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Lorena Bressanini Siqueira Definições • Medicamentos: é toda substância que, ao ser introduzida no organismo, vai atender a uma finalidade terapêutica, por exemplo, se for um comprimido, é todo o comprimido, incluindo o princípio ativo e os adjuvantes, ou seja, é um produto farmacêutico, uma forma farmacêutica que contém o fármaco, geralmente em associação com adjuvantes. • As finalidades desses medicamentos podem ser: preventiva, como vacina; paliativa, como analgésicos; curativa, como antibiótico; substitutiva, como insulina; entre outras; • Fármaco é um sinônimo de princípio ativo. É uma substância química conhecida e que possui estrutura química definida, sendo dotada de propriedade farmacológica. Onde agem? • Algumas medicações são locais, ou seja, agem no local de aplicação. Um exemplo disso é quando temos um corte e utilizamos um anestésico local para fazer uma sutura, como a lidocaína; • Algumas podem ter ação geral ou sistêmica, ou seja, circulam na corrente sanguínea e seu efeito atinge determinados órgãos, tecidos ou todo o organismo. Por exemplo, a lidocaína também é considerada um antiarrítmico, então ela também pode ser feita por via parenteral, no caso endovenosa, ou seja, ela pode ter ação local (como no caso anterior) ou geral ou sistêmica. A exemplo, também temos o anti-inflamatório que vai agir no organismo todo, o diurético, que vai agir no rim, o sedativo, que age no SNC, entre outros. Farmacocinética • Farmacocinética (grego Kinetós = móvel) estuda o caminho percorrido pelo fármaco no organismo; • É o estudo do movimento de uma substância química em particular, um fármaco no interior de um organismo vivo, pois ele vai ser absorvido, distribuído, metabolizado e eliminado. Processos farmacocinéticos • Absorção (principalmente pela via oral ou enteral). Nessa etapa, pode ocorrer uma interação de um fármaco com outro, prejudicando, assim, sua absorção. Outro exemplo é quando há um paciente na Uti que está fazendo uso de substância vasoativa para uma instabilidade hemodinâmica, pois ele apresenta um grau de hiperperfusão do intestino e de outros locais relacionados com a via oral, o que altera a absorção do fármaco. Desse modo, todos esses fatores devem ser levados em consideração durante a escolha da droga; • Distribuição, a qual a droga deve chegar no local onde ela vai fazer seu efeito; • Biotransformação ou metabolização. É muito importante, pois, quando a droga é utilizada pela via oral, ela pode ter efeito de primeira passagem, na qual elas podem ser absorvidas no intestino, passar pelo sistema porta-hepático Urgência e Emergência - Vias de administração de medicamentos Lorena Bressanini Siqueira e sofrer uma biotransformação/metabolização, alterando a biodisponibilidade desta droga. Por isso que administrar morfina via oral ou via endovenosa tem diferença. Pela via oral, pode ocorrer essa metabolização, diminuindo a biodisponibilidade do princípio ativo dessa droga, fazendo com que a dose a ser administrada acabe sendo maior na via oral do que na via endovenosa; • Excreção: o organismo, em geral, no percurso mais natural, transforma essas drogas no fígado em substâncias hidrossolúveis para serem eliminadas na urina. Entretanto, também podem haver outras formas de excreção; • A fase farmacocinética é “o que o organismo faz na droga”, já a fase farmacodinâmica é “o que a droga faz no organismo”, ou seja, os efeitos terapêuticos, os efeitos adversos e todos os outros efeitos causados pela interação da droga com o receptor fazem parte da farmacodinâmica. OBS.: quando a droga é administrada via sublingual, ela não apresenta efeito de primeira passagem, pois não passa pelo sistema porta-hepático (vai direto para veia cava superior e é distribuída para o organismo). Isso aumenta a biodisponibilidade da droga. Absorção • Definição → É a transferência de um fármaco desde seu local de administração até a circulação sanguínea. Por exemplo: um fármaco administrado pela via parenteral não sofre absorção, entretanto, pelas vias enterais ele sofre absorção; • A velocidade e a eficiência da absorção vão depender, entre outros fatores, da via de administração; • A absorção pode sofrer interferências de diversas substâncias. Exemplo: ferro não pode ser tomado com leite, pois o leite é um pouco alcalino e atrapalha na absorção do ferro. Outro exemplo são os remédios para hipotireoidismo, que devem ser tomados em jejum (30 a 40min antes da refeição), porque se eles forem ingeridos junto com a refeição, a absorção não ocorre de maneira adequada. Locais de absorção de medicamentos • Trato gastrointestinal: mucosa bucal, mucosa gástrica, mucosa do intestino delgado e mucosa retal; • Trato respiratório: mucosa nasal, mucosa traqueal e brônquica, alvéolos pulmonares; • Pele; • Regiões subcutâneas, intramusculares e endovenosa; • Mucosa geniturinária: mucosa vaginal e mucosa uretral; • Mucosa conjuntival. Administração oral • Na administração oral, primeiro o fármaco se desintegra e se dissolve, liberando o princípio ativo → depois ele se difunde através dos fluidos gastrointestinais → vão permear a membrana → sofrem captação no sangue ou linfa → ao ir para a circulação sistêmica, uma porcentagem de fármaco pode estar ligada e outra não ligada à proteína plasmática. Essa porcentagem que está livre, ou seja, que não está ligada à proteína plasmática, vai agir no sítio ativo e causar o efeito farmacológico; • Quando o paciente está com uma disproteinemia, há a alteração dos níveis de proteínas plasmáticas, o que interfere na biodisponibilidade do fármaco; • Suco gástrico → alguns fármacos tem que passar “ilesos” pelo suco gástrico, por isso são encapsulados, por exemplo; • Esvaziamento gástrico → pode acontecer, por exemplo, da pessoa ter um retardo do esvaziamento gástrico, fazendo com que a droga permaneça lá por muito mais tempo, impedindo que o efeito do fármaco seja mais rápido. As vezes, nesses casos, é necessário associar com uma droga que acelere o esvaziamento gástrico, como uma droga procinética. Esse retardo do esvaziamento gástrico pode acontecer, por exemplo, em gestantes e em pessoas que fizeram bariátrica; • Duodeno → o fármaco é absorvido e vai para a circulação porta, depois para circulação hepática, para circulação sistêmica e causa o efeito. Lorena Bressanini Siqueira Fatores que afetam a biodisponibilidade • pH do trato gastrointestinal → algumas drogas se beneficiam de um ambiente ácido, enquanto outras tem que “sobreviver” à acidez; • Velocidade de esvaziamento estomacal; • Dieta → o que o paciente ingere interfere na absorção de certos medicamentos; • Doenças → por exemplo, a doença de Crohn pode afetar diretamente da absorção intestinal; • Formulação → agentes solubilizantes, lubrificantes, entre outros; • Fatores químicos → reações; • Fatores físico-químicos → precipitações, complexos, polimorfismo; • Fatores tecnológicos → excipientes, processos de fabricação; • Forma farmacêutica; • Tamanho das partículas; OBS.: não é só prescrever, o médico deve pensar em todas essas situações antes Fatores que influenciam a absorção de fármacos Efeito de primeira passagem e circulação entero-hepática • As substâncias absorvidas pelo TGI na circulação porta-hepática, sendo biotransformadas (metabolizadas) pelo fígado antes da distribuição. Podem ser secretadas pela bile, sendo excretadas ou reabsorvidas pelo ciclo entero- hepático, o que altera a biodisponibilidade; • Biodisponibilidade: fração da droga administradapor via oral que alcança a circulação sistêmica (quantidade que alcança a circulação sistêmica < quantidade administrada pela via oral). • Algumas drogas precisam do efeito de primeira passagem para fazer efeito. Por exemplo, a codeína, ao passar por esse efeito de primeira passagem, vira morfina, entretanto algumas pessoas possuem variações genéticas que fazem com que esse fármaco seja metabolizado muito rapidamente, o que pode levar a complicações fatais. Distribuição • A distribuição é a passagem de um fármaco da corrente sanguínea para os tecidos. A distribuição é afetada por fatores fisiológicos e pelas propriedades físico-químicas da substância. Os fármacos pouco lipossolúveis, por exemplo, possuem baixa capacidade de permear membranas biológicas, sofrendo, assim, restrições em sua distribuição. Já as substâncias muito lipossolúveis são rapidamente distribuídas, entretanto, podem se acumular em regiões de tecido adiposo, prolongando a permanência do fármaco no organismo. Além disso, a ligação às proteínas plasmáticas pode alterar a distribuição do fármaco, pois pode limitar o acesso a locais de ação intracelular; • Ou seja, a distribuição nada mais é do que a passagem do fármaco da corrente sanguínea para os órgãos e tecidos. Ademais, assim como na absorção, certos fatores ligados ao fármaco também podem interferir na distribuição deste, por exemplo: ➔ Carga elétrica: fármacos ionizados têm dificuldade em atravessar o endotélio vascular e, assim, atingir outras regiões do organismo; ➔ Estabilidade química: formas instáveis quimicamente podem ser biotransformadas em produtos de baixa permeabilidade capilar; ➔ pH e pKa: afetam diferentemente o grau de ionização dos fármacos, por exemplo, substância ácida em meio alcalino tende a ionizar-se, o que dificulta sua passagem pela membrana. Além disso, é muito mais fácil um fármaco que não está ionizado passar pela membrana, uma vez que moléculas lipossolúveis se difundem mais facilmente pelas membranas lipídicas. Outro exemplo é que os anestésicos locais não tem ação em um tecido inflamado/infeccionado. Isso acontece porque esse tecido apresenta-se com uma anaerobiose local, o que altera o pH da região, deixando-o mais ácido. Como o anestésico local é uma base fraca, ele acaba por ionizar-se. Isso acaba dificultando que esse fármaco penetre na membrana e exerça seu efeito. Portanto, é por esse motivo que um anestésico local não tem efeito considerável num tecido inflamado; ➔ Afinidade às proteínas plasmáticas: a taxa de ligação às proteínas determina quanto de fármaco vai permanecer livre e apto a distribuir-se para outros compartimentos, e quanto de fármaco vai permanecer ligado, como fração de reserva de proteínas. Por exemplo, um paciente com cirrose ou com alguma outra disfunção hepática ou com uma proteinúria apresenta menos proteínas plasmáticas presentes, o que interfere na biodisponibilidade do fármaco administrado, uma vez que quanto menos tivermos uma quantidade deste Lorena Bressanini Siqueira fármaco ligado a essas proteínas, maior será a biodisponibilidade deste e maior será o seu efeito, podendo levar a certas complicações. Modelo de 3 compartimentos: Esse é um modelo de 3 compartimentos. • Consideramos que temos um compartimento central, ou rápido (V1), que é composto pelo sangue e pelos órgãos nobres (os que são altamente perfundidos, como o cérebro); • Um compartimento intermediário (V2), que é composto, por exemplo, pelos músculos; • E um compartimento lento (V3), composto, por exemplo, por gordura, ossos e pele; • Exemplo: ao administrar uma droga, como um sedativo, por via parenteral na biofase V1, ela vai atingir o cérebro, vai realizar o seu efeito, posteriormente ela volta, lentamente, a redistribuir-se por V2 e depois por V3. Além disso, quanto mais lipossolúvel, mais esse fármaco sofre o efeito de redistribuição. Distribuição dos fármacos – órgão 1ª fase: • Inicialmente, fígado, rins, pulmões, cérebro e outros órgãos com boa perfusão recebem a maior parte do fármaco; • Já a liberação para músculos, para a maior parte das vísceras, para a pele e a gordura ocorre de forma mais lenta. Biotransformação ou metabolismo • É a transformação do fármaco em outra(s) substância(s) por meio de alterações químicas, geralmente sob ação de enzimas inespecíficas. A biotransformação ocorre, principalmente, no fígado, nos rins, nos pulmões e no tecido nervoso; • Entre os fatores que podem influenciar o metabolismo dos fármacos estão a idade, a raça e fatores genéticos, além da inibição enzimática; • Além de tudo, na biotransformação e no metabolismo, existe um fenômeno chamado de tolerância. Por exemplo, uma pessoa com câncer gradualmente vai tendo a dose de morfina aumentada. Isso acontece justamente porque ocorre uma dessensibilização dos receptores e um aumento das proteínas do citocromo p450, o que aumenta a tolerância à morfina. Outro exemplo é em pacientes que fazem uso de betabloqueadores, porque, nesses casos, como estava havendo um bloqueio dos receptores beta adrenérgicos, o corpo acaba produzindo mais receptores e expressando-os na membrana das células. Com isso, caso haja uma suspensão subida desses fármacos, uma quantidade muito maior de receptores vai interagir com os neurotransmissores, o que pode desencadear vários problemas, como uma taquicardia. Biotransformação ou metabolismo – definições importantes • Indução enzimática → é uma elevação dos níveis de enzimas (como o complexo citocromo P450) ou da velocidade dos processos enzimáticos, resultantes em um metabolismo acelerado do fármaco. Alguns fármacos têm a capacidade de aumentar a produção de enzimas ou de aumentar a velocidade de reação das enzimas. Como exemplo, podemos citar o fenobarbital, um potente indutor que acelera o metabolismo de outros fármacos quando estes são administrados concomitantemente; • Inibição enzimática → caracteriza-se por uma queda na velocidade de biotransformação, resultando em efeitos farmacológicos prolongados e maior incidência de efeitos tóxicos do fármaco. Esta inibição, em geral, é competitiva. Pode ocorrer, por exemplo, entre duas ou mais drogas competindo pelo sítio ativo de uma mesma enzima; • Metabólito → é o produto da reação de biotransformação de um fármaco. Os metabólitos possuem propriedades diferentes das drogas originais. Geralmente, apresentam atividade farmacológica reduzida e são compostos mais hidrofílicos, portanto, mais facilmente eliminados. Em alguns casos, podem apresentar alta atividade biológica ou propriedades tóxicas. Por exemplo, num idoso não se deve utilizar Diazepam, pois esse idoso tem o metabolismo mais lento e esse fármaco, por sua vez, ao ser biotransformado, acaba produzindo metabólitos ativos com meia vida maior que o próprio fármaco, o que acaba causando um efeito muito prolongado no paciente. Citocromo P450 • Principal mecanismo para metabolização de produtos endógenos e xenobióticos; • Importante fonte de variabilidade interindividual no metabolismo de drogas; • Envolvido no mecanismo de interação entre as drogas; • Relacionado a efeitos tóxicos de determinados fármacos; Lorena Bressanini Siqueira • Exemplo: um etilista crônico, ao ingerir algum fármaco, como benzodiazepínicos, apresenta efeito menor. Isso acontece porque a ingestão crônica de álcool acaba causando uma indução enzimática, acarretando numa maior produção de citocromo P450, que é a mesma via de metabolização do fármaco, o que diminui o efeito do fármaco no organismo deste paciente. Portanto, às vezes, uma dificuldade de sedação pode acontecer por causa de um vício em alguma substância que interfere na mesma via de metabolização do fármaco; 1ª e 2ªfase • Na primeira fase acontece hidrólise, oxidação e redução, o que acaba gerando metabólitos ativos e inativos. Esses metabólitos ativos vão para o sangue, enquanto que os inativos vão para a segunda fase, a qual acabam sofrendo excreção. Excreção ou eliminação • É a retirada do fármaco do organismo, seja na forma inalterada ou na forma de metabólitos ativos e/ou inativos. A eliminação ocorre por diferentes vias e varia conforme as características físico-químicas da substância a ser excretada. Via Oral • Vantagens da via oral: facilidade na administração do fármaco, menor gasto (menos dispendiosa); • Contraindicação: náuseas, vômitos, diarreias, dificuldades de engolir, pacientes acamados, entre outros. É necessário avaliar o paciente! Via Sublingual • Absorção acontece devido à presença de veias abaixo da língua. Dessa forma, o fármaco vai direto para a circulação e não sofre o efeito de primeira passagem. Um exemplo disso é o uso de: nitratos para angina. Vias Parenterais O termo parenteral provém do grego “para” (ao lado) e “enteros (tubo digestivo), ou seja, significa a administração de medicamentos “ao lado do tubo digestivo” ou sem utilizar o trato gastrointestinal. As principais vias são: • Intradérmica (I.D.); • Subcutânea (S.C); • Intramuscular (I.M.); • Intravenosa ou endovenosa (I.V. OU E.V.). Outras vias parenterais que também temos são: • Intra-arterial (I.A.) → usada, por exemplo, no tratamento de carcinomas, drogas vasodilatadoras e drogas trombolíticas (tratamento embolia); • Intracardíaca (adrenalina); • Intra-araquídea (via subaracnóidea - intratecal) – Raquianestesia; • Intraperitoneal; • Intraóssea; • Intra-articular; • Intrasinovial. Via Intradérmica • É uma via muito restrita, pois só pode utilizá-la para pequenos volumos, de 0,1 a 0,5 ml. Geralmente ela é usada para reações de hipersensibilidade, como: • Provas de PPD (tuberculose), Schick (difteria) • Sensibilidade de algumas alergias • Fazer desensibilização e auto vacinas • Aplicação de BCG (vacina contra tuberculose) na inserção inferior do músculo deltóide Via Subcutânea • A medicação é introduzida na tela subcutânea (tecido subcutâneo ou hipoderme); Lorena Bressanini Siqueira • Absorção lenta, através dos capilares, de forma contínua e segura; • Usada para administração de vacinas (antirrábica e antissarampo, anticoagulantes (heparina) e hipoglicemiantes (insulina); • OBS.: volume não deve exceder 3 mililitros. Via Intramuscular Via muito utilizada devido à absorção rápida (é errática, pois não é tão segura quanto a subcutânea – não dá para saber ao certo o tempo de absorção, por exemplo). • Músculo escolhido: ➢ Deve ser bem desenvolvido; ➢ Ter facilidade de acesso; ➢ Não possuir vasos de grande calibre; ➢ Não ter nervos superficiais no seu trajeto. • Volume injetado: ➢ Região Deltoide - de 2 a 3 ml; ➢ Região Glútea - de 4 a 5 ml; ➢ Músculo da coxa - de 3 a 4 ml. Via Endovenosa É uma via muito utilizada, principalmente quando se deseja um efeito rápido. Nela, a introdução da medicação é diretamente na veia (cuidado). Aplicação: • Membros superiores; • Evitar articulações; • Melhor local: face anterior do antebraço “esquerdo”. Indicações: • Necessidade de ação imediata do medicamento; • Necessidade de injetar grandes volumes – hidratação; • Introdução de substâncias irritantes de tecidos. Terapia infusional I. Bolus → é a administração de tudo que está na seringa de uma vez, o mais rápido que o vaso aguentar; Na medicina, refere-se à administração de uma medicação com o objetivo de aumentar rapidamente a sua concentração no sangue para um nível eficaz. Em termos práticos, as medicações administradas em menos de um minuto são ditas como “feitas em bolus”. Um exemplo de droga que não é recomendado fazer em bolus é a Escopolamina, mais conhecida como Buscopan, devido ao seu efeito adrenergético, que acaba causando taquicardia. II. Infusão lenta → medicamento deve ser administrado conforme recomendado ou 1 mil/min, caso não exista informação disponível. Outra coisa é que enquanto na administração em bolus os efeitos adversos ocorrem ao mesmo tempo e velocidade que os efeitos terapêuticos, na administração lenta podemos interromper a administração caso seja observada qualquer reação. Alguns exemplos são Fenitoína e Diazepam, que são administradas em tempo mais prolongado. III. Infusão rápida → é a administração IV realizada entre 1 e 30min. Pode-se utilizar a seringa para infusões em tempo menores ou a bureta para infusões em tempo maior que 10min (a bureta era mais utilizada antigamente, hoje em dia são mais usadas as bombas de infusão para facilitar esse processo). IV. Infusão contínua → administração realizada em tempo maior que 60min, initerruptamente. V. Administração intermitente → não contínua, por exemplo, de 6 em 6 horas. Para este tipo de terapia é importante a preocupação com a manutenção da permeabilidade do cateter, que permanecerá fechado nos intervalos da medicação. Via intraóssea (IO) A obtenção de uma via venosa em crianças e adultos em estado crítico, tem como alternativa a via IO, quando a primeira não for estabelecida num curto prazo ou após três tentativas. Nos ossos longos, os sinusóides da medula óssea drenam para canais venosos que levam o sangue ao sistema venoso; a vantagem anatômica da medula óssea é seu funcionamento como uma veia rígida que não colaba em estado de hipovolemia e no choque circulatório periférico. Assim, a via IO tem sido usada com eficácia como via de emergência na parada cardiorrespiratória, nos choques hipovolêmico e séptico, queimaduras graves, estados epiléticos prolongados e desidratação intensa, principalmente em crianças Lorena Bressanini Siqueira Via subaracnóidea e peridural Na definição, tanto a via subaracnóidea quanto a peridural são acessos raquidianos, então, teoricamente, o termo raquianestesia engloba subaracnóidea e peridural. Na prática, entretanto, é utilizado erroneamente o termo raquianestesia como sinônimo de anestesia subaracnóidea. Para entrar no espaço subaracnóideo, tem que passar pela pele, pelo tecido subcutâneo, pelo ligamento supraespinhal, pelo ligamento interespinhoso, pelo ligamento amarelo, pela dura-máter e pela aracnoide. A via peridural, por sua vez, penetra-se a agulha por via mediana ou paramediana, em um ângulo de 90 graus, até encontrar a resistência do ligamento amarelo. Quando essa resistência é vencida (Técnica de Dogliotti), atinge-se o espaço peridural. O espaço peridural não existe, ele é virtual, portanto, quando ele é atingindo, o ar que estava sendo jogado se expande e você sente a perda da resistência, conseguindo identificar, assim, esse espaço. A diferença, então, é que na peridural a agulha não passa a dura-máter, já a subaracnóidea passa por essa meninge e atinge o espaço subaracnóideo. Como na peridural os anestésicos não são aplicados em contato direto com a medula espinhal, há necessidade de uma maior quantidade de solução, além do que, a ação absortiva dos vasos do espaço peridural acaba diminuindo a ação do anestésico e aumentando os efeitos sistêmicos. Quando aplicado, o anestésico sofre dispersão em direção cefálica, caudal e transversal, esta última dependendo da permeabilidade dos orifícios pelos quais passam os nervos raquidianos que saem do canal vertebral. OBS.: a peridural não perfura a dura-máter, apenas a subaracnóidea que perfura. Se acontecer de perfurar, é erro de punção. Além disso, a dura-máter é colabada com o ligamento amarelo, portanto, durante a injeção de ar, vai havendo resistênciae, quando chega no ligamento amarelo, o ar “abre esse espaço” e você sente a perda de resistência, conseguindo identificar o espaço peridural (que é um espaço virtual).
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