Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
N ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL GRUPO DE CIRURGIA DO QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES Data de Emissão: [XX/2016] Nº da Revisão: versão original Data da Revisão: sem revisão Elaboração Aprovação Visto Dr. Raul Frankllim de Carvalho Almeida ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 2/27 DR. RAUL FRANKLLIM DE CARVALHO ALMEIDA MESTRE EM CIÊNCIAS DA SAÚDE SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA-SBOT SOCIEDADE BRASILEIRA DO QUADRIL- SBQ SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA DO JOELHO- SBCJ ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 3/27 SUMÁRIO 1. O que é o quadril?........................................................................................................... 04 2. O que é artrose?............................................................................................................... 05 3. O que é artroplastia total de quadril?.............................................................................. 07 4. Tipos de artroplastia........................................................................................................ 08 5. Procedimento cirúrgico................................................................................................... 09 6. Qual é o melhor tipo de artroplastia do quadril?.............................................................09 7. Reabilitação e cuidados após a cirurgia de quadril......................................................... 13 8. Cuidados em casa............................................................................................................15 9. Considerações importantes .............................................................................................21 10.Complicações..................................................................................................................22 11. Referências bibliograficas…….....................................................................................26 ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 4/27 APRESENTAÇÃO Este manual tem como objetivo prestar orientações ao paciente que será submetido à cirurgia de artroplastia total de quadril (ATQ) e a todos os que participam deste procedimento. É fruto das constantes indagações e dúvidas geradas no paciente, nos familiares e nos demais profissionais da área da saúde que participam da execução deste procedimento, do seu manejo intra-hospitalar e da sua reabilitação funcional. A ATQ é um procedimento cirúrgico de resultados excelentes na história da medicina. Entretanto, para obtermos os melhores resultados é importante que o paciente e seus familiares entendam como o quadril normal funciona, o que é uma prótese de quadril, quando ela é necessária e principalmente os cuidados a serem tomados antes e depois da cirurgia. Apesar do alto índice de satisfação do paciente com esta cirurgia é importante destacar que nenhuma cirurgia resultará em uma articulação exatamente igual à anterior. Seu novo quadril é uma "peça", uma articulação artificial. Mesmo após a recuperação completa, há determinadas limitações para evitar o deslocamento da prótese e proporcionar maior durabilidade do seu novo quadril. Neste manual o paciente encontrará orientações ilustradas de forma simples e objetivas. É possível haver algumas variações nas orientações de acordo com o caso de cada paciente e o tipo de cirurgia realizada. Cada caso é um caso! Boa leitura! Dr. Raul Frankllim de C. Almeida ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 5/27 1. O QUE É O QUADRIL O quadril é a articulação formada pela união do acetábulo (osso da bacia) com a cabeça do fêmur (osso da coxa). O espaço articular formado por estes dois ossos é recoberto por um tecido especial chamado cartilagem articular. A superfície da cartilagem articular normal é branca, lisa, macia e lubrificada por um líquido viscoso, chamado líquido sinovial (Figura 1). O movimento articular é fácil e ocorre em grandes amplitudes sem dor. Porém, quando há lesões da cartilagem articular, o paciente pode apresentar dor e limitação funcional para realizar tarefas básicas da rotina. Essas limitações são progressivas e interferem cada vez mais na sua qualidade de vida. Figura 1: quadril saudável e quadril com artrose ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 6/27 2. O QUE É ARTROSE A artrose é uma doença caracterizada por alterações bioquímicas, metabólicas e fisiológicas na cartilagem articular com lesões (fissuras e rachaduras) na superfície da cartilagem, exposição do osso subcondral (abaixo da cartilagem) e diminuição do espaço articular. A combinação desses fatores ocasiona dor, bloqueio e limitação funcional com prejuízo a qualidade de vida. Tipicamente a dor é localizada na virilha e desce até o joelho. No inicio do quadro, a dor ocorre apenas aos esforços mais intensos, mas à medida que a doença evolui pode manifestar-se aos pequenos esforços e até mesmo com o repouso. Nesta fase o paciente tem dificuldade para andar, manca e evita andar para não agravar o quadro doloroso! Quando a artrose ocorre de forma lenta, sem uma causa aparente é chamada de artrose primária ou senil, típica do idoso. Geralmente tem padrão familiar (genético). A artrose primária acontece principalmente em mulheres adultas, após os 40 anos de idade. Estudos radiológicos demonstraram que a taxa global da artrose gira em torno de 5% em indivíduos com menos de 30 anos e atinge 70% a 80% daqueles com mais de 65 anos. Contudo, somente 20% a 30% dos portadores de alterações nas imagens vão apresentar alguma queixa relacionada ao quadril. Quanto maior a idade, maior a chance de desenvolver artrose, estimando-se atingir 85% da população até os 64 anos, sendo que aos 85 anos é praticamente universal. A artrose secundária é provocada por outras causas, sendo as principais: Acidentes: fratura do colo do fêmur e da cabeça do fêmur, fratura do acetábulo, luxação do quadril (quando o quadril sai da articulação e não quer voltar). Necrose asséptica da cabeça do fêmur (quando o suplemento sanguíneo da cabeça do fêmur é interrompido): fraturas do quadril, ingestão de bebida alcoólica, uso de corticoide por longos períodos etc. Doenças reumáticas: artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico, espondilite anquilosante, etc. Doenças da infância: epifisiólise, doença de Perthes; displasia do desenvolvimento do quadril ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 7/27 Sequela de infecção: artrite séptica Anemia falciforme Dentre as causas de artrose secundária, destacam-se aquelas provocadas por acidentes de trânsito, acometendo principalmente adultos jovens do sexo masculino envolvidos em acidentes de moto. Na maioria das vezes, tais acidentes são consequência da ingestão de bebida alcoólica e/ou uso de drogas combinadas com direção em alta velocidade. Representam um verdadeiro problema de saúde. Quando a artrose está em fase avançada e ocasiona dor intensa e limitação para realizar simples atividades (caminhar, sentar, agachare levantar) e o uso de medicações e outros tratamentos não controlam a dor, a indicação de ATQ deve ser considerada para substituição da articulação. 3. O QUE É ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL A ATQ é uma cirurgia de substituição da articulação lesionada por uma prótese Também pode ser chamada de prótese total do quadril (PTQ). (Figura 2). ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 8/27 Figura 2: artroplastia total do quadril A artroplastia do quadril é considerada uma cirurgia segura, eficaz e de resultados satisfatórios com melhora da dor e da qualidade de vida do pacientes (Hasart et al, 2008; Bozic et al, 2009; Najarian et al, 2009; Reininga et al, 2010). Estima-se que são realizadas um cerca de milhão de artroplastia de quadril por ano em todo o mundo (Widmer, 2007), com o objetivo de aliviar a dor e melhorar a função articular (Padgett et al., 2005; Najarian et al, 2009). 4. TIPOS DE ARTROPLASTIAS Existem vários tipos ou modelos de próteses. A escolha do tipo de prótese é feita de acordo com a doença que acomete o quadril, a idade do paciente e o nível de atividade física do paciente. Outro fator importante é a experiência e preferência individual do cirurgião. Assim, você perceberá que alguns pacientes possuem um tipo de prótese diferente da sua, o que implica em algumas diferenças na reabilitação funcional após a cirurgia, como por exemplo, o tempo de uso de muletas ou andador. No entanto, como será visto mais na frente, muitos cuidados da reabilitação (fisioterapia) são comuns a todos os pacientes independentemente do tipo de prótese. 4.1. Artroplastia total do quadril cimentada Neste tipo de artroplastia utilizamos cimento ósseo ortopédico (polimetilmetacrilato) para fixação dos componentes acetabular e femoral. O acetábulo é confeccionado com polietileno de alta densidade (tipo de plástico muito resistente). O canal medular do fêmur é preenchido por cimento ósseo e a cabeça do fêmur por um componente de metal. A ATQ cimentada foi desenvolvida em 1962 pelo médico inglês John Charnley. As ideias e os princípios de Charnley são utilizadas até hoje. A ATQ cimentada pode ser realizada em qualquer idade, com excelentes resultados em longo prazo. É a artroplastia ideal para pacientes com baixo estoque ósseo: idade mais avançada, portadores de osteoporose avançada, usuários crônicos de corticoides. Os componentes cimentados da prótese podem suportar o peso corporal imediatamente após a cirurgia. ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 9/27 4.2. Artroplastia total de quadril não-cimentada Os componentes da artroplastia são fixados diretamente ao osso por meio de impactação. O implante deve ser encaixado no osso sob pressão para diminuir o risco de soltura precoce. Neste tipo de cirurgia não utilizamos de cimento ósseo ortopédico. Os implantes não-cimentados também podem ser utilizados em qualquer idade desde que o paciente tenha uma boa reserva óssea. De modo geral são mais indicadas para indivíduos jovens, ativos com bom estoque ósseo e com maior expectativa de vida que demandem futuras revisões (troca de próteses) ao longo da vida. 4.3. Artroplastia total de quadril híbrida É a combinação da artroplastia cimentada com a não-cimentada. Mais comumente utiliza-se o acetábulo não-cimentado com a haste femoral cimentada. A escolha do tipo de implante a ser utilizado é variável e depende sempre da qualidade do osso do paciente e da preferência do cirurgião. 5. QUAL É O MELHOR TIPO DE ARTROPLASTIA DO QUADRIL? Os materiais utilizados na produção da ATQ evoluíram muito nos últimos 20 anos, especialmente considerando a resistência ao desgaste. Porém, não é somente o tipo de material implantado que determina os resultados em artroplastia. Bons resultados à longo prazo dependem muito de uma cirurgia tecnicamente bem executada. Existem diferentes escolas no mundo que defendem diferentes materiais. Diversos trabalhos demonstram bons resultados tanto com próteses cimentadas quanto não-cimentadas. Entretanto, alguns pacientes precisam de um determinado modelo de prótese ou tem alto risco de falha com outro. Os pacientes têm diferentes idades, anatomias e níveis de atividade física. Então a escolha da prótese deve levar em consideração a análise de todos estes fatores. Em conclusão, bons resultados dependem de uma cirurgia bem indicada, bem planejada e da escolha de uma boa prótese. A experiência do cirurgião é indispensável. 6. PROCEDIMENTO CIRÚRGICO ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 10/27 A cirurgia de ATQ é considerada um procedimento de grande porte e tecnicamente exigente. Deve ser realizada por uma equipe especializada em cirurgia do quadril. Assim, alguns esclarecimentos serão fornecidos neste manual para que você possa entender sua cirurgia e colaborar com a equipe médica visando o maior sucesso e durabilidade do seu novo quadril. Para mais informações veja o site da Sociedade Brasileira de Quadril: http://www.sbquadril.org.br). 6.1. O momento ideal da cirurgia A dor é o grande fator determinante da realização da cirurgia. Portanto, quando há falha do tratamento conservador (analgésico, anti-inflamatório, fisioterapia etc.), deve-se pensar na realização da cirurgia. Nunca aconselhamos realizar o procedimento por motivos estéticos e sim devido ao quadro de dor. 6.2. Pré-operatório O pré-operatório é a fase do planejamento cirúrgico. É o momento ideal para o paciente conversar com o seu médico sobre a cirurgia e suas complicações. Importante também que se busquem informações com outros pacientes que já foram submetidos ao mesmo procedimento. Nesta etapa o paciente será submetido a exames de rotina, visando identificar e tratar alterações clinica que possam comprometer a execução do ato cirúrgico. Após a realização dos exames de rotina, deve-se fazer uma avaliação do risco cirúrgico com o médico cardiologista. Também faz parte do protocolo a avaliação odontológica para identificar e tratar possíveis infecções da cavidade oral antes do ato cirúrgico. Importante ainda a realização de cultura de urina, para afastar possível foco urinário de infecção. Em casos de doenças graves precisa-se das orientações específicas do médico assistente: diabetes descompensada, artrite reumatoide, doença cardíaca avançada, anemia falciforme. ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 11/27 6.3. Internação A internação no hospital se dará usualmente na véspera do procedimento cirúrgico ou no próprio dia da cirurgia. Será exigido jejum absoluto de 8 horas. Portanto não coma ou beba nada neste período. Não é necessário raspar os pêlos do corpo antes da cirurgia. Não esqueçade levar todos os seus exames pré-operatórios inclusive as suas radiografias. Levar andador e meias elásticas. 6.4. Etapas da cirurgia O tipo de anestesia ideal para esta cirurgia é a raquianestesia. Poderá ser associada sedação caso o paciente queira dormir ou caso a equipe médica julgue necessário. Rotineiramente realizamos profilaxia de infecção com antibiótico no inicio da anestesia. A via de acesso cirúrgico de escolha é a póstero-lateral (figura 3) Figura 3: via de acesso póstero-lateral ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 12/27 Após a divulsão anatômica atraumática e rigoroso controle do sangramento, realiza-sea luxação da cabeça do fêmur, retira-se a parte óssea gasta do acetábulo e da cabeça do fêmur e substitui-se o acetábulo e a parte proximal do fêmur (figura 4). Após o fechamento da ferida operatória realizamos a infiltração de todo o sítio cirúrgico com solução de anestésico local para controlar a dor e permitir o inicio precoce da reabilitação funcional. Realiza-se um curativo compressivo e um RX controle para avaliar e documentar a posição final dos implantes. Em média o ato cirúrgico dura em torno de 50 minutos. Entretanto, é importante que a família e os acompanhantes saibam que o paciente poderá ficar em torno de 4 a 6 horas no centro cirúrgico desde a sua admissão até a sua saída devido à recuperação da anestesia . O seu médico irá informar quando a cirurgia terminar. Figura 4: passo a passo ATQ 6.5. Pós-operatório De modo geral o pós-operatório será realizado na enfermaria após a recuperação da anestesia. Em casos especiais (idosos, múltiplas doenças associadas, sangramento ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 13/27 excessivo) o pós-operatório imediato poderá ser feito na UTI, caso a equipe da anestesia julgue necessário. Realizamos profilaxia (prevenção) de trombose para todos os casos. O paciente tomará um comprimido de rivaroxabana (Xarelto®) que serve para prevenir trombose (entupimento das veias) por 30 dias. Orienta-se ainda o uso de meias elásticas para os membros inferiores e mobilidade precoce como medidas de prevenção de trombose. O controle rigoroso da dor no pós-operatório é fundamental para a recuperação acelerada do paciente. Além da infiltração do sítio cirúrgico com solução de anestésico local, realizamos o controle da dor com uso regular de analgésicos e anti-inflamatórios. 7. Reabilitação funcional e cuidados após a cirurgia 7.1. Pós-operatório imediato Logo que o efeito da anestesia terminar, orienta-se o inicio do trabalho da equipe de fisioterapia com exercícios de contração muscular para ativar a circulação dos membros inferiores. Sentado ou mesmo deitado de barriga para cima, inspire profundamente pelo nariz e solte o ar pela boca lentamente. Repita cinco vezes. Pare caso venha sentir tontura. Caso sinta-se bem e com a dor controlada, você poderá sentar com as pernas para fora do leito e ficar de pé com a ajuda e orientação da equipe de fisioterapia. 7.2. Primeiro dia Recomenda-se que faça um pequeno rolo com uma toalha e coloque embaixo dos pés. Mova seus pés para frente e para trás 10 vezes. Rode-os para um lado e para o outro, 10 vezes para cada lado. ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 14/27 Coloque o rolo embaixo dos joelhos. Aperte o rolo para baixo, empurrando o joelho na direção da cama. Sustente contando até três. Relaxe e repita 10 vezes. Você poderá sentar com as pernas para fora do leito e se as condições clínicas permitirem, poderá ficar em pé e andar com uso de andador e com a ajuda da equipe da fisioterapia. Será ainda permitido banho de chuveiro em cadeira de banho. 7.3. Segundo dia Você poderá sentar com as pernas para fora do leito, ficar em pé e andar pelo quarto e pelo corredor do hospital com uso do andador e auxiliado pela equipe de fisioterapia. O apoio da perna operada no chão deverá ser parcial (com pouca carga) com o uso de andador. Você, portanto, dividirá o peso de seu membro operado com o andador, lembrando que a perna deverá estar aberta e o pé em posição neutra (não pode estar rodado para dentro!). O médico e a equipe da fisioterapia explicarão como este procedimento será realizado. ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 15/27 7.4. Terceiro dia Serão realizados exames de controle (sangue e RX). Se tudo estiver bem, você receberá alta e continuará a reabilitação em casa. 8. CUIDADOS EM CASA 8.1. Entrando e saindo do carro O transporte deverá ser realizado no banco do passageiro, devendo seguir a seguinte sequência: apoie as muletas ou andador na porta aberta do carro, em seguida coloque os braços firmes no painel e no banco. Este banco deve estar recuado e reclinado oferecendo espaço suficiente para uma boa acomodação; sente-se suavemente; em seguida conduza ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 16/27 perna operada (colorida) para o interior do carro. Acomode-se corretamente e feche o cinto de segurança. Para sair do carro repita os passos na ordem inversa. Lembrando que é sempre bom ter alguém por perto para ajudar. 8.2. Subindo e descendo da cama Você deve sair da cama pelo lado da perna operada (colorida). Conduzir a perna com cuidado até atingir a posição sentada vagarosamente. Após sentar, coloque o andador à sua frente e, com a perna não operada e braços, levante-se. Para retornar à cama, basta fazer o inverso. ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 17/27 8.3. Levantando e sentando na cadeira Ao sentar-se é importante que a cadeira utilizada seja alta e possua apoios para os braços. Ao levantar faça o apoio na perna não operada juntamente com os braços, evitando-se inclinar para frente, até ficar em pé. Depois utilize muletas ou andador para caminhar. Para sentar-se, faça o inverso. 8.4. Exercícios em casa Aqui estão alguns exercícios que você deverá fazer em sua casa e que ajudarão na sua recuperação. Movimente o pé para cima e para baixo. Este exercício pode ser feito várias vezes ao dia. Repita 30 vezes. ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 18/27 Dobre lentamente o joelho levando o calcanhar em direção às nádegas. Retorne suavemente o movimento esticando o joelho. Repita 10 vezes. Mantendo o joelho esticado, contraia os músculos da frente da coxa contando até cinco. Relaxe em seguida. Repita por 20 vezes. Levante a perna mantendo o joelho esticado. Deixe o outro joelho dobrado. Repita até 10 vezes. ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 19/27 Encaixe os glúteos, contraindo-os por 5 segundos. Repita até 8 vezes. Sentado em uma cadeira e com a coxa apoiada, levante o pé até esticar o joelho. Retorne o pé ao chão suavemente. Use os braços para melhorar o apoio do corpo. Repita 10 vezes. Em pé, com as mãos apoiadas no encosto da cadeira, levante lentamente a coxa ao mesmo tempo que dobra o joelho. Retorne suavemente a perna ao chão. Repita 10 vezes. ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 20/27 Em pé e com as mãos apoiadas, separe a perna levando-a para o lado. Retorne suavemente à posição inicial. Repita até 10 vezes 9. CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES 9.1. Cuidados com a ferida operatória: Curativo diário: manter a ferida operatória limpa e arejada Retire o curativo para o banho, lave a ferida com água e sabonete neutro e seque-a delicadamente. Se houver desconforto pelo contato com roupas coloque um novo curativo. Você pode sentir adormecimento na pele ao redor do corte da cirurgia, o que diminui com o tempo. Retirada dospontos: os pontos cirúrgicos serão removidos em torno do 15° dia após a cirurgia (segunda semana). Se ocorrer vermelhidão ou inchaço leve na ferida operatória, colocar uma bolsa de gelo envolta numa toalha por 20 minutos, três vezes ao dia. Se não melhorar procurar o seu médico. 9.2. Atividades recomendadas Como falamos anteriormente, a ATQ é uma peça e com o passar do tempo pode desenvolver algum tipo de desgaste em seus componentes. A atividade excessiva ou ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 21/27 sobrecarga de peso podem apressar este desgaste e afrouxar a prótese. Com atividade apropriada, a sua prótese de quadril pode durar muitos anos. Atividades como caminhadas, natação, hidroginástica, dança de salão, pilates e academia podem ser realizadas, principalmente sob supervisão, sem forçar o quadril operado. As atividades sexuais podem ocorrer após a sexta semana da cirurgia. Para evitar complicações utilize uma posição confortável. Evite movimentos bruscos. A principal complicação é a luxação da prótese. Tenha calma e bom senso. 9.3. Atividades contra-indicadas Corrida e caminhada longa e vigorosa Subir em árvore Andar à cavalo Esportes de contato: lutas, artes marciais, futebol, basquete, tênis, vôlei. Levantamento de peso ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 22/27 9.4. O que não pode fazer ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 23/27 ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 24/27 10. COMPLICAÇÕES O desenvolvimento tecnológico e o avanço da medicina fizeram da artroplastia total do quadril uma cirurgia segura, eficaz e com resultados previsíveis tanto a curto quanto à longo prazo. Entretanto, apesar dos excelentes resultados, o procedimento não é isento de complicações. A taxa geral de complicações gira em torno de 2 a 3%. Dentre elas as complicações mais comuns após a cirurgia destacam-se a trombose venosa, a infecção, a luxação da prótese e o óbito. Como vimos anteriormente a dor é o grande fator determinante da realização da cirurgia. Portanto, quando há falha do tratamento conservador (analgésico, anti- inflamatório, fisioterapia etc.), deve-se pensar na realização da cirurgia. Os benefícios desta cirurgia são: controle da dor e melhora da qualidade de vida com independência para realizar a maioria das atividades de vida diária, incluindo atividade física e o trabalho. Cabe ainda ressaltar que a substituição do quadril doente por um artroplastia não garante retorno às condições idênticas às normais. A nova articulação protética apresenta limitações, que devem ser respeitadas, caso contrário os resultados da cirurgia podem ser comprometidos assim como a duração da prótese poderá ser menor. As principais complicações são: 10.1.Trombose: A trombose ocorre quando um coágulo de sangue obstrui um vaso sanguíneo, prejudicando a circulação. Os sinais e sintomas incluem: dor e inchaço na panturrilha (barriga da perna), podendo se estender da coxa até o pé. Quando o coágulo se desloca da perna até o pulmão chama-se de embolia pulmonar, cujos sintomas são: dor no tórax, mal- estar geral, febre e falta de ar. Caso você tenha estes sintomas, dirija-se imediatamente ao pronto-socorro mais próximo, diga que está operado de prótese do quadril e relate os sintomas. A trombose e a embolia podem ocorrer a qualquer momento, mas o período crítico é até a segunda semana. Para minimizar os riscos você deverá usar medicação ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 25/27 anticoagulante, usar meias elásticas e iniciar a reabilitação precoce. A mobilização precoce é eficaz e indispensável para a prevenção desta grave complicação. É a principal medida para evitar trombose. 10.2. Infecção: Através dos esforços de toda a equipe e do desenvolvimento de medidas inovadoras para evitar infecções, foi possível reduzir a ocorrência dessa complicação nas cirurgias, estando presente somente em torno de 1% dos casos. Isto representa uma grande vitória da medicina. Entretanto, a infecção continua sendo um problema grave e desgastante para o paciente, a família e a equipe médica. Os sinais de infecção da prótese são: dor contínua, vermelhidão e inchaço no quadril, febre persistente (acima de 37,8º C) e calafrios. Alguns dos fatores de risco para infecção são: diabetes, artrite reumatóide, psoríase, anemia falciforme, doenças e medicações que reduzem a imunidade (como corticoides), cirurgia prévia no mesmo quadril e tabagismo (fumo). O tratamento da infecção é exigente e prolongado, sendo necessário internações prolongadas e múltiplas cirurgias. Infelizmente ainda é uma grave complicação. Procure seu médico imediatamente se ocorrer qualquer destes sinais. 10.3. Luxação ou deslocamento: Como já sabemos a prótese é formada basicamente por dois componentes: o acetabular e o femoral. A luxação da prótese significa o deslocamento do fêmur do seu lugar normal no acetábulo. Geralmente está associada a posições extremas e movimentos bruscos. Na maioria das vezes é possível recolocar no lugar sem cirurgia. Quando isto não é possível, ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 26/27 deve-se realizar nova intervenção cirúrgica. Às vezes precisamos trocar os implantes. A troca dos implantes é chamada de revisão de prótese. A luxação acontece em 1 a 2 % das artroplastias. 10.4. Óbito Infelizmente também devemos falar desta desastrosa complicação! Pode acontecer em qualquer idade, porém é mais comum em pacientes idosos, portadores de doenças crônicas e que já fizeram outras cirurgias no quadril. Eis aqui o motivo imperioso que não devemos realizar o procedimento da artroplastia total do quadril quando o paciente tem pouca dor ou apenas por questão estética. A taxa desta complicação é menor que 1%. ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 27/27 11. Referência Bibliográficas Barrack RL, Mulroy RD, Jr., Harris WH. Improved cementing techniques and femoral component loosening in young patients with hip arthroplasty. A 12-year radiographic review. J Bone Joint Surg Br 1992; 74: 385-9. Berry D J, Harmsen W S, Cabanela M E, Morrey B F. Twenty-five-year survivorship of two thousand consecutive primary Charnley total hip replacements: factors affecting survivorship of acetabular and femoral components. J Bone Joint Surg (Am) 2002; 84-A (2):171-7. Bozic KJ, Kurtz SM, Lau E, Ong K, Vail TP, Berry DJ. The epidemiology of revision total hip arthroplasty in the United States. J Bone Joint Surg Am. 2009; 91(1):128-33. Callaghan J J, Templeton J E, Liu S S, Pedersen D R, Goetz D D, Sullivan P M. Results of Charnley total hip arthroplasty at a minimum of thirty years. A concise follow-up of a previous report. J Bone Joint Surg (Am) 2004; 86 (4): 690-5. Charnley J. Low friction arthroplasty of the hip. New York: Springer-Verlag; 1979. Najarian BC, Kilgore JE, Markel DC. Evaluation of component positioning in primary total hip arthroplasty using an imageless navigation device compared with traditional methods.J Arthroplasty. 2009; 24(1):15-21. Padgett DE, Hendrix SL, Mologne TS, Peterson DA, Holley KA. Effectiveness of an acetabular positioning device in primary total hip arthroplasty. HSS J. 2005; 1(1):64-7. ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 28/27 Reininga IH, Zijlstra W, Wagenmakers R, Boerboom AL, Huijbers BP, Groothoff JW, Bulstra SK, Stevens M. Minimally invasive and computer-navigated total hip arthroplasty: a qualitative and systematic review of the literature. BMC Muscoloskelet Disord. 2010; 11: 92-104. Smith SW, Estok DM, Harris WH. Total hip arthroplasty with use of second-generation cementing techniques. An eighteen-yearaverage follow-up study. J Bone Joint Surg Am 1998; 80: 1632-40. Sochart DH, Porter ML. The long-term results of Charnley low-friction arthroplasty in young patients who have congenital dislocation, degenerative osteoarthrosis, or rheumatoid arthritis. J Bone Joint Surg Am. 1997 Nov;79(11):1599-617. Widmer KH. Containment versus impingement: finding a compromise for cup placement in total hip arthroplasty. Int Orthop. 2007; 31(Suppl 1):S29-33. Wyatt M, Hooper G, Frampton C, Rothwell A. Survival outcomes of cemented compared to uncemented stems in primary total hip replacement. World J Orthop. 2014 Nov 18;5(5):591-6. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Sochart%20DH%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=9384419 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Porter%20ML%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=9384419 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9384419 ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL MANUAL DE ORIENTAÇÕES 29/27 11. LINKS DE INTERESSE http://www.portalsbot.org.br/ http://www.sbquadril.org.br/ http://www.hipsoc.org/web/index.html 12. CONTATO: DR.RAULALMEIDA@GMAIL.COM NOSSA EQUIPE CHEFE DO SERVIÇO DE TRAUMATO-ORTOPEDIA Dr. José Carlos Amaral Sousa CHEFE DO GRUPO DE CIRURGIA DO QUADRIL Dr. Raul Frankllim de Carvalho Almeida - Ortopedista COLABORADORES Camila Marinho Penha – Fisioterapeuta Dilcilene Aguiar – Enfermeira Eric Ezuperry Silva – Enfermeiro Fernada Aghata Poloniato - Fonoaudióloga Josenilson Bradão – Terapeuta Ocupacional Lívia Christina do Prado Lui – Fisioterapeuta Nelson José Carvalho Beserra – Fisioterapeuta Oliver Alexandrino de Andrade – Fisioterapeuta Luciana Cristina Estrada - Nutricionista Regiane Cristina Chaves – Assistente Social Conceição de Maria Gonçalves – Assistente Social
Compartilhar