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Montes Claros/MG - Setembro/2016
Mary Aparecida de Alencar Durães
Matheus Felipe Barbosa e Alves
2ª edição atualizada por
Matheus Felipe Barbosa e Alves
História das 
Sociedades 
Americanas II
2ª EDIÇÃO
2015
Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro, s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG) - Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes
Ficha Catalográfica:
Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES
REITOR
João dos Reis Canela
VICE-REITORA
Antônio Alvimar Souza 
DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES
Jânio Marques Dias
EDITORA UNIMONTES
Conselho Consultivo
Adelica Aparecida Xavier
Alfredo Maurício Batista de Paula
Antônio Dimas Cardoso
Carlos Renato Theóphilo,
Casimiro Marques Balsa
Elton Dias Xavier
José Geraldo de Freitas Drumond
Laurindo Mékie Pereira
Otávio Soares Dulci
Marcos Esdras Leite
Marcos Flávio Silveira Vasconcelos Dângelo
Regina de Cássia Ferreira Ribeiro
CONSELHO EDITORIAL
Ângela Cristina Borges
Arlete Ribeiro Nepomuceno
Betânia Maria Araújo Passos
Carmen Alberta Katayama de Gasperazzo
César Henrique de Queiroz Porto
Cláudia Regina Santos de Almeida
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Luciana Mendes Oliveira
Maria Ângela Lopes Dumont Macedo
Maria Aparecida Pereira Queiroz
Maria Nadurce da Silva
Mariléia de Souza
Priscila Caires Santana Afonso
Zilmar Santos Cardoso
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Carla Roselma Athayde Moraes
Waneuza Soares Eulálio
REVISÃO TÉCNICA
Gisléia de Cássia Oliveira
Káthia Silva Gomes
Viviane Margareth Chaves Pereira Reis
DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
Andréia Santos Dias
Camilla Maria Silva Rodrigues
Sanzio Mendonça Henriques
Wendell Brito Mineiro
CONTROLE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
Camila Pereira Guimarães
Joeli Teixeira Antunes
Magda Lima de Oliveira
Zilmar Santos Cardoso
Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/
Unimontes
Maria das Mercês Borem Correa Machado
Diretora do Centro de Ciências Humanas - CCH/Unimontes
Mariléia de Souza
Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/Unimontes
Paulo Cesar Mendes Barbosa
Chefe do Departamento de Comunicação e Letras/Unimontes
Maria Generosa Ferreira Souto
Chefe do Departamento de Educação/Unimontes
Maria Cristina Freire Barbosa
Chefe do Departamento de Educação Física/Unimontes
Rogério Othon Teixeira Alves
Chefe do Departamento de Filosofi a/Unimontes
Alex Fabiano Correia Jardim
Chefe do Departamento de Geociências/Unimontes
Anete Marília Pereira
Chefe do Departamento de História/Unimontes
Claudia de Jesus Maia
Chefe do Departamento de Estágios e Práticas Escolares
Cléa Márcia Pereira Câmara
Chefe do Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais
Káthia Silva Gomes
Chefe do Departamento de Política e Ciências Sociais/Unimontes
Carlos Caixeta de Queiroz
Ministro da Educação
Renato Janine Ribeiro
Presidente Geral da CAPES
Jorge Almeida Guimarães
Diretor de Educação a Distância da CAPES
Jean Marc Georges Mutzig
Governador do Estado de Minas Gerais
Fernando Damata Pimentel 
Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Vicente Gamarano
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos Reis Canela
Vice-Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - 
Unimontes
Antônio Alvimar Souza 
Pró-Reitor de Ensino/Unimontes
João Felício Rodrigues Neto
Diretor do Centro de Educação a Distância/Unimontes
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Coordenadora da UAB/Unimontes
Maria Ângela Lopes Dumont Macedo
Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes
Betânia Maria Araújo Passos
Autores
Mary Aparecida de Alencar Durães
Graduada em História e Pedagogia pela Universidade Estadual de Montes Claros - 
Unimontes. Mestre em história Social pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU. 
Professora do Departamento de História da Unimontes.
Matheus Felipe Barbosa e Alves
Graduado em História pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes). 
Mestre em História Social pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes).
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
As Independências dos Estados Americanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.2 A Expansão Territorial Americana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.3 A marcha para o oeste. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
1.4 A Guerra de Secessão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
1.5 Contexto pré-independência da América Latina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.6 A independência da América Espanhola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
A Consolidação dos Estados Hispano-Americanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
2.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
2.2 O Caudilhismo e a formação dos Estados Nacionais do Rio da Prata. . . . . . . . . . . . . . .33
2.3 América Central. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51
Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53
Referências Básicas e Complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57
9
História - História das Sociedades Americanas II
Apresentação 
Caro (a) acadêmico (a),
Este caderno propõe discutir os movimentos de independência no continente americano e 
a formação das nações americanas. Para isso, abordaremos mais detidamente os casos de alguns 
países e regiões.
Trata-se de um momento crucial na história da América. Trazemos aqui pontos importantes 
de reflexão sobre lutas políticas que fizeram o continente se transformar no “labirinto” político e 
no mosaico cultural que é hoje.
Embarque nessa viagem conosco... Vamos estudar e discutir juntos sobre a história da Amé-
rica e alguns processos de independência.
A disciplina “História das Sociedades Americanas II” tem como objetivos:
• Identificar o cenário político da metrópole espanhola no século XIX.
• Discutir os principais aspectos da crise econômica e política espanhola e as tentativas de es-
truturação do pacto colonial através das chamadas Reformas Ilustradas.
• Analisar os processos de independência de alguns países, comparando suas peculiaridades, 
semelhanças e dinâmicas.
• Analisar o contextode formação das nações latino-americanas, seu desenvolvimento políti-
co, econômico e cultural.
• Entender quais foram as dificuldades no ordenamento político dos novos países.
Para o presente estudo, o conteúdo está organizado em duas unidades: Na Unidade I, “As 
independências dos Estados Americanos”, abordamos o processo de independência dos Estados 
Unidos e sua expansão para o Oeste, bem como a independência da América Espanhola.
Na Unidade II, “A consolidação dos Estados Hispano-Americanos”, discutimos a emergência 
e a consolidação dos Estados Nacionais da América do Sul e da América Central.
O propósito deste material didático é possibilitar ao acadêmico a compreensão das múlti-
plas facetas da América independente e da formação dos Estados Nacionais latino-americanos. 
Utilizamos, para isso, diversos recursos, como mapas, gravuras, indicações de filmes e sites para a 
pesquisa. Bom trabalho!
Os autores.
11
História - História das Sociedades Americanas II
UNIDADE 1
As Independências dos Estados 
Americanos 
Mary Aparecida de Alencar Durães
Matheus Felipe Barbosa e Alves
1.1 Introdução
O tema desta unidade é o processo de independência dos Estados Unidos e da América 
Espanhola. São discutidos os motivos que desencadearam os movimentos de insurgência que 
resultaram na emancipação dos estados americanos e as lutas pela independência, focando os 
aspectos políticos, culturais e econômicos.
No caso dos Estados Unidos, abordamos desde sua independência até sua consolidação en-
quanto Estado Nacional; uma vez que o período pós-independência estadunidense interfere no 
processo de consolidação de outro Estado, o do México.
Analisar a independência da América Espanhola em sua totalidade resultaria numa aborda-
gem excessivamente superficial. Por isso, o foco é dirigido para os casos da América do Sul, devi-
do ao alto grau de inter-relação entre as regiões dessa parte do continente.
1.2 A Expansão 
Territorial 
Americana 
Você já parou para se perguntar por 
que os Estados Unidos são tão superiores 
aos demais países? E como isso foi cons-
truído?
Por que existe esse pensamento de 
que nasceram para vencer? Estavam pre-
destinados sempre à vitória? Através das 
reflexões propostas nos próximos tópicos, 
iremos entender como se deu a formação 
dos Estados Unidos, como eles chegaram a 
ser o que são hoje.
A expansão do território atual dos Es-
tados Unidos da América permite a com-
preensão de um rápido processo de 70 
anos. O território das Treze Colônias ingle-
sas era:
◄ Figura 1: Localização 
das 13 colônias 
à época da 
Independência dos 
Estados Unidos da 
América
Fonte: Disponível 
em <http://vidaati-
va8a04101319.blogspot.
com.br/2012/05/as-tre-
ze-colonias-inglesas.
html>. Acesso em 20 
maio 2015.
12
UAB/Unimontes - 5º Período
Veja no mapa como se deu o processo de expansão para o Oeste do território estadunidense:
Assim, temos hoje os Estados Unidos da América com 50 estados e a seguinte distribuição 
geográfica:
Para a historiadora Mary Junqueira (2001), em sete décadas os EUA alcançaram um cresci-
mento espantoso. Durante este período (1778 – 1848), o território norte-americano multiplicou-se 
11 vezes, numa expansão rápida e violenta, na qual a grande maioria dos indígenas foi dizimada e 
a natureza com seu bioma natural devastada. 
Em 1776, as 13 colônias ganharam o estatuto de 13 estados. Em 1850, outros 19 estados fo-
ram incluídos à união. Na segunda metade do século XIX, mais 18 foram incorporados. Hoje os 
EUA são formados por 50 estados.
Vejamos como foi essa história:
1.2.1 A Independência dos Estados Unidos
A maioria da sociedade colonial estadunidense passou a defender o ideal de emancipação. 
As colônias do norte eram mais fortes, onde já existia uma burguesia que acumulava capital e 
DICA
Os Estados Unidos 
foram o primeiro país 
a se formar e tornar-se 
independente na Amé-
rica. A independência se 
enquadra no rol das “RE-
VOLUÇÕES burguesas 
do século XVIII”. Neste 
mesmo século, outras 
revoluções aconteceram 
e foram influenciadas 
pelos ideais do Iluminis-
mo como a Revolução 
Francesa, Revolução In-
glesa e independências 
Latino-Americanas.
Figura 2: Processo de 
Expansão territorial 
dos Estados Unidos
Fonte: Disponível em 
<http://pt.slideshare.
net/edgardhistoria/
nova-ordem-mun-
dial-1850-5062347>. 
Acesso em 20 de maio 
2015.
►
Figura 3: Mapa dos 
Estados Unidos da 
América nos dias de 
hoje.
Fonte: Disponível em 
<http://pt.wikipedia.org/
wiki/Estados_Unidos>. 
Acesso em 20 maio 2015.
►
13
História - História das Sociedades Americanas II
que defendia a implantação de um sistema de pequenas propriedades. Diferentes das colônias 
do sul, que almejavam a implantação de grandes latifúndios monocultores voltados para a ex-
portação.
Essa burguesia sobrevivia do comércio triangular e acabou comandando o movimento de 
independência. As demais camadas sociais e proprietários do sul estavam também em prol do 
mesmo objetivo.
É importante ressaltar que o processo de independência americana teve grande influência 
das ideias iluministas.
1.2.2 Motivos Gerais que Possibilitaram o Desenrolar da Revolução 
Americana
Antes de tudo, é preciso lembrar, como vimos nos estudos das Sociedades Americanas I, 
que as Treze Colônias Britânicas surgiram em decorrência de dois fatores: disputas religiosas, que 
levaram os denominados Puritanos a fugirem da Inglaterra para o Novo Mundo e o boom demo-
gráfico. Sendo a Inglaterra uma ilha, com o crescimento populacional exponencial gerado pós-
-renascimento urbano e Revolução Industrial, começou a faltar espaço para a população. Assim, 
as colônias se apresentaram como alternativa para a população excedente e sem perspectivas na 
Inglaterra.
O processo de independência das treze colônias deflagra-se, entre outros fatores, devido a:
1. Diferenças entre as colônias e a Inglaterra (geografia, população mais diversa nas colônias).
2. Natureza da colonização por empresas particulares e não a Coroa em si resultou em mais 
autonomia local com a criação, bem cedo, de governos coloniais. 
3. Mudanças no projeto imperial da Inglaterra: descentralização da administração do império 
sob Rei Jorge I (1714-27) e II (1727-60) e crescente autonomia dos mercantes e negócios.
4. Crescentes dívidas do império britânico devido às guerras e à tentativa de transferi-las às 
colônias.
5. Circulação transatlântica de novas ideias sobre o governo, povos e poder, representação de-
mocrática e autonomia política. Influências do Iluminismo, principalmente pelas ideias do 
filósofo inglês John Locke. O filósofo desenvolveu a ideia de um Estado de base contratual. 
Esse contrato imaginário entre o Estado e os seus cidadãos teria por objetivo garantir os “di-
reitos naturais do homem”, que Locke identifica como a liberdade, a felicidade e a prospe-
ridade. Para o filósofo, a maioria tem o direito de fazer valer seu ponto de vista e, quando o 
Estado não cumpre seus objetivos e não assegura aos cidadãos a possibilidade de defender 
seus direitos naturais, os cidadãos podem e devem fazer uma revolução para depô-lo. Ou 
seja, Locke é também favorável ao direito à rebelião (KARNAL, 2008, p.81). Como sabemos 
essas ideias liberais atravessavam o oceano e frutificavam nas colônias, onde encontravam 
terreno fértil, passando a fazer parte da tradição política, também no novo mundo.
ATIVIDADE
Pesquise sobre a 
declaração dos direitos 
humanos e sua relação 
com a independência 
dos EUA. Falar ainda so-
bre as influências dessa 
declaração no restante 
do mundo. Poste seus 
achados no fórum de 
discussão.
ATIVIDADE 
Pesquise sobre o ilu-
minismo, fazendo um 
paralelo com a Indepen-
dência dos EUA. Vamos 
debater sobre o assunto 
no fórum.
◄ Figura 4: Comércio 
Triangulardas 13 
colônias americanas
Fonte: Disponível em 
<http://historiabosj.
blogspot.com/2008/04/
post-1-hegemonia-e-
conmica-britnica.html>. 
Acesso em 29 nov. 2010. 
14
UAB/Unimontes - 5º Período
1.2.3 Motivos mais Imediatos da Independência das Treze Colônias
A Inglaterra adotou para com as suas colônias na América uma postura denominada poste-
riormente de negligência salutar. No entanto, após a Guerra dos Sete anos, onde lutou contra a 
França pelo domínio do Canadá, mesmo saindo vitoriosa, a Inglaterra encontrava-se devastada 
economicamente. Buscando reestruturar sua economia e manter seu prestígio global de grande 
potência, a política de negligência salutar é rompida, e na década de 1760 ocorrem vários au-
mentos em impostos com uma resistência passiva por parte dos colonos.
Essa resistência passiva consistia em boicotes de produtos ingleses, abaixo-assinados, pro-
testos e as tavernas e botecos se tornaram lugares de discussão e debate. As tensões se acirra-
vam cada vez mais e, em 1770, cinco manifestantes foram mortos em Boston, fato que levou ao 
fim da fase de resistência passiva. Um dos principais impostos cobrados era sobre o chá. Assim, 
em 1773, colonos fantasiados de nativo-americanos, invadiram embarcações britânicas aporta-
das em Boston e destruíram todo o carregamento de chá, lançando-o ao mar. Esse episódio é 
conhecido como Festa do chá de Boston.
A destruição do carregamento de chá levou à promulgação dos Atos de Coerção em 1774, 
o que restringia ainda mais o comércio colonial. Estes Atos de Coerção tiveram como resposta o 
Primeiro Congresso de Filadélfia, reunião em que os líderes coloniais elaboraram uma série de 
pedidos à metrópole para aceitarem a taxação de impostos e demais imposições às colônias. 
O parlamento inglês hesitou frente às reivindicações dos colonos e os atos da Inglaterra pre-
judicaram todas as classes sociais das colônias, o que une os colonos que, no Segundo Congres-
so de Filadélfia, declararam a independência dos Estados Unidos da América que já se encon-
trava lutando contra a Inglaterra. Os franceses, amargurados com a derrota na Guerra dos Sete 
anos, auxiliam os colonos em sua luta, esse auxílio catalisou o processo de Revolução que eclo-
diu na França em 1789.
Guerra entre estadunidenses e ingleses perdurou até que muitos erros militares praticados 
pelos ingleses por determinação dos Patriotas, a guerra terminou em 1883 com a vitória dos ex-
colonos, agora membros de uma nova nação.
1.2.4 Como os Movimentos de Independência Ocorreram
• Vinte anos de debates políticos e muitas tensões entre classes (até revoltas das classes ditas 
baixas) sobre o que a revolução significava (1776-1795).
DICA
Para aprofundar os estu-
dos, assista ao filme “O 
Patriota” (2004). A obra 
protagonizada por Mel 
Gibson, narra a história 
de um homem que vê 
sua família ameaçada 
quando os ingleses 
buscam suprimir a ten-
tativa de Independência 
dos Estados Unidos. 
Ele, então, entende 
que a única forma de 
defender a sua família é 
lutar contra os britâni-
cos. Essa obra cinema-
tográfica traz muito 
do contexto da guerra 
pela independência 
americana.
Figura 5: Capa do DVD 
do filme “O Patriota”
Fonte: Disponível em 
<http://accapasfil-
mes.blogspot.com.
br/2008/02/o-patriota.
html>. Acesso em 16 jun. 
2015.
►
15
História - História das Sociedades Americanas II
• Ampla participação de praticamente todas as camadas da sociedade nos debates sobre o 
novo governo, a Constituição, o futuro do país, e a eventual consolidação do poder de uma 
burguesia mercantil.
• Cem mil pessoas fugiram para a Inglaterra e Canadá. 
• Sentimentos revolucionários abriram espaços políticos para críticas sobre a escravidão; es-
cravos fugiram e muitos questionaram a escravidão; estados nortistas aboliram a escravi-
dão; clarearam as contradições entre os ideais de liberdade e a realidade de cativo.
• A Revolução foi ruim para os povos indígenas: facilitou a expansão para o oeste e as terras 
indígenas foram tomadas.
• Abertura propensa a críticas com relação ao papel restrito da mulher, que desempenhou 
funções importantes na guerra; as restrições legais continuaram, mas reforçou-se o papel da 
mulher como mãe.
• A Revolução Americana influenciou a Revolução Francesa, a Revolução no Haiti, e as Inde-
pendências latino-americanas.
1.2.5 Historiografia da Independência dos EUA ou Revolução 
Americana
Interpretações principais: 
1. A Revolução como evento intelectual e político, enfatizando elites e líderes políticos (Ed-
mund Morgan e Bernard Bailyn). 
2. Nova historiografia: interpretações econômicas, as tensões socioeconômicas das massas, 
mercantes, etc. (Ray Raphael, Howard Zinn).
3. Existe muito mais interesse hoje no papel de artesãos, mulheres, povos indígenas, escravos 
(Woody Holton, Linda Kerber, Pauline Maier).
4. Gordon Wood: revolução não causada pelo conflito de classes, mas que resultou na quebra 
de ideias de deferência e ideais patriarcais.
5. Gary Nash: combinação de evento político/intelectual e socioeconômico. 
1.3 A Marcha para o Oeste
A expansão em números
• As treze colônias à época da Revolução Ameri-
cana possuíam 835.202 km quadrados de ex-
tensão. Em 1848 aumentaram para 9.363.292 
km quadrados em extensão.
• O território multiplicou-se 11 vezes. Eram 13 
estados em 1876; 32 estados em 1850; 50 es-
tados em 2007.
• Em 1820, cerca de 120.000 índios moravam na 
região leste do rio Mississippi; No ano de 1844, 
restavam menos de 30.000 índios. 
• Nos anos 1880, as últimas nações indígenas 
foram conquistadas.
Por que era preciso expandir?
Como já vimos, a expansão para o oeste era 
algo que já habitava os pensamentos dos estadunidenses. O fato de acreditarem que eram pre-
destinados à vitória, à ascensão e ao progresso era algo que carregavam, e que carregam até os 
dias atuais. O nacionalismo americano, juntamente com a missão civilizadora, sem dúvida, são 
motivos fortíssimos para a expansão. Fora essas questões, vários outros fatores envolviam a ex-
pansão, entre eles: a necessidade de aquisição de novas terras devido à pressão demográfica na 
costa leste dos EUA, pois já era do conhecimento dos norte-americanos a existência das terras 
agrícolas ricas no oeste. Além disso, a mineração, a corrida do ouro na Califórnia, em 1848 e nos 
Figura 6: “American 
Progress”.
Fonte: Disponível em 
<http://picturinghistory.
gc.cuny.edu/item.php?i-
tem_id=180>. Acesso em 
out. 2010.

16
UAB/Unimontes - 5º Período
estados da Dakota do Norte e Sul, nos anos 1870. A necessidade de construção de ferrovias, a 
crescente industrialização e pressão para novos mercados e matérias-primas, as ideias agrárias 
surgidas depois da Revolução Americana (os EUA surgem como um país de pequenos proprie-
tários). O crescente racismo: “o ônus do homem branco”, os povos indígenas eram vistos como 
“selvagens” ou “crianças inocentes”. E, por fim, o poderio e rivalidade militar dos EUA contra a In-
glaterra, França e Espanha. Os EUA precisavam expandir e aparecer perante o cenário mundial, 
nem que, para isso, fosse preciso fazer limpeza étnica, provocar guerras, matar índios e destruir a 
natureza.
BOX 1
Destino Manifesto
A doutrina do "Destino Manifesto" é uma filosofia que expressa a crença de que o povo 
dos Estados Unidos foi eleito por Deus para comandar o mundo, sendo o expansionismo geo-
político norte-americano apenas uma expressão desta vontade divina.
Em meio a esta ideia de predomínio mundial norte-americano estava também a ideia do 
destino norte-americano de predominar sobre os povos da América Latina, pois estes esta-
vam localizados no mesmo continente e não tinham desenvolvido a capacidade de exercer 
domínio sobre outros povos, o que era sintetizado em "Be strong while having slaves", frase 
de propaganda políticado século XIX que tinha como principal objetivo demonstrar o quanto 
a cultura dos EUA era atraente e digna de apreço, fazendo uma imagem de que o país seria 
o melhor do mundo, com os melhores e mais preparados indivíduos, e, em última instância, 
fazer com que os cidadãos de outros países passassem a desprezar suas próprias pátrias, ado-
rando o ideal americano de progresso e superioridade.
A frase é creditada ao jornalista nova iorquino John L. O'Sullivan na sua publicação de ju-
lho/agosto de 1845, United States Magazine and Democratic Review, em um ensaio intitulado 
"Annexation", tratando da questão do Texas, e sua iminente adesão à União.
O termo seria perpetuado através do tempo, justamente pelas ações político-militares 
norte-americanas, que pareciam seguir à risca tal orientação, tornando-se bastante apropria-
do para descrever a expansão territorial deste país, que se deu, primeiramente, na segunda 
metade do século XIX, em meio à anexação do norte do México aos EUA, e, depois, no fim do 
mesmo século, com a guerra contra a Espanha. A própria imprensa do país iria se utilizar far-
tamente deste conceito, utilizando-o para defender as atitudes muitas vezes arbitrárias de seu 
governo.
O uso desta doutrina seria oficialmente abandonado em 1850, apenas para ser revivi-
da em 1880, passando então a ser amplamente utilizada pelos políticos da época, em meio 
à corrida colonial promovida pelas potências europeias. Após a realização de suas ambições, 
tanto o meio político como a mídia norte-americana, em geral, irá mais uma vez "enterrar" a 
doutrina, embora muitos especialistas acreditem que certas ideias do Destino Manifesto fa-
çam parte do ideário político-militar estadunidense até hoje, estando presente em muitas das 
ações unilaterais controversas realizadas pelo seu governo através das décadas. Como prova 
de tal persistência dos ideais do Destino Manifesto dentro da esfera de poder máxima do país, 
é flagrante observar os conceitos postos em discursos de líderes norte-americanos através do 
tempo, com destaque para as palavras de James Buchanan, em seu discurso de posse como 
presidente norte-americano, em 1857, e as de Colin Powell, secretário de estado do governo 
George W. Bush, em 2004:
A expansão dos Estados Unidos sobre o continente americano, desde o Ártico até a Amé-
rica do Sul, é o destino de nossa raça (...) e nada pode detê-la". - Buchanan.
"O nosso objetivo com a Alca é garantir para as empresas norte-americanas o controle de 
um território que vai do Pólo Ártico até a Antártida". - Powell.
Fonte: Disponível em <http://www.infoescola.com/filosofia/destino-manifesto/>. Acesso em 22 maio 2015.
1.3.1 Mecanismos de Expansão
A historiadora Mary Junqueira (2001) traçou bem os caminhos que fizeram com que os EUA 
se formassem tão rapidamente. 
17
História - História das Sociedades Americanas II
Em 1750 ocorre a primeira penetração antes da independência: foram estabelecidos povoa-
mentos no noroeste, na região das cabeceiras do rio Ohio. Mais tarde, a região foi demarcada 
como o território de Ohio, o décimo sexto estado anexado em 1803. A segunda penetração para 
o interior ocorreu após a vitória inglesa na Guerra Franco-Índia, em 1767. Daniel Boone partiu 
da Virgínia, atravessou os Apalaches e penetrou os imensos territórios que viriam a ser o estado 
do Kentucky, o 15º estado que seria depois anexado aos demais. Logo mais, em 1770, os Green 
Mountain Boys (Rapazes da Montanha Verde) cruzaram o rio Connecticut e se estabeleceram nas 
Colinas mais ao norte do estado, em Vermont (demarcado entre os estados de Nova York e nova 
Hampshire). Este foi o 14º estado que, posteriormente, foi anexado aos demais. Em 1787 o Con-
gresso Continental arrastou a linha mais para o oeste. A partir daí, os limites do novo país chega-
vam até o rio Mississippi. Vale lembrar que o primeiro esforço governamental em mapear uma 
grande porção de terra partiu de Thomas Jefferson, Presidente em 1801. Em 1803, num acordo 
com os franceses, Jefferson comprou o imenso território da Louisiana (região que pertenceu ao 
império espanhol).
Até o início do século XIX, a Flórida era território dos espanhóis, o que despertou inquie-
tação dos norte-americanos do sul. A Flórida, região estratégica, funcionava como porta de en-
trada do Atlântico e do Caribe e era considerada por eles uma “continuidade natural do estado 
da Geórgia” e, por vários outros motivos, a penetração estadunidense na Flórida era vista como 
inevitável. (JUNQUEIRA, 2001). Além da Flórida, o grupo que liderava a colonização do Ohio cla-
mou também pela anexação do Canadá. Assim, tanto o Canadá, ao norte, quanto a Flórida, ao 
sul, tornaram-se territórios reivindicados pelos norte-americanos. Em 1817, incursões de índios 
vindos da Flórida, em direção ao território norte-americano, fizeram com que Andrew Jackson 
entrasse na região de domínio espanhol com o objetivo de “conter os intrusos”. Por um tratado 
assinado em 1819, mas só ratificado em 1822, a Flórida passava definitivamente para as mãos es-
tadunidenses em troca de cinco milhões de dólares pagos à Espanha. A anexação do Canadá não 
se realizou. Andrew Jackson (1829-1837) foi escolhido por voto popular em dois mandatos presi-
denciais consecutivos. Sua política igualitarista era voltada para o expansionismo. O Presidente 
estabeleceu, em 1830, o Indian Removal Act (Ato de Remoção Indígena). Foi ele o responsável 
pela conhecida Trial of Tears (Trilha de lágrimas), nome dado pelos Cherokees à jornada forçada 
de seu povo da Geórgia em direção à reserva a eles destinada para além do rio Mississipi, em 
Oklahoma (JUNQUEIRA, 2001).
Em 1839, várias nações indígenas, entre elas os Creek, os Choctaw e os Chickasaw, haviam 
sido removidas para reservas além Mississipi. Jackson, responsável pela remoção indígena, de-
fendia as reivindicações dos pequenos fazendeiros às quais o índio era o principal entrave. Foi 
também responsável pela maior desestruturação da vida comunal indígena, na primeira metade 
◄ Figura 7: Trilha de 
Lágrimas
Fonte: Disponível em 
<http://mapoftheuni-
tedstates.wordpress.
com/2008/04/08/trail-of-
tears-map/>. Acesso em 
29 nov. 2010. 
18
UAB/Unimontes - 5º Período
do século XIX. Em 1820, aproximadamente 125 mil índios vi-
viam a leste do Mississippi, 75% deste total acabaram remo-
vidos do seu local de origem e , em 1844, menos de 30 mil 
indígenas viviam naquela região. Os que ali permaneceram 
encontravam-se em um local ermo e com invernos rigorosos, 
próximo ao Lago Superior (FERNANDES; MORAIS, 2008). Com 
a remoção dos índios, cerca de 40 milhões de hectares fica-
ram livres para os estadunidenses “brancos”. Hoje é consenso 
entre os historiadores que a remoção dos índios, “a limpeza 
do território” foi realizada pelas tropas federais – a famosa 
Cavalaria - e por fazendeiros e grandes especuladores que ti-
nham interesses nos imensos territórios ainda não ocupados 
pelo “homem branco” (FERNANDES; MORAIS, 2008).
1.3.2 Destino Manifesto
Os norte-americanos, de certa forma, se achavam um povo eleito, com uma missão a cum-
prir. Esse sentimento advinha de uma concepção nacionalista que se apoiava na ideia de Direito 
Natural, concedido pela divina providência àquele país, de tomar para si toda a parte continental 
do território atual América do Norte. “Era como se houvesse uma ‘predestinação geográfica’. Gru-
pos norte-americanos se viam com direito de se apropriarem (por compra ou simples anexação) 
de territórios que não pertenciam aos Estados Unidos até então”. Afinal, consideravam-se um 
povo eleito, com direito à terra prometida (JUNQUEIRA, 2001).
Baseados nessas ideias, os norte-americanos se viam como detentores de uma cultura com 
valores superiores em relação aos outros povos (FERNANDES; MORAIS, 2008). Em diversos mo-
mentos, foram aclamados os “Direitos dos Estados Unidos”, e negados os de outros povose paí-
ses. Os norte-americanos, afirmando-se como possuidores de um preeminente valor social, uma 
missão excelsa, acreditavam estar predestinados a civilizar qualquer território classificado (por 
eles mesmos!) como bárbaro e inculto (JUNQUEIRA, 2001).
1.3.3 Anexação do Texas
O Texas era território mexicano em 1830, mas havia colonos estadunidenses presentes na 
região. Conquistou sua independência entre 1836-1846: tornou-se a República da Estrela Solitá-
ria e adotou uma Constituição muito semelhante à norte-americana. O governo mexicano não 
reconheceu a independência do Texas, considerando-a como um ato de agressão pelos EUA, 
rompendo as relações diplomáticas com o vizinho do norte. De 1846 a 1848, mexicanos e norte-
-americanos pegaram em armas pela posse do Texas. Com o conflito, houve a vitória decisiva dos 
Estados Unidos, na qual o México perdeu metade do seu território – O que hoje é a Califórnia, 
Novo México, Arizona e partes de Oklahoma, do Colorado, de Utah e Idaho, eram territórios per-
tencentes ao México e ganhos à força pelos Estados Unidos. Após o Texas, foi a vez dos imensos 
territórios do Oregon e Alasca, no Pacífico. Em 1848, após alguns acordos, o Oregon foi incorpo-
rado ao território norte-americano. O Alasca foi comprado da Rússia em 1847.
 Os anglo-saxões viam os mexicanos como a antítese dos estadunidenses. “Reforçava-se a 
identidade protestante norte-americana em oposição aos católicos mexicanos” (JUNQUEIRA, 
2001). Ainda, para esta historiadora, foi criada uma lenda sobre o Oeste, construía-se uma visão 
romanceada e mítica do acontecimento. O pioneiro do self made man era tratado como um he-
rói rústico, que havia desenvolvido força física no duro trabalho no campo. Com isso, garantia 
tenacidade de caráter e ação determinados – atributos que formavam o “homem de ação” que 
construía a nação norte-americana. Com essa versão mítica do homem do oeste, justificava-se 
a tomada de territórios e se escamoteava a extrema violência com que foi realizada a anexação 
e, por outro lado, impulsionava para que pessoas originais do Leste se estabelecessem nas ter-
ras conquistadas. Durante a “Conquista do Oeste”, territórios mexicanos foram tomados, índios 
massacrados, milhões de bisões exterminados e a natureza devastada sem piedade (JUNQUEIRA, 
2001). Assim, o estadunidense transformou-se em um agente de transformação da paisagem do 
oeste.

Figura 8: Trilha de 
Lágrimas, The Granger 
Collection, New 
York, reproduzida 
por National Public 
Broadcasting System
Fonte: Disponível em 
<http://www.pbs.org/
wgbh/aia/part4/4h1567.
html> Acesso em out. 
2010. 
DICA 
A invenção da Calça 
Jeans: narra-se que, du-
rante a corrida do ouro, 
um europeu chamado 
Levi Strauss chegou à 
Califórnia com peças de 
panos grosseiros, resis-
tentes e que desbota-
vam pelo seu tingimen-
to artesanal. O objetivo 
de Strauss era vender o 
tecido para confecção 
de barracas para os 
mineiros. Alguém então 
informou ao vendedor 
que, na verdade, os 
homens precisariam 
de calças mais resis-
tentes, uma vez que as 
que usavam rasgavam 
constantemente na lida 
da mineração. Strauss 
inventou, com aquele 
tecido, uma calça com 
costuras reforçadas e 
com rebites nos bolsos 
e em outras partes em 
que mais se rasgava 
a antiga roupa dos 
mineiros: a calça jeans 
(JUNQUEIRA, 2001).
19
História - História das Sociedades Americanas II
1.4 A Guerra de Secessão
Como vimos, durante a expansão para o oeste, os EUA obtiveram um rápido crescimento 
populacional decorrente também da anexação de territórios adquiridos. Os contrastes desenvol-
vimentistas entre o norte e o sul, como veremos a seguir, agravaram-se, desembocando numa 
guerra civil que certamente você, cursista, já ouviu falar: a Guerra de Secessão, considerada a 
guerra mais letal e mais custosa da história dos Estados Unidos. Morreram mais de 600 mil nor-
te-americanos. Se formos olhar a Guerra do Vietnã, o número de baixas oficiais foi de 58 mil mor-
tos. Secessão, neste caso, significa divisão. 
A casa estava dividida por causa dos conflitos entre o norte e o sul. Dentre outras conquistas 
e transformações, o conflito serviu para forjar certo sentimento de identidade nacional baseada 
na superioridade do “Mundo do Norte”.
1.4.1 Vamos Refletir Sobre este Episódio da História dos EUA
Ainda que unidos em nome de causas comuns como as guerras contra o México, as invasões 
a oeste e também o sentimento de imperialismo e a vontade de expandir seus estilos de vida 
para áreas maiores, o Sul queria aumentar seu império do algodão e da escravidão, e o Norte, a 
expansão das chamadas terras livres (FERNANDES; MORAIS, 2008).
DICA
Daniel Boone foi o 
primeiro “homem co-
mum” a desobedecer às 
ordens da coroa inglesa 
antes da independên-
cia, em 1767, e atra-
vessar os Apalaches, 
iniciando o bolsão 
de povoamento que 
originou o estado de 
Kentucky. Vale lembrar 
que o herói era um exí-
mio caçador de animais 
e de índios (JUNQUEIRA, 
2001).
◄ Figura 10: Guerra e 
secessão ou Guerra 
Civil Americana.
Fonte: Disponível em 
<http://www.passeiweb.
com/na_ponta_lingua/
sala_de_aula/historia/
historia_da_america/es-
tados_unidos/eua_guer-
ra_secessao>. Acesso em 
29 nov. 2010. 
◄ Figura 9: Bisão – alvo 
do extermínio no oeste 
americano.
Fonte: Disponível em 
<http://vidaanimal.
hdfree.com.br/america-
donorte.html>. Acesso 
em 29 nov. 2010. 
20
UAB/Unimontes - 5º Período
QUADRO 1 - Diferenças entre o Sul e o Norte
Estados do Sul Estados do Norte
Sistema de plantation Trabalhadores livres assalariados
Escravista senhorial Pequenos proprietários
Escravo como mercadoria Classe média nascente
Inseridas no sistema capitalista Mais avançadas na indústria
 Ideia de superioridade do homem branco Ideia de superioridade do homem branco
Negros fora das decisões políticas e vítimas 
de preconceito
Negros fora das decisões políticas e vítimas 
de preconceito
Fonte: Elaboração própria.
Durante a Secessão, os escravos utilizaram a Guerra Civil do melhor jeito que podiam para 
tornarem-se livres: cada vez que uma tropa do Norte invadia uma região confederada, um enor-
me contingente de negros fugia das fazendas e, dessa maneira, colaborava para o desmorona-
mento do sistema escravista (FERNANDES; MORAIS, 2008).
Em 1850, observava-se que o Norte era bem mais populoso e o Sul possuía mais força polí-
tica no governo federal. Os sulistas queriam estender a escravidão aos novos territórios conquis-
tados pelos Estados Unidos. O território do Kansas tornou-se um verdadeiro palco de disputas 
políticas em torno do controle político da região, além de ficar amplamente aberto aos imigran-
tes que acabavam apresentando posturas pró e contra o regime da escravidão (FERNANDES; MO-
RAIS, 2008). 
1.4.2 A Guerra
A Guerra Civil foi um conflito de grandes proporções na história dos Estados Unidos. Envol-
veu as colônias do Norte e do Sul e tornou-se ainda mais grave pelas anexações do Oeste. Os 
novos estados incorporados, que adotaram o regime escravista, faziam a balança pender pelo 
lado do Sul. Foram 625 mil mortes. Para se ter uma ideia da proporção dessa guerra, os norte-a-
mericanos mortos superam o número de baixas somadas de todas as guerras do século XX que 
tiveram a participação dos Estados Unidos (JUNQUEIRA, 2001).
DICA 
Assista ao filme “E 
o vento levou” que, 
segundo a historiadora 
Mary Junqueira, o mun-
do da honra dos nobres 
e cavaleiros do Sul havia 
sido varrido pelo vento, 
no curto espaço de cin-
co anos. Mundo distinto 
e elegante, construído 
por homens galantes e 
mulheres voluntariosas. 
Assim era retratado 
o célebre Old South 
(Velho Sul).
A aura romântica e 
nostálgica relaciona-
se em grande parte à 
ideia de que o conflito 
já estava irremediavel-
menteperdido para o 
Sul, antes mesmo de a 
guerra começar. Tem-se 
a impressão de que a 
vitória do Norte sobre o 
Sul era absolutamente 
inevitável, como se esti-
vesse determinado pela 
História que um mundo 
“industrial e moderno” 
venceria inexoravel-
mente o mundo “agrário 
je atrasado”, o qual não 
tinha mais lugar num 
tempo de mudanças em 
ritmo vertiginoso.
Figura 11: Anúncio 
do filme “E o vento 
levou”.
Fonte: Disponível em 
<http://www.adoro-
cinema.com/filmes/
filme-27782/curiosida-
des/>. Acesso em 16 jun. 
2015.
►
21
História - História das Sociedades Americanas II
As elites do Norte não queriam “perder” o Sul, fornecedor de matéria-prima e devedor dos 
bancos nortistas desde o comércio triangular. O objetivo do Norte com o enfrentamento não era 
pôr fim à escravidão, mas evitar, de qualquer maneira a secessão, a divisão dos Estados Unidos da 
América em dois países. Os interesses políticos de alguns poucos brancos, senhores proprietários 
de escravos, porém poderosos, conduziram o país a uma guerra devastadora.
Os principais combates se concentraram nas capitais – Washington, da união, e Richmond, 
dos confederados – o objetivo, como sempre, observado em outras guerras, era atacar o lugar 
onde estavam estabelecidas as instituições governamentais que se queria destruir ou então do-
minar. O Sul queria autonomia com relação ao Norte para defender os seus interesses e o regime 
escravista. O Norte estava mais bem equipado que o Sul e defendia o projeto “industrial”. Foi uma 
guerra desigual.
Então, por que o Sul foi tão obstinado para a guerra? Por que os fazendeiros sulistas acredi-
taram estar defendendo a própria terra, seu estilo de vida e suas tradições? Como esses fatores 
dependiam da manutenção da escravidão, não admitiam que essa instituição fosse ameaçada e 
buscaram garantir sua independência política.
Em 1862, Abraham Lincoln acabou cedendo, declarando a escravidão abolida, em virtude 
do prolongamento da guerra, da pressão dos abolicionistas, das dificuldades advindas da ine-
xistência de regras para lidar com escravos que se refugiavam no Norte e do fato de os negros 
lutarem nas forças da União.
Depois de várias batalhas, derrotas e baixas dos dois lados, e após o bloqueio naval que o 
Norte impôs ao Sul – impedindo o acesso aos bens manufaturados e outros produtos – o conflito 
chegou ao seu momento decisivo em uma pequena cidade da Pensilvânia chamada Gettysburg, 
quando o equilíbrio de forças pendeu definitivamente para o lado da União.
Na batalha de Gettysburg (julho de 1863), considerada a mais dramática da Guerra civil, 90 
mil soldados do Norte encontraram-se com 70 mil soldados do Sul. Durante três dias, os confe-
derados lançaram-se contra as trincheiras da União, sendo massacrados aos milhares. Na invasão 
do Cemetery Ridge, o poder da União pelo exército Sulista resultou numa perda de 28 mil ho-
mens, entre mortos e feridos. As baixas nortistas não foram menores – 22 mil homens.
Quatro meses após os combates de Gettysburg, esse campo de batalha foi consagrado ce-
mitério nacional.
Eis aqui um importante documento da história norte-americana:
O discurso de Lincoln pós-batalha de Gettysburg:
Há 87 anos nossos pais criaram neste continente uma nova nação, concebida em liberdade e de-
dicada à afirmação de que todos os homens foram criados iguais (...). Estamos agora empenhados 
numa grande guerra civil, verificando se aquela ou qualquer outra nação assim concebida e consa-
grada pode subsistir por muito tempo. Encontramo-nos num grande campo de batalha da mesma 
guerra. Viemos inaugurar parte desse campo como sítio de repouso dos que aqui deram suas vidas 
para que a nação pudesse viver (...) – que aqui resolvamos que esses mortos não morreram em vão 
– que esta nação, sob as vistas de Deus, tenha um renascimento de liberdade – e que o governo do 
povo, pelo povo, para o povo não seja eliminado da terra.
1.4.3 Resultados da Guerra
• Morte de 600 mil norte-americanos.
• O Conflito serviu para criar o mito de 
Lincoln como grande estadista defen-
sor da liberdade.
• Emancipação dos escravos.
• Milhares de pessoas morreram, milha-
res ganharam a liberdade, milhões de 
pessoas lutaram nas mais indignas con-
dições.
• Após a Independência de 1776, a na-
ção estava incompleta e só foi decidi-
damente formada com o fim da Guerra 
Civil.
• Em 9 de abril de 1865, o Sul rendia-se 
diante da vitória militar da União.
◄ Figura 12: Ku Klux Klan 
Fonte: Disponível em 
<http://www.historiado-
mundo.com.br/curiosida-
des/ku- klux-klan.htm>. 
Acesso em 29 nov. 2010. 
22
UAB/Unimontes - 5º Período
• Abraham Lincoln é assassinado, por um simpatizante dos confederados, aos gritos de “O Sul 
está vingado”. Deu-se assim a construção de Lincoln como herói nacional e fundador da na-
ção.
Hoje se pode perguntar: como um país como os Estados Unidos, apologista da liberdade 
individual, mantinha milhões de negros em regime de escravidão? Como falar de igualdade e 
democracia com tantos homens e mulheres escravizados? Para a grande maioria dos homens 
brancos daquela época, igualdade, democracia e liberdade eram princípios que orientavam os 
“homens civilizados e educados” – naturalmente, apenas os homens brancos (JUNQUEIRA, 2001).
Com o fim da Guerra Civil, surgiram no país organizações ilegais, secretas, constituídas por 
homens brancos. Eram os cavaleiros da Camélia Branca, a Irmandade Branca, a Associação 76 e 
a bem estruturada Ku Klux Klan. Essas associações procuravam intimidar os negros por meio de 
assassinatos, linchamentos e espancamentos.
A organização de princípios da Ku Klux Klan data de 1868 e afirmava que pretendia ”garantir 
socorro aos sulistas derrotados”, opondo-se à igualdade do negro, tanto social quanto política, 
defendendo o governo de um homem branco no país e a manutenção dos direitos constitucio-
nais do Sul (JUNQUEIRA, 2001).
Com relação à Ku Klux Klan, diz Junqueira (2001):
(...) uma instituição de Cavalheirismo, Humanidade, Misericórdia e Patriotismo; 
(...) cujos objetivos peculiares são (...) proteger os fracos, inocentes e indefesos 
contra as indignidades, injustiças e ultrajes dos sem-lei - violentos e brutais -, 
acudir os injuriados e oprimidos, socorrer os sofredores e infelizes e, sobretudo, 
as viúvas e órfãos de soldados confederados (JUNQUEIRA, 2001, p. 53).
1.5 Contexto Pré-Independência 
da América Latina 
A Espanha, durante o século XVIII, passava por uma crise econômica e política. A crise eco-
nômica resultou da forma de exploração colonial que a Metrópole havia desenvolvido denomi-
nada “metalismo” ou “bulhonismo”. Esta foi uma época de esgotamento das minas do Peru e do 
México. A prata desestimulou o crescimento da incipiente manufatura espanhola, provocando 
inflação, dependência do abastecimento externo e fuga dos capitais.
A crise política foi desencadeada pela morte do Rei Carlos II, decretando o fim da dinastia 
dos Habsburgos, que resultou em um longo período de guerras na Europa (WASSERMAN, 2003, 
p.120).
O sistema colonial em crise
O Tratado de Utrech, de 1713, possibilitou à Inglaterra, enclaves espanhóis, como Nápoles e 
o estratégico rochedo de Gibraltar, que guardava a entrada do Mediterrâneo; mais importantes 
foram ainda os favorecimentos coloniais aos ingleses, que adquiriram o direito aos asientos (for-
necimento de escravos) e permisos (colocação de produtos manufaturados) nas colônias ameri-
canas da Espanha (WASSERMAN, 2003, p.120).
A Espanha ficou subordinada às principais potências europeias ao iniciar-se o século XIX: 
uma subordinação de natureza política em relação à França, que até acontecer a Revolução Fran-
cesa se constituiria no principal aliado dos espanhóis contra as pretensões dos ingleses. Outra de 
natureza econômica, justamente em relação à Inglaterra, que cada vez mais iria interferirnaquilo 
que, até então, fora o “exclusivismo comercial” da Espanha. Sendo assim, um conjunto de refor-
mas seria feito nas colônias e na Espanha, em busca de uma possível recuperação de poderio 
econômico e político.
Outros acontecimentos gerais contribuíram fortemente para a crise, tais como:
A Revolução Americana (1770-1780) foi um exemplo de rebelião colonial, juntamente com 
ideais revolucionários iluministas de liberdade. As revoluções, até então, eram rejeitadas pelas 
elites criollas na América, por acharem o projeto bastante radical. A revolução dos escravos na 
ilha francesa de São Domingo, na década de 1790, liderada por Toussaint L’overture, resultou, em 
1804, na República Independente do Haiti, fato único na história da América, por se constituir 
ATIVIDADE
Pesquise mais sobre a 
KU KLUX KLAN. E sobre 
demais organizações 
intolerantes que exis-
tiram e ainda existem 
nos EUA. Aproveite este 
momento de reflexão 
para fazer comparações 
entre o passado e o 
presente. Iremos discu-
tir sobre o assunto no 
fórum de discussão.
ATIVIDADE
A Revolução Haitiana é 
considerada a primeira 
revolução negra da 
história.
Pesquise mais sobre 
este episódio marcante 
da história da América 
Central e Caribe e ela-
bore um texto especí-
fico sobre o assunto, 
problematizando as 
fases, e a importância 
desse movimento de 
resistência negra no 
contexto das lutas pela 
independência na Amé-
rica, uma vez que essa 
revolução, juntamente 
com a Americana e a 
de Tupác Amaru, abre 
os demais movimen-
tos pela conquista da 
liberdade e abolição da 
escravidão nas colônias.
23
História - História das Sociedades Americanas II
um exemplo de independência realizado por escravos, diferente de todos os outros projetos que 
foram implantados pelas elites ou membros livres das sociedades americanas. O sucesso dos es-
cravos assustou as elites coloniais e fez com que ficassem cautelosos sobre mudanças políticas. 
A situação confusa na península Ibérica, causada pelo projeto expansionista Napoleônico (1807-
1815), veio produzir uma crise de legitimidade política e econômica. A autoridade vinha do rei e 
de repente não havia rei. Essa crise colocou em questão a estrutura do poder e sua distribuição 
entre funcionários reais e a classe governante local (criollos). Na Espanha, os franceses forçaram 
o Rei a abdicar, mas tiveram que disputar uma guerra civil. Os criollos latino-americanos declara-
ram lealdade ao rei espanhol, mas tinham que governar as colônias longe do poder central. Os 
franceses tiveram de decidir sobre o melhor jeito de manter-se no controle, através da coerção, 
dominação e manutenção dos privilégios.
Entenda as reformas:
Filipe V, em 1714, criou quatro ministérios, entre os quais o das índias. O novo ministério 
tornou-se uma agência real para a emissão de ordens sobre as finanças, o comércio, a guerra ou 
qualquer outro assunto de estado que fosse importante (WASSERMAN, 2003, p.93).
Novas unidades administrativas foram criadas. Além dos Vice-Reinos já existentes, o do 
Peru e o da Nova Espanha, outros dois se for-
maram após as reformas administrativas. Nova 
Granada, estabelecido definitivamente em 
1739, compreendia, originalmente, o território 
das atuais repúblicas da Venezuela, Colômbia 
e Equador. O Vice-Reino do Prata, criado em 
1776, e do qual fazia parte o Alto Peru, abarca-
va os territórios que hoje formam as repúblicas 
da Argentina, Uruguai, Paraguai e parte da Bo-
lívia. Ambos reduziram a imensa extensão do 
Vice-Reino do Peru. Para outorgar maior poder 
de decisão às autoridades regionais dentro dos 
Vice-Reinos, foram criadas as capitanias gerais: 
a da Guatemala, que compreendia toda a Amé-
rica central, menos o Panamá, que permanecia 
ligado ao Vice-Reino de Nova Granada; a da Ve-
nezuela, a do Chile e a de Cuba.
Até meados do século XVIII, líderes da Es-
panha se preocuparam com o crescimento da 
Inglaterra e França. A Espanha possuía uma 
economia agrícola ineficiente com pouca indústria, e o comércio marítimo era somente um es-
coadouro para a produção agrícola. Os reis Bourbon, posteriores a Filipe V, dão continuidade às 
reformas. Carlos III (1759-1788) e Carlos IV (1788-1808) implementaram reformas na Espanha e 
nas colônias para melhorar a situação. Remodelaram o governo imperial, centralizaram o meca-
nismo de controle e modernizaram a burocracia. Reorganizaram os governos coloniais: substituí-
ram os cargos de alcaldes mayores e corregidores (corruptos, ineficientes e dominados por criol-
los) com intendentes (peninsulares e diretamente ligados com a Coroa e assalariados).
O controle econômico era um dos propósitos das reformas. Os principais objetivos eram:
• Aumentar lucros para a metrópole.
• Expandir os monopólios reais, a administração e aumento de impostos.
• Aumentar taxas e impostos sobre mineração, agricultura e criação de gado.
• Possibilitar a expansão estratégica do comércio, em função de aumentar a importação de 
produtos espanhóis para as Américas (frequentemente reimportações) e restringir exporta-
ções das Américas. A Industrialização foi proibida nas colônias.
Ressentimentos
Os criollos se sentiram prejudicados, pois perderam poderes, privilégios e dinheiro, enquan-
to os povos indígenas perderam espaço para negociar com comerciantes e governos locais e fo-
ram pressionados a produzir e consumir mais. Houve muito ressentimento entre esses povos, ao 
pagarem altos preços para importações enquanto suas exportações eram restritas. Sendo assim, 
a Espanha obteve alguns avanços, mas os contrastes entre ingleses e espanhóis (desenvolvimen-
to e estagnação, força e fraqueza) causaram um poderoso impacto nas mentes dos hispano-ame-
ricanos.
DICA 
Criollos eram os des-
centes de espanhóis 
nascidos em solo ameri-
cano. Possuíam grandes 
propriedades rurais e 
atuavam no comércio. 
Muitos estudavam na 
Europa e, ao retornar, 
exerciam carreiras como 
médico, advogado ou 
cargos públicos de 
segundo escalão, já que 
os principais cargos 
só eram exercidos por 
espanhóis. 
◄ Figura 13: Divisão 
administrativa da 
América Espanhola
Fonte: Disponível em 
<http://www.profes-
sorsergioaugusto.com/
news/a%20independ%-
C3%AAncia%20da%20
america%20espanhola/>. 
Acesso em 23 maio 2015.
24
UAB/Unimontes - 5º Período
Interdependências
A historiografia clássica enfatizava o conflito entre criollos e a metrópole, como o conflito 
central da independência, porém os dois grupos (criollos e peninsulares) eram interdependen-
tes, controlavam a economia (peninsulares como altos burocratas e grandes mercantes e criollos, 
como donos de mineração e fazendas). Havia altos índices de casamento entre si. No Peru, os 
dois se juntaram como uma classe dominante branca contra a população indígena. Durante as 
guerras da independência, criollos lutaram nos dois lados.
Racismo
Os criollos não gostavam de peninsulares, mas ficavam entre eles e as camadas populares 
(mestiços, negros, índios). Havia uma obsessão com “brancura” na América Espanhola. Esse con-
flito era mais agudo em Brasil, Caribe, Venezuela, Colômbia, Peru. Os criollos resistiram às tentati-
vas de abolição da escravidão vindas da metrópole. Temos que procurar as origens da indepen-
dência não só no conflito entre criollos e a metrópole, mas também em eventos internacionais e 
outros conflitos domésticos. 
Os atores da independência foram os espanhóis e os americanos (da América Espanhola). 
Quem eram eles? 
Os espanhóis:
• Autoridades coloniais
• Comerciantes
• Representantes do clero secular e de distintas ordens religiosas
• Comandantes militares
• Peninsulares empobrecidos
Os americanos (nascidos na América Espanhola):
• Criollos de descendência europeia pura, que controlavam as atividades de produção mer-
cantil.
• Indígenas subjugados às mais variadas formas de trabalhocompulsório.
• Negros cativos escravizados.
• Indios e negros marginalizados dos processos produtivos (forasteros e cimarrones).
• Homens e mulheres libertos, mestiços e mulatos.
Após discutirmos sobre o contexto das independências na América Espanhola, no próximo 
tópico iremos analisar o contexto propício à independência dos Estados Unidos. Vamos aprovei-
tar para fazermos comparações, sempre com o objetivo de procurar entender as independências 
como processos não lineares. É importante observarmos os avanços, retrocessos, rupturas e per-
manências, que fazem parte dos movimentos de independência. Retomaremos os processos na 
América do Sul na unidade seguinte.
1.6 A Independência da América 
Espanhola 
O projeto expansionista de Napoleão Bonaparte pela Europa suscitou uma crise de autori-
dade no sistema colonial espanhol. Afinal de contas, o rei Fernando VII fora contido pelas forças 
napoleônicas. Com a prisão do rei, a quem obedecer? Essa foi uma questão central para todas as 
colônias espanholas. 
Para resolver o problema, várias províncias optaram por criar governos provisórios, coman-
dados por representantes locais ou provindos de outros lugares e indicados pela Coroa espanho-
la. Mas a criação dessas Juntas Provisórias não foi nada tranquila. Para começar, a Coroa, frente ao 
manifesto e conhecido descontentamento dos criollos em relação a ela, tentou evitar a criação 
das Juntas, temendo tentativas de golpes.
Várias Juntas foram criadas, mas rapidamente suprimidas pelo poder espanhol, que não 
as admitia. Com exceção das Juntas das províncias do Rio da Prata que não foram desfeitas, os 
realistas foram implacáveis com as que surgiram em outras regiões dominadas pelo império es-
GLOSSÁRIO
Criollos: Brancos de 
descendência europeia.
25
História - História das Sociedades Americanas II
panhol. Alguns casos permitem perceber bem como funcionou essa dinâmica de surgimento e 
combate às Juntas.
De qualquer maneira,as Juntas foram uma manifestação que, associada a outros fatores, 
contribuiu diretamente ou indiretamente para o desencadeamento da independência da Amé-
rica Espanhola.
1.6.1 As Juntas Governativas na América do Sul
Em Quito, com a Espanha subjugada por Napoleão, é criada, em agosto de 1809, uma Jun-
ta Soberana para governar em nome de Fernando VII, encabeçada por um marquês e um bispo. 
A “boa” intenção em prol de Fernando VII não convence a burocracia colonial, que envia tropas 
para combater a tentativa de tomada do poder. A Junta sai derrotada, desfazendo-se em outubro 
de 1809. As autoridades coloniais combateram-na, temendo ser a atitude uma manobra da aris-
tocracia local para tornar-se independente e ela mesma assumir o poder e exercê-lo como bem 
entendesse.
No Alto Peru (atual Bolívia) surgiram duas Juntas. Em maio de 1809 foi criada uma Junta em 
Chuquisaca (atual Sucre), e pouco depois, em julho de 1810, surge outra Junta em La Paz; essa 
com feições mais autonomistas, ainda que, como a outra, não rompesse com Fernando VII. Pelo 
grau de contestação do poder estabelecido, a Junta de La Paz incomodava e preocupava a buro-
cracia colonial.
Demorou pouco para que o Presidente de Cuzco, José Manuel de Goyeneche e José Fer-
nando de Abascal y Sousa, vice-rei do Peru, decidissem dar fim às Juntas. Enviaram à La Paz um 
contingente militar que, em outubro de 1810, com pouca resistência, desfez o governo dos insur-
gentes. Em Chuquisaca passaram a se submeter ao Presidente de Charcas, indicado pelo Vice-Rei 
de Buenos Aires. 
No Chile, foi criada a Junta de governo em 1810. A convocação de eleições no congresso e 
a abertura de portos ao mercado internacional foram as primeiras e principais medidas tomadas. 
Inicialmente liderada por Juan Martínez de Rozas que, logo em seguida, ao não se entender com 
o congresso, retirou-se e foi substituído por José Miguel Carrera, antigo oficial do exército espa-
nhol, que havia acabado de voltar da Espanha e possuía grande prestígio, especialmente entre 
os militares. Antes mesmo do fim de 1811, dissolveu o congresso, reformulando-o com regras e 
integrantes mais favoráveis à sua política (BUSHNELL, 2001).
Algumas decisões tomadas por Carrera eram de cunho mais liberal, tais como a criação da 
imprensa e proibição da importação de escravos e o estabelecimento de liberdade para os filhos 
de mães escravas que viessem a nascer, ainda que, no Chile, não houvesse muitos escravos – a 
maioria deles eram escravos domésticos e viviam nas cidades.
Em julho de 1812, Carrera, buscando ampliar seu poder, derrotou Juan Martínez de Rozas, 
que havia formado uma Junta dissidente na província de Concepción, após deixar a Junta de 
Santiago. Rozas foi obrigado a se exilar. 
Os dias de relativa tranquilidade de Carrera estavam contados. As tropas do Peru – reduto 
das forças contra-revolucionárias espanholas – avançaram sobre o Sul do Chile no início de 1813. 
O vice-rei peruano, Abascal, pretendia dominar tanto o Chile como o movimento insurgente da 
Argentina. Enquanto Carrera foi para a batalha tentar conter a invasão, foi destituído, entrando 
em seu lugar Bernardo O’Higgins. Mas, mesmo O’Higgins, não conseguiu expulsar as tropas do 
Peru (BUSHNELL, 2001). 
Para piorar a situação, Carrera tenta retomar o poder, se enfrentando com O’Higgins – o que 
debilitou ainda mais o poder de reação do Chile face à invasão realista. Episódio que, segundo 
David Bushnell (2001, p. 157), contribuiu para a esmagadora derrota que os realistas impuseram 
aos patriotas na batalha de Rancagua, cerca de 80 km ao Sul de Santiago, nos dois primeiros dias 
de outubro de 1814.
Alguns meses antes, em maio, o Chile já havia assinado um acordo aceitando a autoridade 
do rei Fernando VII, permanecendo apenas com uma autonomia de governo restrita. O vice-rei 
do Peru, Abascal, resolveu dominar o Chile de vez, adentrando militarmente Santiago, em 5 de 
outubro e estabelecendo duras regras de governo, punindo e cassando os considerados inimi-
gos. O’ Higgins, Carreras e outros tantos fugiram, refugiando-se na Argentina. Enfim, o império 
espanhol restabelece novamente o poder no Chile.
O Vice-Reino do Peru tornou-se a principal base do poder espanhol na América do Sul. 
Para as províncias já independentes, extirpar a ameaça dos espanhóis era fundamental, só 
assim poderiam se consolidar como independentes. Para tanto, seria necessário invadir e domi-
GLOSSÁRIO
Realistas: eram os 
partidários do rei da 
Espanha.
GLOSSÁRIO
Patriotas: são os 
partidários da indepen-
dência.
DICA
A historiografia há um 
bom tempo questiona 
a redução dos fatos his-
tóricos a determinados 
personagens – entre 
eles os heróis. Mas figu-
ras como Simón Bolívar 
e San Martín foram 
capazes de arregimen-
tar em torno de si um 
grande contingente de 
patriotas, além de se-
rem excelentes estrate-
gistas militares, capazes 
de impor avassaladoras 
derrotas a exércitos 
bem maiores do que 
os que comandavam, 
muitas vezes participan-
do pessoalmente das 
batalhas.
26
UAB/Unimontes - 5º Período
nar o principal reduto dos realistas, o vice-reinado do Peru, de onde os 
espanhóis planejavam e estruturavam as ações de retomada do poder 
nas províncias que se emanciparam. Era de lá que partiam poderosos 
contingentes militares com o intuito de reconquistar os territórios que a 
Coroa espanhola havia perdido.
Várias outras Juntas foram criadas como em Caracas, Bogotá e até 
uma segunda Junta em Quito. A independência chegou a ser declarada, 
entre 1811 e 1814, por algumas províncias e regiões, sendo a Venezuela 
o primeiro país a anunciar sua emancipação do jugo espanhol em julho 
de 1811. Na sequência, foram Cartagena (Nova Granada) ainda em 1811, 
Caracas (na Venezuela) em 1813, e Bogotá em 1814. 
Mas a contrarrevolução estava a caminho. Em 1813, o exército de 
Napoleão é derrotado na Espanha e a restauração de FernandoVII acon-
tece nos primeiros meses do ano seguinte. No início de 1815, a Espanha 
envia forças expedicionárias para reconquistar os lugares da Colônia 
que havia perdido. O plano foi bem-sucedido. Ao final de 1816, o poder 
espanhol havia retomado a maior parte desses territórios, incluindo as 
principais províncias.
Nessa primeira onda de independência, entrou em cena aquele 
que se tornaria o maior líder dos projetos de independência e que teve 
envolvido diretamente e indiretamente na maioria das independências 
conquistadas na América Espanhola, o venezuelano Simón Bolívar. Filho 
de ricos aristocratas coloniais, adepto de princípios republicanos, que também conheceu na Eu-
ropa e Estados Unidos (primeiro exemplo de independência em solo Americano), era um exímio 
estrategista militar, a ponto de, em muitos casos, impor avassaladoras derrotas aos espanhóis, 
comandando tropas bem menores que a dos inimigos.
Conhecedor das ideias liberais e iluministas,lançou mão delas na elaboração de seu proje-
to político. Algumas amplamente incorporadas à Constituição dos países que libertava; às vezes, 
seguindo tendências mais centralistas e autoritárias que, em parte, era uma opção baseada na 
experiência com a dificuldade de implantar o republicanismo nas regiões que se emancipavam.
Bolívar foi o principal líder do movimento de independência da América Espanhola. Ele tam-
bém participou ativamente na conquista definitiva da independência de Nova Granada, Vene-
zuela, Equador e Peru.
Homens como Simón Bolívar e San Martín (outro importante líder da luta contra a coloniza-
ção), muitas vezes, atuaram movidos mais por convicções ideológicas pessoais do que propria-
mente apoiados por determinados governos. O nível de participação de cada um deles é possí-
vel ser percebido ao se observar algumas das principais nuanças que marcam a independência 
de cada país.
As independências obtidas foram gradativas. Praticamente em nenhum lugar da América 
Espanhola a emancipação foi obtida de uma só vez. É comum, na historiografia, afirmações ta-
xativas dizendo exatamente quando a região se tornou independente; no entanto, em diversas 
situações as declarações de independência foram feitas apenas quando os patriotas tinham o 
controle parcial da região. 
1.6.2 A Independência Definitiva das Regiões e Futuros Países
Chile – Alguns exilados do Chile, que estiveram envolvidos na instalação da Junta em 1810, 
entre eles dois que a comandaram, José Miguel Carrera e Bernardo O’Higgins, se exilaram na Ar-
gentina, onde o argentino San Martín preparava uma expedição para tentar dominar o principal 
reduto dos realistas na América do Sul, o Peru. A convergência de interesses os levou a se unirem, 
pois, para Martín, o Chile era estratégico para a tentativa de tomar o Peru dos espanhóis.
Em 1817, quase três anos depois que a Junta do Chile havia sido eliminada pelo poder espa-
nhol, com um exército de cerca de 3500 homens, San Martín e outros patriotas entram e domi-
nam parte do país, incluindo Santiago. Por meio de uma assembleia, o poder é oferecido a Mar-
tín que, imediatamente, o repassa a O’Higgins, um de seus homens de confiança e comandante 
de uma das divisões da expedição militar.
O’Higgins declara a independência do Chile em 1818, atitude que poderia tranquilamente 
ter sido tomada no ano anterior, já que o panorama pouco se havia alterado. Alguns outros pon-
DICA
Assista ao filme “Liberta-
dor” que narra que, em 
mais de cem batalhas, 
lutou Simón Bolivar 
contra o imperialismo 
espanhol que estava 
instaurado na 
América do Sul. O 
venezuelano promoveu 
campanhas militares em 
um território duas vezes 
maiores do que Alexan-
dre, O Grande, fez.

Figura 14: Simón 
Bolívar, contemporary 
English stipple 
engraving. The Granger 
Collection, New York
Fonte: Disponível em 
<http://www.britan-
nica.com/EBchecked/
topic-art/72067/85095/
Simón-Bolivar-contempo-
rary-English-stipple-en-
graving>. Acesso em 14 
out. 2010.
27
História - História das Sociedades Americanas II
tos do Chile continuavam nas mãos dos realistas, que controlavam parte da região Sul e a ilha de 
Chiloé. Tais pontos de dissidência seriam dissipados apenas em 1820.
Venezuela – De forma semelhante ao Chile, a Venezuela tornou-se uma importante base 
para o combate às forças realistas na América do Sul, ainda que estivesse longe da emancipação 
completa. A tomada em 1817 da província de Angostura pelos patriotas fez da província a capital 
da renascente república venezuelana – é a partir dela, com sua privilegiada posição geográfica, 
que se tem fácil acesso, por meio de navegação, a outros redutos (existentes e futuros) patriotas 
na Venezuela ou em Nova Granada. Bolívar planejou e viabilizou muitas de suas ações a partir de 
Angostura.
No primeiro Congresso de Angostura, realizado em 15 de fevereiro de 1817, é redigida uma 
Constituição, a qual contava com algumas ideias políticas de Simón Bolívar. Ele, nesse momento, 
adotava uma postura mais conservadora, que tendia ao centralismo e, entre outras coisas, prega-
va a restrição do sufrágio. Focos de insurgência sempre existiram desde que a Venezuela havia se 
tornado república pela primeira vez, porém não eram fortes o suficiente para ameaçar o regime 
espanhol.
A declaração da independência da Venezuela ocorre alguns anos depois, em 1821. Foi re-
sultado da última campanha de Bolívar para dominá-la de vez, que teve seu ponto culminante 
na batalha de Carabobo, ao Sul de Valência, travada em junho desse mesmo ano, que destruiu o 
exército do general realista Miguel de la Torre. Alguns dias depois, Caracas é dominada.
Nova Granada (atual Colômbia) – As guerrilhas insur-
gentes também existiam em Nova Granada, e uma das mais 
importantes era a de Casanare, que conseguiu derrotar os 
espanhóis e assumir o poder em 1819. Enxergando-a como 
ponto estratégico, Bolívar enviou um dos seus homens de 
confiança, o general Francisco de Paula Santander para ex-
tinguir a possibilidade de contragolpe e instalar uma base 
de operações avançadas. Com a missão de Santander cum-
prida com sucesso, Bolívar pôde se desprender para o Oeste.
Três dias após a batalha de Boyacá, ocorrida em 07 de 
agosto de 1819, Bolívar e seus homens conquistam Bogotá, 
sem encontrar resistência. Os patriotas obtiveram o domínio 
sobre o centro de Nova Granada, e essa situação foi impor-
tante para o provimento de recursos materiais e humanos 
implementados na liberação do restante de Nova Granada 
e na ofensiva que seguiu rumo aos Andes venezuelanos 
e para o enfrentamento com as forças realistas de Quito e 
Peru (BUSHNELL, 2001).
A presença dos espanhóis, entretanto, não foi total-
mente extinguida de Nova Granada. Algumas regiões continuaram sob o jugo dos peninsulares 
e demorariam ainda vários anos para serem conquistadas. A província de Pasto, por exemplo, até 
1822 não havia sido pacificada.
As relações entre Nova Granada e Venezuela, muito em função da liderança militar e influên-
cia política costurada por Simón Bolívar, que transitava o tempo todo nos dois territórios, susci-
tava o interesse em juntar as duas regiões em uma só unidade federativa. O que foi concretizado 
durante o Congresso de Angostura, em 17 de dezembro de 1819, ocasião em que foi proclamado 
o nascimento da República da Grande Colômbia, unindo Venezuela e Nova Granada. Nos dois 
anos seguintes, se integraram a ela o Panamá e o Equador.
O congresso constituinte da Grande Colômbia aconteceu dois anos depois, em maio de 
1821, na província de Cúcuta, formalizando dispositivos constitucionais discutidos em 1819 no 
congresso de Angostura. Até então, tal como aconteceu anteriormente, nenhum representante 
do Equador compareceu. 
Ficou definido que Simón Bolívar era o Presidente da Grande Colômbia e Francisco de Paula 
Santander o Vice-Presidente, e a capital sendoBogotá. A Constituição adotada, fortemente cen-
tralista, rejeitava muitos dos princípios liberais – embora vários deles tenham sido mantidos por 
serem considerados por Bolívar como responsáveis pela degeneração de várias das repúblicas 
hispano-americanas.
A República da Grande Colômbia, porém, se desfez em 1829, dando origem aos atuais Es-
tados da Venezuela, Equador e Colômbia, com o Panamá permanecendo anexado a este último. 

Figura 15: A divisão 
da Grande Colômbia 
(1830)
Fonte: Disponível em 
<http://www.britannica.
com/EBchecked/topic-
-art/555844/1057/The-di-
vision-of-Gran-Colombia>. 
Acesso em 14 out. 2010.
28
UAB/Unimontes - 5º Período
Os muitos interesses divergentes internos, de ordem política, econômica e cultural contribuíram 
decisivamente para sua dissolução. 
Equador – Como em outros casos, a independência do Equador não se dá por completo 
imediatamente. Há um considerável espaço de tempo entre a conquista da emancipação de suas 
duas principais províncias. Guayaquil não precisou de ajuda militar dos patriotas, ela se autoli-
bertou dos espanhóis por meio de uma revolução interna. 
De qualquer forma, Bolívar achou prudente enviar seu principal tenente, Antônio José de 
Sucre, para salvaguardar a província de possíveis tentativas de contragolpe movidas pelos realis-
tas. Além disso, poderia empreender dali ações para a conquista de outros territórios. E foi exa-
tamente de Guayaquil que Sucre, no início de 1822, abriu uma das duas frentes planejadas para 
tomar Quito, enquanto Bolívar seguiu por outra rota, avançando pelo Sul de Nova Granada.
Enquanto os espanhóis enfrentavam as tropas comandadas por Bolívar, Sucre e seus ho-
mens avançavam rapidamente e, com o apoio de um contingente do exército de San Martín, 
venceram a batalha de Pichincha em 24 de maio de 1822, já bem próximo de Quito, o que levou 
os realistas a entregarem o poder sem a necessidade de um conflito armado na província (BUSH-
NELL, 2001). Com a vitória dos patriotas, Quito passou a integrar a Grande Colômbia, assim como 
aconteceu anos antes com Guayaquil, quando emancipada.
Panamá – No plano estratégico de Bolívar para tentar livrar o Equador dos espanhóis, es-
tava incluído abrir caminho pelo Panamá, região de forte presença dos realistas. Essa seria a 
primeira etapa, todavia não foi necessário. Numa convulsão interna, em novembro de 1821, os 
próprios panamenhos destituíram os espanhóis do poder. E assim que fica livre dos espanhóis, 
o Panamá se integra à Nova Granada (atual Colômbia). O Estado do Panamá apenas surgirá em 
1903, quando se torna independente da Colômbia, com o apoio dos Estados Unidos da América.
Peru – O obstinado José de San Martín, depois de ter liderado a ação armada que varreu o 
poder espanhol de quase todo o Chile em 1817, preparou-se para seguir em diante e concretizar 
aquele que era o seu grande objetivo: pôr fim ao principal reduto dos espanhóis na América do 
Sul, o Peru. Era de lá que os realistas organizavam seu exército para garantir o domínio da Coroa 
espanhola e suprimir os movimentos republicanos insurgentes.
Em 1820, San Martín havia começado a adentrar o território do Peru, quando eclode a Re-
volução Liberal na Espanha. Ele achou prudente esperar as definições do novo governo, assim 
podendo evitar um conflito armado de maiores proporções. Sabendo dos acontecimentos na Es-
panha, acreditava que os liberais almejavam um novo tipo de relação com a América Espanhola, 
uma política anticonflito. 
Enquanto mantinha certa trégua, Martín imaginou que, nesse ínterim, os peruanos pudes-
sem ficar entusiasmados com a possibilidade de alcançar a independência. De fato, sua presença 
contribuiu para isso. A situação do Peru contribuiu para tal desenlace, visto que havia um cres-
cente descontentamento emergido nos últimos anos em relação à Coroa espanhola. No final de 
1820, várias cidades costeiras do norte aderiram à causa dos patriotas (BUSHNELL, 2001). 
Na capital, Lima, embora uma possível resistência tenha sido esboçada inicialmente, antes 
mesmo de San Martín chegar com sua tropa, os realistas abandonaram a cidade e se refugiaram 
na região da serra peruana, deixando assim o caminho livre para que Martín entrasse em Lima 
sem encontrar resistência e proclamar a independência do Peru, em 28 de julho de 1821. Ele con-
cordou em assumir interinamente a posição de chefe do Peru.
Quase um ano depois, num encontro com Bolívar na con-
ferência de Guayaquil, em julho de 1822, Martín decidiu aban-
donar a posição de chefe do Peru, partindo para o autoexílio 
na Europa. Este é um episódio que, até hoje na historiografia, 
pouco se sabe sobre as motivações que levaram à sua retirada.
As reformas implementadas no Peru afetaram a popula-
ridade de San Martín, o qual já se posicionava a favor de um 
regime político baseado numa monarquia independente. Sem 
Martín, o único líder com carisma e força para dar conta da di-
fícil situação do Peru, era Simón Bolívar. Quando estava no co-
mando do Peru, Martín não enfrentou o forte foco realista ins-
talado na serra peruana, tarefa que Bolívar cumpriu.
Ao ser convocado pelo congresso, Bolívar desembarca 
no Peru em 1823. Depois de uma breve tentativa dos realis-
ATIVIDADE 
As fronteiras políticas e 
territoriais não são es-
tanques, são suscetíveis 
a mudanças, e várias 
delas ocorrem ao longo 
do tempo.
Procurem comparar, 
sempre que possível, 
os mapas de diferentes 
períodos históricos. 
Eles nos dizem muito 
sobre as configurações 
e disputas políticas no 
mundo.
DICA
José Francisco de San 
Martín y Matorras 
(Yapeyú, 25 de fevereiro 
de 1778 - Boulogne-
sur-Mer, 17 de agosto 
de 1850) foi um general 
sul-americano cujas 
campanhas foram de-
cisivas para as declara-
ções de independência 
da Argentina, do Chile e 
do Peru.
O ano de seu nascimen-
to é discutido, e não 
existem documentos 
de batismo, sendo 
que outros (tais como 
passaportes, arquivos 
militares, casamento, 
etc.) são inconsistentes 
quanto à sua idade. A 
maioria desses docu-
mentos aponta para o 
ano de seu nascimento 
como 1777 ou 1778.
Figura 16: José de 
San Martín, detalhes 
de um retrato por F. 
Bouchot; no Museu de 
West Point, Nova York
Fonte: Disponível em 
<http://www.britannica.
com/EBchecked/topi-
c-art/521474/14050/Jose-
de-San-Martin-detail-o-
f-a-portrait-by-F>. Acesso 
em 14 out. 2010.
►
29
História - História das Sociedades Americanas II
tas em voltar ao poder, chegando a dominar Lima indiretamente, Bolívar assume a liderança e 
rapidamente retoma o controle. E não para por aí: parte para dominar de vez as partes do Peru 
que os realistam insistiam em dar as cartas, inclusive a serra. Ele permaneceu em Lima para 
varrer definitivamente os realistas da cidade, enquanto Sucre seguiu com a campanha que cul-
minou com a famosa batalha de Ayacucho, que resultou na emancipação da província em 09 
de dezembro de 1824. Foi um confronto de grandes proporções, o vice-rei José de la Serna 
conduzia nada menos que cerca de 7 mil homens armados (BUSHNELL, 2001, p. 173-174).
Ficou faltando apenas libertar o Peru e El Callao, o que ocorreu respectivamente em 1825 e 
1826.
Alto Peru (atual Bolívia) – Entre 1809 e 1810, duas Juntas governativas surgiram no Alto 
Peru. Os realistas, todavia, as destituíram. Mas, logo na sequência, os argentinos chegaram e ten-
taram extirpar os espanhóis do poder.
Especialmente por motivações econômicas, os patriotas do Rio da Prata logo se empenha-
ram em assegurar o domínio sobre o Alto Peru, que tinha regiões como a de Potosí, produtora de 
prata. Nos meses finais de 1810, além de Potosí, foram dominadas também Chuquisaca e La Paz. 
Contudo, demorou pouco para que os realistas tentassem reconquistar essas regiões. Em junho 
de 1811, foram retomadas pelas forças realistas comandadas

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