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Títulos de Crédito - Cheque

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AULA 02 – TÍTULOS DE CRÉDITO – CHEQUE – PARTE I. 
Profa. Aline Ertzogue Marques (aermarques9@gmail.com)
1. CARACTERÍSTICAS
Está previsto na Lei nº 7.357/1985. Trata-se de uma ordem de pagamento à vista pro solvendo (a entrega do cheque não quita a dívida, ficando esta condicionada ao desconto do título), mediante apresentação do título (princípio da cartularidade). É passível de instruir uma ação judicial executiva por se tratar de título executivo extrajudicial.
No cheque, o emitente é o sacador e devedor principal, o banco é o sacado, mas não é devedor, porque o correntista deve ter o dinheiro disponível em conta para a emissão. Por isso, decorre que o cheque não tem aceite, conforme artigo 6º da Lei nº 7.357/1985.
O cheque deve conter a denominação “cheque” expressa no contexto do título expressa na língua do país onde é aplicado (cláusula cambial). Tem natureza de ordem de pagamento incondicional de pagar a quantia expressa. Possui, ainda, a indicação do local, data e assinatura e identificação do emitente.
Conforme artigo 1º da Lei nº 7.357/1985:
“Art. 1º O cheque contêm:
I - a denominação ‘’cheque’’ inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é
redigido;
II - a ordem incondicional de pagar quantia determinada;
III - o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado);
IV - a indicação do lugar de pagamento;
V - a indicação da data e do lugar de emissão;
VI - a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes especiais.
Parágrafo único - A assinatura do emitente ou a de seu mandatário com poderes especiais pode ser constituída, na forma de legislação específica, por chancela mecânica ou processo equivalente“.
Os requisitos supríveis do cheque estão no artigo 2º da Lei nº 7.357/1985:
“Art. 2º O título, a que falte qualquer dos requisitos enumerados no artigo precedente não vale como cheque, salvo nos casos determinados a seguir:
I - na falta de indicação especial, é considerado lugar de pagamento o lugar designado junto ao nome do sacado; se designados vários lugares, o cheque é pagável no primeiro deles; não existindo qualquer indicação, o cheque é pagável no lugar de sua emissão;
II - não indicado o lugar de emissão, considera-se emitido o cheque no lugar indicado junto ao nome do emitente“.
2. ESPÉCIES
Cheque cruzado - faz com que o depósito em conta corrente do tomador seja necessário para seu desconto.
Cruzamento geral – será pago em qualquer banco.
Cruzamento especial– será pago com depósito no banco, cujo nome estiver entre as duas linhas.
O cruzamento geral pode ser convertido em especial, mas a recíproca não é possível.
Cheque visado - serve para bloquear uma determinada quantia em uma conta corrente até o prazo de apresentação, que é de 30 dias para quando a praça de emissão e de pagamento são iguais, 60 dias se diferentes, conforme artigo 7º da Lei nº 7.357/1985.
Cheque administrativo - não tem previsão legal, mas é uma prática comum e se refere ao cheque do próprio banco sacado, muito utilizado no ramo imobiliário. O cliente do banco solicita o serviço e o banco fornece o cheque no valor após verificação de disponibilidade nas contas do solicitante (não se trata de empréstimo).
Cheque pré-datado, mais adequadamente denominado pós-datado, consiste em escrever uma data no título (cheque) posterior à data de efetiva entrega do cheque ao tomador. A data deve estar consignada no campo correto do cheque, não sendo válidos o utilizado “bom para“ ou datas em outros lugares. Se o cheque pré-datado for apresentado ao banco antes da data combinada, o banco faz o pagamento, porque a cláusula futura não é oponível ao banco e o cheque não deixa de ser título de pagamento à vista. Porém é possível a cobrança de danos morais do tomador por violação de boa-fé objetiva, conforme súmula 370 do Superior Tribunal de Justiça (STJ):
“Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado“.
3. FORMAS DE CIRCULAÇÃO DO CHEQUE
Tradicionalmente o cheque circula por endosso em decorrência da cláusula à ordem prevista no artigo 17 da Lei nº 7.357/1985:
“Art. 17 O cheque pagável a pessoa nomeada, com ou sem cláusula expressa ‘’ à ordem’’, é
transmissível por via de endosso.
§ 1º O cheque pagável a pessoa nomeada, com a cláusula ‘’não à ordem’’, ou outra equivalente, só é transmissível pela forma e com os efeitos de cessão.
§ 2º O endosso pode ser feito ao emitente, ou a outro obrigado, que podem novamente endossar o cheque“.
O cheque deve ser nominativo acima de R$ 100,00. 
O endosso pode ser em preto, que indica a figura do endossatário, e em branco, que faz constar somente a figura do endossante. A parte legítima para endossar o cheque é o credor. O título é endossado com a assinatura.
O endosso próprio é translativo e transfere a titularidade do título. O endosso impróprio não transfere o crédito (não transfere a titularidade do crédito), como exemplo, tem-se o endosso-mandato e endosso caução (endosso-garantia).
Há a cláusula proibitiva de novo endosso, que não evita novo endosso, mas limita a responsabilidade do emitente.
No artigo 25 da Lei nº 7.357/1985, há a previsão da inoponibilidade de exceções pessoais a terceiros de boa-fé em decorrência da aplicação imediata do princípio da abstração.
AVAL: O aval se aplica ao cheque e trata-se de obrigação autônoma, prestado no próprio título, conforme artigo 30 da Lei nº 7.357/1985:
“Art. 30 - O aval é lançado no cheque ou na folha de alongamento. Exprime-se pelas palavras ‘’por aval’’, ou fórmula equivalente, com a assinatura do avalista. Considera-se como resultante da simples assinatura do avalista, aposta no anverso do cheque, salvo quando se tratar da assinatura do emitente.
Parágrafo único - O aval deve indicar o avalizado. Na falta de indicação, considera-se avalizado o emitente“.
No aval em branco não se indica a pessoa avalizada, pressupõe-se que o aval é do emitente (sacador /correntista). No aval em preto há indicação da pessoa avalizada.
O aval parcial deve ser consignado no titulo pelo princípio da literalidade, caso contrário o aval é total.
No artigo 31 da Lei nº 7.357/1985, há a previsão de que a responsabilidade do avalista se restringe às mesmas obrigações do avalizado.
Lei nº 7.357/1985, “Art. 25 Quem for demandado por obrigação resultante de cheque não pode opor ao portador exceções fundadas em relações pessoais com o emitente, ou com os portadores anteriores, salvo se o portador o adquiriu conscientemente em detrimento do devedor“.
“Art. 31 O avalista se obriga da mesma maneira que o avaliado. Subsiste sua obrigação, ainda que nula a por ele garantida, salvo se a nulidade resultar de vício de forma.
Parágrafo único - O avalista que paga o cheque adquire todos os direitos dele resultantes contra o avalizado e contra os obrigados para com este em virtude do cheque. “
4. PRAZOS DE APRESENTAÇÃO DO CHEQUE 
O cheque possui um período curto de circulação, atendendo aos interesses do emitente, dos endossantes, do sacado, do fisco e do próprio beneficiário, diferenciando-se claramente da letra de câmbio, neste aspecto. Em razão disso, a lei optou por estabelecer prazos curtos para a apresentação do cheque ao sacado, contados da emissão do cheque, a saber: 30 (trinta) dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60 (sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do país ou no exterior (Lei nº 7357/85 – art. 33). 
A definição do prazo de apresentação aplicável irá comparar o local de emissão (preenchido pelas partes) e local da agência pagadora (local de pagamento). Não importa o local da apresentação ou do depósito do cheque. Vale o que está escrito no título, deve-se analisar apenas o local da agência pagadora e o local de emissão preenchido no documento. Caso sejam praças distintas, o prazo será de 60 dias. Por praça deve-se entender município, podendo alcançar a ideia de distritos, quando forem distantes da sede municipal. 
5. APRESENTAÇÃO FORA DO PRAZO
No Brasil, mesmo após o decurso do prazo de apresentação, o cheque podeser apresentado para pagamento ao sacado. Nesse caso, ele ainda terá a obrigação de pagar o cheque, desde que a AÇÃO CAMBIAL ainda não esteja prescrita (Lei nº 7.357/85 – art. 35, parágrafo único), ou seja, dentro dos seis meses posteriores ao término do prazo de apresentação ( Lei nº 7.357/85 – art. 59). Em outras palavras, para o sacado, o prazo de apresentação não tem importância, isto é, ele é obrigado a pagar o cheque regular caso a execução ainda não esteja prescrita, independentemente do decurso ou não do prazo de apresentação. 
Não impedindo o pagamento pelo sacado, a apresentação a destempo, a princípio, também não impede a execução do cheque. Todavia, perdido o prazo de apresentação, a ação de execução só poderá ser ajuizada contra o emitente e seus eventuais avalistas, isto é, contra os devedores principais do cheque (súmula 600 – STF). Os devedores indiretos (endossantes e respectivos avalistas) ficam desonerados, uma vez que para a cobrança deles é essencial o protesto tempestivo e, uma vez perdido o prazo de apresentação, também está perdido o prazo do protesto. Além disso, há dispositivo específico (Lei nº 7.357/85 – art. 47, II) que exige a apresentação tempestiva para a cobrança dos devedores indiretos do cheque.
Embora, a princípio, o devedor principal se mantenha responsável pelo pagamento do cheque, em uma hipótese o portador do cheque perde o direito de executar inclusive o emitente. Caso existam fundos disponíveis no período para a apresentação do cheque e tais fundos deixaram de existir por motivo não imputável ao emitente, o tomador perde o direito de cobrá-lo (Lei nº 7.357/85 – art. 47, § 3º).
O ônus da prova de tal situação é do próprio emitente. Cabe a ele demonstrar que tinha fundos disponíveis durante o prazo de apresentação e que, após decorrido esse prazo, deixou de tê-los por motivos que não lhe sejam imputáveis. Só com a prova conjunta desses fatos é que o emitente fica exonerado da execução, mas não da obrigação de pagar, que poderá ser exigida por meio da ação de locupletamento ou da ação causal. 
Um fato não imputável ao emitente significa que ele não pode ter sacado o dinheiro e que ele não pode ter emitido os cheques que que retiraram o dinheiro da conta, mesmo que tal retirada tenha sido por uma enchente, por um acidente ou por qualquer questão inesperada. Para a configuração dessa hipótese legal, é essencial que não tenha havido qualquer situação do emitente na retirada do dinheiro. Exemplos: liquidação extrajudicial do banco, a sua falência ou até mesmo o confisco do dinheiro. A doutrina informa ainda, que o roubo de senhas, de cartões ou de cheques poderiam configurar tal hipótese, porém como nessas hipóteses o dinheiro será devolvido ao cliente, não há motivos para impedir a execução do emitente. 
6. PAGAMENTO DE CHEQUE FALSO OU FALSIFICADO
Por vezes, há o extravio ou o furto de folhas de cheque que acabam sendo apresentadas ao banco, com assinaturas feitas por pessoas do emitente (cheque falso). Também pode ocorrer que o cheque, embora tenha sido devidamente assinado pelo emitente, tenha sido alterado em algum dos seus elementos essenciais, especialmente no valor (cheque falsificado). 
A responsabilidade pelo cheque falso, falsificado ou objeto de alterações é do banco sacado, por se tratar de risco inerente à sua atividade (Súmula 28 – STF). Resguarda-se, contudo, ao sacado o direito de reaver o que pagou nos casos de dolo ou culpa do correntista, do endossante ou do beneficiário. 
7. DEVOLUÇÃO DO CHEQUE SEM PAGAMENTO 
Embora o pagamento do cheque seja esperado, é certo que nem sempre ele ocorrerá. Não sendo possível o pagamento, o banco irá devolver o cheque ao apresentante e consignará o motivo da devolução do cheque. Para simplificar a praxe bancária, o Banco Central criou números para especificar os motivos de devolução de um cheque. Os motivos para devolução do cheque envolvem ausência de provisão de fundos, impedimento, irregularidade do cheque e apresentação indevida dentre outros. A morte do emitente, posterior a emissão do cheque, não é motivo para o não pagamento do título (Lei nº 7.357/85 – art. 37). 
OBS: No caso do cheque ser devolvido por insuficiência de fundos, há a dispensa do protesto por falta de pagamento. 
OBS: A única espécie de protesto que existe no cheque é o protesto por falta de pagamento. 
8. REVOGAÇÃO OU CONTRAORDEM
O cheque é uma ordem de pagamento, feita pelo emitente ao sacado, no sentido do pagamento da quantia ali consignada. Tal ordem, porém, não é irretratável. O emitente pode dar uma contraordem, isto é, revogar a ordem dada, impedindo que o banco efetue o pagamento do cheque. Para tanto, o emitente deve comunicar o banco da sua intenção, indicando os motivos do seu ato (Lei nº 7.357/85), não cabendo, porém ao banco discutir os motivos apresentados. Nos casos de furto, roubo ou extravio, exige-se a apresentação de boletim de ocorrência policial (Circular nº 2.655/96 – BACEN).
Essa contraordem, que é exclusiva do emitente, só produz efeitos após o prazo de apresentação de cheque (30 ou 60 dias a contar da sua emissão). Ela até pode ser feito dentro do prazo de apresentação do cheque (30 ou 60 dias a contar da sua emissão), mas somente produzirá efeitos depois desse prazo. Desse modo, tal prática não atende aquele que tem a intenção de impedir imediatamente o pagamento.
9. SUSTAÇÃO
 Além da revogação, que é exclusiva do emitente e só produz efeitos após o prazo de apresentação, há outra forma de impedir o pagamento do cheque: a sustação ou oposição. Nesta hipótese, tanto o emitente como os legítimos possuidores podem sustar o cheque e os efeitos serão imediatos. A sustação e a contraordem se excluem reciprocamente.
A sustação deverá ser requerida por escrito, admitindo-se a oposição por meio eletrônico, desde que confirmada nos dias úteis seguintes. Em qualquer caso, ela deve ser fundada em relevante razão de direito (Lei nº 7.357/85 – art. 36), não cabendo ao banco discutir a veracidade do motivo apontado. São exemplos de relevantes razões de direito a emissão do cheque mediante dolo ou coação, ou mesmo o descumprimento contratual do credor (desacordo comercial). Nos casos de furto, roubo ou extravio, exige-se a apresentação de boletim de ocorrência policial (Circular nº 2. 655/96 – BACEN). 
10. CANCELAMENTO
A par das formas de impedir o pagamento de um cheque devidamente emitido, pode haver também o cancelamento do cheque que não foi emitido. Nesses casos, não se susta ou revoga, mas se cancela a folha do cheque. O cancelamento pode ser do talonário inteiro, especialmente nos casos de extravio pela remessa por correio, quando do cancelamento é feito pelo próprio banco. Além disso, também pode haver o cancelamento de uma ou algumas folhas de cheque, como no caso de preenchimento incorreto, mediante requerimento do correntista. (Resolução nº 2. 747/2000 – CMN).
11. PROTESTO 
Em todos os casos de devolução do cheque, o banco deverá atestar o não pagamento por um carimbo, inclusive com a indicação do motivo da devolução. Embora tal carimbo já demonstre a ausência de pagamento do título, é certo que, para determinados efeitos, exige-se uma prova solene do não pagamento: o protesto.
12. EFEITOS DO PROTESTO DE UM CHEQUE
 O primeiro dos efeitos do protesto é a interrupção da prescrição, tendo em vista o disposto no artigo 202 do Código Civil, uma vez que com tal prova o devedor terá a ciência inequívoca de que o credor pretende receber. Para tal efeito, o protesto.
 
	Outro efeito do protesto é a configuração da impontualidade injustificada do devedor empresário, para fins de requerimento de falência, desde que atendidas as demais condições do artigo 94, I, da Lei 11.101/05. Ora, a impontualidade não justificada de uma dívida líquida constante de título executivo, demonstra que o devedor está em dificuldades e, se tal devedor for um empresário, tais dificuldades representam uma das hipóteses de estado falimentar. Neste caso, também não há um prazo rígido para a realização do protesto. 
	Além dessesdois efeitos, que não são produzidos pelo carimbo de devolução do cheque, há ainda um terceiro efeito produzido pelo protesto que é a possibilidade de cobrança dos devedores indiretos. Estes, a princípio, só poderão ser cobrados se houver a prova tempestiva de que não houve o pagamento do título no vencimento, salvo se for pactuada a cláusula sem despesas ou sem protesto. 
	Importante observar que, no caso do cheque, para a cobrança dos devedores indiretos é suficiente o carimbo de devolução do cheque apresentado tempestivamente. Para esse efeito e apenas para ele, o protesto é suprido pela DECLARAÇÃO DE DEVOLUÇÃO, desde que a apresentação tenha sido tempestiva. Nos demais efeitos, o protesto é essencial, não podendo ser suprido pela declaração do banco.
	Por derradeiro, é oportuno ressaltar que também no cheque o nome do devedor intimado no protesto será encaminhado aos cadastros de inadimplentes, como o SPC, SERASA, dentre outros. Nesses casos, o protesto representará a prova da inadimplência de determinada obrigação e, por isso, o nome do emitente poderá ser negativado. 
13. PRESCRIÇÃO DO CHEQUE
O cheque, como título de crédito que é, possui executividade, ou seja, é considerado pela legislação processual ( art. 784, I, do CPC) um título executivo extrajudicial. Não horando seu pagamento pelo emitente, portanto, poderá o portador da cártula de cheque promover a ação de execução contra ele e contra os eventuais codevedores (endossantes, avalistas).
O prazo prescricional dessa ação de execução do cheque é de 6 meses, contados após o término do prazo de apresentação (art. 59), o qual, como visto é de 30 ou 60 dias, conforma a praça de emissão. Perceba-se que a lei é clara ao estabelecer que o início do prazo prescricional ocorre a partir do término do prazo de apresentação, e não da sua efetiva apresentação ao banco sacado. Portanto, independentemente de quando o cheque foi apresentado ao banco sacado – pouco importa se dentro ou fora do prazo de 30 ou de 60 dias, conforme a praça – o prazo de prescrição da sua ação de execução só começará a fluir após o término do prazo de apresentação.
Não é correto afirmar, pois, que o prazo prescricional do cheque é de 7 meses ou 8 meses, respectivamente, conforme seja de mesma praça ou de praças diferentes. Primeiro, porque prazo de apresentação e prazo de prescrição são situações distintas, não podendo ser somados e transformados num único prazo; segundo, porque os prazos em dias se contam em dias e os prazos em meses se contam em meses. Assim, nem sempre a soma de 30 dias mais 6 meses será igual 7 meses, por exemplo.
IMPORTANTE: Há que se mencionar um caso, entretanto, em que o início do prazo prescricional do cheque não segue a regra acima apontada, segunda a qual ele flui a partir do término do prazo de apresentação. Trata-se, mais uma vez, de situação peculiar decorrente de “pré-datação” do cheque. Com efeito, em caso de cheque “pré-datado” apresentado ao banco sacado precipitadamente, deve-se proceder da seguinte maneira: considera-se iniciado o prazo de prescrição não a partir do término do prazo de apresentação, mas a partir da data em que o título foi efetivamente levado ao banco para desconto; a partir deste dia, pois, inicia-se o prazo prescricional de seis meses.
A observação feita no parágrafo anterior é deveras importante, uma vez que visa a evitar que o tomador de cheque “pré-datado” que o apresenta extemporaneamente se beneficie da sua própria torpeza, infringindo um princípio basilar da teoria geral do direito. 
EXEMPLO: Na situação em que “A”, no dia 02/05, emite um cheque “pré-datado” de mesma praça par ao dia 20/06 em favor de “B”. Este, desrespeitando o acordo feito com “A”, leva o título para desconto no banco sacado no dia seguinte, 03/05. Se aplicarmos a regra geral do art. 59, o prazo de apresentação do cheque emitido por “A” findaria apenas em 20/07, data na qual se iniciaria, por sua vez, o prazo prescricional, que se encerraria em 20/01 do ano seguinte. O que se defende, em contrapartida, é que nesse caso específico o prazo de prescrição comece a fluir a partir da data em que o cheque foi levado ao banco para desconto, ou seja, 03/05. 
Nesse sentido, confira-se o Enunciado 40 da I Jornada de Direito Comercial do CJF: “ O prazo prescricional de 6 (seis) meses para o exercício da pretensão à execução do cheque pelo respectivo portador é contado do encerramento do prazo. No caso de cheque pós-datado apresentado antes da data de emissão ao sacado ou da data pactuada com o emitente, o termo inicial é contado da data da primeira apresentação”.
14. APROFUNDANDO OS ESTUDOS SOBRE O PRAZO DE APRESENTAÇÃO
 Trata-se de prazo dentro do qual o emitente deverá levar o cheque para pagamento junto à instituição financeira sacada (art. 33 da Lei do Cheque).
O prazo de apresentação do cheque, ressalta-se, não se confunde com o prazo de prescrição. Na verdade, funciona a grosso modo, como o prazo de protesto nos demais títulos, uma vez que se destina, precipuamente, a assegurar o direito e execução contra os devedores do título (art. 47, inciso II, da Lei do Cheque).
Se o cheque for “da mesma praça”, o prazo de apresentação é de 30 dias. Se, todavia, for de “praças diferentes”, o prazo de apresentação será de 60 dias. Em ambos os casos, o prazo é CONTADO DA DATA DE EMISSÃO. 
O prazo de apresentação, como dito, serve para marcar o período que se tem de observar para conservar o direito de executar os codevedores. Assim, se o portador do cheque perde o prazo de apresentação, consequentemente perde o direito de executar os codevedores. 
EXEMPLO: “B” endossa um cheque recebido de “A” a “C”, será considerado codevedor perante o “C”. Este, por sua vez, poderá descontar o cheque a qualquer momento, dentro do prazo de prescrição. Caso não observe o prazo de apresentação, e sendo devolvido o cheque por insuficiência de fundos, perderá “C” o direito de executar “B”, mas permanecerá o direito de executar o emitente, apenas. Nesse sentido, dispõe o Enunciado 600 da Súmula de jurisprudência dominante do STF: “cabe ação executiva contra o emitente do cheque e seus avalistas, ainda que não apresentado o cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária”. 
Perceba-se que, nesse ponto, o prazo de apresentação se assemelha ao prazo de protesto nos demais títulos cambiais, uma vez que nestes, perdido o prazo de protesto, perderá o credor o direito de executar os codevedores. No cheque, isso ocorre com o decurso do prazo de apresentação. 
O transcurso do prazo de apresentação, enfim, não impede que o cheque seja levado ao banco sacado para ser descontado, uma vez que somente depois de transcorrido o prazo prescricional é que a instituição financeira não poderá mais receber nem processar o título, conforme disposto no art. 35, parágrafo único, da Lei do Cheque. 
15. PRAZO DO PROTESTO DO CHEQUE
Conforme dispõe o art. 48 da Lei do Cheque, o protesto deverá ser realizado antes da expiração do prazo de apresentação ( 30 ou 60 dias contados da emissão).
A doutrina nos informa que tal prazo não é fatal para a efetivação do protesto, mas apenas para a possibilidade de cobrança dos devedores indiretos. O próprio dispositivo que fixa o prazo faz referência ao artigo anterior, que cita o protesto apenas no que tange à cobrança dos devedores indiretos. Em outras palavras, o protesto poderá ser realizado fora desse prazo, mas não produzirá o efeito de permitir a cobrança dos devedores indiretos. Reitera-se que tal efeito, também é produzido pelo carimbo de devolução do cheque que tenha sido apresentado no prazo. 
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