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Aula - Petição Inicial

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PETIÇÃO INICIAL
	Para que a atividade jurisdicional (composição de lide) seja exercida é necessário que o interessado provoque-a, pois prevalece o "princípio da inércia".
	A petição inicial é o instrumento pelo qual o interessado invoca a atividade jurisdicional, fazendo surgir o processo.
	O interessado formula sua pretensão, em busca de uma tutela jurisdicional.
	A Petição Inicial é um documento escrito (ou digital) elaborado pelo advogado para defender e reivindicar os direitos de um cidadão ou instituição perante o Poder Judiciário, em face de outra pessoa (física ou jurídica) que responderá a ação ou processo judicial.
	A petição inicial também é chamada de peça vestibular ou peça exordial, é uma peça processual que inaugura o Processo Judicial, ou seja, dá origem a demanda ou ação judicial.
	A petição deve ser assinada por quem tenha capacidade postulatória.
	Requisitos da Petição Incial
1. Endereçamento - Toda petição começa com o endereçamento, ou seja, a indicação de quem é que deverá analisar a peça.
	
	Exemplos:
	Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____ Vara Cível da Comarca de Rio Branco – Acre.
	Douto Juízo da ____ Vara Cível da Comarca de Feijó – Acre.
	Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz do Trabalho da ___ Vara do Trabalho de Rio Branco – Acre.
	Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ____ Vara Cível Federal da Subseção Judiciária de Rio Branco – Acre.
	Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do Juizado Especial Cível da Comarca de Rio Branco – AC.
	 Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal do Juizado Especial Federal de Rio Branco - AC.
	
	.
	Para saber qual o endereçamento da petição inicial, deve o advogado, previamente, conhecer o juízo competente para julgar a causa em discussão
	Quando a causa tiver de ser ajuizada diretamente perante o Tribunal ou quando se tratar de um recurso a ser distribuído diretamente no Tribunal, o endereçamento pode ser assim realizado:
	Excelentíssimo Senhor Doutor Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Acre.
	Excelentíssimo Senhor Doutor Presidente do Egrégio Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
2. Qualificação das partes : Os nomes, prenomes, estado civil, existência de união estável, profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas físicas ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e residência do autor e do réu;
Exemplos:
	Odin Gomes, brasileiro, casado, eletricista, RG n.º 123, SSP/MT, inscrito no CPF sob o n.º 123.456.789-10, residente e domiciliado na Rua Y, nº 15, Bairro Gatilho, nesta cidade, com endereço eletrônico Odin_lindão@hotmail.com, por seu advogado que esta subscreve (doc. 01 ou procuração em anexo), vêm à presença de Vossa Excelência, com o respeito devido, propor a presente:
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS
 em face de Lindemberg Alves, brasileiro, solteiro, RG nº 84568, SSP/MG e CPF nº 856.987.254-05, residente e domiciliada na Rua Peixoto, nº 541, Bairro Mococa, nesta Capital, com endereço eletrônico desconhecido, tendo em vista os seguintes fatos ocorridos, amparados pelos fundamentos à seguir:
3. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido
	O que são fatos? são os eventos ou acontecimentos que originaram o conflito, ocorridos no plano material (causa de pedir remota).
	Ao se narrar o quadro fático na peça vestibular, atente para os seguintes elementos narrativos: 
	quando (define os acontecimentos no tempo); 
	onde (situa os fatos em algum lugar ocorrido); 
	quem (especifica as pessoas participam dos fatos expostos);
	o quê (equivale o enredo da narração);
	como (são os pormenores da forma que os fatos ocorreram);
	porquê (motivações que deram origem aos acontecimentos);
	por isso (consequências desses fatos).
	
	Já nos fundamento jurídicos entende-se a conseqüência jurídica pretendida pelo autor decorrente exatamente dos fatos anteriormente narrados. (causa de pedir próxima).
Exemplo: em uma ação de indenizatória decorrente de acidente de veículo automotor:
Os fatos vão indicar quando, onde e como se deu o acidente e as consequências que dele advieram.
O fundamento jurídico será o dever de indenizar (responsabilidade civil), pela circunstância de que, se alguém provoca algum dano, deve repará-lo. 
Assim, se o réu estava em alta velocidade, em um dia chuvoso, e causou a colisão (fatos), cometeu um ato ilícito, razão pela qual surgiu o dever de indenizar os prejuízos causados (fundamento jurídico).
A linguagem usual no momento do relato dos fatos ( e em toda escrita forense, de modo geral) é a utilização da terceira pessoa.
Importa frisar que, no tocante aos fundamentos jurídicos, a previsão do CPC não exige a indicação do dispositivo legal (artigo de lei).
Fundamento jurídico (consequência jurídica dos fatos narrados) não é sinônimo de dispositivo ou fundamento legal (artigo de determinado ato legislativo, seja Código ou lei extravagante).
 
4. O pedido com as suas especificações
O pedido é o “ para quê” se busca o judiciário.
O pedido deve ser certo e determinado. (arts. 322 e 324)
A certeza do pedido diz respeito à providência jurisdicional pleiteada, ao verbo que será utilizado na redação da
peça: no pedido deve-se fazer menção a condenar, declarar ou constituir.
A determinação do pedido diz respeito ao complemento do verbo, ao bem da vida: ao pedir a condenação (certeza do pedido), deve-se indicar de quanto/qualidade se quer a condenação.
É o núcleo da petição inicial, que exprime aquilo que o autor pretende do Estado frente ao réu.
	Quando o autor na inicial faz aparentemente um pedido, na realidade, estará fazendo dois: 
um pedido imediato, ou seja, aquilo que ele pretende do Estado, a tutela jurisdicional; 
Deve-se postular a "PROCEDÊNCIA DO PEDIDO com a condenação, declaração, constituição, etc", dependendo do tipo de ação proposta, e não, simplesmente, fazer o pedido mediato diretamente, como fazem muitos advogados. 
Por exemplo: ao invés de colocar na peça que: pede a condenação do réu ao pagamento de..., deve-se pedir a procedência total do pedido, para consequentemente condenar o réu ao pagamento do valor de tanto, acrescidos de juros legais e correção monetária.
um pedido mediato, ou melhor, o que quer receber do adversário, o bem da vida. 
	Os dois pedidos devem constar expressamente da peça, sendo que, para o segundo, há necessidade de uma atuação muito cuidadosa do advogado do autor, pois o pedido, delimita a sentença, ou seja, a resposta que o Estado pode dar; portanto, pedir adequadamente significa receber o que se pretende.
	Assim, ao formular o pedido, o subscritor deve pleitear:
	um provimento jurisdicional (condenação, declaração ou constituição – o chamado pedido/objeto imediato) e
	na sequência, o bem da vida pretendido pelo autor (a quantia em dinheiro, a coisa a ser entregue – o denominado pedido/objeto mediato)
	
Há situações em que, mesmo que o autor não tenha formulado pedido, é possível que o juiz se manifeste acerca de determinados pontos.
São os chamados pedidos implícitos ( situações em que o pedido não precisa estar expresso):
Art. 322, § 1º
Art. 323
	Temos ainda o que chamados de pedido genérico – são pedidos que inicialmente não podem ser determinados – art. 324, §1º.
	
	A legislação também permite que, em uma mesma petição inicial, haja a formulação de mais um pedido, ainda que entre eles não haja conexão.
	Trata-se da denominada cumulação de pedidos; para que isso seja possível, é necessário, segundo o CPC, art. 327, que:
Os pedidos sejam compatíveis;
O mesmo juízo seja competente para apreciar ambos os pedidos;
As causas tenham o mesmo procedimento.
	Em relação ao pedido cumulado, o CPC fala sobre o pedido alternativo – quando pela natureza da obrigação o devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo – art. 325. 
	Cumulação alternativa de pedidos – art. 326, parágrafo único – o autor formula mais de um pedido para que o juiz acolha qualquer um deles, sem ordemde preferência (rescisão contratual ou indenização)
	Temos ainda o pedido sucessivo, nessa situação o autor requer ao juiz que acolha um pedido posterior na hipótese de não acolher um pedido anterior – art. 326. Pede-se “A”, que é o pedido principal; se ele não puder ser concedido, pede-se então “B”, o pedido subsidiário. Exemplo: anulação de casamento ou, na impossibilidade de acolhimento do pedido principal, divórcio
	 	Cumulação sucessiva de pedidos – o autor requer ao juiz que acolha um pedido posterior na hipótese de acolher um pedido anterior. Apenas se procedente o primeiro pedido, é possível passar para a apreciação do segundo. Ex: investigação de paternidade e, caso esse pedido seja acolhido, alimentos.
	Atenção:
	 Pedido é diferente de requerimento!!! Vejamos: 
	 Do ponto de vista técnico, “pede-se” uma providência, enquanto “se requer” uma diligência, algo concreto da serventia judicial.
	A partir dessa lógica, aquilo que, para ser atingido, necessitar de um ato material, no mundo dos fatos (a ser realizado pela parte, por oficial de justiça ou outro auxiliar do juízo) será requerido. Uma dica para perceber tal ocorrência situa-se no fato de que, geralmente, é o cartório ou um auxiliar do juízo quem providencia tal realização .
	Assim:
	requer-se a citação, 
	requer-se a juntada de documento, 
	requer-se a intimação do MP, 
	requer-se a expedição de mandado de citação.
	Por outro lado:
	pede-se a condenação do réu para indenizar o autor, pede-se a declaração de nulidade do contrato, 
	pede-se a desconstituição do vínculo matrimonial, 
	pede-se a condenação do réu ao pagamento do ônus da
sucumbência. 
	Tais providências, por certo, competem ao magistrado e não a seus auxiliares.
Assim, ao se elaborar o tópico “do pedido” em uma petição inicial, na verdade apenas o objeto mediato/imediato e a condenação em honorários é que, propriamente, serão pedidos. Os demais pleitos serão requerimentos. 
5. Valor da causa
Toda causa cível, contenciosa ou não, qualquer que seja a discussão, deverá mencionar o valor da causa.
Dá-se a causa o valor de R$ XX. XXX, 00 (deve corresponder ao valor pretendido no pedido de indenização).
O valor da causa é de indicação obrigatória, conforme prevê o artigo 291.
 A fixação deste valor servirá para: 
a) base de cálculo de taxa judiciária e custas de distribuição; 
b) indicar se o procedimento é o dos Juizados Especiais, Estaduais e Federais; 
c) poderá servir, inclusive, como base para fixação dos honorários, conforme art. 85 do CPC/15.
A legislação não é exaustiva, na previsão de como será fixado o valor da causa, mas, no artigo 292, encontram-se algumas possibilidades, bem como em legislações esparsas, como é o caso da de locações, a Lei 8,245/91, em seu artigo 58, inciso III. 
Caso o autor não fixe corretamente o valor da causa, o juiz poderá determinar a correção de ofício ou o réu impugnar o valor dado. 
6. Requerimento de provas
As provas tem por objetivo formar o convencimento do juiz quanto aos fatos trazidos pelas partes.
O ônus da prova é de quem faz as alegações (art. 373, CPC)
Exemplo de como escrever na petição inicial:
Pretende-se provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, em especial, pelos documentos acostados à inicial, por testemunhas a serem arroladas em momento oportuno e novos documentos que se mostrarem necessários. 
7. Opção pela audiência de conciliação/mediação
	A audiência não será realizada:
se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual;
quando não se admitir a autocomposição.
	O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição;
	O réu deverá indicar seu desinteresse, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência;
	 Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por todos os litisconsortes.
8 – Outros requisitos da PI
	Indicação do endereço do advogado quando postular em causa própria – art. 106
	Juntar a procuração – art. 287
	Juntar as guias de recolhimento de custas – art. 290
	Juntar os documentos essenciais à causa – art. 320
Caminhos do Juiz após a PI
1. Determinar a emenda da petição inicial
	O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.
	Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.
2. Indeferir a petição inicial
A petição inicial será indeferida quando:
	for inepta;
lhe faltar pedido ou causa de pedir;
o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico;
da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
contiver pedidos incompatíveis entre si.
	a parte for manifestamente ilegítima;
	o autor carecer de interesse processual;
	não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.
	Recurso cabível do indeferimento da petição inicial: apelação, podendo o juiz retratar-se no prazo de 05 dias.
Petição inicial
Despacho mandando emendar ou completar a inicial
Inércia do autor
Indeferimento da petição inicial
Apelação
Juiz pode se retratar em 05 dias
Havendo retratação
Não Havendo retratação
Citação do réu para audiência do art. 334
Citação do réu para responder ao recurso
Remessa ao TJ
Prosseguimento do rito comum
3. Julgar improcedente liminarmente a ação – art.332
	Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
	enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
	acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
	entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
	enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
	O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.
Recurso cabível: Apelação
Petição inicial
Julga improcedente a petição inicial
Apelação
Juiz pode se retratar em 05 dias
Havendo retratação
Não Havendo retratação
Citação do réu para audiência do art. 334
Citação do réu para responder ao recurso
Remessa ao TJ
Prosseguimento do rito comum
4. Determinar a citação do réu para audiência de conciliação/mediação, nos termos do art. 334.
	Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.
	Referências:
	https://www.peticoesonline.com.br/blog/significado/o-que-e-uma-peticao-inicial
	Manual de prática civil / Fernanda Tartuce, Luiz Dellore. – 14. ed., rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018.

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