na Península Ibérica: suevos e visigodos; • Na Britânia: anglos, saxões e jutos; • No norte da África: vândalos. Em alguns locais, os povos invasores foram recebidos bem por parte de povos que haviam sido dominados pelos romanos, em especial porque traziam uma libertação em relação a antiga dominação. Contudo, houve também resistência e medo, muitos fugiram para o meio rural. Após as invasões nas cidades, os invasores foram para o campo, esse movimento fez com que se estruturasse na Europa um novo modo de vida, no qual se mesclaram elementos do mundo romano e dos povos que invadiram. Essa estrutura ficou conhecida posteriormente como feudalismo. Um ponto marcante é o colonato, uma prática realizada por alguns povos que participaram das migrações bárbaras, advindo da mescla de elementos culturais e que vai marcar a forma de organização feudal, o colonato constituía-se numa relação marcada pelo uso da terra, nessa prática, pessoas pobres, sem renda ou terras, se estabeleciam nas terras de grandes proprietários, estando vinculados num arranjo no qual trabalhavam nas terras em troca de poder usar uma parcela delas para produção de produtos para o próprio consumo e residir no local. Assim, vemos que a queda do Império Romano do Ocidente, não significou o fim dos romanos, mas sim, a fusão da cultura romanacom os hábitos e costumes dos povos chamados de bárbaros. Figura 5: Mapa que mostra a intensa migração dos povos bárbaros após a queda de Roma, Século V e VI. Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2001, p. 31. O Reino Franco estabeleceu-se na região da Gália no processo de migrações do século III. E como aponta Le Goff (2005), por volta do século V, esses povos começaram a expandir seus territórios. Em especial quando seu rei, Clóvis se converte ao cristianismo, o que ajudou na integração e dissolução de questões étnicas. Essa dinastia conhecida como Merovíngia perdurou até que Carlos Magno tornou-se imperador, conseguindo restaurar o Império do Ocidente e dando início ao império carolíngio (800 a 888), garantindo o 20 domínio francófono na Europa Ocidental e Central. Administrativamente Carlos magno toma medidas importantes como dividir o reino em condados a serem administrados por marqueses e duques, integrou Igreja e Estado e organizou leis escritas. Contudo, com sua morte o império carolíngio entra em declínio, uma vez que, somam-se elementos como a invasão de povos como húngaros e sarracenos a falhas administrativas de seus filhos que assumiram partes divididas do território, o império carolíngio vai sendo substituído por outras dinastias, um contexto no qual vai ser formando o feudalismo. Figura 6: Os “Reinos Bárbaros” Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3skWrYd. Acesso em: 10 jun. 2021. A Europa Feudal se formou a partir da desagregação do império Romano do Ocidente. Quando vários povos que viviam às margens do antigo império entraram no território romano formando novos reinos chamados Reinos Bárbaros. https://bit.ly/3skWrYd 21 FIXANDO O CONTEÚDO 1 – (FGV - 2019 - Prefeitura de Salvador - BA - Professor - História) Flavius Stilicho, general do exército romano com ascendência vândala, foi casado com a sobrinha do imperador Teodósio I. Sobre o contato entre “bárbaros” e romanos, assinale a opção correta. a) O caráter pacífico da união de Stilicho é uma exceção conseguida por meio do matrimônio. b) O exemplo trata do período final das relações entre vândalos e romanos. c) O caso de Stilicho era representativo de uma progressiva absorção de “bárbaros” nos quadros do exército romano. d) A união matrimonial foi negociada como forma de selar a paz entre vândalos e romanos. e) A ascensão de Stilicho demonstra a particular tolerância dos romanos em relação aos vândalos. Díptico em marfim, representando Flavius Stilicho(c. 359-408), sua esposa Serena e seu filho Eucherius. 2 – (IBADE - 2018 - Prefeitura de Manaus - AM - Professor de História, com adaptações) Leia o texto a seguir para responder a questão: “Três séculos se passaram. Clóvis foi batizado em 499 e recebeu as insígnias de cônsul de Roma (quer dizer, de Bizâncio, capital do Império Romano amputado em suas províncias ocidentais, que os bárbaros ocuparam ). Aboliu-se o mundo greco-romano no Ocidente, onde começam novos tempos; [...]”. O período histórico que corretamente se encaixa ao texto é: a) Alta Idade Média. b) Antiguidade Oriental. c) Baixa Idade Media. d) Antiguidade Ocidental. 3) Idade Moderna. 3 – (CESPE - 2011 - SAEB-BA - Professor - História, com adaptações). A Idade Média é um período cronológico, cujo nome decorre: a) das dificuldades dos historiadores em encontrar documentos que ajudassem a elucidar os fatos dessa época, também denominada Idade das Trevas. b) da impossibilidade de se definir corretamente a organização feudal, segundo seus 22 aspectos políticos e econômicos, preferindo-se recorrer à ideia de idade do meio. c) da influência aristotélica sobre os filósofos escolásticos, que recorreram ao princípio da virtude do meio-termo ou equilíbrio para definir a época marcada pelo controle social da igreja católica. d) do fato de esse período mediar dois outros momentos da História mais valorizados pela tradição política ocidental: o Império Romano e o Estado Moderno. e) da influência positivista grega, considerando médio o período com duração de menos de 1000 anos. 4 – (IBADE - 2019 - Prefeitura de Aracruz - ES - Professor de História). Se numa conversa com homens medievais utilizássemos a expressão Idade Média, eles não teriam ideia do que estaríamos falando. Como todos os homens de todos os períodos históricos, eles viam-se na época contemporânea. De fato, falarmos em Idade Antiga ou Média representa uma rotulação a posteriori, uma satisfação da necessidade de se dar nome aos momentos passados. No caso do que chamamos de Idade Média, foi o século XVI que elaborou tal conceito. Ou melhor, tal preconceito (…) FRANCO Jr, Hilário. A Idade Média: nascimento do ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2006, p. 11. O termo Idade Média, elaborado no século XVI, expressava a(o): a) crítica a falta de valores espirituais da cultura medieval. b) admiração pelo refinamento da arte germânica e cristã. c) reconhecimento pelo momento áureo da nobreza e do clero. d) esplendor de um dos grandes momentos da trajetória humana. e) desprezo aos séculos localizados entre a Antiguidade Clássica e o século XVI. 5 – (AMEOSC - 2020 - Prefeitura de São José do Cedro - SC - Professor de História, com adaptações). As invasões germânicas no Império Romano foi um dos fatores que contribuiu para sua queda no século V. Os povos germanos foram duramente pressionados por povos nômades que vinham da Ásia. Este povo, dedicado à caça e a rapinagem eram os: a) Lombardos. b) Hunos. c) Francos. d) Gauleses. e) Romanos. 6- (AMEOSC - 2021 - Prefeitura de Bandeirante - SC - Professor de História, com adaptações). Assinale a alternativa que descreve corretamente um dos fatores que impulsionou as invasões bárbaras no território do Império Romano: a) A disputa acirrada entre os imperadores do triunvirato desgastou o império Romano, elevando os custos militares e demandando investimentos que levaram a uma crise econômica. b) A pressão dos hunos, povos nômades da Ásia que investiram seus ataques sob os povos bárbaros, que por sua vez, invadiram o Império Romano. 23 c) As guerras contra Cartago que enfraqueceram o Império romano, embora tivessem saído vitoriosos, o custo e as perdas efetivadas durante os anos do conflito causaram um grande desequilíbrio interno. d) A fragmentação do Império em dois setores, Oriental e Ocidental, que pela falta de centralização política acabou se fragmentando em pequenos reinos no século V. e) A invasão dos italianos e dos povos da Arábia saudita em busca de especiarias. 7 – (IBADE - 2020 - Prefeitura de Linhares - ES - Professor de Educação Básica II - História). “A partir do século XIV, mas sobretudo a partir do século XV, alguns poetas e escritores, especialmente italianos, tiveram o sentimento de que evoluíam em uma nova atmosfera, e de que eram ao mesmo tempo o produto e os iniciadores dessa cultura inédita. Quiseram então definir, de modo pejorativo, o período do qual eles pensavam afortunadamente sair. Esse período, se terminasse com eles, teria começado aproximadamente com o fim do Império Romano, época que, aos seus olhos, encarnava a arte e a cultura, que havia testemunhado o surgimento de grandes autores [...] Desse modo, o período que eles buscavam definir tinha como única particularidade o fato de ser intermediário entre uma Antiguidade imaginária e uma modernidade imaginada, a que eles deram o nome de “Idade Média”. (LEGOFF, J. A história deve ser dividia em pedaços? São Paulo: Editora Unesp, 2015, p.26) Acerca da Idade Média é correto afirmar que: a) o termo Idade Média era amplamente utilizado no Ocidente cristão ao longo de toda Idade Moderna que a sucedeu. b) foi necessário esperar até o século XVIII e o romantismo para que a Idade Média perdesse sua conotação negativa. c) a Escola dos Annales, embora revolucionária, acabou por se tornar uma barreira para a reabilitação da Idade Média como uma época criativa e com seus brilhos próprios. d) a noção da Idade Média como uma “Idade dasTrevas” é amplamente aceita na comunidade acadêmica internacional, e particularmente no Brasil. e) apenas com o chamado advento da Nova História Cultura no final dos anos 1980 é que conseguimos ter estudos relevantes e sérios sobre a Idade Média. 8- (CESPE - 2013 - SEDUC-CE - Professor Pleno I - História) Frequentemente, as comunidades políticas fantasiam as suas origens, o que lhes permite oferecer elementos fundamentais para a sua própria identidade. Assim, não é surpreendente que o estabelecimento dos reinos bárbaros na antiguidade tardia sobre as ruínas do Império Romano tenha atraído a atenção da Europa Ocidental. Acima de tudo, a Europa não deriva diretamente da antiga Roma do Mediterrâneo, e nenhum estado europeu, talvez com exceção da Itália, pode proclamar-se herdeiro do Império. Ian Wood. Barbarians, historians and the construction of national identities. In: Journal of Late Antiquity, vol.1, n.º 2008, p. 61 (com adaptações). A partir do texto acima e dos múltiplos aspectos a ele relacionados, assinale a opção 24 correta. a) Os ostrogodos assentaram-se na Gália e tal fato é identificado pela historiografia nacionalista como a origem da França. b) Os lombardos assentaram-se na região do Veneto e tal fato é identificado pela historiografia nacionalista como a origem da Itália. c) Os visigodos assentaram-se na Península Ibérica e tal fato é identificado pela historiografia nacionalista como a origem da Espanha. d) Os alamanos assentaram-se na Germânia e tal fato é identificado pela historiografia nacionalista como a origem da Alemanha. e) Os vândalos assentaram-se no norte da África e tal fato é identificado pela historiografia nacionalista como a origem do Magrebe. 25 O ORIENTE E OCIDENTE NA IDADE MÉDIA 26 2.1 INTRODUÇÃO A civilização antiga se concentrava ao redor do Mar Mediterrâneo, mas, no limiar do período a que se convencionou chamar Idade Média, dois intensos movimentos das massas humanas redefiniram essa configuração: primeiro, as forças das invasões germânicas; depois, as conquistas muçulmanas. Como destaca Siqueira (2016) nesse contexto de transformações, as ideologias religiosas marcaram profundamente a vida dos homens. A fé cristã foi, na sociedade medieval, o problema mais discutido, sendo possível até mesmo os imperadores reivindicarem o poder espiritual, assumindo a posição de chefe da Igreja. Na sociedade muçulmana, a fé em Alá foi o fator unificador e o que impulsionou o povo árabe às guerras de conquistas. 2.2 A REAÇÃO DO IMPÉRIO BIZANTINO ÀS TRANSFORMAÇÕES NO OCIDENTE A parte do Império Romano no Oriente recebe a denominação por parte de historiadores de Bizâncio e Império Bizantino. O Império de Bizantino surgiu como Império Romano no Ocidente, Seiko (2019) enfatiza que durante seus primeiros séculos preservou um forte ambiente urbano e comercial. Sobretudo, devido a renovação imperial de Justiniano. Assim, o império consolidou-se e desenvolveu sua cultura, preservando e transformando a arte clássica. Ao longo do tempo, o Império Bizantino perdeu parte de seus territórios para os francos, eslavos e islâmicos. Quanto à estruturação dessas duas partes do Império Pinnow (2019) ressalta que há semelhanças, pois assim como na parte ocidental se O Império Bizantino economicamente se fundamentava em torno da divisão das extensões de terra, da seguindo os mesmos princípios nos quais havia área reservada para os donos da terra/ latifundiário e outras para o trabalho dos servos/colonos. Porém, pontua que havia diferenças entre os modelos econômicos: A posição geográfica é um exemplo. A capital do Im- pério Bizantino, Constantinopla, representava a inter- face entre o Ocidente e o Oriente. A sua organização de Estado era centralizada, com foco no controle das atividades comerciais e no acúmulo de riquezas. Por outro lado, havia semelhanças na administração dos latifúndios e da mão de obra. (PINNOW, 2019, p.47) Loyn (1997) também ressalta essa similaridade entre a estrutura econômica do Império Oriental e do Ocidental. Enfatizando que o Império Bizantino preservou as estruturas clássicas básicas utilizadas no resto do império em princípios da Idade Média, com um persistente e forte elemento comercial e monetário na economia. Do século VIII em diante verificam-se claras semelhanças entre os desenvol- vimentos bizantino e ocidental na administração da propriedade fundiária e na exação e natureza da mão de obra. Influentes grupos de camponeses livres apa- recem na Anatólia e em partes dos Bálcãs (LOYN, 1997, p. 9). 27 Ao tratar das diferenças e similaridades entre as duas partes do império, Pinnow (2019) revela que um ponto de divergência está na atividade comercial, em especial, devido a descentralização de poder no Ocidente que fez com que amornasse o ímpeto para o desenvolvimento comercial. Por outro lado, a questão dos latifúndios envolve ele- mentos bastante parecidos. Você deve considerar que o Império Bizantino, em função da centralização de poder, do controle estatal e da posição geográfica, por alguns séculos, fortaleceu as suas estruturas e tornou Constantinopla um referencial para os comerciantes da época. (PINNOW, 2019, p.48) Ainda que haja diferenças, ambas as partes do império desenvolveram suas práticas econômicas características da Idade Média como a relação feudo-vassalica. Contundo, em paralelo a esse processo e com o passar do tempo, “as cidades readquirem importância, com protagonismo na Península Itálica, fator importante na transição do Medievo para Modernidade”. (PINNOW, 2019, p.100) Uma questão importante quando se fala no Império Bizantino é a crise iconoclasta, pois, os Bizantinos criticavam o uso de imagens religiosas nas práticas cristãs, fato que gerou embates e disputas de poder. Leão III embasado por esses dogmas estabelecidos no Império Bizantino convocou um concílio em 730 o que gerou o afastamento entre as duas vertentes da Igreja. O movimento iconoclasta é resultante da profunda discordância acerca da vene- ração de ícones na Igreja bizantina. Em 726, o impera- dor Leão III, o Isauro, com forte apoio militar, ordenou a destruição de todas as imagens usadas como ído- los e começou a perseguir os defensores dos ícones, sobretudo os monges. Com o papa Gregório III veio a reprovação do Papado, condenando os iconoclastas em dois sínodos celebrados em Roma (731). O filho de Leão, Constantino V Coprônimo, continuou a política paterna, convocando o Sínodo Iconoclasta de Heiria (753) (LOYN, 1997, p. 199). O movimento iconoclasta enfraqueceu o Império Bizantino em vários aspectos. Pinnow (2019) destaca que economicamente o comercio de arte sacra deixou de ser feito e de gerar lucros para a Igreja, prejudicando os recursos para garantir as defesas de Constantinopla. Essa querela religiosa impacta também sobre a perda do apoio da igreja católica para os casos de ataques muçulmanos. Essa questão religiosa foi um dos pontos determinantes para o gradativo enfraquecimento do Império Bizantino. Outros pontos que levaram ao distanciamento das partes do império foram “o enriquecimento, demonstrado pelo comércio e pelo poder financeiro, o aprimoramento intelectual em função do contato com o mundo greco-romano (guardião do conhecimento do mundo antigo) [...]” (PINNOW, 2019, p. 104). 28 O declínio de Bizâncio coincidiu com o renascimento da Europa. Os ocidentais chegavam ao Oriente Mé- dio primeiro como peregrinos à Terra Santa, e depois como cruzados. Sua presença e ações fortaleceram os preconceitos bizantinos contra eles. O cisma entre as Igrejas de Roma e de Constantinopla, dramaticamen- te anunciado em 1054, era sintoma de uma divergên- cia ideológica muito mais profunda. Os mercadores venezianos que acompanhavam os cruzados adquiri- ram um extraordinário apetite pela riqueza de Bizân- cio. Em 1204, eles saciaram-no através da Quarta Cru- zada, que encontrou (ou perdeu) seu caminho para Constantinopla (LOYN, 1997, p. 52). Emboratenha havido uma tentativa por parte do Justiniano de reaproximar Bizâncio da Igreja do Ocidente, com a sua morte o Império sofreu devido a tentativas de ataques de árabes e outros povos do leste, que visavam controlar Constantinopla. Em 1439, no Concílio de Florença, o imperador engoliu seu orgulho e foi proclamada a união das Igrejas gre- ga e romana. A maioria de seus súditos denunciou o acordo como uma traição à sua fé ortodoxa, mas era tarde demais: os turcos já tinham conquistado a maior parte da Europa oriental. Constantinopla estava isola- da. Em 29 de maio de 1453, após uma longa e heroica resistência, as muralhas da cidade que tinha, durante mil anos, defendido o flanco oriental da Cristandade, foram quebradas pela nova tecnologia da artilharia pesada. A Constantinopla bizantina converteu-se na Istambul turca, capital do Império Otoniano (LOYN, 1997, p. 52). O Império Bizantino existiu por longa data, quase mil anos, desenvolveu uma cultura e características próprias, a destacar sua riqueza arquitetônica e importância comercial. Contudo, sucumbiu aos ataques dos muçulmanos e em 1453 a capital do Império foi tomada turcos otomanos. Assume o poder Otman I que dá origem a dinastia otomana. CESAROPAPISMO: Uma das características mais importantes do Império Bizantino foi a grande ligação entre Estado e Igreja. O momento em que o Imperador assumiu também o controle da Igreja, sendo o comandante das duas instituições é conhecido como cesa- ropapismo. Essa posição fazia com que o imperador pudesse administrar os bens da Igreja e coman- dar quem assumiria seus cargos, mas em contrapartida, fazia com que controvérsias religiosas se tornassem também problemas políticos, como na questão do movimento iconoclasta. FIQUE ATENTO 29 2.3 SURGIMENTO E EXPASÃO DO ISLÃ O islamismo é uma religião que surgiu na Península Arábica no século XVII. O islã foi criado como religião monoteísta pelo profeta Muhammad/ Maomé em 610. Como relembra Eriksen (2019), esse evento mudou por completo o destino das tribos envolvidas, pois, o islamismo teve se expandiu não apenas pela Península Arábica, mas também pela Europa, pela da Ásia e do norte da África. Atualmente ainda é uma das principais religiões monoteístas com milhares de adeptos, também conhecidos como “muçulmanos”, trazendo a eles “tanto uma ideologia comum como certas regras bastante rigorosas de vida social e política [...]” (HEERS, 1985, p. 291). “Islã” significa rendição ou submissão, Os muçulmanos acreditam que acreditam que “a inspiração do seu sistema de crenças vem diretamente de Deus e do profeta Muhammad, escolhido para entregar os ensinamentos para a população em geral” (ERIKSEN, 2029, p.109). Apoiam se nas palavras de Maomé e seguem o livro sagrado do Alcorão. O Alcorão reconhece unicamente Allah como a deida- de suprema, o único senhor de todos os mundos. A adoração a Allah era conhecida antes do advento do islã, como o próprio Alcorão mostra. [...] Não existe re- gistro de uma imagem de Allah e, embora alguns es- critores tenham tentado identificá-lo com outros deu- ses árabes, nenhuma evidência real existe para apoiar a teoria. Parece que o reconhecimento de um ser su- premo, o governante invisível do universo, surgiu do contato com judeus e cristãos que se estabeleceram ou passaram pela Arábia. Sabe-se que o nome siría- co cristão para Deus era Alaha e acredita-se que ele possa ser derivado do hebraico Elohim. É bem possí- vel que o nome Allah tenha vindo do siríaco, especial- mente porque os árabes cristãos sempre se referiram a Deus como Allah, como fazem até hoje. No livro sa- grado islâmico, estão reunidas as revelações do profe- ta. O Alcorão é composto por 114 capítulos (suras), sub- divididos em versículos. [...] Acredita-se que as virtudes divinas fluem por meio do discurso de Muhammad e que não há necessidade de quaisquer debates ou discussões. Muhammad foi perseguido e sofreu um atentado que quase resultou em sua morte, fugindo para a cidade de Yatreb em 16 de julho de 622. Esse acontecimento crucial na história do islã passou a ser conhecido como “héjira” (do árabe hidjra, que significa “fuga”, “emigração”). O calendário muçulmano come- ça no dia dessa migração. A chegada do profeta em Yatreb modifica consideravelmente a vida da cidade. Como Muhammad não encontra oposição, difunde facilmente suas ideias e dissemina livremente sua fé, 30 chegando a conquistar o governo local. Yatreb passa a se chamar Medina (em árabe, Madinat al-Nab, ou seja, “cidade do profeta”). O povo de Medina aceitou o islã com plena fé. (ERIKSEN, 2029, p.111- 112). • Cristão e muçulmanos em disputa de fé e territórios O batismo de Clóvis em 496 d.C.se tornou um marco na formação da Europa Feudal. Clóvis é batizado pelo bispo Remígio, na catedral de Reims, ungido e sagrado rei. Clóvis era chefe da tribo germânica dos sálios. A unificação das várias tribos francas trouxe coesão ao grupo. Esse ato estabelece uma relação muito próxima entre a Igreja e a monarquia, que se iniciava agora com os reis bárbaros. O cristianismo “foi o elemento que possibilitou a articulação entre romanos e germanos, o elemento que ao fazer a síntese daquelas duas sociedades forjou a unidade espiritual, essencial para a civilização medieval” (FRANCO JR, 2001, p. 16). Franco Jr. ressalta que isso ocorreu em razão de elemento da Igreja nos seus primeiros tempos que contrapunha aspectos importantes da civilização romana, como a ideia do imperador como um Deus, questões sociais de hierarquia e o foco no militarismo. O império consolidou-se, expandiu seus territórios e os domínios do cristianismo. Ao longo do tempo a parte Ocidental do Império cai, perdurando ainda a parte Oriental. Ao longo do tempo, o Império Bizantino perdeu parte de seus territórios para os francos, eslavos e islâmicos. E a tomada da cidade de Constantinopla, capital do Império Bizantino, marca o fim do que restava do império romano, é um golpe forte na cristandade e marco do final da Idade Média. Figura 7: Manuscrito encontrado recentemente nos arquivos da Universidade de Birmingham é o fragmento mais antigo do Alcorão encontrado até agora. Fonte: Disponível em: https://www.dw.com/pt-br/descoberto-o-que-pode-ser-mais-antigo-fragmento-do-alcor%- C3%A3o/a-18599242 Acesso em: 19 set. 2021. O batismo de Clóvis, rei dos francos, fundador da dinastia Merovíngia em 496 d.C. mar- cou a história da Igreja e conferiu-lhe poderes espirituais, garantindo a proteção dos reis francos. E fez parte do processo de cristianização dos povos bárbaros. FIQUE ATENTO https://www.dw.com/pt-br/descoberto-o-que-pode-ser-mais-antigo-fragmento-do-alcor%C3%A3o/a-18599242 https://www.dw.com/pt-br/descoberto-o-que-pode-ser-mais-antigo-fragmento-do-alcor%C3%A3o/a-18599242 31 MOVIMENTO ICONOCLASTA O uso de imagens é bastante recorrente dentro da fé cristã. Porém, no século XVI no Impé- rio Bizantino, surgiram vertentes que condenavam o uso de imagens nas práticas religio- sas. Como parte do movimento iconoclasta, o Imperador Leão III proibiu o uso de imagens religiosas, baseado no dogma cristão que vetava a idolatria. Pense sobre o assunto, você acha que as imagens são necessárias e parte dos ritos religio- sos, ou a fé e a crença independe de objetos? Muitas obras foram destruídas pelos iconoclastas, você acredita que isso traz um prejuízo ao patrimônio artístico e cultural do período? VAMOS PENSAR? Para saber mais sobre o que ocorreu no Oriente durante o período medieval leia o livro: SENKO, Elaine Cristina. História e historiografia medieval oriental. Curitiba: Editora Intersaberes, 2019. Disponível em Biblioteca Pearson: https://www.bvir- tual.com.br/NossoAcervo/Publicacao/168158 Acesso em 10 jul. 2021. BUSQUE POR MAIS Nessa obra a autora apresenta a trajetória do Império bizantino e fala sobre o desenvol- vimento do Oriente islâmico, perpassando por questões, culturais e políticas entre bizan- tinos, islâmicos e cristãos. https://www.bvirtual.com.br/NossoAcervo/Publicacao/168158https://www.bvirtual.com.br/NossoAcervo/Publicacao/168158 32 1- (SENKO, 2019, p.50- 51) Assinale a alternativa correta que sinaliza um fator importante no processo histórico do Império Bizantino: a) Justiniano estava implementando a renovação e o fortalecimento político bizantino e isso moldou um conceito historiográfico chamado renovação imperial. b) A força da estabilidade dos reinos dos germanos e do reino dos merovíngios no Ocidente Medieval contribuiu para que, no século VI, os bizantinos perdessem seus territórios. c) O Imperador Justiniano e a Imperatriz Teodora não foram bons administradores do Império Bizantino. d) Não havia mobilidade social nas posições do exército ou na administração civil. e) Justiniano proibiu a sistematização de leis durante seu governo. 2- (Fuvest 2018) Um grande manto de florestas e várzeas cortado por clareiras cultivadas, mais ou menos férteis, tal é o aspecto da Cristandade – algo diferente do Oriente muçulmano, mundo de oásis em meio a desertos. Num local a madeira é rara e as árvores indicam a civilização, noutro a madeira é abundante e sinaliza a barbárie. A religião, que no Oriente nasceu ao abrigo das palmeiras, cresceu no Ocidente em detrimento das árvores, refúgio dos gênios pagãos que monges, santos e missionários abatem impiedosamente. LEGOFF, J. A civilização do ocidente medieval. Bauru: Edusc, 2005. Adaptado. Acerca das características da Cristandade e do Islã no período medieval, pode-se afirmar que: a) o cristianismo se desenvolveu a partir do mundo rural, enquanto a religião muçulmana teve como base inicial as cidades e os povoados da península arábica. b) a concentração humana assemelhava-se nas clareiras e nos oásis, que se constituíam como células econômicas, sociais e culturais, tanto da Cristandade quanto do Islã. c) a Cristandade é considerada o negativo do Islã, pela ausência de cidades, circuitos mercantis e transações monetárias, que abundavam nas formações sociais islâmicas. d) o clero cristão, defensor do monoteísmo estrito, combateu as práticas pagãs muçulmanas, arraigadas nas florestas e nas regiões desérticas da Cristandade ocidental. e) a expansão econômica islâmica caracterizou-se pela ampliação das fronteiras de cultivo, em detrimento das florestas, em um movimento inverso àquele verificado no Ocidente medieval. 3- (Professor, Prefeitura de Itatiaia RJ, AEDB, 2007). Segundo a crença dos cristãos de Bizâncio, os ícones (imagens pintadas ou esculpidas de Cristo, da Virgem e dos Santos) constituíam a "revelação da eternidade no tempo, a comprovação da própria encarnação, FIXANDO O CONTEÚDO 33 a lembrança de que Deus tinha se revelado ao homem e por isso era possível representá- Lo de forma visível" (Franco Jr., H. e Andrade F°, R. O. O IMPÉRIO BIZANTINO. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 27). Apesar da extrema difusão da adoração dos ícones no Império Bizantino, o imperador Leão III, em 726, condenou tal prática por idolatria, desencadeando assim a chamada "crise iconoclasta". Dentre os fatores que motivaram a ação de Leão III, podemos citar o (a): a) necessidade de conter a proliferação de culto às imagens, num contexto de reaproximação da Sé de Roma com o imperador bizantino, uma vez que o papado se posicionava contra a instituição dos ícones e exigia a sua erradicação. b) descontentamento imperial com o crescente prestígio e riqueza dos mosteiros (principais possuidores e fabricantes de ícones), que atraíam para o serviço monástico numerosos jovens, impedindo-os, com isso de contribuírem para o Estado na qualidade de soldados, marinheiros e camponeses. c) tentativa de mirar as bases políticas de apoio à sua irmã, Teodora, a qual valendo- se do prestígio de que gozava junto aos altos dignitários da Igreja Bizantina, aspirava secretamente a sagrar-se imperatriz. d) aproximação do imperador, por meio do califado de Damasco, com o credo islâmico que, recuperando os princípios originais do monoteísmo judaico-cristão, condenava a materialização da essência sagrada da divindade em pedaços de pano ou madeira. e) intolerância da corte imperial para com os habitantes da Ásia Menor, região onde o culto aos ícones servia de pretexto para a aglutinação de povos que pretendiam se emancipar. 4- (AMEOSC - 2021 - Prefeitura de Mondaí - SC - Professor de História, com adaptações) O Império Romano do Ocidente caiu no ano de 476 d.C. quando o imperador Rômulo Augusto foi destituído por Odoacro, rei germânico dos hérulos. Por outro lado, o Império Romano do Oriente seguiu existindo com o nome de Império Bizantino, este tinha sua capital na cidade: a) Ravena. b) Bizâncio. c) Eritreia. d) Constantinopla. e) Milão. 5- Bizâncio e Império Bizantino são termos convencionais, utilizados por estudiosos modernos e contemporâneos, para referir-se à continuação do Império Romano no Oriente. Sobre os dois termos é correto afirmar que: a) o Império Bizantino na verdade não existiu, é como a lenda de Atlântida. b) tiveram origem como uma homenagem a José Manuel Fernandes Sykes Bizarro. c) nas fontes medievais, é possível encontrar a palavra “bizantino”, algumas vezes, para indicar apenas os habitantes da capital imperial. d) o termo bizantino se refere a grande quantidade de bisões que havia na região de 34 Constantinopla. e) o termo “bizantino” deriva de “Byzantion”, antigo assentamento helênico que o imperador Constantino, à procura de um segundo centro para o Império, decidiu urbanizar e atribuir ao lugar o seu próprio nome “Constantinopla”. 6- (VUNESP - 2018 - Prefeitura de Buritizal - SP - Professor de Educação Básica II - História) “A história é frequentemente contada de tal modo que se assume a superioridade do Ocidente sobre o resto do mundo. Eu, como outros historiadores, me empenhei em liberar a história de um movimento cultural dos pressupostos de superioridade. [...] Não assumo a superioridade da arte do Renascimento em relação à arte medieval, mas as vejo simplesmente como diferentes. [...] Quanto ao Ocidente, o revivescimento europeu da Antiguidade clássica não ocorreu num vácuo: dependeu de outros renascimentos clássicos em Bizâncio e no Islã. E renascimentos clássicos pertencem ainda a um grupo mais amplo de renascimentos culturais em outras partes do mundo, como a China por exemplo.” (In: As muitas faces da História) De acordo com a posição do autor Peter Burke, o historiador deve: a) empenhar-se em liberar a história dos pressupostos de superioridade do Ocidente, tendo em vista que há outros renascimentos clássicos além daquele que se conheceu na Europa. b) escrever a história do Renascimento desconsiderando a ligação entre o revivescimento europeu e a Antiguidade clássica, pois não há como comprovar essa relação. c) demonstrar a superioridade do Ocidente sobre o resto do mundo a partir da construção da ligação entre o revivescimento da Europa e a Antiguidade Clássica durante o Renascimento. d) desconsiderar na cronologia da história Ocidental os renascimentos em Bizâncio, Islã e China como etapas do processo de construção do revivescimento europeu no Renascimento. e) incorporar modelos de outros renascimentos clássicos ao revivescimento europeu para poder preencher o vácuo que emergiu no momento em que a arte do Renascimento se diferenciou da arte medieval. 7- (AV MOREIRA - 2020 - Prefeitura de Nossa Senhora de Nazaré - PI - Professor de História - 6º ao 9º ano) “O Islã ou religião islâmica, é a mais recente das grandes religiões mundiais e foi fundada pelo próprio Deus e divulgada por Muhammad ibn Abdalla..., seu último mensageiro, que nasceu em Meca, na Arábia, no final do século VI da era cristã, por volta de 570 d.C. Maomé nasceu em uma das principais famílias da cidade, sendo descendente de Ismael, que é filho de Abraão com a escrava Agar, que tiveram que ir para o deserto por pressão de Sara. Maomé ficou órfão ainda criança. Um de seus tios Abu Talib, cuidou dele e o sustentou...” (ALTOÉ, Adailton. O Islã e os mulçumanos. Petrópolies,RJ; Vozes, 2003) 35 Essa nova religião passa a se propagar em toda a região e mais tarde atinge até a Península Ibérica, na Europa. Sobre essa religião é possível afirmar: a) Maomé é considerado o último dos mensageiros, profetas enviados por Deus para imortalizar sua eterna mensagem à humanidade. b) A palavra Jihad é símbolo da superioridade do Islamismo sobre outras religiões. c) A Hégira é a denominação dada a fuga de Maomé pra Medina antes denominada Meca. d) Os Califas eram apenas os chefes religiosos do Império Islâmico. e) O Suna é o livro sagrado do Islamismo. 8- "A Idade Média europeia é inseparável da civilização islâmica já que consiste precisamente na convivência, ao mesmo tempo positiva e negativa, do cristianismo e do islamismo, sobre uma área comum impregnada pela cultura greco-romana." José Ortega y Gasset (1883-1955). O texto acima permite afirmar que, na Europa ocidental medieval, a) formou-se uma civilização complementar à islâmica, pois ambas tiveram um mesmo ponto de partida. b) originou-se uma civilização menos complexa que a islâmica devido à predominância da cultura germânica. c) desenvolveu-se uma civilização que se beneficiou tanto da herança greco-romana quanto da islâmica. d) cristalizou-se uma civilização marcada pela flexibilidade religiosa e tolerância cultural. e) criou-se uma civilização sem dinamismo, em virtude de sua dependência de Bizâncio e do Islão. 36 A SOCIEDADE FEUDAL 37 Com o fim do Império Romano, houve um forte pro- cesso de ruralização. Vários indivíduos abandonaram as cidades e seguiram rumo ao campo. Para manter sua segurança e de sua família, vincularam-se aos se- nhores feudais em troca de proteção e do mínimo ne- cessário para sua subsistência. Os feudos eram o lugar escolhido pela maioria das pessoas que abandonaram as cidades. Logo, os senhores feudais acolhiam essas pessoas e suas famílias em troca de trabalho braçal re- alizado nos seus campos de cultivo. Vivendo no feudo num sistema de servidão – diferente de escravidão –, o servo não podia abandonar a terra, tampouco ser ven- dido como uma mercadoria (na escravidão, o escravo podia ser vendido, trocado e negociado da maneira que seu dono julgasse melhor). O sistema de servidão inseriu o camponês na condição de vinculado à terra, ou seja, ele deveria permanecer toda a vida naquele feudo; mesmo com a morte do seu senhor, ele per- tencia ao feudo, ou seja, encontrava-se preso a terra (CARVALHO, 2016. p. 63). 3.1 INTRODUÇÃO Vários povos germânicos invadiram aos poucos os territórios que pertenciam ao império romano. Com o fim do império romano se deu início um novo período da história: a Idade Média. Sem a unidade do império romano, o território europeu se dividiu em pequenos locais dos povos germânicos (também chamados de bárbaros). Forma-se um novo modo de organização social. Com a constante invasão dos vikings a população buscou proteção junto a nobreza. Para se proteger dos invasores foram construídos castelos e fortes. Em troca de apoio contra os invasores os reis doavam lote de terras que recebia o nome de feudo. Quem recebia o feudo era chamado de vassalo, e quem dava esse feudo era o suserano. O vassalo também poderia doar parte de sua terra para outras pessoas. Esse novo sistema de organização da sociedade recebeu o nome de feudalismo. Feudalismo: sistema político, econômico, social e cultural que vigorou na Europa Oci- dental durante a Idade Média. GLOSSÁRIO 3.2 FEUDALISMO O feudalismo foi um sistema bastante particular da Idade Média, com singularidades no âmbito político, econômico e social. No feudalismo o poder estava nas mãos de quem possuía uma propriedade conhecida como feudo - base da economia do período - que se centrava na agricultura, utilizando-se de técnicas rudimentares como o arado de 38 tração animal. Embora existissem moedas e trocas de produtos, essa prática não era a mais corrente, assim como, o artesanato que era praticado, mas com baixa produção. Esse sistema a dominação senhorial é uma questão bastante importante no período, Cândido (2019) expõe que suas raízes já estavam presentes na França merovíngia e se assemelha a alguns elementos das vilas romanas, contudo, enfatiza que os feudos não eram simplesmente uma evolução ou continuidade dessas formas de organização. Como pontua Guerreau (1980) o feudalismo é um sistema multifacetário que vigora fortemente na Europa Medieval entre os séculos XI e XIII e depois vai passando por reordenações, quando após atingir o seu ápice no século XIII entre num processo que o levará a sucumbir frente à formação das monarquias nacionais. • Feudos Uma característica importante da Europa Medieval é a descentralização, embora estivesse dividida em reinos, os monarcas não eram os mais poderosos na sociedade da época, já que a organização dos reinos se dividia em feudos (grandes extensões de terras), dominados por senhores feudais, que exerciam domínio absoluto em suas terras. Durante a Idade Média. Os domínios pertencentes ao senhor eram chamados de feudo. Era a terra sobre a qual o senhor tinha total autoridade, inclusive sobre todos os seus moradores (os servos). Nessa propriedade haviam vários elementos como o castelo, no qual residia o senhor feudal, o espaço onde viviam os servos e a vila ou aldeia. Assim, o feudo era composto por três partes: o manso servil, o manso senhorial e o manso comunal. De acordo com "essa ligação (o vínculo feudo-vassálico) era sentida como sendo tão forte, que sua imagem se projetava sobre todos os outros vínculos humanos" (BLOCH, 2009, p. 356). Como pontua Bloch (2009) essa relação feudo-vassálica é estruturante, baseada no parentesco e na relação de senhorialismo, nesse contexto o "mundo que se inclinava a conceber todos os laços de homem a homem sob a imagem do mais sedutor deles (o feudo-vassálico)" (BLOCH, 2009, p. 104). Assim, esse vínculo teria sido o “cimento social” das formas de organização social e interação da sociedade medieval. A economia feudal baseava-se na agricultura (trigo, cevada, centeio, ervilha etc.) e na criação (carneiros, porcos e bois) para subsistência dos moradores do senhorio. Além de alimentos, produzia-se tudo o que era necessário para viver, como ferramentas, roupas, móveis, alimentos, etc., uma produção de subsistência voltada para as necessidades cotidianas e não para fins comerciais. O comércio e o uso de moedas praticamente desapareceram entre os séculos V e XII. Apenas o comércio de sal e de artigos de luxo, destinado a nobres muito ricos, permaneceu em fluxo. Entre a população pobre trocava- se produto por produto. No entanto, a produção agrícola era baixa. Desconheciam-se técnicas de adubação, e os instrumentos utilizados, feitos de madeira e de ferro de baixa qualidade, não eram muito eficientes. Os animais eram criados soltos e pastavam nas matas. As lavouras eram mais suscetíveis às secas e a outras mudanças climáticas, e a fome era frequente. A falta de higiene e a debilidade física contribuíam para a disseminação de doenças. A expectativa de vida da população europeia nesse período era muito baixa. 3.3 A SOCIEDADE FEUDAL A sociedade feudal surge com a formação dos reinos bárbaros ou mais precisamente com o batismo de Clóvis e sua posterior coroação. Bloch (2009) nos mostra como essa 39 era "uma sociedade fragmentada e fundamentalmente una" ao tratar da atmosfera mental e das condições de vida nessa sociedade. A expansão Franca com a tutela da Igreja dará vários parâmetros para nova sociedade que surge. Entre esses parâmetros podemos citar a criação de laços de fidelidade entre reis e guerreiros, uma vez que, era comum que os reis bárbaros dessem terras como uma forma de recompensar seus guerreiros. A Europa feudal surge das ruínas do Império Romano do Ocidente, mas rapidamente se hierarquiza. Na sociedade feudal, a terra significa prestígio e poder. Duby (1987) as “três ordens” que compunham e hierarquizavam a sociedade medieval,
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