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RESENHA CRITICA direito processual AMBIENTAL 30-1

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA EM LEGISLAÇÃO, PERÍCIA E AUDITORIA AMBIENTAL
A Perícia Ambiental no novo CPC
HELOÍSA ARAÚJO MELATO
Trabalho da disciplina ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS
 Tutora: Maria Carolina Cancella de Amorim
Divinópolis, MG 
2020
A PERÍCIA AMBIENTAL NO NOVO CPC 
Referências: 
PINHO, Dalla Bernardino de, Humberto. Artigo: O novo CPC e a mediação Reflexões e ponderações, Revista Veredas do Direito, V.48, nº 19, p. 219 – Abril/ Junho de 2011. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/48/190/ril_v48_n190_t1_p219.pdf, Acesso em 26/01/2020.
Sumário: 1.Considerações Iniciais. 2. Breve evolução legislativa. 3. Conceito de Mediação: contribuições do direito estrangeiro. 4. Principais características e a necessária distinção entre mediação e os demais mecanismos alternativos de solução de conflitos. 5. Comentários sobre os dispositivos do PL 8046/10. 6. Considerações finais.
1.Considerações Iniciais: 
Em 12/04/2011 foi dado um passo histórico na direção à democratização do processo legislativo no Brasil, com a realização de um Seminário, no Salão Negro do Ministério da Justiça, em Brasília, que reuniu a Comissão de Juristas encarregada pelo Presidente do Senado para elaboração do Anteprojeto do novo Código de Processo Civil, membros da Câmara dos Deputados, integrantes da Academia e um público de alunos e professores. Dessa iniciativa, foi lançado o “debate público on line” sobre o texto do Projeto de Lei no 8.046/10, por meio do sítio www. participacao.mj.gov.br/cpc, que disponibilizou o anteprojeto do novo CPC para consulta pública. 
Dessa consulta do texto, injustamente criticada, surgiram diversas manifestações, com apresentação de 202 emendas parlamentares, 106 notas técnicas, 829 propostas da sociedade organizada e 58 projetos de leis de iniciativa do Senado e da Câmara, que resultaram na alteração de diversos artigos e inserção de outros ao projeto inicial, sempre sob a concepção da Comissão de Juristas, para que não se desfigurasse o objetivo inicial, sempre compatibilizando a doutrina com os anseios populares.
A necessidade de atualização tornou-se necessária, tendo em vista o grande número de leis existentes que modificaram o CPC de 1973, que havia sido editado há apenas 38 anos, curto espaço de tempo. Para elaboração de um novo CPC foram considerados os avanços tecnológicos, sociais, econômicos, políticos e culturais pelos quais o cenário nacional passou, o que inviabilizava a reforma do anterior, que tornou-se obsoleto frente às mudanças trazidas pela Emenda Constitucional 45. 
2. Breve evolução legislativa 
Com o Projeto de Lei 4.827/98 da deputada Zulaiê Cobra, foi estabelecida a definição do termo mediação. Em 2002 tal projeto foi enviado ao Senado Federal, recebendo o número PLC 94, após aprovação pela Comissão de Constituição e Justiça. 
Paralelamente, em 1999, já havia sido constituída uma comissão para elaboração de anteprojeto de lei sobre a mediação no processo civil, pelo Instituto Brasileiro de Direito Processual (IBDP), e, após debates públicos, chegou a um texto final, apresentado ao governo federal. Diante do fato de que o Projeto de lei 4.827/98 já havia sido aprovado na Câmara, o Ministério da Justiça diligenciou no sentido de unificar as duas frentes, realizando audiência pública, convidando os envolvidos e as organizações sociais para que fosse elaborado um texto de consenso.
O Governo Federal, por diversas vezes apresentou projetos de lei alterado o CPC, até resolver encaminhar um PL autônomo, com texto elaborado pelo IBDP. Após reformulação a CGJ, foi recebido aprovado o substitutivo (Emenda no 1-CCJ). 
Em 2009 houve nova tentativa de inserir a mediação em nosso Direito, com a convocação de uma Comissão de Juristas, presidida pelo Ministro Luiz Fux, com o objetivo de apresentar um novo Código de Processo Civil. (PINHO, 2011, p. 2). Rapidamente foi apresentado um anteprojeto, que foi convertido no Projeto de Lei 166/10, amplamente discutido e examinado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal. 
Em dezembro de 2010, foi apresentado um substitutivo pelo Senador Valter Pereira, que foi aprovado pelo Pleno do Senado e encaminhado à Câmara dos Deputados, sob nº PL 8046/10. A partir de 2011 iniciou-se as primeiras discussões e reflexões sobre o tema, onde existia grande preocupação com os institutos da conciliação e da mediação.
3- Conceito de Mediação: contribuições do direito estrangeiro 
Diversas foram as contribuições do direito estrangeiro, ao longo do tempo, para a construção do conceito de mediação, tanto do direito italiano, espanhol, francês, argentino, etc, sendo certo que a mediação encontra-se sob os auspícios do pode judiciário.
Hoje temos que a mediação é um procedimento no qual as pessoas buscam ajuda de um terceiro imparcial, para solução de um conflito existente entre elas. A missão do mediador não é decidir o conflito, nem tem ele autorização para isso, mas sim contribuir para encontrar uma solução para a questão que satisfaça ambas as partes. 
A mediação, na visão do autor, vai além do acordo, requerendo uma mudança na forma como as pessoas vêm o conflito, devendo o mesmo ser gerenciado e redimensionado através da mudança de comportamento das partes. 
4- Principais características e a necessária distinção entre mediação e os demais mecanismos alternativos de solução de conflitos
O uso dos mecanismos alternativos de solução de conflitos, apesar das críticas no sentido de que seria uma tentativa de “privatização” da justiça, é uma tentativa de desobstruir a Justiça e agilizar a solução de conflitos. Acontece por três formas (REUBN, 2000, p.971): 1) pela vontade das partes; 2) por força de lei; e 3) por determinação judicial.
A negociação é feita entre as partes, que buscam a solução do conflito, sem a intervenção de terceiros. Se não houver um consenso, as partes buscam a mediação de um terceiro, capacitado, para restabelecimento do diálogo e viabilização de um acordo sobre o litígio.
Assim que se esgotam estas primeiras ferramentas de solução de conflitos, quando as partes já estão desgastadas e torna-se inviável a possibilidade de acordo, temos a Adjudicação, que é feita por meio da Arbitragem ou da Jurisdição.
A arbitragem se dá quando o conflito versa sobre direito patrimonial, e de duas formas: uma, quando as partes convencionam antes do litígio, através de cláusula compromissória no contrato, a figura de um ou mais árbitros para dirimir quaisquer questões que venham a surgir, relativas ao negócio jurídico. 
A outra forma de arbitragem se dá após a instalação do litígio, através do compromisso arbitral, por provocação de uma das partes, que requer ao juiz a nomeação de um árbitro. 
Em ambas o arbitro deve ser especialista na matéria objeto da discussão, pois a partir do momento em que é acionado há transferência de poder ao mesmo, que passará a ser o juiz de direito e de fato. 
Apesar do acesso ao órgão jurisdicional não ser a melhor forma de compor litígios, considerando se a morosidade do judiciário e a falta de efetividade processual, a decisão forçada, na qual a Jurisdição do Estado é acionada, ainda é a forma mais usada no Brasil para solucionar conflitos.
Ultrapassados os conceitos, vamos nos aprofundar a consistência da mediação.
A mediação exige três elementos básicos: a existência de partes, do conflito de interesses, e a figura de um terceiro, neutro, capaz de ajudar na busca da solução para o conflito.
As partes podem ser pessoas físicas ou jurídicas, entes jurídicos sem personalidade, deste que identificado seu representante legal, e até menores de idade assistidos por seus representantes legais.
O segundo elemento é o conflito de interesses que determina o campo de atuação do mediador.
E o terceiro é o mediador, que deverá ser pessoa imparcial, dotada de credibilidade, neutra, confiável, apta a lidar com o conflito e a apontar soluções para o conflito.
A mediação é em regra procedimento extrajudicial e a adesãoa ela deve ser voluntária, de comum acordo entre as partes, e dotada de boa-fé. O mediador deve ser pessoa de confiança, dotada de tempo, dedicação e habilidade para lidar com as relações humanas e seus desdobramentos, pois é preciso conduzir a troca de informações, além de barganhar entre as partes.
As partes, visando garantir seus direitos devem oficializar o procedimento, elaborando um termo de mediação. Tal termo deve conter a identificação e qualificação, de seus procuradores e do mediador, o objeto da mediação, a forma como serão conduzidas as reuniões, o prazo para conclusão, a aceitação e divisão do encargo do mediador, além do procedimento a ser seguido caso haja desistência das partes ou o mediador conclua que não existem meios de mediar solução para o conflito naquele momento.
Cabe ao mediador conduzir as reuniões e estar no controle da situação, incitando o debate das questões entre as partes, sem perder o objetivo e o foco do trabalho.
Apesar de não existir regra que obrigue, assim que obtido o acordo, deve haver formalização escrita de seus termos, para garantir a efetividade do que foi acordado, sua adequação às normas jurídicas vigentes, e se evitar o descumprimento do mesmo.
O artigo 585, inciso II do CPC, garante a conversão em título executivo extrajudicial a qualquer acordo assinado por partes na presença de duas testemunhas, o que dispensa o ajuizamento prévio de ação. Tal acordo poderá adquirir força de título executivo judicial, deste que seja submetido à aprovação e homologação do juiz.
A mediação não deve ser usada para qualquer caso, pois cada tipo de conflito tem forma de solução própria, devendo sempre tentar combinar mais de um método. O autor insiste na teoria de que a mediação kdeve ser usada para solucionar conflitos advindos de relações interpessoais continuadas e deve ser combinada com outros mecanismos de soluções alternativas.
5. Comentários sobre os dispositivos do PL 8046/10.
É preciso ater-se ao fato de que não se trata de uma grande reforma no Código já existente, mas sim da elaboração de um novo Código, ao qual será aplicada uma nova ideologia e uma nova compreensão do processo civil.
Analisando o texto, percebemos a preocupação em sintonizar os princípios constitucionais com as regras legais, o que mostra a feição neoconstitucional do trabalho.
Com o novo Código, haverá, de um lado, ampla liberdade do juiz de primeiro grau para apreciar matéria fática, e de outro, a vinculação deste mesmo magistrado a um sistema rígido de precedentes advindos das instâncias superiores. Espera-se que o Juiz seja ativo, mas, em virtude dos precedentes, restringe-se sua atuação.
No título III da Parte Geral do Projeto, encontra-se referência ao Juiz e aos Auxiliares da Justiça. No capítulo terceiro, Seção V, as disposições sobre os conciliadores e mediadores judiciais. 
O Projeto trata especificamente da mediação no âmbito do Poder Judiciário, mas não a exclui de ser feita previamente, bem como os demais meios de solução de conflitos. Ficam resguardados os seguintes princípios da mediação e conciliação: independência, neutralidade, autonomia da vontade, confidencialidade, oralidade e informalidade.
O artigo 145 estabelece que todos os personagens do processo devem estimular a conciliação e a mediação, realçando a distinção entre os dois institutos. O conciliador pode sugerir soluções para o conflito, o mediador deve auxiliar as partes em conflito, de forma que elas identifiquem alternativas com benefícios próprios.
A escolha do mediador é livre entre as partes, caso não haja consenso, faz-se sorteio entre os profissionais inscritos nos tribunais, dentre aqueles cadastrados, que deverão preencher os requisitos mínimos, dentre os quais certificado de capacitação em curso realizado por entidade credenciada no Tribunal.
O PLS 166/10, em sua versão original exigia que o mediador fosse advogado regularmente inscrito na OAB, o que foi dispensado, apesar de que na Argentina prevalece como tal.
O Art 147 do Projeto previa registros da atividade, a serem contabilizados como estatística. O Art 148 traz previsões de exclusão do nome dos mediadores do cadatro do Tribunal, em caso de problemas éticos de mediadores e conciliadores. O Art 149 trata do impedimento e impossibilidade (art. 150), bem como da quarentena a que ficam impedidos, por um ano, contados do término do procedimento, a patrocinar qualquer dos litigantes (art. 151). O Art. 152 trata da remuneração, dispondo a edição de tabela de honorários pelo CNJ.
Ao que se vê a preocupação da lei é a mediação judicial, nada impedindo, no entanto que as partes procurem fazer a mediação prévia ou a extrajudicial para solucionar seus conflitos, junto aos profissionais liberais existentes.
No Brasil ainda prevalece a cultura do litígio, em que as partes buscam automaticamente a jurisdição, antes de tentar solucionar o conflito por meio do diálogo ou outro meio alternativo de solução do conflito. Talvez seja por isso mais fácil a mediação judicial, incidental.
Espera-se que, com o tempo, ocorra o amadurecimento da sociedade, que passe a buscar soluções para os conflitos, através das formas alternativas, para que o Judiciário não seja tão sobrecarregado
6. Considerações Finais 
A mediação é um bom método de solução para problemas que envolvem relações duradouras entre colegas de trabalho, cônjuges, vizinhos, familiares e outros, pois, ao fim de um processo bem sucedido, as partes compreendem a importância de se manter o vínculo que as une, em detrimento de um problema temporário e circunstancial. 
Ideal é que as partes sejam orientadas a buscar a mediação antes de entrar na área judicial, pois muitas vezes isso pode ser evitado.
Mesmo sob o argumento de que a mediação obrigatória visa educar as pessoas e implantar nova forma de exercício de política pública, é característica intrínseca da mediação a voluntariedade.
Tanto em alguns estados dos EUA quanto na Argentina e na Itália, existe a obrigatoriedade de uma instância prévia de mediação nos processos judiciais.
Ideal é que se busque o equilíbrio entre as duas vertentes, com a demonstração ao Juiz, pelas partes, de que a ação não foi sua primeira alternativa, que antes foi feita tentativa de solucionar o conflito, seja por meio do envio de um email, através de reunião com entre as partes, ou com seus procuradores, etc.
Desta forma, temos que o elemento principal que se visa com a mediação é a formação de uma nova cultura de que as lides podem ser resolvidas sem a necessidade de uma sentença judicial.
Neste contexto, o Projeto do CPC acolhe tal entendimento e traz distinção entre mediação e conciliação, teoricamente, com base na postura do terceiro apto a compor o litígio. São 3 os critérios fundamentais:
A finalidade, que na mediação é buscar resolver, de forma abrangente o conflito entre as partes. Na conciliação, busca-se resolver o litígio, de acordo com as posições apresentadas por elas.
O método, o conciliador é participativo, pode dialogar e sugerir os termos do acordo, já mediador não deve tomar iniciativa neste sentido, cabendo a ele facilitar a comunicação, visando obter acordo que agrade a ambas as partes.
O vínculo, a conciliação é atividade do Poder Judiciário, sendo operada por juiz togado, leigo ou alguém que exerça a função de conciliador. Já a mediação é atividade privada que não faz parte de qualquer dos poderes públicos. Mesmo a mediação para-processual tem característica privada, devendo o conciliador se registrar no tribunal para atuar nos conflitos levados à Justiça.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/RPro_n.260.16.PDF 
https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/103445/lei-de-arbitragem-lei-9307-96

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