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Resumo Esquematizado Juiz do TJ SP Equipe Pedagógica Coordenador Professor Mauro Moreira Procurador Federal. Mestre e Especialista em Direito Tributário. Membro da International Fiscal Association. Aprovado nos concursos da Magistratura Estadual (Juiz do TJMA/2009), Notário e Registrador (Cartórios do PR, RS, MS, PE, BA etc), Procuradorias, Advogado da PETROBRAS, Advogado da Compesa, Analista de Tribunais e do MPPE etc. 1 Leis Penais Especiais Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06) • O art. 33, caput, é um crime de ação múltipla, de modo que, se praticar diferentes condutas previstas nesse dispositivo, apenas resta configurado um único crime. • A grande quantidade de droga, por si só, não afasta o crime do art. 33. • Não há causa de aumento pelo concurso de pessoas. • Inquérito policial: 30 + 30 (preso); 90 + 9 0 (solto). • Associação e livramento condicional: § Primário: + de 1/3 § Reincidente: + de ½ § Hediondos e equiparados: + de 2/3 • Ação Controlada: Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios: § I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes; § II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível. 2 § Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a autorização será concedida desde que sejam conhecidos o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores. • Info 596 do STJ: É possível a utilização de inquéritos policiais e /ou ações penais em curso para formação da convicção de que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006. • A condenação pelo art. 28 da Lei de Drogas gera reincidência, pois não houve a descriminalização das condutas, mas a despenalização. • Info 831 do STF: O chamado " tráfico privilegiado", previsto no § 4º do art. 33 d a L ei nº 11.343/2006 não deve ser considerado crime equiparado a hediondo. • Obs.: cancelamento da súmula 512-STJ, consoante julgado sob a sistemática do recurso repetitivo (3ª Seção. Pet 11.79 6-DF), divulgado no informativo 595 do STJ. • Se o agente financia ou custeia o tráfico, mas não pratica nenhum verbo do art. 33, responderá apenas pelo art. 36 da L ei de Drogas. • Info 534 do STJ: Se o agente, além de financiar ou custear o tráfico, também pratica algum verbo do art. 33, responderá apenas pelo art. 33 c/c o art. 40, VII da Lei de Drogas (não será condenado pelo art. 36 ). • Segundo o ST J (INFO 509) e o STF, para configuração do tipo de associação para o tráfico (art. 35), é necessário que haja estabilidade e permanência na associação criminosa. É atípica a conduta se não houver ânimo associativo permanente (duradouro), mas apenas esporádico (eventual). • Tráfico internacional de drogas: é indispensável que a droga apreendida no Brasil também seja considerada ilícita no país de origem (ou de destino). • Info 595 do STJ: Tráfico de drogas x envolvimento de menor de 18 anos: a) se o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não está p revisto nos arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, o réu pode rá ser condenado pelo crime de corrupção de menores, além do tráfico de drogas; b) se a conduta estiver tipificada em um desses artigos (33 a 37), não será possível a condenação por aquele delito, mas apenas a majoração da sua pena com base no art. 40 , VI, da Lei nº 11. 343/2006. 3 • Info 858 do STF: Se o tráfico de drogas ocorrer na s imediações d e um estabelecimento prisional (art. 40, I II), incidirá a causa de aumento, não importando quem seja o comprador do entorpecente . É irrelevante se o agente infrator visa ou não aos frequentadores daquele local. • Info 586 do STJ: É inadmissível a aplicação simultânea das causas de aumento da transnacionalidade (art. 40, I) e da interestadualidade (art. 40, V ) quando não ficar comprovada a intenção do importador da droga de difundi-la em mais de um Estado- membro. • Info 749 do STF: Para incidir a majorante do art. 40, III, é necessário que haja a efetiva comercialização da droga pelo agente dentro do meio de transporte público. • A natureza e a quantidade da droga (42 d a Lei 11.343/2006 ) podem ser utilizadas par a aumentar a pena-base e também para afastar o tráfico privilegiado (art. 33, § 4º)? De acordo com o STJ sim. Utiliza-se a mesma regra em finalidades e momentos distintos. Já para o STF não. Isso porque haveria, no caso, bis in idem; ou para, reconhecendo-se o direito ao benefício, conceder ao réu uma menor redução de pena. • Info 819 do STF: A valoração negativa da quantidade e da natureza da droga representa fator suficiente para a fixação de regime inicial mais gravoso. • Detração Penal Analógica Virtual: § Detração: tempo que ficou preso antes do transito em julgado. § Analógica: art. 28 da Lei de Drogas não prevê pena privativa de liberdade. § Virtual: descontar o tempo mesmo sem condenar efetivamente. • Súmula 501 – STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis. • Súmula 587-STJ: Para a incidência da majorante prevista no artigo 40, V, da Lei 11.343/06, é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre estados da federação, sendo suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o tráfico interestadual. • Súmula 607-STJ: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei nº 11.343/2006) configura-se com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a transposição de fronteiras. 4 • Questão: (2017, VUNESP, TJ-SP - Juiz Substituto) No que concerne à lei de drogas, é correto afirmar que A) o emprego de arma de fogo constitui causa de aumento da pena no crime de tráfico, não configurando majorante, porém, o concurso de pessoas. B) constitui crime a associação de três ou mais pessoas para o fim de, reiteradamente ou não, financiar ou custear o tráfico de drogas. C) a prescrição no crime de posse de droga para consumo pessoal ocorre no menor prazo previsto no Código Penal para as penas privativas de liberdade. D) é isento de pena o agente que, em razão de dependência, era, ao tempo da ação ou da omissão relacionada, com exclusividade, a crimes de drogas, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Resposta: letra A Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva; E o concurso de pessoas não está previsto como majorante. Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/03) • Posse: arma de fogo, acessório ou munição for encontrada na residência ou no local de trabalho, nesse último caso, desde que seja proprietário ou responsável pelo estabelecimento ou empresa. • Segundo o STJ (INFO 496),o motorista profissional que é encontrado com a arma de fogo no interior do caminhão pratica o crime de porte de arma de fogo (art. 14 do ED). 5 • A posse ilegal de arma de fogo de uso permitido com registro vencido é conduta atípica. Trata-se de mera irregularidade administrativa (INFO 572 DO S TJ). • Porte: arma de fogo encontrada em local diverso da residência ou do local de trabalho (nesse último caso apenas para os proprietários e responsáveis da empresa). • A posse/porte ilegal de arma de fogo ineficaz é conduta atípica, desde que a ineficácia seja absoluta. • Porte de arma de fogo desmuniciada: é crime, pois se trata de delito de perigo abstrato. • Porte de munição, sem arma: é crime. Excepcionalmente, o STF (INFO 826) entende ser atípica a conduta de portar munição desacompanhada de arma de fog o na forma de pingente. • Omissão de cautela (art. 13, caput): para ocorrer a consumação é necessário que o menor de 18 anos, ao menos, se apodere da arma de fogo. É um crime omissivo, culposo (único crime culposo do Estatuto) e próprio. • Comércio ilegal de arma de fogo: necessário haver habitualidade, embora independa de lucro. • Tráfico internacional de arma de fogo: independe de habitualidade e lucro. • Info 599 do STJ: A conduta de portar granada de gás lacrimogêneo ou granada de gás de pimenta não se subsome (amolda) ao delito p revisto no art. 16, parágrafo único, III, da Lei nº 10.826/2003. Isso porque elas não se enquadram no conceito de artefatos explosivos. • Info 597 do STJ: É típica e antijurídica a conduta de policial civil que, mesmo autorizado a portar ou possuir arma de fogo, não observa as imposições legais previstas no Estatuto do Desarmamento, que impõem registro das armas no órgão competente. • Info 544 e 570 do STJ: É desnecessária a realização de perícia par configuração do crime de posse /porte de arma de fogo. Basta o simples porte de arma de fogo, ainda que desmuniciada, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para a incidência do tipo penal. Cabe a defesa o ônus da prova de demonstrar que a arma empregada para intimidar a vítima é desprovida de potencial lesivo. 6 • Info 572 do STJ: O magistrado que mantém sob sua guarda arma ou munição de uso restrito não comete crime. Os Conselheiros dos Tribunais de Contas são equiparados a magistrados, e o art. 33, V, da LC 35/79 (LOMAN) garante aos magistrados o direito ao porte de arma de fogo. • Questão: (2016, VUNESP, TJ-RJ - Juiz Substituto) Bonaparte, com o objetivo de matar Wellington, aciona o gatilho com o objetivo de efetuar um disparo de arma de fogo na direção deste último. Todavia, a arma não dispara na primeira tentativa. Momentos antes de efetuar uma segunda tentativa, Bonaparte ouve “ao longe" um barulho semelhante a “sirenes" de viatura e, diante de tal fato, guarda a arma de fogo que carregava, deixando o local calmamente, não sem antes proferir a seguinte frase a Wellington: “na próxima, eu te pego". Momentos após, Bonaparte é abordado na rua por policiais e tem apreendida a arma de fogo por ele utilizada. A arma de fogo era de uso permitido, estava registrada em nome de Bonaparte, mas este não possuía autorização para portá-la. No momento da abordagem e apreensão, também foi constatado pelos policiais que a arma de fogo apreendida em poder de Bonaparte estava sem munições, pois ele havia esquecido de municiá-la. Diante dos fatos narrados e da atual jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que Bonaparte poderá ser responsabilizado A) pelos crimes de ameaça e posse ilegal de arma de fogo de uso permitido. B) pelos crimes de ameaça e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. C) pelos crimes de homicídio tentado, ameaça e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. D) pelo crime de ameaça, mas não poderá ser responsabilizado pelo crime de porte ilegal de arma de fogo em virtude da arma estar desmuniciada no momento da apreensão. E) pelo crime de homicídio tentado, mas não poderá ser responsabilizado pelo crime de posse ilegal de arma de fogo em virtude da arma estar desmuniciada no momento da apreensão. 7 Resposta: letra B O porte de arma de fogo desmuniciada configura crime? SIM. O porte de arma de fogo (art. 14, Lei 10.826/03) configura crime, mesmo que esteja desmuniciada. Trata- se,atualmente, de posição pacífica tanto no STF como no STJ. Para a jurisprudência, o simples porte de arma, munição ou acessório de uso permitido — sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar — configura o crime previsto no art. 14 da Lei nº 10.826/2003, por ser delito de perigo abstrato, de forma a ser irrelevante o fato de a arma apreendida estar desacompanhada de munição, porquanto o bem jurídico tutelado é a segurança pública e a paz social. STJ. 3ª Seção. AgRg nos EAREsp 260556/SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/03/2014. STF. 2ª Turma. HC 95073/MS, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 19/3/2013 (Info 699). Crimes Contra a Ordem Tributária (Lei 8.137/90) • Bens jurídicos (bens de natureza supraindividual; interesse coletivo): o Erário o Patrimônio público o Ordem econômica • Suprimir ou reduzir à tributo • Competência criminal: o Tributo federal à justiça federal o Tributo estadual/municipal à justiça estadual • Conexão: justiça federal (122, STJ) • Art. 1º: crimes materiais (fraude + supressão/redução) obs.: supressão à não paga nada; redução à paga valor menor • Art. 2º: crimes formais (exige apenas a fraude) • Art. 3º: crimes funcionais, materiais ou formais • Denúncia deve conter o Nexo de imputação o Vinculação mínima • P. da Insignificância o STF e STJ: até 20 mil reais (esse parâmetro vale, a princípio, apenas para os crimes que se relacionam a tributos federais, considerando que é baseado no art. 20 da Lei 10.522/2002, que trata dos tributos federais. Assim, esse é o valor que a União considera insignificante). o Obs1: Para se verificar a insignificância da conduta, deve-se levar em consideração o valor do crédito tributário apurado originalmente no procedimento de lançamento. Assim, os juros, a correção monetária e eventuais multas de ofício que incidem sobre o crédito 8 tributário quando ele é cobrado em execução fiscal não devem ser considerados para fins de cálculo do princípio da insignificância. o Obs2: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração Pública (599, STJ). Exceção: descaminho o Obs3: contrabando à Não se aplica o princípio da insignificância ao crime de contrabando, uma vez que o bem juridicamente tutelado vai além do mero valor pecuniário do imposto elidido, alcançando também o interesse estatal de impedir a entrada e a comercialização de produtos proibidos em território nacional. Trata-se, assim, de um delito pluriofensivo. • Prisão nos crimes contra a ordem tributária não é prisão civil. • Necessidade do prévio esgotamento da via administrativa o Decisão do PAF que conclui pela supressão ou redução constitui justa causa o Enquanto não houver a certeza da ocorrência da supressão ou da redução não há o crime do art. 1º o Só há crime com a conclusão do PAF (lançamento definitivo), enquanto não concluído não pode haver denúncia (24, SV; Lei 9.430, art. 83) o Obs.: descaminho – crime formal, não se aplica súmula vinculante 24 • Dificuldade financeira: o Causa extralegal de inexigibilidade de conduta diversa o Exclui a culpabilidade o Cabalmente comprovada • Parcelamento: o Suspensão da pretensão punitiva (art. 9º, Lei 10.684/03) § Se já houve denúncia: suspende o processo § Se não houve denúncia: não pode denunciar o Suspendetambém prazo da prescrição o Pode aderir ao parcelamento: § Até recebimento da denúncia: para crimes praticados após Lei 12.382/2011 (art. 83, §2º, Lei 9.430) § Até o trânsito em julgado: antes da Lei 12.382/2011 (STF e STJ) • Extinção da punibilidade o Pagamento integral (inclusive dos acessórios) § Valor que foi parcelado: extinção da punibilidade com base no art. 83, § 4º, Lei 9.430 § Se não houve parcelamento: extinção da punibilidade com base no art. 9º, § 2º, Lei 10.684 o O pagamento do débito tributário, a qualquer tempo, até mesmo após o advento do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, é causa de extinção da punibilidade do acusado. STJ. 5ª Turma. HC 362.478-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 14/9/2017 (Info 611). STF. 2ª Turma. RHC 128245, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/08/2016. • Informativo 911 do STF: O prazo da prescrição da pretensão punitiva fica suspenso durante o parcelamento do débito tributário. Nos crimes contra a ordem tributária, quando o agente ingressa no regime de parcelamento dos débitos tributários, fica suspensa a pretensão punitiva penal 9 do Estado (o processo criminal fica suspenso). Durante o parcelamento o prazo prescricional também fica suspenso. O prazo prescricional não corre enquanto estiverem sendo cumpridas as condições do parcelamento do débito fiscal. É o que prevê o art. 9º, § 1º da Lei nº 10.684/2003. Se, ao final, o réu pagar integralmente os débitos, haverá a extinção da punibilidade. Crime Organizado (Lei nº 12.850/13) • Antes da Lei 12.850/13, não existia a previsão de tipo penal incriminador para Organizações Criminosas. A Convenção de Palermo era inaplicável para tipificar crime ou cominar pena. • A diferença entre o crime de Organização Criminosa ( 4 ou mais pessoas) e Associação Criminosa (3 ou mais pessoas) está, dentre outras características, na quantidade de agentes necessários e na necessidade de divisão de tarefas e organização estruturalmente ordenada. • Conceito (Lei 12.850/13): considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro ) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informa mente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. Trata-se de crime de perigo abstrato. • Crime organizado por natureza (É o crime de organização criminosa propriamente dito, previsto na Lei 12.850/13) x crime organizado por extensão (São as infrações penais praticadas pela organização). • O acordo sobre a colaboração premiada jamais poderá ser feito na presença do Juiz, sob pena de violação à imparcialidade. • O réu que colaborar pode rá ter direito aos seguintes benefícios: redução da pena em até dois terços; substituição por PR D; não oferecimento da denúncia; e redução d a pena até a metade ou progressão de regime, no caso de colaboração posterior à sentença. • O réu que colaborar também renuncia o direito ao silêncio, assumindo o compromisso de dizer a verdade. 10 • Não se pode condenar com base, exclusivamente, no depoimento/ confissão do colaborador. É necessária a colheita de outras provas com base em sua confissão. É o que se chama de regra de corroboração. Ainda que existam duas ou mais colaborações no mesmo sentindo, o STF entende que deve haver necessariamente uma fonte diversa de uma colaboração. • É válido o acordo de colaboração premiada, na fase do inquérito policial, formalizado pelo delegado de polícia? § Segundo a Lei 12850/13: Sim § Segundo o PGR: não (DPL, moralidade, titularidade da ação penal) § Informativo 907 do STF: Sim (manifestação posterior do MP SEM caráter vinculante) • A infiltração de agentes é medida excepcional e subsidiária. Somente poderá ser decretada após autorização judicial, que definirá os seus limites. O agente precisa consentir com a infiltração. Praz o de até 6 (seis) meses, s em prejuízo de eventuais renovações • A lei prevê a possibilidade de interceptação ambiental, que se diferencia da interceptação telefônica. • A ação controlada não requer autorização judicial. Por outro lado, necessita de prévia comunicação ao juízo competente . Obs.: na lei de drogas e na de lavagem exige- se autorização prévia. • O acordo da delação premiada não pode ser impugnado por terceiro (STF). • Lei 12.694: Em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas , o juiz de primeiro grau poderá decidir pela formação de colegiado para a prática de qualquer ato processual; decisão fundamentada; o colegiado será formado pelo juiz do processo e por 2 (dois) outros juízes escolhidos por sorteio eletrônico dentre aqueles de competência criminal e m exercício no primeiro grau de jurisdição; as decisões do colegiado, devidamente funda mentadas e firmadas, sem exceção, por todos os seus integrantes, serão publicadas sem qualquer referência a voto divergente de qualquer membro. 11 • Questão: (2016, VUNESP, TJM-SP - Juiz de Direito Substituto) Nos termos da Lei no 12.850, de 2 de agosto de 2013, se houver indícios suficientes de que funcionário público integra organização criminosa, poderá o Juiz determinar A) a perda do cargo ou mandato eletivo e a interdição para o exercício do cargo público pelo prazo de 4 anos, contado a partir do cumprimento da pena. B) a perda do cargo ou mandato eletivo e a interdição para o exercício do cargo público pelo prazo de 8 anos, contado a partir do cumprimento da pena. C) a perda do cargo ou mandato eletivo e a interdição para o exercício do cargo público pelo prazo da sentença penal condenatória, subsequente ao cumprimento da pena. D) seu afastamento cautelar do cargo, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual. E) seu afastamento cautelar do cargo, com prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual. Resposta: letra D É a literalidade da Lei n. 12.850/13: Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas. § 5º Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra organização criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual. Assim, se houvesse suspeita de participação do agente (funcionário público) em organização criminosa, o juiz poderia determinar seu afastamento cautelar das funções, sem prejuízo da remuneração. 12 Erros das demais: Apenas a condenação com trânsito em julgado (e não se houver indícios de integração) acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena. Como visto, o juiz poderá determinar seu afastamento cautelar do cargo, SEM PREJUÍZO (e não com prejuízo) da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual. Crimes Hediondos (Lei nº 12.850/13) São crimes hediondos: • a ) homicídio, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente , e homicídio qualificado; • b) lesão corporal dolosa de natureza gravíssimae lesão corporal seguida de morte, quando praticada s contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da F orça Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; • c) latrocínio; • d) extorsão qualificada pela morte; • d) extorsão mediante sequestro e na forma qualificada; • e ) estupro; • f) estupro de vulnerável; • g) epidemia com resultado morte; • h) falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destina do a fins terapêuticos ou medicinais; • i) favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável; • j) genocídio; • k) equiparados: tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo. 13 • Livramento condicional: cumprir 2/3 da pena , desde que não seja reincidente específico em crimes hediondos. • Progressão de regime: a) cumprir 1/6 da pena ( crimes cometidos antes da Lei 11.464/07 - Súmula 471 STJ); b) cumprir 2/5 da pena, se réu p rimário, ou 3/5, se reincidente específico (crimes cometidos após a Le i 11.464/07). • Vedações: o a) anistia; graça; e indulto; e o b) fiança. • Inconstitucionalidade: a vedação da concessão de liberdade provisória sem fiança e de penas restritivas de direitos, além do cumpri mento de pena em regime integralmente fechado. • Prisão temporária: Em regra, o prazo é de 5 dias + 5 dias . No caso dos crimes hediondos, o prazo da temporária é de 30 dias + 30 dias. • Questão: (2016, VUNESP, TJM-SP - Juiz de Direito Substituto) Nos termos da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984, os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra a pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990 A) serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético mediante extração de DNA. B) somente poderão ter a identificação de perfil genético verificada pelo Juiz do processo, vedado o acesso às autoridades policiais mesmo mediante requerimento. C) não terão a identificação de perfil genético incluído em banco de dados sigiloso, mas de livre acesso às autoridades policiais, independentemente de requerimento. D) não terão extraído o DNA, se submetidos à Justiça Militar, em razão da excepcionalidade da lei de execução. 14 E) não poderão ser submetidos à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA, por falta de permissivo legal. Resposta: letra A a) Correta. Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) b) Incorreta. Art. 9, § 2º. A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados de identificação de perfil genético. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) c) Incorreta. Art. 9, § 2º. d) Incorreta. Art. 2º § único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária. e) Incorreta. Art. 9o-A. Tortura (Lei nº 9.455/97) • Não admite fiança, mas admite liberdade provisória. É prescritível. • Extraterritorialidade da lei de tortura: é a plicada ao crime de tortura ocorrido fora do Brasil, se a vítima for brasileira e o torturador se encontrar em território nacional. • Competência: em regra é da Justiça Estadual. O fato de o crime de tortura praticado contra brasileiros n o exterior não torna, por si só, a Justiça Federal competente para processar e julgar os agentes estrangeiros. 15 • Espécies de tortura: o a) Tortura propriamente dita: causa sofrimento físico ou mental através do emprego de violência ou grave ameaça (art. 1º, I, alíneas “a”, “ b” e “c”, da Lei 9.455/97). Subdivide-se em: tortura probatória (alíneas “a”), tortura crime (alíneas “b”) e tortura discriminatória (alíneas “c”); o b) Tortura castigo: causa INTENSO sofrimento físico ou mental por meio de violência ou grave ameaça (art. 1º, II, da Lei 9.455 /97); o c) Tortura sem motivação: art. 1º, II, parágrafo 1o, Lei 9.455/97 (Submeter pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal); o d) Tortura imprópria: art. 1º, II, parágrafo 2º, da Lei 9.455/97 (aquele que tinha o dever de evitar ou apurar, se omite diante da conduta daquele que submete pessoa presa ou que cumpre medida de segurança a sofrimento físico ou mental). • Causas de aumento: o tortura praticada por agente público; o tortura contra criança ou adolescente, gestante, portador de deficiência, maior de 60 anos; o tortura me diante sequestro (tem que se r meio para a tortura). • Efeitos da condenação: perda do cargo e interdição pelo dobro do prazo da pena para seu exercício. Tais efeitos são automáticos. • Questão: (2016, VUNESP, TJM-SP - Juiz de Direito Substituto) Considere a seguinte situação hipotética: João, agente público, foi processado e, ao final, condenado à pena de reclusão, por dezenove anos, iniciada em regime fechado, pela prática do crime de tortura, com resultado morte, contra Raimundo. Nos termos da Lei no 9.455, de 7 de abril de 1997, essa condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público A) e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. B) e a interdição para seu exercício pelo triplo do prazo da pena aplicada. 16 C) e a interdição para seu exercício pelo tempo da pena aplicada. D) desde que o juiz proceda à fundamentação específica. E) como efeito necessário, mas não automático. Resposta: letra A Art. 1º, § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. Interceptação Telefônica (Lei nº 9.296/96) • Requisitos: fazer prova em investigação criminal ou em instrução processual penal; autorização d o juiz competente; segredo de justiça. • Prazo: 15 DIAS, renovável por igual tempo uma vez com provada a indispensabilidade do meio de prova. • Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado VERBALMENTE, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a termo. • Não é necessária a transcrição integral dos diálogos. Basta que sejam transcritos os trechos necessários ao embasamento da denúncia oferecida e que seja entregue à defesa todo o conteúdo das gravações em mídia eletrônica. • A quebra do sigilo de dados telefônicos (registros documentados) não se confunde com a interceptação telefônica ( conhecimento do conteúdo d a conversa) e não é abrangida pela Lei 9 .296/96. A quebra do sigilo não está submetida à cláusula de reserva de jurisdição e pode ser determinada por CPI e MP. • Escuta: é a gravação da comunicação telefônica por um dos comunicadores (autogravação). É clandestina porque feita sem o conhecimento do outro, mas são meios lícitos de prova. 17 • Gravação (ambiental ou tele fônica): érealizada por um dos interlocutores e , por isso, não necessita de autorização judicial. • Interceptação (ambiental ou telefônica): É realizada por um terceiro estranho à comunicação. Portanto, necessita de autorização judicial. Caso ocorra sem prévia manifestação do magistrado, será considerado como prova ilícita . • Não se admite a interceptação de comunicações telefônicas quando o fato investigado constitui infração penal punida c om pena de detenção. • Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração pena l (OBS: não são necessários indícios de materialidade); II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. • Juiz da central de inquéritos pode de terminar interceptação telefônica, mesmo que depois não seja competente para julgar a ação penal. • A título de prova emprestada, a interceptação telefônica pode ser usada em processo civil e administrativo. • O fato de a interceptação telefônica ter visado elucidar outra prática delituosa não impede a sua utilização em persecução criminal diversa por meio d o compartilha mento da prova (Info 811 - S TF). • Teoria do juízo aparente: não é ilícita a interceptação autorizada por um magistrado aparentemente competente a o tempo da decisão e que, posteriormente venha a ser declarado incompetente (Info 701 - STF). • A respeito dos indícios de autoria e dos novos crimes descobertos fortuitamente (serendipidade) durante a interceptação tele fônica, a doutrina faz a seguinte distinção: o 1) serendipidade subjetiva (descoberta fortuita de novos infratores): neste caso, segundo o entendimento prevalente, a interceptação valerá contra todos; desde que haja conexão. o 2) serendipidade objetiva (descoberta fortuita d e novas infrações): inclusive se o cri me for apenado c om detenção). Essa última subdivide-se em: a) Serendipidade objetiva de primeiro grau – Se as infrações são conexas, a interceptação vale como prova para todos os delitos, mesmo quando o de lito 18 conexo seja apena do com detenção; b) Serendipidade objetiva de segundo grau – Se as infrações não são conexas, a interceptação funciona rá como mera notícia crime, permitindo a instauração de inquérito policial. Lavagem de Dinheiro (Lei nº 9.613/98) • Conceito: complexo de operações, composto de três fases (colocação, dissimulação, integração), realizados com a finalidade específica de mascarar a origem ilícita de determinados bens, tornando-os aparentemente lícitos. • Classificação: crime formal e doloso. • Bem jurídico tutelado: a ordem econômico-financeira. • O processo do crime de lavagem independe do processo e julgamento da infração penal antecedente. • A Doutrina majoritária entende que até mesmo Contravenções Penais podem configurar infração antecedente. • O simples fato de receber dinheiro decorrente de corrupção passiva configura lavagem de dinheiro? Não. E se receber em depósitos bancários fracionários que não atinjam o limite que exige a obrigação de comunicação às autoridades monetárias? É lavagem de capitais. • O crime de lavagem de dinheiro na modalidade OCULTAR é instantâneo ou permanente? Permanente. • Parlamentar que comete crime de lavagem de dinheiro merece ter a pena-basee aumentada no juízo de culpabilidade? Sim. • Se o crime de lavagem ocorreu através de várias transações financeiras envolvendo vários países? Isso pode aumentar a pena-base? Sim, “circunstâncias do crime”. • Gerações da Lei de Lavagem de Capitais: § 1ª Geração: Somente o tráfico poderia configurar como infração Penal antecedente; 19 § 2ª Ge ração: Amplia-se o rol de crimes antecedentes, porém este continua sendo taxativo; § 3ª Geração: Qualquer infração penal pode ser antecedente do crime de lavagem. • Autolavagem (self laundering): é passível de punição, ou seja, não precisa necessariamente lavar dinheiro de terceiro para ser punido. • Atos consideráveis puníveis: § Ocultar e Dissimular a natureza e origem do dinheiro. § Ocultar localização e disposição do dinheiro. § Ocultar a movimentação ou propriedade de bens. § Ocultar e dissimular direitos e valores. • Penas aplicadas aos agentes envolvidos: § Multa pecuniária (dobro do valor da operação, ou lucro real obtido ou 20 milhões de reais). § Cassação ou suspensão da autorização do exercício de atividade, operação ou funcionamento. • Teoria da cegueira deliberada ou teoria do avestruz (willfull blindness doctrine): de origem norte-americana, visa tornar típica a conduta do agente que tem consciência sobre a possível origem ilícita dos bens ocultados por ele ou pela organização criminosa a qual integra, mas, mesmo assim, deliberadamente, cria mecanismos que o impedem de aperfeiçoar sua representação acerca dos fatos. Ao evitar a consciência quanto à origem ilícita dos valores, assume os riscos de produzir o resultado, daí porque responde pelo delito de lavagem de capitais a título de dolo eventual. • Justa causa duplicada: requer-se lastro probatório mínimo quanto à lavagem e quanto à infração antecedente. Crimes Previdenciários • Apropriação Indébita Previdenciária (art. 168-A do Código Penal): Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: 20 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. § 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. § 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. § 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. o Esse delito exige uma conduta omissiva própria do agente, o seu comportamento é ativo e ao mesmo tempo omissivo, uma vez que recolhe as contribuições dos respectivos contribuintes, mas deixa de repassá-las à previdência social. Assim, não há de se falar em tentativa, uma das características dos crimes omissivos próprios. o Caracteriza-se como crime formal,pois somente se exige a conduta, sem que haja a necessidade de um resultado. Vale salientar que sempre deve haver dolo, não sendo admitido a forma culposa. o O sujeito passivo é o Estado, na figura da Previdência Social Pública, e o ativo é o agente do crime, o responsável dentro da empresa pelos atos gerenciais previstos nas hipóteses típicas. A propositura de ação deve ser feita pelo Ministério Público Federal, com a assistência do INSS, através de Ação Penal Pública Incondicionada. 21 o O pagamento das contribuições devidas, se realizado antes do inicio da ação penal fiscal, acarreta a extinção da punibilidade. Caso seja realizado após, caberá o perdão judicial ou a aplicação apenas da pena de multa. No entanto, o pagamento realizado após o recebimento da denúncia, gera apenas uma circunstância atenuante. • Sonegação de Contribuição Previdenciária (art. 337-A do Código Penal) Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. § 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa. § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social. o Trata-se também de um crime de conduta omissiva própria, pois apesar dos núcleos verbais serem do tipo “suprimir” ou “reduzir”, há a necessidade de omissão por parte do agente, não sendo possível a tentativa. o Caracteriza-se como crime material, pois a conduta deve ter como resultado a supressão ou a redução das contribuições. Aqui também há a exigência de dolo, sem a possibilidade da modalidade culposa. 22 o O sujeito passivo é o Estado, representado pela Previdência Social Pública, e o sujeito ativo é quem tem a obrigação legal de cumprir as condutas acima descritas, exigindo-se uma especial qualidade do sujeito. Por isso, alguns doutrinadores classificam como crime próprio. A legitimidade para propositura da ação pena pública incondicionada é do Ministério Público federal, sendo permitida a assistência do INSS. o A extinção da punibilidade para este delito não requer o pagamento, apenas a conduta espontânea do agente em declarar e confessar as contribuições, importâncias, valores e informações devidas a previdência social, desde que realizada antes do início da ação fiscal. o O juiz possui a faculdade de deliberar o perdão judicial ou apenas a aplicação da pena de multa, desde que estejam presentes os requisitos necessários, como ser o agente réu primário com bons antecedentes, e desde que os valores dos débitos não excedam R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais). • Falsidade Documental Previdenciária (art. 297, § 3º e § 4º do Código Penal) § 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório; II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços. o O delito apresenta dois tipos de condutas, comissivas e omissivas próprias. Na primeira, os núcleos inserir ou fazer inserir ensejam a possibilidade de tentativa, enquanto que na segunda, o núcleo omitir não. 23 o É um crime material, com a exigência de dolo, em que a conduta descrita deverá acarretar como resultado, a supressão ou a redução das contribuições. O sujeito passivo continua sendo o Estado, na figura da Previdência Social Pública, e o sujeito ativo, podendo ser qualquer pessoa. • Falsidade Documental Previdenciária (art. 297, § 3º e § 4º do Código Penal) Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. o Trata-se de um crime comissivo formal próprio, pois necessita de uma ação do agente, funcionário público, sem qualquer resultado. No entanto, este delito exige um dolo especifico, pois deve ser para obter vantagem indevida ou causar dano para si ou para outrem. o Poderá abranger pessoas com participação indireta. • Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações (art. 313-B do Código Penal) Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. o Trata-se de um crime próprio, formal e comissivo, praticado pelo funcionário público sem a necessidade de qualquer resultado, apenas a conduta do agente é suficiente. A diferença deste com o delito do art. 313-A está na ausência de dolo especifico. 24 • Estelionato (art. 171, § 3º do Código Penal) Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis. § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência. o Trata-se de um crime instantâneo, contra a seguridade social, com a sua concretização no momento da obtenção da vantagem ilícita, com o recebimento do benefício. Possui como elemento subjetivo o dolo, não se admitindo a forma culposa. Não há possibilidade de tentativa. o O sujeito ativo é qualquer pessoa, e o passivo é o Estado, mas com o segurado podendo figurar como vítima secundária. Crime deLicitações e Contratos da Administração Pública Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa. • É necessário o especial fim de agir? Sim. Deve haver a intenção de causar dano. • Havendo essa intenção, basta o descumprimento de formalidades? Não, é necessário ainda a violação a princípios da Administração Pública. • Não haverá crime se a decisão do administrador de deixar de instaurar licitação para a contratação de determinado serviço foi amparada por argumentos previstos em pareceres (técnicos e jurídicos) que atenderam aos requisitos legais, fornecendo justificativas plausíveis sobre a escolha do 25 executante e do preço cobrado e não houver indícios de conluio entre o gestor e os pareceristas com o objetivo de fraudar o procedimento de contratação direta. (INFO 891 do STF) Informativo 859 do STF: • A declaração de emergência feita por Governador do Estado, por si só, não caracteriza situação que justifique a dispensa de licitação; • O crime do art. 89 da Lei de Licitações não é inconstitucional nem viola o princípio da proporcionalidade; • Se o aditamento realizado descaracteriza o contrato original, configura, em tese, a prática do art. 92; • O fato de a dispensa de licitação e de o aditamento do contrato terem sido precedidos de parecer jurídico não é bastante para afastar o dolo caso outros elementos externos indiciem a possibilidade de desvio de finalidade ou de conluio entre o gestor e o responsável pelo parecer. • A declaração de emergência feita por Governador do Estado, por si só, não caracteriza situação que justifique a dispensa de licitação; Informativo 859 do STF: Não comete o crime do art. 89 da Lei nº 8.666/93 Secretária de Educação que faz contratação direta, com base em inexigibilidade de licitação (art. 25, I), de livros didáticos para a rede pública de ensino, livros esses que foram escolhidos por equipe técnica formada por pedagogos, sem a sua interferência. Vale ressaltar que havia comprovação, por meio de carta de exclusividade emitida por entidade do setor, de que a empresa contratada era a única fornecedora dos livros na região. Além disso, não houve demonstração de sobrepreço. Diante dessas circunstâncias, o STF absolveu a ré por ausência de “dolo específico” (elemento subjetivo especial). Abuso de Autoridade (Lei nº 4.898 de 1965) • Questão: (2016, VUNESP, TJM-SP - Juiz de Direito Substituto) Analisando em conjunto as Leis no 4.898, de 9 de dezembro de 1965 e no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, é correto afirmar que constitui abuso de autoridade A) decretar a prisão temporária em despacho prolatado dentro do prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento da representação. 26 B) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ordem de liberdade. C) executar a prisão temporária somente depois da expedição de mandado judicial. D) decretar a prisão temporária pelo prazo de 5 (cinco) dias, e prorrogá-la por igual período em caso de comprovada necessidade. E) determinar a apresentação do preso temporário, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial e submetê-lo a exame pericial. Resposta: letra B Alternativa A - Errada - porque descreve hipótese de legítimo decreto de prisão temporária, no caso, a representação da autoridade policial (já que também pode ser por requerimento do MP), motivo pelo qual não poderia ser considerado um abuso de autoridade. "Lei 7960/89 - Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. (...) § 2° O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento da representação ou do requerimento". Alternativa B - Correta - Expressa disposição legal. "Lei 4989/65 - Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: (...) i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade". Alternativa C - Errada - porque a lei prevê a necessidade de ser cumprida a ordem após a expedição do competente mandado. O cumprimento da ordem sem o mandado é que poderia ser considerado abuso de autoridade. "Lei 7960/89 - Art. 2º (...) § 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado de prisão, em duas vias, uma das quais será entregue ao indiciado e servirá como nota de culpa". Alternativa D - Errada - porque descreve hipótese de decretação da prisão temporária no exato limite temporal da regra geral prevista para a prisão temporária. Assim, somente prisão temporária para além desse prazo é que poderia ser considerado um abuso de autoridade. "Lei 1960/89 - Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade". 27 Alternativa E - Errada - Mais uma providência que a lei expressamente exige. Não cumpri-la é que poderia se considerado abuso de autoridade. "Lei 7960/89 - Art. 2º (...) § 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público e do Advogado, determinar que o preso lhe seja apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial e submetê-lo a exame de corpo de delito". Crimes Falimentares (Lei nº 11.101 de 2005) • Questão: (2016, VUNESP, TJM-SP - Juiz de Direito Substituto) Analise o caso a seguir e assinale a alternativa correta. X, empresário do ramo alimentício, teve decretada a falência de sua empresa, em 20 de outubro de 2009. Tendo o administrador judicial, em relatório circunstanciado, apontado indícios de desvio e venda das mercadorias da massa falida, o Ministério Público requisitou a instauração de inquérito, a fim de apurar a prática de crime falimentar por X, sócio gerente da empresa. Encerradas as investigações, o Ministério Público ofereceu denúncia, junto ao Juízo Criminal da Jurisdição em que foi decretada a falência, sendo a exordial recebida, iniciando-se o processo. Citado, X apresenta resposta à acusação, postulando por sua absolvição sumária, alegando faltar justa causa para a ação penal, uma vez que, por força de agravo interposto junto ao Tribunal, a falência da empresa foi revertida. O Juízo não absolve sumariamente X, dando prosseguimento ao processo. X então impetra habeas corpus, junto ao Tribunal de Justiça. A) Tendo a Lei n° 11.101/2005 previsto o procedimento sumário para o processo e julgamento de crime falimentar, não é possível ao acusado apresentar resposta à acusação, prevista no artigo 396- A, do CPP. B) O Tribunal de Justiça haveria de conceder a ordem, para trancar a ação penal, por ausência de condição de punibilidade do crime falimentar. C) A ação penal é nula, por incompetência do Juízo, pois, nos termos da Lei n°11.101/2005, é competente para julgar crime falimentar o Juízo que decretou a falência. D) O Ministério Público não poderia ter oferecido denúncia em face de X, por crime falimentar, por faltar condição de procedibilidade, já que a ação é pública condicionada à representação dos credores. E) O Tribunal de Justiça haveria de denegar a ordem, haja vista a independência das esferas. 28 Resposta: letra B a) Item errado, pois segundo o artigo 396 do CPP: "Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenaráa citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias". b) Alternativa correta, na forma do artigo 180 da Lei 11101/2005: "A sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou concede a recuperação extrajudicial de que trata o art. 163 desta Lei é condição objetiva de punibilidade das infrações penais descritas nesta Lei". c) Mais uma errada, já que conforme o artigo 183 da Lei 11101/2005: "Compete ao juiz criminal da jurisdição onde tenha sido decretada a falência, concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial, conhecer da ação penal pelos crimes previstos nesta Lei". d) Outra equivocada, visto que segundo o artigo 184 da Lei 11101/2005: "Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada". e) Mais uma incorreta, pois conforme o artigo 649 do CPP: "O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua jurisdição, fará passar imediatamente a ordem impetrada, nos casos em que tenha cabimento, seja qual for a autoridade coatora". Legislação Código de Processo Penal Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua jurisdição, fará passar imediatamente a ordem impetrada, nos casos em que tenha cabimento, seja qual for a autoridade coatora. Lei 11101/2005 29 Art. 180. A sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou concede a recuperação extrajudicial de que trata o art. 163 desta Lei é condição objetiva de punibilidade das infrações penais descritas nesta Lei. Art. 183. Compete ao juiz criminal da jurisdição onde tenha sido decretada a falência, concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial, conhecer da ação penal pelos crimes previstos nesta Lei. Art. 184. Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.
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