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VIVÊNCIAS EM TANATOLOGIA wit o filme

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VIVÊNCIAS EM TANATOLOGIA
Refletindo sobre o Filme WIT, “UMA LIÇÃO DE VIDA”
Publicado em 25 de abril de 2015 por vivenciasemtanatologia
O filme “Wit, uma lição de vida” é um retrato da realidade que se vive nos hospitais, que mostra em sua maioria, o contato imparcial dos profissionais para com os pacientes. Muito mais do que enredo, é o que se percebe nos grandes centros de tratamento, principalmente os de serviço público. O filme se passa em dois momentos, antes e depois da rotina hospitalar, podendo se ver assim, nitidamente como a solidão afeta a vida de um ser humano. Em um hospital britânico, tem se uma professora com um tumor avançado e com chances remotas de cura, sendo submetida a árduos processos de tratamento e longos períodos de sofrimento.
Vivian é uma professora universitária renomada, que ao longo de sua vida contribuiu profundamente para a literatura britânica. Como realizava exames periódicos, um dia, enquanto fazia sua consulta com Kelekian, um oncologista famoso, descobriu a existência de um cancro, um tumor maligno que avançava rapidamente. Após a descoberta do câncer que havia se instalado no ovário, recebeu a proposta de ser submetida a um processo de cura de altos efeitos colaterais, uma vez que era necessário tratamento e as chances de cura eram mínimas. O objetivo do tratamento era acima de tudo, de caráter educativo, visando a pesquisa e os resultados de um tratamento com doses máximas de quimioterapia, que levaria Vivian ao extremo da sua resistência. Após ser internada, foi submetida a exames com novas drogas, rígida observação e longos períodos internada. Sua conduta extremamente rígida em virtude do comprometimento excessivo com seu trabalho a levou a viver uma vida isolada do calor humano, o que viria a trazer tristeza profunda durante o período em que estava sob tratamento. Sofrendo muito devido aos efeitos colaterais e sem amigos para compartilhar seus momentos de dor, estava sozinha. Sua companhia era limitada às visitas médicas e aos estudantes que lhe entrevistavam sobre os seus sintomas. Conforme o passar do tempo, os efeitos colaterais traziam mais dor e sofrimento, e Vivian, sem forças veio a óbito. No contexto em que vivemos a situação mostrada no filme “Wit, uma lição de vida” é muito comum. A doença, que traz à pessoa sensibilidade e carência de afeto, é simplesmente diagnosticada, sem levar em conta que o que mais necessita de cura é a auto estima e a falta de carinho. Não é necessário ir muito longe para notar um enfermo que não vê sua família há dias, e outro que realiza uma série de exames periódicos que prejudicam o seu bem estar. Vivian sofria muito, em virtude do desgaste físico e psicológico, e a solidão, que por toda a sua vida não lhe incomodava era agora seu maior mal. Sua visão sobre aquela rotina desgastante era evidenciada no filme, o que faz com que o espectador se ponha em primeira pessoa e perceba o quão frágil é a vida humana quando somos submetidos a uma rotina hospitalar. Em contrapartida, o oncologista Kelekian se põe do outro lado do paradigma emocional, tendo em vista apenas os resultados do exame, que possuía caráter educativo para seus alunos. Cada vez mais as pessoas são consideradas estatísticas, em meio à solidão e à doença.
A mensagem que se pode extrair do filme “Wit, uma lição de vida” é uma forma de visão um pouco mais profunda sobre a realidade em que se vive dentro dos hospitais. O enredo do filme nos mostra a questão da sensibilidade humana abordada de maneira extremamente rígida e imparcial, e a quebra de paradigma da professora Vivian, quando se depara com a falta de tato que por toda a vida de professora acadêmica não lhe fazia falta. Foi necessário assim, estar em situação de solidão e abstinência extrema, para se entender que não pode viver sozinha. A questão da miséria emocional sensibiliza até o mais imparcial espectador, em um contexto no qual criação e morte se encontram, expressando o qual singelo é o significado da vida.
Situações favoráveis e desfavoráveis na relação médico-paciente.
Uma consulta médica ou qualquer outro tipo de situação que ponha médico e cliente/paciente juntos é regida por um tipo de relação/interação. Tal relação é, principalmente, comunicativa, pondo o médico como um comunicador – que tem que saber guiar a conversa de forma agradável ao seu paciente – e põe o próprio paciente numa posição mais “passiva”, de “escutador”. Isso nem sempre acontece, já que, às vezes, o paciente não permite se manter nessa posição e quer ser mais atuante no diagnóstico, prognóstico e terapêutica. Esse tipo de situação pode ter dois tipos de reações: uma em que o paciente respeita a capacidade técnica do médico, participando somente das escolhas, sendo sua autonomia preservada; outra, ele quer ser mais que o médico, sendo que não tem a capacidade de ditar quais situações devem ser utilizadas, cabendo ao profissional essa posição. Essa interação entre os dois deve ser marcada por compreensão, ajuda mútua, respeito etc. Isso, porém, nem sempre acontece.
Algumas situações podem ser tanto favoráveis quanto adversas, depende, principalmente, da posição das partes – médico e paciente –, mas também há outras variantes que podem contribuir como: situação da doença, forma do tratamento proposto e a própria instituição de saúde. Médicos arrogantes, que não tratam bem seu cliente durante a consulta; que sempre parece ocupado, apressado, desinteressado; que utilizam muitos jargões técnicos, dificultando a compreensão do cliente; que não explicam corretamente a enfermidade; insensíveis, perguntam coisas muito pessoais (como sexualidade, por exemplo); ou até fazem uma contra transferência negativa – o paciente com quem ele trata tem o perfil de alguém do seu passado que não tem boas lembranças, por exemplo; todas essas situações acuam o paciente, tornando difícil relacionar-se. Mas também tais situações adversas podem partir do paciente se ele tiver concepções erradas sobre a enfermidade que o acomete; se ele não compreendeu completamente as informações e instruções do médico; se ele questiona os tratamentos propostos, a velocidade dos resultados, acreditando que não vale a pena os esforços, por achar o tratamento caro; ou também por uma transferência negativa – a presença de sentimentos hostis em relação ao analista, podendo estar relacionado a algum trauma passado. Outras situações que dificultam a comunicação parte do tratamento (custos, resultados a longo prazo, efeitos colaterais, exige demais), doenças (dificuldade de cuidar, no caso de psicoses) e da instituição (distância, tempo de espera, acesso ao serviço).
É mister para um médico saber se relacionar com seu paciente. Ser empático, compreensivo e não julgá-lo. O paciente também não deve ser preconceituoso em relação ao seu médico, deve respeitar suas opiniões técnicas, cabendo a ele a autonomia de decidir pelas opções dadas. Partindo desses pressupostos, teremos uma interação mais humanizada, preocupando-se mais um com o outro. E no caso de situações negativas, cabe ao médico saber contornar cada situação adversa.
“O encontro entre médico e paciente não se rege apenas por elementos objetivos e racionais” (Botega)
INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE SAÚDE E SERVIÇOS
Eixo Temático em Linguagem e Comunicação
Prof: Marco Pessoa
Aluno: Tiago Alex Petry
WIT, “UMA LIÇÃO DE VIDA”. Direção: Mike Nichols. Produção: Emma Thompson, Christopher Lloyd, Eileen Atkins e Audra McDonald. Lançamento: 2001 (EUA)
Resumo do filme” Wit, Uma lição de vida”
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