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Pratica de Ensino em Pedagogia V (20 Unid - Ped) OK_SEC

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PEDAGOGIA
PRÁTICA DE ENSINO EM PEDAGOGIA
Maria de Lourdes C. S. Santos
Silvino Marques
PRÁTICAS DE ENSINO V
Material didático – seleção de conteúdo e tecnologias
Maria de Lourdes C. S. Santos Silvino Marques
APRESENTAÇÃO
Prezado aluno,
Nesta disciplina trataremos de temas importantes para a organização do trabalho docente, no que diz respeito a material didático – seleção de conteúdo e tecnologias.
É fundamental que no seu processo de formação inicial você perceba a diversidade de possibilidades para significar o ensino e a aprendizagem.
Cabe ao professor reconhecer e analisar a variedade de estímulos e recursos didáticos que podem contribuir para a melhoria do trabalho em sala de aula.
Para tal, abordaremos questões como brincadeiras, jogos, música, poemas, poesias, museus, documentos, livros didáticos, fotografia, filmes, teatro, imprensa, quadrinho, pintura, escultura, softwares dentre a variedade de possibilidades que podem fazer parte do universo instrucional do professor.
Bons estudos!!!
SUMÁRIO
UNIDADE 01 – DIVERSIDADE DE RECURSOS PARA O ENSINO	5
UNIDADE 02 – BRINCADEIRAS E ENSINO	9
UNIDADE 03 – CONHECENDO OS BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS	13
UNIDADE 04 – JOGOS E ENSINO DE MATEMÁTICA	17
UNIDADE 05 – MÚSICA E ENSINO PARA CRIANÇAS	25
UNIDADE 06 – MÚSICA E AS BRINCADEIRAS CANTADAS	30
UNIDADE 07 – CANÇÕES, POEMAS E POESIAS	37
UNIDADE 08 – EDUCAÇÃO FORMAL X EDUCAÇÃO NÃO FORMAL E POTENCIALIDADES PARA O ENSINO	41
UNIDADE 09 – MUSEUS E ENSINO	48
UNIDADE 10 – DOCUMENTOS NO ENSINO	53
UNIDADE 11 – LIVROS DIDÁTICOS E ENSINO	59
UNIDADE 12 – FOTOGRAFIA E ENSINO	65
UNIDADE 13 – FILMES E ENSINO	73
UNIDADE 14 – IMPRENSA E ENSINO	78
UNIDADE 15 – QUADRINHOS E ENSINO	83
UNIDADE 16 – JORNAL E ENSINO	87
UNIDADE 17 – CULINÁRIA E ENSINO	92
UNIDADE 18 – REDES SOCIAIS E ENSINO: COMO MEDIAR ESSA RELAÇÃO?	97
UNIDADE 19 – TURISMO PEDAGÓGICO E ENSINO	102
UNIDADE 20 – TEATRO E ENSINO	110
UNIDADE 01 – DIVERSIDADE DE RECURSOS PARA O ENSINO
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE
Objetivos: Nesta unidade discutiremos sobre o uso de novas linguagens na sala de aula e a reformulação de algumas visões, métodos e atitudes que já não cabem mais no mundo atual.
ESTUDANDO E REFLETINDO
Minha Dinda tem cascatas Onde canta o curió
Não permita Deus que eu tenha
De voltar a Maceió
(...)
E depois de ser tratado Pelo PC, com xodó,
Não permita Deus que eu tenha
De acabar no xilindró.
(“Canção do Exílio as Avessas”- Jô Soares)
Os trechos acima fazem parte da “Canção do Exílio as Avessas” feita por Jô Soares na época do impeachment do ex-presidente da República, Fernando Collor de Mello. Soares fez na verdade uma paródia da original “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias, que exulta o espírito nacionalista brasileiro. Na paródia, Jô utilizou o contexto do histórico impeachment de Collor e escreveu os versos como se o político não amasse sua terra e não quisesse voltar. Esses textos não foram produzidos para a escola e não serão facilmente encontrados em livros didáticos. No entanto, a paródia de Jô Soares oferece ricos elementos para que o professor trabalhe cultura popular e política. Nesse caso, ele terá que recorrer a outras fontes de estudo, a internet, por exemplo, onde encontrará o texto. A partir dessa situação, iniciamos nossos estudos sobre a diversidade de fontes que podem ser utilizadas pelos professores.
Para Bittencourt (2002), muitos professores utilizam vários documentos para o preparo de suas aulas, pois os consideram,
10
Um instrumento pedagógico eficiente e insubstituível, por possibilitar o contato com o “real, com as situações concretas de um passado abstrato, ou por favorecer o desenvolvimento intelectual dos alunos, em substituição de uma forma pedagógica limitada à simples acumulação de fatos e de uma história linear e global elaborada pelos manuais didáticos (p. 327).
O professor que se conscientiza de que as novas linguagens podem ser utilizadas como recurso para sua aula está, na verdade, reconhecendo as transformações sociais e tecnológicas recentes.
O mundo globalizado provoca reações cada vez mais rápidas e imediatas nos seres humanos. Na verdade, estamos conectados seja por meio da internet ou das novas tecnologias que proporcionam a atualização simultânea ou a simples consulta de algum fato que nos intriga naquele momento. Entretanto esse mesmo professor deve estar munido de conhecimentos e argumentos que façam com que ele e seus alunos não sejam enganados pelas armadilhas das novas tecnologias.
A quantidade de informações é cada vez maior e o acesso a elas também. Nossos próprios alunos podem criar um blog e postar tudo que pensam e fazem nessa página. Resumindo, qualquer um que tenha acesso à internet pode escrever o que quiser, e todos podem ler essas considerações. Portanto, além de saber lidar com as novas fontes de conhecimento, o professor deve usá-las para orientar os alunos como selecioná-las.
Os PCNs anunciam a possibilidade da utilização dos documentos como recursos didáticos, mas alertam que o:
Documento não fala por si mesmo, isto é, ele precisa ser interrogado a partir do problema estudado, construído na relação presente-passado;
O professor possui autonomia suficiente para utilizar as novas fontes de linguagem para o desenvolvimento do seu trabalho, desde que esteja consciente de que esse documento deve ser mais uma ferramenta utilizada para a produção
do conhecimento e que ele é o produto que deve ser estudado, analisado e lapidado por professores e alunos durante as aulas.
BUSCANDO CONHECIMENTO
Em pleno século XXI, a realidade bate à porta das escolas: vivemos em um mundo globalizado, com uma quantidade imensa de informações e a tecnologia avança sem pedir licença. Diante desse panorama, cabe a nós, profissionais da educação, saber lidar com essa complexidade e orientar nossos alunos nas escolhas mais aceitáveis.
Esse tema tem sido objeto de grande interesse por parte dos pesquisadores e está presente nas recentes discussões sobre a possibilidade e a importância de ampliação das possibilidades de recursos didáticos variados para a motivação dos alunos e, consequentemente, melhores resultados na aprendizagem.
Leia o artigo a seguir:
A leitura crítica de fontes históricas
Navegar pela diversidade de fontes, confrontar opiniões divergentes e situar a época de cada texto são estratégias certeiras para formar leitores questionadores e críticos.
Daniela Talamoni Araujo Verotti
Desde o primeiro rabisco feito por nossos antepassados nas paredes das cavernas até a mais recente crônica de jornal, ironizando a atitude pré-histórica de alguns políticos, não faltam registros escritos para contar um pouco da realidade vivida em cada época pela humanidade. A simples existência desses relatos indica a importância da leitura nas aulas da disciplina. Navegar pela maior diversidade de fontes possível é importante (leia o quadro abaixo), mas não é tudo. O essencial é colaborar para que a turma possa analisar, questionar, confrontar e contextualizá-las, entendendo que as relações entre presente, passado e futuro vão além de uma mera sequência de fatos em ordem cronológica. Em poucas palavras, é preciso levar a moçada a pensar historicamente.
Em História, o leitor competente encontra no texto as principais informações sobre seu tema de pesquisa, identifica trechos que necessitam de investigação extra para serem
entendidos e é capaz de confrontar a opinião de um autor com a de outros que já escreveram sobre o mesmo assunto (leia o infográfico).
A intenção principal é fugir da chamada leitura dogmática, como se o texto de alguma fonte - o livro didático, por exemplo - fosse a verdade inquestionável. Em alguns casos, o responsável por esse pensamento é o próprio professor. Isso ocorre quando ele apresenta à classe um acontecimento histórico privilegiando apenas visões que se afinem com seus valores e suas convicções políticas. A chamada ideologização da Educação é arriscada. "Afinal, é muito comum que aquilo que os alunos adotem como verdade tenha sido apresentadoem sala de aula", lembra o professor de História Pedro Henrique Albegaria Raveli, da Escola da Vila, em São Paulo. "O docente sempre irá se posicionar diante de um fato histórico, mas ele tem o dever de colaborar para uma formação mais autônoma dos alunos, oferecendo diferentes gêneros de textos e linguagens que mostrem os capítulos da História sob o máximo de perspectivas possível", defende Antônia Terra, coordenadora do grupo que desenvolveu o Referencial de Expectativas de História para o Desenvolvimento da Competência Leitora e Escritora do Ensino Fundamental, da prefeitura de São Paulo. "Precisamos ensinar que a História se contrói sob diferentes pontos de vista", afirma Daniel Vieira Helene, coordenador de Ciências Sociais da Escola da Vila, na capital paulista, e selecionador do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10. Para isso, você deve criar rotinas que ajudem o estudante a incorporar hábitos, como questionar as informações, saber quem é o autor ou buscar outras opiniões sobre o assunto.
Disponível em:
http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/leitura-critica-fontes- historicas-526597.shtml
UNIDADE 02 – BRINCADEIRAS E ENSINO
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE
Objetivos: Nesta unidade, abordamos dois temas fundamentais do currículo para a Educação Infantil: o lúdico; o brincar, uma vez estarem esses temas associados à ideia de diversão e prazer.
ESTUDANDO E REFLETINDO
Projeto desenvolvido pelas alunas do curso de Pedagogia do UNAR -2012
Dois são os temas importantes na composição de um currículo para a Educação Física Infantil: o lúdico e o brincar.
Primeiramente, vamos conceituar em que consiste o brincar. Segundo o dicionário Michaelis, brincar é “divertir-se infantilmente; entreter-se; folgar, foliar...”. Entende-se, então, pelas definições de brincar que em todas elas está implícito o fato de o praticante da brincadeira estar fazendo-a de forma espontânea e com prazer.
Ouvimos falar no ambiente escolar e lemos em muitos livros que toda a atividade infantil deva ser oferecida aos alunos de forma lúdica. Mas o que entendemos por lúdico? Segundo definição do dicionário “on line” Priberam, “Lúdico, do latim “ludus”, é relativo a jogo ou divertimento, recreativo; que serve para divertir ou dar prazer”. Portanto, levar para nossos alunos atividades que lhes tragam prazer e diversão será uma grande ferramenta para fazê-los aprender os conteúdos desejados com interesse e comprometimento.
Mas, então, por que e qual a importância do brincar para nossas crianças?
A resposta a esse questionamento pode estar nas palavras de Siaulys:
A brincadeira permite à criança vivenciar o lúdico e descobrir-se a si mesma, apreender a realidade, tornando-se capaz de desenvolver seu potencial criativo. SIAULYS, 2005, p. 58.
Segundo Kishimoto, “A brincadeira é uma atividade que a criança começa desde seu nascimento no âmbito familiar” (2002, p. 139) e continua com seus pares. Inicialmente, ela não tem objetivo educativo ou de aprendizagem pré- definido.
Como observado, a maioria dos autores afirmam que brincadeira é desenvolvida pela criança para seu prazer e recreação, mas também lhe permite interagir com pais e adultos bem como explorar o meio ambiente.
Como seres humanos, a criança, em especial está sempre em desenvolvimento, e através das brincadeiras é que ela vai se estruturando de acordo com suas capacidades de momento. Em síntese, conforme vai se desenvolvendo a criança vai adquirindo e construindo diferentes competências que permitam sua inserção na sociedade, para atuar de forma participativa no mundo em que vive.
Do nascimento até os seis anos de vida, as mudanças físicas, psicológicas e sociais nas crianças são muito profundas. Para que elas possam passar por essa fase com os menores traumas e sofrimentos possíveis é que a Educação busca,
hoje, a aplicação dos conteúdos através de brincadeiras e jogos que levem a criança a sentir interesse e prazer ao executá-las. Para elaborarmos, então, tais atividades devemos nos preocupar em conhecer a clientela com a qual estamos trabalhando e adequar as atividades ao nível de nossos alunos, partindo sempre de atividades simples e fáceis para as atividades mais complexas.
Quando falamos em brincar, associamos a palavra ao movimento e à atividade física, porém, na sociedade atual, muitas de nossas crianças são tolhidas das práticas dessas atividades em suas casas. Enquanto uma criança, nascida nos anos 1960 e 1970, brincava, tranquilamente, na rua de bola, pega-pega, mãe da rua e outras atividades que desenvolviam nelas capacidades físicas como o equilíbrio, agilidade, coordenação a força, etc., na atualidade, a insegurança, falta de espaço e de tempo dos pais levam nossas crianças a ficar o dia todo presos a computadores, vídeo games e televisão, ou brincarem em espaços restritos.
Todos esses fatores contribuem para que as crianças que chegam às pré- escolas e escolas sintam grande dificuldade em atividades que, se desenvolvidas no ambiente familiar, dariam maior facilidade e segurança a elas.
Podemos citar como exemplo, as brincadeiras de coordenação, lateralidade, conhecimento sobre o próprio corpo, imitação de animais e outras que poderiam facilmente ser trabalhadas em casa, mas em decorrência da atualidade, caracterizada pela necessidade de todos os membros familiares trabalharem fora de casa, tais atividades são de incumbência da escola. No entanto, há que se destacar o fato de tal incumbência poder ser encarada de forma positiva, pois a escola abarcou essas atividades e associou a elas novas possibilidades de abstração de conteúdos.
Não podemos nos esquecer, também, que falta a alguns profissionais da educação um embasamento teórico, para que, ao prepararem atividades lúdicas para as crianças o façam com segurança. O brincar é fundamental para as crianças e cabe a nós, professores, desenvolvermos atividades que levem as crianças a
sentirem-se motivadas, interessadas e que obtenham acima de tudo prazer ao brincar.
BUSCANDO CONHECIMENTO
Vamos estender mais nossos conhecimentos sobre as brincadeiras. Para tanto, partimos da Grécia, em especial, às ideias de Platão, para quem, estudo e prazer são coisas indissociáveis.
Vale dizer que, na antiguidade, usavam-se dadinhos, doces e guloseimas em formas de letras e números para ensino. Trata-se de uma educação sensorial, que foi adotada, como “jogo didático”, por docentes das diferentes áreas.
Ressalte-se, no entanto, o risco de se transformar a brincadeira em um jogo didatizado, infantilizando os alunos. Na verdade, pode-se aventar a possibilidade de o lúdico e o brinquedo, por si só, tornarem-se, simplesmente, elementos de sedução. É importante deixar as crianças tomar iniciativa sobre os papéis que querem desempenhar nas brincadeiras, sobre a temática que desejam explorar nesta ou naquela brincadeira.
Através do brincar, a criança pode desenvolver sua coordenação motora, suas habilidades visuais e auditivas e seu raciocínio criativo. Está comprovado que a criança que não tem grandes oportunidades de brincar e com quem os pais, raramente, brincam, sofre bloqueios e rupturas em seus processos mentais.
UNIDADE 03 – CONHECENDO OS BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE
Explicitar os tipos mais comuns de brinquedos e brincadeiras; Propiciar conhecimentos sobre o valor simbólico do “faz de conta”.
ESTUDANDO E REFLETINDO
Iniciamos nossa abordagem, a partir do brinquedo educativo. Você já sabe o que é, não sabe? Esse tipo de brinquedo ganha forma no quebra-cabeça, usado, principalmente, para o ensino de formas e cores; o tabuleiro, objetivando com suas atividades o ensino de números; os brinquedos de encaixe, visando à apreensão de sequências, tamanho e forma; móbiles, destinados ao desenvolvimento da acuidade visual, sonora ou motora, danças, músicas, dentre tantos outros.
Segundo Kishimoto,
Ao assumir a função lúdica e educativa, o brinquedo educativo merece algumas considerações:
1- Função lúdica: o brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer, quando escolhidovoluntariamente, e;
2- Função educativa: o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo.
KISHIMOTO, 2000, P. 37.
Já abordamos que o uso do lúdico didatizado pode tolher a liberdade da criança. Isso é fato. No entanto, é possível brincar-se com liberdade e aprender- se. Por exemplo, caso a criança, livremente, tenha escolhido o quebra-cabeça, as duas funções: lúdica e educativa estão presentes. Se contrariamente, a criança resolve empilhá-lo, como se construísse um castelo, o lúdico, materializado na condição imaginária aí se faz presente, garante a criatividade, mas não o aprendizado de cores, conforme kishimoto, 2000.
Muito se tem dito sobre o estímulo à oralidade das crianças. Aqui, merece destaque que a função da escola não é só transmitir o aprendizado da escrita, mas, também, estimular as atividades orais da criança. Neste caso, há brincadeiras que podem ser utilizadas. Estamos falando das brincadeiras tradicionais infantis, frutos do folclore. Vale dizer que esse tipo de brincadeira, além de propiciar um resgate da identidade de nosso povo, traz consigo uma cultura oral. Essas brincadeiras são de origem anônima e são abandonadas pelos adultos, mas perpetuam a cultura infantil. Quem, quando criança, nunca brincou de balança caixão, de passar anel, de amarelinha, de roda pião? Acredito que, infelizmente, apenas as crianças da era tecnológica.
Estimular o desenvolvimento do imaginário, propiciar o desempenho de diferentes papéis sociais, são algumas características das brincadeiras de faz-de- conta, também denominadas simbólicas.
Nas brincadeiras de faz-de-conta, a realidade é assumida e, muitas vezes, ocorre a expressão de regras implícitas. Por exemplo, ao brincar de casinha, a criança pode materializar o papel de mãe como reguladora, como dona de casa.
Vale dizer que não anas as situações da vida familiar são transportadas para o imaginário das crianças, pois a televisão também serve de tema para essa atividade. Por exemplo, Eglê Franchi, em sua obra “E as crianças eram difíceis”, relata uma situação em que duas crianças queriam brincar de mocinho e bandido. Ora, aqui, observamos, claramente, o real no imaginário.
Finalmente, cabe-nos citar o jogo de construção que, de certa maneira, liga-se ao de faz-de-conta. Como? É simples, pois, à medida que a criança vai construindo, montando os tijolinhos, vai materializando o simbólico.14
BUSCANDO CONHECIMENTO
A Importância do Jogo e da Brincadeira na Educação Infantil
Artigo por Antonia Maria Borges dos Santos Ferreira
O jogo como estratégia de ensino e de aprendizagem.
Quando abordamos assuntos relacionados à Educação Infantil, sabemos que se trata da faixa etária de zero a cinco anos de idade, conforme recente definição da Lei n.11.114, de 16 de maio de 2005, e que essa faixa etária compreende a primeira etapa da educação básica.
A inserção da criança na instituição da Educação Infantil representa uma das oportunidades dela ampliar os seus conhecimentos na sua nova fase de vida, ela vivência aprendizagens inéditas que passam a compor seu universo, que envolve uma diversidade de relações e de atitudes; maneiras alternativas de comunicação entre as pessoas; o estabelecimento de regras e de limites e um conjunto de valores culturais e morais que são transmitidos a elas.
A aceitação e a utilização de jogos e brincadeiras como uma estratégia no processo de ensinar e do aprender têm ganhado força entre os educadores e pesquisadores nesses últimos anos, por considerarem, em sua grande maioria uma forma de trabalho pedagógico que estimula o raciocínio e favorece a vivência de conteúdos e a relação com situações do cotidiano.
O jogo como estratégia de ensino e de aprendizagem em sala de aula deve favorecer a criança a construção do conhecimento científico, proporcionando a vivência de situações reais ou imaginárias, propondo à criança desafios e instigando-a a buscar soluções para as situações que se apresentam durante o jogo, levando-a a raciocinar, trocar ideias e tomar decisões.
O brincar é, portanto, uma atividade natural, espontânea e necessária para criança, constituindo-se em uma peça importantíssima a sua formação seu papel transcende o mero controle de habilidades. É muito mais abrangente. Sua importância é notável, já que, por meio dessas atividades, a criança constrói o seu próprio mundo. (SANTOS, 1995, p.4).
Em sua visão é pela brincadeira que a criança aprende sobre a natureza, os eventos sociais, a dinâmica interna e a estrutura de seu corpo. A criança que brinca livremente, no seu nível, à sua maneira, não está apenas explorando o mundo ao seu redor, mas também comunicando sentimentos, ideias, fantasias, intercambiando o real e o imaginário.
O brincar está relacionado ao prazer. Uma brincadeira criativa ou não deve sempre proporcionar prazer à criança.
Além disso, enquanto estimula o desenvolvimento intelectual da criança, também ensina, sem que ela perceba, os hábitos mais necessários ao seu crescimento, como persistência, perseverança, raciocínio, companheirismo, entre outros.
Dessa forma, o brincar e o jogar, na Educação Infantil, devem ser visto como uma estratégia utilizada pelo educador e deve privilegiar o ensino dos conteúdos da realidade, tendo o brincar um lugar de destaque no planejamento pedagógico.
O PAPEL DO PROFESSOR COMO AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO
Uma vez que o professor é responsável pela orientação, seja teórica, metodológica e técnica, pode-se considerar que, nesse sentido, ele é um agente transformador, tendo em vista que contribui para a transformação dos seus alunos.
Tal realidade exige, portanto consciência crítica de todos os que trabalham com a educação. O importante é saber que ainda hoje não se pode esquecer essa consciência
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crítica, de questionar diante das políticas educacionais existentes. Para Ruiz (2003, s/p), o profissional da educação precisa ter uma posição muito clara, isto é, primar pela mudança. Para autora:
Os papéis dos profissionais de educação necessitam ser repensado. Esses não podem mais agir de forma neutra nessa sociedade de conflito, não pode ser ausente apoiando-se apenas nos conteúdos, métodos e técnicas, não pode mais ser omisso, pois os alunos pedem uma posição desses profissionais sobre os problemas sociais, mas como alguém que tem opinião formada sobre os assuntos mais emergentes e que está disposto ao diálogo, ao conflito, à problematização do seu saber. (RUIZ, 2003, s/p).
O professor pode ser sim um agente de transformação, principalmente em situações que exigem um posicionamento firme de sua parte. Não apenas na sala de aula, mas na sociedade, no ambiente escolar ou universitário e estar atento ás discussões no que se refere ao mundo à sua volta. É importante, participar de grupos de estudos, envolverem-se em pesquisas, incentivar seus alunos a buscarem sempre a conhecer mais.
O professor, em vez de ser um agente de transformação nos processos de ensino e aprendizagem, é utilizado como instrumento a serviço de interesses que regem os modelos educacionais instituídos nas escolas e nas universidades. Com isso, aqueles profissionais preocupados com a melhoria do ensino e com a educação, são tidos como problema, tendo em vista à concepção conservadora predominante ainda na sociedade.
O professor tem que partir de experiências e conhecimentos dos alunos e oferecer atividades significativas, favorecendo-as compreensão do que está sendo feito por intermédio do estabelecimento de relações entre escola e o meio social.
Disponível em:
http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/53362/a-importancia-do-jogo-e- da-brincadeira-na-educacao-infantil
UNIDADE 04 – JOGOS E ENSINO DE MATEMÁTICA
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE
Objetivos: Evidenciar a importância do jogo no ensino de matemática.
ESTUDANDO E REFLETINDO
A criança tem a capacidade e a possibilidade de absorver conhecimentos que serão levados e lapidados ao longo da vida.
A escola utiliza as vivências das crianças como ponto de partida e dá continuidade,ampliando seu conhecimento. É nesse período que se forma a base de sua educação e o aprendizado da Matemática torna-se essencial.
Quando falamos em Matemática pensamos logo em quantidades e cálculos, mas ela abrange muito mais que isso. É o que veremos nessa Unidade.
Desde pequenos estamos inseridos em um mundo onde utilizamos a Matemática de forma informal e natural, seja para contarmos os integrantes da família ou brincarmos com jogos que exijam raciocínio lógico e estratégias.
A Matemática ajuda no desenvolvimento de pessoas independentes, capazes de argumentar e solucionar problemas.
Desta	forma,	quanto	mais	cedo	forem	trabalhados	os	conceitos matemáticos melhor será o resultado no futuro, quando os alunos terão que enfrentar a Matemática de forma mais complexa, no Ensino Fundamental e Médio. Em relação à aquisição de conhecimentos matemáticos na Educação
Infantil, o RCNEI argumenta que:
(...) a instituição de Educação Infantil pode ajudar as crianças a organizarem melhor as suas informações e estratégias, bem como proporcionar condições para a aquisição de novos conhecimentos matemáticos. O trabalho com noções matemáticas na educação infantil atende, por um lado, às necessidades das próprias crianças de construírem conhecimentos que incidam nos mais variados domínios do pensamento; por outro, corresponde a uma necessidade social de instrumentalizá-las melhor para viver, participar e compreender um mundo que exige diferentes conhecimentos e habilidades. (RCNEI, 1998, p.209)
Justamente por todos esses benefícios que o aprendizado da Matemática nos proporciona, é que o método utilizado pelos professores vem sendo tão discutido.
Para alguns alunos que não tiveram a oportunidade de um conhecimento espontâneo e gradual, a Matemática torna-se um trauma em toda sua formação acadêmica.
De acordo com o RCNEI (1998), há um grande equívoco em ensinar Matemática por meio da memorização e repetição, onde a criança apenas decora e não entende realmente a lógica.
Já o trabalho com classificação e seriação é fundamental, para termos capacidade de ordenar, classificar e comparar, desenvolvendo o raciocínio lógico.
A classificação e a seriação têm papel fundamental na construção de conhecimento em qualquer área, não só em Matemática. Quando o sujeito constrói conhecimento sobre conteúdos matemáticos, como sobre tantos outros, as operações de classificação e seriação necessariamente são exercidas e se desenvolvem, sem que haja um esforço didático especial para isso. (RCNEI, 1998, p. 210)
Atualmente, o ensino através do lúdico vem ganhando cada vez mais espaço. O que antes era ensinado de forma repetitiva e sem muita criatividade, hoje já está sendo substituído por jogos e brincadeiras divertidas e educativas.
Nada mais propício e eficaz em se falando de Educação Infantil, pois a criança em contato com jogos e brinquedos sente-se em seu mundo, estimulando seu interesse e atenção de forma prazerosa.
Utilizar o jogo na Educação Infantil significa transportar para o campo do ensino-aprendizagem condições para maximizar a construção do conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora. (RCNEI, 1998, p.37)
A utilização do lúdico no ensino da Matemática, na educação infantil, aplicada de forma correta, pode favorecer muito a aprendizagem do aluno.
Entretanto, o professor não deve supor que apenas com jogos a criança irá aprender Matemática; as brincadeiras e atividades lúdicas devem ser muito bem dirigidas e terem alguma finalidade.
Deste modo, as crianças serão incentivadas a acharem soluções, usarem a lógica, a capacidade de estratégia e a tomada de atitudes.
O jogo pode tornar-se uma estratégia didática quando as situações são planejadas e orientadas pelo adulto visando a uma finalidade de aprendizagem, isto é, proporcionar à criança algum tipo de conhecimento, alguma relação ou atitude. Para que isso ocorra, é necessário haver uma intencionalidade educativa, o que implica planejamento e previsão de etapas pelo professor, para alcançar objetivos predeterminados e extrair do jogo atividades que lhe são decorrentes. (RCNEI, 1998, p.212)
De acordo com este documento, o ensino de Matemática na Educação Infantil tem como objetivo:
· o desenvolvimento de situações envolvendo matemática no nosso dia-a-dia,
· o conhecimento dos números,
· o saber contar,
· a aquisição de noções de espaço físico, medidas e formas,
· a estimulação da autoconfiança da criança ao se deparar com problemas e desafios.
Segundo o RCNEI (1998), os conteúdos de Matemática devem ser selecionados, levando em conta os conhecimentos que as crianças possuem, ampliando-os cada vez mais.
Na fase de 0 a 3 anos, a criança está naturalmente inserida no mundo da Matemática, é nessa idade que a criança desenvolve a noção espacial, a capacidade de estratégia e raciocínio lógico, ao engatinharem e andarem pelos lugares.
Os jogos de encaixe, brincadeiras de faz-de-conta, painéis com datas de aniversários e medidas (peso, tamanho, etc.) também são excelentes opções de atividades para o professor estar trabalhando com as crianças. A música é
essencial nessa fase, pois desenvolve o ritmo, memorização e sequência através das letras, além de trabalhar a expressão corporal.
Na fase dos 4 aos 6 anos, o RCNEI (1998) divide os conteúdos em três blocos: “Números e Sistema de Numeração”, “Grandezas e Medidas” e “ Espaço e Formas.”
Esses três blocos devem ser trabalhados de forma integrada. Vejamos cada um deles.
Números e Sistemas de Numeração
Este bloco de conteúdos envolve contagem, notação e escrita numéricas e as operações matemáticas (RCNEI, 1998).
Considera-se que a criança deve saber lidar com os números, contagem e terem a capacidade de resolverem problemas utilizando as operações matemáticas.
De acordo com o RCNEI (1998), isso pode ser trabalhado através de contagem oral nas brincadeiras, jogos de esconder ou de pega-pega, brincadeiras e músicas que explorem os números e diferentes formas de contar.
Grandezas e Medidas
A compreensão dos números, bem como de muitas das noções relativas ao espaço e às formas, é possível graças às medidas.
É através das grandezas e medidas que a criança compreenderá muitos conceitos matemáticos. Elas estão presentes o tempo todo no dia-a-dia das crianças, pois aprendem qual brinquedo é mais leve e qual é mais pesado, qual objeto está perto e qual está longe, sabem quando um copo está cheio ou não, entre outras coisas.
O professor pode propor atividades criativas para trabalhar com esses dois conceitos, explorando e ampliando o conhecimento dos alunos.
Podem ser trabalhados alimentos quentes e frios, desenvolvendo a noção de temperatura; trabalhar medindo a sala e os amigos, proporcionando o desenvolvimento da capacidade de observação, comparação sensorial e comparação entre dois objetos ou pessoas; trabalhar com calendários e datas comemorativas como: aniversários, natal, dia das mães/pais, etc.
Espaço e Forma
De acordo com o RCNEI (1998) trabalhar com espaço e forma possibilita que os alunos explorem e identifiquem objetos e figuras, tipos de contornos, identificação de ponto de referência, etc.
O desenho é uma atividade rica nesses dois conceitos, pois as crianças podem representar a realidade no papel utilizando diferentes materiais (massa de modelar, areia, argila, etc).
Outra atividade importante para esse desenvolvimento é a construção de maquetes.
As crianças exploram o espaço ao seu redor e, progressivamente, por meio da percepção e da maior coordenação de movimentos, descobrem profundidades, analisam objetos, formas, dimensões, organizam mentalmente seus deslocamentos. Aos poucos, também antecipam seus deslocamentos, podendo representá-los por meio de desenhos, estabelecendo relações de contorno e vizinhança. Uma rica experiência nesse campo possibilita a construção de sistemas de referências mentais mais amplos que permitem às crianças estreitarem a relação entre o observado e o representado. (RCNEI, 1998, p.230)
É através da curiosidade queas crianças vão explorando o mundo e descobrindo cada vez mais sobre ele, criando conceitos através de jogos e atividades e relacionando-os com a realidade.
O professor deve estar ciente que considerar o que o aluno já sabe, e aprofundar seus conhecimentos é a maneira mais adequada de desenvolver e estimular o aluno a sempre querer saber mais.
Ao optar por utilizar o lúdico no trabalho com a Matemática, o professor da Educação Infantil precisa levar em conta a importância de definir os conteúdos, as habilidades presentes nas atividades e planejar suas ações. (Soares, 2009).
O lúdico proporciona sensação de prazer e bem estar. Segundo Kishimoto, (2000, p.130), o jogo, na educação da matemática, passa a ter o caráter de material de ensino quando considerado promotor de aprendizagem. A criança colocada diante de situações lúdicas aprende também a estrutura matemática ali presente.
O aprendizado lúdico desenvolve a confiança, fazendo com que a criança participe ativamente de cada atividade sem ter medo de errar.
Desta forma cria-se um ambiente para o trabalho em grupo, em que as crianças aprendem a compartilhar dividir a ajudar o próximo em qualquer situação.
Educar ludicamente tem significado muito profundo e está presente em todos os segmentos da vida.
O ensino lúdico de matemática deve partir de situações significativas de aprendizagem para que as crianças avancem em seus conhecimentos. Assim, o ensino com jogos deve acontecer de modo a auxiliar o ensino do conteúdo. É imprescindível que a criança aja junto ao professor seguindo as orientações de cada atividade.
Assim como a poesia, os jogos infantis despertam o imaginário, a memória dos tempos passados.
O jogo pode ser trabalhado individualmente, em duplas ou grupos, mas deve ser algo em que crie um espaço de confiança e criatividade para se desenvolvido de maneira agradável e espontânea. Os jogos trazem situações de problemas onde cada indivíduo deve encontrar um caminho correto para chegar ao final, com isso, a criança aprende a desenvolver diferentes estratégias a partir de cada desafio criado nos jogos.
Kishimoto (2000) aponta o surgimento de novas concepções de aprendizagem e o papel do jogo como outras formas de ensino.
Estas concepções consideram o jogo carregado de conteúdos culturais, e que os conhecimentos são adquiridos socialmente. Sendo assim, os sujeitos aprendem os conteúdos a partir das práticas sociais.
Neste sentido, o jogo promove o desenvolvimento, porque está impregnado de aprendizagem.
BUSCANDO CONHECIMENTOS
O jogo e a Matemática
Desde tempos atrás nota-se os problemas do ensino da matemática, onde muitos alunos não se interessam por ela, tomando assim o ensino da matemática cada vez mais monótono e maçante.
É através de jogar, brincar, cantar ouvir histórias que a criança estabelece conexões entre seu cotidiano e a Matemática, e entre a Matemática e as demais áreas do conhecimento. Diversas ações intervêm na construção dos conhecimentos matemáticos, como recitar a seu modo a sequência numérica, fazer comparações entre quantidades e entre notações numéricas e localizar-se espacialmente. Essas ações ocorrem fundamentalmente no convívio social e no contato das crianças com historias, contos, músicas, jogos e brincadeiras etc.
As noções matemáticas abordadas na Educação Infantil correspondem uma variedade de brincadeiras e jogos que possam interessar á criança pequena constituem-se rico contexto em ideias matemáticas podem ser evidenciadas pelo adulto, por meio de perguntas, observações e formulação de propostas.
Desta forma os jogos foram trazidos para a sala de aula, tornando o aprendizado mais lúdico.
Muitos professores seguindo a teoria construtivista levaram para a sala de aula uma grande quantidade de jogos acreditando que os alunos em
contato com este recurso poderiam descobrir os conceitos matemáticos. (Kishimoto, 2000, capitulo 4, p.130)
Os jogos, no ensino da matemática, proporcionam a sensação de prazer e bem estar, desenvolvem o gosto pelos números, deixando a criança livre para se expressar, não tendo medo de errar e expor as suas opiniões.
O jogo na educação matemática passa a ter o caráter de material de ensino quando é considerado promotor de aprendizagem. A criança se coloca diante de situações lúdicas, aprende a estrutura lógica da brincadeira e, deste modo, aprende também a estrutura matemática presente.
Os professores não devem esquecer-se de passar aos alunos a importância das regras e, com isso, o jogo só deve começar a partir do momento em que todos os jogadores conseguirem compreender os significados das regras e da cooperação.
Trabalhando o significado das regras pelo jogo, desde a infância, a criança cresce aprendendo o sentido das coisas, compreendendo o que pode e não pode, diferenciando o certo do errado.
Além, disso, os conceitos matemáticos podem ser trabalhados e construídos de forma prazerosa.
Entretanto, é fundamental que o professor tenha a sensibilidade de enxergar seu aluno como realmente ele é: uma criança. Portanto, é preciso se envolver no seu mundo, abusar da imaginação e fantasias e desenvolver atividades lúdicas tornando o aprendizado natural como o brincar.
UNIDADE 05 – MÚSICA E ENSINO PARA CRIANÇAS
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE
Objetivos: Desenvolver conhecimentos a respeito da importância da música na vida das pessoas e na educação.
ESTUDANDO E REFLETINDO
Quem nunca ouviu dizer que “quem canta seus males espanta”? Trata-se de um ditado popular, mas que deixa implícita a ideia da importância da música em nossa vida, que pode ser estendida ao processo educativo.
Nesta unidade, vamos abordar a importância da música na vida das pessoas, em especial dentro da educação como ferramenta auxiliadora do processo educativo.
A música acompanha a vida das pessoas, desde antes do seu nascimento. Quantas mães têm o hábito de cantar para seus bebês ainda dentro de suas barrigas. Segundo Alan Kardec,
De acordo com escrituras e mitologias de todos os povos, a música, assim como as demais expressões da arte, foram trazidas aos homens pelos deuses. Na remota antiguidade, a música era empregada com a sagrada finalidade de reverenciar o Ser Supremo. Sua finalidade era [...] elevar a alma humana às alturas das esferas espirituais. Todas as expressões artísticas desenvolveram-se á luz dos ritos iniciáticos, com a finalidade de expandir a consciência dos Iniciados durante as cerimônias sagradas, abrindo-lhes a captação psíquica para experiências transcendentes. Com o tempo essa arte saiu do âmbito dos templos e do sagrado, vulgarizou-se, caiu na banalização das massas, passando a refletir seus instintos inferiorizados, anseios embrutecidos e a desmesurada ambição pelo lucro e a fama. CEEPA, 2005, p. 67.
Nos dias atuais, a música é uma importante fonte de informação para a sociedade e, por meio refletem-se os problemas sociais, as críticas e os anseios de toda uma geração.
A música é um texto, materializado por uma linguagem constituída de ritmos e sons. Ao ouvirmos uma música, sem dúvida, ela nos desperta sentimentos.
A combinação dos elementos básicos que a constituem, tais como, som, ritmo, melodia e harmonia, possibilita sua expressão. Num mundo marcado pela violência e pela velocidade, a música pode criar situações em que os alunos tornam-se sensíveis e felizes.
Vejamos as palavras de Saviani:
A educação musical deverá ter um lugar próprio no currículo escolar. Além disso, porém, penso ser necessário considerar uma outra alternativa organizacional que envolve a escola como um todo e que, no texto preliminar que redigi para encaminhar para a discussão do projeto da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, traduzi através do enunciado do artigo 18 do anteprojeto, nos seguintes termos: os poderes públicos providenciarão para que as escolas progressivamente sejam convertidas em centros educacionais dotados de toda a infra-estrutura física, técnica e de serviços necessária ao desenvolvimento de todas as etapas da educação básica. SAVIANI, 2004, P.17.
Nas palavras de Saviani,a música não deve ser dissociada das demais disicplinas do currículo, e das práticas cotidianas de nossas crianças, além de muitas cantigas de roda propiciarem o movimento da dança e o resgate da identidade cultural do povo.
É imprescindível considerar que as brincadeiras musicais na escola devem constituir experiências vivas, agradáveis e enriquecedoras, pois, por seu poder criador e libertador, a música torna-se um poderoso recurso educativo.
É preciso que a criança seja habituada a expressar-se musicalmente desde os primeiros anos de sua vida, para que a música venha a se constituir numa faculdade permanente de seu ser.
Cabe ao professor encontrar o meio de, através do ritmo, do timbre musical e da melodia, fazer com que as crianças saiam de si mesmas, provocando o contato e o intercâmbio delas com os outros.
O que entendemos por ritmo então? O ritmo está em todos os seres vivos e nos humanos, em particular. Basta lembrarmos da atividade respiratória, circulatória, glandular; por exemplo.
Normalmente, as crianças preferem canções, cujos ritmos são simples, mas que os destacam-se aquelas que têm ritmo simples e insistente, convidando-as a movimentos corporais; é por meio do corpo e dos movimentos que se desenvolve o senso rítmico da criança.
Cantar uma canção, palmeando-a, dizer uma quadrinha popular, de forma ritmada, jogar bola, desenhar, pintar, modelar, construir, acompanhando o ritmo de canções ou de instrumentos de percussão, são atividades que desenvolvem o sentido rítmico da criança. Outro componente da música é o som que, na criança se desenvolve em ambientes ricos em estímulos sonoros; não obstante, é necessário que ela seja sensibilizada para ouvi-los. O professor sensibiliza a criança para ouvir não apenas ao criar situações propícias, mas também quando aproveita todas as oportunidades sonoras que surgem, no dia-a-dia, para desenvolver a percepção auditiva de seus alunos.
Conforme Snyders (1992) a música pode ser uma aliada para tornar o ambiente mais alegre e propício para a aprendizagem, além de reduzir a tensão em momentos de avaliação. No entanto é preciso que se estude a música como linguagem artística e forma de expressão cultural. Nessa direção, a escola deve trabalhar os diferentes gêneros musicais, apresentando, inclusive os novos estilos, como o Rap, por exemplo.
Aliada à atividade de musicalização, o canto propicia condições favoráveis à aprendizagem, principalmente, no que diz respeito à expressão de emoções e alívio para a agressividade. Conforme Barreto e Silva (2004), a música ajuda a equilibrar as energias, desenvolve a criatividade, a memória, a concentração, autodisciplina, e a socialização.
BUSCANDO SABERES
Música para aprender e se divertir
A iniciação musical na Educação Infantil e nas séries iniciais do Fundamental estimula áreas do cérebro da criança que vão beneficiar o desenvolvimento de outras linguagens. Além, é claro, de ser um grande barato!
Giovana Girardi
A professora Katia Cassia dos Santos, de Diadema, busca a afinação com sua turma de 1ª série: flauta doce na iniciação musical.
"Quem já viu um prato?"
· Eeeeeeeeuuuuuu!!!
· Mas não é o de comer.
· Aahhh...
· É aquele que quando bate faz... Querem ver? - (Toca no aparelho de CD o som do prato de bateria)
· Eu já ouvi, eu já ouvi!
· Eu também!
O diálogo acima, comandado pelo professor de Educação Infantil Fausto José de Gouveia, deu início a uma das atividades de música da Escola Municipal Serraria, em Diadema (SP). Fausto conduzia a turminha de 5 anos com a leitura do livro Conheça a Orquestra (Ann Hayes, Ed. Ática, 18,50 reais). O objetivo era apresentar, além dos instrumentos musicais, noções de agudo e grave por meio da comparação com o som dos bichos. A criançada se divertia enquanto imaginava o rugido do leão e o "pom, pom, pom" do baixo. Com isso aprendia: "Cada animal, um som diferente, assim como os instrumentos". Na seqüência, as crianças ouviram mais histórias, sapatearam, cantaram e brincaram de Escravos de Jó, reunindo canto, ritmo e coordenação motora. Entre versos e rimas, noções de intensidade e pulsação.
Em uma classe perto dali, um pouco mais velhos, os alunos da 1ª série da professora Katia Cassia Santos, da Escola Municipal Anita Malfati, começavam uma nova etapa do aprendizado musical: tocar flauta doce. Dedinho indicador e polegar fechando os primeiros buraquinhos do instrumento, um em cima, outro na parte inferior, todos faziam, de início, a maior algazarra. Aos poucos afinavam a nota.
Música para quê?
Realizar esse tipo de trabalho ajuda a melhorar a sensibilidade das crianças, a capacidade de concentração e a memória, trazendo benefícios ao processo de alfabetização e ao raciocínio matemático. "A música estimula áreas do cérebro não desenvolvidas por outras linguagens, como a escrita e a oral. É como se tornássemos o nosso 'hardware' mais poderoso", explica a pedagoga Maria Lúcia Cruz Suzigan, especialista no ensino de música para crianças. Essas áreas se interligam e se influenciam. Sem música, a chance é desperdiçada. Segundo Maria Lúcia, quanto mais cedo a escola começar o trabalho, melhor. "Essa linguagem, embora antes fosse mais comum, faz parte de cultura das crianças por causa das canções de ninar e das brincadeiras. O pouco que ainda resta abre um oportuno espaço para o trabalho na escola." Se você já sabe que a linguagem musical é importante para as crianças, mas tem medo, se acha desafinado, não toca um instrumento
e não sabe por onde começar, os pesquisadores da área procuram desfazer o mito de que é difícil ensinar música para crianças sem ser músico. "Não é complicado, só trabalhoso. Não se espera que o professor de música seja um músico, assim como não se imagina que o alfabetizador é um grande escritor", enfatiza Maria Lúcia. Ela criou nas prefeituras de Diadema e Itu, em São Paulo, um programa de capacitação dos professores da rede que inclui formação e planejamento de atividades.
Para aprender coisas novas é necessário enfrentar a barreira do medo e quebrar o paradigma do dom. "Se você não é muito afinado, não faz mal, pode usar uma gravação e cantar com a criançada. Quando na escola há alguém que toca violão, essa pessoa pode fazer um acompanhamento", afirma Rozelis Aronchi Cruz, que coordena o projeto em Diadema.
Se não há o amparo da rede de ensino, não desanime. "Aventure-se um pouco", defende José Henrique Nogueira, que há 18 anos dá atividades de música na Educação Infantil e recentemente começou ensinar como se faz isso no curso de pedagogia da Universidade Católica de Petrópolis, no Rio de Janeiro. De início ele sugere a leitura do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. O volume 3 traz orientações para crianças de 0 a 6 anos e uma discografia.
"Ajuda muito um planejamento das atividades que inclua a preocupação constante com a linguagem musical. A música não pode ficar restrita a eventos como festas e datas marcantes, mas deve ser uma prática diária", completa Elvira de Souza Lima, pesquisadora em desenvolvimento humano e orientadora dos programas de ensino musical das prefeituras de Blumenau (SC), Coronel Fabriciano (MG) e Guarulhos (SP).
Disponível em:
http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-anos/musica-aprender-se-divertir- 422851.shtml
UNIDADE 06 – MÚSICA E AS BRINCADEIRAS CANTADAS
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE
Objetivos: Nesta unidade, o objetivo é estabelecer a relação entre a música e as etapas do desenvolvimento da criança.
O brinquedo cantado: importância e melhor maneira de desenvolvê-lo.
ESTUDANDO E REFLETINDO
Dando continuidade a importância da música na vida das pessoas, em especial dentro da educação como ferramenta auxiliadora do processo educativo.
Trataremos agora da música e as etapas do desenvolvimento da criança:
Aos 2 anos a criança consegue reproduzir canções com versos incompletos, geralmente fora de tom. A reação rítmica é bem acentuada. Mais ou menos aos 3 e 4 anos a criança reproduz várias melodias pequenas e simples, reconhecendo algumas delas. Os instrumentos rítmicos a interessam[tanto pelo estímulo sonoro quanto pelo tátil e vai adquirindo um maior controle de sua linguagem e voz]. Nessa idade a criança aprecia dramatizar as canções. Participa com agrado dos jogos cantados e memoriza numerosos cânticos.1
Ainda segundo o mesmo autor, “ao longo dos 5 e 6 anos, a coordenação dos movimentos de mãos e pés com a música costuma ser feita de forma sincrônica. Na dança, a criança passa a revelar equilíbrio rítmico, o que influi na precisão dos movimentos” Como toda criança, possui grande curiosidade tentando experimentar tudo que a cerca. Nesse período “as vivências rítmicas e musicais, que possibilitam uma participação ativa quanto a ver, ouvir e tocar, também favorece o desenvolvimento dos sentidos da criança” (ibid) .Nota-se então que a música e o trabalho da criança com e através dela, auxilia bastante no seu desenvolvimento e organização do pensamento.
Outro fator importante relativo ao uso da música dentro do processo educativo é que a criança não apenas repete a letra, mas ela poderá ler a letra,
1 A importância da música na escola: por danielbmjr.
encená-la e senti-la através dos sons que ela própria e seu grupo estarão produzindo. Tais ações são muito valiosas em sala de aula e muito mais para casos de crianças com algum tipo de dificuldade de aprendizagem, pois para essas crianças o ensino formal, baseado em leitura e cópias não funcionam, daí a importância do uso de técnicas alternativas de ensino, na qual a musica desempenha um papel fundamental pois além de nos faz viajar para um mundo de sonhos e fantasias, aguçam a curiosidade e o interesse dos alunos criando a sensação do “quero mais” na criança e ao mesmo tempo desenvolvendo princípios de lateralidade, coordenação, equilíbrio, força e raciocínio.
Tomando como base o descrito no texto “A importância da música na escola”, vamos abordar alguns tópicos sobre os cuidados para se planejar as aulas com a utilização da música. Segundo o texto
“Ao preparar o plano de aula deve o professor, [...] ter em mente o seguinte:
· que os brinquedos cantados precisam estar de acordo com o desenvolvimento físico e mental das crianças;
· que é preciso partir do mais simples para o mais complexo;
· que	o	interesse	deve	ser	mantido,	utilizando	brinquedos reconhecidamente atraentes;”
Ainda segundo o autor,
“A melhor maneira de se ensinar um brinquedo cantado consiste em decompô-lo em seus elementos constitutivos, ensinando cada parte antes de executá-lo como um todo. Três são os elementos constitutivos:
a) letra b) melodia c) movimentação Ensino da letra Deve-se ensinar a letra com clareza, comentando o seu conteúdo. Se houver alguma palavra de difícil compreensão para a classe, é preciso explicá-la primeiro. Ensino da melodia fazer a classe ouvir, alguma vezes, a nova melodia, cantada pelo professor ou por outro meio. Em seguida, pedir a classe que murmure a meia voz, quando isso for conseguido, juntar-lhe a letra. Iniciar o canto com suavidade, sem gritar, de maneira expressiva, com entusiasmo e alegria. Ensino da movimentação Depois de aprendidas a letra e a melodia, há aspectos da movimentação, quanto a formação e formas de locomoção. Globalização Conhecidas a letra, a melodia e a movimentação, necessário se torna unificá-las, para uma realização total, globalizada.”
BUSCANDO SABERES
Brinquedos Cantados na Educação Infantil
(http://educacaofisicaescolar.chakalat.net/2009/11/brinquedos-cantados-na-educacao.html)
Uma das atividades físicas mais aplicáveis à recreação das crianças é, sem dúvida, o brinquedo cantado.
Em todas as partes do mundo, ao passarmos por uma rua, onde crianças brincam despreocupadamente, é comum ver-se, de maneira natural e espontânea, a utilização do brinquedo cantado, em qualquer das suas formas. Impossível determinar-se o seu aparecimento através dos povos e do tempo. Sempre existiram, entre todos os povos, através do cancioneiro folclórico infantil, para alegria das crianças e de todos, quer através das cantigas de ninar, das toadas ou das cantigas avulsas.
Sua origem pode ser rebuscada nos restos de velhas cerimônias dos povos do passado, em caráter de jogos e folguedos, que, posteriormente, em formas de entretenimento das crianças.
No Brasil, esses brinquedos cantados sofreram a influência das músicas do elemento português e do africano, ameríndios e, em menor proporção, de outros povos.
Considerando-se, entretanto, o fato inegável de que cada povo tem a sua índole própria, os brinquedos cantados, de origem tão diversificada, vêm sofrendo variações, deformações e transformações lentas, mas seguras, apresentando-se, em nossos dias, com um cunho eminentemente nacional.
Exemplos:
Procedência portuguesa: “Ciranda, cirandinha”, “A moda das tais anquinhas”, etc.
Procedência francesa: “Eu sou pobre, pobre,
pobre”, A mão direita tem uma roseira”, etc.
Procedência espanhola:
“Senhora Dona Sancha”, “Maria Cachucha”, etc.
Procedência alemã e inglesa: “Já viram uma menina?” (melodia alemã e letra do inglês).
Convém ainda ressaltar o fato de termos o nosso cancioneiro enriquecido pelo aproveitamento, transfigurado, de coisas que as crianças ouvem e assimilam. Exemplos: “Escravos de Jô” (proveniente de um jogo de mesa de bar) – assim, também, do romance “D. Jorge e D. Julinha”, resultou a roda cantada “Por que choras, Julieta?”.
Chamamos de “Cancioneiro Folclórico Infantil”, ao conjunto das cantigas próprias da criança e por ela entoadas em seus brinquedos ou ouvidas dos adultos, quando pretendem adormecê-la, entretê-la ou instruí-la; são cantigas que vêm de geração a geração e que se perpetuam e se transmitem pela tradição oral.
O Cancioneiro Folclórico Infantil abrange:
Acalantos ou cantigas de ninar: “Tutu Marambá”, “Dorme Nenê”, etc. Cantigas avulsas (que as crianças entoam em qualquer de suas atividades, sem que com elas tenham uma correlação direta): “Mestre Domingos”, “Menina bonita”, etc.
Estribilhos musicais (que integram as histórias contadas e cantadas): “Minha mãezinha”, Carpinteiro de meu pai”, etc.
Toadas (ou melodias para ensino da soletração e da tabuada já em desuso, mas ainda de valor, sob alguns aspectos): “B-a-bá, B-í-bí”, “Um e um, dois, um e dois, três”, etc.
Brinquedos cantados (de vários tipos, conforme classificação e divisão a seguir):
Divisão dos brinquedos cantados:
1) Brinquedos de roda: “Ciranda, cirandinha”, etc.
2) Brinquedos de grupos opostos: “O pobre e o rico”, etc.
3) Brinquedos de fileira: “Passarás, não passarás”, etc.
4) Brinquedos de marcha: “Marcha, soldado”, etc.
5) Brinquedos de palmas: “Pirolito que bate, bate”, etc.
6) Brinquedos de pegar: “Vamos passear no bosque”, etc.
7) Brinquedos de esconder: “Senhora D. Sancha”, etc.
8) Brinquedos de cabra-cega: “A gatinha parda”, etc.
9) Chamadas para brinquedo: “Ajunta povo, para brincar”, etc.
10) Cantigas de escolha de jogadores: “Um no ni é de pó politana”, etc.
De todos, entretanto, a roda é o tipo que oferece mais atração para a recreação infantil; assim sendo, daremos, agora, a sua classificação:
1) Quanto ao conteúdo da letra:
a) Temas de vida social: “Ciranda, cirandinha”, etc.
b) Temas da natureza: “A pombinha voou”, “Cachorrinha está latindo”, etc.
c) Temas	instrutivos:	“As	estações	do	ano”,	“O	bá-bé-bí-bó-bu”,	etc.
d) Temas do romanceiro: “Terezinha de Jesus”, “O cravo brigou com a rosa”, “Esta rua tem um bosque”, etc.
2) Quanto ao andamento:
a) Rodas lentas: “Terezinha de Jesus”, etc.
b) Rodas moderadas: “Escravos de Jô”, “Sambalelê”, etc.
c) Rodas vivas: “Pirolito que bate, bate”, etc.
d) Rodas alternantes: “O cravo brigou com a rosa”, etc.
3) Quanto à execução musical:
a) Côro: “A canoa virou”, “Escravos de Jô”, etc.
b) Solo e côro: “Senhora viúva”, “Esta rua tem um bosque”, etc.
c) Forma mista (côro e parte falada ou declamada): “Ciranda, cirandinha”, etc.
4) Quanto à estrutura:
a) Tipo aaa (em que todas as quadras são cantadas com a mesma melodia): “A moda das tais anquinhas”, etc.
b) Tipo ab (que reúne duas melodias diferentes): “O cravo brigou com a rosa”, etc.
c) Tipo abc (em que se sucedemtrês ou mais diferentes melodias): “Eu fui ao Tororó”, etc.
5) Quanto à formação:
a) Roda simples: “Ainda não comprei”, etc.
b) Roda com um figurante no centro: “Ciranda”, etc.
c) Roda com dois ou mais figurantes no centro: “O cravo brigou com a rosa”, etc.
d) Roda com um figurante fora: “A mão direita tem uma roseira”, etc.
e) Roda com figurante fora e dentro: “A linda rosa juvenil”, etc.
f) Roda assentada: “Escravos de Jô”, etc.
g) Rodas concêntricas: “Onde está a margarida”, etc.
6) Quanto à movimentação:
a) Marcha simples: “Ai! – eu entrei na roda”, etc.
b) Marcha na ponta dos pés: “Eu sou a borboleta”, etc.
c) Saltitos: “Atirei um pau no gato”, etc.
d) Roda em cadeia ou serpentina: “Havia um novo navio”, etc.
e) Rodas que acentuam um determinado ritmo ou marcam os tempos fortes da
melodia: “Ciranda, cirandinha”, Pirulito que bate, bate”, “Palma, palma, palma...”, etc.
f) Rodas imitativas: “Carneirinho, carneirão”, etc.
g) Misto de roda e dança: “Os quindô-le-lê...”, etc.
h) Rodas dramatizadas: “O cravo brigou com a rosa”, etc.
Nota: Em qualquer das rodas sempre há exemplo de qualquer um dos grupos citados; de certa maneira, podemos afirmar que todas as rodas são mistas, quanto à sua movimentação, prevalecendo nesta ou naquela, uma ou outra característica.
UNIDADE 07 – CANÇÕES, POEMAS E POESIAS
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE
Objetivos: Identificar e analisar as canções, os poemas e poesias como recursos didáticos para o ensino.
ESTUDANDO E REFLETINDO
Canções, Poemas e Poesias
Abrimos esta unidade com citações da paródia de Jô Soares, que se inspirou na “Canção do Exílio” para produzir o seu texto e indicamos que a canção pode ser utilizada pelo professor. Esse é apenas um dos inúmeros exemplos sobre canções que podemos utilizar em sala de aula.
Da mesma forma, as poesias podem ser fontes ricas e leves para a contextualização do estudo. Carlos Drummond de Andrade, por exemplo, escreveu em se livro a Rosa do Povo (poemas escritos entre 1943 e 1945) o poema “Carta a Stalingrado” e ofereceu aos professores uma fonte de estudo para análise e reflexão sobre a Batalha de Stalingrado durante a Segunda Guerra Mundial.
Fonseca (2009) destaca que
a linguagem poética expressa outra forma de ver, escrever e expressar sentimentos sobre variados temas, questões, fatos, sujeitos e práticas sociais e culturais. Seduz, age sobre nós, intervém, nos provoca. Assim, pode fornecer pistas para alargar a compreensão dos temas históricos com beleza e sensibilidade. A incorporação de letras de canções e poesias desperta o interesse dos alunos, motiva-os para as atividades, sensibiliza-os em relação aos diversos temas e desenvolve a criatividade (p.183)
Gomes (2007) considera que sendo a música um produto cultural, traz em si grande carga de historicidade. Por essa razão, está investida de potencial didático, sobretudo por estimular as competências relacionadas à leitura e interpretação de diferentes estilos textuais. Os PCNs corroboram com esse princípio uma vez que, sobre essa questão, explicitam textualmente:
Abre-se aí um campo fértil às realizações interdisciplinares, articulando os conhecimentos de História com aqueles referentes à Língua Portuguesa, à Literatura, à Música e a todas as Artes, em geral. Na perspectiva da educação geral e básica, enquanto etapa final da formação de cidadãos críticos e conscientes, preparados para a vida adulta e a inserção autônoma na sociedade, importa reconhecer o papel das competências de leitura e interpretação de textos como uma instrumentalização dos indivíduos, capacitando-os à compreensão do universo caótico de informações e deformações que se processam no cotidiano.
Cabe aqui também ressalta que os meios de comunicação tornaram a música, especialmente àquelas de maior apelo popular, parte integrante do cotidiano das pessoas.
Considerando esse fato Gomes salienta que
[...] sobretudo a canção popular, faz parte do cotidiano da maioria das pessoas, desde aquelas com alto nível de instrução até as que não tiveram a oportunidade de estudar, fica mais fácil articular seu estudo com o ensino de história, sobretudo no nível fundamental e médio. Muitas vezes ela é a única forma de expressão artística com a qual os alunos têm ou tiveram contato ao longo da vida. Ainda que não dominem formalmente os conceitos e componentes da linguagem musical, eles são capazes certamente de identificar, por exemplo, que uma determinada canção foi feita para um determinado contexto observando o seu ritmo. O professor de história, obviamente, teria o papel de situar os alunos a respeito dos elementos pertinentes à análise histórica, ou seja, teria que ressaltar questões ligadas ao contexto histórico de produção da canção, os agentes históricos envolvidos no processo, bem como as motivações implícitas e explícitas presentes na composição.
Diante do exposto é possível considerar que as canções e os poemas oferecem um bom material de estudo para as aulas. Cabe a professores e alunos analisarem suas letras, o contexto político, social, econômico e cultural da época em que foram escritos, os títulos, a história de quem as escreveu e as palavras que nem sempre tem apenas um sentido. Dessa forma, o trabalho nas aulas será significativo e dinâmico.
BUSCANDO CONHECIMENTO
Para aprofundar o estudo sobre a temática apresentada nesta unidade recomendamos as seguintes leituras;
http://www.ufgd.edu.br/historiaemreflexao/julho_dez_2008/arquivos/aula-de- historia-com-zeca-baleiro-uso-da-musica-cancao-como-recurso-didatico-no-ensino- medio
acesse:
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Para
AULA DE HISTÓRIA COM ZECA BALEIRO: uso da música-canção como recurso didático no Ensino Médio (Fabiane Tamara Rossi)
RESUMO: O artigo propõe-se problematizar a música-canção como elemento utilitário ao Ensino e, mais especificamente, a obra musical de Zeca Baleiro enquanto provedora de temáticas para o ofício do professor de História do Ensino Médio. Para isso fez-se uso da obra do cantor (de 1997 a 2004), além de reportagens veiculadas na imprensa. Para correlacionar a música e o ensino embasou-se a pesquisa nos PCNs e Currículo Básico do Distrito Federal. Inicialmente discutir-se-á a utilização da música enquanto recurso didático em sala de aula. Em seguida, problematizar-se-á o universo de referências de Zeca Baleiro, trazendo sugestões para a utilização de suas canções no ensino de História do Ensino Médio.
PALAVRAS-CHAVE: música, ensino de História, Zeca Baleiro.
Música Popular Brasileira no ensino de história do Brasil
“A história do Brasil é cheia de brechas e lacunas ainda não preenchidas” (Schimidt), mas que segundo Moraes, a musica popular brasileira pode desvendar; Em seu trabalho “História e música: canção popular e conhecimento histórico”, Moraes aborda e discuti algumas questões teóricas e metodológicas que surgem das relações entre historia, musica popular. As transformações teóricas, nas concepções de material documental e a renovação na prática do historiador, determinando a inclusão de novas linguagens pela história. Expressando assim, a importância que pode ter, a utilização da música popular brasileira como fonte documental para divulgar a história de setores da sociedade pouco lembrados pela historiografia.
Também Abdu, professora de Metodologia de Ensino de História Na USP, afirma em seu texto “Registro e representação do cotidiano: A música popular na aula de História”, que a musica popular é uma linguagem alternativa que tem sido utilizada como um importante recurso didático para a aprendizagem de história e que tem ocupado espaço, como instrumento pela qual se revela o registro da vida cotidiana, na visa ode autores que observam o contexto social no qual vivem. Abdu ainda defende a música como evidência do passado que pode facilitar a compreensão histórica pelos alunos.
Para ABDUD (2005):
As letras das musicas se constituem em evidencias, registros de acontecimentos a serem compreendidos pelos alunos em sua abrangência mais ampla, ou seja, em sua compreensão cronológica, na elaboração e re- significaçãode conceitos próprios da disciplina. Mais ainda, a utilização de
tais registros colabora na formação dos conceitos espontâneos dos alunos e na aproximação entre eles e os conceitos científicos.
Diante da real dificuldade que é romper com os ideais positivistas inda contidos no ensino brasileiro, e dos livros didáticos ainda possuir traços euro centristas, o musica popular brasileira no ensino de história se apresenta como uma rica fonte cultural, capaz de levar a compreender a realidade da cultura popular e desvendar detalhes ainda fragmentados. No entanto, raramente são feitas investigações, que busquem ratificar a musica como fonte histórica, existindo poucos trabalhos que evidenciam a relação entre história e musica.
Para a leitura da íntegra desse artigo acesse:
http://monografias.brasilescola.com/historia/musica-como-documentosala- aulamusica-popular-brasileira.htm
O uso da música como nova linguagem no processo de ensino-aprendizagem de história: uma análise critica sobre a projeção do sujeito na canção “construçao”
Ramon de Alcântara Aleixo- Universidade Estadual da Paraíba-UEPB- PIVIC Wagner Tavares da Silva-Universidade Estadual da Paraíba-UEPB-PIVIC Orientadora: Professora Doutora Patrícia Cristina de Aragão Araújo Universidade Estadual da Paraíba-UEPB
RESUMO
Neste artigo procuramos discutir a inserção das novas linguagens no processo de ensino e escrita de história do ensino médio, como contribuição diante das atuais perspectivas disseminadas no âmbito da História da Educação, objetivando, assim, despertar o interesse de alunos e alunas para o ensino-aprendizagem da disciplina de história. Nosso objetivo é mostrar, referendados nos estudos de Bittencourt e Cainelli, como a relação entre ensino de História e música pode contribuir para uma maior sistematização e elaboração de conceitos difundidos por esta disciplina. Nosso estudo se centra em uma pesquisa de cunho bibliográfico e semiótico, onde através da análise da canção “Construção” de Chico Buarque, podemos observar as condições
sócio-trabalhistas a que os sujeitos sociais estavam relegados na década de 1970. Os resultados nos permitem constatar que a música como linguagem educativa pode contribuir para despertar a criticidade dos alunos, permitindo dessa forma, no processo de construção da cidadania, fazendo-os reconhecerem-se como sujeitos históricos envolvidos na construção da identidade nacional.
Para		a	leitura	da	íntegra	desse	artigo	acesse: http://www.nre.seed.pr.gov.br/irati/arquivos/File/uso_musica_linguagem.PDF
UNIDADE 08 – EDUCAÇÃO FORMAL X EDUCAÇÃO NÃO FORMAL E POTENCIALIDADES PARA O ENSINO
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE
Objetivos: Nesta unidade buscaremos compreender a ação do trabalho formativo da escola, bem como do potencial formativo que há nas ações que outras instituições podem empreender.
ESTUDANDO E REFLETINDO
Falamos aqui da aproximação e do movimento de ajuda mútua entre instituições que atuam nos âmbitos da educação formal (Escola) e da educação não formal (outras instituições), ambas com a finalidade de agregar valores na formação cidadã, contribuindo assim para construção de uma identidade social promotora de autonomia e autoestima coletiva.
Definindo Educação formal:
De uma maneira geral a educação é entendida como o processo de desenvolvimento da capacidade intelectual que, predominantemente, está associada à instituição escolar. Porém, é importante destacar que esse processo pode ter nuances variadas.
A escola é uma instituição que tem sua origem histórica atrelada ao próprio desenvolvimento civilizatório e na disciplina Fundamentos Históricos e Sociológicos da Educação você encontrará muitas e importantes referências sobre isso.
Com estruturas físicas singulares e organização de programas e currículos que expressam as condições de cada tempo histórico, é importante para nós, neste estudo, perceber que a tarefa de lidar com o conhecimento entendido como significativo de cada época e sociedade, coube a Escola. Ou seja, a
instituição responsável pelos processos formativos que até hoje denominamos de educação formal.
Definindo a educação não formal
Apesar de as diferentes sociedades terem construído ao longo dos séculos instituições nas quais se produzem a chamada educação formal, os processos civilizatórios abrangem dimensões muito mais extensas que a transmissão de conhecimento institucionalizado.
A vida em sociedade vai muito além das estruturas curriculares produzidas pelas escolas. A formação no sentido mais amplo requer outras aprendizagens para a convivência social cotidiana nos seus diferentes setores: vida familiar, vida social, vida profissional.
Para isso, o processo de formação vai muito além do que pode a escola oferecer. É importante ressaltar que a escola é muito importante, mas é “uma” das instituições sociais. Porém, não é a “única”.
A educação não formal ocorre sem estruturas pré-determinadas, locais, horários, ou sequências progressivas. Sequer existem garantias de que as pessoas tenham consciência desse processo contínuo de formação e aprendizagens.
A capacidade de diferenciação entre essas duas formas de educação: formal e não formal, bem como o entendimento do valor e da importância de cada uma delas na tessitura social é que nos ajudará a compreender a importância e relação dos museus (depositários e potencializadores da educação não formal) com a escola, instituição consagradamente responsável pela educação formal.
BUSCANDO CONHECIMENTO
Ensino Não-Formal no Campo das Ciências através dos Quadrinhos Francisco Caruso, Mirian de Carvalho e Maria Cristina de Oliveira Silveira
As atividades do Projeto de Educação de Ciências Através de Histórias em Quadrinhos
(EDUHQ) são desenvolvidas numa Oficina de Ensino localizada na sala 3017 do Bloco F,
3º- andar, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), contando com a participação de pesquisadores, professores, licenciandos e alunos do ensino médio, sob coordenação de Francisco Caruso (1). O projeto multidisciplinar tem como meta principal o ensino das ciências através de procedimentos didáticos não-formais, que articulam conteúdos cognitivos e produção artística, através de uma raiz comum: a ênfase na criatividade operando no campo pedagógico. O material didático produzido pode ser utilizado em sala de aula, em ensino à distância e, em particular, serve também como suporte para vencer os desafios da “alfabetização” científica (2).
Esse projeto fundamenta-se no pensamento de Gaston Bachelard, filósofo que valorizou a razão e a imaginação como forças propulsoras de significados e sentidos do mundo, no campo das ciências e das artes, ao enfatizar o pensamento criativo como ponto fundamental nos processos inovadores, quer na ciência, quer na arte. Bachelard refletiu sobre a importância da liberdade do homem ao produzir ciência, tecnologia e arte, como bens a serem partilhados pela humanidade.
Nessa confluência de produções diferenciadas, ele deu igual valor ao conhecimento e à poética relacionando-os aos planos da razão e da imaginação, como instâncias psíquicas capazes de produzir mudanças cognitivas, e transformações no mundo e no próprio homem (3). Embora as artes se cristalizem no plano sensível, e as ciências no plano do pensamento formal, é preciso não perder de vista que ambas advêm de um pensador criativo que desconstrói a natureza para construir e estudar, respectivamente, fenômenos formalizados na instância cognitiva ou expressos no mundo da experiência estética.
Desse modo, valorizando a perspectiva pedagógica implícita ao pensamento de Bachelard, pôde-se atualizá-la para contemplar o espírito da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96), no âmbito do ensino médio. E com fundamentação e objetivos articulados à LDB, tornou-se possível, através desse projeto, criar condições para refletir e enfrentar o desafio contido na afirmativa de H.G. Wells de que “entramos numa corrida entre a educação e a catástrofe” (4) – corrida cada vez mais real e imperativa, em larga escala, a partir da imposiçãode um projeto neo-liberal ao mundo globalizado, observamos. Nessas circunstâncias, como afirma, de modo crítico, Paulo Freire “atualmente, não se entende mais a educação como formação, mas apenas como treinamento”(5). Assim, através dos fundamentos e da prática, inserimos no projeto EDUHQ uma perspectiva crítica e transformadora com relação à mencionada catástrofe, atitude que assumimos como meta político-filosófica, voltada para a produção de conhecimento e para a invenção no campo da arte, atuando no espaço e no tempo de hoje, como ação questionadora do projeto neoliberal, no que se refere ao Brasil.
De acordo com esse quadro da “catástrofe”, em uma sociedade onde a informação é veiculada com velocidades cada vez maiores, fazem-se relevantes, atuais e necessárias ao projeto EDUHQ as idéias de Paulo Freire sobre o ensinar, que podemos sintetizar na frase: “ensinar é substantivamente formar” (6). A esse mundo que se vislumbra nessa proposição, acrescentamos outras idéias desenvolvidas em texto de nossa autoria, no qual se argumenta que “educar é fazer sonhar” (7).
Embora, “formar” e “informar” não sejam metas excludentes, entendemos que é possível informar sem formar, mas o ato de formar, por sua vez, pressupõe o ato de informar. Constatamos, assim, uma relação a ser estudada – uma articulação entre formar e informar – relação essa que é considerada no projeto EDUHQ, o qual, tendo como alvo o ensino da ciência através da descoberta, nos leva a definir metas voltadas para o
questionamento do diferencial entre “formar” e “informar”. Uma vez que ambos pressupõem comportamentos e valores da parte do educador e do educando, no referido projeto as linhas pedagógicas – através da valorização da educação não-formal – equacionam esse diferencial, com vistas à descoberta científica e não à mera repetição de conhecimentos consagrados institucionalmente.
RESPALDO E O DESAFIO DA LDB O projeto EDUHQ traz uma proposta de ensino não- formal. Segundo nossos propósitos, localizamos como fundamental sua relação comos princípios da LDB, quanto à viabilização do ensino quer formal quer não-formal, haja vista que o ensino não-formal em nossa sociedade se torna diverso do que se veicula nas sociedades tribais, além de apresentar uma enorme potencialidade ainda pouco explorada. As sociedades ditas primitivas possuem uma característica única que, via de regra, tem sido usada para rotulá-las de “mais atrasadas”: são sociedades pré- escolares.Nelas, “a prática educativa consistia na aquisição de instrumentos de trabalho e na interiorização de valores e comportamentos, enquanto o meio ambiente em seu conjunto era um contexto permanente de formação”(Harper ET al., 2000). Paradoxalmente, esse comentário, referente à prática educativa de uma sociedade primitiva, reflete anseios atuais dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, no tocante à cultura popular regional e urbana, contemplados pela LDB.
Em nossa LDB, por exemplo, afirma-se que o “ensino será ministrado com base [no princípio da] vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais” (LDB, Art. 3o, inciso XI). Excetuando-se a diferença entre o princípio e a prática, nem sempre desprezível, é notável a semelhança do conteúdo das duas citações.
Por outro lado, a questão de “um contexto permanente de formação”, ou, em outras palavras, a questão da contextualização do ensino, se impõe cada vez mais e é um dos pontos centrais no debate sobre educação escolar hoje em dia, com reflexo evidente, por exemplo, nos vestibulares, que já mudaram seus programas e seus objetivos, enquanto as escolas não. Mas quando nasce o problema da necessidade de contextualizar o aprendizado? É esse um problema característico apenas da sociedade pós-moderna?
Esse problema não é novo e nasce exatamente coma institucionalização da escola na Idade Média, quando a educação tornou-se um produto da escola (8) e a atividade de ensinar passou a ser desenvolvida por profissionais em um espaço físico específico, isolado do resto do mundo, e desvinculado das exigências da vida quotidiana: o espaço da escola, no qual se valoriza, de forma crescente ao longo dos séculos, o ensino formal e formalizante, deixando de lado, por exemplo, a experiência extra-escolar do aluno. A esse respeito, Moacir Carneiro (9), comentando o Art. 3o, inciso X, da LDB, que trata da valorização da experiência extra-escolar como princípio básico do ensino, afirma que esta é “uma das desafiadoras questões do ensino brasileiro. Nossa tradição escolar, radicalmente formal e formalizante, tem impedido o desenvolvimento de uma cultura pedagógica que valorize o patrimônio de conhecimentos que o aluno construiu e constrói fora do espaço de sala de aula. No fundo, esta dificuldade traduz a relevância absoluta que se dá à qualidade formal do conhecimento (...).O extra-escolar representa um canal importante para abrir espaços de articulação escola/comunidade, pela possibilidade de construir um conteúdo de ensino capaz de ‘satisfazer as necessidades de aprendizagem’.” Acrescenta ainda o comentarista da lei que “o extra-escolar não é a subeducação. Pelo
contrário, o extra-escolar é o trabalho, a convivência, o lazer, a família, o amor, a festa, a igreja, (...), a vida, enfim” (9).
Reconhecemos a relevância do pensamento desse autor quanto à valorização do extra- escolar que, em certa escala, corresponde ao ensino não-formal, por isso o mencionamos como comentarista da LDB. Mas no caso do projeto EDUHQ, cria-se uma perspectiva diversa, capaz de integrar o formal e o não-formal, permitindo que um transforme o outro.
OBJETIVOS DO PROJETO A oficina EDUHQ reúne pesquisadores, professores de ensino médio, alunos de licenciatura e alunos do ensino médio, de diversas instituições de ensino e pesquisa do Rio de Janeiro, criando uma rede dedicada à produção de novas tecnologias educacionais, a partir de uma análise crítica da atual situação do ensino básico, médio e universitário (licenciaturas). Seus objetivos gerais podem ser resumidos assim:
· Priorizar uma pedagogia que contemple articulações entre ensino aprendizagem e conhecimento-sociedade, integrando metodologicamente os conteúdos das disciplinas curriculares, através da produção artística.
· Contribuir para que o aluno possa ser um ator importante na difusão do conhecimento a partir de um processo que se inicia nos processos didáticos e culmina com seu ato criativo, processo esse que deverá lhe dar uma nova dimensão dialógica do processo ensino- aprendizado.
· Contribuir para o aprimoramento dos professores que participarão do projeto, no tocante às técnicas e metodologias de ensino, bem como daqueles que, fora da oficina, posteriormente, terão contato com o material ali produzido, como agentes desencadeadores de outros processos criativos em situações diversas.
· Enfatizar e incentivar a produção artística não apenas como instrumento didático, mas como produção estética autônoma inserida na cultura e na sociedade.
· Criar e desenvolver técnicas e metodologias facilitadoras da transferência de conhecimentos na própria oficina, em sala de aula, através do ensino à distância e na vida prática, imprimindo à produção do conhecimento um aspecto lúdico e estético.
Alguns objetivos mais específicos estão relacionados abaixo:
· Incentivar os alunos participantes a traduzirem em linguagem artística (tirinhas e charges) os conteúdos trabalhados pelos professores em sala de aula e na oficina.
· Produzir material didático lúdico, utilizando a linguagem dos quadrinhos, para o segundo segmento do ensino fundamental (de 5a a 8ª séries) e para o ensino médio.
· Contribuir para a formação dos futuros professores (licenciandos) a partir do aprimoramento de conteúdos específicos, preparando-os para estar sempre abertos ao novo.
· Buscar a interdisciplinaridade tanto na confecção dos materiais, como na utilização dos mesmos.
Foi com esses objetivos que o projeto foi concebido e a prática do dia-a-dia da oficina EDUHQ tem sido pautada neles, com frutos muito positivos, que nos encorajam