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Fund da Aprendizagem - Stela

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INSTITUTO FEDERAL DE BRASÍLIA - CAMPUS SAMAMBAIA
Licenciatura em Educação Profissional
Fundamentos do Desenvolvimento e da Aprendizagem
Professora: Stella Teles 
Aluno: Rennielson Costa
RESENHA FINAL
Brasília – DF, 26 de Novembro de 2019
1) JEROME BRUNER
Filho de Herman e Rose Gluckman Bruner, Jerome Seymour Bruner nasceu em 1 de outubro de 1915, em Nova York. Ele frequentou escolas públicas, e terminou o colegial em 1933, quando ingressou na Universidade de Duke, na Carolina do Norte, nos EUA, onde se formou em psicologia. Em seguida, ele continuou os estudos de pós-graduação na Universidade de Harvard, onde obteve seu mestrado em 1939 e seu doutorado em 1941. 
Durante a Segunda Guerra Mundial, ele serviu o General Eisenower na Divisão de Psicologia da Guerra no Comando Supremo da Força Aliada Europeia. Após a guerra, ele ingressou na faculdade de Harvard em 1945. Quando Bruner ingressou no campo da psicologia, a disciplina estava muito dividida entre o estudo das percepções e da análise da aprendizagem, sendo que o primeiro se apresentava muito subjetivo, enquanto o segundo era comportamental e objetivo. 
Em Harvard, o departamento de psicologia era dominado pelos behavioristas, que dirigiam um programa de investigação chamado psicofísica, que tinha por si a ideia que a psicologia era o estudo dos sentidos e o modo de que como se relacionam com o mundo das energias físicas ou estímulos. Bruner se rebelou contra essa a abordagem do behaviorismo e da psicofísica, e junto com Leo Postman implementou uma série de experimentos que resultariam no "New Look", uma nova teoria da percepção.
Foi professor na New York University. Possui doutoramentos (títulos honoríficos) “honoris causa” pelas Universidades de Yale, Columbia, Sorbonne, Berlim e Roma, entre outras. Em 1960, Bruner co-fundou o interdisciplinar, Centro de Estudos Cognitivos na Universidade de Harvard, contendo George Miller como co-diretor, até que ele partiu da universidade em 1972 para assumir uma posição na Universidade de Oxford. A teoria cognitiva, introduz novas perspectivas no estudo da mente, superando os postulados colocados até aquela época pelo behaviorismo, que focava apenas nos fenômenos observáveis. Durante o governo dos presidentes Kennedy e Johnson ele chefiou o Comitê de Ciências (Science and Advisory Committee). Foi professor da Escola de Direito da NYU. Em 1965, também serviu como presidente da APA (Associação Americana de Psicologia). Em 1991, ele mudou-se para a faculdade de direito da Universidade de Nova York (NYU) para explorar um interesse pessoal em como a lei define o que é um comportamento “apropriado”. E morreu aos 100 anos, em 6 de junho de 2016, em Nova 
Suas publicações mais importantes são sobre o Conhecimento: 
· Ensaios da mão esquerda (1960) 
· O Processo da Educação (1961)
· Atos de Significação (1990), A Cultura da Educação (1996).
Possuiu uma obra muito diversificada e traduzida na área da educação, pedagogia e psicologia. 
Embora Bruner fosse um psicólogo por formação e tenha dedicado grande parte das suas obras ao estudo da psicologia, ganhou grande notoriedade no mundo da educação graças à sua participação no movimento de reforma curricular, ocorrido, nos EUA, na década de 60.
Psicologia Cognitiva
Jerome Bruner foi um dos pioneiros nos estudos da Psicologia Cognitiva nos Estados Unidos. Bruner inicia seus estudos da sensação e da percepção humanas como parte de um processo ativo e não apenas receptivo. 
Em 1947 Bruner publicou seu clássico estudo “Valores e Necessidades como Fatores Organizacionais na Percepção” (Value and Need as Organizing Factors in Perception). Nesta investigação crianças ricas e pobres eram solicitadas a avaliar o tamanho de moedas e de discos de madeira. Seus resultados mostram que os valores e a necessidade das crianças ricas e pobres se diferenciavam ao superestimar o tamanho das moedas, comparadas aos discos de madeira do mesmo tamanho (Revista de Psicologia Anormal e Social) (Journal of Abnormal and Social Psychology, 1947, vol. 42, pgs. 33–44)
Propostas Educacionais
De acordo com a proposta educacional de Bruner, é possível ensinar qualquer assunto, de uma maneira honesta, a qualquer indivíduo, em qualquer estágio de desenvolvimento, desde que se leve em consideração suas diversas etapas de desenvolvimento intelectual. Pois, para Bruner, o que é relevante em uma matéria de ensino é sua estrutura e o modo de representá-la para o aluno.
Partindo desse pressuposto, o ambiente de aprendizagem por descoberta deve proporcionar alternativas / resultados para percepção do aprendiz, com relações e similaridades entre ideias que não foram previamente reconhecidas. Dessa forma, o aluno tem oportunidade de ver o mesmo tópico mais de uma vez, em diferentes níveis de profundidade e em diferentes modos de representação.
Para Bruner, as fases de desenvolvimento de um indivíduo ocorrem em seu ambiente e se manifestam em três modos: representação ativa, representação icônica e representação simbólica – a primeira, caracterizada pelo manuseio da ação, a segunda, pela organização perceptiva de imagens e a terceira, pela utilização de símbolos.
Psicologia Educacional
Em Harvard Jerome Bruner publicou uma série de trabalhos sobre a avaliação nos sistemas educacionais e as formas em que a educação poderia ser melhorada. Sua visão geral é de que a ‘’educação não deve se concentrar apenas na memorização de fatos". Entre 1964-1996 Bruner procurou desenvolver um currículo completo para o sistema educacional que atendesse as necessidades dos estudantes em três áreas principais que ele chamou de Man: A Course of Study, conhecido pela sigla MACOS ou M.A.C.O.S. Se fundamentava no ensino em espiral, ou seja, um determinado conceito deveria ser repetidamente ensinado, em diferentes níveis, cada nível sendo mais complexo que o primeiro. Este processo permitiria a criança a absorver ideias complexas de maneira mais simples. Bruner pretendia criar um ambiente educacional que se concentrasse no que era exclusivamente humano sobre os seres humanos, em como os seres humanos chegaram no estágio atual e em como os seres humanos poderiam se aprimorar.
Os modos de Pensamentos 
Os modos de pensamento, segundo Jerome Bruner, são o narrativo e o paradigmático. O autor argumenta que os indivíduos constroem realidades, propiciando diferentes maneiras de colocar em ordem as experiências vivenciadas. Além disso, busca analisar o desenvolvimento cognitivo e a construção da aprendizagem por meio de signos e simbologias, nos quais o pensamento é realizado por meio de fala e de imagens.
O Pensamento Narrativo
O autor define narrativa como uma sequência de eventos, e estes, por sua vez, são carregados de significados. “Narrativa é discurso, e a principal regra do discurso é que deve haver um motivo para que o mesmo se distinga do silêncio”. É por meio da narrativa que, provavelmente, um indivíduo organiza os próprios conhecimentos e experiências. A narrativa se fundamenta pelo contar de uma história para que haja o esclarecimento de algo duvidoso, ou ainda, algo que o indivíduo procura resolver ou sanar. Dessa forma, é por meio da fala ou da organização de fatos pelo pensamento que indivíduos estabelecem relações e organizam suas ideias a respeito de algo ou alguém. 
O Pensamento Paradigmático
O pensamento paradigmático, de acordo com Bruner (1986), associa-se ao desenvolvimento formal de conceitos, ou seja, quando há uma apropriação de ideias demonstradas, descritas ou argumentadas. É um modo de pensamento com o qual se tenta preencher o padrão de um sistema formal e matemático de explicações e provas por meio de argumentos que provem as conjecturas do sujeito. 
Frases de Bruner
“Ensinar é, em síntese, um esforço para auxiliar ou moldar o desenvolvimento” (BRUNER, 1969, p. 15)
Obras
· Fabricando Histórias: Direito, Literatura, Vida (Making Stories: Law, Lterature, Life), 2014. Letra e Voz.
· Actos de Significação (Acts of Meaning), 1997. Artmed.
· Actos de Significado (Acts of Meaning), 2011. Edições 70.
· Comoas Crianças Aprendem a Falar, 2010.
· A Cultura da Educação, 2001. Artmed. Edicoes 70.
· Para uma Teoria da Educação, 2011.
· O Processo da Educação, 1978.
· Realidade Mental - Mundos Possíveis, 1997. Artmed.
· Sobre a Teoria da Instrução, 2006. Phorte Editora.
· Sobre o Conhecimento. Ensaios da mão esquerda, 2008. Phorte Editora.
Uma Nova Teoria da Aprendizagem, 1976. Bloch Ed.
2) ANTON MAKARENKO
Makarenko nasceu em 1888 na Ucrânia. Era filho de um operário ferroviário e de uma dona de casa. Como a maioria das crianças daquela época, aprendeu a ler e escrever em casa, com o auxílio da mãe e logo depois foi matriculado em uma escola primária. No colégio teve acesso ás disciplinas de língua russa, aritmética, geografia, história, ciências naturais, física, desenho, canto, ginástica e catecismo, mas infelizmente não pode estudar a sua língua materna, a ucraniana, pois foi proibida pelo império czarista na Rússia e nem lógica e filosofia, exclusivas da elite. 
Ao completar 17 anos, Makarenko finalizou o curso de magistério e entrou em contato com as ideias de Lênin e Máximo Gorki, que influenciaram sua visão de mundo e de educação. Em 1906, ocorreu sua primeira experiência em sala de aula, na Escola Primária das Oficinas Ferroviárias, onde ficou durante oito anos. Logo assumiu a direção de uma escola secundária. Com a ajuda dos pais e professores, ampliou o espaço cultural e modificou o currículo. Estabeleceu o ensino da língua ucraniana. A experiência mais marcante foi quando assumiu a direção da Colônia Gorki, em 1920 a 1928, era uma instituição que atendia crianças e jovens órfãos que haviam vivido na marginalidade. Nesta escola ele pôs em prática um ensino que privilegiava a vida em comunidade, a participação da criança na organização da escola, o trabalho e a disciplina. Morreu em 1939, de ataque cardíaco durante uma viagem de trem.
Mais consciente do modelo de educação que queria aplicar, ampliou o espaço cultural e mudou o currículo com a ajuda de pais e professores. E estabeleceu o ensino da língua ucraniana. Sua mais marcante experiência deu-se de 1920 a 1928, na direção da Colônia Gorki, instituição rural que atendia crianças e jovens órfãos que haviam vivido na marginalidade. Lá ele pôs em prática um ensino que privilegiava a vida em comunidade, a participação da criança na organização da escola, o trabalho e a disciplina. Publicou novelas, peças de teatro e livros sobre educação, sendo Poema Pedagógico o mais importante. Morreu de ataque cardíaco durante uma viagem de trem em 1939, ano que ficaria marcado pelo início da Segunda Guerra Mundial. 
O mestre ucraniano Anton Makarenko concebeu um modelo de escola baseado na vida em grupo, na autogestão, no trabalho e na disciplina que contribuiu para a recuperação de jovens infratores. 
Makarenko talvez tenha sido o educador que levou às consequências mais radicais as questões do espírito de grupo e do trabalho coletivo. Tudo era discutido entre alunos, professores e a direção da Colônia Gorki e da Comuna Dzerzinski. Por essa razão, embora tenha vivido numa época e num contexto totalmente diferentes dos atuais, vale a pena conhecer suas ideias e pensar sobre elas. 
Ele assume o magistério em uma escola operária, com 17 anos, em 1905 e termina em 1939, com atividades de divulgação da proposta da pedagogia do coletivo, da proposta da autogestão para a vida social, falando para professores, alunos e pais, como intelectual e pedagogo cuja ação educativa não estava voltada exclusivamente para as crianças que se encontravam à margem da sociedade, apesar do enorme desafio, desenvolveu o seu trabalho de educador junto a uma colônia de reeducação de crianças e jovens órfãos e ex-delinquentes. 
Em 1906, com um ano de conclusão do curso de magistério, Makarenko deu sua primeira aula na Escola Primária das Oficinas Ferroviárias, onde ficou por oito anos. Assumiu então a direção de uma escola secundária e esteve em contato com as ideias de Lênin e Máximo Gorki que influenciaram seu modo de lidar com a educação. Mudou o currículo escolar implantando o ensino da língua ucraniana e ampliação do espaço cultural na escola. De 1920 a 1927 esteve à frente da direção da colônia Gorki, instituição rural que atendia crianças e jovens órfãos que haviam vivido na marginalidade, em seguida dirigiu a Comuna Dzerjinski até 1935. 
Um momento importante da vida de Makarenko foi a Revolução Russa de 1917 e a Revolução Ucraniana, movimentos revolucionários que deram origem ao nascimento e à construção de uma nova sociedade no Leste Europeu. Ele havia se transformado em um verdadeiro herói para os garotos. Na verdade, eles admiravam no diretor o seu lado humano, que sabia explodir, como eles, em situações conflitantes Makarenko tinha um projeto pedagógico que está centrado na educação comunista e do coletivo, seu trabalho atingiu os objetivos propostos, sugerir a existência de uma alternativa à educação personalista e a educação da coletividade.
Retomando, então, todos os principais pressupostos metodológicos da pedagogia de Anton Makarenko, podemos listar:
1- Grande confiança na organização e na autoridade; 
2- Formas participativas de gestão; 
3- Estratégias de democracia e direção coletiva; 
4- O trabalho coletivo; 
5- A moderação quanto a elogios e demonstrações afetivas; 
6- O repúdio à coação física; 
7- A disciplina; e 
8- A preponderância dos interesses do coletivo sobre o individual. 
Ainda servem de reflexão para buscar soluções atuais e entender a educação no mundo: Proteger a infância, Valorizar a disciplina, Envolver a família. 
Principais obras: a primeira obra de Makarenko demorou dez anos para ser escrita e recebeu o nome de Poema Pedagógico. Foi dividida em três volumes e publicada respectivamente em 1932, 1933 e 1935. Em 1937, ele publicou o Livro dos Pais e em 1938, As Bandeiras nas Torres, escreveu, também, A Marcha do Ano 30 e F.D.I. Além de peças teatrais (Major e os Anéis de Newton), contos, encenações e uma novela (A Honra), e deixou um romance inacabado (Os caminhos de uma Geração). 
Poema Pedagógico. Esta obra trata de uma instituição educacional (Instituto Gorki) para menores infratores, crianças em situação de risco, muito comum nos países em convulsão social. Anton Makarenko dirigiu uma e conta sua experiência nestes três volumes. Creio que fará bem a quem crê num regime social de proteção aos menos favorecidos, aonde, sem dúvida, graça a degeneração social imposta pela opressão capitalista. Redigido entre 1925 e 1935 sob o incentivo constante do escritor Maxím Gorki, Poema pedagógico é uma obra única que, por um lado, se lê como um romance da mais alta qualidade literária; por outro, traz o relato de uma das experiências mais singulares, radicais e bem-sucedidas da história da educação — a Colônia Gorki, na União Soviética, que, de 1920 a 1928, transformou centenas de menores abandonados e jovens infratores, muitos com várias passagens pela polícia, em ativos cidadãos.
O Poema Pedagógico é um relato da vasta experiência do pedagogo ucraniano Anton Semionovich Makarenko (1888 – 1939) durante o período em que ele dirigiu a instituição que ficou conhecida como Colônia Gorki e que era responsável pela reintegração social de jovens soviéticos “transviados”. O livro de Anton Makarenko é uma espécie de romance, com direito a belas descrições e profundas caracterizações das personagens; todavia, o que torna esse livro realmente interessante são as diversas passagens reais em que ocorrem aprendizados importantes de Makarenko e de seus “gorkianos” sobre o valor do trabalho em função de um coletivo autogerido. 
3) LEV VYGOTSKY
Lev Vygotsky foi cotidiano como todo homem, mas, como poucos, suspendeu o cotidiano e colocou-se diante da vida questionando-a dia a dia. Nascido em 17 de novembro de 1896, na cidade de Orsha, na Rússia, filho de uma família culta, Vygotsky teve desde muito cedo uma riqueza intelectual que o fazia questionar-se sobre o homem e a criação de sua cultura. Passou a adolescência na cidade de Gomel e mostrava-se, desde então, interessadopor literatura, poesia e filosofia. Estudou francês, hebraico, latim e grego. Foi educado em casa até os 15 anos, quando ingressou no curso secundário.
Em 1914, matriculou-se em Medicina na Universidade de Moscou e, paralelamente, estudou Direito. Cursou, ainda, Filosofia, Psicologia, Literatura e História na Universidade Popular de Shanyavsky. Em 1917, em plena Revolução Russa, forma-se em Direito e volta para Gomel, onde começa a lecionar Literatura, História da Arte e onde funda um Laboratório de Psicologia, na escola de professores.
Em 1924, apresenta-se casualmente no Congresso Panrusso de Psiconeurologia, quando foi convidado a trabalhar no Instituto de Psicologia de Moscou. É quando conhece e começa a trabalhar com Aleksander Luria e Aleksei Leontiev, seus seguidores, colaboradores e amigos. Em 1925, embora estando gravemente doente (tuberculose), inicia um período de intensas produções, conferências e pesquisas direcionadas principalmente às crianças portadoras de deficiências visuais e auditivas.
Sua paixão pela arte o mantinha muito próximo de intelectuais e artistas. Por conta disso, em 1927, foi publicamente considerado, pelo cineasta Sergei Eisenstein, como um dos psicólogos mais brilhantes da época, capaz de ver o mundo com claridade celestial. Em 1929, concluiu sua tese “A psicologia da Arte”, baseada em Hamlet, de Shakespeare. Em 1932, prefaciou o livro “A linguagem e o pensamento da criança”, de Jean Piaget.
Vygotsky morreu precocemente, aos 37 anos de idade, em 11 de junho de 1934. Mas, em sua curta vida, deixou uma grande herança teórica que foi silenciada por quase meio século: em 1936, Josef Stalin acusa Vygotsky de idealismo e proíbe suas obras por 20 anos.
Teoria de lev Vygotsky
De acordo com o modelo que propôs, a interação da criança com o meio através do uso de signos (linguagem falada ou escrita) resultaria no desenvolvimento cognitivo. Isso colocou o aprendizado como uma experiência social e pôs a ênfase do ensino nas condições de vida do aluno e em suas interações sociais com o professor.
O papel do mestre, segundo Vygotsky, era interferir ao invés de simplesmente repassar o conhecimento, provocando assim o que conceituou como zonas de desenvolvimento proximal.
Essa ideia se refere ao estado abstrato de aprendizagem localizada entre o que a criança já sabe fazer sozinha e o que ela seria capaz de fazer com a intervenção de um adulto. Entre o conhecimento real e o potencial.
A internalização, memorização e a imitação das interações sociais, para Vygotsky, se daria pela observação da cultura pelo indivíduo. Há aí uma diferença crucial entre as formas de entendimento do ensino predominantes na época, porque esse modelo sugere que o sujeito do conhecimento não compreende diretamente os objetos diretamente, mas sim uma representação deles. A linguagem, a cultura, seria uma representação do mundo, uma mediação acessível àquele que aprende.
Contexto
Pesquisando o desenvolvimento cognitivo, o aprendizado e a linguagem na União Soviética, Vygotsky estava submetido a influências e demandas sócio-políticas. Nota-se uma tentativa de reorganização da psicologia sob o paradigma do materialismo marxista.
As ideias de coletividade, de plasticidade do homem face à cultura e do uso de instrumentos transformadores da natureza para moldar o próprio homem são congruentes com a mentalidade em que ele estava inserido.
As inquietações de Vygotsky
Sobre o desenvolvimento da aprendizagem e a construção do conhecimento perpassavam pela produção da cultura, como resultado das relações humanas. Por conta disso, ele procurou entender o desenvolvimento intelectual a partir das ralações histórico-sociais, ou seja, buscou demonstrar que o conhecimento é socialmente construído pelas e nas relações humanas.
Para Vygotsky (1991), o homem possui natureza social visto que nasce em um ambiente carregado de valores culturais: na ausência do outro, o homem não se faz homem. Partindo desse pressuposto criou uma teoria de desenvolvimento da inteligência, na qual afirma que o conhecimento é sempre intermediado.
Sendo a convivência social fundamental para transformar o homem de ser biológico a ser humano social, e a aprendizagem que brota nas relações sociais ajuda a construir os conhecimentos que darão suporte ao desenvolvimento mental. Segundo o autor, a criança nasce apenas com funções psicológicas elementares e, a partir do aprendizado da cultura, essas funções transformam-se em funções psicológicas superiores. Entretanto, essa evolução não se dá de forma imediata e direta; as informações recebidas do meio social são intermediadas, de forma explícita ou não, pelas pessoas que interagem com as crianças. É essa intermediação que dá às informações um caráter valorativo e significados sociais e históricos.
As concepções de Vygotsky sobre o funcionamento do cérebro humano fundamentam-se em sua ideia de que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo da história social do homem. Na sua relação com o mundo, mediada pelos instrumentos e símbolos desenvolvidos culturalmente, o ser humano cria as formas de ação que o distinguem de outros animais (OLIVEIRA, 1992).
Vale dizer que essas informações não são interiorizadas com o mesmo teor com que são recebidas, ou seja, elas sofrem uma reelaboração interna, uma linguagem específica em cada pessoa. Em outras palavras, cada processo de construção de conhecimentos e desenvolvimento mental possui características individuais e particulares. Dito de outra forma, os significados socioculturais historicamente produzidos são internalizados pelo homem de forma individual e, por isso, ganham um sentido pessoal; "a palavra, a língua, a cultura relaciona-se com a realidade, com a própria vida e com os motivos de cada indivíduo" (LANE, 1997, p. 34).
Relação homem-ambiente
Os estudos de Vygotsky sobre aprendizado decorrem da compreensão do homem como um ser que se forma em contato com a sociedade. "Na ausência do outro, o homem não se constrói homem", escreveu o psicólogo. Ele rejeitava tanto as teorias inatistas, segundo as quais o ser humano já carrega ao nascer as características que desenvolverá ao longo da vida, quanto as empiristas e comportamentais, que veem o ser humano como um produto dos estímulos externos. Para Vygotsky, a formação se dá numa relação dialética entre o sujeito e a sociedade a seu redor - ou seja, o homem modifica o ambiente e o ambiente modifica o homem. Essa relação não é passível de muita generalização; o que interessa para a teoria de Vygotsky é a interação que cada pessoa estabelece com determinado ambiente, a chamada experiência pessoalmente significativa.
Segundo Vygotsky, apenas as funções psicológicas elementares se caracterizam como reflexos. Os processos psicológicos mais complexos - ou funções psicológicas superiores, que diferenciam os humanos dos outros animais - só se formam e se desenvolvem pelo aprendizado. Entre as funções complexas se encontram a consciência e o discernimento. "Uma criança nasce com as condições biológicas de falar, mas só desenvolverá a fala se aprender com os mais velhos da comunidade", diz Teresa Rego.
Outro conceito-chave de Vygotsky é a mediação. Segundo a teoria vygotskiana, toda relação do indivíduo com o mundo é feita por meio de instrumentos técnicos - como, por exemplo, as ferramentas agrícolas, que transformam a natureza - e da linguagem - que traz consigo conceitos consolidados da cultura à qual pertence o sujeito.
 
Expansão dos horizontes mentais
Como Piaget, Vygotsky não formulou uma teoria pedagógica, embora o pensamento do psicólogo bielo-russo, com sua ênfase no aprendizado, ressalte a importância da instituição escolar na formação do conhecimento. Para ele, a intervenção pedagógica provoca avanços que não ocorreriam espontaneamente. Ao formular o conceito de zona proximal, Vygotsky mostrou que o bom ensino é aquele que estimula a criança a atingir um nível de compreensão e habilidade que ainda não domina completamente, "puxando" dela um novo conhecimento. "Ensinar o que a criança já sabedesmotiva o aluno e ir além de sua capacidade é inútil", diz Teresa Rego. O psicólogo considerava ainda que todo aprendizado amplia o universo mental do aluno. O ensino de um novo conteúdo não se resume à aquisição de uma habilidade ou de um conjunto de informações, mas amplia as estruturas cognitivas da criança. Assim, por exemplo, com o domínio da escrita, o aluno adquire também capacidades de reflexão e controle do próprio funcionamento psicológico.
Para pensar
Vygotsky atribuiu muita importância ao papel do professor como impulsionador do desenvolvimento psíquico das crianças. A ideia de um maior desenvolvimento conforme um maior aprendizado não quer dizer, porém, que se deve apresentar uma quantidade enciclopédica de conteúdos aos alunos. O importante, para o pensador, é apresentar às crianças formas de pensamento, não sem antes detectar que condições elas têm de absorvê-las. E você? Já pensou em elaborar critérios para avaliar as habilidades que seus alunos já têm e aquelas que eles poderão adquirir? Percebe que certas atividades estimulam as crianças a pensar de um modo novo e que outras não despertam o mesmo entusiasmo?
Frases de Vygotsky
“O saber que não vem da experiência não é realmente saber”
“Através dos outros, nos tornamos nós mesmos”
“Ao brincar, a criança assume papéis e aceita as regras próprias da brincadeira, executando, imaginariamente, tarefas para as quais ainda não está apta ou não sente como agradáveis na realidade”
“Para entender o que o outro diz, não basta entender suas palavras, mas também seu pensamento e suas motivações”
“A estrutura da língua que uma pessoa fala influencia a maneira com que esta pessoa percebe o universo”
Referências Bibliográficas
· Bruner, Jerome (1986). Realidade Mental Mundos Possíveis. Porto Alegre: Artmed. 119 páginas
· Pita, APG, 2016
· Pita, APG, 2016
· PITA, A. P. G. . A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS SOBRE O CONCEITO DE FUNÇÃO NA EJA: DO RASCUNHO AO CONVENCIMENTO. 2016. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).
· Disponível em: <https://escolaeducacao.com.br/lev-vygotsky/> Acesso em: (05/11/2019)
· Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/conteudo/vida/32867> Acesso em: (05/11/2019)
· Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/382/lev-vygotsky-o-teorico-do-ensino-como-processo-social> Acesso em: (05/11/2019)
· Disponível em: <http://seminariovygotsky.blogspot.com/p/videos.html
· > Acesso em: (05/11/2019)

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