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FARMACOLOGIA II P1

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FARMACOLOGIA II P1 (PARTE I)
CONCEITOS E PRINCÍPIOS GERAIS DA FARMACOCINÉTICA
Farmacocinética é o estudo do que o corpo faz com o fármaco.
A farmacocinética determina a rapidez e o tempo levado para a droga aparecer no órgão alvo.
A farmacocinética estuda os parâmetro e fatores que influenciam como o corpo lida com o fármaco, com o objetivo de descobrir o melhor fármaco para cada pessoa e caso, a dose específica, a melhor via de administração, a biodisponibilidade do medicamento, entre outros. Isso tudo leva em conta a farmacocinética do medicamento, desde as consequências da administração dele, a reabsorção, a distribuição, o metabolismo, até a excreção.
Além disso, o que a gente não pode deixar de lembrar é sobre as formas farmacêuticas, ou seja, a forma de apresentação do medicamento (comprimido, cápsula, suspensão, xarope). Algumas formas são alteradas, por exemplo, para garantir uma meia-vida maior ao medicamento, ou uma ação mais rápida – é feita uma alteração farmacêutica nele para que ele atenda melhor à farmacocinética dele em relação ao paciente e ao caso. A forma farmacêutica, no final das contas, vai definir o tempo de ação do medicamento, por exemplo, como no caso do advil, ibuprofeno em solução em cápsulas gelatinosas de degradação rápida.
O conhecimento da farmacocinética, também, como já falamos, é essencial para sabermos a melhor via de administração de determinado medicamento em relação a determinado tipo de paciente e de caso. Por exemplo, se eu quero um efeito mais rápido, se eu quero um efeito mais prolongado, se eu quero que forme depósito, tudo isso depende, entre outras coisas, da via de administração.
Depois que administramos o medicamento, passamos para a fase da absorção, em que o medicamento irá passar do meio de absorção para a circulação. É por isso que podemos dizer que fármacos administrados por via endovenosa não passam pela etapa da absorção, uma vez que são inseridos diretamente na circulação sanguínea. Depois, o fármaco é distribuído e, aí, biotransformado ou metabolizado e, por fim, eliminado. Quando ele está nessa distribuição, começa a fase “o que o fármaco faz com o corpo”, ou seja, a fase farmacodinâmica.
A escolha da dose a ser administrada leva em conta, geralmente, a biodisponibilidade, também, ou seja, a quantidade de fármaco ativo que chega à circulação (que poderá ser absorvida).
Lembre-se, ao receitar um medicamento, pense SEMPRE no seu paciente de forma ESPECÍFICA e individual, escolhendo o medicamento, a via de administração, a dose, a frequência de doses a serem administradas, entre outros, visando adequar o tratamento da melhor forma ao paciente e, consequentemente, aumentando as chances de esse tratamento ser cumprido corretamente e do fármaco ter o efeito mais adequado.
A disponibilização do fármaco é dividida em quatro estágios denominados ADME:
Novos fármacos são planejados e testados em forma posológica administrada por uma via específica. Além disso, as vias de administração são escolhidas para tirar proveito das moléculas de transporte e de outros mecanismos que possibilitem a entrada do fármaco nos tecidos corporais. Na Farmacologia nenhuma função farmacológica se cria, sendo que todas as funções farmacológicas se aproveitam das funções fisiológicas. A via de administração é determinada, primariamente, pelas propriedades do fármaco e pelos objetivos farmacêuticos.
Alem disso, podemos ter fármacos administrados de ação via endógena e de ação via local.
Para termos ação sistêmica temos duas vias primárias, a via enteral (passa pelo trato digestório) e a via parenteral (não passa pelo sistema digestório). Classificadas como vias enterais, temos a via oral, a via retal, a via por sonda nasogástrica (quando o paciente tem dificuldade de deglutir). Por sua vez, classificadas como vias parietais, temos a via endovenosa, a via intratecal (quando é necessário a administração de medicamento que não passa pela barreira hemato-encefálica, mas que precisa agir no SNC), intramuscular, subcutânea, pulmonar, entre outras.
A via sublingual é uma via mista, ou seja, tanto enteral quanto parenteral, uma vez que a maior parte da substância é absorvida diretamente para os vasos da região, enquanto a outra parte é deglutida.
E, falando de ação local, temos, por exemplo, a via tópica, como, por exemplo, alguns colírios. Alguns fármacos são tóxicos para serem utilizados na via sistêmica, então eles podem ser aplicados diretamente no local. Outro exemplo são as pomadas. O Nebacetin, medicamento encontrado, comumente na forma de pomadas, apresenta uma toxicidade renal muito grande, por isso o administramos via tópica, afinal, acabamos utilizando uma quantidade muito pequena. Os medicamentos de uso tópico, em geral, quase não são absorvidos pela via sistêmica.
Substâncias muito lipossolúveis, por apresentarem muita afinidade com a membrana plasmática das células (é formada por uma bicamada lipídica), têm absorção muito acentuada. Por isso, mesmo utilizando por via tópica, esses medicamentos conseguem chegar facilmente à via sistêmica – é o caso dos medicamentos em forma de adesivos, como os anticoncepcionais.
→ VIAS DE ADMINISTRAÇÃO ENTERAL
 Administração oral:
A via oral é a mais usual, uma vez que é a mais fácil do paciente se auto-administrar. A via oral apresenta baixo risco de infecção sistêmica, até porque esse medicamento precisa passar pelo estômago e lá o PH é de 2,4, por conta do ácido clorídrico, o que mata muitas das bactérias. A cartela onde ficam os medicamentos chama blister. 
Alem disso, em casos de tentativa de suicídio ou erro de dose via oral, a chance de reversão é muito maior, dando tempo de fazermos uma lavagem gástrica e de utilizar o carvão ativado (o carvão ativado é uma substância que meio que puxa as moléculas de medicamento todas pra ele, o que possibilita a diminuição da absorção). Ademais, ainda temos os antídotos, que são fármacos que podemos administrar e que cortam o efeito da medicação tomada em altas doses.
Também, no caso da via oral, temos que o ambiente ácido do estômago facilita a absorção das substâncias ácidas, enquanto que o ambiente básico do estômago facilita a absorção das substâncias básicas. Lembrando que a absorção não depende só do PH, mas isso tem muita influência na absorção, em geral.
Todos os fármacos que a gente usa são ácidos ou bases fracas (ou sais que, ao serem digeridos, tornam-se substâncias ácidas fracas ou básicas fracas).
Ocorre pouca absorção até que o fármaco chegue ao intestino delgado. Isso acontece pois, por mais que o PH vá interferir na absorção do fármaco, você vai depender muito da superfície de absorção, e a absorção no intestino delgado é muito maior que a absorção no estômago e no intestino grosso.
Existem, ainda, algumas situações em que ocorre aumento do tempo da substância no corpo, como no caso da estase gástrica (algumas substâncias causam essa situação, o que diminui a motilidade do trato gastrointestinal e faz com que o fármaco fique mais tempo no estômago, aumentando a ação dos medicamentos, especialmente os ácidos, já que vão ficar mais tempo em meio ácido).
Tipicamente, cerca de 75% de um fármaco administrado oralmente é absorvido em 1 a 3 horas. Mas, isso não quer dizer que o efeito demore de 1 a 3 horas para ocorrer, uma vez que, em geral, o efeito INICIAL dos fármacos se dá 40 após a administração, mas o efeito TOTAL só é alcançado em 1 a 3 horas.
Todos os fármacos administrados por via oral, OBRIGATORIAMENTE, vão passar pelo metabolismo de primeira passagem, ou seja, pelo FÍGADO. Em relação a todo fármaco que é absorvido (via enteral), o primeiro lugar pelo qual ele vai passar é no fígado, e o fígado vai fazer o que ela mais sabe, vai metabolizá-la.
Agora, se já passou pelo metabolismo, a biodisponibilidade vai estar diminuída. O que é biodisponibilidade? É a fração de moléculas ativas do fármaco que vão chegar à circulação! Se o fármaco passou pelo fígado e o fígado o metabolizou, na maioria das vezes, ele pode diminuir a fração ativa do fármaco e, obviamente,uma fração menor vai chegar à circulação.
Mas, quais são os fatores que irão afetar a absorção gastrointestinal? A motilidade gastrointestinal (há algumas substâncias que vão acelerar a atividade gastrointestinal, enquanto há outras que vão diminuí-la – a escopolamina diminui/ a dipiridona aumenta) (a dor também promove uma diminuição da motilidade); o fluxo sanguíneo; o tamanho da partícula e formulação (comprimido, cápsula, drágia, xarope, etc); fatores físico-químicos (solubilidade, PH do meio, etc.)
Além disso, a via de administração oral é mais barata, mais segura, é dependente do trato gastrointestinal, pode ser alterada por certos alimentos, etc.
 Administração retal:
Essa é uma via utilizada, preferencialmente, para pacientes pediátricos. A via oral é muito indicada para os pacientes que apresentam diarreia e vômito, ou seja, alterações no sistema digestório que poderiam prejudicar a absorção do medicamento. Ou, então, para pacientes inconscientes.
OBS. 1: a via retal não evita totalmente o metabolismo de primeira passagem (fígado), apenas diminui a uns 50%.
Supositórios podem causar irritação no local, gerar diarreia, etc.
→ VIAS DE ADMINISTRAÇÃO ENTERAL
Vias de administração enteral são aquelas que possibilitam que o fármaco não passe pelo trato gastrointestinal. Não é via oral e nem via retal, é via parenteral, basicamente isso (a via sublingual não é considerada nem enteral e nem parenteral, como já explicamos).
O início de ação dessa via é muito mais rápido que o das vias enterais, uma vez que ela não necessita do processo da absorção, sendo que o medicamento está sendo administrado, diretamente, na circulação sanguínea – isso só não acontece quando administramos pela via intramuscular, sendo que essa ainda vai demandar da vascularização local para que o fármaco seja distribuído pelo corpo (quanto mais vascularizado for aquele sítio em no qual você está injetando aquele medicamento, mais rápida será a absorção).
OBS. 1: cada local a ser administrada a via intramuscular deve ser específico, por exemplo, no deltoide só podem ser administrados até 5 ml de substância.
OBS. 2: as vias de administração parenteral apresentam maior risco de infecção, especialmente por conta da microbiota residente, até porque estamos abrindo uma porta de entrada, rompendo uma barreira da imunidade inata do nosso corpo, que é a pele.
OBS. 3: a administração de medicamento por via parenteral deve ser realizada por um profissional da saúde.
ERRATA: NAS VEZES QUE EU FALEI QUE AS VIAS DE ADMINISTRAÇÃO PARENTERAL E, RELAÇÃO AO ROMPIMENTO DA BARREIRA INATA, NECESSIDADE DE APLICAÇÃO POR UM PROFISSIONAL DA SAÚDE, MAIOR RISCO DE INFECÇÃO, ESTAVA FALANDO DAS VIAS DE ADMINISTRAÇÃO PARENTERAL QUE ENVOLVEM PERFURAÇÃO (USO DE SERINGAS).
IV, IM, IA, SUBCUTÂNEA E INTRAPERITONEAL.
A biodisponibilidade da via endovenosa é de 100%, uma vez que os fármacos que são administrados por ela não precisam passar pelo metabolismo de primeira passagem.
Sublingual: Absorção através de pequenos vasos sanguíneos.
Exemplo: Nitroglicerina(Angina)
Retal: Uso em quadros de vômitos, tratamento local ou em inconscientes.
Evita1ªPassagem(Fígado): Fármacos(Veia Cava Inferior)
Supositórios: absorção irregular e irritação local.
Administração cutânea: Utiliza-se a administração cutânea quando é necessário obter um efeito local na pele (por exemplo, aplicação tópica de esteroides). Entretanto, pode ocorrer absorção apreciável, resultando em efeitos sistêmicos. Em sua maioria, as substâncias são pouco absorvidas através da pele intacta.
Sprays nasais: Peptídios são inativos quando administrados por via oral, uma vez que são rapidamente destruídos no trato gastrintestinal; todavia, a sua absorção através da mucosa nasal é suficiente para produzir um efeito terapêutico.
Gotas oftálmicas: absorção através do epitélio do saco conjuntival para produzir seus efeitos. Os efeitos locais desejáveis no olho podem ser obtidos sem provocar efeitos colaterais sistêmicos.
Administração porinalação: constitui a via utilizada para anestésicos voláteis e gasosos, em que o pulmão serve como via tanto de administração quanto de eliminação. A rápida troca resultante da grande área de superfície e do fluxo sanguíneo permite a obtenção de rápidos ajustes na concentração plasmática fármacos administrados por inalação geralmente sofrem absorção parcial na circulação, e, consequentemente, podem ocorrer efeitos colaterais sistêmicos.
Intratecal: A injeção de um fármaco no espaço subaracnoideo através de agulha de punção lombar é utilizada para alguns fins específicos.
Inalatória/pulmonar: a grande perfusão sanguínea nos alvéolos permite uma absorção muito rápida dos medicamentos inalados. É utilizada para medicamentos voláteis.
A via endovenosa é que tem efeito mais rápido e, ainda, apresenta um pico de ativação, como podemos ver nesse gráfico aqui em cima.

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