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FFEEFFIISSAA -- FFAACCUULLDDAADDEESS IINNTTEEGGRRAADDAASS DDEE SSAANNTTOO AANNDDRRÉÉ PPrrooff.. MMss.. AAnnaa CCéélliiaa AA.. SSiillvvaa SSaannttoo AAnnddrréé 22001144 SUMÁRIO 1 OS MITOS......................................................................................................... 04 1.1 Breve relato da história dos surdos................................................................ 06 2 DEFINIÇÃO DE LIBRAS................................................................................... 10 2.1 Bilinguismo..................................................................................................... 10 2.2 Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002............................................................ 11 2.3 Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005 ............................................ 11 3 DEFINIÇÃO DE DEFICIENCIA AUDITIVA....................................................... 13 3.1 Significado dos termos:.................................................................................. 13 3.2 Como Funciona o Ouvido?..................................................................... 13 3.3 Tipos de deficiência auditiva ......................................................................... 15 3.3.1 Deficiência auditiva condutiva..................................................................... 15 3.3.1.1 Causas da deficiência.............................................................................. 15 3.3.2 Deficiência auditiva sensório-neural............................................................ 16 2.3.2.1 Causas da deficiência.............................................................................. 16 2.3.3 Deficiência auditiva mista........................................................................... 18 3.3.4 Deficiência auditiva central, disfunção auditiva central ou surdez central....................................................................................................... 18 3.4 Os grau de deficiência - perda em decibéis................................................... 19 3.4.1 Decibéis....................................................................................................... 19 3.4.2 Qualidade do som Decibéis Tipo de ruído.................................................. 19 4 COMPREENDENDO OS APARELHOS AUDITIVOS....................................... 20 5 ALFABETO MANUAL - DATILOLOGIA............................................................ 22 5.1 Números......................................................................................................... 23 5.1.1 Números Cardinais ..................................................................................... 23 5.1.2 Números Cardinais...................................................................................... 23 5.1.3 Números Ordinais....................................................................................... 24 5.1.4 Valores Monetários..................................................................................... 24 6 CALENDÁRIO .................................................................................................. 25 6.1 Expressão com relação ao tempo.................................................................. 26 6.2 Cumprimentos................................................................................................ 28 6.3 Nome visual.................................................................................................... 28 7 ESTRUTURA DA LIBRAS................................................................................. 29 7.1 Direcionalidade do movimento....................................................................... 30 7.2 Tipos de movimentos..................................................................................... 31 7.3 Parâmetros secundários................................................................................ 34 7.4 Expressões faciais......................................................................................... 34 8 ESTRUTURA SINTÁTICA................................................................................. 37 8.1 Convenções da libras..................................................................................... 37 8.1.1 Escrita de Sinais.......................................................................................... 38 8.2 Pronomes pessoais........................................................................................ 39 8.3 Pronomes possessivos.................................................................................. 40 9 ESTRATÉGIAS DE ENSINO / COMUNICAÇÃO ............................................ 41 10 SINAIS............................................................................................................ 43 REFERÊNCIAS................................................................................................. 57 4 1 OS MITOS Cultura Surda: ao longo dos séculos os surdos foram formando uma cultura própria centrada principalmente em sua forma de comunicação. Em quase todas as cidades do mundo vamos encontrar associações de surdos onde se reúnem e convivem socialmente. Língua: conjunto do vocabulário de um idioma e de suas regras gramaticais; Idioma. Por exemplo: inglês, português, LIBRAS. Linguagem: Capacidade que o homem e alguns animais possuem para se comunicar, expressar seus pensamentos. Língua de Sinais: É a língua dos surdos, que possui a sua própria estrutura e gramática através do canal de comunicação visual. A língua de sinais dos surdos urbanos brasileiros é a LIBRAS A linguagem permite ao homem estruturar seu pensamento, traduzir o que sente, registrar o que conhece e comunicar-se com outros homens. Ela marca o ingresso do homem na cultura, construindo-o como sujeito capaz de produzir transformações nunca antes imaginadas. Já está comprovado cientificamente que o ser humano possui dois sistemas para a produção e reconhecimento da linguagem: ➢ o sistema sensorial, que faz uso da anatomia visual/auditiva e vocal (línguas orais) ➢ sistema motor que faz uso da anatomia visual e da anatomia da mão e do braço (línguas de sinais). As línguas de sinais são consideradas as línguas maternas ou naturais dos surdos, emitidas por meio de gestos e com estrutura sintática própria (AZULAY, 1996 apud SKLIAR, 1998). 5 Várias pesquisas já comprovaram que pessoas surdas procuram criar e desenvolver alguma forma de linguagem gestual, mesmo não sendo expostas a nenhuma língua de sinais. A influência do olhar dos ouvintes sobre os indivíduos surdos e a surdez, constrói características bastante peculiares desde seu desenvolvimento físico e mental até seu comportamento como ser social. Nesse aspecto, destaca-se a LIBRAS como fator de vital importância para o desenvolvimento de processos mentais, de personalidade e de integração social do surdo. Ao se referirem aos surdos se faz comum algumas pessoas as nomearem de ‘surdas-mudas’ ou ‘mudinhas', o que denota total ignorância sobre o que é surdez e, principalmente, uma carga enorme de preconceito, considerando-os naturalmente como incapazes de aprenderem a falar através da expressão oral. Quando, na verdade, a ausência da audição, que facilita a integração da criança ouvinte na comunidade ouvinte tornando a aprendizagem da expressão oral um processo de familiarização nas trocas sociais naturais da criança, no caso da criança surda inexiste, e por isso a dificuldade desta em aprendera falar visto que sua percepção da fala se dá por meio visual, e por tal se faz necessário um programa especializado para que possa aprender (FERNANDES, 2005). O que é o Surdo-Mudo? Erro social dado ao fato de que o surdo vive num "silêncio" rotulado pela própria sociedade (por falta de conhecimento do real significado das duas palavras). Surdo: dificuldade parcial ou total no que se refere à audição; Mudo: problema ligado à voz. Quem são os surdos? São aquelas pessoas que utilizam a comunicação espaço-visual como principal meio de conhecer o mundo em substituição à audição e dificuldade na fala. A maioria das pessoas surdas no contato com outros surdos, desenvolvem a Língua de Sinais. Já outros, por viverem isolados ou em locais onde não exista uma comunidade surda, apenas se comunicam por gestos. Existem surdos que por imposição familiar ou opção pessoal preferem utilizar a língua oral (fala). 6 Deficiência Auditiva: Termo técnico usado na área da saúde e, algumas vezes, em textos legais, refere- se a uma perda sensorial auditiva. Não designa o grupo cultural dos surdos. Alguns mitos sobre o deficiente • Necessitam ser dependentes dos outros; São mal ajustados, zangados e infelizes; São “marcados” e menos inteligentes; Drenam a economia e são improdutivos; Não têm os mesmos relacionamentos das pessoas ditas “normais”; Merecem compaixão e piedade; Seu lugar é em instituições especializadas; Estão sendo “punidos” por algum pecado. Não devemos falar de surdez como algo localizado, fechado, demarcado. Falamos no sentido que Heidegger imprimiu aos locais da cultura quando considera que: “Uma fronteira não é o ponto onde algo termina, mas, como os gregos reconheceram, a fronteira é o ponto a partir do qual algo começa a se fazer presente”(BHABHA, 2005, p. 19) 1.1 Breve relato da história dos surdos Grupo que possui uma língua, uma identidade e uma cultura. Ao longo das eras, os Surdos travaram grandes batalhas pela afirmação da sua identidade, da comunidade surda, da sua língua e da sua cultura, até alcançarem o reconhecimento que têm hoje no século XXI. Até à Idade Média No Egito, os Surdos eram adorados, como se fossem deuses, serviam de mediadores entre os deuses e os Faraós, sendo temidos e respeitados pela 7 população. Na Antigüidade os chineses lançavam-nos ao mar, os gauleses sacrificavam-nos aos deuses Teutates, em Esparta eram lançados do alto dos rochedos. Na Grécia, os Surdos eram encarados como seres incompetentes. Aristóteles ensinava que os que nasciam surdos, por não possuírem linguagem, não eram capazes de raciocinar. Essa crença, comum na época, fazia com que os surdos não recebessem educação. Era comum lançarem as crianças surdas (especialmente as pobres) ao rio Tibre, para serem cuidados pelas Ninfas. Mais tarde, Santo Agostinho defendia a idéia de que os pais de filhos Surdos estavam a pagar por algum pecado que haviam cometido. Acreditava que os Surdos podiam se comunicar por meio de gestos, que, em equivalência à fala. A Igreja Católica, até a Idade Média, acreditava que os Surdos, diferentemente dos ouvintes, não possuíam uma alma imortal, uma vez que eram incapazes de proferir os sacramentos. John Beverley, em 700 d.C., ensinou um Surdo a falar, pela primeira vez (em que há registro). Por essa razão, ele foi considerado por muitos como o primeiro educador de Surdos. Idade Moderna Foi na Idade Moderna que se distinguiu, pela primeira vez, surdez de mudez. A expressão surdo-mudo deixou de ser a designação do Surdo. O espanhol Pedro Ponce de León (1520 - 1584) foi um monge beneditino que recebeu créditos como o primeiro professor para surdos e inicia, mundialmente, a história dos Surdos. León desenvolveu um alfabeto manual, que ajudava os Surdos a soletrar as palavras (há quem defenda a idéia de que esse alfabeto manual foi baseado nos gestos criados por monges, que comunicavam entre si desta maneira pelo fato de terem feito voto de silêncio). França Charles Michel de L'Épée, nascido em 1712, ensinava, numa primeira fase, os Surdos, por motivos religiosos. Muitos o consideram criador da língua 8 gestual. Embora saibamos que a mesma já existia antes dele, L'Épée reconheceu que essa língua realmente existia e que se desenvolvia (embora a não considerasse uma língua com gramática). Os seus principais contributos foram: ➢ criação do Instituto Nacional de Surdos-Mudos, em Paris (primeira escola de Surdos do mundo); ➢ reconhecimento do Surdo como ser humano, por reconhecer a sua língua; ➢ adoção do método de educação coletiva; ➢ reconhecimento de que ensinar o Surdo a falar seria perda de tempo, antes devia ensinar-lhe a língua gestual. Idade Contemporânea Jean Massieu foi um dos primeiros professores surdos do mundo; Gestualismo (ou método francês) e o oralismo (ou método alemão); Esta luta entre o oralismo e a língua gestual continua até aos nossos dias. O primeiro aparelho auditivo surge em 1898. NO BRASIL A história da educação dos surdos no Brasil é iniciada com Dom Pedro II. Em 1856 a comissão organizada por Dom Pedro II se reuniram e decidiram pela criação do primeiro Instituto de surdos. Em 26 de setembro de 1857 foi aprovada a Lei de nº 939 que designava a verba para auxílio orçamentário ao novo estabelecimento e pensão anual para cada 9 um dos dez alunos que o governo imperial mandou admitir no Instituto. Assim sendo, Dom Pedro II trouxe para o Brasil um surdo francês chamado Edward Huet, iniciando assim a educação dos surdos no Brasil. Atualmente estão garantidos no Brasil, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. De acordo com as normas legais em vigor no País, as instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva. A LIBRAS, portanto, é uma língua viva e autônoma, reconhecida pela lingüística. 10 2 DEFINIÇÃO DE LIBRAS Conforme Fernando Capovilla, “Língua de Sinais é uma unidade, que se refere a uma modalidade linguística quiroarticulatória-visual e não oroarticulatória- auditiva. Assim, há Língua de Sinais Brasileira (porque é a Língua de Sinais desenvolvida e empregada pela comunidade surda brasileira, há Língua de Sinais Americana, Francesa, Inglesa, e assim por diante. (CAPOVILLA, 2001). A sigla correta é “Libras” e não “LIBRAS” (ver explicação no próximo parágrafo). Quando foi divulgado o uso da sigla “LIBRAS”, explicava-se esta sigla da seguinte forma: LI de Língua, BRA de Brasileira, e S de Sinais. Com a grafia “Libras”, a sigla significa: Li de Língua de Sinais, e bras de Brasileira. É correto utilizar o termo “língua de sinais” porque se trata de uma língua viva e, portanto, a quantidade de sinais está em aberto, podendo ser acrescentados novos sinais. Quando se diz “língua dos sinais”, fica implícito que a quantidade de sinais já está fechada. 2.1 Bilinguismo Segundo Fernandes (2010) bilinguismo não é um método de educação. Define-se pelo fato de um indivíduo ser usuário de duas línguas. Educação com bilinguismo, não é, portanto,em essência, uma nova proposta educacional em si mesma, mas uma proposta de educação onde o bilinguismo atua como uma possibilidade de integração do indivíduo ao meio socio-cultural a que naturalmente pertence, ou seja, às comunidades de surdos e de ouvintes. Educar com bilinguismo é “cuidar” para que, através do acesso a duas línguas, se torne possível garantir que os processos naturais de desenvolvimento do indivíduo, nos quais a língua se mostre instrumento indispensável, sejam preservados. Isto ocorre através da aquisição de um sistema linguístico o mais cedo e o mais breve possível, considerando a Língua de Sinais como primeira língua, na maioria dos casos. Educação com bilinguismo não é, pois, uma nova forma de educação. É um modo de garantir uma melhor possibilidade de acesso à educação. 11 2.2 Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados. Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual- motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. O poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais. Art. 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente. Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa. 2.3 Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005 Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Art. 2º Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua 12 Brasileira de Sinais - Libras. Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. CAPÍTULO II DA INCLUSÃO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA CURRICULAR; CAPÍTULO III DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LIBRAS E DO INSTRUTOR DE LIBRAS; CAPÍTULO IV DO USO E DA DIFUSÃO DA LIBRAS E DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA O ACESSO DAS PESSOAS SURDAS À EDUCAÇÃO; CAPÍTULO V DA FORMAÇÃO DO TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LIBRAS - LÍNGUA PORTUGUESA; CAPÍTULO VI DA GARANTIA DO DIREITO À EDUCAÇÃO DAS PESSOAS SURDAS OU COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA; CAPÍTULO VII DA GARANTIA DO DIREITO À SAÚDE DAS PESSOAS SURDAS OU COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA 13 3 DEFINIÇÃO DE DEFICIENCIA AUDITIVA Deficiência auditiva é o nome usado para indicar perda de audição ou diminuição na capacidade de escutar os sons. Qualquer problema que ocorra em alguma das partes do ouvido pode levar a uma deficiência na audição. Entre as várias deficiências auditivas existentes, há as que podem ser classificadas como condutiva, mista ou neurossensorial. A surdez ou deficiência auditiva, como muitas pessoas preferem chamar, se caracteriza por uma dificuldade na recepção, percepção e reconhecimento de sons. Esta dificuldade pode ocorrer em diferentes graus, indo do mais leve ao mais profundo (LIMA, 1997). 3.1 Significado dos termos: Hipoacusia - refere-se a uma redução na sensitividade da audição, sem qualquer alteração da qualidade de audição. O aumento da intensidade da fonte sonora, possibilita uma audição bastante adequada. Disacusia - refere-se a um distúrbio na audição, expresso em qualidade e não em intensidade sonora. O aumento da intensidade da fonte sonora não garante o perfeito entendimento do significado das palavras 3.2 Como Funciona o Ouvido? O ouvido capta vibrações do ar (sons) e as transforma em impulsos nervosos que o cérebro "ouve". O ouvido externo é composto pelo pavilhão e pelo canal auditivo. A entrada do canal auditivo é coberta por pêlos e cera, que ajudam a 14 mantê-lo limpo. O canal auditivo leva o som a uma membrana circular e flexível chamada tímpano, que vibra ao receber ondas sonoras. Esta, por sua vez, faz vibrar, no ouvido médio, três ossículos, que ampliam e intensificam as vibrações, conduzindo- as ao ouvido interno. O ouvido interno é formado por um complexo sistema de canais contendo líquido aquoso. Vibrações do ouvido médio fazem com que esse líquido se mova e as extremidades dos nervos sensitivos convertem esse movimento em sinais elétricos, que são enviados ao cérebro, através do nervo da audição (nervo auditivo). O modo como os sinais elétricos são interpretados pelo cérebro ainda não está claramente entendido. Vejamos a figura abaixo: Figura 1: Anatomia do ouvido Fonte: Meneguete (2010) 15 3.3 Tipos de deficiência auditiva 3.3.1 Deficiência auditiva condutiva: Qualquer interferência na transmissão do som desde o conduto auditivo externo até a orelha interna (cóclea). A orelha interna tem capacidade de funcionamento normal, mas não é estimulada pela vibração sonora. Esta estimulação poderá ocorrer com o aumento da intensidade do estímulo sonoro. A grande maioria das deficiências auditivas condutivas pode ser corrigida através de tratamento clínico ou cirúrgico. 3.3.1.1 Causas da deficiência - Auditiva condutiva ➢ Cerume ou corpos estranhos do conduto auditivo externo; ➢ Otite externa: infecção bacteriana da pele do conduto auditivo externo; ➢ Otite média: processo infeccioso e/ou inflamatório da orelha média, que se classifica em: otite média secretora; otite média aguda; otite média crônica supurada e otite média crônica colesteatomatosa; ➢ Estenose ou atresia do conduto auditivo externo (redução de calibre ou ausência do conduto auditivo externo). Atresia é geralmente uma malformação congênita e a estenose pode ser congênita ou ocorrer por trauma, agressão cirúrgica ou infecções graves; ➢ Meningite Bolhosa (termo meningite refere-se a inflamação da membrana timpânica). Acúmulo de fluído entre as camadas da membrana timpânica, em geral associado a infecções das vias respiratórias superiores; ➢ Perfurações da membrana timpânica: podem ocorrer por traumas externos, variações bruscas da pressão atmosférica ou otite média crônica supurada. A perda auditiva decorre de alterações da vibração da membrana timpânica. É variável de acordo com a extensão e localização da perfuração; ➢ Obstrução da tuba auditiva; 16 ➢ Fissuras Palatinas; ➢ Otosclerose : A perda auditiva progride lentamente durante um período de 10 a 15 anos e é, muitas vezes, acompanhada por zumbidos e raramente por vertigens. Identificação e diagnóstico O diagnóstico das deficiências de audição é realizado a partir da avaliação médica e audiológica. Em crianças muito pequenas é feita pela própria família a partir da observação da ausência de reações a sons Um pouco mais velha, não desenvolve linguagem. Avaliação do otorrinolaringologista 3.3.2 Deficiência auditiva sensório-neural:Ocorre quando há uma impossibilidade de recepção do som por lesão das células ciliadas da cóclea ou do nervo auditivo. Os limiares por condução óssea e por condução aérea, alterados, são aproximadamente iguais. A diferenciação entre as lesões das células ciliadas da cóclea e do nervo auditivo só pode ser feita através de métodos especiais de avaliação auditiva. Este tipo de deficiência auditiva é irreversível. 3.3.2.1 Causas da deficiência - sensório-neural: Causas pré-natais: ➢ De origem hereditárias (surdez herdada monogênica, que pode ser uma surdez isolada da orelha interna por mecanismo recessivo ou dominante ou uma síndrome com surdez); e uma surdez associada a aberrações cromossômicas. ➢ De origem não hereditárias (causas exógenas), que podem ser: Infecções 17 maternas por rubéola, citomegalovírus, sífilis, herpes, toxoplasmose; drogas ototóxicas e outras, alcoolismo materno; Irradiações, por exemplo Raios X; Toxemia, diabetes e outras doenças maternais graves ; Causas perinatais ➢ Prematuridade e/ou baixo peso ao nascimento; ➢ Trauma de Parto - Fator traumático / Fator anóxico; ➢ Doença hemolítica do recém-nascido ( icterícia grave do recém-nascido); ➢ Causas pós-natais; ➢ Infecções - meningite, encefalite, parotidite epidêmica (caxumba), sarampo; ➢ Drogas ototóxicas; ➢ Perda auditiva induzida por ruído (PAIR); ➢ Traumas físicos que afetam o osso temporal; Fatores de risco ➢ Antecedentes familiares de deficiência auditiva, levantando-se se há consangüinidade entre os pais e/ou hereditariedade; ➢ Infecções congênitas suspeitadas ou confirmadas através de exame sorológico e/ou clínico (toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes e sífilis); ➢ Peso no nascimento inferior a 1500g e/ou crianças pequenas para a idade gestacional (PIG); ➢ Asfixia severa no nascimento, com Apgar entre 0-4 no primeiro minuto e 0-6 no quinto minuto; ➢ Hiperbilirrubinemia com índices que indiquem exsanguíneo transfusão; ➢ Ventilação mecânica por mais de dez dias; ➢ Alterações crânio-faciais, incluindo as síndromes que tenham como uma de suas características a deficiência auditiva; ➢ Meningite, principalmente a bacteriana; ➢ Uso de drogas ototóxicas por mais de cinco dias; ➢ Permanência em incubadora por mais de sete dias; ➢ Alcoolismo ou uso de drogas pelos pais, antes e durante a gestação. 18 Como evitar A mulher deve sempre tomar a vacina contra a rubéola, de preferência antes da adolescência, para que durante a gravidez esteja protegida contra a doença. Se a gestante tiver contato com rubéola nos primeiros três meses de gravidez, o bebê pode nascer surdo. A criança deve receber todas as vacinas contra as doenças infantis como sarampo e outras para prevenir-se contra possíveis deficiências. Também devem ser evitados objetos utilizados para "limpar" os ouvidos, como grampos, palitos ou outros pontiagudos. Outro cuidado a ser observado é para a criança não introduzir nada nos ouvidos, correndo-se o risco de causar lesões no aparelho auditivo. Se isto ocorrer, o objeto não deve ser retirado em casa. A vítima deve procurar atendimento médico. 3.3.3 Deficiência auditiva mista: Ocorre quando há uma alteração na condução do som até o órgão terminal sensorial associada à lesão do órgão sensorial ou do nervo auditivo. O audiograma mostra geralmente limiares de condução óssea abaixo dos níveis normais, embora com comprometimento menos intenso do que nos limiares de condução aérea. 3.3.4 Deficiência auditiva central, disfunção auditiva central ou surdez central: Este tipo de deficiência auditiva não é, necessariamente, acompanhada da diminuição da sensitividade auditiva, mas manifesta-se por diferentes graus de dificuldade na compreensão das informações sonoras. Decorre de alterações nos mecanismos de processamento da informação sonora no tronco cerebral (Sistema Nervoso Central). 19 3.4 Grau de deficiência - perda em decibéis Silman e Silverman (1991) apresentam a seguinte classificação: ➢ Normal .................................... até 25 dB ➢ Leve ........................................ de 26 a 40 dB ➢ Moderada ................................ de 41 a 55 dB ➢ Moderadamente severa ............de 56 a 70 dB ➢ Severa ..................................... de 71 a 90 dB ➢ Profunda .................................. maior que 91 dB 3.4.1 Decibéis A intensidade ou volume dos sons é medida em unidades chamadas decibéis, abreviadas para dB. Sessenta dB é a intensidade do som de uma conversa, e 120 dB a de um avião a jato. Se uma pessoas "perder" 25 dB de volume, poderá ter problemas de audição. A perda de 95 dB pode ensurdecer totalmente uma pessoa. 3.4.2 Qualidade do som Decibéis Tipo de ruído ➢ Muito baixo: 0-20 db Barulho das folhas ➢ Baixo: 20-40 db Conversa silenciosa ➢ Moderado: 40-60 db Conversa normal ➢ Alto: 60-80 db Ruído médio de fabricas ou transito ➢ Muito alto: 80-100 db Apito de guarda e ruído de um caminhão ➢ Ensurdecedor: 100-120 db Ruído de discoteca e de avião descolando 20 4 COMPREENDENDO OS APARELHOS AUDITIVOS Fonte: aappaarreellhhooss aauuddiittiivvoo sseecciiaa ((22001100)) Basicamente um aparelho auditivo é um mini sistema de amplificação. Cada aparelho é desenvolvido e adaptado para se adequar à situação auditiva de cada pessoa. Isso se deve ao fato de cada pessoa ter uma necessidade individual diferente da outra. O aparelho auditivo é composto pelos seguintes componentes: ✔ microfone amplificador (a maioria com processamento digital de sinal) receptor (mini auto falante) ✔ um molde de ouvido (uma peça de acrílico ou silicone individualmente feita para se encaixar no ouvido) ou uma concha, no caso dos aparelhos intracanais ou microcanais. ✔ bateria 21 EEssttiillooss ddee eennccaaiixxee ddoo aappaarreellhhoo aauuddiittiivvoo Fonte: Instituto Nacional de Saúde (2010) Microcanal (CIC - Completely-in-the-canal). O menor dos aparelhos auditivos é customizado, feitos para encaixe dentro do canal auditivo, ficando dessa forma, praticamente invisíveis quando em uso. Mini canal (CS). Também são customizados e pequenos o suficiente para ficarem quase totalmente dentro do canal auditivo. Intra-auricular (IT). Também conhecidos como “Concha” porque ocupam toda a cavidade do ouvido externo. 22 5 ALFABETO MANUAL - DATILOLOGIA 23 55..11 NNúúmmeerrooss eemm LLiibbrraass A sinalização dos números na língua brasileira de sinais acontece em quatro formas dependendo do significado do número. 55..11..11-- NNúúmmeerrooss CCaarrddiinnaaiiss usado como código representativo é sinalizado da seguinte forma: Exemplo: número do telefone, número da caixa postal, número da casa, número da conta no banco...etc. 55..11..22 -- NNúúmmeerrooss CCaarrddiinnaaiiss Usado para quantidades. Também são sinalizados sem adição de movimento, porém há diferenças na configuração de mão e no posicionamento dos números de 1 a 4, observe: Exemplo: quantidade de canetas na mesa, quantidade de pessoas presentes, quantidade de ônibus....etc. 24 55..11..33 -- NNúúmmeerrooss OOrrddiinnaaiiss São sinalizados com movimento trêmulo 55..11..44 -- VVaalloorreess mmoonneettáárriiooss São sinalizados com movimentos rotacionais do 1 ao 9, seguindo a configuraçãode mão dos números cardinais. 25 6 CALENDÁRIO EM LIBRAS 26 6.1 EExxpprreessssõõeess ccoomm rreellaaççããoo aaoo tteemmppoo 27 · SEMANA QUE-VEM · SEMANA PASSADA · SEMANA AGORA · 1 SEMANA · 2 SEMANAS · 3 SEMANAS · 4 SEMANAS · ANO QUE-VEM · ANO PASSADO · ANO AGORA · 1 ANO · MÊS QUE-VEM · MÊS PASSADO · MÊS AGORA · 1 MES · 2 MESES · 3 MESES 28 6.2 Cumprimentos 6.3 Nome visual Tudo Bem? _ Bem!! _ Eu sou Ouvinte. _ Eu uso Libras. Quando conhecemos alguém lhes perguntamos logo o nome, como se chama, para que todas as vezes que quisermos nos referir àquela pessoa temos um signo que a representa. O nome que estamos falando é o que na Língua Brasileira de Sinais denominamos de ssiinnaall ppeessssooaall ou somente sinal, costuma-se dizer que se trata de um nnoommee vviissuuaall, um batismo, para dar início à participação na comunidade surda. 29 7 ESTRUTURA DA LIBRAS Os parâmetros principais são: a) configuração da mão (CM) b) ponto de articulação (PA) c) movimento (M) CCoonnffiigguurraaççããoo ddaa mmããoo ((CCMM)):: éé aa ffoorrmmaa qquuee aa mmããoo aassssuummee dduurraannttee aa rreeaalliizzaaççããoo ddee uumm ssiinnaall.. TTEELLEEFFOONNEE BBRRAANNCCOO CM [Y] CM [B ] VVEEAADDOO OONNTTEEMM CCMM [[55]] CCMM [[ LL]] 30 MMoovviimmeennttoo ((MM)):: éé oo ddeessllooccaammeennttoo ddaa mmããoo nnoo eessppaaççoo,, dduurraannttee aa rreeaalliizzaaççããoo ddoo ssiinnaall.. GALINHA HOMEM 77..11 DDiirreecciioonnaalliiddaaddee ddoo mmoovviimmeennttoo a) Unidirecional: movimento em uma direção no espaço, durante a realização de um sinal. Ex.: PROIBIDO, SENTAR, MANDAR. b) Bidirecional: movimento realizado por uma ou ambas as mãos, em duas direções diferentes. Ex.: PRONTO, GRANDE, COMPRIDO, DISCUTIR, TRABALHAR, BRINCAR. c) Multidirecional: movimentos que exploram várias direções no espaço, durante a realização de um sinal. Ex.: pesquisar. 31 77..22 TTiippooss ddee mmoovviimmeennttooss ENCONTRAR ESTUDAR PORQUE a) Movimento Retilíneo: PPoonnttoo ddee aarrttiiccuullaaççããoo ((PPAA)):: éé oo lluuggaarr ddoo ccoorrppoo oonnddee sseerráá rreeaalliizzaaddoo oo ssiinnaall.. LARANJA APRENDER 32 ALTO MACARRÃO AZEITE b) Movimento Helicoidal: c) Movimento Circular: BRINCAR IDIOTA BICICLETA d) Movimento Semicircular: SURDO SAPO CORAGEM 33 BRASIL RIO NAVIO e) Movimento Sinuoso: RAIO ELÉTRICO DIFÍCIL f) Movimento Angular: 34 7.3 Parâmetros secundários a) Disposição das mãos : a realização dos sinais na LIBRAS pode ser feito com a mão dominante ou por ambas as mãos. Ex.: BURRO, CALMA, DIFERENTE, SENTAR, SEMPRE, OBRIGADO b) Orientação das mãos : direção da palma da mão durante a execução do sinal da LIBRAS, para cima, para baixo, para o lado, para a frente, etc. . Também pode ocorrer a mudança de orientação durante a execução de um sinal. Ex. : MONTANHA, BAIXO, FRITAR. c) Região de contato : a mão entra em contato com o corpo, através do : toque : MEDO, ÔNIBUS, CONHECER. duplo toque : FAMÍLIA, SAÚDE. deslizamento : CURSO, EDUCAÇÃO, GALINHA. *É IMPORTANTE SALIENTAR QUE SEM A VISUALIDADE NÃO HÁ COMUNICAÇÃO QQuuaannttoo aaooss ppaarrââmmeettrrooss sseeccuunnddáárriiooss tteemm--ssee ppoorrttaannttoo:: a) Disposição das mãos, b) Orientação da palma das mãos, c) Região de contato, d) Expressões faciais VVIISSUUAALLIIDDAADDEE –– AA aatteennççããoo ddoo oollhhaarr 35 7.4 Expressões faciais Expressões faciais são formas de comunicar algo, um sinal pode mudar completamente seu significado em função da expressão facial utilizada. Quadros e Pimenta (2006) explicam que existem dois tipos diferentes de expressões faciais: as afetivas e as gramaticais (lexicais e sentenciais).As afetivas são as expressões ligadas a sentimentos / emoções. Veja os exemplos: As expressões faciais gramaticais lexicais estão ligadas ao grau dos adjetivos: BONITA BONITINHA LINDA E as expressões faciais gramaticais sentenciais estão ligadas às sentenças: COMO? O QUE? IINNTTEERRRROOGGAATTIIVVAASS 36 QUERER? PODE? POR QUÊ? ONDE? AAFFIIRRMMAATTIIVVAASS // NNEEGGAATTIIVVAASS ee EEXXCCLLAAMMAATTIIVVAASS SIM NÃO ! 37 8 ESTRUTURA SINTÁTICA A LIBRAS não pode ser estudada tendo como base a Língua Portuguesa, porque ela tem gramática diferenciada, independente da língua oral. A ordem dos sinais na construção de um enunciado obedece a regras próprias que refletem a forma de o surdo processar suas idéias, com base em sua percepção visual-espacial da realidade. Vejamos alguns exemplos que demonstram exatamente essa independência sintática do português: Exemplo 1: LIBRAS: EU IR CASA. (verbo direcional) Português: "Eu irei para casa." para - não se usa em LIBRAS, porque está incorporado ao verbo; Exemplo 2: LIBRAS: FLOR EU-DAR MULHER^BENÇÃ (verbo direcional) Português: "Eu dei a flor para a mamãe." Exemplo 3: LIBRAS: PORQUE ISTO (expressão facial de interrogação) Português: "Para que serve isto?" Exemplo 4: LIBRAS: IDADE VOCÊ (expressão facial de interrogação) Português: "Quantos anos você tem?" Observação: Na estruturação da LIBRAS observa-se que a mesma possui regras próprias; não são usados artigos, preposições, conjunções, porque esses conectivos estão incorporados ao sinal. 8.1 Convenções dalibras A grafia: os sinais em LIBRAS, para simplificação, serão representados na Língua Portuguesa em letra maiúscula. Ex.: CASA, INSTRUTOR 38 A datilologia (alfabeto manual): usada para expressar nomes de pessoas, lugares e outras palavras que não possuem sinal, estará representada pelas palavras separadas por hífen. Ex.: M-A-R-I-A, H-I-P-Ó-T-E-S-E. Os verbos: serão apresentados no infinitivo. Todas as concordâncias e conjugações são feitas no espaço. Ex.: EU QUERER CURSO. As frases: obedecerão à estrutura da LIBRAS, e não à do Português. Ex.: VOCÊ GOSTAR CURSO SENAI? (Você gosta do curso do SENAI?) Os pronomes pessoais: serão representados pelo sistema de apontação. Apontar em LIBRAS é culturalmente e gramaticalmente aceito. Para conversar em LIBRAS não basta apenas conhecer os sinais de forma solta, é necessário conhecer a sua estrutura gramatical, combinando-os em frases. 8.1.1 Escrita de Sinais (SIGN WRITING) O Sign Writing é um sistema de escrita com características gráfico- esquemáticas, que permite uma representação de textos de línguas de sinais através de uma forma intuitiva e de fácil compreensão. O sistema é constituído de um conjunto de símbolos e um conjunto de regras de escrita, definidos para representar os diversos aspectos fonético-fonológicos das línguas de sinais. Sign Writing teve origem num sistema para escrever passos de dança, o qual acabou despertando o interesse de pesquisadores da Língua de Sinais dinamarquesa que estavam procurando uma forma de escrever os sinais. A escrita de sinais de Valerie Sutton é um sistema de representação gráfica das línguas de sinais que permite, através de símbolos visuais, representar as configurações das mãos, seus movimentos, as expressões faciais e os deslocamentos corporais. 39 Um exemplo deste modo de transcrever a língua de sinais para o papel é o seguinte: SINAL - CURSO SINAL DE CASA 8.2 PPrroonnoommeess ppeessssooaaiiss Na Língua Brasileira de Sinais também há uma forma de representar pessoas no discurso, ou seja, um sistema pronominal, para tanto se usa as seguintes configurações de mão. Singular – Todas as representações têm a mesma configuração, mudando somente a orientação. 40 8.3 PPrroonnoommeess ppoosssseessssiivvooss Plural – A configuração muda conforme o número de participantes, mudando também a orientação conforme a pessoa do discurso. Os pronomes possessivos em Libras estão relacionados às pessoas do discurso e aos objetos de posse, também não possuem marca de gênero. Mais uma vez a direção do olhar e da mão são importantíssimos. 41 9 ESTRATÉGIAS DE ENSINO/COMUNICAÇÃO Embora não haja necessidade de adaptações nas atividades, algumas estratégias de ensino podem facilitar a condução da aula ou de determinadas atividades. A principal delas é a demonstração, que pode ser usada quando não existe uma língua comum ou um código já estabelecido que permita transmitir ao(s) aluno(s) as instruções necessárias para a execução da atividade. Outra estratégia é o uso de pistas visuais. Cartelas coloridas ou bandeirinhas podem substituir comandos de voz durante uma atividade; figuras podem indicar o movimento a ser feito; fichas com números podem evidenciar sequências de atividades, ou a repetição de uma atividade já realizada, ou o número de uma tarefa a ser executada, ou a quantidade de crianças que devem se agrupar. As possibilidades são muitas e tornam a aula mais interessante, também para os alunos que ouvem. A demonstração e as pistas visuais facilitam a compreensão dos alunos e o trabalho do professor, mas não devem substituir a comunicação através de uma língua, seja o Português ou a LIBRAS. OS CUIDADOS COM A COMUNICAÇÃO ORAL. SÃO ELES: 1. Manter o rosto visível; 2. Falar de frente, sem exagerar os movimentos labiais e quando o aluno estiver olhando; 3. Usar frases curtas e simples, mas corretas; 4. Usar gestos, se necessário, e esforçar-se para entender os gestos da criança; 5. Recorrer a outras formas de comunicação (desenho, esquemas, escrita, mímica), se houver necessidade. Para escolher estratégias adequadas, o professor deve conhecer seus alunos e estar informado sobre a etiologia (origem), a gravidade (grau de perda auditiva) e o período de instalação da surdez (antes ou depois da aquisição da linguagem). Dessa forma, poderá escolher atividades adequadas para o nível de desenvolvimento da turma e estratégias de comunicação e estimulação auditiva (se 42 for o caso) condizentes com as necessidades do(s) aluno(s) surdo(s). O professor também deve observar se alguém usa prótese auditiva para orientar sobre o seu uso ou não durante uma determinada atividade. Uma vez retirada, deve ser guardada em local seco, limpo e seguro. O professor também deve estar ciente de que, uma vez sem prótese, as respostas auditivas da criança podem ser diferentes, dependendo do ganho que o aparelho possa lhe proporcionar. Por outro lado, o uso da prótese deve ser incentivado durante atividades rítmicas com estimulação sonora (exceto se esta for realizada na água). 43 EM PÉ SENTAR ANDAR PODE BRINCAR PEGAR SALTAR QUEBRAR CAIR 1100 SSEELLEEÇÇÃÃOO DDEE SSIINNAAIISS 44 COZINHAR FAZER TRABALHAR DANÇAR MOSTRAR NADAR GOSTAR NÃO GOSTAR 45 TER NÃO TER GRANDE PEQUEN@ BONIT@ FEI@ ROUBAR DESPREZAR 46 LIMPO SUJO GORD@ MAGR@ ALT@ BAIX@ CHAVE PAGAR LAPIS LIVRO 47 PAPEL PLANTA ROUPA TELEVISÃO LER DESENHAR ESCREVER CANTAR 48 FALAR GRITAR CONVERSAR ABRAÇAR ENSINAR APRENDER CHORAR VERGONHA 49MEDO DIFICIL FACIL RÁDIO RELÓGIO 50 ERRADO CERTO JUNTO SEPARADO FRIO CALOR 51 CHEIO VAZIO DIFERENTE IGUAL BRIGAR OBEDECER MORRER VIVER 52 CUIDAR DEVAGAR ESPERAR ENCONTRAR FINGIR ALEGRIA PACIÊNCIA SAUDADE SEDE 53 PESSOAS CASA BANHEIRO MULHER HOMEM FAMÍLIA COMER BEBER BOM BOLA POR FAVOR OBRIGADO 54 Professor EDUCAÇÃO FÍSICA PROFESSOR LIBRAS ESCOLA METODOLOGIA VERDADE EDUCAÇÃO 55 CORES AZUL AMARELO BRANCO PRETO MARRON ROSA ROXO VERMELHO VERDE ESPORTES BASQUETE 56 FUTEBOL TENIS BOXE JOGO XADREZ VARIOS JOGOS DADO DOMINÓ BOLICHE PING PONG BILHAR DAMA 57 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Antonio Carlos Pinheiro Gama. Atividade física e deficiência auditiva / Antonio Carlos Pinheiro Gama Almeida. Em Atividade Física Adaptada: qualidade de vida para pessoas com necessidades especiais / organização de Márcia Greguol Gorgatti, Roberto Fernandes da Costa. -- Barueri/Brasil: Manole, 2005. p. 129-146. APARELHOSAUDITIVOSECIA. O ouvido humano. Disponível em: http://www.aparelhosauditivosecia.com.br/sistema-auditivo.html. Acesso em 02 mai de 2010. CAPOVILLA Fernando César; DUARTE RAPHAEL Walkiria. Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngüe - Língua de Sinais Brasileira. 3. ed. São Paulo: EDEUSP, 2008. CASTRO, Alberto Rainha de; CARVALHO, Ilza Silva de. Comunicação por Língua Brasileira de Sinais. Brasília: SENAC, 2005. ESMINGER, Judy. Comunicando com as Mãos. Disponível em formato digital no sítio www.apilms.org.(Associação dos Profissionais Tradutores / Intérpretes de Língua Brasileira de Sinais de Mato Grosso do Sul – APILMS) Curso básico de Libras. sd. GOLDFELD, Márcia. 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Surdez e Linguagem: aspectos e implicações neurolinguísticas. São Paulo: Summus, 2007. SILVA, Fábio Irineu; et al. Caderno pedagógico I - Curso de Libras. CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE SANTA CATARINA –CEFET/SC. NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM EDUCAÇÃO DE SURDOS – NEPES, 2007.
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