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PRISÃO PREVENTIVA

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PRISÃO PREVENTIVA[footnoteRef:1] [1: Artigo apresentado ao curso de pós-graduação Lato Sensu em Direito Processual e Práticas Processuais do Centro Universitário do Sul de Minas - UNIS MG como pré-requisito para obtenção do título de especialista em Direito Processual e Práticas Processuais.] 
[footnoteRef:2] [2: Coloque sua formação acadêmica, ou seja, o que está cursando atualmente, graduação e instituição. E-mail:xxxxxxxx.] 
Nome e Sobrenome do orientador[footnoteRef:3] [3: Coloque aqui a formação acadêmica, ou seja, graduação e instituição de seu orientador. E-mail: xxxxxxxxxx.] 
 
RESUMO
Este trabalho discute a prisão preventiva, sendo que, tal abordagem se justifica devido o fato de haver a necessidade de compreensão de medidas em que se encaixem e os casos em que não pode continuar a recolher o indivíduo preventivamente, de modo a combater ou minimizar os efeitos sobre os indivíduos que não mais se enquadram na situação em que caberia a prisão preventiva, evitando assim abusos por parte do judiciário, e garantindo o princípio da isonomia, igualdade processual. E por outro lado enquadrando indivíduos a qual se encaixem nos requisitos da prisão preventiva, garantindo assim o bom andamento do processo ou inquérito policial. Contudo, o objetivo geral consiste em fundamentar os requisitos aos quais um indivíduo poderia ser submetido a uma prisão preventiva. Para tanto, quanto aos objetivos prevaleceu à modalidade de pesquisa exploratória para proporcionar maior familiaridade com o problema, e fazer um estudo mais detalhado do tema. Foi utilizada a pesquisa bibliográfica, quanto aos procedimentos, visto que, a pesquisa bibliográfica é de grande relevância para o desenvolvimento de determinadas investigações cientificas, pois após a escolha do tema é necessário fazer uma revisão de bibliográfica do assunto, utilizando livros, periódicos, correio eletrônico, ou seja, material já publicado por pesquisadores que se debruçaram sobre o estudo do tema em questão. Diante do exposto é possível concluir que, a prisão preventiva é um tema que deve continuar sendo discutido e problematizado, contudo, não como sendo uma garantia de ordem publica para ser executada. 
Palavras-chave: Prisão. Preventiva. Lei Penal. 
ABSTRACT
This paper discusses pre-trial detention, and such an approach is justified due to the need to understand the measures in which they fit and the cases in which the individual cannot continue to collect preventively in order to combat or minimize effects on individuals who no longer fit the situation in which preventive detention would fit, thus avoiding abuse by the judiciary, and guaranteeing the principle of equality, procedural equality. And on the other hand framing individuals who fit the requirements of pre-trial detention, thus ensuring the smooth progress of the process or police inquiry. However, the overall objective is to substantiate the requirements to which an individual could be subject to remand. Therefore, as the objectives prevailed the exploratory research modality to provide greater familiarity with the problem, and make a more detailed study of the subject. The bibliographic research was used, as the procedures, since the bibliographic research is of great relevance for the development of certain scientific investigations, because after the choice of the theme it is necessary to make a bibliographic review of the subject, using books, journals, mail electronic, that is, material already published by researchers who have studied the study of the subject in question. In view of the above, it is possible to conclude that pre-trial detention is a topic that should continue to be discussed and problematized but not as a guarantee of public order.
KEYWORDS: Prison. Preventive. Criminal law.
1 INTRODUÇÃO
Este estudo tem como intuito principal fundamentar os requisitos aos quais um indivíduo poderia ser submetido a uma prisão preventiva, uma vez que, a Constituição Federal carrega as garantias individuais do ser humano diante da sociedade, dentre elas, a liberdade, assim, cabe considerar que a prisão preventiva corresponde a uma medida cautelar de privação da liberdade do suposto autor do crime, sendo decretada pelo juiz durante o curso da investigação policial ou do processo penal em face da existência de pressupostos legais, a fim de resguardar os interesses sociais de segurança. Desta forma, mesmo constituindo providência de caráter assecuratório, garantia da execução da pena e meio de instrução, seu emprego é limitado a casos certos e determinados em lei, não se caracterizando tal medida, pois, como ato discricionário nem podendo ser decretada por autoridade outra que não o juiz, órgão imparcial encarregado da distribuição da justiça, sendo o Código de Processo Penal datado de 1940 o responsável em ditar as circunstâncias legitimadoras da decretação da prisão preventiva. 
Neste contexto, constituem-se os objetivos específicos: explorar os pressupostos jurídicos imprescindíveis para uma prisão processual de natureza cautelar; observar aspectos onde o clamor social e ação da mídia pode se tornar um fator banalizador do instituto da prisão preventiva; examinar a possível crise na legitimidade do sistema penal no tocante ao posicionamento da mídia que noticia como medida coercitiva a prisão preventiva; analisar como a pressão popular influencia na opinião do juiz que, o qual devido mais a ela, pode decretar uma prisão preventiva sem justa causa; verificar a influência do clamor público, sobre a decisão do juiz ao conceder uma prisão preventiva e demonstrar as principais consequências que uma prisão antecipada traz para o condenado.
Para tanto, o desenvolvimento do estudo tem como base pesquisa bibliográfica de caráter exploratória quanto ao seu nível de profundidade, visando proporcionar um maior conhecimento acerca do assunto. Analisar o atual e cada vez mais crescente numero, de prisões cautelares injustas e indevidas, analisando a partir daí, a responsabilidade do Estado e do juiz, a fim de proteger o cidadão supostamente acusado de um crime não cometido, em nome do princípio constitucional do estado de inocência. Observar o posicionamento do Estado querendo dar uma resposta imediata para sociedade que clama por justiça, muitas vezes colocando antecipadamente alguém na prisão, o que, no entanto, pode-se descobrir mais tarde que essa mesma pessoa, não foi o autor do crime. Considerando que a imparcialidade é uma garantia de justiça para as partes e, embora não esteja expressa, é uma garantia constitucional e tem por isso, as partes o direito de exigir um julgamento imparcial. 
2. FUNDAMENTAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA
2.1. Conceituando a prisão.
Para melhor compreensão dos pressupostos que tangem a prisão preventiva com o intuito de investigar, por conseguinte, apresentar as possíveis fundamentações que envolvem a mesma, cabe buscar um conceito que configure a prisão preventiva, todavia, os manuais de Direito não tratam destes detalhes. Sendo assim, vamos apontar conceitos, uma vez que, as peculiaridades e situações que envolvam a defesa do Estado e das Instituições Democráticas no que diz respeito à prisão são relevantes. Contudo, cabe ressaltar que estes conceitos são abordados de forma ampla com diversas interpretações que não cabe apontar como correta ou adequada, mas complementares diante da Constituição. 
“A prisão deve ser compreendida como a privação da liberdade de locomoção, com o recolhimento da pessoa humana ao cárcere, seja em virtude de flagrante delito, ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, seja em face de transgressão militar ou por força de crime propriamente militar, definidos em lei (LIMA, 2012, p. 1168)”.
Todavia, é possível apontar a prisão como sendo “a supressão da liberdade individual, mediante a clausura. É a privação da liberdade individual de ir e vir, e, tendo em vista a prisão em regime aberto e a domiciliar, podemos definir a prisão como a privação, mais ou menos intensa, da liberdade ambulatória(TOURINHO FILHO, 2012, p. 429)”. Neste mesmo sentido, torna-se relevante destacar ainda a prisão como, 
“A privação da liberdade, tolhendo-se o direito de ir e vir, através do recolhimento da pessoa humana ao cárcere. Não se distingue, nesse conceito, a prisão provisória, enquanto se aguarda o deslinde da instrução criminal, daquela que resulta de cumprimento de pena. Enquanto o Código Penal regula a prisão proveniente de condenação, estabelecendo as suas espécies, forma de cumprimento e regime de abrigo do condenado, o Código de Processo Penal cuida da prisão cautelar e provisória, destinada unicamente a vigorar, enquanto necessário, até o trânsito em julgado da decisão condenatória (NUCCI 2012, p. 606)”.
Salientamos ainda, o conceito de prisão como sendo “(...) a privação da liberdade de locomoção determinada por ordem escrita da autoridade competente ou em caso de flagrante delito (CAPEZ, 2010, p. 296)”. Mirabete (2001) que acentua que prisão é: “(...) a privação da liberdade de locomoção, ou seja, do direito de ir e vir, por motivo lícito ou por ordem legal”. Deste modo, conceituada a prisão discutimos o surgimento da prisão preventiva.
2.2. Prisão Preventiva diante do ordenamento jurídico. 
A prisão preventiva originou-se juntamente com a promulgação do Código de Processo Criminal, na data de 29 de novembro de 1932, com a publicação do Código Criminal do Império autorizou-se a decretação da prisão do acusado por simples ordem da autoridade policial competente, ou seja, desnecessária era apreciação da autoridade judiciária (GUIMARAES, 1988. p.3). O Estado que reservou para si o exercício da função jurisdicional, tem o correspondente dever de agir com imparcialidade na solução das causas que lhe são submetidas. Indagar se não há então um confronto entre o Estado e o cidadão acusado de um delito não praticado, agregando a importância do princípio da imparcialidade que deve ser objeto de debates e fortalecimento para o desenvolvimento do Estado Democrático de Direito. 
“em 30 de setembro de 1909, a Lei n° 2.110 estabeleceu também a obrigatoriedade da prisão preventiva para os delitos afiançáveis, desde que o acusado tratasse de pessoa sem profissão lícita ou domicílio certo, no dizer do legislador, sujeito vagabundo, bem como o reincidente na prática delituosa com sentença transitada em julgado. Em 27 de dezembro de 1963, o Decreto 4.780, acrescentou a Lei n° 2.110 à necessidade de fundamentação para a concessão da prisão preventiva (GUIMARAES, 1988. P.4)”. 
Segundo o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (INFOPEN) 40% da população carcerária do sistema prisional brasileiro é composta de presos provisórios, ou seja, nenhum deles tem sequer uma condenação penal — no mérito —, seja na primeira ou na segunda instância. Essas prisões — justificadas ou não — têm fundamentos 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4º).
Tal dispositivo traduz, assim, a finalidade legítima da prisão preventiva, observados os requisitos alternativos e simultâneos previstos, respectivamente, em sua primeira e segunda parte. A Constituição diz que todos têm direito a não culpabilidade, uma vez que, artigo 5º, LVII enfatiza a presunção de crime, assim, o estado de culpabilidade “consiste na asseguração, ao imputado, do direito de ser considerado inocente até que sentença penal condenatória venha a transitar formalmente em julgado, formando-se, então, a coisa julgada de autoridade relativa” (TUTTI, 2009, p. 402). Todavia, a prisão preventiva é dotada de peculiaridades requerendo que seja avaliada, caso a caso. 
“No caso, o que se tem mais propriamente é a consagração de um princípio de não-culpabilidade, até porque a Constituição Federal (art. 5º, LVII), não afirma presumir uma inocência, mas sim garantir que ‘ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória’” (BONFIM, 2009, p.45).
Ressalta-se ainda que, no Artigo 1º, do Código Penal que: “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. Nesse sentido, segundo o criminalista [footnoteRef:4]Fernando Castelo Branco afirma que, "se houver alguma justificativa em que a liberdade do preso coloque em risco a ordem pública, pode ser decretada a prisão preventiva, que não se confunde com a execução provisória. O Estado tem meios para manter preso quem representa perigo a ordem pública". Para tanto, [4: Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-out-15/impacto-possivel-decisao-stf-bem-menor-divulgado. Acesso em: 01 de dezembro de 2019. ] 
“deve-se entender a paz e a tranquilidade social, que deve existir no seio da comunidade, com todas as pessoas vivendo em perfeita harmonia, sem que haja qualquer comportamento divorciado do modus vivendi em sociedade. Assim, se o indiciado ou acusado em liberdade continuar a praticar ilícitos penais haverá perturbação da ordem pública, e a medida extrema é necessária se estiverem presentes os demais requisitos legais (RANGEL, 2006 p.590).”
Dessa maneira, Machado (2009) enfatiza que, poucas são as situações que de alguma forma poderiam ser configuradas como sendo uma legitima forma de ameaça à ordem pública como algo decorrente da liberdade do réu ou indiciado. 
“A garantia da ordem pública é a hipótese de interpretação mais ampla e flexível na avaliação da necessidade da prisão preventiva. Entende-se pela expressão a indispensabilidade de se manter a ordem na sociedade, que, como regra, é abalada pela pratica de um delito. Se este for grave, de particular repercussão, com reflexos negativos e traumáticos na vida de muitos, propiciando àqueles que tomam conhecimento da sua realização um forte sentimento de impunidade e de insegurança, cabe ao Judiciário determinar o recolhimento do agente (NUCCI, 2012)”.
Todavia, Conforme artigo 316 do Código de Processo Penal “a decisão judicial que decreta prisão preventiva rege-se pelo princípio geral rebus sic stantibus (locução latina que pode ser traduzida como "estando assim as coisas"), o que significa que pode ser revogada e decretada novamente, tantas vezes quanto for necessário, de acordo com a situação fática apresentada. 
“Ás vezes, nem mesmo o crime, por mais grave que seja, por maior que tenha sido a insensibilidade do criminoso, por mais que o fato pudesse ameaçar a ordem jurídica, por mais que tenha lesado os interesse desta ou daquela vítima, às vezes nem mesmo o crime seria capaz de ameaçar a ordem publica. Assim, se nem o crime representa risco a essa ordem, muito menos o representaria a simples liberdade do acusado.” (MACHADO, 2009, p. 478).
Com a Constituição de 1988, operou-se uma mudança radical no ordenamento jurídico brasileiro, foi instituído um sistema de amplas garantias individuais, dentre as quais se destaca o princípio afirmativo de inocência de todo aquele que estiver submetido à persecução penal. Com isso, instaurou-se uma grande mudança no instituto da prisão, especialmente em relação àquelas que ocorrem sem que esteja formado um juízo definitivo de culpa a respeito do acusado. Em respeito à garantia da presunção de inocência, essas prisões dependem hoje da efetiva demonstração de sua necessidade pela autoridade judiciária competente. 
“O eixo, a base, o fundamento de todas as prisões cautelares no Brasil residem naqueles requisitos da prisão preventiva. Quando presentes pode o juiz fundamentadamente decretar qualquer prisão cautelar; quando ausentes, ainda que se trate de reincidente ou de quem não tem bons antecedentes, ou de crime hediondo ou de tráfico, não pode ser decretada a prisão antes do trânsito em julgado da decisão(GOMES)[footnoteRef:5]”. [5: Disponível em: http://www.sbdp.org.br/arquivos/material/698_Monografia%20Joao%20Bosco%20Leite.pdf. In Revista Jurídica, nº. 189. Porto Alegre, Editora Síntese Ltda., jul 1994. Fonte bibliográfica citada por Fernando da Costa Tourinho Filho. Acesso em: 10 de dezembro de 2019. ] 
O princípio afastou a possibilidade de qualquer espécie de presunção legal sobre o indivíduo. A única presunção possível é a consagrada constitucionalmente, qual seja, a presunção de não culpabilidade. Enfatizando que, a “presunção, em sentido técnico, é o nome da operação lógico-dedutiva que liga um fato provado (um indício) a outro probando, ou seja, é o nome jurídico para descrição justamente desse liame entre ambos” (BONFIM, 2009, p.45). Nessa perspectiva, a não ser em casos de imperiosa necessidade, embasada em fatos concretos, é impossível impor ao indivíduo restrição de sua liberdade individual, que, depois da própria vida, é o bem mais importante do ser humano. Todavia, a Constituição não assegura a presunção, mas sim, o Direito ao estado de não culpabilidade, segundo o artigo 5º, LVII, verifica-se que não há presunção. 
Dessa forma, “a prisão preventiva, por trazer como consequência a privação da liberdade antes do trânsito em julgado, somente se justifica enquanto e na medida em que puder realizar a proteção da persecução penal, em todo o seu iter procedimental, e mais, quando se mostrar a única maneira de satisfazer a necessidade (OLIVEIRA, 2009 p.487)”. Assim posto, cabe ressaltar a interpretação do artigo 5º que, “deve ser aduzido, em lógica sequência, e por oportuno, que o texto de lei, especialmente o constitucional, quando claro, inadmite interpretação restritiva, extensiva, ou diversificativa: in claris cessat interpretatio” (TUTTI, 2009, p. 410).
“Sabe-se que a liberdade não é o direito de alguém fazer o que bem quiser e entender, mas sim o de fazer o que a lei não proíbe. Sem os freios da lei, a liberdade desenfreada conduziria ao tumulto, à anarquia, ao caos, enfim. Daí permitir-se, na Magna Carta, a restrição à liberdade, dês que tal restrição se faça com comedimento, dentro nos limites do indispensável, do necessário e, assim mesmo, cercada de reais garantias para que se evitem extra limitações do Poder Público” (TOURINHO FILHO, 2011, p. 447).
Devido ao atual número cada vez mais crescente, de prisões preventivas injustas e indevidas, os dados do CNJ apontam para o aumento da população prisional brasileira que, de acordo com diagnóstico do Depen, cresce a um ritmo de 8,3% ao ano, nasce a partir daí, a responsabilidade do Estado e do juiz, a fim de proteger o cidadão supostamente acusado de um crime não cometido, em nome do princípio constitucional do estado de inocência, posto que, o Artigo 5º, inciso LIV, da Constituição Federal: “Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. O Estado querendo dar uma resposta imediata para sociedade que clama por justiça, coloca antecipadamente alguém na prisão, “se o princípio fosse da inocência, ou mesmo se ele se fizesse sentir em todo e qualquer momento do processo, o juiz, sem base em uma prova conclusiva quanto à culpabilidade, não poderia admitir a denúncia” SILVA JÚNIOR, 2008, p. 539)”, o que, no entanto, se descobre mais tarde que essa mesma pessoa, não foi o autor do crime. 
“A denominada presunção da inocência constitui princípio informador de todo processo penal concebido como instrumento de aplicação de sanções punitivas em um sistema jurídico no qual sejam respeitados, fundamentalmente, os valores inerentes à dignidade da pessoa humana; como tal deve servir de pressuposto e parâmetro de todas as atividades estatais concernentes à repressão criminal. Sob esse enfoque, a garantia constitucional não se revela somente no momento da decisão, como expressão da máxima in dúbio pro reo, mas se impõe igualmente como regra de tratamento do suspeito, indiciado ou acusado, que antes da condenação não pode sofrer qualquer equiparação ao culpado; e sobretudo, indica a necessidade de se assegurar, no âmbito da justiça criminal, a igualdade do cidadão no confronto com o poder punitivo, através de um processo justo. (LOPES JUNIOR, 1999. p.14)”
Dessa maneira, cabe destacar que, os requisitos da prisão preventiva se dividem em três: pressupostos (fumus comissi delicti), fundamentos (periculum libertatis) e condições de admissibilidade. Os dois primeiros estão inseridos no artigo 312 e o último no artigo 313, ambos do Código de Processo Penal. Posto isto, e considerando que, não há mais na legislação brasileira o instituto da “prisão preventiva obrigatória”. Independentemente da natureza do crime ou da quantidade de pena abstratamente cominada, a prisão preventiva somente se justifica, em qualquer caso, se preenchidos os requisitos legais, resguardando a presunção de inocência. Todavia, nos termos do artigo 315 do Código de Processo Penal “a decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre motivada[footnoteRef:6]”.  [6: Disponível em: https://jus.com.br/artigos/47301/a-prisao-preventiva-a-luz-da-doutrina-e-da-jurisprudencia/2. Acesso em: 10 de dezembro de 2019. ] 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto é possível concluir que, a prisão preventiva funciona como sendo um eixo de todas as prisões cautelares, no entanto, a mesma precisa ser analisada diante das suas peculiaridades caso a caso para assegurar a aplicação da lei e conveniência da instrução criminal. Há então um confronto entre o Estado e o cidadão acusado de um delito não praticado. Entender e confrontar tais gargalos do nosso sistema judiciário é essencial para a manutenção do direito e da justiça, porém, com as adversidades encontradas nos caminhos percorridos até o encerramento do processo, fica a dúvida da imparcialidade do judiciário. A prisão preventiva corresponde à mais genuína forma de custódia cautelar do sistema penal brasileiro. A Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso LXI, contempla a prisão preventiva, dispondo que “ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei”. Tal mandamento constitucional encontra correspondente no art. 283 do CPP – em sua redação atual, conferida pela Lei nº 12.403/2011 –, que prescreve que “Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva”.
REFERÊNCIAS
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