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HABILIDADES - Exame Físico de Abdome

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Habilidades Médicas e Atitudes 
 Ex. Físico de Abdome 
 
 
 
 Para estudo anatômico, a cavidade abdominopélvica é dividida 
em duas porções: cavidade abdominal (cavidade peritoneal e 
vísceras abdominais) e cavidade pélvica. O abdome apresenta 
os seguintes limites: 
 Aspecto externo: 
 Limite superior: apêndice xifóide e arcada costal. 
 Limite inferior: sínfise púbica, cristas ilíacas e 
pregas inguinais. 
 Aspecto interno: 
 Limite superior: diafragma. 
 Limite inferior: estreito superior do osso do quadril. 
 A cavidade abdominal apresenta paredes abdominais músculo-
aponeuróticas dinâmicas que não apenas se contraem para 
aumentar a pressão intra-abdominal, mas também se distendem 
consideravelmente, acomodando as expansões causadas por 
ingestão, gravidez, deposição de gordura ou patologias. 
 Internamente, temos ainda o ângulo de Treitz, ângulo formado 
ao nível da junção entre o duodeno e o jejuno (ângulo 
duodeno-jejunal), onde o intestino é fixo, responsável por limitar 
o tubo digestivo alto do baixo. Logo, sangramentos acima deste 
ligamento serão classificados como hemorragia digestiva baixa e o 
contrário, é verdadeiro. 
 
 
 
 Hipocôndrio Direito: fígado, vesícula biliar, rim direito, flexura 
hepática do cólon. 
 Epigástrio: fígado (lobo esquerdo), piloro, duodeno, cólon 
transverso e cabeça e corpo do pâncreas. 
 Hipocôndrio Esquerdo: baço, estômago, flexura esplênica do 
cólon, pâncreas (cauda), rim esquerdo. 
 Flanco Direito: cólon ascendente, jejuno e rim direito. 
 Mesogástrio ou umbilical: duodeno, jejuno, íleo, aorta 
abdominal, mesentério, linfonodos. 
 Flanco Esquerdo: cólon descendente, jejuno, íleo. 
 Fossa Ilíaca Direita (região inguinal direita): ceco, apêndice, 
ovário e tuba uterina direita. 
 Hipogástrio: bexiga, útero, ureter. 
 Fossa Ilíaca Esquerda (região inguinal esquerda): cólon 
sigmoide, ovário e tuba esquerda. 
 
 
 
 
 Quadrante superior direito: lobo direto do fígado, vesicular 
biliar, piloro do estomago, duodeno (1ª-3ª parte), cabeça do 
pâncreas, glândula supra-renal direita, rim direito, flexura 
hepática direita do colo, parte superior do colo ascendente, 
metade direita do colo transverso. 
 Quadrante superior esquerdo: lobo esquerdo do fígado, baço, 
estomago, jejuno e íleo proximal, corpo e cauda do pâncreas, 
rim esquerdo, glândula supra-renal, flexura cólica (esplênica) 
esquerda, metade esquerda do colo transverso, parte 
superior do colo descendente. 
 Quadrante inferior direito: ceco, apêndice vermiforme, maior 
parte do íleo, parte inferior do colo ascendente, ovário direito, 
tuba uterina direita, ureter direito (parte abdominal) funículo 
espermático direito (parte abdominal), útero (se aumentado) e 
bexiga (se muito cheia). 
 Quadrante inferior esquerdo: colo sigmoide, parte inferior do 
colo descendente, ovário esquerdo, tuba uterina, ureter 
esquerdo (parte abdominal) funículo espermático esquerdo 
(parte abdominal), útero (se aumentado) e bexiga (se muito 
cheia). 
 
 
 
 Como os componentes do sistema digestivo funcionam de 
forma integrada e organizada, é necessário dar ênfase a 
pontos da anamnese para determinar diagnósticos ou 
exames complementares mais efetivos. 
 
HISTORIA DA DOENÇA ATUAL E INTERROGATÓRIO 
SINTOMATOLÓGICO 
 
 Disfagia: dificuldade na deglutição, mais relacionada com doenças do 
esôfago. 
 Odinofagia: dor no ato da deglutição. 
 Soluço: contrações espasmódicas do diafragma, concomitantes com 
o fechamento da glote, acompanhadas de um ruido rouco. Pode 
ser isolado ou em crises. 
 Hematâmese: vomito de sangue que, diferentemente da epistaxe e 
da hemoptise, é derivado das vias digestivas. 
 Dor: pesquisar localização e demais características semiológicas. 
 Dispepsia: conjunto de sintomas constituído de desconforto 
epigástrico, empanzinamento, sensação de distensão por gases, 
náuseas, intolerância a certos alimentos. 
 Pirose (azia): sensação de queimação retroesternal. 
 Náuseas: sensação de mal estar que precede o vômito, ou vontade 
de vomitar. Pesquisar o horário em que aparece e relações com a 
ingestão de alimentos. 
 Vômitos: ato de expelir conteúdo digestivo pela boca. 
 Diarreia: aumento no teor líquido das fezes, frequentemente 
associado ao aumento no número das evacuações e do volume 
fecal das 24 h. 
 Esteatorreia: aumento da quantidade de gorduras nas fezes. 
 Disenteria: tipo de diarreia. 
 Distensão abdominal: sensação de gases no abdome. 
NOÇÕES DE ANATOMIA TOPOGRÁFICA DO ABDOME 
 
REGIÕES ABDOMINAIS 
 
QUADRANTES ABDOMINAIS 
 
ANAMNESE DO SISTEMA DIGESTIVO 
 
Habilidades Médicas e Atitudes 
 Flatulência: eliminação de gases pelo ânus. 
 Eructações: eliminação de gases pela boca. 
 Melena: presença de sangue nas fezes perceptível através da 
eliminação de fezes negras, semelhante a borra de café, resultantes 
da decomposição bacteriana sofrida pela hemoglobina na luz 
intestinal. 
 Hematoquezia: eliminação de sangue vivo pelo ânus, indicando, 
comumente, sangramentos maciços normalmente superiores a 
1000 ml, acompanhados de transito intestinal rápido. 
 Enterorragia: eliminação de sangue por meio do ânus, também 
decorrente do sistema digestivo. 
 Obstipação: alteração no transito digestivo em que o paciente 
apresenta uma dificuldade para evacuar. 
 Tenesmo: sensação falsa de querer evacuar ou manutenção do 
desejo de evacuar, mesmo depois de defecar. 
 Sangramento anal: sangue oriundo da própria região anal, e não de 
estruturas profundas. 
 Prurido: coceira que se apresenta como sintoma inespecífico, mas 
que se manifesta, principalmente, em doenças de obstrução das vias 
biliares. 
 Icterícia: coloração amarelada da pele secundária a um aumento de 
bilirrubina no sangue. 
 Perda ponderal: sinal inespecífico muito importante para o exame 
físico do aparelho digestivo, uma vez que a função deste aparelho é 
promover a nutrição do individuo. 
 Anemia: perda de sangue que pode ser causada por uma má 
absorção de alimentos. 
 Febre: relacionada não só a processos infecciosos, mas que pode 
estar presente em afeções neoplásicas do sistema digestivo, bem 
como nas hemorragias digestivas. 
 Desorientação: sinal inespecífico que pode ocorrer por afeções no 
aparelho digestivo (como por exemplo, nas doenças hepáticas 
crônicas descompensadas). 
 Crescimento abdominal: pode se dar por ascite, distensão abdominal 
ou aumento de qualquer órgão do abdome. 
 
ANTECEDENTES 
 
 Anorexia e perda de peso; 
 Alterações do hábito intestinal; 
 Passado de doença ulcerosa; 
 “Angina” mesentérica (isquemia da artéria mesentérica); 
 Sangramento pelo TGI; 
 Cardiopatia embolizante; 
 Doenças hematológicas; 
 Cirurgias prévias; 
 Antecedentes ginecológicos; 
 Antecedentes urológicos; 
 Dislipidemias, hepatites; 
 Doenças familiares; 
 Etilismo; 
 Uso de medicamentos; 
 Banhos de rio. 
 
 
 
 Paciente com bexiga vazia; 
 Paciente relaxado e confortável: decúbito dorsal, travesseiro 
sob a cabeça. 
 Verificar se o paciente está relaxado e bem acomodado, 
passando a mão na região lombar; 
 Examinador com unhas curtas; 
 Evitar movimentos rápidos e inesperados; 
 Examinar sempre à direita do paciente; 
 Obedecer a sequência do exame (Inspeção → Ausculta → 
Percussão → Palpação). 
 
 
 
 Tipos de Abdome: 
 Normal ou atípico (plano e simétrico); 
 Globoso (às custa de que? gravidez, ascite, obesidade, 
obstrução intestinal, hepatoesplenomegalia, tumores); 
 Em ventre de batráquio (de sapo): caracteriza a ascite, 
em que, em decúbito dorsal, o líquido tende a escorrer 
pelos flancos; 
 Avental: caracteriza a obesidade; 
 Pendular ou ptótico (tipo de avental ligado à flacidez): 
caracteriza a gravidez; 
 Escavado: como em doença consuptiva ou 
emagrecimento. 
 Pele: 
 Cicatrizes (localização e extensão): erupções cutâneas, 
quando acompanhadas de diarreia, sugere febre tifóide 
– roséolas. 
 Condições normais: pigmentação abdominalmais 
clara que o restante do corpo; 
 Hipofunção adrenocortical crônica; 
 Doença de Addison: hiperpigmentação na linha do 
cinturão; 
 Sinal de Cullen: pigmentação azulada ao redor do 
umbigo. Denota hemoperitônio; 
 Sinal de Grey-Turner: equimose em flancos. 
Denota hemoperitônio (pancreatite hemorrágica); 
 Estrias: podem acontecer em condições 
fisiológicas (gravidez, adolescência, etc.) ou em 
condições patológicas (violáceas → denotando 
Síndrome de Cushing). 
 Distribuição dos pelos pubianos: a quantidade pode ser 
modificada por doença hepática crônica e anormalidades 
endócrinas. 
 Mulheres: púbicos (distribuição triangular), com 
base voltada para a sínfise púbica. 
 Homens: formato de diamante, com pelos 
continuando no abdome. 
 Equimoses (Hemorragia intra ou retroperitoneal): 
 Sinal de Cullen: equimose periumbilical, indicando 
pancreatite necrosante ou gravidez ectópica rota. 
 Sinal de Grey-Turner: Equimose nos flancos, indicando 
pancreatite necrosante ou outras hemorragias 
retroperitoneais. 
 Telangiectasias e Veias dilatadas (Hepatopatias); 
 Umbigo (contorno e localização; sinais de inflamação ou 
protrusão sugerem hérnia ventral); 
 Herniações (localização e relação com cicatriz 
cirúrgicas); 
 Abaulamentos (localização, pulsatilidade e extensão): para 
diferenciar se uma massa ou tumor está localizado(a) 
na parede abdominal ou na cavidade abdominal, solicita 
ao paciente para realizar contrações musculares. Se a 
massa ficar melhor distinguida, significa que está na 
PREPARO DO EXAMINADOR E DO PACIENTE 
 
INSPEÇÃO 
 
Habilidades Médicas e Atitudes 
parede. Caso contrário, está localizada na cavidade 
abdominal, em algum órgão interno. 
 Visceromegalias, aneurismas, lifonodomegalias, 
massas, hérnias, etc. 
 Sinal de Mary-Joseph: nódulo umbilical metastático 
→ neoplasia intra-abdominal. 
 Retrações (depressões). 
 Retração generalizada: abdome escafóide ou 
escavado (má-nutrição, marasmo, caquexia, 
peritonite difusa - rigidez muscular). 
 Retração localizada: bridas pós-cirúrgicas 
 Circulação Colateral (obstrução venosa): em indivíduos 
normais, as veias abdominais geralmente não são visíveis. 
Quando há obstrução do sistema venoso porta ou veia 
cava, os vasos superficiais podem se mostrar distendidos. 
 Obstrução na circulação portal (Fluxo centrífugo): 
desenvolvimento da cabeça de medusa (caput 
medusae), que se irradiam a partir do umbigo. 
 Obstrução da cava superior (Fluxo descendente): veias 
dilatadas e evidentes de fluxo descendente (cránio-
caudal) na superfície da parede torácica. 
 Obstrução da cava Inferior (Fluxo ascendente): veias 
evidentes de fluxo ascendente (caudal-cranial) que 
surgem devido a uma trombose da veia cava inferior. 
 Determinação da direção do fluxo: localize um 
segmento da veia e a comprima com os dois 
indicadores, esvaziando-as. Depois, solte um dos dedos 
para observar se houve enchimento vascular, o que 
determinará o sentido do fluxo. Repita a técnica 
soltando, desta vez, o outro dedo para testar a 
veracidade. 
 
Obs.: Para determinar o fluxo da veia, coloque os indicadores sobre 
ela, aplicando uma pressão oclusiva. Arraste um deles ao longo da 
veia esvaziando uma sessão. Retire o dedo movido. Se a veia 
encher, o fluxo de sangue é oposto ao do movimento de arrastar o 
dedo. Se não encher, o fluxo é igual ao do movimento. 
 
 Movimentos do Abdome: 
 Movimentos respiratórios (Toracoabdominais, mas 
torácico quando gravidez, e na peritonite há abolição 
desses movimentos); 
 Pulsações (aórtica normal visível no epigástrio, podendo 
aumentar devido a aneurisma aórtico); 
 Movimentos peristálticos: os movimentos peristálticos do 
intestino delgado, que normalmente não são 
observados à inspeção, podem tornar-se visíveis em 
pacientes caquéticos, com adelgaçamento da parede 
abdominal, ou em condições patológicas, como nas 
síndromes obstrutivas. 
 Indivíduos normais: não visível. 
 Obstrução pilórica: no epigástrio, do rebordo costal 
esquerdo para o direito. 
 Obstrução intestinal: peristalse irregular ao redor 
do umbigo. 
 Inspeção dinâmica (Avaliar massas): 
 Manobra de Valsalva + (Tosse→ massas proeminentes) 
 Manobra de Smith Bates (contração abdominal) 
 Se massa desaparece→ localizada abaixo da 
parede abdominal; 
 Se massa permanece→ pertence a parede 
abdominal. 
 
 
 Ausculta-se os quatro quadrantes, inicialmente, de forma 
superficial e delicada para avaliar os ruidos hidroaéreos. 
Para avaliar alterações no fluxo aórtico (sopros ou aneurismas), 
aprofunda-se mais o diafragma do estetoscópio ao longo do 
trajeto mediano da aorta e de seus ramos. 
 Os ruídos intestinais são produzidos pela interação do 
peristaltismo com os líquidos e gases. A asculta normal do 
abdome revela ruídos hidroaéreos que refletem o 
deslocamento dos gases misturados ao bolo alimentar ao 
longo de uma víscera oca. O melhor local para auscultar os 
ruídos hidroaéreos é na fossa ilíaca esquerda. 
 De um modo geral, a exacerbação do peristaltismo é menos 
significativa que a redução, ocorrendo na fase final da 
obstrução intestinal, nas hemorragias digestivas intraluminares 
e nas gastroenterites agudas não complicadas. 
 As principais alterações a serem pesquisadas durante a 
ausculta são: 
 Presença de ruídos hidroaéreos: descrever sua 
tonalidade, intensidade, timbre e frequência (normal 
entre 5 e 10 por minuto). 
 Burburinhos: som de gases e líquido passando por 
dobras intestinais. 
 Peristaltismo da luta: obstrução. 
 Íleo paralítico: silêncio abdominal. Caracteriza, na 
maioria dos casos, situações de pós-operatório, em 
que ocorre um silencio abdominal causado por uma 
resposta de defesa funcional do trato gastrointestinal 
em consequência a um trauma. O retorno dos 
movimentos deve acontecer entre 24 e 72h. Se o 
tempo for maio, indica complicações (infecção 
peritoneal ou desequilíbrio hidroeletrolítico). 
 Sopros: sugerem aneurismas e compressões, arteriais, 
fístulas artério-venosas. 
 Motilidade Intestinal: 
 Foco da ausculta: QID, latero-inferiormente a cicatriz 
umbilical; 
 Auscultar durante 1 minuto; 
 Normal: 5 a 34 ruídos/min 
 Hiperperistáltico: > 34 ruídos/min; (em diarreia ou 
obstrução intestinal); 
 Hipoperistáltico: < 5 ruídos/min (fase tardia da obstrução 
intestinal); 
 Aperistáltico: Sem ruídos, após ausculta de 5 minutos 
em cada quadrante. 
 Sons Vasculares (procura por sopros): 
 Aorta: entre processo xifoide ao umbigo 
 Renais: entre processo xifoide e o umbigo com dois 
dedos em relação a linha média para cada lado; 
 Femoral: na região inguinal; 
 Venosos: auscultar na região umbilical quando houver 
circulação colateral portal (zumbido indica hipertensão 
porta → Sinal de Cruveilhier-Baumgarten). 
 
Obs.: Duas considerações clínico-semiológicas devem ser avaliadas e 
diferenciadas entre si: 
O sinal de Corvoisier-Terrier é caracterizado por três sinais: icterícia, 
vesícula palpável e indolor, ausência de irritação peritoneal. Indicam 
neoplasia obstrutiva das vias biliares. 
AUSCULTA 
 
Habilidades Médicas e Atitudes 
A tríade de Charcot é caracterizada por icterícia (baixa intensidade), 
vesícula dolorosa (palpável ou não) e febre. Indica colangite 
(inflamação nas vias biliares). 
 
 
 
 Por intermédio da percussão, pode-se identificar a presença 
de ar livre, líquidos e massas intra-abdominais. O método é 
digito-digital, assim como se realiza a percussão no exame do 
aparelho respiratório. A exemplo da palpação, a percussão 
deve ser sempre iniciada fora da área de maior sensibilidade, 
estendendo-se a todo o abdome com a mesma intensidade. 
 Som normal: maciço (baço e fígado), timpanismo 
(vísceras ocas), submaciço (quando há conteúdo 
alimentar no intestino). 
 Som de órgão maciço: zona hepática, espaço de 
Traube ocupado (6ª a 10ª costelas), vísceras sólidas 
aumentadas, vísceras ocas repletas de líquido, ascite 
(macicez de declive),gravidez, tumores. 
 Percussão normal: Macicez hepática no hipocôndrio 
direito; timpanismo (presença de ar na víscera oca) no 
espaço de Traube (que inclui as regiões epigástrica e 
hipocôndrio esquerdo); timpanismo nas demais regiões. 
Em alguns casos, é comum encontrar macicez também 
nos flancos, além do hipocôndrio direito, compatível 
com órgão maciço ou víscera oca com conteúdo sólido 
ou líquido. As massas abdominais sólidas ou líquidas 
(como na ascite) e os hematomas também se 
revelam maciços à percussão. 
 Hipertimpanismo: aerofagia com meteorismo; 
gastrectasia, meteorismo, obstrução intestinal, 
pneumoperitônio. 
 Avaliar a distribuição de gases e possíveis massas sólidas ou 
líquidas (ascite - acumulação excessiva de fluidos na cavidade 
do peritônio); 
 Percutir as 9 regiões ou os 4 quadrantes + espaço de 
Traube, avaliando a distribuição do timpanismo e da macicez; 
 Abdome totalmente timpânico e protuberante sugere 
obstrução intestinal; 
 Macicez não esparsa sugere visceromegalias ou massas, que 
orientará a palpação; 
 Macicez fixa: sugere tumores; plastões 
 Macicez móvel: sugere a presença de líquidos. Paciente 
em decúbito dorsal: havendo ascite, encontra-se 
timpanismo no mesogástrio e macicez nos flancos. 
Paciente em decúbito lateral demonstra inversão dos 
sons. Esta inversão não ocorre em casos de cistos de 
ovário. 
 Percussão moderada, com 2 toques/região; 
 Semicírculos de Skoda: 
 Serve para diferenciar uma ascite de pequeno volume 
de nodulações na região do hipogástrio. Com o paciente 
em decúbito dorsal, com o leito inclinado em torno de 
30°, percute-se a região infra-umbilical de forma radiada, 
em direção às fossas ilíacas e hipogástrio. Em casos de 
ascite, observa-se alteração do timpanismo 
característico da região do mesogástrio e nas fossas 
ilíacas. 
 Sinal de Piparote: 
 Verificado através de sensibilidade de ondas liquidas no 
lado oposto ao que estimula. 
 Solicitar ao paciente que comprima a linha média com 
firmeza; 
 Percute-se um dos flancos e sente-se com a outra mão 
no flanco oposto; 
 Quando positivo (a cima de 2 L) sugere ascite; 
 Sinal de Poça; 
 Suspeita de pequeno volume de liquido ascítico; 
 Positivo quando >150 ml; 
 Paciente em posição genupalmar (de pé com o corpo 
inclinado); 
 Caso haja liquido livre, descerá e poderá ser percutido; 
 Hepatimetria: 
 Avaliação da macicez do fígado (indolor); 
 O limite superior do fígado localiza-se na linha 
hemiclavicular direita, no 5º EIC direito, onde se encontra 
som submaciço para maciço. Para encontrar este limite 
superior, percute-se desde o 4º ou 5º EIC direito, onde 
ainda se percute som claro pulmonar, até o encontro de 
som maciço. O limite inferior é em nível dos arcos 
costais e é encontrado realizando a técnica de modo 
inverso: iniciando desde a fossa ilíaca direita até o 
rebordo costal direito. 
 Normal: 6 a 12 cm; 
 Percute-se do umbigo para cima e do mamilo 
para baixo; 
 Percutir nos espaços intercostais; 
 Limite superior: sobreposição do pulmão com o 
fígado (submacicez); 
 Limite inferior: fim da macicez hepática com início 
do timpanismo abdominal; 
 Linha média: 
 Normal: 4 a 8 cm; 
 Mede-se a partir do apêndice xifoide até 
encontrar o fim da macicez; 
 Sinal de Jobert: timpanismo ao nível da linha axilar média 
sobre a área hepática ou no próprio hipocôndrio direito 
(área de macicez), indicando a presença de ar livre na 
cavidade peritoneal (pneumoperitônio), via de regra 
decorrente de perfuração de víscera. 
 Sinal Chilaiditi: flexura hepática do cólon sobre o fígado, 
falseando a hepatimetria e o sinal de Joubert; 
 Sinal de Torres-Homem: percussão dolorosa da loja 
hepática. Caracteriza a presença de abscesso 
inflamatório hepático. 
 Sinal de rechaço hepático: serve para avaliar ou 
encontrar o fígado em pacientes com ascite volumosa. 
Para isso, realiza-se compressões na região do 
hipocôndrio direito do paciente. Ao se encontrar o 
fígado, o médico, ao soltar a compressão, sente o 
retorno hepático contra a sua mão. 
 Sinal de Giordano: percute-se este sinal por meio de 
golpes leves na região lombar (dorsal) do paciente 
sentado. Os golpes serão concentrados na região da loja 
renal. O desencadeamento de dor por este tipo de 
percussão (que geralmente faz o paciente retirar o 
corpo da posição normal), sugere afecções inflamatórias 
retroperitoniais (refletindo dor renal ou uretérica). 
 
 
 
 Antes de começar, pedir ao paciente para apontar área de 
dor (deixa-las por último); 
 Despir o abdome do apêndice xifoide até a sínfise púbica; 
PERCUSSÃO 
 
PALPAÇÃO 
 
Habilidades Médicas e Atitudes 
 Pedir ao paciente para respirar pela boca, evitando tensão 
muscular; 
 Perceber com mão o relaxamentos dos músculos abdominais 
com a expiração; 
 Superficial: 
 Movimentos descendentes, suaves, uniformes em todos 
os quadrantes; 
 Avalia-se: dor à palpação; tensão da parede abdominal; 
órgãos ou massas superficiais; herniações; e alterações 
do subcutâneo; 
 Profunda: 
 2 mãos, uma para sentir e outra para empurrar; 
 Palpar todos os quadrantes; 
 Avalia-se massas previamente delimitadas: localização; 
tamanho; formato; consistência; hipersensibilidade; 
pulsações; e mobilidade. 
 Fígado e Baço: 
 Método bimanual: 
 Mão esquerda por baixo do paciente, tracionando 
para cima; 
 Mão direita objetivando palpar a borda hepática ou 
esplênica durante a inspiração. 
 Método em Garra: Dedos tentando entrar por debaixo 
do rebordo costal; 
 Avalia-se: localização da borda inferior; consistência; 
superfície (lisa ou nodulada); formato da borda; 
sensibilidade álgica; delimitação de massas. 
 Baço somente palpável quando houver esplenomegalia. 
 Irritação Peritoneal: 
 Sinais: 
 Hipersensibilidade à palpação superficial com 
abdome rígido/em tabua; 
 Dor ao mínimo toque; 
 Sinal de Blumberg (descompressão dolorosa); 
 Causas: 
 Pneumoperitônio por rotura de alça (sinal de 
Joubert); 
 Hemoperitônio; 
 Apendicite: 
1. Descompressão dolorosa no ponto de Macburney 
(1/3 da distância entre a crista ilíaca e o umbigo); 
2. Sinal do Obturador: dor no hipogástrio após flexão 
da coxa e rotação interna do quadril; 
3. Sinal de Rovsing: dor após compressão do cólon 
descendente devido a deslocamento de ar; 
4. Sinal Psoas: dor após extensão ou flexão forçada 
da coxa com o paciente em decúbito lateral 
esquerdo. 
 Vesícula biliar: 
1. Sinal de Murphy: Interrupção da inspiração quando 
a vesícula toca a mão do examinador, sugerindo 
colecistite; 
2. Sinal de Courvoisier-Terrier: palpação de massa 
ovalada no hipocôndrio direito por neoplasias de 
vias biliares extra-hepáticas, não doloroso; 
3. Doença calculosa: vesícula palpável (incomum) e 
dolorosa.

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