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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I, PERGUNTAS E RESPOSTAS, DE 29 FEVEREIRO 2020

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1 O que deve ser considerado para a aferição de que a duração do processo foi razoável? 
RESPOSTA:
A duração razoável do processo não se confunde com a celeridade processual, sendo legítimo considerar que o processo pode não ser célere, mas deve demorar o tempo estritamente necessário para a entrega de tutela jurisdicional de qualidade. Para aferição de eventual demora excessiva, deve-se considerar a complexidade da causa, a postura dos litigantes e de seus patronos, a estrutura e o volume de trabalho do órgão jurisdicional.
14 Há violação ao princípio do contraditório se o autor juntar documento aos autos e o juiz sentenciar o processo sem a oitiva prévia do réu? 
RESPOSTA: 
Nesse caso, a violação ao contraditório dependerá do teor da decisão proferida. Caso o julgamento seja de procedência do pedido, o princípio restará violado porque a decisão proferida prejudicou o réu sem sua oitiva prévia. Por outro lado, caso o julgamento seja de improcedência, não tendo o réu sucumbido, não haverá qualquer violação ou, ainda que se entenda pela violação, aplicar -se-á a teoria do contraditório inútil para afastar a decretação de nulidade da decisão. Mesmo na primeira situação o documento deve ter sido essencial à fundamentação do julgamento, aplicando -se ao caso o princípio da instrumentalidade das formas, ou seja, não se considerando a decisão nula se não for provado o efetivo prejuízo do réu. 
16 O juiz pode sentenciar a demanda com base em fundamento jurídico diverso daquele indicado pelo autor em sua petição inicial? 
RESPOSTA: 
Em razão da aplicação das regras do iura novit curia e do dahim factum dabo tibi ius, é permitido ao juiz embasar sua decisão em fundamento jurídico distinto daquele constante da causa de pedir. Essa decisão, entretanto, será nula se o juiz não intimar as partes e lhes der prévia oportunidade de manifestação sobre a fundamentação jurídica que será utilizada no caso concreto. Injustificáveis, portanto, os Enunciados 01 e 06 da ENFAM. Há quanto ao tema interessante precedente do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que fundamento legal (indicação de artigo de lei) não se confunde com fundamento jurídico (liame jurídico derivado do ordenamento jurídico entre os fatos e o pedido), sendo que a previsão do art. 10 do Novo CPC não exige a prévia intimação das partes quando a decisão se limitar a indicar artigo de lei distinto do indicado pelo autor (STJ, 4ª Turma, AgInt no 77 AREsp 1.124.598/ SE, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 05/12/2017, DJe12/12/2017). É possível concluir-se do precedente que a utilização de diferente fundamento jurídico na decisão exige a intimação prévia das partes nos termos do art. 10 do Novo CPC.
20 O juiz que se limita a copiar texto legal para fundamentar sua decisão profere decisão nula?
RESPOSTA: 
 A decisão é nula por violação ao art. 489, § 1º, I, do Novo CPC, porque o juiz, quando se vale de texto legal para fundamentar sua decisão, tem o dever de consignar sua correlação com o caso concreto. Não há, naturalmente, problema de o juiz se valer de dispositivo legal como razão do decidir, mas a explicação de como ele se aplica ao caso concreto é exigência de fundamentação válida.

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