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Livro- Texto - Unidade II - Introdução a Teoria do Estado

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Unidade II
Unidade II
3 FORMAS DE ESTADO E DE GOVERNO
3.1 Formas de Estado
Dentre as diferentes possibilidades de constituição do Estado, sob o prisma jurídico/político, podemos 
mencionar:
• Estado de monarquia limitada;
• Estado absolutista;
• Estado constitucional;
• Estado de direito;
• Estado democrático de direito.
Se, porém, estivermos preocupados com a intensidade da intervenção do Estado na vida social, 
econômica e política, podemos distinguir os tipos:
• Estado liberal;
• Estado de bem‑estar social;
• Estado intervencionista;
• Estado desenvolvimentista.
Pelo lado da intensidade da intervenção do Estado na vida social, econômica e política, podem ser 
constatados, por exemplo, os tipos:
• Estado mínimo;
• Estado totalitário.
Partindo para o Estado de direito, reconhece‑se a supremacia da lei sobre a autoridade política, 
dentro dos princípios do liberalismo, como legalidade, divisão de poderes, garantias individuais etc. 
Procura‑se assegurar garantias da ação dos indivíduos em relação à atuação desproporcional do Estado.
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INTRODUÇÃO À TEORIA DO ESTADO
Entre as formas de constituição, podemos identificar o Estado unitário, constituído por um único 
poder central, responsável pelas atribuições políticas. Nele, há a unidade do sistema jurídico.
Nessa forma de Estado não existem coletividades inferiores com organismos e competências próprias, 
dado que elas obedecem estritamente às ordens recebidas do poder central.
Essa forma unitária de Estado não se confunde com o autoritarismo, pois nem sempre há o exercício 
arbitrário de poder. São exemplos de Estados unitários a França e a Suíça.
O Estado federal é outra forma de constituição do Estado, possuindo vários centros de poder que 
atuam de forma autônoma, distribuídos entre as suas unidades.
As unidades possuem autonomia política, sem, contudo, exercer a soberania, que é prerrogativa do 
poder central, têm renda própria e administram livremente os seus recursos desde que satisfaçam seus 
deveres tributários. Possuem constituições próprias, que especificam as atribuições de cada uma delas, 
a divisão de funções e as responsabilidades para com a sociedade.
A origem do primeiro Estado federal ocorreu no século XVIII, com a criação dos Estados Unidos da 
América.
Alexis de Tocqueville (1805–1859), pensador que influenciou de forma decisiva os rumos da nova 
nação, concordava que a descentralização feita propositalmente contribuiria para o fortalecimento dos 
governos locais.
Com a descentralização do poder político, há uma repartição de competências entre o órgão central 
(União) e as unidades regionais (membros). É o caso, também, do Brasil, em que os estados e municípios 
são unidades que fazem parte da Federação.
 Observação
A Constituinte de Filadélfia, responsável pela instituição do regime 
federalista dos Estados Unidos da América, explicita que as unidades 
integrantes da União seriam denominadas estados‑membros, com 
autonomia de direito público interno, mas seria privativa da União a 
soberania interna e internacional.
Por evitar a concentração de poder, muitos creem que a Federação auxilia a manutenção da 
democracia.
Outros estudiosos, porém, alegam que a Federação conduz a estados mais frágeis, dada a pulverização 
do poder.
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Unidade II
3.2 Formas de governo
As formas de governo determinam as variadas maneiras pelas quais os órgãos do Estado se estruturam 
para o exercício do poder. Apresentam diferentes particularidades em cada Estado.
Podemos, em linhas gerais, considerar:
• governo de um só dirigente: observado tanto na monarquia quanto na tirania;
• governo exercido por muitos: democracia, em suas versões legal e arbitrária.
 Observação
Para Aristóteles, o governo é considerado puro se o seu objetivo é o 
atendimento ao interesse geral do povo, e impuro quando se afasta das 
boas práticas destinadas ao conjunto dos cidadãos.
Maquiavel dissocia a questão de moral da definição e caracterização de governo. Para ele, somente 
são possíveis, no Estado moderno, as formas de governo representadas república e monarquia.
3.3 Democracia
A democracia pode ser definida como o regime de governo que garante ao povo o respeito aos 
direitos e garantias fundamentais e cujo objetivo é, acima de tudo, o bem comum. Distingue‑se de 
outras formas sociais e políticas por se constituir no único regime em que o conflito é considerado 
legítimo, em que interesses convergentes e divergentes são reconhecidos, respeitados e analisados.
Tendo como seu berço a Grécia Antiga, em que o conceito de povo era, contudo, bem restrito, 
desenvolveu‑se ao longo do tempo até chegarmos à época atual em sua versão representativa.
Nos dias atuais, podemos enxergar a democracia como um confronto com os regimes e governos 
autoritários. Nestes últimos, há uma tendência de o poder político tornar‑se maior, apoderando‑se de 
parcela significativa da sociedade, afetando a vida dos indivíduos e suas respectivas comunidades.
Como veremos ao longo deste texto, a democracia tem origem nos três grandes movimentos 
humanos dos séculos XVII e XVIII:
• revoluções inglesas, que resultaram no Bill of Rights de 1689 e objetivavam a limitação do poder 
estatal e a afirmação dos direitos individuais do povo;
• Revolução Americana de 1776, que pregava a supremacia da vontade popular e permanente 
sobre o governo;
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• Revolução Francesa de 1789, com a oposição aos governos absolutos e a ideia de lei como 
expressão da vontade geral.
Esses eventos disseminaram ao mundo os princípios democráticos:
• soberania popular: a fonte de poder deve emanar exclusivamente do povo;
• participação do povo no governo;
• liberdade dos homens: deve ser garantida pelo próprio Estado;
• igualdade entre todos os homens: sem distinção, de qualquer espécie.
Por outro lado, o poder exercido pelo povo pode ser caracterizado como direto, semidireto ou indireto.
A democracia direta é exercida por todos os cidadãos, que podem expressar suas ideias sem a 
necessidade de recorrer a representantes.
A semidireta, por outro lado, é a forma na qual o povo manifesta as suas opiniões e interesses por 
meio de alguns instrumentos desenvolvidos para esse intuito, como:
• referendum: tipo de consulta à opinião popular a propósito da aprovação ou reprovação de certo 
ato normativo (constitucional, ordinário ou qualquer ato que implique interesse público);
• plebiscito: consulta, tal como o referendum, porém realizada previamente e visando à elaboração, 
posteriormente, de qualquer nova lei ou reforma;
• iniciativa popular: eleitores, constituídos em certo número, podem propor projetos de lei, como 
emenda à Constituição em vigor no país;
• veto popular: semelhante ao referendum, quando os eleitores desejam que determinado projeto, 
aprovado pelo Legislativo, seja submetido à sua aprovação, o qual fica suspenso até que ocorra a 
manifestação popular;
• recall: permite a revogação da eleição de legisladores e funcionários públicos e/ou reformular 
uma decisão judicial que tenha apreciado a constitucionalidade de uma determinada lei.
A democracia representativa surgiu com o intuito de facilitar a manifestação da vontade popular 
em sociedades cada vez mais complexas. É conhecida como indireta. Nela, os cidadãos escolhem, dentreeles, aqueles que irão atuar em funções públicas.
Os representantes são escolhidos em eleições livres e periódicas, via sufrágio universal. O eleito 
deverá atuar em consonância com os cidadãos que os elegem.
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 Observação
John Stuart Mill, tido como um maiores teóricos de política, considerava 
que o melhor tipo de governo é o representativo, mas que ele é útil 
basicamente para as pessoas civilizadas e refinadas, com condições de 
assumirem as responsabilidades por seus próprios problemas.
O governo representativo de Mill pode ser entendido como o mesmo que o parlamentar, em que 
o Executivo deve ser escolhido periodicamente por uma assembleia representativa perante a qual será 
responsável.
Mill entendia que o governo representativo encorajava a reflexão crítica, a responsabilidade e a 
participação dos cidadãos comuns, tendendo a desenvolver indivíduos autoconfiantes e uma comunidade 
em que todos os participantes se vejam obrigados a defender a ordem, o progresso e a estabilidade.
Admitia, contudo, problemas também com esse tipo de governo, cristalizados no que denominava 
a tirania da maioria. “Quando um governo depende da vontade meramente numérica da maioria, será 
inevitável o triunfo da mediocridade e da ignorância sobre a educação e o esclarecimento” (ADAMS; 
DYSON, 2006, p. 119).
 Saiba mais
Leia o texto a seguir:
MARCO Maciel destaca consolidação da democracia. Agência Brasil, 
8 jul. 2002. Disponível em: <http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/
noticia/2002‑07‑08/marco‑maciel‑destaca‑consolidacao‑da‑democracia>. 
Acesso em: 2 maio 2014.
Nele, o ex‑vice‑presidente Marco Antonio Maciel afirma que o Brasil é uma 
democracia consolidada e robusta, com sólidos fundamentos econômicos.
 Lembrete
O movimento das Diretas‑Já, no Brasil, em 1984, alvo de reflexões no 
momento da escrita deste livro‑texto pela comemoração de seus 20 anos, 
constituiu‑se num dos melhores exemplos de perseguição da democracia 
pela sociedade. Desde 1964, com a chegada do regime militar, o povo 
brasileiro não contava com a possibilidade de eleger o seu presidente.
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Apesar de derrotado no Congresso, o desdobramento dessa mobilização 
propiciou a eleição indireta do primeiro presidente civil (Tancredo Neves) 
após 1964 e, posteriormente, as eleições diretas realizadas no final de 1989.
3.4 Autocracia
A designação “autocracia” tem origem grega e significa o governo de um indivíduo ou de classe 
social detentora do poder.
Em um governo autocrático, o líder controla toda a administração e é livre para tomar as medidas 
que julgar necessárias para o seu objetivo de garantir o atendimento às necessidades públicas e/ou as 
de seu próprio interesse.
Apesar de haver uma certa confusão sobre o assunto, é importante salientar que nem sempre uma 
monarquia é necessariamente uma autocracia. Somente é autocrata uma monarquia absolutista quando 
não há força social que seja capaz de limitar o alcance de suas ações e seus poderes políticos.
E, evidentemente, a autocracia não permite a participação popular nas decisões.
O sentido político da autocracia pode ser restrito ou amplo. No primeiro caso há uma personalização 
do poder, ou seja, é o caso dos exemplos históricos de monarcas autocratas.
A autocracia pode ocorrer sem a figura de um rei ou imperador, e um bom exemplo disso é a 
Alemanha do século XX e o governo autocrata de Adolf Hitler.
 Lembrete
A superioridade da sociedade em relação ao indivíduo não pode ser 
completa, de forma a não permitir que sejam alcançados os fins ou objetivos 
sociais, isto é, o atendimento das necessidades individuais.
Entre os regimes que seguem essa orientação extrema, os exemplos mais notórios são os identificados 
com o nazismo e o fascismo.
 Observação
No fascismo, tudo deve ser resolvido pelo Estado e para o Estado.
Suas trajetórias indicam que representam um inegável prejuízo às liberdades individuais.
Outra forma de constituição do Estado é a anarquia, em há a exacerbação da autocracia e é frágil o 
controle atribuído e exercido por um Estado sobre um determinado grupo social.
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3.5 Monarquia
Muitos autores argumentavam que os reis tinham o direito de governar que lhes fora 
entregue diretamente por Deus. Outros entendiam que esse direito à nobreza era estabelecido 
desde o nascimento do soberano. Locke, por outro lado, entendia que tais poderes precisariam 
ser limitados, embora também concordasse com Hobbes que era necessário o estabelecimento 
de um contrato/pacto entre os governantes e os governados que precisaria ser cumprido de 
parte a parte.
A monarquia constitucional surgiu com as ideias predominantes na Revolução Inglesa de 1648.
Entre as características marcantes de uma monarquia, podemos considerar:
• vitaliciedade: não há tempo determinado para o exercício do poder pelo soberano;
• hereditariedade: o cargo do soberano se deve a questões genealógicas, familiares;
• irresponsabilidade: o soberano não tem a obrigação de explicar suas decisões e atitudes para a 
população.
Na atualidade, são exemplos de Estados Monárquicos: Espanha, Inglaterra, Arábia Saudita e Tailândia.
Tido como um dos maiores defensores da democracia, Alexis de Tocqueville temia, porém, que esse 
regime pudesse favorecer a instituição de um governo distante e centralizado, que alienaria o indivíduo 
da política. Ele julgava que a democracia poderia estimular o desenvolvimento de uma mentalidade 
individualista. Seu medo era expresso no efeito que a opinião majoritária poderia provocar na sociedade, 
como um todo.
Um governo ao qual as pessoas comuns se entregam confiantemente, sem 
pensar ou sem se interessar por suas ações, poderá tornar‑se um novo tipo 
de despotismo, capaz de solapar não apenas a liberdade, mas também o 
próprio desejo de liberdade (ADAMS; DYSON, 2006, p. 114).
 Observação
Tocqueville pode ser considerado o primeiro notável estudioso das 
questões políticas a perceber um novo mundo, ao conhecer a América do 
século XIX, e considerá‑la como o modelo que entendia ser o da ordem 
política e social do futuro.
Ele estava convicto de que o domínio das velhas aristocracias na Europa 
era coisa do passado.
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3.6 República
A república representa a forma em que o povo é o soberano e surge em função das constantes lutas 
sociais contra a monarquia.
 Observação
A expressão “res publica” significa coisa pública.
São exemplos de governos republicanos: França, Alemanha, Egito, Venezuela, Brasil, China e Estados 
Unidos.
Entre as características de uma república, podemos indicar:
• responsabilidade: é limitado o poder dos governantes que devem prestar contas de seus atos 
(processo denominado accountability), considerando que o poder é exercido em nome do povo 
que representa;
• temporalidade: o mandato é exercido em um período determinado;
• eletividade: governantes são escolhidos pelo povo, periodicamente.
3.7 Parlamentarismo
Surgiu na Inglaterra, a partir dos desdobramentos e da evolução de estágios anteriores, ainda na 
Idade Média.
Sua característica fundamental é a distinção estabelecida entre a atuação e os poderes do rei e do 
primeiro‑ministro. O primeiro é o chefe de estado e o segundo, o de governo. Deve existir um controle 
e colaboração mútua entreos poderes Executivo e Legislativo.
As decisões políticas são de alçada do chefe de governo, que representa o Poder Executivo.
Normalmente, o primeiro‑ministro é indicado pelo chefe de estado e submetido à aprovação do 
Parlamento.
O chefe de governo pode ser responsabilizado por suas decisões e procedimentos, sendo passível de 
demissão pelo Parlamento. Ao chefe de estado cumpre a representação da sociedade política.
Além da Inglaterra, são exemplos de parlamentarismo o Japão e a Itália.
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3.8 Presidencialismo
O presidencialismo destacou‑se a partir da oposição à Coroa Britânica que resultou na formação dos 
Estados Unidos da América e, neste caso, os chefes de estado e de governo são representados por uma 
única pessoa, com forte papel político na sociedade.
As diretrizes do poder executivo são estabelecidas pelo presidente, que conta com um corpo de 
auxiliares (os ministros), por ele escolhidos e que podem ser destituídos do cargo por sua deliberação.
A escolha do presidente, com mandato determinado, é feita pela maioria da votação, direta ou indireta.
Outra importante característica desta forma de governo é o poder de veto do presidente no processo 
legislativo. Os projetos de lei são encaminhados ao presidente para sanção/aprovação ou veto. Se houver 
a sanção, o projeto seguirá seu curso até a publicação da lei. No caso do veto, o projeto é devolvido ao 
Poder Legislativo, para análise, e este poderá aceitar ou rejeitar o veto, em votação especial.
O presidente pode, também, enviar seus próprios projetos ao Legislativo, quando serão discutidos e 
votados.
Muitos entendem que o presidente, na verdade, se assemelha a um tirano ou monarca com prazo 
fixado, dado que o seu poder somente pode ser retirado na prática de atos criminosos – processo 
conhecido como impeachment, como ocorreu com o ex‑presidente brasileiro, Fernando Collor de Mello, 
em 1992.
Em prol do presidencialismo é considerada a rapidez na tomada de decisões e consequente execução. 
É também considerada a unidade de comando, que permite uma melhor e mais eficiente utilização dos 
recursos do Estado.
 Lembrete
A república brasileira é presidencialista. Houve um breve período em que 
experimentamos o parlamentarismo, no início do governo João Goulart, 
após a renúncia de Jânio Quadros. Mas um plebiscito popular, em janeiro 
de 1963, restituiu o regime presidencialista.
3.9 Os partidos políticos
O conceito de partido político é originário da união de várias pessoas, com ideias e interesses comuns, 
que objetivam conquistar o poder político e a implantação de ideias próprias.
Internamente, os partidos podem organizar‑se a partir da qualidade dos seus membros, que devem 
ser pessoas representativas na sociedade e que possam influir no prestígio e na capacidade de auxílio 
financeiro à agremiação.
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Há, também, o partido de massas, que tem como maior preocupação o recrutamento de um 
maior número de pessoas em torno de suas ideias, o que favorece a participação das classes menos 
privilegiadas.
No que se refere à organização externa, o sistema dos partidos pode ser identificado quanto ao 
número de agremiações existentes em um determinado Estado.
Temos o partido único, que necessariamente não implica um governo não democrático, visto que 
as discussões políticas são travadas dentro da própria organização. Neste caso, as divergências são de 
cunho secundário (como exemplos, podemos identificar Cuba e China).
Os sistemas bipartidários são formados por entidades que se alternam no exercício do governo, 
como é o caso dos partidos Democrata e Republicano nos Estados Unidos da América.
Há, ainda, os sistemas pluripartidários, que admitem a existência de várias organizações e de 
condições de igualdade na manutenção do poder, com exemplos no Brasil e na França.
Esses partidos podem ser identificados de acordo com suas ideologias. Aqueles que não são 
ideológicos admitem representantes que, na prática, podem atuar de forma diversa sem que haja uma 
orientação fixa de princípios.
Os partidos podem também ser classificados conforme a sua atuação, havendo os de âmbito universal 
e os nacionais, que atuam somente no espaço geográfico de um determinado país. Mencionam‑se, 
ainda, os regionais, que atuam em parte do território do país. Finalmente, temos os locais, que atuam no 
âmbito menor da Federação, como os municípios.
Os partidos podem ser classificados quanto à sua função e, se estiverem na chefia do governo, 
acomodam‑se como situação, funcionando como controladores e fiscalizadores da atuação 
governamental.
As críticas aos partidos políticos são, na verdade, o diagnóstico da insuficiência ou da crise de 
representação política (SOS, 2010, p. 5).
 Saiba mais
A relação dos partidos políticos brasileiros pode ser obtida em consulta 
ao site a seguir:
PARTIDOS políticos registrados no TSE. 2014. Disponível em: <http://
www.tse.jus.br/partidos/partidos‑politicos>. Acesso em: 16 abr. 2014.
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3.10 Sistemas eleitorais
Tratemos agora dos mecanismos utilizados para a efetiva alternância do poder, inerentes ao regime 
democrático representativo.
Podemos identificar três sistemas:
• majoritário, em que a escolha do candidato é feita por votação simples, pela maioria dos votos, 
independentemente do número de partidos ou de candidatos;
• proporcional, que valoriza as opiniões diferentes e minoritárias. Quanto mais votado for o 
partido, mais cargos terá à sua disposição, podendo, desta forma, eleger um maior número de 
representantes;
• distrital, na qual o eleitor vota apenas no candidato de seu respectivo distrito ou região, mas não 
terá influência na eleição de candidatos de outras regiões.
No Brasil, adotamos o sistema majoritário para a eleição do presidente da república, governadores 
de estados, prefeitos e senadores, e o proporcional na escolha de deputados federais, estaduais e 
vereadores.
 Observação
A votação ocorre em dois turnos, no que tange aos candidatos a 
presidente, governador e prefeito (nos municípios com população superior 
a duzentos mil eleitores) que não atingirem a maioria absoluta dos votos 
dos eleitores no turno inicial.
4 EVOLUÇÃO DO ESTADO
A história da evolução do Estado ao longo do tempo, além de ser repleta de momentos de paixão 
e até de certa irracionalidade, mostra, também, o caminhar das sociedades em busca de maior 
desenvolvimento e de um futuro melhor para seus integrantes.
Augusto Comte, no final do século XIX e início do XX, formulou o que foi denominada Lei dos Três 
Estados, admitindo que:
• o Estado primitivo foi basicamente teocrático, fundamentado na doutrina do direito divino, 
sobrenatural;
• a noção positiva de Estado propõe que a soberania decorre de circunstâncias objetivas, do império 
da lei ou da concepção realista do Estado como força a serviço do direito.
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Podemos classificar os Estados de acordo com sua evolução histórica, conforme as características 
dominantes da sua organização:
• Estado oriental: teocrático e politeísta – como era o caso de Israel;
• Estado grego: apresentava uma nítida separação entre a religião e a política;
• Estado romano: quando se verificava a máxima concentração, política e econômica;
• Estado feudal: em que ocorria a máxima descentralizaçãopolítica, administrativa e econômica;
• Estado medieval: com a centralização do poder e a superioridade do papado sobre o governo 
secular;
• Estado moderno: com a predominância do absolutismo monárquico, como reação à anterior 
descentralização feudal, ocorrida durante a Idade Média;
• Estado liberal: baseado no princípio da soberania nacional, originário do período das grandes 
revoluções (inglesa, francesa e norte‑americana);
• Estado social: preocupado com questões relacionadas com igualdades e distribuição justa dos 
rendimentos sociais.
4.1 Na Antiguidade
A ciência do Estado, estudando a evolução do poder político com base em elementos históricos, 
embora deficientes, tem como Idade Antiga o período que vem desde 3.000 a.C. até o século V da Era 
Cristã, quando o Império Romano desmoronou ante a invasão dos bárbaros, época em que tem início a 
Idade Média (MALUF, 2013, p. 123).
Os Estados desse período apresentavam estruturas heterogêneas e eram constituídos e mantidos 
pela força das armas e por conta das constantes guerras, não possuindo uma base geográfica/física 
definida.
Ademais, os impérios da Antiguidade não eram Estados nacionais, como hoje os denominamos, mas, 
sim, reuniões de povos de raças variadas, conquistadores e escravos. As regalias eram concedidas aos 
nobres, chefes militares e sacerdotes.
Caracteriza também esse período a grande concentração de poderes numa mesma pessoa, que podia 
exercer funções militares, judiciais, sacerdotais e de coleta de tributos.
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 Observação
É importante considerar, também, que foi no Oriente que surgiram 
as grandes religiões que se espalharam por todo o mundo: budismo, 
cristianismo e islamismo.
No período compreendido entre 800 a.C. até cerca de 30 a.C. são estudados os pensamentos 
prevalecentes na China, na Grécia e em Roma.
Na China, no início desse período (cerca de 770 a.C.) várias dinastias governaram na fase denominada 
Período da Primavera e Outono. Nessa ocasião, o pensador mais influente foi Confúcio, preocupado com 
moral e filosofia política e a formação de um Estado empenhado no crescimento pacífico de sua população.
Houve, a seguir, o chamado Período dos Reinos Combatentes, que tinha a disciplina como o principal 
paradigma do Estado. Nesse período, cumpre ressaltar a atuação do líder militar Sun Tzu, que aplicou 
as técnicas da guerra para a explicação das ideias de política externa e condução interna do Estado. 
Segundo Tzu (2012, p. 37), “Se conheces os demais e conheces a ti mesmo, nem em cem batalhas 
correrás perigo”. Ele também afirma que “Um líder lidera pelo exemplo, não pela força” Tzu (2012, p. 32).
 Observação
Os conselheiros militares se tornaram tão importantes quanto os 
burocratas civis na moldagem do pensamento político.
No início, o Estado grego era monárquico e tipicamente patriarcal. Nele, cada cidade (denominada 
polis) tinha o seu próprio rei e conselho de anciãos. As assembleias gerais dos cidadãos somente eram 
convocadas em situações excepcionais. A polis evoluiu a partir do século VIII/IX a.C. Era uma associação 
política, mas, também, uma comunidade religiosa.
A Grécia, como a China, era, pois, constituída por várias cidades‑estado, administradas por diferentes 
sistemas de governo. Atenas tornou‑se o centro cultural da Grécia Antiga, com espaço ideal para 
pensadores como Sócrates, Platão e Aristóteles tentarem entender e explicar os porquês e formas de 
funcionamento do Estado.
 Saiba mais
Uma boa visão da vida ateniense da época pode ser constatada no 
documentário a seguir:
SÓCRATES. Dir. Roberto Rossellini. Itália: RAI, 1971.
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INTRODUÇÃO À TEORIA DO ESTADO
Platão propunha um governo administrado por uma elite de reis‑filósofos. A república, ilustrada 
em sua obra, é considerada ideal, o Estado justo que realiza a unidade possível e que é confiado aos 
filósofos. Assim, Platão é visto como o grande teórico do Estado forte, onipotente, totalitário.
Aristóteles fez a comparação das várias alternativas de governo e suas teorias formariam a base da 
filosofia política do Ocidente. Defendia a manutenção da família e da propriedade privada, entendendo 
que a finalidade do Estado é a promoção da segurança social, a regulamentação da convivência entre os 
cidadãos e a promoção do bem‑estar coletivo. Para ele, o supremo poder da cidade deve ser da multidão. 
Aristóteles, todavia, apoiava a escravidão como necessária para a estruturação da sociedade, na época.
Ele atuava como mentor e professor, seguindo o modelo de Platão, quando era seu discípulo, e 
daquele com Sócrates.
Depois de Aristóteles, chegou ao fim a chamada Era de Ouro da filosofia clássica, com as campanhas 
de aumento do Império, conduzidas por Alexandre, o Grande (O LIVRO..., 2013b, p. 19).
O Estado Romano era baseado na civitas (equivalente à polis dos gregos) e tinha a sua origem 
explicada pela ampliação da família. A sociedade era constituída pelas classes dos:
• patrícios: nobres e dirigentes (com amplos privilégios e liberdades);
• clientes: servidores das famílias, que tinham o uso (mas não o domínio) das terras;
• plebeus: viviam à margem da vida social, sem lei e sem Deus – eram os párias.
Roma foi fundada sob a forma de democracia representativa, similar ao modelo de Atenas. Após um 
período republicano, Júlio César assumiu o controle em 48 a.C. como imperador.
 Saiba mais
A escolha dos eruditos – por mérito, em vez de ligações familiares – 
constituiu‑se em desafio para os governantes hereditários que entendiam 
que seus mandatos eram referendados por Deus.
O quadro a seguir mostra os eventos mais significativos do período compreendido entre 770 e 51 a.C.
Quadro 1
Época (a.C.) Evento
770 Início do Período da Primavera e Outono, na China.
600
General chinês Sun Tzu escreve A Arte da Guerra, que alterou de forma significativa a 
filosofia política da época e, na atualidade, ainda continua exercendo forte influência 
notadamente nas definições e estratégias de governos e empresas.
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Unidade II
600–500 Confúcio propõe um sistema de governo calcado em valores tradicionais e administrado por uma classe de eruditos.
594 Sólon cria uma Constituição para Atenas voltada ao desenvolvimento de uma cidade‑estado democrática.
510 É fundada a República Romana.
476–221 Época do Período dos Reinos Combatentes, na China.
460 Na Grécia, os sofistas (como Pitágoras) alegam que a justiça política é uma imposição de valores humanos, não um reflexo da justiça na natureza.
399 Após anos de questionamento da política e da sociedade, Sócrates é condenado à morte, em Atenas.
470–391 O filósofo chinês Mozi propõe uma classe meritocrática, formada por ministros e conselheiros, escolhidos por sua virtude e habilidade.
380 Platão, em A República, propugna que o governo seja conduzido pelos reis‑filósofos, que detêm a sabedoria para entender a natureza de uma vida digna.
335–323 Aristóteles, com a Política, descreve várias formas de governo para uma cidade‑estado e sugere a politeia (governo constitucional) como a mais prática.
370–283 É estabelecido o Império Máuria, na Índia.
372–289 Mêncio populariza as ideias confucionistas, na China.
300 Surge a Doutrina do Legalismo visando à unificação da China.
200 O Confucionismo é adotado como filosofia oficial da China.
54–51 Cícero escreve Da República, baseada na República de Platão, defendendo, porém, uma forma mais democrática de governo.
Fonte: O livro... (2013b, p. 18‑19).
4.2 IdadeMédia
Esse período foi iniciado no século V, após a derrubada do Império Romano do Ocidente, com as 
invasões dos povos bárbaros do norte e centro do continente europeu. Nele, o pensamento dominante 
foi o da Igreja Católica.
No século VII, surgiu outra importante religião, o Islã, com base nas pregações de Maomé. Ao contrário 
do catolicismo, o Islã não se opunha ao pensamento político secular (não religioso) e estimulava uma 
ampla educação, inclusive com a preservação de textos clássicos. No período, a educação na Europa era 
de responsabilidade – praticamente um monopólio – do clero católico.
Em 800, foi estabelecido o Sacro Império Romano, sob o governo de Carlos Magno, que marcou 
o aumento da influência religiosa sobre o poder temporal. Na época, há, portanto, o predomínio do 
chamado direito natural, que é a própria lei eterna, imutável, determinada por Deus, consubstanciada 
no fato de que o homem não deve fazer aos outros o que não quer que lhe façam.
O rei ou legislador é, antes de tudo, um servo da lei. O Estado medieval caracteriza‑se pela 
confusão que se fazia entre os direitos, público e privado. Dessa confusão resultava que o 
proprietário de terras se investia de direitos soberanos sobre todas as pessoas residentes nos seus 
domínios (MALUF, 2013, p. 138).
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O desenvolvimento dos feudos foi uma das características mais marcantes dessa época e, pra alguns 
historiadores, é decorrência da fase de desaparecimento (ou pelo menos drástica redução) do Estado. O 
senhor feudal, proprietário exclusivo das terras (a posse era vitalícia e hereditária), tinha todos os outros 
habitantes dos seus domínios como vassalos e atuava como chefe de estado, decretava e arrecadava 
tributos, administrava a justiça, expedia regulamentos e promovia guerras com os competidores. As 
próprias populações buscavam a segurança propiciada por essa centralização do poder.
Dois pensadores destacam‑se nesse período: Agostinho de Hipona (Santo Agostinho) e Tomás de 
Aquino (São Tomás de Aquino).
Agostinho procurava integrar a filosofia clássica com a religião e foi fortemente influenciado por 
Platão. Em suas análises, estabelecia a diferença entre dois reinos: a civitas dei (cidade de Deus) e a 
civitas terrea (cidade terrena). Ele via a influência da Igreja no Estado como o único meio de garantir que 
as leis da terra fossem feitas como referência às leis divinas (O LIVRO..., 2013b, p. 55).
Figura 3 – Santo Agostinho de Hipona
Aquino procurou determinar as razões para que uma guerra pudesse ser considerada justa e propunha 
a reconciliação da teologia cristã com os argumentos racionais dos clássicos, com destaque para Platão 
e Aristóteles:
• a intenção justa é a restauração da paz;
• ela só pode ser declarada sob a autoridade de um soberano; e
• deve beneficiar o povo.
Para Aquino, a guerra poderia se justificar para a preservação dos valores cristãos, como foi o caso 
da Primeira Cruzada (1096–1099), quando Jerusalém foi tomada aos árabes (infiéis).
Aquino estudou também a dicotomia entre o poder secular e o divino, analisando o conflito entre a 
Igreja e o Estado, que, na sua época, crescia de forma vigorosa. Ele entendia que uma guerra poderia ser 
considerada justa desde que a causa também o fosse.
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Unidade II
Suprimidas as autonomias feudais, no fim da Idade Média, iniciou‑se uma nova fase de 
grandeza do Estado monárquico, sob a forma absolutista. Nesse segundo período, à medida que 
o poder dos comerciantes e dos reis a quem se ligaram ia aumentando, merecem destaque as 
ideias de Maquiavel.
Nicolau Maquiavel é considerado o mais avançado e influente entre os escritores da Renascença. 
O tempo foi, de certa forma, injusto com Maquiavel, que, adjetivado como maquiavélico, passou a ser 
caracterizado como político manipulador, que age, acima de tudo, em seu próprio benefício e para quem 
os fins sempre justificam os meios em uma ação ou procedimento social.
A época de Maquiavel – início do Renascimento – era bastante turbulenta, notadamente nas 
cidades‑estados italianas, como era o caso de Florença, onde vivia o pensador. Como afirmou, “Ao julgar 
políticas, devemos considerar os resultados alcançados [...] em vez dos meios pelos quais [...] foram 
executadas” (MAQUIAVEL, 2012, p. 30).
Maquiavel procurou estudar a teoria política de forma não convencional, voltando‑se aos aspectos 
práticos e realistas. Ele entendia que o objetivo do Estado era a promoção e manutenção de seu bem‑estar 
e segurança, posicionando a utilidade acima da moralidade.
Na nova concepção trazida pela Renascença, a sociedade humana era separada dos ideais religiosos 
de outrora e a maioria das pessoas era, na verdade, egoísta, com visão curta, volúvel e enganável.
Maquiavel admitia que características negativas humanas pudessem ser transformadas no bem 
comum, seguindo‑se os exemplos de um líder. Para ele, “Um governante prudente não pode e não deve 
manter a sua palavra” (MAQUIAVEL, 2012, p. 61).
Sua obra fundamental, O Príncipe, procurava servir de guia e oferecer conselhos a um governante 
da família Médici, cujos integrantes dominavam a política de Florença.
Figura 4 – O Príncipe, de Maquiavel Figura 5 – Catedral de Florença
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INTRODUÇÃO À TEORIA DO ESTADO
O Príncipe foi muito influente nos séculos que seguiram à morte de Maquiavel, tendo servido de 
base para os procedimentos e métodos de Henrique VIII (Inglaterra), Carlos V (Sacro Império Romano), 
Crowell (Parlamento inglês), Napoleão e Mussolini.
Valendo‑se de ideias e táticas militares, Maquiavel considerava que a força e a violência não se 
justificavam na vida privada, mas poderiam ser aplicadas para o alcance do bem comum. Conforme 
afirmou, “Já que o amor e o medo dificilmente podem coexistir, se temos de escolher entre eles, é mais 
seguro ser temido que amado” (MAQUIAVEL, 2012, p. 44).
Em O Príncipe, Maquiavel se desliga dos valores morais, tradições e princípios éticos e propõe o 
oportunismo e o cinismo como meios de governar.
Ao príncipe tudo é permitido, até mesmo a infâmia, a hipocrisia, a crueldade, a mentira, desde que 
alcance o seu objetivo. Todos os meios que utilizar para isso são aceitos e justificados.
O Príncipe que confia nas palavras dos homens sem procurar se garantir por 
outro lado, está perdido; porque as amizades que se conseguem não são 
por grandeza d’alma, mas por dinheiro ou favores; são, embora merecidas, 
amizades falsas que não podem ser levadas em conta na hora da adversidade 
(MAQUIAVEL apud MALUF, 2013, p. 147).
Considera‑se que Maquiavel foi um precursor de Hobbes na análise deste último em relação ao 
estado da natureza. Sua concepção de utilidade também influenciou o liberalismo do século XIX.
A data mais aceita pelos estudiosos que configura o final da Idade Média é 1492 (descobrimento da 
América pelos europeus).
[...] No fim da Idade Média, com a queda de Constantinopla (capital do 
Império Romano do Oriente), o domínio do islamismo sobre todo o Oriente, 
a reforma religiosa e a influência das doutrinas anticlericais, as monarquias 
se desvencilharam do domínio papal, caminhando para forma absoluta que 
assinala o período de transição para os tempos modernos (MALUF, 2013, p. 144).
O quadro a seguir mostra os eventos mais significativos do período compreendido entre 30 a.C. e 1513.
Quadro 2
Época Evento
33‑67 Conforme a tradição católica, São Pedro torna‑se o primeiro bispo de Roma, sendo sucedido pelos papas.
306 ConstantinoI é o primeiro imperador romano que adere à religião cristã.
380 O cristianismo torna‑se a religião oficial do Império Romano.
413 Agostinho de Hipona ensina sobre um governo sem justiça, classificando‑o como sendo, basicamente, um banco de ladrões.
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Unidade II
622 Maomé escreve a Constituição de Medina, estabelecendo o primeiro governo islâmico.
800 Carlos Magno funda o Sacro Império Romano.
940–950 As ideias de Platão e Aristóteles são utilizadas como justificativa de um Estado islâmico ideal.
980–1037 A filosofia racional é incorporada à islâmica, abrindo espaço para novas ideias políticas.
1095 Cristãos lançam a Primeira Cruzada visando retomar o controle de Jerusalém e da Terra Santa do domínio islâmico.
1100 Henrique I – Inglaterra – proclama o Charter of Liberties, que sujeita o rei às leis para evitar o abuso de poder.
1300 Tomás de Aquino procura estabelecer a distinção entre a lei natural – humana e divina.
1328 Marsílio de Pádua alia‑se ao imperador do Sacro Império Romano no conflito das forças com o papa João XXII.
1513 Nicolau Maquiavel, com sua obra O Príncipe, dá início à moderna ciência política.
Fonte: O livro... (2013b, p. 52‑53).
4.3 O Estado moderno
O que diferencia o Estado moderno, em suas origens, das outras formas históricas de sociedade 
política é a centralização do poder político.
Essa organização começa a ser observada na Europa a partir do século XIII, quando há a ruptura das 
estruturas medievais e a concentração do poder dos reis, substituindo os da Igreja e da nobreza.
Lembra Ranieiri (2013, p. 35):
A escalada culmina com a Paz de Westfália [...] resultado de tratados de paz 
celebrados no ano de 1648 entre Estados europeus católicos e protestantes, 
envolvidos na Guerra dos Trinta Anos, assinalando, simultaneamente, o fim 
da supremacia papal.
O Estado moderno, ente outros aspectos, é identificado:
• pela existência de uma base territorial;
• pelo reconhecimento recíproco da soberania do poder político secular;
• pelo fato de o poder secular contrapor‑se ao religioso, que predominava antes dos acordos de 
Westfália.
4.3.1 Racionalismo e Iluminismo
Foi nesse período que muitas mudanças ocorreram na vida dos povos e nações.
O termo Iluminismo foi firmado por Immanuel Kant em 1784 para identificar a capacidade e liberdade 
de uso da própria inteligência sem a orientação de outros.
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INTRODUÇÃO À TEORIA DO ESTADO
 Observação
Paris, até hoje conhecida como Cidade Luz, foi o centro nervoso dessas 
novas ideias.
Foi uma época efervescente, destacando‑se, por exemplo, entre várias outras inovações, a invenção 
da imprensa e a odisseia dos descobrimentos marítimos.
A transição da Idade Média para a Moderna foi marcada, inicialmente, pelo confronto entre os 
monarcas e os papas.
Liberadas do poder de Roma e fortalecidas pela dissolução do feudalismo, as monarquias medievais 
caminharam para a centralização absoluta do poder, chegando a suplantar a própria autoridade 
eclesiástica (MALUF, 2013, p. 145). Fortalecer o poder central era o meio para o restabelecimento da 
unidade territorial dos reinos.
O apogeu da monarquia absoluta, que era calcada no direito divino dos reis, proveniente diretamente 
de Deus, é constatado na corte francesa, com o reinado de Luís XIV – o Rei‑Sol.
Na Europa e, especialmente, na França, muitos filósofos políticos começaram a investigar o poder 
da monarquia, do clero e da aristocracia, destacando‑se os casos de Voltaire, Jean‑Jacques Rousseau e 
Montesquieu.
Figura 6 – Voltaire Figura 7 – Jean‑Jacques Rousseau Figura 8 – Montesquieu
Conhecida como a Idade da Razão, foi a partir desse período que recrudesceram as preocupações 
com questões como direitos humanos, liberdade, direito internacional, democracia representativa etc.
Foi também o período de confrontos religiosos, com o surgimento do protestantismo, sob o comando 
de Lutero e Calvino, que desafiaram a antiga hegemonia da Igreja Católica e ajudaram a legitimar um 
novo regime econômico – capitalismo – com a expansão do comércio e, a partir da segunda metade do 
século XVIII, industrial.
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Inicialmente, pensadores como Hobbes (Inglaterra) haviam defendido a necessidade de governos 
fortes, servindo de sustentáculo teórico para o surgimento das monarquias absolutistas.
Apesar da situação de constante guerra, no estado da natureza, Hobbes via os humanos na condição 
de proteção em um Estado forte, entregando‑lhe suas liberdades a um governante absoluto.
Embora fosse católico, Bodin questionava a autoridade do Papa e tentou iniciar um diálogo 
construtivo com outras religiões. Para ele, a legitimidade do rei era baseada na lei natural e no direito 
divino, recebidos diretamente de Deus. Era, pois, contrário à ideia do contrato social entre o dirigente e 
os súditos, como propôs Rousseau.
Como mencionamos anteriormente, a preocupação mais efetiva com os direitos e as liberdades 
individuais foi expressa pelas ideias de John Locke, que também acreditava na proposta do contrato 
social, apesar de considerar, diferentemente de Hobbes, que o governo deveria ser limitado e protetor e 
não absoluto.
Locke desenvolveu a ideia da necessidade de outro tipo de contrato social entre o governante e 
seus súditos, em que os primeiros poderiam ser destituídos do poder em casos de rompimento ou não 
atendimento de suas obrigações. Para Locke, a propriedade privada é um direito natural.
Outro estudioso, Montesquieu, defendia a separação de poderes, entre o Executivo (encarregado da 
administração), o Legislativo (elaborador das leis e normas) e o Judiciário (responsável pela interpretação 
das leis). Para ele, menos importante era o soberano. Sua preocupação era com a existência de uma 
constituição que evitasse o despotismo, o que seria obtido com a separação dos poderes dentro do governo.
Montesquieu considera o despotismo como a maior ameaça à liberdade individual dos cidadãos e 
esse fenômeno poderia ocorrer tanto em regimes monárquicos quanto republicanos.
Apesar de sofrer represálias na França (a situação foi, posteriormente, completamente alterada 
com a vitória da Revolução Francesa, em 1789), seu princípio de separação de poderes tornou‑se 
muito influente, especialmente nos Estados Unidos da América, tendo se constituído no arcabouço da 
constituição do novo país e, posteriormente, de novas democracias.
 Lembrete
A Revolução Francesa, iniciada em 1789 com as grandes mudanças 
políticas, baseou‑se fortemente nas ideias de Rousseau.
Rousseau considerava que o poder deveria ser transferido da monarquia para o povo, enquanto 
Voltaire advogava a separação entre Igreja e Estado.
O quadro a seguir mostra os eventos mais significativos do período compreendido entre 1517 
e 1758.
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Quadro 3
Época Evento
1517 Martinho Lutero questiona a autoridade da Igreja Católica.
1500–1600 Início da colonização do Novo Mundo (América) pelos europeus.
1526
É fundada a Escola de Salamanca por um influente grupo de acadêmicos que procurou explorar 
a relação do homem com Deus na tradição católica, ancorada nas ideias de Tomás de Aquino. Era 
contrária à ideia da conversão dos indígenas que colonizavam o novo mundo.
1532 Francisco Pizarro (explorador espanhol) derrota os incas na América do Sul.
1576 Jean Bodin aponta a Repúblicacomo sendo a melhor forma de governo.
1590 Ocorre a unificação do Japão e o estabelecimento de um rígido sistema de classes.
1602 É criada a Companhia Holandesa das Índias Orientais, considerada como a primeira corporação multinacional.
1620 É fundada, pelos peregrinos colonizadores, a Colônia de Plymouth em Massachusetts, EUA, que fomentou as ideias de liberdade e independência do país.
1643 Luís XIV, o Rei‑Sol, inicia seu governo absolutista na França, que durou 72 anos.
1648
Os tratados de Paz de Westfália criam o moderno sistema de estados‑nação europeu. 
Constituíram o alicerce institucional para as relações internacionais, baseadas em princípios como 
autodeterminação política dos territórios soberanos, mútuo reconhecimento e não interferência 
de terceiros nos assuntos domésticos de um Estado.
1649 Carlos I – Inglaterra – é executado ao final da Guerra Civil.
1651
Hobbes defende o absolutismo em sua obra Leviatã, escrita em seu exílio na França, durante a 
Revolução Inglesa. A Revolução Inglesa opôs protestantes, católicos e, em seu período, o poder 
oscilou entre o rei e o parlamento.
1689 É aprovada a declaração de diretos pelo Parlamento inglês. Locke argumenta que o governo só pode atuar com a aprovação do povo.
1733 Voltaire elogia a liberdade política britânica.
1748 Montesquieu defende a separação dos poderes, em sua obra Do Espírito das Leis.
1758
Benjamin Franklin abre caminho para o capitalismo norte‑americano com o seu ensaio O 
Caminho para a Riqueza, em que defende ideias de empreendedorismo e as indica como sendo 
uma virtude cívica.
Fonte: O livro... (2013b, p. 84‑85).
4.3.2 Ideias revolucionárias e sociais
Rousseau argumentava que a real soberania somente existe a partir do povo. Considerava que a 
realidade do Iluminismo era a de um movimento das massas, em vez de ser comandado pelas elites.
Ninguém antes de Rousseau havia pensado de modo sistemático na sociedade como algo separado 
de suas instituições políticas. Diferentemente de Hobbes, Rousseau entendia que o ser humano longe 
da sociedade era feliz no estado da natureza, o que foi interrompido com a criação da sociedade civil, 
notadamente pelo desenvolvimento da propriedade privada. “A sociedade civil era o resultado da divisão 
e do conflito em oposição à harmonia natural” (O LIVRO..., 2013b, p. 122).
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Unidade II
 Lembrete
As ideias de Rousseau foram documentadas em sua obra Contrato 
Social, que entendia ser necessário na relação entre os governantes e os 
liderados.
O seu Contrato Social, todavia, era diferente daquele idealizado por Hobbes, que entendia ser uma 
armadilha dos ricos contra os pobres.
Rousseau considerava que os contratos sociais ilegítimos, calcados na fraude dos poderosos, não 
conseguiriam expressar a vontade do povo, que, afinal, a eles estavam ligados apenas por submissão e 
não aceitação.
Entendia, também, que o estabelecimento dos direitos de propriedade geraria conflitos quanto à 
distribuição das posses e que a sociedade poderia ser reconstruída de forma racional, o que ganhou cada 
vez mais adeptos no começo do século XIX. As leis poderiam ser uma extensão da liberdade individual.
O quadro a seguir revela as diferenças de visões de Hobbes e Rousseau a propósito das alternativas 
de estabelecimento de contrato social:
Quadro 4
Hobbes Rousseau
Estado da Natureza O homem vivia em constante estado de guerra, batendo‑se uns contra os outros.
As pessoas eram felizes, vivendo em 
harmonia.
Contrato Social Era necessário para a garantia da paz e a fuga do estado da natureza.
Visava à preservação das 
desigualdades e destruía a 
humanidade pessoal.
Liberdade Somente existe mediante a ausência da lei.
Pode ser conquistada dentro dos 
limites da lei.
Fonte: O livro... (2013b, p. 123).
Para Rousseau, o Estado ganharia a sua legitimidade a partir da soberania do povo. Apesar de combater 
a propriedade privada, Rousseau não pode, porém, ser considerado socialista. Todavia, posteriormente, 
defendeu a criação de uma república agrária de pequenos proprietários rurais.
Visando garantir a expressão da vontade popular e geral pelo governo, Rousseau apregoava a 
necessidade de participação nas assembleias populares. A obra de Rousseau inspirou, posteriormente, 
vários pensadores que almejavam transformações radicais da sociedade – por exemplo, Karl Marx.
Os ideais do Iluminismo propiciaram o surgimento, na segunda metade do século XVIII, das revoluções 
americana e francesa. Os Jacobinos (ala radical do movimento revolucionário francês) tinham sua grande 
inspiração em Rousseau.
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INTRODUÇÃO À TEORIA DO ESTADO
Burke, na Inglaterra, acusava Rousseau de ter sido o ideólogo da Revolução Francesa e entendia que 
a linguagem da liberdade e dos direitos poderia justificar um governo dos mais sábios. A partir do que 
tinha presenciado na Revolução Francesa, considerava que era mais importante manter a estabilidade 
social do que tentar uma revolução radical.
Enquanto isso, começou a se desenvolver um estilo diferente de argumento liberal em defesa 
dos direitos individuais. Outro notável estudioso, Immanuel Kant, argumentava que a justiça, e não a 
felicidade, deveria fazer parte das preocupações do Estado, o que, atualmente, segundo vários estudiosos, 
é visto como um incentivo à negligência da perseguição da felicidade pelos governos.
No entanto, caberia aos cidadãos obedecer às leis do Estado – por exemplo, efetuar os pagamentos 
de impostos mesmo sabendo que estes eram utilizados para fins contrários ao seu interesse.
Figura 9 – Immanuel Kant
Jeremy Bentham apresentou uma justificativa para a proliferação de liberdades democráticas 
limitadas, com respeito à propriedade e identificando os limites do governo. Era um realista e aceitava 
o fato de que uma ação melhor traz, também, alguns males. Qualquer ação do governo beneficiaria 
alguns, mas traria desvantagens para outros. Elas deveriam ser julgadas se o resultado da aplicação de 
uma particular ação produzir mais prazer do que dor.
Bentham desenvolveu um método matemático (denominado Felicific Calculus) para que se pudesse 
julgar se uma ação governamental produzia mais ou menos felicidade. A ideia de Bentham foi ampliada 
para os domínios da Economia, referendando a visão de Adam Smith de que os mercados funcionam 
melhor sem as restrições colocadas pelos governos. Até hoje, isso tem compelido os legisladores a 
evitarem a intervenção do governo nas atividades sociais e econômicas, principalmente.
Bentham considerava, também, que, como cada pessoa conta um ponto na soma da felicidade 
humana, o desequilíbrio é imoral e deve ser remediado pelo governo. O utilitarismo de Bentham auxiliou 
a Inglaterra em sua reforma parlamentar e reforço ao liberalismo na década de 1830.
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Figura 10 – Jeremy Bentham
Os críticos às ideias de Bentham apontavam para as injustiças em seu método, dado que poderia ser 
aceitável, por exemplo, a punição de um inocente se o seu sacrifício fosse menor do que o aumento na 
felicidade da maioria da sociedade.
Outro grande estudioso e adepto do utilitarismo que ainda hoje exerce significativa influência no 
pensamento e nos processos relacionados com as sociedades liberais foi John Stuart Mill.
Educado em casa pelo pai, com a ajuda de Jeremy Bentham e Francis Place, J. 
S. Mill teve de começar a aprender grego aos três anos, latim aos oito, lógica 
aos doze e economia política aos treze. Aos sete anos, em 1813, estudou,no 
original, os seis primeiros diálogos de Platão (ADAMS; DYSON, 2006, p. 115).
Aqueles que conhecem algo sobre o assunto sabem que todos os escritores, de Epicuro a Bentham, 
que defendiam a Teoria da Utilidade, pretendiam por meio do termo não algo a ser distinguido por 
qualidades opostas ao prazer, mas o prazer em si, assim como a ausência de dor, e, em vez de opor o útil 
ao agradável ou ao belo, sempre declararam que o termo possuía exatamente tais significados, dentre 
outros (MILL, 2007, p. 21).
É notória nesse autor a preocupação com aspectos relacionados com a obtenção e a prevenção da 
liberdade. As três liberdades básicas, objeto de preocupação por Stuart Mill são:
• a de pensamento e de ideias;
• a de gostos e de objetivos;
• a de associação entre os indivíduos.
Essas ideias, aliadas às dos socialistas, fizeram com que partir de 1850 a Europa fosse abalada por 
revoluções, enquanto na América Latina ocorreriam os movimentos de libertação nacional.
O quadro a seguir mostra os eventos mais significativos do período compreendido entre 1776 e 1839.
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Quadro 5 
Época Evento
1776
Thomas Paine escrevendo em Senso Comum exige liberdade para as colônias 
norte‑americanas, em relação ao domínio britânico. Thomas Jefferson escreve a Declaração 
da Independência.
1783 Colônias americanas vencem a Guerra da Independência.
1788 Em A Crítica da Razão Prática, Immanuel Kant defende que os julgamentos morais e políticos sejam regidos pela razão.
1789 Multidão toma a Bastilha, iniciando a Revolução Francesa.
1790 Edmund Burke denuncia a violência da Revolução Francesa.
1792 A Convenção Nacional proclama a implantação da República na França.
1798 Rebelião Irlandesa, inspirada nas revoluções americana e francesa, não consegue fazer com que o país se liberte do domínio britânico.
1804 Haiti declara independência da França, transformando‑se na primeira república negra das Américas.
1806 Dissolve‑se o Sacro Império Romano.
1810 Começam as guerras e são proclamadas as independências de colônias latino‑americanas, que se transformam em repúblicas. A exceção é o Brasil, que institui o regime monárquico.
1815 Napoleão Bonaparte é derrotado na Batalha de Waterloo por uma coalizão liderada pela Inglaterra.
1821 Começa a guerra para a independência da Grécia do domínio otomano, como ponto de partida das revoluções nacionalistas nos Bálcãs europeus.
1837 Rebelião do Alto Canadá, liderada pelos republicanos, fracassa na tentativa de derrotar o domínio britânico na região.
1839 A Carta do Povo para a reforma democrática é lançada na Grã‑Bretanha, incluindo o voto secreto e o sufrágio masculino adulto universal.
Fonte: O livro... (2013b, p. 116‑117).
4.3.3 Liberalismo x intervencionismo
Seja via monarquia constitucional ou república, o liberalismo traduz os ideais que empolgaram o 
mundo por ocasião das revoluções populares (inglesa, norte‑americana e francesa) e propõe:
• soberania nacional, exercida com base no sistema representativo de governo;
• regime constitucional, limitando o poder de mando e garantindo a supremacia da lei;
• divisão do poder em três órgãos distintos (Legislativo, Executivo e Judiciário), com limitações 
recíprocas que garantam as liberdades públicas;
• clara separação entre o direito público e o privado;
• neutralidade do Estado no que tange às questões religiosas;
• liberdade individual sem discriminação de classes, raça, cor, sexo etc.;
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• igual oportunidade de enriquecimento e acesso a cargos e funções públicas, conquistas científicas 
e cultura;
• não intervenção do poder público em assuntos econômicos privados.
Os liberais tendem a focar os direitos individuais (à vida, à propriedade), enquanto os republicanos 
clássicos preocupam‑se mais com os deveres das pessoas para com a comunidade e nas virtudes que 
precisavam desenvolver para o cumprimento dessa finalidade.
 Lembrete
Como vimos anteriormente, as ideias de John Locke, no século XVII, 
exerceram notável influência para o avanço do liberalismo.
Em 1791, treze colônias declaram sua independência da Grã‑Bretanha, transformando‑se nos 
Estados Unidos da América. O período anterior e o que se seguiu ao da independência norte‑americana 
foram repletos de pensamentos inovadores, intelectual e politicamente. Benjamin Franklin sustentava a 
importância dos empreendedores individuais, destacando‑os como cidadãos bons e virtuosos.
Franklin entendia que o empreendedorismo, atualmente muito associado ao sistema capitalista, era 
uma importante característica da virtude individual. Ele via o empreendedorismo como um importante 
papel para as organizações voluntárias, visando à promoção do bem comum, como na filantropia. Esse 
período foi considerado como o Iluminismo americano. Os fundadores do novo Estado inclinaram‑se 
para o liberalismo e o republicanismo.
Para Franklin, uma nação seria próspera se construída sobre as virtudes dos cidadãos individuais, 
trabalhadores e produtivos, e não com base nas características dos governantes ou aristocratas. Ele e 
vários pensadores do Iluminismo europeu julgavam que os comerciantes e os cientistas constituíam as 
forças motoras de uma sociedade. Entusiasmados por suas ideias e racionalidade, os idealizadores do 
Estado liberal, porém, perderam, de certo modo, o foco na realidade.
Enquanto isso, o avanço da Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, trouxe à tona uma realidade 
social diferente da esperada na teoria, que continuaria por bom tempo a minar os alicerces da estrutura 
liberal. Surgiu o operário da fábrica e o desemprego pela introdução de máquinas mais ágeis e eficientes.
As mudanças trazidas pela Revolução Industrial determinaram que os trabalhadores (muitos deles 
crianças) vivessem em situação de grande miséria e fossem explorados, trabalhando em horários 
prolongados e absurdos e sem condições de segurança, higiene etc. Essa situação abriu espaço para as 
ideias socialistas, a princípio em menor porte, iniciadas com o chamado socialismo utópico.
O socialismo utópico foi uma corrente de pensamento desenvolvida por Robert Owen, Saint‑Simon 
e Charles Fourier, que tinha como seu objetivo fundamental a constituição, de forma lenta e gradual 
e por vias pacíficas, de uma sociedade ideal. Essa denominação foi inspirada na Utopia (o que não 
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existe ou nem pode ser alcançado) de Thomas More e surgiu como resposta aos abusos causados pelo 
liberalismo e capitalismo notadamente após a implantação da Revolução Industrial.
Karl Marx era contrário ao pensamento utópico e propunha uma alternativa oposta que foi denominada 
socialismo científico, acusando de “burgueses” os métodos propostos pelos utópicos. Ele entendia que 
os fatores econômicos materiais eram o determinante fundamental para o desenvolvimento da história 
e das instituições e considerava que essa divisão fazia com que diminuísse ou até fosse eliminada a 
satisfação com o trabalho, levando à alienação e à insatisfação do trabalhador.
Marx argumentava que a propriedade privada era a principal responsável pela alienação do 
trabalhador e a solução seria o estabelecimento do comunismo, que conectaria, novamente, o homem 
a si mesmo, como um ser social.
As ideias do socialismo científico ou marxismo propunham uma análise crítica do capitalismo e 
foram desenvolvidas por Karl Marx e Friedrich Engels. Os socialistas científicos criticavam o socialismo 
utópico porqueviam nesta corrente uma passividade e uma fantasia, admitindo que os indivíduos 
exploradores pudessem adquirir uma consciência social necessária para que as reformas fossem 
praticadas. O socialismo científico tinha objetivos semelhantes, mas com uma visão mais realista, 
prevendo melhora das condições de trabalho e de vida para os trabalhadores somente por meio de uma 
revolução proletária e da luta armada de classes.
Marx considerava que os fatores econômicos materiais eram o determinante fundamental para 
o desenvolvimento da história e das instituições sociais e considerava que sua divisão fazia com que 
diminuísse ou até fosse eliminada a satisfação com o trabalho, levando à alienação e à insatisfação 
do trabalhador. Ele entendia que a propriedade privada era a principal responsável pela alienação do 
trabalhador e que a solução seria o estabelecimento do comunismo, que conectaria, novamente, o 
homem a si mesmo, como um ser social.
Acima de tudo, o trabalho passou a ser considerado como uma mercadoria como qualquer outra, 
flutuando ao sabor da oferta e procura, como preconizada pela economia clássica. Sob o capitalismo, a 
existência da propriedade privada separa a sociedade entre capitalistas – donos dos recursos produtivos, 
como fábricas e máquinas – e trabalhadores – que não possuem nada além da sua força de trabalho (O 
LIVRO..., 2013b, p. 191).
Nesse momento de grande agitação política e social, surgiu uma manifestação da Igreja Católica 
Romana, por meio da encíclica Rerum Novarum, do Papa Leão XIII, em 15 de agosto de 1891. Nela, eram 
condenados os princípios do coletivismo marxista, indicando que o homem é uma criatura de Deus, 
sendo também propostas as medidas necessárias ao estabelecimento do equilíbrio social, como:
• fixação de um nível mínimo de salários;
• regulamentação do trabalho exercido pelas mulheres e pelos menores;
• amparo à gestação e à maternidade;
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• direito a períodos de férias;
• indenizações em casos de ocorrências de acidentes;
• amparo à velhice;
• assistência em situações de doenças;
• organização da Previdência Social.
Como afirmou o Papa Leão XIII (1991) na sua Encíclica Sobre a Condição dos Operários, “O que é 
vergonhoso e desumano é usar dos homens como vis instrumentos de lucro e não os estimar senão 
na proporção do vigor de seus braços”. Os ensinamentos da Encíclica fizeram com que o Estado liberal 
começasse a intervir de forma mais efetiva no setor econômico, com o fito de assegurar condições 
gerais de paz social e prosperidade pública, impor restrições ao capital, prevenir a ocorrência de litígios, 
remover as injustiças e administrar de forma mais adequada a aplicação da justiça.
 Lembrete
Como vimos anteriormente neste livro‑texto, nesse período de grandes 
turbulências, cabe, finalmente, mencionar o desenvolvimento das ideias e 
dos movimentos anarquistas na segunda metade do século XIX e início do 
XX, que condenavam toda e qualquer organização estatal.
Para Pierre‑Joseph Proudhon, um dos expoentes dessa corrente de pensamento, “[...] a queda e a 
morte das sociedades são fruto do poder de acumulação possuído pela propriedade” (O LIVRO..., 2013b, 
p. 183). Outro pensador anarquista, Mikhail Bakunin, entendia que toda autoridade deveria ser rejeitada, 
visto que “[...] o homem privilegiado tem o intelecto e o coração corrompidos” (O LIVRO..., 2013b, p. 184).
Bakunin divergia de Marx ao condenar o autoritarismo do Estado socialista por este proposto. Ele 
considerava que mesmo os eruditos e melhor informados abandonam a busca da verdade objetivando 
proteger seu poder. Isso quer dizer que toda autoridade deve ser refutada, mesmo se provir de sufrágio 
universal, o que abriria o caminho para a liberdade.
O quadro a seguir mostra os eventos mais significativos do período compreendido entre 1848 e 1909.
Quadro 6
Época Evento
1848 Karl Marx e Friedrich Engels publicam o Manifesto Comunista, em meio ao crescimento da agitação na Europa.
1864 Rebelião de Taiping fracassa na China após a promover a morte de 20 milhões de pessoas.
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1865 Encerrada a Guerra Civil nos Estados Unidos, com a vitória das forças do Norte. É abolida a escravidão.
1868 Restauração Menji, no Japão, encerra o governo do xogunato.
1871 É estabelecida a Comuna de Paris, tida como o primeiro governo sob o comando dos trabalhadores. Os estados alemães são unificados na Alemanha.
1873 Crise financeira é o estopim de uma séria e longa depressão econômica na Europa e nos Estados Unidos.
1895 Theodor Herz escreve o Estado Judeu, iniciando o Movimento Sionista.
1905 Max Weber publica A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Termina, sem que sejam feitas concessões aos vencidos, a revolução na Rússia.
1908 Em Reflexões sobre a Violência, Georges Sorel defende a revolução por meios violentos.
1909 Minority Report, na Grã‑Bretanha, recomenda a criação de um Estado de Bem‑Estar Social.
Fonte: O livro... (2013b, p. 168‑169).
Erodem as antigas potências imperiais e são estabelecidas novas repúblicas na primeira metade 
do século XX. Nesse período, o mundo é sacudido por duas guerras mundiais. Novas ondas de 
nacionalismo extremista, sob o incentivo e o comando de partidos autoritários, desembocam nos 
seguintes movimentos:
• Comunismo (1917), na Rússia;
• Fascismo, na Itália;
• Nazismo, na Alemanha.
Destacam‑se também, nesse período, rebeliões em países latino‑americanos, como é o caso de:
• México (1910): encerramento da ditadura de Porfírio Diaz;
• Argentina: militares intervêm no poder para a destituição e substituição de governos civis;
• Brasil (1930): revolução liderada por Getúlio Vargas altera as feições da economia, que passa a 
ser mais urbana em relação à sistemática anterior de produção e exportação de alguns poucos produtos 
primários rurais, com destaque para o café.
A URSS se torna uma potência industrial e militar, após o encerramento do período mais autocrático 
de Stálin, que eliminou vários adversários do regime.
 Observação
Stálin reverte a nova política econômica de Lênin e coletiviza a 
agricultura.
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Na transição do século XIX para o XX, o Império Russo era uma potência agrária, mas a economia, 
como um todo, era bem inferior àquela dos outros estados industrializados da Europa Ocidental, o que, 
entre outros fatores, como o reinado despótico de Nicolau II, levou à vitória de Lênin em outubro de 
1917 e à implantação de um sistema comunista.
Até como resposta à evolução na Rússia, começam a surgir as ideias que culminaram no 
estabelecimento do Estado de Bem‑Estar Social, de caráter assistencialista e que visava atenuar os 
problemas, notadamente sociais, que não conseguiam ser resolvidos de forma adequada pelo liberalismo.
 Observação
No Estado de Bem‑Estar‑Social, o governo é encarregado de prover as 
necessidades básicas da população, com base na prestação de serviços ou, 
se for o caso, pagamentos em dinheiro.
Dentre os objetivos desse tipo de organização, há vários benefícios sociais que são concedidos 
independentemente de impostos e contribuições. Podemos mencionar:
• tipos mínimos de renda;
• alimentação;
• saúde;
• habitação;
• educação.
O surgimento desse tipo de organização deveu‑se à ocorrência de novos fatos, como:
• avanço da teoria keynesiana;
• crescimento das economias e dos níveis de emprego;
• globalização das atividades econômicas;
• avanço da democracia;
•crescimento da ideologia socialista;
• aumento da solidariedade entre os povos no período pós‑guerra.
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O ímpeto das ideias colonialistas foi diminuindo. A Índia deixa de ser colônia da Inglaterra, com forte 
envolvimento da pregação de Mahatma Gandhi. Este afirmou que “A não violência é o primeiro artigo 
da minha fé” (O LIVRO..., 2013b, p. 222)
 Observação
Gandhi foi morto a caminho das orações por um extremista hindu que 
o culpava pela divisão da Índia e a criação do Paquistão.
A política norte‑americana torna‑se mais liberal a partir de 1933, quando Franklin D. Roosevelt 
implanta o seu conjunto de processos denominado New Deal.
O quadro a seguir mostra os eventos mais significativos do período compreendido entre 1910 e 1945.
Quadro 7
Época Evento
1910 Emiliano Zapata funda o Exército de Libertação do Sul (Zapatistas) para lutar na Revolução Mexicana.
1912 É constituída a República da China.
1914 Início da Primeira Guerra Mundial.
1917 Início do governo bolchevique e da Revolução Comunista, na Rússia.
1918 Armistício encerra os combates da I Guerra Mundial, mas a guerra é encerrada oficialmente com a assinatura do Tratado de Versalhes.
1922 Mussolini realiza a sua Marcha sobre Roma, demandando participação no governo italiano. Joseph Stálin se torna o secretário‑geral do Partido Comunista da União Soviética.
1923 Encerradas as guerras pela Independência, é constituída a República da Turquia.
1926 Adolf Hitler divulga suas ideias políticas no livro Minha Luta (Mein Kampf).
1930
Mahatma Gandhi inicia sua campanha de desobediência civil contra o domínio britânico 
na Índia, liderando a Marcha do Sal. Sua ideologia era a do nacionalismo anticolonial, com 
resistência pacífica. Gandhi pregava o boicote ao uso de produtos ingleses, como têxteis, e 
combatia os impostos cobrados pela metrópole. 
1933 O presidente americano Franklin D. Roosevelt inicia um programa de intervenção, denominado New Deal.
1936 Golpe militar, comandado por Francisco Franco, dá início à Guerra Civil Espanhola.
1937–1945 Mao Tsé‑Tung destaca‑se como proeminente comandante comunista na Segunda Guerra Sino‑Japonesa.
1939 Tropas alemãs invadem a Polônia, dando início à Segunda Guerra Mundial.
1941 Estados Unidos entram na guerra, após o ataque japonês a Pearl Harbor, no Havaí.
1945 Captura de Berlim pelos aliados encerra a guerra na Europa. Japão se rende após aliados lançarem bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki.
Fonte: O livro... (2013b, p. 218‑219).
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4.4 O Estado contemporâneo
O Estado atual, do século XXI, é, na verdade, originado principalmente do chamado Estado moderno, 
surgido com a superação da Idade Média.
 Lembrete
O socialismo comunista e, de outra parte, o fascismo e o nazismo foram 
tentativas, no século XX, de reestruturação básica do absolutismo do Estado 
moderno.
Enquanto o comunista era uma oposição frontal ao capitalismo, os dois 
últimos focavam a decadência liberal e combatiam os excessos do sistema 
que havia sido implantado na Rússia e, posteriormente, na União Soviética.
Tanto o fascismo quanto o nazismo tinham uma orientação fortemente nacionalista e previam 
um duplo ataque: ao comunismo e, também, aos fracassos que vinham sido revelados pelo sistema 
liberalismo no que tange às expectativas de melhores condições de vida para a sociedade.
Na doutrina fascista, destaca‑se a instituição da Carta del Lavoro (Carta do Trabalho), em 1927, 
considerada o documento fundamental do regime corporativo do país. O fascismo sinalizou o 
autoritarismo de direita que cresceu de forma significativa após a Primeira Guerra Mundial, na Europa 
e, com as adaptações regionais, na América Latina e em outras regiões.
Podemos identificar as seguintes especificidades nessas organizações:
• concentração de toda a autoridade com um chefe supremo;
• restrições às liberdades políticas e adoção de regime de censura;
• supremacia do interesse coletivo em relação ao individual;
• vigência de um partido político único;
• dirigismo na economia;
• estatismo, nacionalismo ou racismo, constituindo a moral do Estado.
Além dos casos mais destacados de implantação desses regimes, em países como a Itália e a 
Alemanha, podem ser mencionados:
• o Estado turco (kemalismo): apesar dos aspectos relacionados com o autoritarismo, vale 
mencionar que o regime trouxe grandes transformações no campo social, realizando, como cita 
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Maluf (2013, p. 181) “[...] a maior obra de governo de que se tem notícia na história de todos os 
povos”;
• o Estado polonês (pilsudskismo): sua constituição de 1935 tornou o país uma república 
espiritualista, nacional e autoritária;
 Observação
Muitos historiadores consideram que essa última constituição é a 
inspiração para a brasileira de 1937 (a “Polaca”), na implantação do Estado 
Novo, sob o comando de Getúlio Vargas.
• o Estado português (salazarismo): imposto pelo exército e mantido até 1974 (na Revolução dos 
Cravos, liderada por jovens militares), sendo substituído por um regime socialista;
• o Estado brasileiro (getulismo): com a ditadura do Estado Novo, implantada em 1937;
• o Estado argentino (justicialismo): com forte conotação social e trabalhista; apesar de seu 
caráter ditatorial, tal como no caso do getulismo, no Brasil, o justicialismo, na Argentina, realizou 
significativa obra social e econômica.
A partir da década 1940, o comunismo se espalha pelo mundo, dando início à Guerra Fria, liderada 
pelas duas nações hegemônicas: Estados Unidos e União Soviética. Cabia, pois, ao Estado liberal dar uma 
resposta concreta a esses desafios.
 Lembrete
Além dos conflitos que marcaram o período, como as duas guerras 
mundiais, presenciou‑se o surgimento, de forma pacífica, via reformas 
constitucionais e medidas legislativas, do modelo socialdemocrata, cuja 
face mais reconhecida foi a do Estado de Bem‑Estar Social. O Estado 
socialdemocrata, de caráter evolucionista, procura estabelecer a harmonia 
entre as verdades parciais do individualismo e do socialismo.
A dissolução do regime soviético em 1991 mudou o sistema praticado em muitas nações. A Rússia e 
os países do Leste Europeu passam a adotar sistemas econômicos capitalistas. Antigas federações foram 
eliminadas, como Iugoslávia e Tchecoslováquia e, nesse mesmo século, presenciamos o nascimento e o 
término da União Soviética.
Desde o início do século XX, notadamente após a Segunda Grande Guerra, temos visto o surgimento 
de novos estados‑nação com os movimentos que determinaram a supressão de antigas colônias na 
África, Ásia, América do Sul etc. Outro aspecto que se observa é o aumento do impulso pela soberania 
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Unidade II
nacional, constatado em movimentos, com maior ou menor intensidade bélica, em regiões como Quebec, 
Catalunha, Curdistão e Caxemira.
Quebec é uma das províncias do Canadá, contendo em torno de 24% da população do país. Montreal 
é a maior cidade da região (a segunda do Canadá). Possui língua (francesa), cultura e instituições próprias. 
Por sua vez, a Catalunha é uma comunidade autônoma da Espanha que tem garantido o direito à sua 
autonomia, reconhecido pela constituição espanhola, tendo Barcelona como sua capital. Já o Curdistão 
ocupa partes da Turquia, do Iraque, do Irã, da Síria, da Armênia e do

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