Buscar

Resumo Esquematizado - Juiz do TJ SP - Legislação Penal Especial (2)

Prévia do material em texto

Resumo Esquematizado 
Juiz do TJ SP 
 
Equipe Pedagógica 
Coordenador Professor Mauro Moreira 
Procurador Federal. Mestre e Especialista em Direito Tributário. Membro 
da International Fiscal Association. Aprovado nos concursos da 
Magistratura Estadual (Juiz do TJMA/2009), Notário e Registrador 
(Cartórios do PR, RS, MS, PE, BA etc), Procuradorias, Advogado da 
PETROBRAS, Advogado da Compesa, Analista de Tribunais e do MPPE 
etc. 
 
1 
 
 
 
Leis Penais Especiais 
 
Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06) 
 
• O art. 33, caput, é um crime de ação múltipla, de modo que, se praticar diferentes condutas 
previstas nesse dispositivo, apenas resta configurado um único crime. 
 
• A grande quantidade de droga, por si só, não afasta o crime do art. 33. 
 
• Não há causa de aumento pelo concurso de pessoas. 
 
• Inquérito policial: 30 + 30 (preso); 90 + 9 0 (solto). 
 
• Associação e livramento condicional: 
§ Primário: + de 1/3 
§ Reincidente: + de ½ 
§ Hediondos e equiparados: + de 2/3 
 
• Ação Controlada: Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes 
previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização 
judicial e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios: 
§ I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída pelos 
órgãos especializados pertinentes; 
§ II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores 
químicos ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no 
território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número 
de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal 
cabível. 
 
2 
§ Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a autorização será 
concedida desde que sejam conhecidos o itinerário provável e a identificação dos 
agentes do delito ou de colaboradores. 
 
• Info 596 do STJ: É possível a utilização de inquéritos policiais e /ou ações penais 
em curso para formação da convicção de que o réu se dedica a atividades criminosas, 
de modo a afastar o benefício legal previsto no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006. 
 
• A condenação pelo art. 28 da Lei de Drogas gera reincidência, pois não houve a 
descriminalização das condutas, mas a despenalização. 
 
• Info 831 do STF: O chamado " tráfico privilegiado", previsto no § 4º do art. 33 d a L ei 
nº 11.343/2006 não deve ser considerado crime equiparado a hediondo. 
 
• Obs.: cancelamento da súmula 512-STJ, consoante julgado sob a sistemática do recurso 
repetitivo (3ª Seção. Pet 11.79 6-DF), divulgado no informativo 595 do STJ. 
 
• Se o agente financia ou custeia o tráfico, mas não pratica nenhum verbo do art. 
33, responderá apenas pelo art. 36 da L ei de Drogas. 
 
• Info 534 do STJ: Se o agente, além de financiar ou custear o tráfico, também pratica 
algum verbo do art. 33, responderá apenas pelo art. 33 c/c o art. 40, VII da Lei de 
Drogas (não será condenado pelo art. 36 ). 
 
• Segundo o ST J (INFO 509) e o STF, para configuração do tipo de associação 
para o tráfico (art. 35), é necessário que haja estabilidade e permanência na associação 
criminosa. É atípica a conduta se não houver ânimo associativo permanente (duradouro), 
mas apenas esporádico (eventual). 
 
• Tráfico internacional de drogas: é indispensável que a droga apreendida no Brasil 
também seja considerada ilícita no país de origem (ou de destino). 
 
• Info 595 do STJ: Tráfico de drogas x envolvimento de menor de 18 anos: a) se o delito 
praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não está p revisto nos arts. 33 a 
37 da Lei de Drogas, o réu pode rá ser condenado pelo crime de corrupção de menores, 
além do tráfico de drogas; b) se a conduta estiver tipificada em um desses artigos (33 a 
37), não será possível a condenação por aquele delito, mas apenas a majoração da sua pena 
com base no art. 40 , VI, da Lei nº 11. 343/2006. 
 
 
3 
• Info 858 do STF: Se o tráfico de drogas ocorrer na s imediações d e um estabelecimento 
prisional (art. 40, I II), incidirá a causa de aumento, não importando quem seja o 
comprador do entorpecente . É irrelevante se o agente infrator visa ou não aos 
frequentadores daquele local. 
 
• Info 586 do STJ: É inadmissível a aplicação simultânea das causas de aumento da 
transnacionalidade (art. 40, I) e da interestadualidade (art. 40, V ) quando não ficar 
comprovada a intenção do importador da droga de difundi-la em mais de um Estado-
membro. 
 
• Info 749 do STF: Para incidir a majorante do art. 40, III, é necessário que haja a efetiva 
comercialização da droga pelo agente dentro do meio de transporte público. 
 
• A natureza e a quantidade da droga (42 d a Lei 11.343/2006 ) podem ser utilizadas 
par a aumentar a pena-base e também para afastar o tráfico privilegiado (art. 33, § 4º)? 
De acordo com o STJ sim. Utiliza-se a mesma regra em finalidades e momentos distintos. 
Já para o STF não. Isso porque haveria, no caso, bis in idem; ou para, reconhecendo-se o 
direito ao benefício, conceder ao réu uma menor redução de pena. 
 
• Info 819 do STF: A valoração negativa da quantidade e da natureza da droga 
representa fator suficiente para a fixação de regime inicial mais gravoso. 
 
• Detração Penal Analógica Virtual: 
§ Detração: tempo que ficou preso antes do transito em julgado. 
§ Analógica: art. 28 da Lei de Drogas não prevê pena privativa de liberdade. 
§ Virtual: descontar o tempo mesmo sem condenar efetivamente. 
 
• Súmula 501 – STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o 
resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que 
o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis. 
 
• Súmula 587-STJ: Para a incidência da majorante prevista no artigo 40, V, da Lei 
11.343/06, é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre estados da federação, 
sendo suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o tráfico interestadual. 
 
• Súmula 607-STJ: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei nº 
11.343/2006) configura-se com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que 
não consumada a transposição de fronteiras. 
 
 
4 
• Questão: 
 
(2017, VUNESP, TJ-SP - Juiz Substituto) 
No que concerne à lei de drogas, é correto afirmar que 
 
A) o emprego de arma de fogo constitui causa de aumento da pena no crime de tráfico, não 
configurando majorante, porém, o concurso de pessoas. 
 
B) constitui crime a associação de três ou mais pessoas para o fim de, reiteradamente ou 
não, financiar ou custear o tráfico de drogas. 
 
C) a prescrição no crime de posse de droga para consumo pessoal ocorre no menor prazo 
previsto no Código Penal para as penas privativas de liberdade. 
 
D) é isento de pena o agente que, em razão de dependência, era, ao tempo da ação ou da 
omissão relacionada, com exclusividade, a crimes de drogas, inteiramente incapaz de 
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
Resposta: letra A 
 
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois 
terços, se: 
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, 
ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva; 
 
E o concurso de pessoas não está previsto como majorante. 
 
Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/03) 
 
• Posse: arma de fogo, acessório ou munição for encontrada na residência ou no 
local de trabalho, nesse último caso, desde que seja proprietário ou responsável pelo 
estabelecimento ou empresa. 
 
• Segundo o STJ (INFO 496),o motorista profissional que é encontrado com a arma 
de fogo no interior do caminhão pratica o crime de porte de arma de fogo (art. 14 do 
ED). 
 
 
5 
• A posse ilegal de arma de fogo de uso permitido com registro vencido é conduta atípica. 
Trata-se de mera irregularidade administrativa (INFO 572 DO S TJ). 
 
• Porte: arma de fogo encontrada em local diverso da residência ou do local de trabalho 
(nesse último caso apenas para os proprietários e responsáveis da empresa). 
 
• A posse/porte ilegal de arma de fogo ineficaz é conduta atípica, desde que a ineficácia seja 
absoluta. 
 
• Porte de arma de fogo desmuniciada: é crime, pois se trata de delito de perigo abstrato. 
 
• Porte de munição, sem arma: é crime. Excepcionalmente, o STF (INFO 826) entende ser 
atípica a conduta de portar munição desacompanhada de arma de fog o na forma de 
pingente. 
 
• Omissão de cautela (art. 13, caput): para ocorrer a consumação é necessário que 
o menor de 18 anos, ao menos, se apodere da arma de fogo. É um crime omissivo, 
culposo (único crime culposo do Estatuto) e próprio. 
 
• Comércio ilegal de arma de fogo: necessário haver habitualidade, embora independa de 
lucro. 
 
• Tráfico internacional de arma de fogo: independe de habitualidade e lucro. 
 
• Info 599 do STJ: A conduta de portar granada de gás lacrimogêneo ou granada de 
gás de pimenta não se subsome (amolda) ao delito p revisto no art. 16, parágrafo 
único, III, da Lei nº 10.826/2003. Isso porque elas não se enquadram no conceito de 
artefatos explosivos. 
 
• Info 597 do STJ: É típica e antijurídica a conduta de policial civil que, mesmo 
autorizado a portar ou possuir arma de fogo, não observa as imposições legais previstas 
no Estatuto do Desarmamento, que impõem registro das armas no órgão competente. 
 
• Info 544 e 570 do STJ: É desnecessária a realização de perícia par configuração do 
crime de posse /porte de arma de fogo. Basta o simples porte de arma de fogo, ainda 
que desmuniciada, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para a 
incidência do tipo penal. Cabe a defesa o ônus da prova de demonstrar que a 
arma empregada para intimidar a vítima é desprovida de potencial lesivo. 
 
6 
 
• Info 572 do STJ: O magistrado que mantém sob sua guarda arma ou munição de uso 
restrito não comete crime. Os Conselheiros dos Tribunais de Contas são equiparados 
a magistrados, e o art. 33, V, da LC 35/79 (LOMAN) garante aos magistrados o 
direito ao porte de arma de fogo. 
 
 
• Questão: 
 
(2016, VUNESP, TJ-RJ - Juiz Substituto) 
Bonaparte, com o objetivo de matar Wellington, aciona o gatilho com o objetivo de efetuar 
um disparo de arma de fogo na direção deste último. Todavia, a arma não dispara na 
primeira tentativa. Momentos antes de efetuar uma segunda tentativa, Bonaparte ouve “ao 
longe" um barulho semelhante a “sirenes" de viatura e, diante de tal fato, guarda a arma de 
fogo que carregava, deixando o local calmamente, não sem antes proferir a seguinte frase 
a Wellington: “na próxima, eu te pego". Momentos após, Bonaparte é abordado na rua por 
policiais e tem apreendida a arma de fogo por ele utilizada. A arma de fogo era de uso 
permitido, estava registrada em nome de Bonaparte, mas este não possuía autorização para 
portá-la. No momento da abordagem e apreensão, também foi constatado pelos policiais 
que a arma de fogo apreendida em poder de Bonaparte estava sem munições, pois ele havia 
esquecido de municiá-la. 
Diante dos fatos narrados e da atual jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, é correto 
afirmar que Bonaparte poderá ser responsabilizado 
 
A) pelos crimes de ameaça e posse ilegal de arma de fogo de uso permitido. 
 
B) pelos crimes de ameaça e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. 
 
C) pelos crimes de homicídio tentado, ameaça e porte ilegal de arma de fogo de uso 
permitido. 
 
D) pelo crime de ameaça, mas não poderá ser responsabilizado pelo crime de porte ilegal 
de arma de fogo em virtude da arma estar desmuniciada no momento da apreensão. 
 
E) pelo crime de homicídio tentado, mas não poderá ser responsabilizado pelo crime de 
posse ilegal de arma de fogo em virtude da arma estar desmuniciada no momento da 
apreensão. 
 
 
7 
Resposta: letra B 
 
O porte de arma de fogo desmuniciada configura crime? SIM. O porte de arma de fogo 
(art. 14, Lei 10.826/03) configura crime, mesmo que esteja desmuniciada. Trata-
se,atualmente, de posição pacífica tanto no STF como no STJ. Para a jurisprudência, o 
simples porte de arma, munição ou acessório de uso permitido — sem autorização e em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar — configura o crime previsto no art. 
14 da Lei nº 10.826/2003, por ser delito de perigo abstrato, de forma a ser irrelevante o fato 
de a arma apreendida estar desacompanhada de munição, porquanto o bem jurídico tutelado 
é a segurança pública e a paz social. STJ. 3ª Seção. AgRg nos EAREsp 260556/SC, Rel. 
Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/03/2014. STF. 2ª Turma. HC 95073/MS, red. p/ 
o acórdão Min. Teori Zavascki, 19/3/2013 (Info 699). 
 
Crimes Contra a Ordem Tributária (Lei 8.137/90) 
 
• Bens jurídicos (bens de natureza supraindividual; interesse coletivo): 
o Erário 
o Patrimônio público 
o Ordem econômica 
 
• Suprimir ou reduzir à tributo 
 
• Competência criminal: 
o Tributo federal à justiça federal 
o Tributo estadual/municipal à justiça estadual 
 
• Conexão: justiça federal (122, STJ) 
• Art. 1º: crimes materiais (fraude + supressão/redução) obs.: supressão à não paga nada; redução 
à paga valor menor 
• Art. 2º: crimes formais (exige apenas a fraude) 
• Art. 3º: crimes funcionais, materiais ou formais 
 
• Denúncia deve conter 
o Nexo de imputação 
o Vinculação mínima 
 
• P. da Insignificância 
o STF e STJ: até 20 mil reais (esse parâmetro vale, a princípio, apenas para os crimes que se 
relacionam a tributos federais, considerando que é baseado no art. 20 da Lei 10.522/2002, 
que trata dos tributos federais. Assim, esse é o valor que a União considera insignificante). 
o Obs1: Para se verificar a insignificância da conduta, deve-se levar em consideração o valor 
do crédito tributário apurado originalmente no procedimento de lançamento. Assim, os 
juros, a correção monetária e eventuais multas de ofício que incidem sobre o crédito 
 
8 
tributário quando ele é cobrado em execução fiscal não devem ser considerados para fins 
de cálculo do princípio da insignificância. 
o Obs2: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração 
Pública (599, STJ). Exceção: descaminho 
o Obs3: contrabando à Não se aplica o princípio da insignificância ao crime de contrabando, 
uma vez que o bem juridicamente tutelado vai além do mero valor pecuniário do imposto 
elidido, alcançando também o interesse estatal de impedir a entrada e a comercialização de 
produtos proibidos em território nacional. Trata-se, assim, de um delito pluriofensivo. 
 
• Prisão nos crimes contra a ordem tributária não é prisão civil. 
 
• Necessidade do prévio esgotamento da via administrativa 
o Decisão do PAF que conclui pela supressão ou redução constitui justa causa 
o Enquanto não houver a certeza da ocorrência da supressão ou da redução não há o crime 
do art. 1º 
o Só há crime com a conclusão do PAF (lançamento definitivo), enquanto não concluído não 
pode haver denúncia (24, SV; Lei 9.430, art. 83) 
o Obs.: descaminho – crime formal, não se aplica súmula vinculante 24 
 
• Dificuldade financeira: 
o Causa extralegal de inexigibilidade de conduta diversa 
o Exclui a culpabilidade 
o Cabalmente comprovada 
 
• Parcelamento: 
o Suspensão da pretensão punitiva (art. 9º, Lei 10.684/03) 
§ Se já houve denúncia: suspende o processo 
§ Se não houve denúncia: não pode denunciar 
o Suspendetambém prazo da prescrição 
o Pode aderir ao parcelamento: 
§ Até recebimento da denúncia: para crimes praticados após Lei 12.382/2011 (art. 
83, §2º, Lei 9.430) 
§ Até o trânsito em julgado: antes da Lei 12.382/2011 (STF e STJ) 
 
• Extinção da punibilidade 
o Pagamento integral (inclusive dos acessórios) 
§ Valor que foi parcelado: extinção da punibilidade com base no art. 83, § 4º, Lei 
9.430 
§ Se não houve parcelamento: extinção da punibilidade com base no art. 9º, § 2º, Lei 
10.684 
o O pagamento do débito tributário, a qualquer tempo, até mesmo após o advento do 
trânsito em julgado da sentença penal condenatória, é causa de extinção da 
punibilidade do acusado. STJ. 5ª Turma. HC 362.478-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado 
em 14/9/2017 (Info 611). STF. 2ª Turma. RHC 128245, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado 
em 23/08/2016. 
 
• Informativo 911 do STF: O prazo da prescrição da pretensão punitiva fica suspenso durante 
o parcelamento do débito tributário. Nos crimes contra a ordem tributária, quando o agente 
ingressa no regime de parcelamento dos débitos tributários, fica suspensa a pretensão punitiva penal 
 
9 
do Estado (o processo criminal fica suspenso). Durante o parcelamento o prazo prescricional 
também fica suspenso. O prazo prescricional não corre enquanto estiverem sendo cumpridas as 
condições do parcelamento do débito fiscal. É o que prevê o art. 9º, § 1º da Lei nº 10.684/2003. Se, 
ao final, o réu pagar integralmente os débitos, haverá a extinção da punibilidade. 
 
Crime Organizado (Lei nº 12.850/13) 
 
• Antes da Lei 12.850/13, não existia a previsão de tipo penal incriminador para 
Organizações Criminosas. A Convenção de Palermo era inaplicável para tipificar crime 
ou cominar pena. 
 
• A diferença entre o crime de Organização Criminosa ( 4 ou mais pessoas) e Associação 
Criminosa (3 ou mais pessoas) está, dentre outras características, na quantidade de 
agentes necessários e na necessidade de divisão de tarefas e organização estruturalmente 
ordenada. 
 
• Conceito (Lei 12.850/13): considera-se organização criminosa a associação de 4 
(quatro ) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de 
tarefas, ainda que informa mente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, 
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas 
máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. 
Trata-se de crime de perigo abstrato. 
 
• Crime organizado por natureza (É o crime de organização criminosa propriamente 
dito, previsto na Lei 12.850/13) x crime organizado por extensão (São as infrações 
penais praticadas pela organização). 
 
• O acordo sobre a colaboração premiada jamais poderá ser feito na presença do Juiz, sob 
pena de violação à imparcialidade. 
 
• O réu que colaborar pode rá ter direito aos seguintes benefícios: redução da pena 
em até dois terços; substituição por PR D; não oferecimento da denúncia; e redução 
d a pena até a metade ou progressão de regime, no caso de colaboração posterior à 
sentença. 
 
• O réu que colaborar também renuncia o direito ao silêncio, assumindo o compromisso de 
dizer a verdade. 
 
10 
 
• Não se pode condenar com base, exclusivamente, no depoimento/ confissão do 
colaborador. É necessária a colheita de outras provas com base em sua confissão. É o que 
se chama de regra de corroboração. Ainda que existam duas ou mais colaborações no 
mesmo sentindo, o STF entende que deve haver necessariamente uma fonte diversa 
de uma colaboração. 
 
• É válido o acordo de colaboração premiada, na fase do inquérito policial, formalizado 
pelo delegado de polícia? 
§ Segundo a Lei 12850/13: Sim 
§ Segundo o PGR: não (DPL, moralidade, titularidade da ação penal) 
§ Informativo 907 do STF: Sim (manifestação posterior do MP SEM caráter 
vinculante) 
 
• A infiltração de agentes é medida excepcional e subsidiária. Somente poderá ser 
decretada após autorização judicial, que definirá os seus limites. O agente precisa 
consentir com a infiltração. Praz o de até 6 (seis) meses, s em prejuízo de eventuais 
renovações 
 
• A lei prevê a possibilidade de interceptação ambiental, que se diferencia da 
interceptação telefônica. 
 
• A ação controlada não requer autorização judicial. Por outro lado, necessita de 
prévia comunicação ao juízo competente . Obs.: na lei de drogas e na de lavagem exige-
se autorização prévia. 
 
• O acordo da delação premiada não pode ser impugnado por terceiro (STF). 
 
• Lei 12.694: Em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados 
por organizações criminosas , o juiz de primeiro grau poderá decidir pela formação 
de colegiado para a prática de qualquer ato processual; decisão fundamentada; o colegiado 
será formado pelo juiz do processo e por 2 (dois) outros juízes escolhidos por sorteio 
eletrônico dentre aqueles de competência criminal e m exercício no primeiro grau de 
jurisdição; as decisões do colegiado, devidamente funda mentadas e firmadas, sem 
exceção, por todos os seus integrantes, serão publicadas sem qualquer referência 
a voto divergente de qualquer membro. 
 
 
 
11 
• Questão: 
 
(2016, VUNESP, TJM-SP - Juiz de Direito Substituto) 
Nos termos da Lei no 12.850, de 2 de agosto de 2013, se houver indícios suficientes de que 
funcionário público integra organização criminosa, poderá o Juiz determinar 
 
A) a perda do cargo ou mandato eletivo e a interdição para o exercício do cargo público 
pelo prazo de 4 anos, contado a partir do cumprimento da pena. 
 
B) a perda do cargo ou mandato eletivo e a interdição para o exercício do cargo público 
pelo prazo de 8 anos, contado a partir do cumprimento da pena. 
 
C) a perda do cargo ou mandato eletivo e a interdição para o exercício do cargo público 
pelo prazo da sentença penal condenatória, subsequente ao cumprimento da pena. 
 
D) seu afastamento cautelar do cargo, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se 
fizer necessária à instrução processual. 
 
E) seu afastamento cautelar do cargo, com prejuízo da remuneração, quando a medida se 
fizer necessária à instrução processual. 
 
Resposta: letra D 
 
É a literalidade da Lei n. 12.850/13: 
 
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, 
organização criminosa: 
 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas 
correspondentes às demais infrações penais praticadas. 
 
§ 5º Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra organização 
criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou 
função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à 
investigação ou instrução processual. 
 
Assim, se houvesse suspeita de participação do agente (funcionário público) em 
organização criminosa, o juiz poderia determinar seu afastamento cautelar das funções, 
sem prejuízo da remuneração. 
 
 
12 
Erros das demais: 
 
Apenas a condenação com trânsito em julgado (e não se houver indícios de integração) 
acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e 
a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos 
subsequentes ao cumprimento da pena. 
 
Como visto, o juiz poderá determinar seu afastamento cautelar do cargo, SEM PREJUÍZO 
(e não com prejuízo) da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução 
processual. 
 
 
Crimes Hediondos (Lei nº 12.850/13) 
 
São crimes hediondos: 
• a ) homicídio, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda 
que cometido por um só agente , e homicídio qualificado; 
• b) lesão corporal dolosa de natureza gravíssimae lesão corporal seguida de morte, 
quando praticada s contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da 
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da F orça Nacional de Segurança 
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, 
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; 
• c) latrocínio; 
• d) extorsão qualificada pela morte; 
• d) extorsão mediante sequestro e na forma qualificada; 
• e ) estupro; 
• f) estupro de vulnerável; 
• g) epidemia com resultado morte; 
• h) falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destina do a fins 
terapêuticos ou medicinais; 
• i) favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança 
ou adolescente ou de vulnerável; 
• j) genocídio; 
• k) equiparados: tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo. 
 
 
 
13 
• Livramento condicional: cumprir 2/3 da pena , desde que não seja reincidente 
específico em crimes hediondos. 
 
• Progressão de regime: a) cumprir 1/6 da pena ( crimes cometidos antes da Lei 
11.464/07 - Súmula 471 STJ); b) cumprir 2/5 da pena, se réu p rimário, ou 3/5, 
se reincidente específico (crimes cometidos após a Le i 11.464/07). 
 
• Vedações: 
o a) anistia; graça; e indulto; e 
o b) fiança. 
 
 
 
• Inconstitucionalidade: a vedação da concessão de liberdade provisória sem fiança 
e de penas restritivas de direitos, além do cumpri mento de pena em regime integralmente 
fechado. 
 
• Prisão temporária: Em regra, o prazo é de 5 dias + 5 dias . No caso dos crimes 
hediondos, o prazo da temporária é de 30 dias + 30 dias. 
 
 
• Questão: 
 
(2016, VUNESP, TJM-SP - Juiz de Direito Substituto) 
Nos termos da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984, os condenados por crime praticado, 
dolosamente, com violência de natureza grave contra a pessoa, ou por qualquer dos crimes 
previstos no art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990 
 
A) serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético mediante 
extração de DNA. 
 
B) somente poderão ter a identificação de perfil genético verificada pelo Juiz do processo, 
vedado o acesso às autoridades policiais mesmo mediante requerimento. 
 
C) não terão a identificação de perfil genético incluído em banco de dados sigiloso, mas de 
livre acesso às autoridades policiais, independentemente de requerimento. 
 
D) não terão extraído o DNA, se submetidos à Justiça Militar, em razão da 
excepcionalidade da lei de execução. 
 
14 
 
E) não poderão ser submetidos à identificação do perfil genético, mediante extração de 
DNA, por falta de permissivo legal. 
 
Resposta: letra A 
 
a) Correta. Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de 
natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1o da Lei no 
8.072, de 25 de julho de 1990, serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do 
perfil genético, mediante extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica 
adequada e indolor. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) 
 
b) Incorreta. Art. 9, § 2º. A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao 
juiz competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados de 
identificação de perfil genético. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) 
 
c) Incorreta. Art. 9, § 2º. 
 
d) Incorreta. Art. 2º § único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao 
condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à 
jurisdição ordinária. 
 
e) Incorreta. Art. 9o-A. 
 
 
Tortura (Lei nº 9.455/97) 
 
 
 
• Não admite fiança, mas admite liberdade provisória. É prescritível. 
 
• Extraterritorialidade da lei de tortura: é a plicada ao crime de tortura ocorrido fora do 
Brasil, se a vítima for brasileira e o torturador se encontrar em território nacional. 
 
• Competência: em regra é da Justiça Estadual. O fato de o crime de tortura praticado 
contra brasileiros n o exterior não torna, por si só, a Justiça Federal competente para 
processar e julgar os agentes estrangeiros. 
 
 
15 
• Espécies de tortura: 
o a) Tortura propriamente dita: causa sofrimento físico ou mental através do 
emprego de violência ou grave ameaça (art. 1º, I, alíneas “a”, “ b” e “c”, da Lei 
9.455/97). Subdivide-se em: tortura probatória (alíneas “a”), tortura crime (alíneas 
“b”) e tortura discriminatória (alíneas “c”); 
o b) Tortura castigo: causa INTENSO sofrimento físico ou mental por meio de 
violência ou grave ameaça (art. 1º, II, da Lei 9.455 /97); 
o c) Tortura sem motivação: art. 1º, II, parágrafo 1o, Lei 9.455/97 (Submeter 
pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, 
por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de 
medida legal); 
o d) Tortura imprópria: art. 1º, II, parágrafo 2º, da Lei 9.455/97 (aquele que tinha 
o dever de evitar ou apurar, se omite diante da conduta daquele que submete 
pessoa presa ou que cumpre medida de segurança a sofrimento físico ou 
mental). 
 
 
• Causas de aumento: 
o tortura praticada por agente público; 
o tortura contra criança ou adolescente, gestante, portador de deficiência, maior de 
60 anos; 
o tortura me diante sequestro (tem que se r meio para a tortura). 
 
• Efeitos da condenação: perda do cargo e interdição pelo dobro do prazo da pena 
para seu exercício. Tais efeitos são automáticos. 
 
• Questão: 
 
(2016, VUNESP, TJM-SP - Juiz de Direito Substituto) 
Considere a seguinte situação hipotética: João, agente público, foi processado e, ao final, 
condenado à pena de reclusão, por dezenove anos, iniciada em regime fechado, pela prática 
do crime de tortura, com resultado morte, contra Raimundo. Nos termos da Lei no 9.455, 
de 7 de abril de 1997, essa condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego 
público 
 
A) e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. 
 
B) e a interdição para seu exercício pelo triplo do prazo da pena aplicada. 
 
16 
 
C) e a interdição para seu exercício pelo tempo da pena aplicada. 
 
D) desde que o juiz proceda à fundamentação específica. 
 
E) como efeito necessário, mas não automático. 
 
Resposta: letra A 
 
Art. 1º, § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a 
interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. 
 
 
Interceptação Telefônica (Lei nº 9.296/96) 
 
• Requisitos: fazer prova em investigação criminal ou em instrução processual penal; 
autorização d o juiz competente; segredo de justiça. 
 
• Prazo: 15 DIAS, renovável por igual tempo uma vez com provada a indispensabilidade 
do meio de prova. 
 
• Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado 
VERBALMENTE, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a termo. 
 
• Não é necessária a transcrição integral dos diálogos. Basta que sejam transcritos os 
trechos necessários ao embasamento da denúncia oferecida e que seja entregue à defesa 
todo o conteúdo das gravações em mídia eletrônica. 
 
• A quebra do sigilo de dados telefônicos (registros documentados) não se confunde 
com a interceptação telefônica ( conhecimento do conteúdo d a conversa) e não é 
abrangida pela Lei 9 .296/96. A quebra do sigilo não está submetida à cláusula de reserva 
de jurisdição e pode ser determinada por CPI e MP. 
 
• Escuta: é a gravação da comunicação telefônica por um dos comunicadores 
(autogravação). É clandestina porque feita sem o conhecimento do outro, mas são meios 
lícitos de prova. 
 
 
17 
• Gravação (ambiental ou tele fônica): érealizada por um dos interlocutores e , por 
isso, não necessita de autorização judicial. 
 
• Interceptação (ambiental ou telefônica): É realizada por um terceiro estranho à 
comunicação. Portanto, necessita de autorização judicial. Caso ocorra sem prévia 
manifestação do magistrado, será considerado como prova ilícita . 
 
• Não se admite a interceptação de comunicações telefônicas quando o fato investigado 
constitui infração penal punida c om pena de detenção. 
 
• Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer 
qualquer das seguintes hipóteses: I - não houver indícios razoáveis da autoria ou 
participação em infração pena l (OBS: não são necessários indícios de materialidade); 
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; III - o fato investigado 
constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. 
 
• Juiz da central de inquéritos pode de terminar interceptação telefônica, mesmo que 
depois não seja competente para julgar a ação penal. 
 
• A título de prova emprestada, a interceptação telefônica pode ser usada em processo civil 
e administrativo. 
 
• O fato de a interceptação telefônica ter visado elucidar outra prática delituosa não impede 
a sua utilização em persecução criminal diversa por meio d o compartilha mento da prova 
(Info 811 - S TF). 
 
• Teoria do juízo aparente: não é ilícita a interceptação autorizada por um magistrado 
aparentemente competente a o tempo da decisão e que, posteriormente venha a ser 
declarado incompetente (Info 701 - STF). 
 
• A respeito dos indícios de autoria e dos novos crimes descobertos fortuitamente 
(serendipidade) durante a interceptação tele fônica, a doutrina faz a seguinte distinção: 
o 1) serendipidade subjetiva (descoberta fortuita de novos infratores): neste caso, 
segundo o entendimento prevalente, a interceptação valerá contra todos; desde que 
haja conexão. 
o 2) serendipidade objetiva (descoberta fortuita d e novas infrações): inclusive 
se o cri me for apenado c om detenção). Essa última subdivide-se em: a) 
Serendipidade objetiva de primeiro grau – Se as infrações são conexas, a 
interceptação vale como prova para todos os delitos, mesmo quando o de lito 
 
18 
conexo seja apena do com detenção; b) Serendipidade objetiva de segundo 
grau – Se as infrações não são conexas, a interceptação funciona rá como 
mera notícia crime, permitindo a instauração de inquérito policial. 
 
Lavagem de Dinheiro (Lei nº 9.613/98) 
 
 
• Conceito: complexo de operações, composto de três fases (colocação, dissimulação, 
integração), realizados com a finalidade específica de mascarar a origem ilícita de 
determinados bens, tornando-os aparentemente lícitos. 
 
• Classificação: crime formal e doloso. 
 
• Bem jurídico tutelado: a ordem econômico-financeira. 
 
• O processo do crime de lavagem independe do processo e julgamento da infração penal 
antecedente. 
 
• A Doutrina majoritária entende que até mesmo Contravenções Penais podem configurar 
infração antecedente. 
 
• O simples fato de receber dinheiro decorrente de corrupção passiva configura 
lavagem de dinheiro? Não. E se receber em depósitos bancários fracionários que não 
atinjam o limite que exige a obrigação de comunicação às autoridades monetárias? É 
lavagem de capitais. 
 
• O crime de lavagem de dinheiro na modalidade OCULTAR é instantâneo ou 
permanente? Permanente. 
 
• Parlamentar que comete crime de lavagem de dinheiro merece ter a pena-basee 
aumentada no juízo de culpabilidade? Sim. 
 
• Se o crime de lavagem ocorreu através de várias transações financeiras envolvendo 
vários países? Isso pode aumentar a pena-base? Sim, “circunstâncias do crime”. 
 
• Gerações da Lei de Lavagem de Capitais: 
§ 1ª Geração: Somente o tráfico poderia configurar como infração Penal 
antecedente; 
 
19 
§ 2ª Ge ração: Amplia-se o rol de crimes antecedentes, porém este continua 
sendo taxativo; 
§ 3ª Geração: Qualquer infração penal pode ser antecedente do crime de 
lavagem. 
 
• Autolavagem (self laundering): é passível de punição, ou seja, não precisa 
necessariamente lavar dinheiro de terceiro para ser punido. 
 
• Atos consideráveis puníveis: 
§ Ocultar e Dissimular a natureza e origem do dinheiro. 
§ Ocultar localização e disposição do dinheiro. 
§ Ocultar a movimentação ou propriedade de bens. 
§ Ocultar e dissimular direitos e valores. 
 
 
• Penas aplicadas aos agentes envolvidos: 
§ Multa pecuniária (dobro do valor da operação, ou lucro real obtido ou 20 milhões 
de reais). 
§ Cassação ou suspensão da autorização do exercício de atividade, operação ou 
funcionamento. 
 
• Teoria da cegueira deliberada ou teoria do avestruz (willfull blindness doctrine): 
de origem norte-americana, visa tornar típica a conduta do agente que tem 
consciência sobre a possível origem ilícita dos bens ocultados por ele ou pela 
organização criminosa a qual integra, mas, mesmo assim, deliberadamente, cria 
mecanismos que o impedem de aperfeiçoar sua representação acerca dos fatos. Ao evitar 
a consciência quanto à origem ilícita dos valores, assume os riscos de produzir o 
resultado, daí porque responde pelo delito de lavagem de capitais a título de dolo 
eventual. 
 
• Justa causa duplicada: requer-se lastro probatório mínimo quanto à lavagem e 
quanto à infração antecedente. 
 
 
Crimes Previdenciários 
 
• Apropriação Indébita Previdenciária (art. 168-A do Código Penal): 
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas 
dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: 
 
20 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: I – recolher, no prazo legal, 
contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido 
descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do 
público; II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham 
integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à 
prestação de serviços; III - pagar benefício devido a segurado, quando as 
respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela 
previdência social. 
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e 
efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as 
informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou 
regulamento, antes do início da ação fiscal. 
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa 
se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: I – tenha promovido, 
após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da 
contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou II – o valor das 
contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele 
estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo 
para o ajuizamento de suas execuções fiscais. 
§ 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos casos de 
parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior 
àquele estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo para o 
ajuizamento de suas execuções fiscais. 
o Esse delito exige uma conduta omissiva própria do agente, o seu comportamento 
é ativo e ao mesmo tempo omissivo, uma vez que recolhe as contribuições dos 
respectivos contribuintes, mas deixa de repassá-las à previdência social. Assim, 
não há de se falar em tentativa, uma das características dos crimes omissivos 
próprios. 
 
o Caracteriza-se como crime formal,pois somente se exige a conduta, sem que haja 
a necessidade de um resultado. Vale salientar que sempre deve haver dolo, não 
sendo admitido a forma culposa. 
 
o O sujeito passivo é o Estado, na figura da Previdência Social Pública, e o ativo é o 
agente do crime, o responsável dentro da empresa pelos atos gerenciais previstos 
nas hipóteses típicas. A propositura de ação deve ser feita pelo Ministério Público 
Federal, com a assistência do INSS, através de Ação Penal Pública Incondicionada. 
 
 
21 
o O pagamento das contribuições devidas, se realizado antes do inicio da ação penal 
fiscal, acarreta a extinção da punibilidade. Caso seja realizado após, caberá o 
perdão judicial ou a aplicação apenas da pena de multa. No entanto, o pagamento 
realizado após o recebimento da denúncia, gera apenas uma circunstância 
atenuante. 
 
 
• Sonegação de Contribuição Previdenciária (art. 337-A do Código Penal) 
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer 
acessório, mediante as seguintes condutas: I – omitir de folha de pagamento da 
empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária 
segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador 
autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; II – deixar de lançar 
mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias 
descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de 
serviços; III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, 
remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições 
sociais previdenciárias: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa 
as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à 
previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da 
ação fiscal. 
§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa 
se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: II – o valor das 
contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele 
estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo 
para o ajuizamento de suas execuções fiscais. 
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não 
ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a 
pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa. 
§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas 
datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social. 
o Trata-se também de um crime de conduta omissiva própria, pois apesar dos 
núcleos verbais serem do tipo “suprimir” ou “reduzir”, há a necessidade de 
omissão por parte do agente, não sendo possível a tentativa. 
 
o Caracteriza-se como crime material, pois a conduta deve ter como resultado a 
supressão ou a redução das contribuições. Aqui também há a exigência de dolo, 
sem a possibilidade da modalidade culposa. 
 
22 
 
o O sujeito passivo é o Estado, representado pela Previdência Social Pública, e o 
sujeito ativo é quem tem a obrigação legal de cumprir as condutas acima descritas, 
exigindo-se uma especial qualidade do sujeito. Por isso, alguns doutrinadores 
classificam como crime próprio. A legitimidade para propositura da ação pena 
pública incondicionada é do Ministério Público federal, sendo permitida a 
assistência do INSS. 
o A extinção da punibilidade para este delito não requer o pagamento, apenas a 
conduta espontânea do agente em declarar e confessar as contribuições, 
importâncias, valores e informações devidas a previdência social, desde que 
realizada antes do início da ação fiscal. 
 
o O juiz possui a faculdade de deliberar o perdão judicial ou apenas a aplicação da 
pena de multa, desde que estejam presentes os requisitos necessários, como ser o 
agente réu primário com bons antecedentes, e desde que os valores dos débitos não 
excedam R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais). 
 
 
• Falsidade Documental Previdenciária (art. 297, § 3º e § 4º do Código Penal) 
§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: 
I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado 
a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade 
de segurado obrigatório; 
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em 
documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração 
falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; 
III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com 
as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou 
diversa da que deveria ter constado. 
 § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 
3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do 
contrato de trabalho ou de prestação de serviços. 
o O delito apresenta dois tipos de condutas, comissivas e omissivas próprias. Na 
primeira, os núcleos inserir ou fazer inserir ensejam a possibilidade de tentativa, 
enquanto que na segunda, o núcleo omitir não. 
 
 
23 
o É um crime material, com a exigência de dolo, em que a conduta descrita deverá 
acarretar como resultado, a supressão ou a redução das contribuições. O sujeito 
passivo continua sendo o Estado, na figura da Previdência Social Pública, e o 
sujeito ativo, podendo ser qualquer pessoa. 
 
 
• Falsidade Documental Previdenciária (art. 297, § 3º e § 4º do Código Penal) 
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados 
falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas 
informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter 
vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: Pena – 
reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
o Trata-se de um crime comissivo formal próprio, pois necessita de uma ação do 
agente, funcionário público, sem qualquer resultado. No entanto, este delito exige 
um dolo especifico, pois deve ser para obter vantagem indevida ou causar dano 
para si ou para outrem. 
 
o Poderá abranger pessoas com participação indireta. 
 
• Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações (art. 313-B do 
Código Penal) 
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou 
programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade 
competente: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da 
modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o 
administrado. 
o Trata-se de um crime próprio, formal e comissivo, praticado pelo funcionário 
público sem a necessidade de qualquer resultado, apenas a conduta do agente é 
suficiente. A diferença deste com o delito do art. 313-A está na ausência de dolo 
especifico. 
 
 
24 
• Estelionato (art. 171, § 3º do Código Penal) 
 
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, 
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer 
outro meio fraudulento: 
 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos 
de réis. 
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de 
entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência 
social ou beneficência. 
o Trata-se de um crime instantâneo, contra a seguridade social, com a sua 
concretização no momento da obtenção da vantagem ilícita, com o recebimento do 
benefício. Possui como elemento subjetivo o dolo, não se admitindo a forma 
culposa. Não há possibilidade de tentativa. 
 
o O sujeito ativo é qualquer pessoa, e o passivo é o Estado, mas com o segurado 
podendo figurar como vítima secundária. 
 
 
Crime deLicitações e Contratos da Administração Pública 
 
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de 
observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: Pena - detenção, de 3 
(três) a 5 (cinco) anos, e multa. 
• É necessário o especial fim de agir? Sim. Deve haver a intenção de causar dano. 
 
• Havendo essa intenção, basta o descumprimento de formalidades? Não, é necessário ainda a 
violação a princípios da Administração Pública. 
 
• Não haverá crime se a decisão do administrador de deixar de instaurar licitação para a contratação 
de determinado serviço foi amparada por argumentos previstos em pareceres (técnicos e jurídicos) 
que atenderam aos requisitos legais, fornecendo justificativas plausíveis sobre a escolha do 
 
25 
executante e do preço cobrado e não houver indícios de conluio entre o gestor e os pareceristas com 
o objetivo de fraudar o procedimento de contratação direta. (INFO 891 do STF) 
Informativo 859 do STF: 
• A declaração de emergência feita por Governador do Estado, por si só, não caracteriza situação que 
justifique a dispensa de licitação; 
• O crime do art. 89 da Lei de Licitações não é inconstitucional nem viola o princípio da 
proporcionalidade; 
• Se o aditamento realizado descaracteriza o contrato original, configura, em tese, a prática do art. 
92; 
• O fato de a dispensa de licitação e de o aditamento do contrato terem sido precedidos de parecer 
jurídico não é bastante para afastar o dolo caso outros elementos externos indiciem a possibilidade 
de desvio de finalidade ou de conluio entre o gestor e o responsável pelo parecer. 
• A declaração de emergência feita por Governador do Estado, por si só, não caracteriza situação que 
justifique a dispensa de licitação; 
 
Informativo 859 do STF: Não comete o crime do art. 89 da Lei nº 8.666/93 Secretária de Educação que 
faz contratação direta, com base em inexigibilidade de licitação (art. 25, I), de livros didáticos para a 
rede pública de ensino, livros esses que foram escolhidos por equipe técnica formada por pedagogos, 
sem a sua interferência. Vale ressaltar que havia comprovação, por meio de carta de exclusividade emitida 
por entidade do setor, de que a empresa contratada era a única fornecedora dos livros na região. Além disso, 
não houve demonstração de sobrepreço. Diante dessas circunstâncias, o STF absolveu a ré por ausência de 
“dolo específico” (elemento subjetivo especial). 
 
Abuso de Autoridade (Lei nº 4.898 de 1965) 
 
• Questão: 
 
(2016, VUNESP, TJM-SP - Juiz de Direito Substituto) 
Analisando em conjunto as Leis no 4.898, de 9 de dezembro de 1965 e no 7.960, de 21 de dezembro 
de 1989, é correto afirmar que constitui abuso de autoridade 
 
A) decretar a prisão temporária em despacho prolatado dentro do prazo de 24 (vinte e quatro) horas, 
contadas a partir do recebimento da representação. 
 
 
26 
B) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de 
expedir em tempo oportuno ordem de liberdade. 
 
C) executar a prisão temporária somente depois da expedição de mandado judicial. 
 
D) decretar a prisão temporária pelo prazo de 5 (cinco) dias, e prorrogá-la por igual período em 
caso de comprovada necessidade. 
 
E) determinar a apresentação do preso temporário, solicitar informações e esclarecimentos da 
autoridade policial e submetê-lo a exame pericial. 
 
Resposta: letra B 
 
Alternativa A - Errada - porque descreve hipótese de legítimo decreto de prisão temporária, no 
caso, a representação da autoridade policial (já que também pode ser por requerimento do MP), 
motivo pelo qual não poderia ser considerado um abuso de autoridade. "Lei 7960/89 - Art. 2° A 
prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial ou 
de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual 
período em caso de extrema e comprovada necessidade. (...) § 2° O despacho que decretar a prisão 
temporária deverá ser fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24 (vinte e quatro) horas, 
contadas a partir do recebimento da representação ou do requerimento". 
 
Alternativa B - Correta - Expressa disposição legal. "Lei 4989/65 - Art. 4º Constitui também abuso 
de autoridade: (...) i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de 
segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de 
liberdade". 
 
Alternativa C - Errada - porque a lei prevê a necessidade de ser cumprida a ordem após a expedição 
do competente mandado. O cumprimento da ordem sem o mandado é que poderia ser considerado 
abuso de autoridade. "Lei 7960/89 - Art. 2º (...) § 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á 
mandado de prisão, em duas vias, uma das quais será entregue ao indiciado e servirá como nota 
de culpa". 
 
Alternativa D - Errada - porque descreve hipótese de decretação da prisão temporária no exato 
limite temporal da regra geral prevista para a prisão temporária. Assim, somente prisão temporária 
para além desse prazo é que poderia ser considerado um abuso de autoridade. "Lei 1960/89 - Art. 
2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial 
ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual 
período em caso de extrema e comprovada necessidade". 
 
 
27 
Alternativa E - Errada - Mais uma providência que a lei expressamente exige. Não cumpri-la é que 
poderia se considerado abuso de autoridade. "Lei 7960/89 - Art. 2º (...) § 3° O Juiz poderá, de 
ofício, ou a requerimento do Ministério Público e do Advogado, determinar que o preso lhe seja 
apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial e submetê-lo a exame 
de corpo de delito". 
 
 
Crimes Falimentares (Lei nº 11.101 de 2005) 
 
• Questão: 
(2016, VUNESP, TJM-SP - Juiz de Direito Substituto) 
Analise o caso a seguir e assinale a alternativa correta. 
 X, empresário do ramo alimentício, teve decretada a falência de sua empresa, em 20 de outubro 
de 2009. Tendo o administrador judicial, em relatório circunstanciado, apontado indícios de desvio 
e venda das mercadorias da massa falida, o Ministério Público requisitou a instauração de inquérito, 
a fim de apurar a prática de crime falimentar por X, sócio gerente da empresa. Encerradas as 
investigações, o Ministério Público ofereceu denúncia, junto ao Juízo Criminal da Jurisdição em 
que foi decretada a falência, sendo a exordial recebida, iniciando-se o processo. Citado, X apresenta 
resposta à acusação, postulando por sua absolvição sumária, alegando faltar justa causa para a ação 
penal, uma vez que, por força de agravo interposto junto ao Tribunal, a falência da empresa foi 
revertida. O Juízo não absolve sumariamente X, dando prosseguimento ao processo. X então 
impetra habeas corpus, junto ao Tribunal de Justiça. 
 
A) Tendo a Lei n° 11.101/2005 previsto o procedimento sumário para o processo e julgamento de 
crime falimentar, não é possível ao acusado apresentar resposta à acusação, prevista no artigo 396-
A, do CPP. 
 
B) O Tribunal de Justiça haveria de conceder a ordem, para trancar a ação penal, por ausência de 
condição de punibilidade do crime falimentar. 
 
C) A ação penal é nula, por incompetência do Juízo, pois, nos termos da Lei n°11.101/2005, é 
competente para julgar crime falimentar o Juízo que decretou a falência. 
 
D) O Ministério Público não poderia ter oferecido denúncia em face de X, por crime falimentar, 
por faltar condição de procedibilidade, já que a ação é pública condicionada à representação dos 
credores. 
 
E) O Tribunal de Justiça haveria de denegar a ordem, haja vista a independência das esferas. 
 
 
28 
Resposta: letra B 
 
 
a) Item errado, pois segundo o artigo 396 do CPP: 
"Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar 
liminarmente, recebê-la-á e ordenaráa citação do acusado para responder à acusação, por 
escrito, no prazo de 10 (dez) dias". 
 
b) Alternativa correta, na forma do artigo 180 da Lei 11101/2005: 
"A sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou concede a recuperação 
extrajudicial de que trata o art. 163 desta Lei é condição objetiva de punibilidade das infrações 
penais descritas nesta Lei". 
 
c) Mais uma errada, já que conforme o artigo 183 da Lei 11101/2005: 
"Compete ao juiz criminal da jurisdição onde tenha sido decretada a falência, concedida a 
recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial, conhecer da ação 
penal pelos crimes previstos nesta Lei". 
 
d) Outra equivocada, visto que segundo o artigo 184 da Lei 11101/2005: 
"Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada". 
 
e) Mais uma incorreta, pois conforme o artigo 649 do CPP: 
"O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua jurisdição, fará passar imediatamente a ordem 
impetrada, nos casos em que tenha cabimento, seja qual for a autoridade coatora". 
 
Legislação 
 
Código de Processo Penal 
 
Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não 
a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, 
por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. 
 
Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua jurisdição, fará passar imediatamente a 
ordem impetrada, nos casos em que tenha cabimento, seja qual for a autoridade coatora. 
 
Lei 11101/2005 
 
 
29 
Art. 180. A sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou concede a 
recuperação extrajudicial de que trata o art. 163 desta Lei é condição objetiva de punibilidade das 
infrações penais descritas nesta Lei. 
 
Art. 183. Compete ao juiz criminal da jurisdição onde tenha sido decretada a falência, concedida 
a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial, conhecer da ação 
penal pelos crimes previstos nesta Lei. 
 
Art. 184. Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.

Continue navegando