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DIÁLOGOS SOBRE A RELIGIOSIDADE E LAICIDADE NOS ESPAÇOS ESCOLARES Questão Central Se o fenômeno religioso pertence à vida e, portanto, deve participar da formação básica do cidadão; de que forma ele pode ser abordado nos espaços escolares? Os fenômenos religiosos fazem parte da construção humana, estão presentes em todas sociedades. DIVERSIDADE RELIGIOSA Em agosto de 2000, reunidos em Nova York, lideranças evangélicas, católicas, budistas, judaicas, islâmicas, espíritas, hinduístas, taoístas, bahá’is, esotéricas e de tantas outras religiões antigas e modernas firmaram um compromisso. O compromisso com a paz global. QUESTÕES LEGAIS Constituição Federal Brasileira Art. 5º, inciso VI É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias. Questões legais O artigo 33 da LDB é bem claro quando diz que a escola precisa assegurar: “O respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil” Portanto não é lugar de proselitismo QUESTÕES LEGAIS IX Conferência Nacional de Direitos Humanos (Brasília, 2004) “Declaramos a necessidade de se buscar, por meio do diálogo inter-religioso, a valorização do se enquanto sujeito de sua própria história, independente de credo religioso. Somos unânimes em repudiar qualquer ato de perseguição e intolerância religiosa”. QUESTÕES LEGAIS IX Conferência Nacional de Direitos Humanos (Brasília, 2004) “Declaramos a necessidade de se buscar, por meio do diálogo inter-religioso, a valorização do se enquanto sujeito de sua própria história, independente de credo religioso. Somos unânimes em repudiar qualquer ato de perseguição e intolerância religiosa”. QUESTÕES LEGAIS A ONU proclamou em 1981 a Declaração sobre a eliminação de todas as formas de intolerância e discriminação fundadas em religião ou crença. QUESTÕES LEGAIS “Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião. Este direito inclui a liberdade de Ter uma religião ou qualquer religião ou qualquer crença de sua escolha, assim como a liberdade de manifestar sua religião ou crença, individual ou coletivamente, tanto em público quanto em particular”. QUESTÕES LEGAIS O Código Penal Brasileiro Considera crime zombar publicamente de alguém por motivo de crença religiosa, impedir ou perturbar cerimônia ou culto, e ofender publicamente imagens e outros objetos de culto religioso. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil – Resolução 05/2009 ● Art. 7º Na observância destas Diretrizes, a proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve garantir que elas cumpram plenamente sua função sociopolítica e pedagógica: ● V - construindo novas formas de sociabilidade e de subjetividade comprometidas com a ludicidade, a democracia, a sustentabilidade do planeta e com o rompimento de relações de dominação etária, socioeconômica, étnico-racial, de gênero, regional, linguística e religiosa. DIVERSIDADE RELIGIOSA Algumas considerações: as religiões têm contribuído para a Paz no mundo, mas também têm sido usadas para criar divisão e alimentar hostilidades; não haverá paz verdadeira até que todos os grupos e comunidades reconheçam a diversidade de culturas e religiões da família humana, dentro de um espírito de respeito mútuo e compreensão. A escola tem como função social propiciar espaços reflexivos que promovam a liberdade religiosa, produzindo práticas pedagógicas que sejam capazes de gerar o respeito e o conviver entre os diferentes e as diferenças. A escola não é lugar de devoção e sim de cultura, estuda a religião como fenômeno que impacta as relações sociais, com caráter epistemológico na perspectiva histórica, antropológica, filosófica, social e política, destituído do proselitismo. Aquilo que para muitas Igrejas é objeto de fé, para a escola é objeto de estudo. Isto supõe a distinção entre fé/crença e religião, entre o ato subjetivo de crer e o fato objetivo que o expressa.” De acordo com a LDB 9394/96, a formação religiosa é de responsabilidade da família, assim, não cabe as instituições educacionais vincular suas práticas pedagógicas a preceitos ou a determinada prática religiosa. Isso não significa que os espaços educativos são indiferentes diante da realidade da comunidade escolar em suas diferenças culturais/religiosas que fazem parte da vida. Compreende-se que nos espaços escolares não há lugar para o proselitismo, a discriminação e o preconceito as diferentes manifestações religiosas, como também não é lugar para qualquer forma de dogmatização a uma determinada manifestação religiosa. No entanto, é preciso analisar as práticas pedagógicas que acontecem no cotidiano das escolas que se manifestam nas rezas/orações, nas cantigas religiosas; nas datas comemorativas de cunho religioso; nas normas morais fundamentadas na religião; na invisibilização e/ou discriminação às religiões de matrizes africanas; e, dentre outros modos de conceber a transcendência na tradução do cristianismo como modelo único e correto de ser religioso. A Festa Junina, por exemplo, precisa ser analisada em suas origens, na suas manifestações no território brasileiro; na sua constituição como um patrimônio cultural da humanidade. Mesmo com as marcas históricas vinculadas à religiosidade, essas festas não tem o objetivo de constituir experiências de fé/devoção e sim na produção cultural e na estética de um povo (JUNQUEIRA, 2016). Em busca de alternativas às complexidades da religiosidade, muitas escolas mudam o nome, passam a designá-la como “festa na roça”, “festa cultural”, “festa caipira” dentre outras denominações. As escolas precisam de pensar o sentido que a festa junina tem para aquela comunidade, considerando sua identidade cultural. (JUNQUEIRA, 2016) Se por um lado, não podemos negar a influência do calendário cristão nas práticas escolares (natal, páscoa, festa junina, carnaval etc.), por outro lado, estas atividades transformadas em motivações pedagógicas, não podem subverter a função laica da escola e nem mesmo transformar determinadas práticas culturais (dança, música, brincadeiras etc) em mecanismos de doutrinação religiosa ou de intolerância religiosa. (UM OUTRO OLHAR, 2006) Atuação dos professores É muito comum os estudantes argumentarem sobre as manifestações que presenciam no dia a dia, como as oferendas na Umbanda; a sacralização da vaca no Hinduísmo; a divindade indígena ligada as forças da natureza, a santidade dos mártires no catolicismo, a crença na reencarnação na visão espiritualistas, dentre outras práticas que são vistas sob a ótica do preconceito. Atuação dos professores Nesses acontecimentos, as experiências acontecem de maneira dialógica na perspectiva investigativa do conhecimento histórico, social e sem atribuir juízos de valor a uma determinada prática em detrimento de outra. Isso significa que é importante o(a) professor(a) conversar com as crianças sobre as diferenças sem determinar práticas religiosas como certas ou erradas, como inferiores ou superiores, como sagradas ou profanas.
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