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PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 1 LEI DE TORTURA (Lei nº 9.455/97) 01) HISTÓRICO DO COMBATE À TORTURA Após a 2ª Guerra Mundial, surgiu um movimento mundial de repúdio à tortura. Esse movimento gerou a aprovação de vários tratados e convenções internacionais sobre o tema, alguns ratificados pelo Brasil. No âmbito do ordenamento jurídico interno brasileiro, somente com a Constituição Federal de 1988 a tortura passou a ser regulamentada. A CF/88 consagrou o direito de não ser submetido à tortura como direito individual do cidadão: Art. 5º, III. Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante. Em relação a esse direito individual de não ser submetido à tortura, há duas correntes. Uma primeira corrente entende tratar-se de direito absoluto (não comportando exceções). Uma segunda corrente, denominada de teoria da bomba relógio, entende que é possível admitir a tortura em casos excepcionais, diante do conflito com outros direitos individuais. Exemplo: torturar terrorista para que diga onde foi colocada a bomba que geraria a morte de várias pessoas. Há ainda um segundo dispositivo versando sobre a tortura na Constituição Federal de 1988: Art. 5º, XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; O dispositivo configura um mandado constitucional de criminalização. Nele a CF/88 não cria o crime de tortura, mas determina que o legislador o faça e lhe dê o mesmo tratamento rigoroso dos crimes hediondos. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 2 Após a determinação da CF/88, surgiram algumas leis regulando a tortura: i. A Lei nº 8.069/90 (ECA), em seu art. 233, definiu como crime a tortura contra criança e adolescente. Nessa época, a tortura contra adulto não tinha previsão legal, era punida a título de lesão corporal, constrangimento ilegal, dentre outros. ii. A Lei nº 8.072/90 equiparou o crime de tortura a crime hediondo. iii. A Lei nº 9.455/97 definiu a tortura como crime no Brasil e revogou o art. 233, do ECA. Somente em 1997, passou a existir o crime de tortura contra adultos, posto que antes tal conduta era punida a outros títulos (lesão corporal, constrangimento ilegal, dentre outros). IMPORTANTE! Com a revogação do art. 233 do ECA pela Lei de Tortura, aplica-se a Lei nº 9.455/97 ao crime de tortura praticado contra criança e adolescente. iv. A Lei nº 12.847/13 instituiu o sistema de prevenção e combate à tortura. 02) CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DO CRIME DE TORTURA A) TORTURA NÃO PRECISA SER PRATICADA POR AGENTE PÚBLICO O crime de tortura não precisa necessariamente ser praticado por agente do estado. Nesse ponto, a Lei de Tortura (Lei nº 9.455/97) diverge dos tratados internacionais sobre o tema, que preveem a tortura como conduta própria de agente de Estado. A Lei nº 9.455/97 reconhece a possibilidade de o particular figurar como sujeito ativo do delito, independentemente de concurso de pessoas com agente público. Trata-se, portanto, via de regra, de crime comum. Exceção fica por conta dos crimes de tortura castigo e tortura por omissão, que são crimes próprios, conforme veremos. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 3 B) TORTURA É CRIME PRESCRITÍVEL No Brasil, não existe previsão Constitucional de imprescritibilidade do crime de tortura. O crime de tortura prescreve, portanto! Em nosso ordenamento jurídico interno, os únicos crimes definidos como imprescritíveis são os seguintes: i. O racismo; ii. A ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. Nesse ponto, a Lei de Tortura (Lei nº 9.455/97) diverge dos tratados internacionais sobre o tema, que preveem a tortura como crime imprescritível. Todavia, prevalece o entendimento no sentido de que apenas a Constituição Federal pode definir um crime como imprescritível, como não o fez a tortura é crime prescritível. CUIDADO! Apesar de o crime de tortura ser prescritível, as ações indenizatórias por danos morais decorrentes de atos de tortura ocorridos durante o Regime Militar de exceção são imprescritíveis (EREsp nº 816.209/RJ). C) TORTURA É CRIME DOLOSO Não se pune a tortura culposa. Assim, se o agente causar sofrimento físico ou mental na vítima por imprudência, negligência ou imperícia não responderá por tortura. 03) CRIMES DE TORTURA As condutas que tipificam o crime de tortura são as previstas: No art. 1º, I, a – Tortura Prova (tortura persecutória); No art. 1º, I, b – Tortura Crime; No art. 1º, I, c – Tortura Preconceito; No art. 1º, II – Tortura Castigo; No art. 1º, §1º - Tortura pela tortura (tortura carcerária ou tortura própria); Em todas essas modalidades, a pena é de reclusão, de 2 a 8 anos. Além disso, em todas as modalidades trata-se de crime equiparado a hediondo. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 4 A) TORTURA PROVA SINÔNIMOS: Tortura persecutória, tortura confissão, tortura probatória, tortura institucional ou tortura inquisitorial. Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; CONDUTA: Constranger alguém, com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental. ELEMENTO SUBJETIVO: É o dolo. FINALIDADE ESPECÍFICA DO AGENTE: Obter informação, declaração ou confissão. Exemplos: Policial tortura investigado para obter confissão de crime. Credor tortura devedor para obter confissão da dívida. A finalidade especial de obter informação, declaração ou confissão, da vítima ou de terceira pessoa, é requisito indispensável para caracterização dessa modalidade de tortura. SUJEITO ATIVO: Crime comum. Não exige qualidade/condição especial do sujeito ativo. Qualquer pessoa pode praticá-lo. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa. CONSUMAÇÃO: O crime se consuma com o constrangimento causador da violência física ou mental. Dispensa a obtenção da informação. Trata-se de crime formal, portanto. Além disso, vale ressaltar que se a informação pretendida for obtida não poderá ser utilizada como prova, por configurar prova ilícita. TENTATIVA: É possível a tentativa. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 5 B) TORTURA CRIME Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; CONDUTA: Constranger alguém, com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental. ELEMENTO SUBJETIVO: É o dolo. ELEMENTO SUBJETIVO ESPECÍFICO: É a tortura praticada para provocar ação ou omissão de natureza criminosa. Exemplo: Pedro tortura José para que minta em seu depoimento judicial. SUJEITO ATIVO: Crime comum. Não exige qualidade/condição especial do sujeito ativo. Qualquer pessoa pode praticá-lo. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa. CONSUMAÇÃO: Consuma-se com o constrangimento causador de sofrimento, independente da prática da conduta criminosa pela vítima torturada. Trata-se de crime formal, portanto. TENTATIVA: é possível a tentativa. PERGUNTA DE PROVA: a expressão “ação ou omissão de natureza criminosa” abrange a prática de contravenção penal? Prevalece o entendimento de que não! Tratando-se denorma penal, a expressão deve ser interpretada de forma restritiva. CONSEQUÊNCIAS DA PRÁTICA DO CRIME PELO TORTURADO? TORTURADO TORTURADOR VÍTIMA DA TORTURA AGENTE DA TORTURA AUTOR IMEDIATO IMPUNÍVEL. Não responde pelo crime por inexigibilidade de conduta diversa (não há culpabilidade). AUTOR MEDIATO DO CRIME. Responde pela tortura e pelo crime praticado pelo torturado, em concurso material. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 6 C) TORTURA PRECONCEITO (ou TORTURA DISCRIMINAÇÃO) Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: c) em razão de discriminação racial ou religiosa; CONDUTA: Constranger alguém, com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental. ELEMENTO SUBJETIVO: É o dolo. ELEMENTO SUBJETIVO ESPECÍFICO: É a tortura praticada em razão de discriminação racial ou religiosa. SUJEITO ATIVO: Crime comum. Não exige qualidade/condição especial do sujeito ativo. Qualquer pessoa pode praticá-lo. SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa. CONSUMAÇÃO: Consuma-se com o constrangimento causador de sofrimento. TENTATIVA: É possível! PERGUNTA DE PROVA DE CONCURSO: O tipo penal abrange a tortura por homofobia? Não, por ausência de previsão legal. A extensão nesse caso configuraria analogia “in malam partem”. D) TORTURA CASTIGO Art. 1º Constitui crime de tortura: II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Pena - reclusão, de dois a oito anos. CONDUTA: Submeter pessoa sob sua guarda ou autoridade a intenso sofrimento físico ou mental. ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO: Dolo. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 7 ELEMENTO SUBJETIVO ESPECÍFICO DO TIPO: Aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. SUJEITO ATIVO: Trata-se de crime próprio, apenas o pratica o agente exerce a guarda, poder ou autoridade sobre a vítima. Não necessariamente o agente é servidor público. Exemplos: Cuidador de idosos, babá, etc. SUJEITO PASSIVO: A vítima deve estar sob a guarda, poder ou autoridade do agente. Trata-se de crime bipróprio, portanto. CONSUMAÇÃO: Se dá com a provocação do intenso sofrimento. TENTATIVA: Admite tentativa. QUESTÃO DE PROVA: Qual a diferença entre o crime de tortura castigo e o crime de maus tratos? TORTURA CASTIGO MAUS TRATOS (art. 136 do Código Penal) Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina. Deve estar presente a intenção deliberada de causar intenso sofrimento físico ou mental, desvinculada do objetivo da educação. REsp 610.395/SC, STJ Deve ser demonstrado que os castigos infligidos tinham por finalidade a educação, o ensino, o tratamento ou a custódia da vítima. CC 102.833/MG, STJ Causa intenso sofrimento na vítima. Não causa intenso sofrimento na vítima, apenas a expõe a perigo. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 8 E) TORTURA PELA TORTURA (TORTURA CARCERÁRIA OU TORTURA PRÓPRIA) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. CONDUTA: Submeter pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. ATENÇÃO! O tipo penal não exige emprego de violência ou grave ameaça. É a única modalidade de tortura que não exige o emprego de violência ou grave ameaça. Caracteriza o delito causar sofrimento no preso ou em pessoa sujeita à medida de segurança através de qualquer ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. Exemplo: Colocar presa do sexo feminino no presídio masculino configura o delito. ELEMENTO SUBJETIVO: É o dolo. ATENÇÃO! Não se exige finalidade específica! É a única modalidade de tortura que não depende da presença de um motivo ou finalidade especial no agente. SUJEITO ATIVO: Trata-se de crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. Não precisa ser agente do Estado. Ex.: Linchamento de estuprador preso em flagrante por moradores da comunidade. Nesse sentido, Rogério Sanches, Fábio Roque, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar. SUJEITO PASSIVO: é a pessoa presa ou sujeita a medida de segurança. A expressão “pessoa presa” abrange tanto a prisão definitiva, como a prisão cautelar. Também abrange a prisão civil. ATENÇÃO! Não abrange também a internação do menor infrator. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 9 A “medida de segurança” é a sanção penal imposta aos inimputáveis em razão de anomalia psíquica. Pode ser de duas espécies: o Internação; o Tratamento ambulatorial. CONSUMAÇÃO: Consuma-se com a submissão da vítima a sofrimento físico ou mental. TENTATIVA: Admite tentativa. 04) TORTURA POR OMISSÃO (TORTURA IMPRÓPRIA) Art. 1º, § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. Trata-se de infração de médio potencial ofensivo, que admite, portanto, a suspensão condicional do processo. 1ª Parte: O agente que se omite tinha o dever jurídico de agir e evitar a conduta, mas se omite. Temos aqui a omissão do garante. APARENTE CONFLITO ENTRE CF/88 e A LEI DE TORTURA A CF/88 determina que os mandantes, os executores e os que podendo evitar se omitirem respondem pela tortura. A Lei nº 9.455/97 determina que quem tem o dever de evitar a tortura e se omite não responde pela tortura, mas sim por “tortura pela omissão”, cuja pena é inferior. Como solucionar tal conflito? Prevalece que a previsão da tortura por omissão é constitucional, não havendo conflito com a constituição. Isso porque, adotado o princípio da legalidade, é a lei quem deve dizer por qual pena o agente deve responder. 2ª Parte: O agente que se omite tinha o dever de apurar a tortura, mas se omite. Trata-se de omissão própria. A tortura é acontecimento passado! TORTURA POR OMISSÃO É CRIME EQUIPARADO A HEDINDO? NÃO! Apenas são equiparadas a hediondos as condutas descritas no art. 1º, I, II e §1º. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 10 PERGUNTA DE CONCURSO: Trote violento em faculdade pode configurar crime de tortura? Não, pois não há as finalidades especiais dos incisos I e II e a pessoa não está presa ou sujeita a medida de segurança, na forma do inciso III. 05) QUALIFICADORAS DA TORTURA § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. A tortura é qualificada em duas hipóteses: A) Quando resulta em lesão corporal grave ou gravíssima; B) Quando resulta em morte. ATENÇÃO! A tortura absorve as lesões corporais. O agente que praticar tortura e causar lesão corporal apenas responderá pelo crime de tortura. TORTURA QUALIFICADA PELA MORTE X HOMICÍDIO QUALIFICADO PELA TORTURA TORTURAQUALIFICADA PELA MORTE HOMICÍDIO QUALIFICADO PELA TORTURA PRETENDE-SE TORTURAR, A MORTE É RESULTADO INVOLUNTÁRIO. PRETENDE-SE MATAR, A TORTURA É O MEIO. Trata-se de crime preterdoloso. Há dolo de tortura, mas a morte foi causada culposamente. Não é crime preterdoloso. Há dolo de matar e dolo de usar a tortura como meio. De acordo com a maioria, as qualificadoras só incidem na conduta praticada por ação. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 11 06) CAUSAS DE AUMENTO § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: I - se o crime é cometido por agente público; II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) III - se o crime é cometido mediante sequestro. A) SE O CRIME É COMETIDO POR AGENTE PÚBLICO Agente público é o funcionário público, assim definido no art. 327, Código Penal: “Aquele que, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública”. B) SE O CRIME É COMETIDO CONTRA CRIANÇA, ADOLESCENTE, PORTADOR DE DEFICIÊNCIA, GESTANTE OU MAIOR DE 60 ANOS. Para que incida a causa de aumento de pena, o agente deve ser conhecedor da condição da vítima. C) SE O CRIME É COMETIDO MEDIANTE SEQUESTRO Embora o dispositivo tenha se referido apenas ao sequestro, também incide o aumento nas hipóteses de cárcere privado. O cárcere privado nada mais é do que o sequestro com confinamento, tanto que pevisto no mesmo tipo penal (art. 148 do Código Penal). As causas de aumento de pena incidem tanto na conduta praticada por ação como na praticada por omissão. Exceção fica por conta do caso da tortura imprópria (ou por omissão) praticada pelo agente que se omite quando tinha o dever de apurar a tortura, hipótese em que não incide a majorante de o crime ser cometido por funcionário público, sob pena de violação ao princípio do ne bis in idem. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 12 JURISPRUDÊNCIA RECENTE AUSÊNCIA DE BIS IN IDEM NA DOSIMETRIA DA PENA DE CRIME DE TORTURA. No caso de crime de tortura perpetrado contra criança em que há prevalência de relações domésticas e de coabitação, não configura bis in idem a aplicação conjunta da causa de aumento de pena prevista no art. 1º, § 4º, II, da Lei n. 9.455/1997 (Lei de Tortura) e da agravante genérica estatuída no art. 61, II, f, do Código Penal. A causa de aumento prevista pela legislação especial (art. 1º, § 4º, II, da Lei de Tortura) está descrita nos seguintes termos: “§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: […] II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos”. A seu turno, a circunstância agravante prevista no Código Penal possui a seguinte redação: “Art. 61 – São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: […] II – ter o agente cometido o crime: […] f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica”. De fato, a citada majorante prevista na Lei de Tortura busca punir de forma mais rígida o autor de crime que demonstrou maior covardia e facilidade no cometimento da infração penal, justamente pela menor capacidade de resistência das vítimas ali elencadas. Há, pois, um nexo lógico entre a conduta desenvolvida e o estado de fragilidade da vítima. Em sentido diametralmente oposto, descortina-se a referida agravante prevista pelo Código Penal, punindo com maior rigor a violação aos princípios de apoio e assistência que deve haver nas situações em que há relação de autoridade entre a vítima e o agressor, bem como a maior insensibilidade moral do agente, que viola o dever de apoio mútuo existente entre parentes e pessoas ligadas por liames domésticos, de coabitação ou hospitalidade, sem prejuízo dos crimes praticados com violência doméstica contra a mulher. Em suma, a majorante tem por finalidade punir de forma mais severa aquele que se favorece da menor capacidade de resistência da vítima, ao passo que a agravante tem por desiderato a punição mais rigorosa do agente que afronta o dever de apoio mútuo existente entre parentes e pessoas ligadas por liames domésticos, de coabitação ou hospitalidade, além dos casos de violência doméstica praticada contra a mulher. Portanto, em se tratando de circunstâncias e objetivos distintos, não há falar na ocorrência de bis in idem. HC 362.634-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, por unanimidade, julgado em 16/8/2016, DJe 29/8/2016. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 13 07) EFEITO DA CONDENAÇÃO § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. Efeitos da condenação pela tortura: Perda do cargo, função ou emprego público; Interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. De acordo com o STJ, são efeitos extrapenais automáticos da condenação, ou seja, não é necessária a fundamentação na sentença (STJ, HC 131.828/RJ). Esse efeito automático da condenação deve ser aplicado apenas na hipótese em que o agente pratica a conduta criminosa no exercício do cargo, emprego ou função. 08) TRATAMENTO PENAL E PROCESSUAL PENAL DA TORTURA § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia, por determinação legal e constitucional. Admite, no entanto, a liberdade provisória sem fiança. Não admite o indulto, pois a vedação à graça implicitamente afasta também a possibilidade do indulto. Admite o sursis (suspensão condicional da pena), pois não há vedação legal. 09) REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. A Lei de Tortura determina que, para os crimes de tortura (à exceção da tortura por omissão), o regime inicial fechado é obrigatório. O STF já havia firmado seu posicionamento no sentido de que o regime inicial obrigatório fechado nos crimes hediondos e PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 14 equiparados é inconstitucional, por violar o princípio da individualização da pena (STF, HC 111.840/ES). Assim, para os crimes de tortura, eram admissíveis quaisquer dos regimes de cumprimento de pena. No entanto, em recente julgamento, o STF alterou seu posicionamento e passou a entender que especificamente em relação ao crime de tortura previsão do regime inicial obrigatoriamente fechado é constitucional (Informativo nº 789, STF). O STJ continua com seu entendimento anterior, no sentido de que o regime inicial obrigatoriamente fechado na tortura é inconstitucional, assim como nos demais crimes de natureza hedionda (STJ, HC 286.925/RR). 10) EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira. A tortura praticada contra brasileiro é hipótese de extraterritorialidade da lei penal, assim como o caso em que o autor da tortura é encontrado em local sujeito à jurisdição brasileira. Como a Lei de Tortura não previu condições para a aplicação da lei brasileira, são hipóteses de extraterritorialidade incondicionada. Vale informar que para Marcelo André Azeredo, na hipótese em que o agente estiver em local sujeito à jurisdição brasileira há caso de extraterritorialidade condicionada,posto que em tratados internacionais ratificados pelo Brasil1 há uma condição para aplicação da lei penal brasileira: não se caso de extradição. Não é a posição que prevalece, entretanto. Em regra, crimes praticados contra brasileiro fora do Brasil, são crimes de extraterritorialidade hipercondicionada, o dispositivo da lei de tortura constitui uma exceção. 1 Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes e a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 15 11) COMPETÊNCIA Em regra, a competência para julgamento dos crimes de tortura é da Justiça Estadual. Será, no entanto, da Justiça Federal quando for praticado em uma das hipóteses do art. 109 da Constituição Federal de 1988 (tortura a bordo de navio, por exemplo). Vale ressaltar, contudo, que o simples fato de a tortura ter sido praticada fora do Brasil não atrai a competência da Justiça Federal (Informativo nº 549, STJ). Será de competência da Justiça Militar quando for praticado em uma das hipóteses do art. 9º, II do Código Penal Militar, alterado pela Lei nº 13.491/17 (tortura praticada por militar em serviço, por exemplo). PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 16 ESTUDO DIRIGIDO 1) É correto dizer que a Constituição Federal de 1988 criou o crime de tortura? 2) Qual foi a primeira lei no Brasil que definiu a tortura como crime? Abrangia a tortura contra qualquer vítima? 3) A partir de quando a tortura contra adultos passou a ser conduta definida como crime de tortura? 4) Tortura contra criança ou adolescente é crime do ECA? 5) A tortura é crime necessariamente praticado por agente de Estado? 6) O crime de tortura prescreve? 7) A ação indenizatória por danos morais decorrentes da tortura ocorrida no Regime Militar prescreve? 8) Existe crime de tortura culposo? 9) Quais são as modalidades de tortura previstas na Lei nº 9.455/97? Qual a pena cominada? 10) Qual a conduta configura tortura prova? Quando se consuma o crime? É delito próprio ou comum? 11) Qual a conduta configura tortura crime? Abrange tortura para provocar contravenção penal? Qual a consequência da prática do crime pelo torturado? 12) Qual a conduta configura tortura preconceito? Abrange a tortura por homofobia? 13) Qual a conduta configura o crime de tortura castigo? É crime comum ou crime próprio? 14) Qual a diferença entre o crime de maus tratos e o crime de tortura castigo? 15) Qual a conduta configura o crime de tortura carcerária? Exige-se emprego de violência ou grave ameaça? Exige-se PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 17 alguma finalidade especial do agente? Quais são as vítimas possíveis? Trata-se de crime comum ou de crime próprio? 16) Qual a conduta configura o crime de tortura por omissão (ou tortura imprópria)? É crime comum ou crime próprio? 17) Quais são as qualificadoras da tortura? 18) Qual a diferença entre a tortura qualificada pela morte e o homicídio qualificado pela tortura? 19) Quais são as majorantes da tortura? 20) Quais são os efeitos da condenação pelo crime de tortura? É necessário que o juiz os fundamente na sentença? 21) Qual o tratamento penal e processual penal da tortura? 22) Qual o regime inicial de cumprimento de pena no crime de tortura? 23) A lei de tortura é aplicada ao crime de tortura ocorrido fora do Brasil? Em quais hipóteses? 24) De quem é a competência para julgamento do crime de tortura? PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 18 QUESTÕES ANTERIORES - LEI DE TORTURA (LEI Nº 9.455/97) 1. (CESPE – 2018 – DPE/PE – DEFENSOR PÚBLICO) Comete o crime de tortura aquele que, tendo o dever de evitar a conduta, se mantém omisso ao tomar ciência ou presenciar pessoa presa ser submetida a sofrimento físico ou mental, por meio da prática de ato não previsto legalmente. 2. (CESPE – 2018 – PCMA – INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Se, com o objetivo de obter confissão, determinado agente de polícia, por meio de grave ameaça, constranger pessoa presa, causando-lhe sofrimento psicológico, a) e a vítima for adolescente, o crime será qualificado. b) estará configurada uma causa de aumento de pena. c) a critério do juiz, a condenação poderá acarretar a perda do cargo. d) provado o fato, a pena será de detenção. e) quem presenciar o crime e se omitir, incorrerá na mesma pena do agente. 3. (CESPE – 2017 – PGE/SE – PROCURADOR DO ESTADO) No que concerne ao crime de tortura, assinale a opção correta. a) O indivíduo que se omite ante a prática de tortura quando deveria evitá-la responde igualmente pela conduta realizada. b) A legislação especial brasileira concernente à tortura aplica-se somente aos crimes ocorridos em território nacional. c) No crime de tortura, a prática contra adolescente é causa de aumento de pena de um sexto até um terço. d) A condenação de funcionário público por esse crime gera a perda do cargo, desde que a sentença assim determine e que a pena aplicada seja superior a quatro anos. e) A submissão de pessoa presa a sofrimento físico ou mental por funcionário público que pratique atos não previstos em lei exige o dolo específico. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 19 4. (FAPEMS – 2017 – PCMS – DELEGADO DE POLÍCIA) O funcionário público que constrange fisicamente o estagiário a praticar contravenção penal poderá ser responsabilizado pelo crime de tortura do artigo 1° da Lei n° 9.455/1997. 5. (UECE/CEV – 2017 – SEAS/CE – ASSISTENTE SOCIAL) O disposto na Lei Federal nº 9.455 de 1997 (Lei da Tortura): a) aplica-se quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima estrangeira, ainda que o agente não se encontre em local sob jurisdição brasileira. b) não se aplica quando o crime não tenha sido cometido em território nacional. c) aplica-se quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira. d) não se aplica quando o crime tenha sido cometido em território nacional, mas a vítima seja estrangeira. 6. (IBFC – 2017 – EMBASA – ENGENHEIRO) Assinale a alternativa incorreta sobre as previsões expressas da Lei Federal n° 9.455, de 07 de abril de 1997 que define os crimes de tortura e dá outras providências. a) Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa. b) Aquele que submeter pessoa presa ou sujeita a medida de segurança, a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal, incorre em pena diversa àquela prevista para o crime de tortura c) No crime de tortura, aumenta-se a pena de um sexto até um terço, se o crime é cometido por agente público d) No crime de tortura, aumenta-se a pena de um sexto até um terço, se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 20 7. (FCC – 2017 – TJSC – JUIZ SUBSTITUTO) Constranger alguém mediante ameaça em razão de discriminação racial configura crime de tortura. 8. (IBADE – 2017 – PCAC – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL) Consoante a Lei de Tortura (Lei n° 9.455/1997), assinalea alternativa correta. a) A Lei de Tortura aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sobjurisdição brasileira. b) Se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 70 (setenta) anos, aumenta-se a pena um sexto até a metade. c) O crime de tortura é inafiançável e suscetível de graça ou anistia. d) A condenação pela prática do crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo triplo do prazo da pena aplicada. e) O condenado por crime previsto na Lei de Tortura, via de regra, iniciará o cumprimento da pena em regime semiaberto. 9. (FUNDAÇÃO LA SALLE – 2017 – SUSEPE/RS – AGENTE PENITENCIÁRIO) Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa constitui em: a) crime de imprensa. b) crime de tortura. c) crime de constrangimento ilegal. d) crime de lesões corporais. e) crime contra a liberdade individual. 10. (MPE/RS – 2017 – MPE/RS – PROMOTOR DE JUSTIÇA) Do art. 1º, da Lei n. 9.455/97, que incrimina a tortura, extraem-se, as espécies delitivas doutrinariamente designadas tortura-prova, tortura-crime, tortura-discriminação, tortura-castigo, tortura-própria e tortura omissão, equiparadas aos crimes hediondos, previstas na modalidade dolosa e com PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 21 apenamento carcerário para cumprimento inicial em regime fechado. 11. (CONSULPLAN – 2017 – TRF 2ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Os crimes previstos na Lei de Tortura (Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997) NÃO terão a sua pena aumentada de um sexto até um terço se o crime for cometido a) por agente público. b) mediante sequestro. c) contra vítima de 55 anos. d) contra portador de deficiência. 12. (IBADE – 2017 – SEJUDH/MT – ENFERMEIRO) Sobre o crime de tortura, leia as afirmativas. I. Configura crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental. II. Configura crime de tortura submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. III. Incorre na mesma pena do crime de tortura quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança, a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. IV. Aquele que se omite em face de uma conduta que configura tortura, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena do crime de tortura. Está correto apenas o que se afirma em: a) II e IV. b) II e III. c) III e IV. d) I e III. e) I e II. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 22 13. (CESPE – 2016 – PCGO – AGENTE DE POLÍCIA) À luz das disposições da Lei n.º 9.455/1997, que trata dos crimes de tortura, assinale a opção correta. a) O fato de o agente constranger um indivíduo mediante violência ou grave ameaça, em razão da orientação sexual desse indivíduo, causando-lhe sofrimento físico ou mental, caracteriza o crime de tortura na modalidade discriminação. b) O delegado que se omite em relação à conduta de agente que lhe é subordinado, não impedindo que este torture preso que esteja sob a sua guarda, incorre em pena mais branda do que a aplicável ao torturador. c) A babá que, mediante grave ameaça e como forma de punição por mau comportamento durante uma refeição, submeter menor que esteja sob sua responsabilidade a intenso sofrimento mental não praticará crime de tortura por falta de tipicidade, podendo ser acusada apenas de maus tratos. d) O crime de tortura admite qualquer pessoa como sujeitos ativo ou passivo; assim, pelo fato de não exigirem qualidade especial do agente, os crimes de tortura são classificados como crimes comuns. e) Crimes de tortura são classificados como crimes próprios porque exigem, para a sua prática, a qualidade especial de os agentes serem agentes públicos. 14. (FUNCAB – 2016 – PCPA – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Crisóstomo, policial militar, e Elesbão, agente da Polícia Civil, agindo em comunhão de esforços e desígnios, buscando a confissão de um crime, provocaram intenso sofrimento físico a Nicanor. Posteriormente, Vitorino, delegado de polícia, ao saber do ocorrido, mesmo possuindo atribuição investigativa, opta por não apurar o caso, visando a abafá-lo. Nesse contexto é correto afirmar que: a) todos praticaram crimes da Lei nº 9.455, contudo a conduta do delegado não é equiparada a crime hediondo. b) o policial militar cometeu crime militar, equiparado a hediondo; o agente cometeu crime previsto na Lei n° 9.455, também equiparado a hediondo; e o delegado cometeu crime de prevaricação, não hediondo. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 23 c) O policial militar e o agente cometeram crime previsto na Lei n° 9.455, equiparado a hediondo; e o delegado cometeu crime de prevaricação, não hediondo. d) todos praticaram crimes equiparados a hediondo, previstos na Lei n° 9.455. e) o policial militar cometeu crime militar, não hediondo; o agente cometeu crime previsto na Lei n° 9.455, equiparado a hediondo; e o delegado cometeu crime de prevaricação, não hediondo. 15. (FEPESE – 2016 – SJC/SC – AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO) Assinale a alternativa correta sobre o crime de tortura praticado por agente público. a) A pena deverá ser reduzida de um sexto até um terço. b) A fiança somente poderá ser arbitrada pela autoridade judiciária. c) Somente será punível quando houver sido praticado de forma culposa. d) Quando praticado com o fim de se obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa não constitui crime. e) A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. 16. (CESPE – 2016 – PCPE – AGENTE DE POLÍCIA) Rui e Jair são policiais militares e realizam constantemente abordagens de adolescentes e homens jovens nos espaços públicos, para verificação de ocorrências de situações de uso e tráfico de drogas e de porte de armas. Em uma das abordagens realizadas, eles encontraram José, conhecido por efetuar pequenos furtos, e, durante a abordagem, verificaram que José portava um celular caro. Jair começou a questionar a quem pertencia o celular e, à medida que José negava que o celular lhe pertencia, alegando não saber como havia ido parar em sua mochila, começou a receber empurrões do policial e, persistindo na negativa, foi derrubado no chão e começou a ser pisoteado, tendo a arma de Rui direcionada para si. Como não respondeu de forma alguma a quem pertencia o celular, José foi colocado na viatura depois de apanhar bastante, e os policiais ficaram rodando por horas com ele, com o intuito de PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 24 descobrirem a origem do celular, mantendo-o preso na viatura durante toda uma noite, somente levando-o para a delegacia no dia seguinte. Nessa situação hipotética, à luz das leis que tratam dos crimes de tortura e de abuso de autoridade e dos crimes hediondos, a) os policiais cometeram o crime de tortura, que, no caso, absorveu o crime de lesão corporal. b) os policiais cometeram somente crime de abuso de autoridade e lesão corporal. c) o fato de Rui e Jair serem policiaismilitares configura causa de diminuição de pena. d) os policiais cometeram o tipo penal denominado tortura-castigo. e) caso venham a ser presos cautelarmente, Rui e Jair poderão ser soltos mediante o pagamento de fiança. 17. (VUNESP – 2016 – TJM/SP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) Considere a seguinte situação hipotética: João, agente público, foi processado e, ao final, condenado à pena de reclusão, por dezenove anos, iniciada em regime fechado, pela prática do crime de tortura, com resultado morte, contra Raimundo. Nos termos da Lei no 9.455, de 7 de abril de 1997, essa condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público: a) e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. b) e a interdição para seu exercício pelo triplo do prazo da pena aplicada. c) e a interdição para seu exercício pelo tempo da pena aplicada. d) desde que o juiz proceda à fundamentação específica. e) como efeito necessário, mas não automático. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 25 18. (CONSULPLAN – 2016 – TJMG – TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS) Segundo a Lei nº 9.455/1997, que define os crimes de tortura e dá outras providências, aumenta-se a pena de um sexto até um terço, se o crime é cometido contra maior de: a) 45 anos. b) 50 anos. c) 55 anos. d) 60 anos. 19. (UFMT – 2016 – TJMT – ANALISTA JUDICIÁRIO – DIREITO) Em relação aos crimes de tortura, marque V para as afirmativas que correspondam ao tipo de crime descrito e F àquelas que não correspondem. ( ) Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, para provocar ação ou omissão de natureza criminosa. ( ) Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. ( ) Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, em razão de discriminação racial ou religiosa. ( ) Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa. Assinale a sequência correta. a) V, V, V, V b) F, V, F, V c) F, F, F, F d) V, F, V, F 20. (VUNESP – 2016 – TJRJ – JUIZ SUBSTITUTO) Maximilianus constantemente agredia seu filho Ramsés, de quinze anos, causando-lhe intenso sofrimento físico e mental com o objetivo de castigá-lo e de prevenir que ele praticasse “novas artes". Na última oportunidade em que Maximilianus PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 26 aplicava tais castigos, vizinhos acionaram a polícia ao ouvirem os gritos de Ramsés. Ao chegar ao local os policiais militares constataram as agressões e conduziram ao Distrito Policial Maximilianus, Ramsés e Troia, mãe de Ramsés que presenciava todas as agressões mas, apesar de não concordar, deixava que Maximilianus “cuidasse" da educação do filho sem se “intrometer". Diante da circunstância descrita, é correto afirmar que a) Maximilianus e Troia incorreram, nos termos da Lei n° 9.455/97, na prática do crime de tortura na qualidade de co-autores. b) Maximilianus incorreu, nos termos da Lei n° 9.455/97, na prática do crime de tortura na qualidade de autor, e que Troia, porém, não poderá ser responsabilizada, pois não concorreu para a prática do crime. c) Maximilianus incorreu, nos termos da Lei n° 9.455/97, na prática do crime de tortura na qualidade de autor, assim como Troia também teria incorrido no mesmo crime, mas com base na omissão penalmente relevante prevista no Código Penal. d) Maximilianus incorreu, nos termos da Lei n° 9.455/97, na prática do crime de tortura na qualidade de autor, sendo que Troia será responsabilizada pela prática do crime de omissão em face da tortura praticada por Maximilianus, também previsto na Lei n° 9.455/97, tendo em vista que tinha o dever de evitá-la. e) Maximilianus incorreu, nos termos da Lei n° 9.455/97, na prática do crime de tortura na qualidade de autor, e que Troia também será responsabilizada pela prática do mesmo crime, porém na condição de partícipe. 21. (FUNIVERSA – 2015 – SECRIA/DF – ATENDENTE DE REINTEGRAÇÃO SOCIOEDUCATIVO) Mara, atendente de reintegração socioeducativo, foi acusada de submeter um adolescente infrator sob sua autoridade, com emprego de grave ameaça, a intenso sofrimento mental como forma de aplicar medida de caráter preventivo e Dario, superior imediato de Mara, tendo conhecimento dessa conduta, não tomou providências. A partir dessa situação hipotética e do que dispõe a Lei n.º 9.455/1997, assinale a alternativa correta. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 27 a) Mara teria praticado crime de tortura, sendo que a pena de reclusão de dois a oito anos deveria ser aumentada por ter sido o crime cometido por agente público e contra adolescente. b) Dario teria sido omisso em relação à conduta a qual teria o dever de evitar ou apurar e deveria, por isso, responder pelo mesmo crime e incorrer nas mesmas penas que Mara. c) A condenação criminal de Mara acarretaria sua interdição para o exercício do cargo pelo prazo da pena aplicada. d) O crime praticado por Mara seria inafiançável e, caso fosse condenada, o cumprimento da pena seria integralmente em regime fechado, sendo insuscetível de indulto, graça ou anistia. e) Na hipótese de o menor infrator atentar contra sua própria vida influenciado pela conduta de Mara, a pena de Mara seria de reclusão de oito a dezesseis anos caso houvesse lesão corporal gravíssima ou morte. 22. (FUNIVERSA – 2015 – SESIPE/DF – AGENTE DE ATIVIDADES PENITENCIÁRIAS) Pratica crime de tortura o agente que expõe a perigo a saúde de pessoa sob sua autoridade, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, sujeitando-a a trabalho excessivo ou abusando de meios de correção ou disciplina. 23. (CESPE – 2015 – TJ-PB – JUIZ DE DIREITO) A condenação por crime de tortura somente importará na perda do cargo, função ou emprego público em caso de aplicação de regime semiaberto ou fechado para cumprimento de pena. 24. (FUNIVERSA – 2015 – SESIPE/DF – AGENTE DE ATIVIDADES PENITENCIÁRIAS) A condenação por crime de tortura acarretará a perda do cargo, da função ou do emprego público e a interdição, para seu exercício, pelo triplo do prazo da pena aplicada. 25. (CESPE – 2015 – DPU – DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL) Caracteriza uma das espécies do crime de tortura a conduta consistente em, com emprego de grave ameaça, constranger outrem em razão de discriminação racial, causando-lhe sofrimento mental. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 28 26. (CESPE - 2014 - TJ-CE - Analista Judiciário - Execução de Mandados) Por se tratar de crime próprio, o crime de tortura é caracterizado pelo fato de o agente que o pratica ser funcionário público. 27. (CESPE - 2013 - TJ-DF - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador) O crime de tortura é considerado crime comum, uma vez que não se exige qualidade ou condição especial do agente que o pratica, ou seja, qualquer pessoa pode ser considerada sujeito ativo desse crime. 28. (CESPE - 2014 - MPE-AC) A tortura, o racismo e as ações de grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado democrático são delitos imprescritíveis, de acordo com previsão constitucional. 29. (CESPE - 2014 - MPE-AC) O crime de tortura, na modalidade de constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físicoe mental com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima, é delito próprio, que só pode ser cometido por quem possua autoridade, guarda ou poder sobre a vítima. 30. (CESPE - 2014 - TJ-CE - Analista Judiciário - Execução de Mandados) Considere que um policial civil, após infligir sofrimento mental mediante privação do sono, exija que o acusado de roubo reconheça determinado homem como sendo seu comparsa. Nessa situação, o referido policial não cometeu o delito de tortura, mas de constrangimento ilegal em concurso material com cárcere privado. 31. (CESPE - 2012 - TJ-AC - Técnico Judiciário - Área Judiciária) Suponha que João, penalmente capaz, movido por sadismo, submeta Sebastião, com emprego de violência, a contínuo e intenso sofrimento físico, provocando-lhe lesão corporal de natureza gravíssima. Nessa situação, João deverá responder pelo crime de tortura e, se condenado, deverá cumprir a pena em regime inicial fechado. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 29 32. (CESPE - 2014 - TJ-CE - Analista Judiciário - Execução de Mandados) Aquele que se omite em face de conduta tipificada como crime de tortura, quando tinha o dever de evitá-la ou apurá-la, será punido com as mesmas penas do autor do crime de tortura. 33. (CESPE - 2014 - MPE-AC) A condenação de agente público por delito previsto na Lei de Tortura acarreta, como efeito extrapenal automático da sentença condenatória, a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada, segundo entendimento do STJ. 34. (CESPE - 2013 - PC-DF - Agente de Polícia) O agente público que submeter pessoa presa a sofrimento físico ou mental, ainda que por intermédio da prática de ato previsto em lei ou resultante de medida legal, praticará o crime de tortura. 35. (CESPE - 2013 - PC-DF - Escrivão de Polícia) O agente carcerário X dirigiu-se ao escrivão de polícia Y para informar que, naquele instante, o agente carcerário Z estava cometendo crime de tortura contra um dos presos e que Z disse que só pararia com a tortura depois de obter a informação desejada. Nessa situação hipotética, se nada fizer, o escrivão Y responderá culposamente pelo crime de tortura. 36. (CESPE - 2013 - DEPEN - Agente Penitenciário) Joaquim, agente penitenciário federal, foi condenado, definitivamente, a uma pena de três anos de reclusão, por crime disposto na Lei n.º 9.455/1997. Nos termos da referida lei, Joaquim ficará impedido de exercer a referida função pelo prazo de seis anos. 37. (CESPE - 2013 - DEPEN - Agente Penitenciário) Um agente penitenciário federal determinou que José, preso sob sua custódia, permanecesse de pé por dez horas ininterruptas, sem que pudesse beber água ou alimentar-se, como forma de castigo, já que José havia cometido, comprovadamente, grave PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 30 falta disciplinar. Nessa situação, esse agente cometeu crime de tortura, ainda que não tenha utilizado de violência ou grave ameaça contra José. 38. (CESPE - 2013 - PRF - Policial Rodoviário Federal) Para que um cidadão seja processado e julgado por crime de tortura, é prescindível que esse crime deixe vestígios de ordem física. 39. (CESPE - 2013 - PC-BA - Delegado de Polícia) O delegado não pode ser considerado coautor ou partícipe da conduta do policial, pois o crime de tortura somente pode ser praticado de forma comissiva. 40. (FUNIVERSA - 2013 - PM-DF - Soldado da Polícia Militar – Combatente) Relativamente aos crimes de tortura previstos na Lei n.º 9.455/1997, é correto afirmar que o(s) a) sujeito ativo do crime de tortura é a autoridade pública. b) dispositivos da Lei só são aplicáveis aos crimes de tortura praticados no território nacional. c) agrupamento de pessoas que seguem a mesma religião pode ser alvo do crime de tortura. d) condenado por crime de tortura sempre iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. e) crime de tortura é inafiançável, suscetível de indulto, graça e anistia. 41. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Investigador de Polícia) Quanto ao crime de tortura, é correto afirmar que: a) a lei brasileira que comina pena para o crime de tortura não se aplica quando o crime foi cometido fora do território nacional, mesmo sendo a vítima brasileira. b) o condenado pelo crime de tortura cumprirá todo o tempo da pena em regime fechado. c) é afiançável, mas insuscetível de graça ou anistia. d) na aplicação da pena pelo crime de tortura, não serão admitidas agravantes ou atenuantes. e) a condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 31 42. (FUNIVERSA - 2009 - PC-DF - Agente de Polícia) De acordo a Lei n.º 9.455, de 1997, que define os crimes de tortura, assinale a alternativa correta. a) A condenação de agente público no crime de tortura não acarretará a perda do cargo, função ou emprego público nem a interdição para seu exercício. b) O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça, mas pode ser anistiado. c) Se a vítima for brasileira, o disposto nessa lei aplica-se ainda quando o crime tenha sido cometido fora do território nacional. d) A pena do crime de tortura não aumenta quando é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de sessenta anos de idade. e) Não é considerado crime de tortura submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental como forma de aplicar castigo pessoal. 43. (CESPE - 2014 - TJ-DF - Juiz de Direito Substituto) O crime de tortura que resulta em lesão corporal de natureza grave ou gravíssima é punível conforme as penas previstas para esse delito, acrescidas das referentes ao delito de lesão corporal grave ou gravíssima. 44. (CESPE - 2013 - PC-BA - Delegado de Polícia) Determinado policial militar efetuou a prisão em flagrante de Luciano e o conduziu à delegacia de polícia. Lá, com o objetivo de fazer Luciano confessar a prática dos atos que ensejaram sua prisão, o policial responsável por seu interrogatório cobriu sua cabeça com um saco plástico e amarrou-o no seu pescoço, asfixiando-o. Como Luciano não confessou, o policial deixou-o trancado na sala de interrogatório durante várias horas, pendurado de cabeça para baixo, no escuro, período em que lhe dizia que, se ele não confessasse, seria morto. O delegado de polícia, ciente do que ocorria na sala de interrogatório, manteve-se inerte. Em depoimento posterior, Luciano afirmou que a conduta do policial lhe provocara intenso sofrimento físico e mental. Considerando a situação hipotética acima e o PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 32 disposto na Lei Federal n.º 9.455/1997, julgue os itens subsequentes. Para a comprovação da materialidade da conduta do policial, é imprescindível a realização de exame de corpo de delito que confirme as agressões sofridas por Luciano. 45. (FCC - 2014 - DPE-RS - Defensor Público) Sobre a Lei nº 9.455/97 (Crimes de Tortura), é correto afirmar que a) se a vítima da tortura for criança, a Lei nº 9.455/97 deve ser afastada para incidência do tipo penal específico de tortura previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 233 do ECA). b) há previsão legal de crime por omissão. c) é inviável a suspensão condicional do processo para qualquer das modalidades típicas previstas na lei. d) o regramento impõe, para todos os tipos penais que prevê, que o condenado inicie o cumprimento da pena em regime fechado. e)há vedação expressa, no corpo da lei, de aplicação do sursis para os condenados por tortura. 46. (FCC - 2014 - DPE-PB - Defensor Público) Com relação à tortura, cabe afirmar: a) Genericamente trata-se de crime próprio. b) Não está tipificada distintamente a conduta cometida com finalidade puramente discriminatória. c) Na versão especificamente omissiva, trata-se de crime comum. d) Trata-se de crime insuscetível de graça, porém não de anistia. e) Pode ser aplicada a lei brasileira ao crime praticado por brasileiro no estrangeiro. 47. (IBFC - 2014 - SEDS-MG - Agente de Segurança Penitenciária) De acordo com a Lei Federal nº 9.455/1997, NÃO será considerada causa de aumento da pena para o crime de tortura, se o delito for cometido: a) Contra pessoa presa ou sujeita a medida de segurança, impondo-lhe sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. b) Por agente público. c) Contra criança, gestante, portador de defciência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos de idade. d) Mediante sequestro. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 33 48. (FCC - 2014 - MPE-PE - Promotor de Justiça) Quanto aos crimes de tortura, correto afirmar que a) punível aquele que se omite em face da tortura, ainda que sem o dever legal de evitá-la ou apurá-la. b) todos são classificados como próprios, segundo expressa disposição legal. c) o condenado sempre iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. d) está sujeito à jurisdição penal brasileira o estrangeiro que venha a torturar brasileiro fora do território nacional. e) a condenação acarretará a interdição de cargo, função ou emprego público pelo triplo do prazo da pena aplicada. 49. (Aroeira - 2014 - PC-TO - Escrivão de Polícia Civil) No tocante aos crimes de tortura previstos na Lei n. 9.455/1997, a) a causa de aumento de pena será aplicada quando o crime for cometido por agente público, se cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente, maior de sessenta anos ou se cometido mediante sequestro. b) a condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para o exercício de novo cargo, função ou emprego público, pelo mesmo prazo da pena. c) o crime de tortura é inafiançável, insuscetível de graça, indulto ou anistia, sendo o cumprimento da pena integralmente em regime fechado. d) o disposto nessa lei aplica-se aos crimes que tenham sido cometidos em território nacional, sendo irrelevante ser a vítima brasileira ou o agente encontrar-se em local sob jurisdição brasileira. 50. (IBFC - 2014 - SEDS-MG - Agente de Segurança Socioeducativo) Indique a alternativa CORRETA, de acordo com a Lei Federal nº 9.455/1997, que define os crimes de tortura: a) A pena prevista para o crime de tortura é aumentada de um sexto até um terço se houver resultado morte. b) Aplica-se a lei dos crimes de tortura mesmo que o delito tenha sido praticado fora do Brasil, desde que a vítima seja brasileira. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 34 c) Se da conduta resulta lesão de natureza grave, a pena será de reclusão, de dois a oito anos; se resulta em lesão de natureza gravíssima, a pena será de reclusão de quatro a dez anos. d) O crime de tortura é imprescritível, inafançável e insuscetível de graça ou anistia. 51. (FUNCAB - 2014 - PC-MT - Investigador - Escrivão de Polícia) Acrásio encontrava-se detido em uma delegacia da polícia civil por ter ameaçado a vida de um terceiro. Lá, apresentou comportamento violento e incontido: debatia-se contra as grades, agredia outros detentos e dirigia impropérios contra os policiais. Após os outros detentos serem retirados da cela, Acrásio foi algemado, momento em que passou a provocar e a ofender Sinfrônio, policial que o guardava, que, em seguida, adentrou a cela e lhe desferiu vários golpes de cassetete, causando em Acrásio graves lesões (constatadas por laudo pericial), agressão que somente cessou após a intervenção de outro policial. Logo, a conduta do policial Sinfrônio: a) não configurou crime, haja vista estar sob a exclusão de ilicitude exercício regular do direito, em face das provocações e agressões verbais proferidas pelo detido. b) não configurou crime, haja vista estar sob a exclusão de ilicitude estado de necessidade, em face das provocações e agressões verbais proferidas pelo detido. c) configurou o crime de tortura previsto no artigo 1º, § 1º, da Lei n° 9.455/1997. d) não configurou crime, haja vista estar sob a exclusão de ilicitude legítima defesa, em face das provocações e agressões verbais proferidas pelo detido. e) não configurou crime, haja vista estar sob a exclusão de ilicitude estrito cumprimento do dever legal, em face das provocações e agressões verbais proferidas pelo detido. 52. (IBFC - 2013 - PC-RJ - Oficial de Cartório) Um policial civil regularmente designado para atuar como responsável pela carceragem de uma Delegacia de Polícia é cientificado por familiares de um preso temporário que este sofre de “diabetes” grave e que necessita de constantes injeções de “insulina” para manter a doença sob controle, sendo-lhe exibido o respectivo PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 35 laudo médico. O agente público simplesmente ignora esta informação e não a transmite aos seus superiores hierárquicos, mantendo o indivíduo no cárcere sem qualquer assistência médica. Dias depois, o preso é encontrado caído no chão da cela com visíveis sinais tanatológicos, sendo o óbito constatado e a causa mortis apurada como decorrente da ausência de controle glicêmico. No caso em tela o policial civil estará sujeito à responsabilização penal pela prática do crime de: a) Homicídio. b) Omissão de socorro. c) Prevaricação. d) Tortura. e) Abuso de autoridade. 53. (IOBV - 2013 - PM-SC - Soldado da Polícia Militar) De acordo com a Lei Federal nº. 9.455/97, constitui crime de tortura: I. Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; II. Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; III. Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental em razão de discriminação racial ou religiosa; IV. Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Estão corretas as afirmativas: a) Apenas I, III e IV. b) Apenas II e III. c) Nenhuma afirmativa está correta. d) Todas as afirmativas estão corretas. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 36 54. (VUNESP - 2013 - SEJUS-ES - Agente Penitenciário) Quanto ao crime de tortura previsto na Lei n.° 9.455/97, pode- se afirmar que: a) incorre na pena prevista para o crime de tortura quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. b) o cumprimento da pena deve ocorrer integralmente em regime fechado. c) admite fiança nas hipóteses legais. d) não incorre na prática do crime de tortura aquele que se omite em face de sua prática, ainda que tenha o dever de evitá-la. e) a condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo prazo da pena aplicada. 55. (TJ-SC - 2013 - TJ-SC– Juiz) No crime de tortura previsto na Lei n. 9.455/97, a condenação do agente público somente acarreta a perda do cargo se ficar demonstrada a reincidência. PROFESSORES CARLOS ALFAMA E PAULO IGOR Prof. Carlos Alfama 37 GABARITO 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 C B C E C A C A B E 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 C B B A E A A D A D 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 A E E E C E C E E E 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 E E C E E C C E E C 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 E C E E B E A D A B 51 52 53 54 55 C A D A E
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