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Pedro Victor, Turma XIV, Medicina UESB RESUMÃO - IVAS E IVAI IVAS ● Como regra geral, as IVAS não são condições graves e ameaçadoras da vida. ● Os principais fatores de risco são: ○ Baixa idade (6-24 meses) ○ Sexo masculino ○ Atopia ○ Deficiência imunológica ○ Anomalias craniofaciais e de palato ○ Creches ○ Irmãos mais velhos ○ Fumo passivo ○ Uso de chupeta ○ Aleitamento artificial ● Em geral, essas desordens são de origem infecciosa, alérgica ou congênita. ● Principais etiologias ○ Vírus: picornavírus (rinovírus, coxsackie, echovírus e poliovírus), adenovírus, paramixovírus (parainfluenza, sincicial respiratório, sarampo e caxumba), ortomixovírus (influenza) ○ Bactérias: streptococcus pyogenes, streptococcus pneumoniae, haemophilus influenzae não tipável, moraxella catarrhalis, h. influenzae tipo b Pedro Victor, Turma XIV, Medicina UESB 1) RINOFARINGITES VIRAIS (Resfriado Comum) - É a mais comum da infância, de natureza benigna e autolimitada. - Definição: rinofaringite de etiologia viral que leva à inflamação da mucosa do nariz, faringe e seios paranasais. - Principais complicações bacterianas: Otite média aguda e sinusite. - Resfriado comum ≠ gripe, pois gripe é uma doença sistêmica epidêmica causada pelo vírus influenza → febre alta, mialgias e prostração. a) Etiologia e Epidemio ● Crianças pequenas possuem a média de 6-8 episódios por ano e felizmente a incidência cai a partir dos 3 anos. ● O agente mais frequente é o RINOVÍRUS (metade ou mais dos casos) ● Sazonalidade ○ Final da primavera + início do outono: Rinovírus ○ Final do outono: Parainfluenza: ○ Inverno: Influenza e VSR ○ Verão: Coxsackie ● Agentes ocasionais: coronavírus, (VSR), metapneumovírus. ● Agentes incomuns: influenza, parainfluenza, adenovírus, enterovírus (cocksackievírus e echovírus). ● Período de incubação: 2 a 5 dias, transmitidos sob a forma de aerossol. ● Principal forma de transmissão: contato direto. b) Manifestações clínicas ● Começa com a garganta arranhando (~3 dias) → espirros, obstrução nasal e rinorreia (rinorreia no início é clara e purulenta nos últimos dias) ● Tosse 30% dos casos, devido ao gotejamento pós nasal. ● Pode haver febre, 59%. ● Duração média: 1 semana ● OMA é a principal complicação bacteriana. Outras: sinusite, pneumonia e piora da asma brônquica. c) Diagnóstico: Clínico. ● Principais DD: ○ Rinite alérgica (espirros e prurido nasal) ○ Corpo estranho (secreção nasal é unilateral e fétida, podendo ser sanguinolenta) ○ Sinusite (febre, cefaleia, edema periorbitário, rinorreia persistente ou tosse > 14 dias) ○ Coqueluce (tosse proeminente e persistente) ○ Sífilis congênita (rinorreia serosanguinolenta persistente com início entre um e três meses de vida) ○ d) Tratamento: sintomático ● Antitérmico: uso com cautela, é recomendado quando T.Axilar > 38°C. ○ Acetominofen e dipirona. ■ Paracetamol: 1 gota/kg/dose 6/6h ■ Dipirona: 1 gota/2kg/dose 6/6h ○ AAS. ● Lavar o nariz com soro, uso de vaporizador e boa hidratação. ● Anti-histamínico e descongestionante nasal. Pedro Victor, Turma XIV, Medicina UESB 2) FARINGOAMIGDALITES VIRAIS E BACTERIANAS - A faringite aguda com envolvimento das tonsilas palatinas é uma doença inflamatória da orofaringe, caracterizada por eritema e pela presença ou não de exsudato amigdalino, ulcerações e vesículas. - Etiologia: Virais 75% e Bacterianas - Crianças menores de 3 anos raramente apresentam doença bacteriana → sobe a incidência entre os 4 e 7 anos → volta a cair e fica estável. a) Etiologia i - Vírus ● Adenovírus, coronavírus, enterovírus, rinovírus, VSR, Epstein-Barr e Herpes-Simples. ● Rinovírus, coronavírus, parainfluenza e o influenza podem causar, mas terão sintomas nasais também. Manifestações clínicas em pacientes com Faringites Virais agudas Associada ao resfriado comum Corrimento nasal, tosse, anorexia e adenopatia cervical Adenovírus Mialgia, cefaleia e conjuntivite → febre faringoconjuntival Coxsackie Pequenas úlceras e vesículas no palato mole e pilares da amígdala; dor abdominal. → herpangina Herpes-simplex Múltiplas úlceras no palato, adenopatia cervical dolorosa com ou sem gengivoestomatite ~ “???” Epstein-Barr Adenopatia cervical, eventualmente generalizada, esplenomegalia e exantema após uso de ampicilina → mononucleose infecciosa ii - Bactérias ● Estreptococcus pyogenes → é o mais importante, principalmente entre 5-15 anos (15 a 20% dos casos nessa idade é causado pelo streptococo ○ Escarlatina é uma síndrome clínica → faringoamigdalite exsudativa e um exantema com aspecto de lixa, provocada pela produção de toxinas (A, B, ou C) ○ PREOCUPAÇÕES DO PEDIATRA: ■ Febre reumática, risco de provocar sequelas cardíacas ■ Glomerulonefrite difusa aguda ■ Complicações supurativas (abscessos retrofaríngeo e periamigdaliano) ● Streptococcus do grupo C, Mycoplasma pneumoniae e Arcanobacterium haemolyticum ● Neysseria gonorrhoeae → vida sexual ativa ou abuso sexual, se ligar nissso. ● Obs: difteria: membranas acinzentadas (se tirar sangra) nas amígdalas e pilares, úvula. b) Clínica: divide-se as faringites de acordo com seu aspecto clínico 1. Eritematosas: hiperemia e congestão da superfície tonsilar. +Viral 2. Eritemopultáceas: hiperemia e edema + exsudato amarelado não aderente. +Faringite Estreptocócica e EBVírus 3. Pseudomembranosas: placas esbranquiçadas aderentes à amígdala que podem invadir faringe, palato e úvula. +C. diphtheriae → início insidioso + sintomas gerais (febre, mal-estar, cefaleia, asterina e dor de garganta) + exsudato acinzentado (se tirar a membrana, sangra) 4. Ulcerosas: podem ser superficiais como na herpangina (Coxsackie A) e na angina herpética. Podem ser também profundas como na angina de Plaut-Vincent (germes), tuberculose, sífilis. 5. Síndrome de Lemierre: complicação da faringite do fusobacterium necrophorum → afeta a veia jugular interna b.1) Infecções Virais I) Associada ao resfriado comum: ● Não costuma estar associada a dor intensa e odinofagia. É mais uma dor moderada ou garganta arranhando. ● Sintomas do resfriado: rinorreia, tosse, mal-estar, febre, anorexia. ● Faringe eritematosa e edemaciada. Às vezes, pode ter exsudato no palato e nos folículos linfoides amigdalianos → difícil de distinguir da doença estreptocócica. Pedro Victor, Turma XIV, Medicina UESB II) Adenovírus → febre faringoconjuntival ● Costuma ser mais intensa, com mialgia, cefaleia, calafrios, febre de mais de 38,3 → persiste por 5 a 6 dias. ● Dor de garganta importante; exsudato amigdaliano; eritema de toda orofaringe. ● Achado: Conjuntivite, quase metade dos casos. III) Coxsackie A → herpangina ● O que caracteriza a herpangina? R- Pequenas vesículas no palato mole, úvula e pilares amigdalianos anteriores. ● Essas vesículas se rompem e formam úlceras esbranquiçadas. ● Febre alta, dor de garganta e disfagia. Pode ter dor abdominal e anorexia (~ apendicite?) ● Síndrome mão-pé-boca: as lesões se estendem a esses sítios. IV) Epstein-Barr → Mononucleose Infecciosa ● Dor de garganta causada por uma amigdalite exsudativa ocorre em metade dos casos de mononucleose infecciosa pelo EBV. ● Febre, linfadenopatia cervical e esplenomegalia. ● Diagnóstico errado → Ampicilina → Exantema generalizado. b.2) Faringite Estreptocócica ● Inicia-se com queixas pouco específicas como: cefaleia, dor abdominal, mal-estar, náuseas, vômitos, febre de até 40° ● Após isso → dor de garganta de intensidade variável. ● Presença de exsudato amarelo-acinzentada limitada à tonsila ● Linfadenopatia cervical anterior ousubmandibular ● Achado clínico mais importante → vermelhidão das amígdalas e pilares amigdalianos, acompanhadas ou não de exsudato, associada a petéquias em palato mole. ● É incomum em crianças com menos de 3 anos. Pico de incidência: 4 a 7 anos. ● A principal complicação: formação de abscessos peritonsilares e na parede lateral da faringe. ○ GNDA, febre reumática, escarlatina ● A faringoamigdalite estreptocócica evolui quase sempre com resolução espontânea após 4-5 dias, mesmo sem uso de antibióticos, mas mesmo assim tem que tratar!!!! c) Diagnóstico: Laboratorial. Assim, na prática, eu não sei e não lembro o que Max falou. ● 1º passo: diferenciar infecção viral de bacteriana → difícil. ● Swab de orofaringe → cultura em ágar sangue (alta especificidade e sensibilidade para S. pyogenes). → Pode dar muito falso positivo (criança carreadora) e falso negativo (coleta inadequada). - PADRÃO OURO. ○ demora pelo menos 18-36h para sair o resultado. ○ Na prática, se inicia ATB com base no aspecto das amígdalas → exsudato purulento + febre + petéquias em palato ● Teste de detecção rápida de antígenos estreptocócicos → não são realizados com frequência. ● Leucograma não diferencia com confiabilidade. → NÃO É CONSISTENTE. ● Sorologias virais não costumam ser solicitadas, a não ser em caso suspeito de mononucleose infecciosa. ● O que eu entendi: realmente, podemos fazer o swab, mas precisamos ter atenção na clínica, pois uma infecção estreptocócica é perigosa, por conta dos riscos. Então, quando tiver muito na dúvida, inicia o tratamento com ATB. d) DD e) Tratamento ● A maioria das faringites agudas → virais → não necessita de terapia específica. (exceto pacientes imunossuprimidos com herpes-simplex, aos quais são prescritos aciclovir) ● Em caso de infecção estreptocócica → antibioticoterapia → previne complicações (exceto GNDA) como: febre reumática, abscessos. ● Na prática, se inicia ATB com base no aspecto das amígdalas → exsudato purulento + febre + petéquias em palato (você tá vendo essa informação aqui de novo pq na vdd ela é daqui, eu que botei lá na parte do swab p você começar a entender logo da prática, pedro aqui) Pedro Victor, Turma XIV, Medicina UESB ● Penicilina benzatina: DU, IM (DROGA DE ESCOLHA) ○ 600.000 UI criança com peso < 27kg ○ 1.200.000 UI criança > 27kg ● Amoxicilina 50mg/kg/dia 8/8h, por 10 dias ● Ampicilina e Penicilina V, VO, 10 dias ● Alérgicos à penicilina: Eritromicina e Azitromicina ● Com o início da terapia ATB, ocorre decréscimo dentro das primeiras 24h. ● Gargarejos com solução salina e uso de paracetamol e dipirona para dor e febre podem ser usados. ● Complicações estreptocócicas ○ Abscesso: interna, antibiótico. Caso estiver obstruindo a via aérea ou o ATB não for eficaz, faz a drenagem percutânea guiada por TC ou cirúrgica. Pedro Victor, Turma XIV, Medicina UESB 3) OTITE MÉDIA AGUDA a) Introdução ● É uma das doenças mais frequentes na criança → 80% das crianças abaixo dos 3 anos terão pelo menos um episódio. A incidência declina após os dois anos. ● Fatores de risco: ○ Idade: crianças menores de dois anos, devido à imaturidade imunológica e à anatomia da tuba auditiva (mais horizontal e mais curta, o que atrapalha seus mecanismos antirrefluxo e de drenagem) ○ Sexo: menino. ○ Raça: controverso. +brancos. ○ Pobreza → favorece aglomerações, higiene inadequada, menor acesso ao sistema de saúde e pior perfil nutricional ○ Aleitamento artificial ○ Tabagismo passivo ○ Exposição a outras crianças ○ Ausência de vacinas b) Etiologia ● S. pneumoniae (30-50%); H. influenza não tipável (25-39%); M. catarrhalis (10-15%). c) Patogênese (aqui vou abordar pouca coisa, apenas os fatores predisponentes mais importantes) ● Resfriado comum → a inflamação e edema da mucosa nasal → disfunção da drenagem da tuba auditiva ● Hipertrofia da adenoide → obstrução do óstio tubário → disfunção da drenagem ● Anomalias congênitas → fenda palatina e Down → aumento da complascência da tuba → menor refluxo d) Clínica I) Sintomas ● Variam de acordo com a idade. ● Maiores de dois anos: queixa de dor de ouvido, associada a febre, astenia, inapetência e hipoacusia flutuante. ● Menores de dois anos: a clínica não é tão evidente, justo na faixa etária mais acometida. ○ Sinais indiretos de otalgia: levar a mão até o ouvido, irritabilidade, choro intenso, dificuldade para dormir. ● A febre pode ser baixa ou alta. Pode haver sintomas GI inespecíficos (anorexia, náuseas e vômitos) ● Dado fundamental: episódio prévio de resfriado. ● Otorreia fluida ou purulenta pode ocorrer em ⅓ dos casos. II) Sinais: Otoscopia ● Membrana timpânica hiperemiada, convexa e ABAULADA, de coloração alterada (opaca, hiperemia difusa e pontos esbranquiçados) e com perda de motilidade. ● Obs: hiperemia isolada não é suficiente para definir diagnóstico, pois até choro pode levar a isso. ● Obs: miringite bolhosa é uma forma incomum de OMA → bolhas e eritemas na membrana timpânica. ● Otite Média Secretora → efusão estéril dentro da orelha média consequente a uma disfunção tubária (NÃO REQUER ATB). → Tem sinais de opacidade, cor esbranquiçada e perda de motilidade, mas NÃO tem hiperemia, otalgia e abaulamento. III) Diagnótico (clínico, né, se tá dentro do tópico de Clínica) ● Feito com base nas características: ○ Otorreia não provocada por otite externa ○ Sinais de efusão na orelha média (alteração de cor, opacidade, mobilidade reduzida) + sinais de inflamação (abaulamento, otalgia, eritema de membrana) e) Tratamento ● Medidas gerais: analgesia Pedro Victor, Turma XIV, Medicina UESB ● Obrigatório ATB: Otorreia, Sinais de gravidade e Bilateralidade em < 2 anos. ● Primeira escolha: ○ Amoxicilina 80-90 mg/kg/dia, VO, 12/12h, 10 dias ○ Amoxi-clavu 90 mg/kg/dia 12/12h, 10 dias ○ Ceftriaxone 50 mg IM ou EV 1x/dia por 3 dias ● Alérgicos → procura alguma cefalosporina de terceira geração. ● Não existe razão para uso de medicações tópicas. f) Prevenção (não colocarei) g) Complicações ● Perfuração timpânica → comum se não tratar ● Otite média secretora → comum também, mas resolve sozinha, conduta expectante. ● Otite média crônica → sinais persistem por mais de 3 meses → pode levar a surdez se grave ● Mastoidite → internar a criança, TC, cirurgia e ATB. ● Infecção do SNC Pedro Victor, Turma XIV, Medicina UESB 4) Sinusite a) Introdução ● A rinossinusite é classificada como: ○ Viral autolimitada ○ Bacteriana aguda: duração < 4 semanas e resolução completa dos simtomas ○ Bacteriana subaguda: duração entre 4 e 12 semanas ○ Crônica: sinais e sintomas que persistem mais de 12 semanas b)Etiologia e patogênese ● Principais fatores de risco para sinusite bacteriana aguda: ○ resfriado comum (principal causa), rinite alérgica (segunda causa) ○ exposição à fumaça de cigarro ○ anormalidades estruturais, disfunção ciliar ○ imunodeficiência humoral ○ refluxo gastroesofágico ○ tubo e sondas, imunossupressão ● Agentes etiológicos mais comuns da bacteriana aguda ○ Streptococcus pneumoniae (30%) ○ Haemophylus influenzae não tipável (20%) ○ Moraxella catarrhalis (20%) ● Subaguda: Staphylococcus aureus, Staphyloccocus coagulase negativo, Streptococcos alfa-hemolítico ● Crônico: múltiplos c) Manifestações clínicas (Sinusite bacteriana aguda) ● Ao contrário da criança maior, a criança <5 anos NÃO apresenta dor facial, cefaleia, edema e sensibilidade àpercussão da face. ● As manifestações mais comuns nessas crianças são: TOSSE e SECREÇÃO NASAL ~ resfriado que demora ○ Tosse que persiste por mais de 14 dias e descarga nasal por 3-4 dias consecutivos. ○ Tosse (principal) ocorre durante o dia e piora quando a criança deita. A secreção nasal pode ser clara ou purulenta. ○ Febre, respiração com odor desagradável, sensação de pressão em região frontal e diminuição do olfato são queixas observadas em crianças mais velhas. ● Dessa forma, sinusite pode parecer qualquer outra infecção viral, diferenciando-se pela DURAÇÃO do quadro. ● Então quando pensar nisso? R- A IVAS não melhora e quando piora dez dias após o início. ● Complicações: celulite periorbitária e orbitária, trombose de seio cavernoso, meningite, abscessos epidural e subdural e osteomielite. d) Diagnóstico Laboratorial (acredito que o diagnóstico seja clínico mesmo, mas o tópico tá assim no medcurso) ● Estudo radiológico → DESNECESSÁRIO em crianças menores, não auxilia em muita coisa, principalmente em não distinguir a etiologia. ● Nos adolescentes e adultos é necessário. ● TC sai caro para diagnosticar e requer sedação muitas vezes → transtorno, melhor não. ● Aspiração dos seios para identificação microbiológica é recomendada em crianças imunossuprimidas, na presença de complicações e na infecção não responsiva ao ATB. ● Rinite alérgica → para diferenciar pode pedir um IgE. ● Teste do suor para fibrose cística. ● Na prática, os pediatras iniciam a antibioticoterapia com base nos dados clínicos. e) Tratamento ● Recomenda-se mesmo que boa parte se resolve sozinho → evita complicações supurativas. ● Amoxicilina 50 mg/kg/dia , ● Alérgicos → cefuroxima, cefpodoxina, cefixima ● Crianças maiores → pode levofloxacina ● Amoxi-clavu 80-90 mg/kg/dia → crianças <2 anos, criança de creche, suspeita de pneumoco resistente ● Sinusite frontal → tratar EV nos primeiros dias, para diminuir o risco de complicação intracraniana ● Sinusite subaguda e crônica → + resistência (betalactamase) → Amoxi + Clavu ● Soro fisiológico para limpar a cavidade nasal. ● Anti-histamínicos → não devem ser usados, por conta dos seus efeitos anticolinérgicos (espessa o muco) Pedro Victor, Turma XIV, Medicina UESB 5) Obstrução inflamatória aguda das Vias Aéreas Superiores a) Definição ● Epiglotite, laringotraqueobronquite e laringite espasmódica aguda são termos que se aplicam às doenças da laringe. ● Característica clínica comum: estridor inspiratório e graus variados de dispneia e tiragem. ● Fisiopatologia básica: edema, podendo também ocorrer espasmo laríngeo. ● Termos: ○ afecções supraglóticas (ex: epiglotite) ○ afecções infraglóticas ou “crupe” (ex: laringite, laringotraqueíte…) ● Obs: essas condições tem grande impacto em lactentes e crianças pequenas, que possuem via aérea com diâmetro menor → estão mais predispostos a estreitamentos mais significativos. b) Etiologia e Epidemiologia - Com exceção da epiglotite, as obstruções infecciosas das VAS são causadas principalmente por agentes virais. I) Crupe ● O vírus parainfluenzae (1, 2 e 3) ~ 75% dos casos. ● Influenza, adenovírus e VSR ~ restante ● Obs: a laringotraqueíte bacteriana é, na verdade, uma complicação da laringotraqueíte viral ○ Causa mais comum: Staphylococcus aureus. Seguindo-se a M. catarrhalis e o Haemophylos influenzae não tipável. ● A maioria dos pacientes com crupe viral → entre 3 meses e cinco anos de idade. II) Epiglotite ● Era pré vacinal: Harmophylus influenzae tipo B ● Hoje: Streptococcus pyogenes, Streptococcus pneumoniae e Staphylococcus aureus c) Manifestações clínicas c.1) Crupe Rx → sinal da torre ● É a forma mais comum de obstrução aguda das VAS, geralmente de origem viral. ● A maioria dos pacientes tem uma IVAS antes da tosse crupal aparecer. ● Com o comprometimento progressivo, ocorre uma sequência típica: ○ Início: tosse metálica (ladrante) com estridor leve. ○ A obstrução aumenta: estridor torna-se contínuo e é acompanhado da piora da tosse, rouquidão, batimento das asas do nariz e tiragens. A temperatura pode aumentar um pouco. O sintomas são piores à noite, e as manifestações involuem com o passar os dias. ● É uma doença autolimitada → 3 a 5 dias ● Predomina entre 3 meses e cinco anos. Pico de incidência: 2 anos, principalmente sexo masculino. ● Diagnóstico: história recente de um resfriado, evoluindo dias depois com a tríade rouquidão + tosse metálica + estridor ● Na prática, fazemos diagnóstico clínico, no entanto, a radiografia do pescoço (embora não necessária) pode revelar o Sinal da Torre → estreitamento da via aérea infraglótica pelo edema. c.2) Epiglotite Rx → sinal do polegar ● Com o advento da vacina para Haemophylus tipo B, a incidência vem diminuindo ● É a forma mais grave de obstrução. ● Instalação aguda, com insuficiência respiratória precoce. Crianças entre 2 e 5 anos. ● Curso é fulminante: febre alta, dor de garganta, sialorreia, dispneia, obstrução respiratória progressiva e prostração. ● Em questão de horas pode levar a MORTE, a menos que seja realizado tratamento adequado. ● A criança geralmente acorda no meio da noite, com os sintomas supracitados. Podem progredir para o choque. ● Diagnóstico: visualização epiglote vermelho-cereja, grande e edematosa à laringoscopia. ● Se não tiver certeza do diagnóstico, pede-se uma radiografia lateral → pode revelar o Sinal do Polegar (edema da epiglote). Na prática, a radiografia NÃO está indicada e a manipulação para o procedimento pode ser fatal (?? então por que falou do Rx medcurso?) ● Confirmada a epiglotite → internação em UTI pediátrica → Intubação traqueal* ou traqueostomia. ● Em geral, intubação por 2 a 3 dias. ● Antibioticoterapia parenteral → ceftriaxona, cefotaxima, ampicilina-sulbactam ou amoxi-clavu. Pedro Victor, Turma XIV, Medicina UESB c.3) Laringite Estridulosa Aguda (Crupe Espasmódico) ● É semelhante ao crupe, porém acomete crianças mais novas - entre um e três anos - e os achados de infecção estão ausentes. ● A etiologia é controversa (fatores alérgicos, psicológicos?) ● Início súbito, geralmente à noite, precedido por coriza leve a moderada e rouquidão. A criança acorda ansiosa, com uma tosse metálica, inspiração ruidosa e dificuldade respiratória. Normalmente não há febre e a dispneia pode ser agravada por agitação. ● Em geral, melhora dentro de algumas horas, com melhora importante no outro dia, restando apenas rouquidão leve e tosse. c.4) Diagnóstico diferencial ● Traqueíte bacteriana: principal diagnóstico diferencial. ● Crupe diftérico: é precedido por uma IVAS durante vários dias, com desenvolvimento mais lento dos sintomas. Pode ocorrer rinorreia serosa ou serosanguinolenta. Tem a questão da membrana branco acinzentada sobre as amígdalas (remoção causa sangramento). HÁ linfonodos cervicais grandes (pescoço de búfalo). A quase ausência de febre (enquanto tem intensa disfagia) é um bom achado de difteria. ● Aspiração de corpo estranho: quadro súbito, sem sinais prodrômicos de infecção. Diagnóstico Diferencial das Obstruções Agudas Dados clínicos Epiglotite Laringotraqueobronquite Difteria Início Súbito Gradial Súbito Gravidade Alta Leve ou Moderada Alta Toxemia Presente Ausente Presente Sinais especiais Disfagia e sialorreia Tosse metálica Febre baixa Sinais locais Faringe e epiglote ruba Hiperemia discreta Placa em orogaringe Etiologia Haemophylos Influenzae Vírus C. diphtheriae Obs: sugiro vocês treinarem com essa tabela. d) Tratamento I) Crupe e Crupe Espasmódico ● A maioria pode ser tratada emcasa. Uso de vapor quente/frio frequentemente interrompe o espasmo laríngeo e a dificuldade respiratória. ● Depois que o espasmo cessa → umidificar o ar, perto da cada da criança nos dois a três seguintes. ● As crianças com síndrome do crupe devem ser hospitalizadas nas seguintes situações: ○ epiglotite identificada ou suspeitada ○ estridor progressivo ou estridor intenso em repouso ○ dificuldade respiratória ○ hipóxia ○ inquietude ○ cianose/palidez ○ depressão do sensório Pedro Victor, Turma XIV, Medicina UESB ● Conduta da criança hospitalizada: ○ Nebulizar com adrenalina e já aplicar a dose de corticoide. → Efeito máximo vair ocorrer 6h após a aplicação e dura por 2-3 dias. Se nesse meio tempo, o estridor voltar → nebuliza de novo. ○ Sedativos e opiáceos são contraindicados. Expectorantes, broncodilatadores e anti-histamínicos não são úteis. ATB nem precisa dizer né? II) Epiglotite ● Estabelecer via aérea artificial. + Intubação traqueal. ● Depois → hemograma, hemocultura e cultura das secreções faríngeas e iniciar antibioticoterapia. ○ Ceftriaxone e cefuroxima, parenteral, 7 a 10 dias. Pedro Victor, Turma XIV, Medicina UESB 6) Bronquite ● Corresponde à inflamação da parede brônquica associada a diversas condições como causas: ○ Inflamatórias: asma; ○ Pneumopatias crônicas: displasia broncopulmonar, bronquiectasias, fibrose cística, discinesia ciliar, tráqueo e broncomalácia; ○ Doenças crônicas: desordens da deglutição, refluxo gastroesofágico, cardiopatia congênita e imunodeficiências; ○ Malformações congênitas: anéis vasculares (compressão extrínseca de estruturas de vias aéreas) e hemangiomas (compressão intrínseca); ○ Aspiração de corpo estranho; ○ Infecções: vírus, Chlamydia, Ureaplasma, Mycoplasma pneumoniae, Bordetella pertussis e Mycobacterium tuberculosis. ● Etiologia predominantemente viral, sendo a TOSSE o principal sintoma. ● A nasofaringite pode estar associada à bronquite aguda. Assim, associados aos sintomas respiratórios altos (coriza e obstrução nasal), sintomas constitucionais e tosse protraída persistem por uma a três semanas. ● O escarro pode ser purulento por causa da descamação do epitélio. ● A doença é autolimitada. É fundamental afastar pneumonia bacteriana. ● Supressores da tosse podem produzir alívio temporário, mas aumentam o risco de supuração secundária. ● Anti-histamínicos e expectorantes também não estão indicados. ● A bronquite asmática é um termo em desuso; sibilância e inflamação brônquica são achadas na asma, cujas exacerbações estão frequentemente relacionadas a Infecções das Vias Aéreas Superiores (IVAS). ● Por sua vez, a bronquite crônica é uma entidade bem definida em adultos e caracteriza-se por tosse produtiva por três meses/ano ou mais durante no mínimo dois anos. Em adultos, cerca de 80% das doenças obstrutivas pulmonares crônicas estão relacionadas à história de tabagismo. Na infância, os casos de bronquite crônica são encontrados na fibrose cística, displasia broncopulmonar e bronquiectasias. Pedro Victor, Turma XIV, Medicina UESB 7) Bronquiolite a) Introdução ● Etiologia predominantemente viral, mais incidente em lactentes menores de 24 meses (principalmente os menores de 6 meses) ● Resulta na obstrução inflamatória dos bronquíolos. ● Aos dois anos, quase todas as crianças já foram infectadas. ● É a causa mais frequente de hospitalizações em lactentes. ● Mais comum no inverno. ● Condições fisiológicas do lactente que facilitam: ○ resistência ao fluxo de ar (qualquer inflamação já aumenta muito a dificuldade de passagem do ar) ○ parede torácica muito complacente ○ número maior de células de defesa no conteúdo alveolar b) Etiologia ● VSR → mais de 50% dos casos ● Outros: parainfluenza, adenovírus 7 e 21 (importante causador da bronquiolite obliterante), Mycoplasma pneumoniae (única bactéria que pode, o resto não causa). ● Transmissão: contato com secreções da pessoa contaminada. Aerossol não é uma via importante para o VSR. ● Inoculação do VSR na mucosa nasal → indivíduo assintomático por 3 a 5 dias → inicia sintomas de via aérea superior → depois, dissemina para inferior ● Principais fatores de risco: ○ Sexo masculino ○ Mães que fumaram durante a gestação ○ Idade menor que seis meses ૦ Baixo peso ao nascer ○ Prematuridade ૦ Doença pulmonar crônica ○ Desnutrição ૦ Aglomeração ○ Aleitamento artificial c) Fisiopatologia (não colocarei) d) Manifestações Clínicas e Diagnóstico ● Geralmente há um pródromo com sintomas leves de via aérea superior (espirro e rinorreia) ● Temperatura pode estar normal ou bastante elevada ● Gradualmente, o quadro respiratório deteriora, com tosse paroxística, dispneia e irritabilidade. ● Exame físico: presença de sibilos e prolongamento do tempo expiratório. Pode aparesentar taquipneia e tiragem. ● Fatores de risco para bronquiolite grave, que talvez necessite de hospitalização ○ os prematuros (< 32 semanas), ○ broncodisplásicos, ○ cardiopatas, ○ lactentes < 3 meses e ○ aqueles que apresentam saturação de oxigênio menor que 95% em repouso e frequência respiratória maior que 70 irpm. e) Diagnóstico Diferencial ● O principal: ASMA ○ Diagnóstico difícil antes dos três anos de idade. ○ Os fatores de risco para asma são: asma materna, tabagismo materno, presença de rinite ou eczema atópico. ● Coqueluche: causa por B. pertussis, de curso e duração prolongado. ● Fibrose cística ● Cardiopatias congênitas ● Refluxo Gastroesofágico ● Pneumonia bacteriana Pedro Victor, Turma XIV, Medicina UESB f) Tratamento Tópicos de Tratamento na BVA Tratado de Pediatria (SBP) Guideline da Academia Americana de Pediatria Posição Cabeça elevada 30° e pescoço em leve extensão Oxigenoterapia Indicado nos lactentes com hipóxia. Não está indicado se SaO2 > 90% Fisioterapia Respiratória Não está indicada Não está indicada Hidratação Hidratação por sonda ng/venosa. Alimentação por sonda Mesma coisa Nebulização com beta-agonista Pode fazer teste terapêutico, se melhorar pode manter. Não está indicado Nebulização com adrenalina Controverso Não está indicado Nebulização com solução salina hipertônica Pode haver algum benefício Indicada apenas nos lactentes com indicação de internação Corticoides inalatórios/orais Controverso, pode ser usado em lactentes com sibilância grave, com sinais de atopia. Não está indicado Antiviral Indicados nos lactentes com cardiopatia congênita e naqueles com doença pulmonar crônica da prematuridade Indicada nos paciente com BVA grave por VSR ou em pacientes com risco de doença grave Antibiótico sistêmico Não está indicado, a menos que suspeite por coinfecção bacteriana Mesma coisa Prevenção com Palivizumab Indicado para pacientes prematuros, que possuem doença pulmonar crônica da prematuridade e algumas cardiopatias congênitas Indicado no primeiro ano de vida de lactente com cardiopatia congênita ou doença pulmonar crônica da prematuridade Higiene das mãos Indicada, ÓBVIO Indicada g) Complicações e Prevenção ● O período mais crítico: primeiras 48-72h, duração média é 12 dias. ● Principais complicações: ○ Acidose metabólica, hipoxemia e falência respiratória ○ Insuficiência respiratória, pneumotórax e atelectasias ○ Infecção bacteriana secundária ○ A hiper-responsividade pós-viral pode contribuir para Asma (?? será) Pedro Victor, Turma XIV, Medicina UESB 8) Bronquiolite Obliterante a) Introdução ● É uma obstrução crônica dos bronquíolos. b) Etiologia ● Adenovírus (3, 7 e 21), influenza, parainfluenza, sarampo,VSR, varicela e ● Mycoplasma pneumoniae e B. pertussis ● Após a inflamação aguda, ocorre um reparo anormal do epitélio → fibrose c) Clínica ● Episódios de recorrência de dispneia, tosse crônica e produção de escarro ● Exame físico: sibilos, estertores e hipoxemia ● Rx simples de tórax: áreas irregulares de hipertransparência associadas à bronquiectasias. ● Padrão-ouro: biópsia pulmonar d) Tratamento ● Uso prolongado de corticoides e imunomoduladores Pedro Victor, Turma XIV, Medicina UESB 9) Pneumonias a) Introdução ● Inflamação do parênquima pulmonar. + Causas infecciosas (80%), não infecciosas (20%) ● Das IVAI é a principal causa de morbidade e mortalidade infantil. Mais de dois milhões de crianças morrem de pneumonia por ano em todo mundo. ● Fatores de risco em menores de dois anos ○ Idade menor que 9 meses ○ Número de pessoas no domicílio, escolaridade e ausência paterna ○ Idade materna menor que 20 anos, bercário e creches ○ Peso ao nascer menor que 2500g ○ Desnutrição ○ Falta de aleitamento materno ○ História prévia de pneumonia ○ Doenças pulmonares pré-existentes ○ Alterações anatômicas, como fístulas traqueoesofágicas ○ Refluxo gastroesofágico ○ Doenças neurológicas ○ Imunodeficiências b) Padrões radiológicos ● É um método de grande auxílio no diagnótisco, dando suporte à impressão clínica e definindo a extensão do processo inflamatório. Sempre fazer PA e perfil i) Broncopneumonias +S. aureus ● Mais frequentemente vistas nas pneumonias devido ao S. aureus ● Quadro radiológico multiforme, as lesões não respeitam a segmentação pulmonar, podem ser únicas ou múltiplas, disperas ou confluentes, de limites irregulares, uni ou bilaterais. ● É comum nesses casos derrame pleura **** questão sobre isso. ii) Pneumonias Lobares +Pneumococo ● São processos inflamatórios comprometendo homogeneamente um lobo, lobos ou segmentos pulmonares. ● Geralmente causados pelo pneumococo ou outras bactérias. ● Frequentes em lactentes acima de seis meses de idade e em crianças maiores. iii) Pneumonias Intersticiais ● São causadas por vírus ou Mycoplasma, tendo sinais de aumento da trama broncovascular, espessamento peribrônquico e hiperinsuflação. c) Patógenos Específicos ● Pode ser causado por vírus, fungo, protozoário, irritantes químicos, porém as BACTÉRIAS assumem um papel de destaque (infecções mais graves) ● No Brasil, nos primeiros 2 anos de vida → Etiologia viral (62%), Etiologia bacteriana (53%) e coinfecção (30%) ● Agentes etiológicos mais frequentes: ○ Streptococucus pneumoniae (37%) ○ VSR (29%) ○ Rinovírus (24%) ● Nas demais faixas, a etiologia bacteriana é tão frequente quanto a viral. ● Tudo isso é muito específico c.1) Pneumonia Viral ● Etiologia: VSR, outros podem também. Pico de incidência entre 2 e 3 anos (diferente da bronquiolite que é no primeiro ano) ● Manifestações Clínicas: ○ Precedida por vários dias de sintomas respiratórios (tosse, coriza, obstrução nasal). ○ Febre geralmente presente, mas costuma ser mais baixa do que a bacteriana. ○ Grave → cianose e dificuldade respiratória ● Diagnóstico: Pedro Victor, Turma XIV, Medicina UESB ○ Rx → infiltrados difusos (broncopneumonia), leucometria tende a ser normal. Diagnóstico definitivo requer isolado do vírus, o que pode levar até 10 dias (???) ● Tratamento: Medidas de apoio, talvez internação para administração de líquidos intravenosos, oxigênio, etc. ○ Pode usar amantadina oral, rimantadina, oseltamivir, zanomivir e ribavirina. c.2) Pneumonia Bacteriana ● Com frequência, uma doença respiratória viral prece a pneumonia em alguns dias. ● Deve-se considerar uma doença subjacente numa pneumonia recorrente. Pneumonia pneumocócica ● 90% das crianças entre seis meses e cinco anos de idade carreia o S. pneumoniae, sendo a causa mais comum de infecção pulmonar bacteriana nessa faixa. ● Manifestações clínicas: História clássica de calafrio seguido de febre alta, tosse e dor torácica, descrita em adultos é observada em crianças maiores. Mas nas crianças menores o padrão é diferente e pode variar. ○ Lactentes: Infecção leve do trato respiratório superior (obstrução nasal, irritabilidade e redução do apetite) precede o início. Essa doença “leve” termina com o início abrupto de de febre alta, inquietude, apreensão e dificuldade respiratória, manifestada por gemência, batimento das asas do nariz, tiragem, taquicardia e taquipneia. ○ Exame físico: variável ○ Crianças e adolescentes: Sinais e sintomas semelhantes aos dos adultos. Após IRA leve e breve, há o início de calafrios seguidos de febre alta. ○ Achados torácicos: retrações, batimento de asas do nariz, macicez, murmúrio vesicular diminuído e estertores crepitantes no lado afetado. ○ Sinais clássicos de consolidação: macicez à percussão, aumento do frêmito, sopro tubário e desaparecimento dos estertores. Pode haver derrame pleural concomitante. ○ Não convém realizar radiografias seriadas no curso da doença, pois não há tanta correspondência com as observações clínicas. ○ O pneumococo é o principal agente causal do derrame pleural. ● Tratamento: Penicilina procaína 50.000 U/kg/dia IM 1x/dia ou amoxicilina 50 mg/kg/dia VO 8/8h Pneumonia Estreptocócica ~ Estreptococcus pyogenes ● As lesões consistem em necrose da mucosa com formação de úlceras. ● Diagnóstico definitivo requer isolamento do microorganismo no líquido pleural, sangue ou aspirado. ● A radiografia do tórax → broncopneumonia difusa, muitas vezes com derrame pleural. ● Tratamento: Penicilina G de até duas a três semanas. Pneumonia Estafilocócica ~ S aureus ● É uma infecção grave e rapidamente progressiva que, se não reconhecida cedo e tratada adequadamente, encerra morbidade prolongada e alta mortalidade. ● 70% dos pacientes tem menos de um ano. ● Geralmente causam broncopneumonia confluente com extensas áreas de necrose hemorrágica ● Início abrupto com rápida progressão dos sintomas. Transmitido por contato direto. ● Manifestações clínicas: ○ Assim como as outras, uma IRA pode preceder em uma semana a pneumonia estafilocócica ○ De maneira abrupta, inicia a febre alta, tosse e dificuldade respiratória. Algumas crianças apresentam distúrbios gastrointestinais associados (vômitos, anorexia, diarreia, distensão) ● Rápida progressão de broncopneumonia para derrame ou pioppneumotórax. ○ Derrame pleural ocorre em 50% dos casos ● Tratamento: ○ Drenagem de coleção purulenta e oxigênio ○ Penicilina semissintética resistente à pinicilinase, como a oxacilina (200 mg/kg/dia IV 6/6H) ou cefalotina (199 mg/kg/dia IV 6/6H). Manter terapia por 21 dias. Pneumonia por Haemophilus Influenzae do tipo b ● É causa frequente de pneumonia grave em lactentes não vacinados. ● Geralmente tem padrão lobar. Início é INSIDIOSO e o quadro costuma prolongar-se por semanas. ● As complicações são frequentes. ● Tratamento: ceftriaxona ou cefuroxima, por 10 a 14 dias. Pedro Victor, Turma XIV, Medicina UESB Pneumonia por Mycoplasma ~ dos adolescentes, comunitária. ● A incidência máxima ocorre em adolescentes. Não são muito contagiosas e ocorrem pela propagação de gotículas da via respiratória. ● Atualmente, em crianças acima de cinco anos, o Mycoplasma pneumoniae e a Chlamydia pneumoniae são as principais causas bacterianas das pneumonias comunitárias. ● Manifestações Clínicas ○ Broncopneumonia ○ Início gradual de cefaleia, mal-estar, febre, rinorreia e dor de garganta (coriza é incomum) → com a progressão aparece rouquidão e tosse. ○ Complicações: otite média, peri e miocardite.. entre outros. ○ Evolução longa. ○ Se não houver complicações, a cura é sempre completa. ● Diagnóstico: nada específico, lembrar da situação que geralmente é em escolares e adolescentes. ● Tratamento: Em geral, a doença é leve. ○ Eritromicina, claritromicina (15 mg/kg/dia duasdoses diárias, dez dias) ou azitromicina. d) Diagnóstico ● Pode se basear em dados clinicorradiológicos. Mas clínicos são os mais essenciais. ● OMS → valorizar a queixa de tosse e frequência respiratória elevada. ● Rx de tórax: confirma o diagnóstico, avalia a extensão e identifica complicações, apesar de não diferenciar etiologia. ● Leucograma: não tem valor de distinção de etiologia, mas deve pedir para pacientes hospitalizado (não pede para tratados ambulatorialmente). ● Proteína C-reativa: não é recomendada pois não tem valor de corte definido. ● Hemocultura: tem baixo rendimento, entretanto deve ser solicitada, pois quando você tem a informação de vários pacientes, você informações epidemiológicas importantes. ● Pesquisa de vírus: é útil para orientar precauções de controle de infecção hospitalar e limitar o uso indiscrimnado de antibióticos. e) Tratamento ● Recomenda-se fazer tratamento empírico baseado no perfil etiológico traçado pelos estudos estatísticos. Primeiro porque muitos métodos diagnósticos são invasivos e de difícil realização. ● A idade do paciente é aparentemente a variável que melhor se correlaciona com os prováveis agentes envolvidos na maioria dos pacientes. Cuidados gerais: ● Alimentação: deve-se respeitar a anorexia, porém é importante incentivar a alimentação com dietas leves, quantidades pequenas e frequentes. Manter aleitamento materno. Se houver insuficiência respiratória → sonda. ● Hidratação: importante. ● Secreções: manter o paciente hidratado. Higienização nasal. Expectorante é contraindicado. ● Fisioterapia: se a tosse não for eficaz ● Oxigenoterapia: quando há hipóxia com SatO2 < 92% Pedro Victor, Turma XIV, Medicina UESB ● Derrame pleural: sempre necessário toracocentese. f) Complicações i) Derrame pleural ● Principal complicação das pneumonias bacterianas. ● Ao exame físico podemos verificar macicez à percussão, diminuição da ausculta e postura antálgica (pseudoescoliose). Entretanto, como nenhum dos sinais e sintomas é patognomôni- co desta afecção, devemos sempre pesquisá-la quando não houver melhora clínica após 48- 72h de antibioticoterapia venosa. ● Toda criança com derrame pleural (≥ 1 cm) deve ser puncionada (toracocentese) para rea- lização do diagnóstico do líquido (transudato x exsudato x empiema) e internada para anti- bioticoterapia venosa. Pedro Victor, Turma XIV, Medicina UESB 10) Coqueluche ● “Tosse comprida” → marca clínica é a tosse paroxísitca. ● Etiologia → B. pertussis ● Epidemio → altamente transmissível ● Clínica. A coqueluche evolui em três fases sucessivas: ○ (1) fase catarral (1-2 semanas): após um período de incubação de 3-12 dias, iniciam-se sintomas leves como febre baixa, rinorreia, espirros, tosse e lacrimejamento, semelhante a um “resfriado”; ○ (2) fase paroxística (2-6 semanas): inicia-se com a intensificação da tosse e desaparecimento dos sintomas catarrais. A tosse é seca, irritativa e intermi- tente ou paroxística (ocorre em acessos ou crises). O quadro clínico típico é de uma crian- ça aparentemente bem, quando subitamente apresenta um facie de ansiedade, segura um dos pais e inicia uma tosse seca e irritativa, com cinco a dez tossidas em uma única expi- ração. Durante os acessos de tosse, o paciente coloca a língua para fora, fica com a face aver- melhada ou cianótica pelo esforço, podendo ser seguida por apneia ou vômitos. A seguir ocorre uma inspiração forçada com a glote parcialmente fechada, o que gera um som de “guincho”. Os paroxismos de tosse podem ocorrer até trinta vezes em 24 horas, principal- mente à noite; ○ (3) fase de convalescença (2-6 semanas): caracteriza-se pelo desaparecimen- to dos paroxismos de tosse e aparecimento da tosse comum, que pode prolongar-se por até três meses. ● Diagnóstico clínico. A coqueluche sempre deverá ser um diagnóstico aventado diante de um caso de tosse prolongada sem história de febre, faringite, exantema, taquipneia, sibilân- cia ou estertoração. A presença de tosse ≥ 14 dias paroxística OU com guincho OU associa- da a vômito tem uma sensibilidade de 81% e especificidade de 58% para o diagnóstico. ● Diagnóstico diferencial. Os principais diagnósticos diferenciais são com a bronquio- lite viral aguda, traqueobronquites, laringites ● Tratamento. Os macrolídeos são as medica- ções de escolha, e têm a capacidade de reduzir a intensidade, a duração e o período de trans- missibilidade da doença. Atualmente, preconi- za-se o uso da azitromicina 1x/dia por cinco dias (que pode também ser usada em menores de um ano) como primeira escolha, ou da cla- ritromicina 12/12h por sete dias como segunda escolha.