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SISTEMA DE ENSINO
LEGISLAÇÃO 
PENAL ESPECIAL
Tortura
Livro Eletrônico
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Sérgio Bautzer
Tortura
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Lei de Tortura – Lei n. 9.455/1997 ..................................................................................3
1. Fundamento Constitucional da Lei de Tortura ..............................................................3
Conceito de Tortura ........................................................................................................5
2. Modalidades de Crimes de Tortura .............................................................................8
2.1. Tortura persecutória ou tortura-prova.....................................................................8
2.2. Tortura Crime ou Tortura Para a Prática de Crime ................................................. 10
2.3. Tortura discriminatória ou tortura racismo ............................................................ 11
2.4. Tortura castigo ...................................................................................................... 12
2.5. Tortura de Pessoa Presa ou Sujeita a Medida de Segurança .................................. 14
3. Omissão Perante a Tortura ....................................................................................... 16
4. Tortura Qualificada Pelo Resultado Lesão Grave ou Morte ....................................... 18
5. Causas de Aumento de Pena ................................................................................... 20
6. Efeitos da Sentença Condenatória ............................................................................ 21
7. Da Inafiançabilidade e da Proibição de Anistia ou Graça ............................................22
8. Regime Inicial e Progressão de Regime .....................................................................24
9. Extraterritorialidade ................................................................................................26
10. Competência para Julgamento ................................................................................27
Resumo da Aula ...........................................................................................................29
Questões Comentadas em Aula ....................................................................................33
Questões de Concurso ..................................................................................................35
Gabarito .......................................................................................................................49
Gabarito Comentado .................................................................................................... 50
Referências Bibliográficas ............................................................................................87
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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
LEI DE TORTURA – LEI N. 9.455/1997
Olá, amigo(a) concurseiro(a)!
Eu sou o professor Sérgio Bautzer, Delegado de Polícia Civil do Distrito Federal, e leciono as 
Leis Penais e Processuais Penais há 15 anos. Estou desde a fundação no Gran Cursos Online, 
que atualmente é o maior, melhor e mais completo curso virtual preparatório para concursos 
públicos do país. A seguir, você terá a aula sobre a Lei de Tortura. É uma lei com apenas 4 ar-
tigos, mas que requer bastante atenção do(a) concurseiro(a). É um tema importante para os 
concursos das carreiras jurídicas, ainda mais com o advento do Pacote Anticrime que tornou 
mais rigorosa a punição de crimes hediondos e equiparados no país. O crime assemelhado ao 
hediondo é aquele que recebe o mesmo tratamento rigoroso dispensado àquele. Eu já ia me 
esquecendo: os assemelhados aos hediondos são de fácil memorização, basta você se lembra 
da letra “T” (Tráfico de Drogas, Tortura e Terrorismo). Em relação às questões de concursos pú-
blicos já realizados, com temas vinculados à Lei n. 9.455/1997 e à Lei n. 8.072/1990, que você 
eventualmente resolva, sugiro muito cuidado, uma vez que, desde 2009, tais normas passaram 
por diversas alterações legislativas, tendo inclusive entendimentos jurisprudenciais dos mais 
diversos. Ao final da nossa aula, há um resumo e a “letra da lei”, que deve ser lida pelo menos 
uma vez a cada quinze dias. Ah, e não se esqueça, você também deverá ler o Pacote Anticrime 
pelo menos uma vez por semana.
Isso porque ela dialoga em vários pontos com outras legislações, como o Código Penal e 
a Lei de Abuso de Autoridade, e é nesses pontos de contato que te peço atenção redobrada, 
pois daí podem sair boas questões de prova. Então, vamos fazer uma aula para deixar você 
preparado(a) para as especificidades da Lei n. 9.455/1997.
Boa leitura!
1. Fundamento ConstituCional da lei de tortura
Nosso ponto de partida é a Constituição Federal, já que a lei que define os crimes de tortura 
tem seu fundamento constitucional no art. 5º, III:
III – ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante.
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O art. 5º, XLIII, ainda equipara a tortura aos crimes hediondos, estabelecendo um tratamen-
to mais rigoroso para o torturador:
XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, 
o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, 
por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
Você deve memorizar, num primeiro momento, quais são os crimes equiparados aos he-
diondos. A palavra “equiparado”, em algumas provas de concursos, aparece com o nome “as-
semelhado”.
Crimes Hediondos Crimes Equiparados aos Hediondos
Os previstos no art. 1º da Lei n. 8.072/1990, tanto na forma tentada
quanto na forma consumada.
Tráfico de drogas
Terrorismo
Tortura
Ah, o crime equiparado ao hediondo é aquele que recebe o mesmo tratamento rigoroso 
dispensado àqueles previstos no rol taxativo do art. 1º da Lei n. 8.072/1990.
Vale lembrar que o STF entende que associação para o tráfico de drogas, crime previsto no 
art. 35, caput, da Lei n. 11.343/2006, não é equiparado ao hediondo.
A tortura não é UM crime imprescritível, como o racismo (art. 5º, XLII) e a ação de grupos 
armados contra a ordem constitucional e o Estado democrático (art. 5º, XLIV).
Por fim, o inciso XLIX do art. 5º:
XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral.
No decorrer da aula, você estudará o crime de Tortura de Presa ou Sujeita à Medida de Se-
gurança, que encontra sua razão de ser no dispositivo supra.
DICA
Dica de estudo importante que eu te recomendo fortemente: 
quando eu era concurseiro, estudava todos os dias, por uma 
hora, a Constituição Federal “seca” (sem comentários).
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Para você ver como, de vez em quando, essa questão pode ser cobrada emprova.
Questão 1 (CESPE/POLÍCIA CIENTÍFICA-PE/PERITO/2016) A respeito do que dispõe a 
Constituição Federal de 1988 e a Lei n. 8.072/1990, assinale a opção correta.
a) O agente que pratica homicídio simples, consumado ou tentado, não comete crime hedion-
do.
b) A prática de racismo constitui crime hediondo, inafiançável e imprescritível.
c) A tortura é crime inafiançável, imprescritível e insuscetível de graça ou anistia.
d) O crime de lesão corporal dolosa de natureza gravíssima é hediondo quando praticado con-
tra parente consanguíneo até o quarto grau de agente da segurança pública, em razão dessa 
condição.
e) A lei penal e a processual penal retroagem para beneficiar o réu.
Letra a.
Quero que você observe aqui como o examinador pode jogar com as regras da constituição, 
causando confusão quanto às hipóteses de crimes imprescritíveis (racismo e ação de grupos 
armados) e o tratamento mais rigoroso dos crimes hediondos e equiparados, entre eles a tor-
tura (insuscetível de fiança, anistia, graça, indulto). A alternativa “c” está errada justamente 
porque a tortura não é hipótese de crime imprescritível. Fique atento!
ConCeito de tortura
É importantíssimo que você compreenda que o tratamento constitucional dado à tortura 
decorre da proteção internacional dada à dignidade humana. No plano do Direito Internacional 
dos Direitos Humanos, foi celebrada a Convenção Internacional contra a Tortura e Outros Tra-
tamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, em Nova Iorque, no ano de 1984. Em 
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nosso ordenamento jurídico, a Convenção foi incorporada por meio do Decreto n. 40, de 15 de 
fevereiro de 1991. Mas somente com a Lei n. 9.455/1997 veio a definição dos crimes em espé-
cie que configuram tortura e os termos em que o tratamento mais rigoroso se daria.
A Convenção internacional, em seu art. 1º, trouxe um conceito de tortura que vale a pena 
você conhecer, pois já caiu em provas de concurso:
• Qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos 
intencionalmente a uma pessoa;
• A fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informações ou confissões;
• Ou para castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja sus-
peita de ter cometido;
• Ou para intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas;
• Ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza;
• Quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou outra 
pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consenti-
mento ou aquiescência.
É importante conhecer esse conceito porque, ao estudar a Lei n. 9.455/1997, encontramos 
nela a correspondência desses elementos da Convenção. Porém, cabe ressaltar que a nossa 
Lei de Tortura foi além ao estabelecer que qualquer pessoa pode ser sujeito ativo de tortura, 
não sendo necessário que seja um agente público, a depender da modalidade. O Superior Tri-
bunal de Justiça traça esse comparativo entre a Convenção e a Lei de Tortura, nos seguintes 
termos:
A controvérsia está circunscrita ao âmbito de abrangência da expressão guarda, poder ou 
autoridade, prevista na figura típica do art. 1º, II, da Lei n. 9.455/1997 (tortura-castigo). De iní-
cio, cumpre esclarecer que o conceito de tortura, tomado a partir dos instrumentos de direito 
internacional, tem um viés estatal, implicando que o crime só poderia ser praticado por agente 
estatal (funcionário público) ou por um particular no exercício de função pública, consubstan-
ciando, assim, crime próprio. A despeito disso, o legislador pátrio, ao tratar do tema na Lei n. 
9.455/1997, foi além da concepção estabelecida nos instrumentos internacionais, na medida 
em que, ao menos no art. 1º, I, ampliou o conceito de tortura para além da violência perpetrada 
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por servidor público ou por particular que lhe faça as vezes, dando ao tipo o tratamento de cri-
me comum. A adoção de uma concepção mais ampla do tipo supracitado, tal como estabeleci-
da na Lei n. 9.455/1997, encontra guarida na Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos 
ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, que ao tratar do conceito de tortura estabeleceu, 
em seu art. 1º, II, que: o presente artigo não será interpretado de maneira a restringir qualquer 
instrumento internacional ou legislação nacional que contenha ou possa conter dispositivos 
de alcance mais amplo (...). STJ, REsp 1.738.264-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, por maio-
ria, julgado em 23/08/2018, DJe 14/09/2018. Info 633. (grifei)
Sei que ainda estamos no aquecimento da aula, mas vamos fazer um exercício de ativação, 
apenas para você ver como o legislador quer que você conheça a origem e o contexto histórico 
das leis e institutos jurídicos. Embora o conceito de tortura da Convenção não tenha sido co-
brado diretamente na questão que vamos comentar, o examinador introduziu a pergunta com 
a referência histórica da vedação jurídica à tortura:
Questão 2 (NUCEP/PC-PI/DELEGADO/2018) Após a Segunda Guerra Mundial, adotada e 
proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, os direitos inerentes à pessoa hu-
mana passam a ser protegidos mundialmente. No Brasil, os atos de tortura e as tentativas de 
praticar atos dessa natureza são coibidos. Marque abaixo a alternativa CORRETA quanto ao 
crime de tortura.
a) O crime de tortura é inafiançável, embora suscetível de graça ou anistia.
b) Se o crime de tortura é cometido contra maior de 60 (sessenta) anos aumenta-se a pena em 
de 1/3 (um terço) até à metade
c) Se o crime de tortura é cometido por agente público, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) 
até à metade.
d) Não se constitui crime de tortura o constrangimento de alguém com o emprego de violência 
ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico, em razão de discriminação racial ou religio-
sa.
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e) Constitui crime de tortura: constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, 
causando-lhe sofrimento físico ou mental com o objetivo de obter alguma informação, decla-
ração ou confissão.
Letra e.
Essa é a alternativa correta.
Trouxe essa questão também para desde o início você ver como o assunto é cobrado em pro-
vas: conceitos e modalidades de tortura, causas de aumento de pena, tratamento jurídico mais 
rigoroso. Poderia ter sido cobrado ainda: qualificadoras, espécies de pena (reclusão, deten-
ção), efeitos da condenação, omissão, participação. São os assuntos que veremos nesta aula.
2. modalidades de Crimes de tortura
Dispõe o art. 1º da Lei n. 9.455/1997:
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I – constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando lhe sofrimento físico 
ou mental.
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa.
II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave 
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida 
de caráter preventivo.
Pena – reclusão, de dois a oito anos.
2.1. tortura perseCutória ou tortura-prova
A conduta descrita na alínea “a” do inciso I do art. 1º da Lei n. 9.455/1997 é apelidada por 
alguns autores de tortura-persecutória ou tortura-prova (CAPEZ, 2008, p. 673). Mas você não 
deve se preocupar com esses nomes dados aos crimes previstos na Lei n. 9.455/1997 pelos 
doutrinadores, pois quase não são cobrados em provas de concursos públicos. É muito mais 
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provável cair a letra da lei, do que a doutrina sobre o assunto numa prova da Polícia Federal, por 
exemplo. Ainda assim, vale a pena conhecer essas nomenclaturas para ajudar a memorizar as 
espécies de tortura tipificadas na lei.
O verbo núcleo está expresso na conduta constranger, que significa forçar ou coagir. A ví-
tima será constrangida, por meio da violência ou por conta da grave ameaça, a prestar uma 
declaração, confissão ou uma informação.
É crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa. Na alínea “a”, por conta da 
presença da palavra confissão, você pode pensar que só membros das forças de segurança 
podem praticar tal crime. Ledo engano. Como já foi dito, trata-se de um crime comum.
Qualquer pessoa pode ser vítima do delito em estudo. Interessante notar que o tipo penal 
fala em “vítima ou terceira pessoa”.
Exemplo: policiais torturam um menino na frente de sua mãe para que ela preste informação 
sobre o paradeiro de outro filho.
Por se tratar de delito formal, a obtenção da declaração, informação ou confissão da vítima 
ou de terceira pessoa é mero exaurimento do crime em comento. Em tese, a tentativa é admis-
sível.
Você deve ficar atento com essa parte, pois o examinador pode perguntar se os crimes de 
tortura só podem ser praticados com violência, o que está errado. Os meios executórios dessa 
modalidade de tortura são a violência e a grave ameaça.
A grave ameaça deve ser entendida como a ameaça de morte ou ameaça de estupro, por 
exemplo. No caso, quando a vítima sofrer uma ameaça grave que lhe cause sofrimento mental, 
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não há necessidade do seu encaminhamento ao Instituto Médico Legal para elaboração de 
laudo, uma vez que não há lesões, bastando a sua palavra e, lógico, de testemunhas, se houver.
O delito de tortura NÃO absorve necessariamente o crime de abuso de autoridade.
Exemplo: Policiais prendem um indivíduo sem ordem judicial e sem flagrante delito e o levam 
para uma unidade policial (cometeram abuso de autoridade). Passam a torturá-lo para que ele 
confesse a prática de um crime (tortura-confissão).
2.2. tortura Crime ou tortura para a prátiCa de Crime
A prática da conduta descrita na alínea “b” do inciso I do art. 1º da Lei de Tortura é também 
denominada de tortura-crime (CAPEZ, 2008, p. 673).
Assim como na modalidade de tortura da alínea “a”, na tortura-crime, estamos diante de 
crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticá-lo. De outra parte qualquer pessoa pode 
ser vítima do crime em estudo.
Constranger é o verbo núcleo, que significa forçar ou coagir. A vítima será constrangida 
pelo torturador a praticar um crime (por meio de ação ou omissão). Exemplo: uma organização 
criminosa sequestra a filha de um cidadão e ameaça de matá-la caso ele não mate uma figura 
pública. Caso a vítima venha a cometer o delito, ela não responderá pela prática deste, por 
conta da coação que sofreu.
Os meios executórios da tortura-crime são, portanto, a violência ou a grave ameaça.
Você já sabe de cor e salteado que infração penal é gênero, do qual crime e contravenção 
são espécies. Vem o examinador e te pergunta: existe “tortura” para prática de contravenção? 
NÃO, não existe. Como o tipo penal fala em “ação ou omissão de natureza criminosa”, pode-
mos afirmar categoricamente que não existe tortura para a prática de contravenção. Se um 
jovem de 18 anos for coagido com emprego de violência praticado por um contraventor a 
recolher as apostas do “jogo do bicho” em uma determinada região da cidade, este último res-
ponderá por crime de constrangimento ilegal do art. 146 do Código Penal, em concurso com a 
contravenção praticada pela vítima.
Constrangimento ilegal
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Art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, 
por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o 
que ela não manda:
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Aumento de pena
§ 1º As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reú-
nem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.
§ 2º Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.
§ 3º Não se compreendem na disposição deste artigo:
I – a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante 
legal, se justificada por iminente perigo de vida;
II – a coação exercida para impedir suicídio.
2.3. tortura disCriminatória ou tortura raCismo1
De todos os crimes previstos na Lei em estudo, é o mais cobrado nas provas objetivas.
Assim como nas alíneas anteriores, a modalidade de tortura tipificada na alínea “c” do inci-
so I do art. 1º é crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticá-lo.
Constranger é o verbo núcleo e significa forçar ou coagir. Mas, ao contrário das alíneas “a” 
e “b”, em que as vítimas eram constrangidas a “fazer algo”, agora o ofendido será torturado por 
conta da discriminação racial ou religiosa.
Os meios executórios são a violência ou a grave ameaça, e elas devem causar sofrimento 
físico ou mental na vítima.
Lembrando que o tipo penal fala apenas na tortura em razão da discriminação racial ou 
religiosa. A lei não fala em discriminação por opção sexual, por procedência nacional e por 
conta da etnia.
No entanto, você deve ter em mente que a Lei n. 7.716/1989, em seu art. 1º, determina 
que serão punidos os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, 
religião ou procedência nacional. E deve ainda lembrar que esse dispositivo teve o seu alcance 
1 CAPEZ, 2008, p. 678
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alargadopelo STF no julgamento do MI 4733-DF. O Plenário da Corte reconheceu a inconsti-
tucionalidade da mora legislativa e determinou a aplicação da Lei n. 7.716/89 às condutas de 
discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero. Com essa decisão, as práticas 
homotransfóbicas passam a se qualificar como espécies do gênero racismo, na dimensão ra-
cismo social, já consagrada pelo STF no julgamento do HC 82.424/RS (caso Ellwanger).
A depender da conduta, o criminoso responderá por tortura discriminatória em concurso com 
o crime de preconceito.
2.4. tortura Castigo2
A modalidade tortura-castigo encontra-se no inciso II do art. 1º da Lei n. 9.455/1997:
II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave 
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida 
de caráter preventivo.
Pena – reclusão, de dois a oito anos.
Chamo sua atenção para a presença da palavra “intenso” no tipo penal do crime em estudo, 
o que não ocorre nos demais.
Agora estamos diante de um crime próprio, ou seja, aquele que exige uma especial quali-
dade do agente. O autor do crime deve ter uma relação de guarda, poder ou autoridade para 
com a vítima.
Exemplo: os pais, professor, médico, enfermeiro, agente socioeducativo, babá, diretor de colé-
gio interno, tutor etc. O STJ corrobora essa classificação:
(...) Ressalta-se, porém, que a possibilidade de tipificar a conduta na forma do art. 1º, II, da referida 
lei (tortura-castigo), ao contrário da tortura elencada no inciso I, não pode ser perpetrada por qual-
quer pessoa, pois a circunstância de que a violência ocorra contra vítima submetida à guarda, poder 
ou autoridade, afasta a hipótese de crime comum, firmando a conclusão de que o crime é próprio. 
Nítido, pois, que, no referido preceito, há um vínculo preexistente, de natureza pública, entre o agente 
2 CAPEZ, 2008, p. 673.
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ativo e o agente passivo do crime. Logo, o delito até pode ser perpetrado por um particular, mas ele 
deve ocupar posição de garante (obrigação de cuidado, proteção ou vigilância), seja em virtude da 
lei ou de outra relação jurídica. STJ, REsp 1.738.264-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, por maioria, 
julgado em 23/08/2018, DJe 14/09/2018. Info 633. (grifei)
A vítima, por sua vez, deve estar submetida a uma relação de guarda, poder ou autoridade 
para com o autor. Assim, há na doutrina quem diga que estamos diante de um crime “bipróprio”.
O Cespe, em duas provas, colocou o agente de atividade prisional como autor da tortura-cas-
tigo para que o candidato se confundisse com o crime de abuso de autoridade. Isso porque 
sob a égide da Lei n. 4.898/65, em seus arts. 3º e 4º, havia condutas específicas praticadas 
por agentes públicos prisionais. Para saber diferenciar se era caso de abuso de autoridade ou 
tortura, o(a) candidato(a) deveria lembrar que, no abuso de autoridade, não havia menção a 
“sofrimento físico ou mental” da vítima.
Com a nova Lei de Abuso de Autoridade, Lei n. 13.869/2019, fique atento(a) à redação do 
art. 13:
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua 
capacidade de resistência, a:
I – exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;
II – submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei;
III – produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro:
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência.
O dispositivo ressalva expressamente que a prática do abuso de autoridade não absorve 
a pena da violência ou da grave ameaça. Desse modo, se for constatado o intenso sofrimento 
físico e mental descrito no art. 1º, II, da Lei n. 9.455/1997, poderá haver concurso de crimes 
entre o abuso de autoridade e o de tortura-castigo.
Submeter, que significa subjugar, é o verbo núcleo do tipo. A vítima, que está sob a guarda, 
poder ou autoridade do autor, será submetida, com emprego de violência ou grave ameaça a 
INTENSO sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo penal ou medida de ca-
ráter preventivo.
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Vale a pena diferenciar o crime de tortura-castigo do delito de maus-tratos.
Maus-tratos (CP, art. 136) Tortura-castigo (Lei n. 9.455, art. 1º, II)
Há excesso nos meios de correção Há o dolo de torturar (por ódio, raiva ou puro sadismo)
Não há intenso sofrimento físico ou mental Há intenso sofrimento físico ou mental
Meio executórios: não há emprego de violência ou 
grave ameaça, mas pode haver.
Meio executórios: há emprego de violência ou grave 
ameaça.
2.5. tortura de pessoa presa ou sujeita a medida de segurança
Essa modalidade de tortura está descrita no § 1º do art. 1º da Lei n. 9.455/1997:
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a so-
frimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de 
medida legal.
Pela leitura da letra da lei, verifica-se que não há necessidade de o autor empregar violência 
ou grave ameaça para executar o crime em estudo.
Exemplo: durante o dia, o condenado que cumpre pena em presídio começa a passar mal e 
precisa ser atendido junto a um estabelecimento hospitalar. Ele é consultado pelo médico, que 
lhe prescreve medicamentos após exames e o libera para voltar ao presídio. À noite, o conde-
nado passa a sentir fortes dores e os agentes de atividade penitenciárias, mesmo cientes das 
condições de saúde do preso, não ministram a medicação prescrita e o deixam agonizando, 
com sofrimento físico.
Nota-se, no exemplo fictício acima, que em momento algum houve emprego de violência 
ou grave ameaça por parte dos agentes penitenciários. Nas provas de concursos públicos, 
as questões podem mencionar que o preso teve sofrimento físico ou mental ao ser colocado 
numa “cela escura”, numa “solitária”, ou que foi deixado passando fome ou sede.
Lógico, pode ser que na prova, mesmo assim, o examinador diga que o delito foi praticado 
com violência ou grave ameaça.
De todos os crimes previstos na Lei de Tortura, o delito em comento é o que tem menos 
incidência em provas de concursos públicos. Mesmo assim você deverá conhecer a letra da lei 
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e algumas de suas implicações. Antes de adentrarmos ao assunto, você precisa recordar as 
espécies de sanção penal existentes no Direito Penal Pátrio.
A sanção penal é gênero da qual são espécies a pena e a medida de segurança. Esta última 
é aplicada ao inimputável que, embora maior de 18 anos, não apresenta condições de entender 
o caráter ilícito do fato ou de se determinar de acordo com ele.
A medida de segurança pode ser cumprida de duas formas: a internação em estabeleci-
mento hospitalar, para quem cometer crimes punidos compena de reclusão, e o tratamento 
ambulatorial, para os que cometerem crimes punidos com pena de detenção.
Assim, podem ser vítimas do crime em estudo tanto a pessoa que está presa como aquele 
que está submetido à medida de segurança.
Como no Direito Penal não é admitida a interpretação extensiva em prejuízo do réu, não é 
possível ampliar o alcance da norma para aplicá-la à situação em que um menor, em cumpri-
mento de medida socioeducativa de internação ou semiliberdade, sofra esse tipo de tortura.
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A questão de quem pode ser o autor do crime em estudo é um pouco controversa e não é 
cobrada em prova. A título de esclarecimento, existem duas correntes: Nucci diz que pessoa 
estranha aos quadros da administração Pública pode praticar o delito em estudo; já Capez 
diz que é um crime comumente praticado por carcereiros, agentes penitenciários e diretor de 
presídios.
3. omissão perante a tortura
A Lei n. 9.455/1997 estabelece ainda a forma omissiva de tortura, nos termos do § 2º do 
art. 1º da Lei n. 9.455/1997:
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, 
incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
É o único dos crimes previstos na Lei de Tortura que não é equiparado ao hediondo. Há 
quem sustente que haveria ofensa à Constituição Federal, pois a Lei Fundamental mandou 
punir com o mesmo rigor quem se omitisse perante os crimes hediondos e equiparados.
Questão 3 (MP-MS/PROMOTOR/2018/ADAPTADA) Analise as proposições a seguir.
(...)
III – É crime de tortura (Lei n. 9.455/1997) a conduta de constranger alguém com emprego 
de grave ameaça, causando-lhe sofrimento mental, em razão de discriminação religiosa.
IV – Tratando-se de crime hediondo ou equiparado (Lei n. 8.072/90), o condenado por 
crime de tortura (Lei n. 9.455/1997), em qualquer modalidade, deverá iniciar o cumpri-
mento da pena em regime fechado.
�Item III. Certo;
�Item IV. Errado.
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A assertiva IV é falsa justamente porque a tortura não é considerada crime equiparado a he-
diondo em todas as modalidades. Na omissão, não é crime hediondo e a pena é de detenção. 
Ademais, como veremos adiante, nem sempre o início do cumprimento da pena vai se dar em 
regime fechado.
Trata-se de um crime próprio, pois exige uma especial qualidade do agente. No caso, o autor 
tinha o dever de impedir o crime de tortura, e não o fez, ou tinha o dever de apurar o crime de 
tortura, mas não instaurou o procedimento para tanto. O particular, que não possui tal dever, 
caso se depare com a prática de crime de tortura e não o impeça, responderá por omissão de 
socorro.
Na maioria das provas, quem vai aparecer como autor do crime em questão é o Delegado 
de Polícia. Em poucas provas, quem aparece como autor do crime em estudo é o Diretor de 
Presídio. É fácil de memorizar. Lembre-se dos “d” que caracterizam a omissão perante a tortu-
ra: “d” de “detenção”, “d” de delegado e “d” de diretor de presídio. Ou seja, no caso da omissão 
perante a tortura, é a única pena de detenção prevista na Lei de Tortura, é o único crime previs-
to na lei que não é equiparado a hediondo e é caso de crime próprio, pois exige a posição de 
garante, o dever de agir do sujeito ativo.
Exemplo: o delegado percebe que seus agentes estão torturando um preso na Unidade Poli-
cial e não faz nada para impedi-los. Ele responderá pelo delito de omissão perante a tortu-
ra, enquanto seus agentes responderão por tortura. Trata-se de exceção pluralística à teoria 
monista.
É o único delito previsto na Lei de Tortura punido com pena de detenção, sendo que os de-
mais são punidos com reclusão.
Trata-se de crime doloso, que não admite tentativa por ser omissivo próprio.
Cuidado para não cair em pegadinhas que buscam confundir situações de omissão e de 
concurso de pessoas.
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Questão 4 (CESPE/PF/DELEGADO FEDERAL/2018) Julgue o item. Cinco guardas munici-
pais em serviço foram desacatados por dois menores. Após breve perseguição, um dos meno-
res evadiu-se, mas o outro foi apreendido. Dois dos guardas conduziram o menor apreendido 
para um local isolado, imobilizaram-no, espancaram-no e ameaçaram-no, além de submetê-lo 
a choques elétricos. Os outros três guardas deram cobertura. Nessa situação, os cinco guar-
das municipais responderão pelo crime de tortura, incorrendo todos nas mesmas penas.
Certo.
Ainda que os policiais que “deram cobertura” não tenham executado os atos de violência, 
a conduta de vigiar não é somente uma situação de tolerância por algo de que se teve ciência, 
e sim garantia da execução do crime. Por isso, trata-se de participação, em razão do disposto 
no art. 29 do Código Penal, pelo qual “quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide 
nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade” (teoria monista).
4. tortura QualiFiCada pelo resultado lesão grave ou morte
As formas qualificadas das modalidades de tortura estão tipificadas no § 3º do art. 1º da 
Lei n. 9455/1997:
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez 
anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
Você deve memorizar as penas mínima e máxima das hipóteses de tortura qualificada, 
uma vez que já foram cobradas em concursos públicos das carreiras policiais. Por incrível que 
pareça, vi num concurso de nível médio o examinador perguntar ao candidato, numa questão 
de múltipla escolha, a pena mínima e a máxima do crime em estudo.
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Estamos diante de um crime preterdoloso, pois há dolo na tortura e culpa no resultado le-
são grave ou morte. O crime preterdoloso é uma forma de crime agravado pelo resultado.
Quando falamos em crime preterdoloso, as duas construções abaixo são consideradas 
corretas:
Preste atenção na forma de como o examinador pode perguntar o assunto, confundindo-o!
• Hipótese 1: se o indivíduo tem a intenção de torturar e, culposamente, lesiona de manei-
ra grave ou mata a vítima, responderá por tortura qualificada pelo resultado. O CESPE 
perguntou: aplica-se o Código Penal no caso acima? Não, pois deve-se aplicar a lei espe-
cial, no caso, a Lei de Tortura.
• Hipótese 2: se o indivíduo tem a intenção de torturar e, depois de consumado o crime, 
ele resolve matar a vítima, responderá por tortura em concurso com homicídio (verificar 
qual a qualificadora). Assim, aplica-se tantoo Código Penal como a Lei de Tortura.
• Hipótese 3: se o indivíduo tem a intenção de matar desde o início e para tanto emprega 
a tortura, responderá por homicídio qualificado pela tortura. Aplica-se apenas o Código 
Penal (pode ser que no certame, em vez de “Código Penal”, apareça “norma geral”).
Veja o que dispõe o inciso III do § 2º do art. 121 do Código Penal:
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena – reclusão, de seis a vinte anos.
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Homicídio qualificado
§ 2º Se o homicídio é cometido:
III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de 
que possa resultar perigo comum. (grifei)
5. Causas de aumento de pena
Aqui está um dos assuntos mais cobrados em provas de concursos das Carreiras Policiais!
Rege o §4º do art. 1º da lei em estudo:
§ 4º Aumenta se a pena de um sexto até um terço:
I – se o crime é cometido por agente público;
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 
60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei n. 10.741, de 2003)
III – se o crime é cometido mediante sequestro.
O candidato deverá memorizar essas causas de aumento de pena, já que elas são muito 
recorrentes em provas.
O examinador pode também indagar sobre a possibilidade de incidência cumulativa das 
causas de aumento da Lei de Tortura e de agravantes genéricas do CP. Na jurisprudência, há 
precedentes que reconhecem a possibilidade da aplicação da majorante do art. 1º, § 4º, II, 
concernente à tortura praticada contra criança, gestante, pessoa com deficiência, adolescente 
ou maior de 60 anos, e da agravante genérica do art. 61, II, f, do Código Penal, pela qual a pena 
é agravada quando o agente se prevalece das relações domésticas, de coabitação ou de hos-
pitalidade.
No caso de crime de tortura perpetrado contra criança em que há prevalência de relações 
domésticas e de coabitação, não configura bis in idem a aplicação conjunta da causa de au-
mento de pena prevista no art. 1º, § 4º, II, da Lei n. 9.455/1997 (Lei de Tortura) e da agravante 
genérica estatuída no art. 61, II, f, do Código Penal. (...) Em suma, a majorante tem por finali-
dade punir de forma mais severa aquele que se favorece da menor capacidade de resistência 
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da vítima, ao passo que a agravante tem por desiderato a punição mais rigorosa do agente 
que afronta o dever de apoio mútuo existente entre parentes e pessoas ligadas por liames 
domésticos, de coabitação ou hospitalidade, além dos casos de violência doméstica praticada 
contra a mulher. Portanto, em se tratando de circunstâncias e objetivos distintos, não há falar 
na ocorrência de bis in idem. HC 362.634-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, por una-
nimidade, julgado em 16/8/2016, DJe 29/8/2016.
Fique sempre atento(a) a essa interação existente entre a legislação especial e a parte 
geral do Código Penal.
6. eFeitos da sentença Condenatória
Rege o §5º do art. 1º da Lei em estudo:
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu 
exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
Trata-se de efeito automático da sentença condenatória por crime previsto na Lei n. 
9.455/1997 (inclusive na forma omissiva), não havendo necessidade de instauração de pro-
cesso administrativo disciplinar. A perda do cargo deve ser declarada na sentença independen-
temente de fundamentação concreta, conforme jurisprudência:
(...) 3. Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, uma vez reconhecida 
a prática do crime de tortura, de acordo com a legislação especial aplicável a este delito, 
a perda do cargo público é efeito automático e obrigatório da condenação.
4. Embora fosse dispensável na hipótese, o Juízo de origem fundamentou concreta e por-
menorizadamente a necessidade da imposição da sanção de perda do cargo público em 
razão da violação dos deveres do funcionário estatal (policial militar) para com a Admi-
nistração Pública.
STJ, REsp 1762112 / MT, Rel. Min. Laurita Vaz, j. em 17-9-2019.
Por fim, a interdição significa a impossibilidade de se voltar ao serviço público. No caso, 
o condenado fica impedido pelo dobro do prazo da pena aplicada na sentença condenatória.
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Observe como o assunto já foi cobrado em prova:
Questão 5 (CESPE/PC-PE/DELEGADO/2019/ADAPTADA) Julgue o item a seguir. A  con-
denação por crime de tortura acarretará a perda do cargo público e a interdição temporária 
para o seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada, desde que fundamentada na sen-
tença condenatória, não sendo efeito automático da condenação.
Errado.
Trata-se de efeito automático da condenação.
7. da inaFiançabilidade e da proibição de anistia ou graça
Rege o § 6º do art. 1º da Lei de Tortura: “o crime de tortura é inafiançável e insuscetível de 
graça ou anistia”.
Por ser inafiançável o crime de tortura, não é possível a concessão de liberdade provisória 
com a fixação de fiança. A fiança é uma garantia prestada pelo indiciado ou pelo acusado para 
que responda ao inquérito ou ao processo provisoriamente em liberdade. O estabelecimento 
da fiança tem como finalidade a garantia do pagamento das custas processuais (todo proces-
so na Justiça possui um custo), da indenização da vítima, do pagamento da pena de multa ou 
de eventual prestação pecuniária.
Mesmo sendo a tortura um crime inafiançável, é permitida a concessão de liberdade pro-
visória sem a fixação de fiança, desde que ausentes os requisitos e fundamentos da prisão 
preventiva. Nas provas de concurso, liberdade provisória sem fiança aparecerá em questões 
assim: “liberdade provisória”.
Resumindo: você deve memorizar que o crime de tortura é inafiançável, mas admite liber-
dade provisória.
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Vale lembrar que o torturador pode ficar em liberdade provisória, porém o magistrado pode-
rá impor o respeito às medidas cautelares previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, 
com exceção, lógico, da fiança.
Anistia é o esquecimento jurídico de uma ou mais infrações penais e tem natureza jurídica 
de causa extintiva de punibilidade, conforme dispõe o art. 107 do Código Penal. Já o art. 48 da 
Constituição Federal dispõe que é atribuição do Congresso Nacional a concessão de anistia.
Graça é uma espécie de clemência estatal. Também é uma causa extintiva da punibilidade 
e é concedida de maneira individual.A graça é concedida pelo Presidente da República.
Quanto ao indulto, a legislação nada fala. Mas prevalece o entendimento de que não é pos-
sível a concessão de indulto nos crimes de tortura, pois, se não é possível conceder a graça, 
que é individual, com mais razão não é possível a concessão de indulto, que é concedido de 
maneira coletiva.
Vale ressaltar que o Cespe, em primeira fase, cobra a letra da lei em provas, e não entra na 
discussão jurisprudencial de concessão ou não de indulto no crime de tortura.
CF, art. 5º, XLIII: a lei considerará crimes inafiançáveis e 
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o trá-
fico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e 
os definidos como crimes hediondos (...)
L 8.072/1990, art. 2º: Os crimes 
hediondos, a prática da tortura, 
o tráfico ilícito de entorpecentes 
e drogas afins e o terrorismo são 
insuscetíveis de: 
I – anistia, graça e indulto; 
II – Fiança.
L 11.343/2006, art. 44:
Os crimes previstos nos arts . 33, 
caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei 
são inafiançáveis e insuscetíveis 
de sursis, graça, indulto, anistia e 
liberdade provisória, vedada a con-
versão de suas penas em restriti-
vas de direitos.
L 9.455/1997, art. 
1º, § 6º:
O crime de tortura é 
inafiançável e insus-
cetível de graça ou 
anistia.
Indulto: a jurisprudência
entende que tem a mesma 
natureza da graça, por isso, 
também não cabe no crime de 
tortura
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8. regime iniCial e progressão de regime
Dispõe o § 7º do art. 1º da Lei de Tortura:
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da 
pena em regime fechado.
Não resta dúvida que o dispositivo admite a possibilidade de progressão de regime, que 
deverá seguir o requisito objetivo dos crimes hediondos, nos termos do art. 112 da Lei de Exe-
cução Penal, alterado recentemente pelo Pacote Anticrime.
No que se refere ao regime inicial de cumprimento de pena, o dispositivo deve ser lido com 
cautela, pois o STF já consolidou entendimento, por meio da Súmula n. 718, de que a opinião 
do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a 
imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada. Desse enten-
dimento, conclui-se que nem sempre o regime inicial será o fechado, ainda que o crime em 
abstrato seja grave. E isso vale também para os crimes hediondos e equiparados.
A Súmula 719 do STF esclarece ainda que a imposição de regime de cumprimento de pena 
mais severo do que a pena aplicada exige motivação idônea. Assim, se for o caso de pena fixa-
da em até 8 anos, e de réu com bons antecedentes, em princípio, o regime não será o fechado.
Você pode estar pensando:
Mas, professor, a lei é clara, o regime inicial deve ser o fechado para os crimes de tortura, 
com exceção da forma omissiva do § 2º. Então, como as Súmulas 718 e 719 do STF se 
aplicam à Lei de Tortura?
Respire fundo e faça um alongamento porque vamos reconstruir o histórico de como o STF 
chegou a esses entendimentos ao longo das últimas décadas.
Em 1990, quando foi editada a Lei dos Crimes Hediondos, o condenado por crime hedion-
do ou equiparado não tinha direito à progressão de regime de cumprimento de pena, ou seja, 
cumpria a pena no regime integralmente fechado, pois assim estabelecia a redação original do 
§ 1º do art. 2º da Lei n. 8.072/1990.
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O constituinte originário, quando promulgou a Constituição de 88, estabeleceu o combate 
à tortura como uma das diretrizes a serem seguidas pelo legislador infraconstitucional, que 
ficou em mora constitucional durante 8 anos, até editar a Lei de Tortura, em 1997.
A Lei n. 9.445/1997 trouxe, no § 7º, a determinação de que o condenado por tortura deveria 
iniciar obrigatoriamente o cumprimento da pena em regime inicialmente fechado. Logo, pode-
ria haver progressão de regime, devendo o regime inicial ser o fechado.
No começo da década passada, o STF decidiu que a possibilidade de progressão de regi-
me de cumprimento de pena prevista na Lei de Tortura não se estendia para os demais crimes 
hediondos e equiparados.
Porém, em 2006, o Plenário do STF declarou inconstitucional a proibição de progressão de 
regime de cumprimento de pena prevista na Lei dos Crimes Hediondos, com base no princípio 
constitucional da vedação da existência de pena cruel no Brasil e com base no princípio cons-
titucional da individualização da pena. Assim, os condenados por crimes hediondos e equipa-
rados passaram a poder progredir de regime, desde que cumprissem ao menos 1/6 da pena, 
conforme já estabelecia o art. 112 da Lei de Execução Penal.
Em março de 2007, foi editada a Lei n. 11.464/2007, alterando a Lei dos Crimes Hediondos, 
passando a dispor que os condenados por tais delitos deveriam começar a cumprir a pena no 
regime inicialmente fechado, e que poderia haver a progressão desde que cumprissem 2/5 da 
pena, se primário, ou 3/5 se reincidente.
Em 2012, o Plenário do STF declarou inconstitucional a obrigatoriedade de se iniciar o 
cumprimento da pena em regime fechado no caso de condenação por crime hediondo e equi-
parado. A tese foi fixada em regime de repercussão geral nos seguintes termos:
É inconstitucional a fixação ex lege, com base no art. 2º, § 1º, da Lei n. 8.072/90, do regime inicial 
fechado, devendo o julgador, quando da condenação, ater-se aos parâmetros previstos no art. 33 do 
Código Penal. (Tema 972)
Todos os entendimentos sobre a aplicação da Lei dos Crimes Hediondos valem também 
para as condenações por crime de tortura, já que é crime equiparado a hediondo, conforme já 
decidido pelo STJ:
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Não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena no regime 
prisional fechado. Dispõe o art. 1º, § 7º, da Lei n º 9.455/1997 – lei que define os crimes de tortura 
e dá outras providências – que “O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, 
iniciará o cumprimento da pena em regime fechado”. Entretanto, cumpre ressaltar que o Plenário 
do STF, ao julgar o HC 111.840-ES (DJe 17.12.2013), afastou a obrigatoriedade do regime inicial 
fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparados, devendo-se observar, para a 
fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do CP. 
Assim, por ser equiparado a crime hediondo, nos termos do art. 2º, caput e § 1º, da Lei 8.072/1990, 
é evidente que essa interpretação também deve ser aplicada ao crime de tortura, sendo o caso de 
se desconsiderar a regra disposta no art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997, que possui a mesma dispo-
sição da norma declarada inconstitucional. STJ, HC 286.925-RR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 
13/5/2014. Info 540. (grifei)
De novo, volto a repetir, tenha muita cautelacom esse assunto. Se o examinador perguntar 
no enunciado se, “de acordo com a Lei n. 9.455/1997” o regime inicial é o fechado, você deve 
considerar o texto expresso do § 7º do art. 1º da lei e responder que sim, o regime inicial é o 
fechado. No entanto, pode acontecer de o examinador utilizar no enunciado expressões como 
“segundo jurisprudência dos tribunais superiores”. Nesse último caso, não tenha dúvidas que 
é para considerar a possibilidade de regime aberto ou semiaberto.
Por fim, em matéria de progressão de regime, você deve se lembrar que o Pacote Anticri-
me alterou o art. 112 da Lei de Execução Penal, alterando toda a sistemática das regras de 
progressão.
9. extraterritorialidade
Rege o art. 2º da Lei n. 9.455/1997:
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território 
nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando se o agente em local sob jurisdição brasileira.
Lei n. 9.455/1997 se aplica a fatos ocorridos fora do território nacional desde que:
• a vítima seja brasileira; ou
• o autor esteja em território sob a jurisdição nacional.
Por ser uma lei penal especial, as disposições da Lei de Tortura quanto à extraterritoriali-
dade prevalecem sobre o disposto pelo art. 7º do CP, por conta do prescrito no art. 12 também 
do Estatuto Penal.O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DAVID DUTRA - 60524810303, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
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10. CompetênCia para julgamento
Em regra, os crimes de tortura são julgados pela Justiça comum. Mas em algumas situa-
ções em que estejam presentes determinadas circunstâncias, poderá haver competência da 
Justiça Federal ou da Justiça Militar.
No que se refere à competência da Justiça Federal, há precedentes de crime de tortura pra-
ticado no interior de Delegacia Federal, o que caracteriza a hipótese de competência descrita 
no art. 109, IV, da CF, pelo qual as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços 
ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas serão compe-
tência de juiz federal. O STJ já decidiu conflitos de competência em casos como esse:
Para o Min. Relator, com base na doutrina, o crime de tortura é comum, porém se firma a compe-
tência conforme o lugar em que for cometido. Assim, se o suspeito é, em tese, torturado em uma 
delegacia da Polícia Federal, deve a Justiça Federal apurar o débito. Destaca, ainda, que a Lei n. 
9.455/1997 tipifica também a conduta omissiva daqueles que possuem o dever de evitar a conduta 
criminosa (art. 1º, I, a, § 2º, da citada lei). Quanto à materialidade e autoria do suposto crime de 
tortura, embora não haja, nos autos, informações de que os policiais federais teriam participado 
ativamente do crime de tortura, os fatos, em tese, foram praticados no interior de delegacia da Po-
lícia Federal, o que, segundo o Min. Relator, atrai a competência da Justiça Federal nos termos do 
art. 109, IV, da CF/1988. Nesse contexto, a Seção conheceu do conflito para declarar competente o 
juízo federal suscitante. STJ, CC 102.714-GO, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 26/5/2010.
O inciso V-A do art. 109 da CF estabelece ainda a competência da Justiça Federal em cau-
sas em que haja grave violação a direitos humanos, desde que o Procurador-Geral da República 
suscite o incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. Logo, pode haver 
hipótese de crime de tortura caracterizar grave violação a direitos humanos e o Procurador-
-Geral da República suscitar o deslocamento. Mas note-se que, mesmo nesse caso, em tese, 
a competência é originalmente da justiça estadual.
Quanto à possibilidade de casos de tortura configurarem hipótese de competência da Jus-
tiça Militar, você deve lembrar que a Lei n. 13.491/2017 alterou o art. 9º, inciso II, do Código Pe-
nal Militar, alargando a competência da Justiça Militar ao estabelecer que os crimes da legis-
lação penal, quando praticados por militar, em situação de atividade ou assemelhado, poderão 
estar sujeitos à Justiça Militar, conforme alíneas “a” a “e” do art. 9º, II, do CP Militar. Não vamos 
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reproduzir aqui as alíneas, mas você deve ler o art. 9º do Código Penal Militar sabendo que a 
nova redação ampliou sobremaneira as hipóteses de competência da Justiça Militar para os 
crimes praticados por militares e a tortura é uma das leis consideradas legislação penal para 
efeito do art. 9º.
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RESUMO DA AULA
Lei de Tortura – Lei n. 9.455/1997
Tortura-prova, tortura-persecutória, tortura-confissão
• Constranger alguém (forçar, coagir)
• Com emprego de violência ou grave ameaça (Meios Executórios)
• Causando sofrimento físico ou mental
 – É o que o diferencia do crime de abuso de autoridade
• Com fim de obter:
 – Declaração
 – Confissão
 – Informação
 ◦ Vítima ou 3ª pessoa
• Tortura x abuso de autoridade: o crime de tortura não absorve necessariamente o delito 
de abuso de autoridade. Exemplo: Policiais prendem o indivíduo sem que exista flagran-
te delito e sem ordem judicial e o levam para unidade policial (crime de abuso de auto-
ridade), na qual passam a torturá-lo para que ele confesse um crime (crime de tortura).
• É crime comum: qualquer pessoa pode praticar, não requer atributos específicos do su-
jeito ativo.
Tortura-crime ou tortura para prática de crime.
• Constranger alguém (forçar, coagir)
• Com emprego de violência ou grave ameaça (Meios Executórios)
• Causando sofrimento físico ou mental
• Para provocar ação ou omissão de natureza criminosa. Não existe crime de tortura para 
prática de contravenção penal.
Tortura-racismo ou tortura discriminatória
• Constranger alguém (forçar, coagir)
• Com emprego de violência ou grave ameaça
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• Causando sofrimento físico ou mental
• Em razão de discriminação racial religiosa
 – A lei não dispõe sobre ascendência, procedência regional ou origem ou em opção 
sexual.
Tortura-castigo
• Submeter alguém sob sua guarda, poder ou autoridade
• Com emprego de violência ou grave ameaça
• Causando INTENSO sofrimento físico ou mental
• Como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
• É crime próprio: exige uma especial qualidade do agente. Ex.: pais, babá, a enfermeira, 
o médico, tutor, o diretor de colégio interno.
• A diferença para o crime MAUS-TRATOS (art. 136 do CP) é que no segundo há um ex-
cesso nos meios de correção e não há presença do intenso sofrimento físico ou mental.
Tortura de pessoa presa ou submetida a medida de segurança• É crime comum: pessoa estranha aos quadros da administração pública pode praticar 
tortura em pessoa presa.
• Submeter pessoa presa ou sujeita a medida de segurança.
• Sofrimento físico ou mental.
• Por intermédio da prática de ato não previsto ou não resultante de medida legal.
• Meios Executórios: adoção de medidas não previstas na lei de execução penal. Ex: dei-
xar o preso com sede por 4 dias e, num determinado momento, passar a desperdiçar 
água na frente de sua cela.
Tortura qualificada pelo resultado
• Lesão corporal grave ou morte
1) Crime Preterdoloso: se o criminoso tem a intenção de torturar e culposamente mata a 
vítima, responderá por tortura qualificada (aplica-se a lei especial: Lei n. 9.455/1997).
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2) Se o criminoso tem a intenção a intenção de torturar e, depois de consumado o crime, 
resolve matar a vítima, responderá por tortura em concurso com homicídio (Lei n. 9455 
+ CP, art. 121) .
3) Homicídio qualificado pela Tortura: o agente tem a intenção de matar e, para tanto, 
emprega a tortura. Responderá por homicídio qualificado pela tortura. A tortura é uma 
qualificadora do crime. (Código Penal, art. 121, § 2º, III)
Omissão perante a tortura
• É o único crime que não é equiparado a hediondo.
• É uma exceção pluralística à teoria monista, que é aquela adotada pelo Código Penal ao 
concurso de agentes.
• É crime afiançável na esfera policial, que comporta suspensão condicional do processo. 
(“Sursis” processual – art. 89 da Lei n. 9.099/1995), uma vez que a pena mínima é igual 
a um ano.
• É crime próprio: o autor deve ter o dever de apurar ou evitar o crime de tortura. Ex.: De-
legado, Diretor de Presídio, Juiz Corregedor dos Presídios, Médico-Legista que se omite 
no laudo.
• Particular responde por omissão de socorro.
Omissão perante a tortura Tortura
Detenção: Aberto e semiaberto
A depender do caso concreto, o condenado por Omis-
são Perante a Tortura pode começar a cumprir a pena 
em regime semiaberto ou aberto.
Elemento subjetivo: crime doloso.
Reclusão: Aberto, semiaberto e fechado
A depender do caso concreto, o condenado por tortura 
pode começar a cumprir a pena em regime fechado, 
semiaberto ou aberto.
Causas de aumento de pena
1) Se o crime é cometido por agente público;
2) Se o crime é cometido contra:
a) Criança
b) Adolescente
c) Idoso
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d) Gestante
e) Portador de deficiência.
3) Se o crime é cometido mediante sequestro.
Efeitos da Sentença Condenatória
• A condenação por tortura acarretará a perda do cargo, emprego ou função e a interdição 
pelo dobro do prazo da pena aplicada.
• O efeito é automático. Se não cabe a graça que é individual, com mais razão não caberá 
o indulto que é concedido de maneira coletiva.
Competência para julgamento
O crime de tortura praticado por policial federal será julgado na justiça federal.
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QUESTÕES COMENTADAS EM AULA
Questão 1 (CESPE/POLÍCIA CIENTÍFICA-PE/PERITO/2016) A respeito do que dispõe a 
Constituição Federal de 1988 e a Lei n. 8.072/1990, assinale a opção correta.
a) O agente que pratica homicídio simples, consumado ou tentado, não comete crime hedion-
do.
b) A prática de racismo constitui crime hediondo, inafiançável e imprescritível.
c) A tortura é crime inafiançável, imprescritível e insuscetível de graça ou anistia.
d) O crime de lesão corporal dolosa de natureza gravíssima é hediondo quando praticado con-
tra parente consanguíneo até o quarto grau de agente da segurança pública, em razão dessa 
condição.
e) A lei penal e a processual penal retroagem para beneficiar o réu.
Questão 2 (NUCEP/PC-PI/DELEGADO/2018) Após a Segunda Guerra Mundial, adotada e 
proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, os direitos inerentes à pessoa hu-
mana passam a ser protegidos mundialmente. No Brasil, os atos de tortura e as tentativas de 
praticar atos dessa natureza são coibidos. Marque abaixo a alternativa CORRETA quanto ao 
crime de tortura.
a) O crime de tortura é inafiançável, embora suscetível de graça ou anistia.
b) Se o crime de tortura é cometido contra maior de 60 (sessenta) anos aumenta-se a pena em 
de 1/3 (um terço) até à metade
c) Se o crime de tortura é cometido por agente público, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) 
até à metade.
d) Não se constitui crime de tortura o constrangimento de alguém com o emprego de violência 
ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico, em razão de discriminação racial ou religio-
sa.
e) Constitui crime de tortura: constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, 
causando-lhe sofrimento físico ou mental com o objetivo de obter alguma informação, decla-
ração ou confissão.
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Questão 3 (MP-MS/PROMOTOR/2018/ADAPTADA) Analise as proposições a seguir.
(...)
III – É crime de tortura (Lei n. 9.455/1997) a conduta de constranger alguém com emprego 
de grave ameaça, causando-lhe sofrimento mental, em razão de discriminação religiosa.
IV – Tratando-se de crime hediondo ou equiparado (Lei n. 8.072/90), o condenado por 
crime de tortura (Lei n. 9.455/1997), em qualquer modalidade, deverá iniciar o cumpri-
mento da pena em regime fechado.
Questão 4 (CESPE/PF/DELEGADO FEDERAL/2018) Julgue o item. Cinco guardas munici-
pais em serviço foram desacatados por dois menores. Após breve perseguição, um dos meno-
res evadiu-se, mas o outro foi apreendido. Dois dos guardas conduziram o menor apreendido 
para um local isolado, imobilizaram-no, espancaram-no e ameaçaram-no, além de submetê-lo 
a choques elétricos. Os outros três guardas deram cobertura. Nessa situação, os cinco guar-
das municipais responderão pelo crime de tortura, incorrendo todos nas mesmas penas.
Questão 5 (CESPE/PC-PE/DELEGADO/2019/ADAPTADA) Julgue o item a seguir. A  con-
denação por crime de tortura acarretará a perda do cargo público e a interdição temporária 
para o seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada, desde que fundamentada na sen-
tença condenatória, não sendo efeito automático da condenação.
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QUESTÕESDE CONCURSO
Questão 1 (MPU/ANALISTA PROCESSUAL/QUESTÃO 129) Julgue o item a seguir. O  cri-
me de tortura praticado, em qualquer de suas modalidades, por agente público no exercício de 
suas funções absorve, necessariamente, o delito de abuso de autoridade.
Questão 2 (CESPE/MINISTÉRIO DA JUSTIÇA/AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL/2004/
QUESTÃO 61) Julgue o item a seguir. Agentes de polícia civil prenderam um ladrão de automó-
veis em flagrante delito e, para conseguir informações sobre a quadrilha de que ele participava, 
disseram-lhe que ele sofreria graves consequências caso não entregasse imediatamente seus 
cúmplices. Intimidado, o preso entregou o nome de seus comparsas. Nessa situação, os poli-
ciais não cometeram crime de tortura, que somente se consuma com a violência, não bastando 
para a sua caracterização a existência de uma ameaça, ainda que grave.
Questão 3 (CESPE/GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO/SECRETARIA DE JUS-
TIÇA/AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA PENITENCIÁRIO/NÍVEL MÉDIO/2007/QUES-
TÃO 90) Julgue o item a seguir. A lei que define a tortura comina pena mais grave na hipótese 
de a conduta resultar em morte. Assim, se, durante a tortura, o agente resolver matar a vítima, 
por exemplo, a tiros de revólver, deverá ser aplicada a lei especial.
Questão 4 (CESPE/MUNICÍPIO DE VITÓRIA/AGENTE COMUNITÁRIO DE SEGURANÇA/
NÍVEL MÉDIO/2007/QUESTÃO 87) Julgue o item a seguir. A grave ameaça, por si só, não con-
figura a figura típica do crime de tortura. Esse crime é constituído apenas quando há violência 
física decorrente do emprego de força ou instrumento sobre a vítima, de modo a causar-lhe 
sofrimento físico ou mental.
Questão 5 (CESPE/PC-RN/AGENTE DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTO/2009/QUESTÃO 
89) Em relação aos crimes de tortura (Lei n. 9.455/1997) e ao Programa de Proteção a Vítimas 
e Testemunhas (Lei n. 9.807/1999), assinale a opção correta.
a) Um delegado da polícia civil que perceba que um dos custodiados do distrito onde é chefe 
está sendo fisicamente torturado pelos colegas de cela, permanecendo indiferente ao fato, 
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não será responsabilizado criminalmente, pois os delitos previstos na Lei n. 9.455/1997 não 
podem ser praticados por omissão.
b) A Lei n. 9.807/1999 não prevê a concessão de perdão judicial para o acusado que tenha 
colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal, mas apenas a 
redução de um a dois terços na pena do réu que tenha contribuído para a localização da vítima 
com vida e na recuperação total ou parcial do produto da atividade criminosa.
c) O programa de proteção de que trata a Lei n. 9.807/1999 é exclusivo para vítimas ou tes-
temunhas ameaçadas, não podendo ser estendido aos parentes destas, sob pena de grave 
comprometimento dos recursos financeiros destinados a custear as despesas específicas de 
proteção.
d) A pena para a prática do delito de tortura deve ser majorada caso o delito seja cometido 
por agente público, ou mediante sequestro, ou ainda contra vítima maior de 60 anos de idade, 
criança, adolescente, gestante ou portadora de deficiência.
d) Se um membro da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Norte, integrante da Co-
missão Nacional de Direitos Humanos, for passar uma temporada de trabalho no Haiti – país 
que não pune o crime de tortura – e lá for vítima de tortura, não haverá como aplicar a Lei n. 
9.455/1997.
Questão 6 (CESPE/PC-PB/DELEGADO DE POLÍCIA/2009/QUESTÃO 56) Quanto à legisla-
ção a respeito do crime de tortura, assinale a opção correta.
a) A condenação por crime de tortura acarreta a perda do cargo, função ou emprego público, 
mas não a interdição para seu exercício.
b) Não se aplica a lei de tortura se do fato definido como crime de tortura resultar a morte da 
vítima.
c) O condenado por crime previsto na lei de tortura inicia o cumprimento da pena em regime 
semiaberto ou fechado, vedado o cumprimento da pena no regime inicial aberto.
d) Aquele que se omite em face de conduta tipificada como crime de tortura, tendo o dever de 
evitá-la ou apurá-la, é punido com as mesmas penas do autor do crime de tortura.
e) Pratica crime de tortura a autoridade policial que constrange alguém, mediante emprego de 
grave ameaça e causando-lhe sofrimento mental, com o fim de obter informação, declaração 
ou confissão da vítima ou de terceira pessoa.
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Questão 7 (CESPE/PC-PB/AGENTE DE INVESTIGAÇÃO E ESCRIVÃO DE POLÍCIA/2009/
QUESTÃO 35) César, oficial da Polícia Militar, está sendo processado pela prática do crime de 
tortura, na condição de mandante, contra a vítima Ronaldo, policial militar. César visava obter 
informações a respeito de uma arma que havia sido furtada pela vítima. Considerando a situ-
ação hipotética, assinale a opção correta de acordo com a lei que define os crimes de tortura.
a) O tipo de tortura a que se refere a situação mencionada é a física, pois a tortura psicológica e 
os sofrimentos mentais não estão incluídos na disciplina da lei que define os crimes de tortura.
b) Se César for condenado, deve incidir uma causa de aumento pelo fato de ele ser agente 
público.
c) Se César for condenado, a sentença deve declarar expressamente a perda do cargo e a in-
terdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada, pois esses efeitos não são 
automáticos.
d) A justiça competente para julgar o caso é a militar, pois trata-se de crime cometido por mi-
litar contra militar.
e) O delito de tortura não admite a forma omissiva.
Questão 8 (CESPE/SEPLAG-SEDS/AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVA 2008/
QUESTÃO 28) Na madrugada de 10/11/2007, 38 presos teriam sido torturados e submetidos 
a constrangimentos por três agentes penitenciários depois de uma frustrada tentativa de fuga 
de uma unidade prisional. Três presos tinham mais de 60 anos de idade e dois eram porta-
dores de deficiência. Durante a rebelião, cinco presos foram queimados vivos e dois agentes 
penitenciários foram baleados. O diretor do presídio sabia das torturas e não tomou nenhuma 
providência.
Considerando a situação hipotética apresentada, assinale a opção correta com base na Lei da 
Tortura – Lei n. 9.455/1997.
a) Caso seja comprovada a prática de tortura pelos agentes, a pena será reduzida por estarem 
estes no cumprimento do dever durante a rebelião.
b) O diretor da unidade prisional não responderá pelo crime de tortura por ter-se omitido em 
face das condutas dos agentes, pois cabe exclusivamente ao Poder Judiciário o dever de apu-
rá-las.
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c) Caso seja comprovada a prática de tortura pelos agentes, a pena será aumentada em razão 
de o crime ter sido praticado contra portadores de deficiência e maiores de 60 anos de idade.
d) Se o agente penitenciário for preso por determinação do diretor da unidade prisional, poderá 
pagar fiança ao juiz

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