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Fichamento Cartismo

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Universidade Federal de Pernambuco
Centro de Filosofia e Ciências Humanas
Departamento de História
História Contemporânea I
Docente: Suzana Cavani
Discente: Manuel Silvestre
Fichamento
RUDÉ, George. A multidão na história: estudo dos movimentos populares na França e Inglaterra, 1730-1848. Capítulo 12 – O Cartismo. Tradução de Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Campus, 1991.
O texto fala como o Cartismo foi importante para a formação de novos movimentos populares na Grã-Bretanha. Este movimento foi o primeiro independente da classe trabalhadora britânica, tendo dominado todo o pensamento político e as diretrizes internas do governo nos dez primeiros anos do reinado da rainha Vitória. Foi bastante marcado pela diversidade e pelas contradições. A formação dos Seis Pontos da Carta do Povo em 1838, incluía o sufrágio universal masculino, pagamento aos deputados, votação secreta e parlamentos anuais. Algumas cidades como Londres e Birmingham, de velhos artesanatos e pequenas oficinas, grande parte do entusiasmo pela Carta nasceu da decepção dos artesãos radicais com os liberais, que não lhes deram o direito de voto no Projeto de Reforma de 1832. A luta foi devida para reclamar direitos antigos e naturais.
A Carta foi produto da Nova Grã-Bretanha industrial, onde para os homens ela era antes um meio do que um fim: o meio de encher as barrigas famintas e reparar males sociais, os baixos salários, longos dias de trabalho, desemprego e o alto custo dos alimentos. O Cartismo fazia parte de uma questão de sobrevivência quanto de política.
A diversidade de elementos sociais nas fileiras cartistas era a diversidade entre seus lideres: radicais de estilo antigo como William Lovett, em Londres, e Thomas Attwood, em Birmingham; agitadores contra a lei dos pobres, como o conservador Richard Oastler e o ministro metodista J.R Stephens, no norte; defensores do sindicalismo, como o dr. Peter McDouall; jacobinos ou socialistas-jacobinos, como Julian Harney e James Bronterre O’Brien; socialista de novo tipo, como Ernest Jones, que se correspondia com Marx; e, acima de tudo, o estranhamente imprimível Feargus O’Conoor. Todos esses homens se associaram e o Cartismo tornou-se um movimento nacional, estando sempre arraigado profundamente na tradição e nas reivindicações locais de ação. Este movimento significou coisas diferentes para homens diferentes. Aconteceram manifestações em vários níveis, nacionais, regionais ou paroquiais. O principal objetivo da campanha era a Carta do Povo. O autor diz, “de fato, a história do Cartismo é a das várias tentativas de impor os Seis Pontos da Carta a um Parlamento relutante e, em geral, hostil.” (RUDÉ, p.197). As campanhas tiveram a coleta de assinaturas como forma de campanha, onde a primeira ocorreu em 1838 e acabado em 1839, mas foi rejeitada pela Câmara, sendo condenada por John Russel como ameaça a propriedade.
A hostilidade que acontecia entre as classes devia-se precisamente a série de greves, motins, insurreições e manifestações populares. “O Cartismo ou, de fato, um movimento popular rico e multifacetado, herdeiro de uma tradição política radical, mas também filho das más colheitas e da pobreza, das habitações precárias, da falta de saúde e do desemprego que acompanharam o crescimento de uma nova sociedade industrial.” (RUDÉ, p.200). Tinha relações com o passado como também do presente em busca de soluções.
O movimento “PLUG-PLOT” tomou conta em algumas cidades. Teve esse nome porque tomou a forma de uma bola de neve aonde os grevistas iam de cidade em cidade parando o trabalho, arrancando os tampões das caldeiras das fábricas. Esse movimento aconteceu por conta da alta dos preços dos alimentos que foi gerado pela escassez dos produtos e salários altos que os patrões queriam diminuir.
As disputas trabalhistas e as manifestações populares estavam mudando, mesmo tendo elementos do cartismo. Este como produto de uma sociedade industrial em formação estava condenado a sobreviver por tanto tempo, a buscar novos meios a fim de marcar a consciência da nação, encontrando na agitação política da Carta e no próprio movimento trabalhista dos operários, especialmente o de 1842. Portanto, o Cartismo refletiu os estertores mortais de uma sociedade agonizante, foi ainda mais a expressão das dores do parto de uma nova sociedade.

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