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Participação em Suicídio: Bem Jurídico Tutelado

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Induzimento, instigação ou auxilio a suicídio – art. 122
Bem jurídico
O bem jurídico tutelado, indiscutivelmente, é a vida humana. Não existe o “direito de morrer” de que falava Ferri, na medida em que não há um direito sobre a própria vida, ou seja, um direito de dispor, validamente, sobre a própria vida. Em outros termos, a vida é um bem jurídico indisponível!
Direito à vida
O fundamento da participação em suicídio não é, como sustentava Carrara, “a
inalienabilidade do direito à vida” (§ 49). A vida não é um bem que se aceite ou se recuse simplesmente. Só se pode renunciar o que se possui, e não o que se é. “O direito de viver — pontificava Hungria — não é um direito sobre a vida, mas à vida, no sentido de correlativo da obrigação de que os outros homens respeitem a nossa vida.
Atipicidade da tentativa
Afora a insensatez que seria criminalizar o suicídio em si, seria indefensável uma
pena contra um cadáver (mors omnia solvit); sob o ponto de vista preventivo, seria absolutamente inócua a “coação psicológica” contra quem não se intimida, sequer, com a superveniência imediata da própria morte.
Ofensa a bens morais e éticos
O suicídio ofende interesses morais e éticos do Estado e só não é punível pela
inocuidade de tal proposição. A ausência, porém, de tipificação criminal dessa
conduta não lhe afasta a ilicitude, uma vez que a supressão de um bem jurídico
indisponível caracteriza sempre um ato ilícito. Essa ilicitude legitima a coação
exercida para impedi-lo (art. 146, § 3º, II, do CP).
Natureza jurídica da morte e das lesões corporais de natureza grave
É equivocada a orientação doutrinária que sustenta tratar-se de condição objetiva de punibilidade do crime de participação em suicídio. Como a morte e as lesões corporais graves integram a definição legal do crime de participação em suicídio devem, por conseguinte, ser abrangidas pelo dolo. Não são condição objetiva de punibilidade, mas a própria essência da instigação e do mandado. Se o crime não se consuma, o instigador ou mandante não é responsável. Trata-se no caso, portanto, do resultado naturalístico do crime.
Sujeito ativo e sujeito passivo
Sujeito ativo
O sujeito ativo do crime de participação em suicídio pode ser qualquer pessoa, não requerendo nenhuma condição particular, pois se trata dos chamados crimes comuns. É indispensável, no entanto, que o sujeito ativo seja capaz de induzir, instigar ou auxiliar a colocação em prática da vontade de alguém de suicidar-se.
Exclusão da vítima
Não se admite, como sujeito ativo, à evidência, a própria vítima, pois não é crime uma pessoa matar-se. Essa conduta, isoladamente, constitui um indiferente penal. Típica é a conduta de participar — moral ou materialmente — do suicídio de outrem.
Coautoria e participação
Assim, se alguém induz outrem a suicidar-se, aquele será autor do crime; se, no
entanto, duas pessoas, de comum acordo, praticarem essa mesma atividade, serão coautoras; se, porém, alguém induzir outrem a instigar uma terceira pessoa a suicidar-se, o “indutor” será partícipe (teve uma atividade meramente acessória) e o “instigador” será autor da participação em suicídio, pois realizou a atividade tipificada.
Sujeito passivo
Sujeito passivo será a pessoa induzida, instigada ou auxiliada. Pode ser qualquer
ser humano vivo, capaz de entender o significado de sua ação e de determinar-se de acordo com esse entendimento. Como, nesse crime, a vítima se autoexecuta, é indispensável essa capacidade de discernimento, caso contrário, estaremos diante de um homicídio praticado mediante autoria mediata.
Vítima determinada
É indispensável que a atividade humana se destine a participar do suicídio de uma pessoa determinada, não configurando o crime em exame quando visar um número indeterminado de pessoas, como, por exemplo, a publicação de uma obra literária recomendando, como alternativa honrosa de vida, o suicídio, ainda que leve a esse desiderato um sem-número de pessoas.
Suicídio e homicídio: coação
Se a vítima for forçada a suicidar-se ou não tiver condições de oferecer resistência alguma, haverá homicídio e não participação em suicídio.
Tipo objetivo
A conduta típica consiste em induzir (suscitar, fazer surgir uma ideia inexistente), instigar (animar, estimular, reforçar uma ideia existente) ou auxiliar (ajudar materialmente) alguém a suicidar-se. Induzir, instigar e auxiliar, que teoricamente representariam mera atividade de partícipe, neste tipo, constituem o núcleo do tipo penal. Assim, quem realizar qualquer dessas ações em relação ao sujeito ativo não será partícipe, mas autor do crime. Por isso, é um equívoco falar em participação quando se trata de um único sujeito ativo. Nada impede que alguém desempenhe a atividade de partícipe, instigando, induzindo ou auxiliando o sujeito ativo a realizar uma das condutas descritas no tipo. Mas, nesta hipótese, não estará desenvolvendo sua ação diretamente relacionada à vítima, mas sim em relação ao autor material do fato.
Alguém: conteúdo e significado
Alguém significa outro ser humano, além do sujeito ativo. O suicídio em si mesmo não é crime. Matar-se é atípico. Ainda que as várias condutas sejam praticadas, o sujeito ativo praticará um único crime (conteúdo variado).
Tipo de conteúdo variado
Trata-se de um tipo penal de conteúdo variado, isto é, ainda que o agente
pratique, cumulativamente, todas as condutas descritas nos verbos nucleares, em relação à mesma vítima, praticará um mesmo crime.
Suicídio: induzimento
Induzir significa suscitar o surgimento de uma ideia; tomar a iniciativa intelectual, fazer surgir no pensamento de alguém uma ideia até então inexistente. Por meio da indução o indutor anula a vontade de quem, finalmente, acaba por suicidar-se; logo, a intervenção daquele é que decide o resultado final, por isso a conduta do indutor é mais censurável do que a conduta do instigador, que veremos adiante.
Suicídio: instigação
Instigar, por sua vez, significa animar, estimular, reforçar uma ideia existente.
Ocorre a instigação quando o instigador atua sobre a vontade do autor, no caso, do instigado. O instigador limita-se a provocar a resolução de vontade da indigitada vítima, não tomando parte nem na execução nem no domínio do fato. Tanto no induzimento quanto na instigação é a própria vítima que se autoexecuta.
Eficácia do meio persuasivo
Não é suficiente criar uma situação tentadora para a vítima, o que poderia
configurar cumplicidade. A “contribuição” deve dirigir-se a um fato determinado, assim como a um “candidato” ou “candidatos” determinados ao suicídio.
Suicídio: auxílio
Prestar auxílio representa, ao contrário das duas modalidades anteriores, uma
“participação” ou contribuição material do sujeito ativo, que pode ser exteriorizada por meio de um comportamento, de um auxílio material.
Desejo de suicidar-se
Um aspecto muito peculiar se deve destacar em todas as modalidades de conduta tipificada relativas à participação em suicídio: objetivam a morte de alguém que “tem o desejo de suicidar-se”, ressalvada a primeira hipótese, na qual o sujeito ativo induz a vítima — que, como já afirmamos, não tinha a resolução de suicidar-se.
Forma omissiva
Nada impede que a prestação de auxílio também ocorra sob a forma de omissão, quando o sujeito ativo tem o dever jurídico de evitar o suicídio, como seria o caso, por exemplo, do carcereiro que deixa, propositalmente, o preso com a cinta, para facilitar-lhe o enforcamento, sabendo dessa intenção do suicida.
Eficácia causal da participação
Por derradeiro, qualquer que seja a forma ou espécie de “participação”, moral ou material, é indispensável a presença de dois requisitos: eficácia causal e consciência de “participar” na ação voluntária de outrem de suicidar-se. É insuficiente a exteriorização da vontade de “participar”. Não tem relevância a “participação” se o “suicídio” não for, pelo menos, tentado.
O partícipe no suicídio
Nada impede que alguém desempenhe a atividade de partícipe, instigando,
induzindo ou auxiliando o sujeito ativo a realizar uma das condutas descritas no tipo. Mas, nesta hipótese, nãoestará desenvolvendo sua ação diretamente relacionada à vítima, mas sim em relação ao autor material do fato que o executará.
“Alguém”: significado
Alguém, expressão utilizada no tipo penal, significa outro ser humano, além do
sujeito ativo. O suicídio, em si mesmo considerado, não é crime. Matar-se é uma
conduta atípica.
Crime de ação múltipla
Ainda que as várias condutas — induzir, instigar e auxiliar — sejam todas
praticadas, o sujeito ativo praticará um único crime, uma vez que este tipo penal é daqueles classificados pela doutrina como de conteúdo variado ou de ação múltipla.
“Prestação de auxílio” mediante omissão
A forma omissiva somente será possível se houver o dever jurídico de impedir o
suicídio. Para que se admita a prestação de auxílio ao suicídio mediante omissão, é indispensável, contudo, a existência do dever jurídico de evitar que alguém coloque em prática o ato de suicidar-se.
Orientação contrária: equivocada
Equivoca-se, a nosso juízo, a orientação que não admite o auxílio ao suicídio sob a modalidade omissiva. Deixar de impedir a ocorrência de um evento que se tem o dever jurídico de evitar é, com certeza, uma forma de prestar auxílio.
Tipo subjetivo: adequação típica
O dolo é o elemento subjetivo do tipo, e consiste na vontade livre e consciente de provocar a morte da vítima através do suicídio ou, no mínimo, assunção do risco de levá-la a esse desiderato.
Abrangência do dolo
A vontade do agente deve abranger a ação, o resultado e o nexo causal: vontade e consciência do fato, vontade de alcançar o resultado morte, não mediante ação própria, mas pela autoexecução. O agente deve, em outros termos, ter consciência e vontade de levar a vítima ao suicídio.
Dolo e intenção da vítima
Ao dolo do agente deve corresponder a intenção da vítima de suicidar-se. Não
haverá crime se, por exemplo, a vítima estivesse zombando de alguém que
acreditava em sua insinuação e, por erro, vem a falecer. Solução diversa deveria ser dada se a morte fosse condição objetiva da punibilidade.
Dolo eventual
Nada impede que o dolo orientador da conduta do agente configure-se em sua
forma eventual. A doutrina procura citar alguns exemplos: o pai que expulsa de casa a “filha desonrada”, havendo fortes razões para acreditar que ela se suicidará; marido que sevicia a esposa, conhecendo a intenção desta de vir a suicidar-se, reitera as agressões.
Dolo eventual: consciência e vontade
A consciência e a vontade também devem estar presentes no dolo eventual, para configurar determinada relação de vontade entre o resultado e o agente, que é exatamente o elemento que distingue o dolo da culpa. É fundamental, enfim, que o agente represente a possibilidade de levar a vítima ao suicídio e anua à sua ocorrência, assumindo o risco de produzi-lo.
Inexistência da figura culposa
Quando o agente, por culpa, leva alguém a suicidar-se tampouco responderá por homicídio culposo, e o fundamento dessa premissa é irretorquível: se a cooperação voluntária à morte do suicida não constitui homicídio doloso, como poderá constituir homicídio culposo a cooperação imprudente ao suicídio? Se o mesmo ato não constitui homicídio quando praticado dolosamente, como poderá sê-lo quando é praticado culposamente?
Atipicidade da participação culposa
Normativamente não se confundem os atos destinados à causação direta do
homicídio e aqueles destinados a levar alguém a suicidar-se. Ante a ausência de
previsão da modalidade culposa da participação em suicídio, a provocação culposa deste constitui conduta atípica.
Consumação e tentativa
Consuma-se com a morte da vítima. Consuma-se o crime quando o tipo está
inteiramente realizado, isto é, quando o fato concreto se subsume no tipo abstrato da lei penal. Sem a supressão da vida da vítima não se pode falar em suicídio consumado.
Admissibilidade da tentativa
Como crime material que é, em tese, admitiria a tentativa. No entanto, trata-se de uma figura complexa, que prevê no próprio tipo a sua forma tentada, que
poderíamos chamar de tentativa qualificada, na medida em que é punida se decorrer lesão de natureza grave. Em síntese, não admite tentativa branca (sem a lesão grave). Somente a tentativa cruenta, com lesão grave, é punível.
Lesões corporais graves
A produção de lesões corporais graves não consuma o tipo penal descrito no
preceito primário, que a ela não se refere. Aliás, lesões corporais de natureza grave, como caracterizadoras da tentativa perfeita, aparecem somente no preceito secundário.
Natureza material desta infração
Ao contrário do que afirmava Hungria, mero induzimento, instigação ou auxílio não consumam o crime de participação em suicídio, a menos que se tratasse de crime formal, mas os crimes que deixam vestígios são definidos como crimes materiais por excelência, e este não é diferente.
Tentativa qualificada
Como crime material que é, em tese, admitiria a tentativa. No entanto, trata-se de figura complexa, que prevê no próprio tipo a sua forma tentada, que poderíamos chamar de tentativa qualificada, na medida em que é punida se decorrer lesão de natureza grave.
Lesão corporal de natureza grave
A lesão corporal de natureza grave como consequência da participação de alguém que livre e conscientemente queria o resultado morte, provocado pela própria vítima, é a comprovação mais contundente de que, a despeito do dolo do agente, o resultado ficou aquém do pretendido (qual seja, a morte), e isso não é outra coisa se não tentativa.
Tentativa punível
O preceito secundário deixa muito claro que existe, normativamente, a
possibilidade de o suicídio apresentar-se sob duas formas: consumada e tentada. Ora, ao cominar-lhe a pena de dois a seis anos de reclusão, “se o suicídio se consuma”, está admitindo a possibilidade de essa conduta ficar na forma tentada e que, igualmente, deverá ser sancionada, embora com outros limites.
Punibilidade da tentativa
O CP destaca que é punível “se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de
natureza grave”. Como negar-lhe a possibilidade de tentativa ou, então, negar-lhe a punibilidade, diante de tanta clareza? Podemos questionar a espécie de tentativa, sua natureza, os limites de sua punibilidade, mas não podemos afirmar que ela é impossível ou, então, o que é pior, que ela é impunível!
Participação em suicídio: crime complexo
Precisa-se ter presente que a participação em suicídio constitui um “crime
complexo”, ou melhor, um crime cujo “processo executório é complexo”, uma vez que a sua realização exige a participação voluntária tanto do sujeito ativo quanto do sujeito passivo, e, para a sua consumação, é indispensável que a atividade dos dois sujeitos — ativo e passivo — seja eficaz. Este crime é plurissubjetivo.
Impunibilidade da tentativa branca
Em síntese, a participação em suicídio, nos termos do nosso Código Penal, não
admite tentativa branca (sem a lesão grave). Somente a tentativa cruenta, com
lesão grave, é punível.
Classificação doutrinária
A participação em suicídio é crime comum, comissivo, excepcionalmente omissivo (auxílio), de dano, material, instantâneo, doloso, de conteúdo variado e plurissubsistente.
Formas qualificadas
Na verdade são figuras majoradas, que não se confundem com qualificadas. Três são as hipóteses: 
a) motivo egoístico (é a vantagem pessoal, que constitui o
elemento subjetivo do tipo); 
b) vítima menor (o menor, para ser vítima de suicídio,
precisa dispor já de certo discernimento, caso contrário o crime será homicídio); c) capacidade de resistência diminuída (enfermidade, embriaguez etc.).
Causas de aumento de pena
A ação tipificada no dispositivo pode tornar-se mais valiosa quer em razão do
motivo que a impulsiona quer em razão das condições pessoais da vítima. Nesses casos, a pena é duplicada. O parágrafo único do art. 122 elenca três dessas hipóteses, as quais passamos a examinar.
Motivo egoístico
Quando o egoísmo for o móvel da ação, esta será consideravelmente mais
desvaliosa, justificando-se a maior punição ante o alto grau de insensibilidade
revelado pelo agente. Essa obstinação pela busca de vantagem pessoal, a qualquerpreço, impõe a necessidade da proporcional elevação da sanção penal
correspondente.
Vítima menor: capacidade
Para que o menor possa ser vítima de suicídio precisa dispor de certa capacidade de discernimento. Como nesse crime a vítima se autoexecuta, é indispensável essa capacidade; caso contrário, estaremos diante de um homicídio praticado por autoria mediata.
Menoridade: limite de idade
A nosso juízo, a majorante sub examen só é aplicável a menor com idade entre
quatorze e dezoito anos. A menoridade penal cessa aos dezoito anos (art. 27). Para menor de quatorze anos, de quem o Código Penal considera o consentimento inválido e contra quem, quando vítima, presume a violência, eventual induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio tipificará o crime de homicídio.
Formas qualificadas
Na verdade são figuras majoradas, que não se confundem com qualificadas. Três são as hipóteses: 
a) motivo egoístico (é a vantagem pessoal, que constitui o
elemento subjetivo do tipo); 
b) vítima menor (o menor, para ser vítima de suicídio,
precisa dispor já de certo discernimento, caso contrário o crime será homicídio); c) capacidade de resistência diminuída (enfermidade, embriaguez etc.).
Questões especiais
Greve de fome: dever médico
O médico, na hipótese de greve de fome de prisioneiros, tem o dever de velar pela saúde e, por extensão, pela vida dos grevistas. Há determinado momento em que a não intervenção, com alimentação, permitirá que o grevista sofra lesões irreversíveis. Nesse momento, a intervenção médica estará protegida pelo disposto no art. 146, § 3º, do CP.
Médico como garantidor
Ademais, o médico está na posição de garantidor e, pelo nosso direito,
conjugando-se a previsão do dispositivo que acabamos de citar com a prescrição do art. 13, responderá pela morte do grevista, na forma omissiva imprópria, embora sejam muito raras mortes de prisioneiros em razão de greve de fome.
Testemunhas de Jeová
A transfusão determinada pelo médico, quando não houver outra forma de salvar o paciente, está, igualmente, amparada pelo disposto no art. 146, § 3º, do CP. Eventual violação da liberdade de consciência ou da liberdade religiosa cede ante um bem jurídico superior que é a vida, na inevitável relação de proporcionalidade entre os bens jurídicos tutelados.
Vítima incapaz: familiares respondem
Quando os familiares ou pessoas encarregadas de menores ou incapazes negarem a assistência médica — mesmo por motivos religiosos —, quer ocultando a gravidade da situação, quer não apresentando o menor ou incapaz em um centro médico especializado, se sobrevier a morte, responderão por homicídio na forma omissiva imprópria.
“Suicídio a dois”
O chamado “suicídio a dois” pode apresentar alguma dificuldade, na medida em
que a punibilidade está diretamente relacionada à atividade desenvolvida por cada um dos participantes e o resultado produzido.
Duelo americano ou roleta russa
Define-se como roleta russa. A solução indica a responsabilidade do sobrevivente pela “participação em suicídio”, pois, com essa prática, no mínimo, instigou a vítima ao suicídio. Se, no entanto, algum dos contendores for coagido a participar da “aposta”, sobrevivendo o coator, este responderá por homicídio doloso.
Pacto de morte ou “suicídio a dois”
Há o “pacto de morte” quando duas pessoas combinam, por qualquer razão, o
duplo suicídio. Nessa hipótese, o sobrevivente responderá por homicídio, quando tiver praticado o ato executório. Se somente houver induzido, instigado ou auxiliado seu parceiro, responderá pelo suicídio. Se nenhum morrer, aquele que realizou atividade executória contra o parceiro responderá por tentativa de homicídio, e aquele que ficou somente na “contribuição” responderá pela tentativa qualificada de suicídio, se houver pelo menos lesão corporal grave.
Pena cominada
A pena é de reclusão, de dois a seis anos, para o crime consumado; e de um a
três anos, se resultar somente lesão corporal grave. Nas formas majoradas, do
parágrafo único, a pena é duplicada.
Ação penal
A ação penal é pública incondicionada. Como toda ação pública, admite ação
penal privada subsidiária, nos termos da Constituição Federal, desde que haja inércia do Ministério Público.
Note bem: haverá homicídio se a vítima for forçada a suicidar-se ou não tiver
condições de oferecer resistência alguma. Este crime não pode ser omissivo.

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