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Artigo - Mariana Troc

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A distorção da realidade através da seleção proposital deconteúdo é bastante nociva, podendo gerar distúrbios sociais decorrentes damisantropia criada no senso comum da sociedade. A credibilidade da informaçãoestá na forma e no propósito da manipulação, se a manipulação pretendeinformar fielmente, respeitando o espaço midiático, é notícia. Se a informação foimanipulada para caluniar, gerar conflito, dissimular parte da realidade e assim pordiante, é fake . Mas sendo a informação um direito, e aqui continua a premissa daveracidade da informação, deve ser tratada com ética e responsabilidade,inclusive penal.  A Constituição Federal Brasileira no artigo 5º, inciso IV, dispõeque “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato ” , pois 
 
    28 dessa forma mantem-se a liberdade de expressão e os responsáveis por abusospodem ser punidos 
O uso de fake news e bots nas redes sociais durante as eleições de 2018
Mariana Lúcia Rodrigues dos Santos Troc
RESUMO: O presente artigo busca estudar, pelo método documental bibliográfico, as fake news de cunho político nas redes sociais no Brasil em 2018. Para tanto, examinam-se dados coletados nas mídias sociais durante o período de campanha do candidato, e agora presidente, Jair Bolsonaro. Como resultado, foi possível observar que o processo de disseminação de notícias falsas tem poder de criar uma percepção de mundo distorcida, construindo assim uma bolha social e a polarização de grupos.
Palavras-chave: fake news, política, redes sociais, democracia, ideologia
This article searches study, by the bibliographical method, the political fake news on the social media in Brasil, 2018. For this, i examinate data collected from social media during the campaign period from the candidate, and now president, Jair Bolsonaro. As result, was possible observe that the process of dissemination of fake news have the power of create one distorced percepcion, building this, one social bubble and the polarization of groups. 
Keywords: fake news, political, social media, democracy, ideology
	INTRODUÇÃO 
	 Este artigo tem como objetivo analisar, pelo método de pesquisa documental, as fake news difundidas na internet no período de campanha eleitoral do candidato à presidência Jair Bolsonaro, em 2018, e compreender o processo de desinformação que ocorreu durante a campanha e seus resultados. Observei um crescimento de abordagens sobre o tema, tanto na mídia, quanto no meio acadêmico, e escolhi o viés das redes sociais por ser um ambiente em que estou inserida. 	
	Em 2016, os Estados Unidos elegeu Donald Trump como presidente e mundialmente vimos a repercussão em todas as mídias: o “fenômeno” fake news, este responsável por um grande impacto social nas esferas públicas, através da propagação de notícias falsas nas redes sociais. Lavarda et al. (2017). Como exemplo, na campanha de Donald Trump, a empresa Cambridge Analytica foi acusada de desviar dados de 50 milhões de usuários do Facebook com o intuito de manipular a opinião pública em prol de Trump. A organização desenvolvia peças publicitárias específicas, que iam ao encontro das preferências dos diferentes perfis de pessoas, a fim de direcioná-las a favor do candidato. (Tobias, 2018)
	Durante o período eleitoral no Brasil, principalmente no Facebook e Whatsapp, notou-se um grande compartilhamento de notícias envolvendo os candidatos à presidência. Informações e vídeos eleitorais que apresentavam debates da TV, recortes de opiniões polêmicas e alarmistas, e vídeos de famosos que apoiavam determinado candidato. Essas postagens ganharam muito engajamento no Facebook por ter constantes interações e compartilhamentos. Muitas destas postagens foram consideradas fake news por apresentarem legendas divulgando dados incorretos, boatos sem provas concretas, distorção de falas dos candidatos e pesquisas eleitorais falsas. 
	É importante refletir até que ponto a sociedade é influenciada pelas mídias sociais sem verificar veracidade e fidedignidade das fontes. Fica clara a importância de alertar sobre o poder que a era digital exerce sob o indivíduo, para que ele não seja alienado por esses meios. A tecnologia deveria ser utilizada em favor da democracia, mas para isso é preciso questionar os processos democráticos no Brasil, suas regras precisam ser estáveis, fomentar a participação política e a igualdade de direitos entre indivíduos e grupos políticos. 
	Levando em conta que 2018 foi o primeiro ano em que candidatos puderam utilizar as redes sociais abertamente como meio de campanha, incluindo publicações pagas, surge a necessidade de estudar sobre a circulação de fake news nas redes sociais, qual o comportamento dos usuários diante destas notícias falsas, e de que maneira o cidadão deveria exercer seu papel de verificador e receptor de informações. A problemática da pesquisa, e que motiva o estudo, tem como base o seguinte questionamento: Qual o impacto das fake news, relacionadas ao atual presidente, nos resultados da campanha eleitoral, e no contexto de esfera pública. 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
	Existe uma grande diferença entre fake news e notícias falsas, como o Professor Eugênio Bucci, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) afirma:
A primeira coisa é separar melhor a ideia por trás desse conceito de fake news. A fake news não é apenas uma notícia falsa, pois notícias falsas aparecem também na imprensa convencional, desde que ela existe. Há erros de informação, imprecisões, distorções de enfoque que, muitas vezes, não correspondem aos fatos e que são publicadas como notícias normais na imprensa convencional. Nós estamos diante de um fenômeno diferente, que poderia ser traduzido em português, com mais precisão, como sugere o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, como notícia fraudulenta. (...) Isso quer dizer que a expressão fake news designa uma notícia fabricada com má intenção, que se vale do aspecto de uma notícia jornalística com o propósito de enganar o público. É muito diferente, portanto, de um erro jornalístico, coisas que acontecem todo dia. Uma boa redação jornalística quando comete um erro, ela procura se corrigir. 
	Sobre o compartilhamento de informações falsas, ele pode ser feito por diferentes autores e também por bots, estes que tem a função de criar falsas percepções de consenso para que determinado assunto circule. Segundo Kumar et al. (2017) indivíduos criam bots para disseminar e aumentar rapidamente a circulação de uma notícia falsa e inflar o status de alguns usuários, neste contexto, políticos. O resultado é a manipulação artificial de opinião pública. 
	Segundo um estudo da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas, durante o período eleitoral, no Twitter, o candidato Jair Bolsonaro teve o número de 43% de bots interagindo com seus apoiadores e Fernando Haddad, 28,4%. Estes números mostram o volume de informações positivas e negativas. Para determinar o que é um robô, um dos parâmetros, segundo Ruediger, (2018) é observar se o usuário realiza muitos disparos, tuítes e retuítes num curto período de tempo. 
	Uma vez que a tecnologia é alimentada por algoritmos, estudiosos relataram que tal ação propicia a formação de bolhas sociais no ambiente digital. O uso dos robôs e da inteligência artificial (Ciampaglia; Mantzarlis; Menczer, 2018) para manipular o discurso político e roubar informações pessoais (Brady; Kelly; Stein, 2017) foram fatores que determinaram e atenuaram a desinformação coletiva entre usuários.
	O sentido da palavra desinformação, (Pinheiro e Brito 2014) tem muito a ver com a internet, pois ela é a principal responsável, permitindo disseminar notícias banais, nada significativas para a formação de opinião dos indivíduos baseada em fatos não tão reais. (Anderson, 2018) (Fernandez, 2017) e (Lor, 2018) recomendam que, para combater a desinformação, deveria ter maior envolvimento das bibliotecas, pois elas tem importante relação entre informação e democracia. É através das bibliotecas que os usuáriostem acesso a informações consistentes. (Lor, 2018). 
 	As mídias sociais tem um forte poder de polarização (Soares, Recuero & Zago, 2018) pois os usuários costumam compartilhar e publicar informações baseadas em suas próprias percepções e crenças, principalmente em assuntos polêmicos como na política. O ato de compartilhar notícias tendenciosamente é chamado de Viés de Confirmação, termo onde usuários demonstram viés, ou se recordam de uma informação de forma seletiva. Como afirma Mathew D’ancona: 
Essa é a característica que define o mundo da pós-verdade. A questão não é determinar a verdade por meio de um processo de avaliação racional e conclusiva. Você escolhe sua própria realidade, como se escolhesse comida de um bufê. Também seleciona sua própria mentira, de modo não menos arbitrário. em um caso clássico de algo que os psicólogos chamam de “espelhamento”, Trump — notório em sua campanha por suas mentiras — começou a acusar seus críticos da mídia de espalhar “notícias falsas”. 
	Em alguns casos, o compartilhamento de notícias falsas não tem o objetivo de disseminar fake news, mas apenas expor o ponto de vista da pessoa, que se autoafirma através de posts em grupos sociais onde fazem parte. O grande erro é ignorar a realidade factual em prol de suas próprias percepções. O ato de compartilhar notícias, independe da confiabilidade de fonte e dados. Com o avanço das mídias e redes sociais para mais usuários, a proliferação de notícias falsas e o compartilhamento constante, em alguns momentos, ocorre mais rápido que fatos. 
	Dentro da rede social o usuário pode manter uma rede de amigos que tem uma opinião semelhante à dele, criando uma comunidade de senso comum. Sendo assim, (BRANCO, 2017, P. 54) “as redes sociais nos dão aquilo que mais gostamos: nós mesmos. E é muito difícil vencer essa tentação narcisista”. (Mcluhan 1969) Através da invenção deste “mundo ideal” dentro da internet, grupos de afinidades se formam, esses que pensam e agem de forma muito parecida, querem o direito de afirmar o que acreditam, mesmo que isso não esteja de acordo com o consentimento geral social da cultura onde estão envolvidos. (Matthew Dancogna, 2018) O usuário na internet consome aquilo que gosta, ou é familiarizado, algoritmos o conecta a símbolos que o identificam, o problema é que o gosto pessoal, às vezes é cego à veracidade, e a web se torna um veículo da pós-verdade porque é indiferente à honestidade ou mentira.
3. DISCUSSÃO
	Em 2017, “fake news” foi eleita a palavra mais procurada no dicionário britânico Collins. Além disso, em 2018, campanhas políticas no âmbito digital, utilizaram novas ferramentas: chatbots. Vivemos um momento único no país, a propaganda política não era permitida na internet até 2017. Com a reforma política, o impulsionamento de campanhas no Facebook, por exemplo, foi permitido alcançando assim um número bem maior de usuários (BETIM 2017). Durante a campanha dos candidatos Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, as fakes news tiveram a função perigosa de espalhar notícias não comprovadas, beneficiando cada um de acordo com seus interesses. A questão é, essa prática fere a nossa ética e democracia? Existe algum método para mensurar o que é verdadeiro e o que é falso?
	Seria a verdade, hoje, menos importante? Atualmente no contexto da pós-verdade, quem está falando (aquele que detém um mínimo de poder; seja seguidores, likes ou privilégio de classe) passa a ter mais relevância em seus argumentos, do que alguém que tem provas concretas apresentadas por uma autoridade (alguém que pesquisou, comparou notícias antes de afirmar). Pode-se dizer que com a pós-verdade, o trabalho cognitivo acaba perdendo espaço para um cenário onde saberes de massa como discurso de ódio, misoginia, e fascismo, infelizmente são muito mais aceitáveis. 
	No início dos anos 2000, deu-se início a uma espécie de êxodo midiático: rádio e TV perderam sua dominância para plataformas online, onde um mar de pontos de vistas e opiniões foi aberto, e usuários começaram a juntar-se em grupos formando assim uma bolha. A internet dá poder ao homem, transformando-o num criador de fake news. O usuário pode publicar o que quiser na rede social pois sempre haverá alguém para compartilhar. Hoje, um conteúdo falso pode ter alcance igual ou maior que se exibido num horário nobre na televisão. 	Democracia é uma organização social onde o controle político é exercido pelo povo, ou seja, a escolha de governantes é feita através de votos da população. Este processo é chamado de eleição, que ocorre no Brasil de quatro em quatro anos, sendo a última nos dias 07 e 28 de Outubro de 2018. O fato de que “o povo tem o poder” é questionável quando observamos por outro prisma, por exemplo; o populismo afeta muito o quadro político brasileiro pois, de modo simplificado, é a noção de oferecer soluções simples para problemas complexos. O populismo aparece como alguém que fala em nome do povo para resgatar a democracia da mão das elites.
	Hoje, as mídias sociais têm o poder de dar voz a todos. A definição de povo seria o contrário de elite (latifundiários, setor financeiro, estrangeiros), o povo é portador de virtudes que estariam sendo corrompidas. Ainda sobre populismo, mas no contexto político, ele pode ser de esquerda ou de direita, extremista ou não. Uma característica deste governo é o ataque à democracia, que como exemplo, traz restrições à imprensa, fortalecimento do Poder Executivo e a independência do Legislativo e Judiciário. O presidente Jair Bolsonaro adotou algumas estratégias populistas para ser eleito, mesmo que não colocando o “povo” como prioridade em seu discurso, em sua maioria autoritário, ele se vendeu como salvador da pátria. Esta pesquisa do Team Populism explica melhor:
“O que observamos como principais razões para o fortalecimento do populismo são pontos como a insatisfação com a classe política, a democracia representativa e também em relação a como o sistema político e partidário funciona. As pessoas não se sentem representadas e acabam se voltando para outsiders e populistas que pretendem mudar ‘tudo que está aí’. No Brasil, por exemplo, a ascensão do populismo tem muito a ver com essa ideia”
	Segundo a Constituição Federal de 1988, no Brasil vivemos num Estado Democrático de Direito. Suas principais características são soberania popular; da democracia representativa e participativa e um Estado Constitucional, ou seja, que possui uma constituição que emanou da vontade do povo; e um sistema de garantia dos direitos humanos. (Planalto, 2018) 
O escritor americano George Orwell, no livro 1984, escreveu: 
“ O Partido dizia que a Oceania jamais fora aliada da Eurásia. Ele, Winston Smith, sabia que a Oceânia fora aliada da Eurásia não mais de quatro anos antes. Mas em que local existia esse conhecimento? Apenas em sua própria consciência que, de todo modo, em breve seria aniquilada. E se todos os outros aceitassem a mentira imposta pelo Partido — se todos os registros contassem a mesma história — , a mentira tornava-se história e virava verdade. “Quem controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o passado”, rezava o lema do Partido.” (1984, pg. 40) 
	Dentro do contexto do livro havia o Ministério da Verdade, responsável por manter a soberania do Partido que manipulava a história através de livros, documentos e filmes. Tudo era controlado pelo “Miniver”, rede de informações que conspirava para que não houvesse oposição. O autor, em 1948, mostrou que o controle da realidade por parte do Estado não é novidade. Longe deste mundo distópico, mas nem tanto, em nossa realidade, sobre a conduta do atual presidente Jair Bolsonaro, se qualquer veículo de imprensa apresentar provas de corrupção, automaticamente ouviremos do presidente a famosa frase “é fake news”, seja qual for a crítica ao Governo, sempre existirá uma campanha forte para responder, e mostrar somente o que convém. 
	A manipulação de conteúdo através da distorção da realidade é algo bastante perigoso, podendo gerar incontáveis distúrbios sociais no sensocomum. A credibilidade da informação está na verificação dos fatos. Segundo a Constituição Brasileira no artigo 5º, inciso IV, afirma que “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato” mantendo dessa forma a liberdade de expressão. 
Agora, vamos a duas fake news que circularam durante a eleição de 2018:
figura 1: Post compartilhado no Facebook
figura 2: Post compartilhado no Whatsapp 
	Na primeira figura, o post onde a imagem do candidato Fernando Haddad é manipulada e substituida pela cantora Pablo Vittar, figura muito representativa da cultura LGBTQ+. Segundo a fake news, Lula teria a drag queen como vice-presidente em sua chapa. A imagem foi compartilhada em massa, e precisou que a assessoria do ex-presidente desmentisse o boato em seu Twitter oficial. 
	Na segunda figura, uma foto de Fernando Haddad segurando uma catuaba, é substituída por um pênis de borracha, aluzindo assim ao “kit gay”. Lembrando que, além desta imagem, outros boatos relacionados ao kit gay circularam durante o período eleitoral. Esta história começou quando surgiu um post no Facebook onde o livro “Aparelho Sexual e Cia” seria adotado em programas governamentais durante o período em que Haddad foi minístro da Educação. O livro nunca fez parte do projeto, a obra sequer foi indicada nas listas de material didático. 
O professor de Gestão de Políticas Públicas da USP, Pablo Ortellado escreveu: 
“Tanto eleitores de Fernando Haddad quanto os de Jair Bolsonaro tiveram alta exposição a boatos. 85% dos eleitores do Bolsonaro, por exemplo, ouviram o boato do kit gay e 84% acreditaram – ou seja, quase todos que escutaram, acreditaram; já entre os eleitores do Haddad, 61% escutou o boato, mas apenas 10% acreditou (…) Neste sentido, embora a mentira isolada não tenha o poder de mudar um voto, ela é também portadora de uma visão de mundo e de uma narrativa política que está chegando ao eleitor por outros lados.” 
Segundo o Ibope, grande parte dos eleitores do presidente Jair Bolsonaro são evangélicos:
Entre os 42 milhões de eleitores evangélicos, Bolsonaro obteve cerca de 20 milhões de votos e Haddad 10 milhões. Brancos, nulos e abstenções teriam ficado em torno de 12 milhões, o que representaria cerca de 67% dos votos válidos de evangélicos para Bolsonaro, enquanto Haddad teria recebido 33%.
	Estes dados justificam o cunho moral das fake news contra o Partido dos Trabalhadores. Homossexualidade, ateísmo e promiscuidade foram os principais temas utilizados nas campanhas contra Fernando Haddad e Manuela D’ávila, pauta que muito interessa os evangélicos, pois tem como mote a ideia de que estes candidatos defendem assuntos que vão contra o ideal puritano religioso. 	
	Uma alternativa para conter a disseminação de fake news seria um melhor desenvolvimento do senso crítico dos usuários. 
(Sérgio Ludtke, 2018) escreve: 
(…) O ambiente fértil para a desinformação se mantém, o labirinto social por onde circulam e se multiplicam os boatos conta com uma infinidade de caminhos e saídas, e é impossível interceptá-los todos. O desafio imediato não é a eliminação da desinformação, o que parece um horizonte ainda impossível de visualizar, mas a sua contenção. Para isso, em 2019, é imperativo que os meios de comunicação mantenham operantes as suas equipes de checagem e se alistem ao lado dos cidadãos numa luta por mais transparência. 
	O jornalismo tem um papel importante nesta “educação virtual”. Um bom exemplo são agências que trabalham com fact-checkin. O jornalismo faz um papel de “alfabetização” do usuário com esforços que também dependem de outros setores da sociedade. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
	
	Meu objetivo com este artigo foi examinar o panorama geral da disseminação de fake news no Brasil, o impacto que as fake news tiveram nas eleições de 2018, e o papel do cidadão como disseminador de informação. Quanto às fake news no Brasil, percebi que existem muitos grupos engajados em compartilhar conteúdo no qual se identificam sem checar. Há grupos de ativistas políticos que usam todas as ferramentas ao seu alcance para formar uma opinião. Em resumo, a solução para a problemática é a educação da população.
	 Este mesmo ativismo que utilizou de fake news na última eleição, continuará levantando sua bandeira, defendendo seus próprios interesses, ferindo a informação e a democracia, cabe ao jornalismo apresentar claramente princípios editoriais, valores e metodologias para apuração de dados. Desenvolver um contrato de confiança entre a sociedade e o usuário. Nesta atual conjuntura social, o governo deveria investir num jornalismo que cumpra o papel importante de checagem de informação para trazer a verdade e combater o avanço de notícias falsas e boatos. A comunicação muda o mundo. 
REFERÊNCIAS
DUNKER CHRISTIAN, TEZZA CRISTOVÃO, FUKS JULIÁN e outros. Ética e pós-verdade. Dublinense, 2017.
HANCOCK, Jaime. Dicionário Oxford dedica sua palavra do ano, ‘pós-verdade’, a Trump e Brexit. El País, 2016. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2016/11/16/internacional/1479308638_931299.html Acesso em: 14 de Abril de 2019
OLIVEIRA, Mariana. TSE Multa campanha de Haddad em 176 mil por impulsionar notícias contra Bolsonaro na internet. G1, 2019 Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/03/28/tse-multa-campanha-de-haddad-em-r-176-mil-por-impulsionar-noticias-contra-bolsonaro-na-internet.ghtml 
 Acesso em: 14 Abril de 2019
SANTOS, Rodolpho. Fake news como produto da pós-verdade. Observatório da Impresnsa, 2018. Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br/comunicacao-social/fake-news-como-produto-da-pos-verdade/ 
Acesso em 18 de Abril de 2019
MILITÃO, Eduardo. Bolsonaro é o 1º presidente brasileiro populista desde Collor, diz pesquisa. 2019
Disponível em: https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2019/04/04/jair-bolsonaro-populista-fernando-collor-pesquisa-bruno-castanho.htm Acesso em 07 de Julho de 2019
SHAH, N.; KUMAR, L. False Information on Web and Social Media: A Survey. Arxiv. Disponível em:  https://arxiv.org/pdf/1804.08559.pdf Acesso em 07 de Julho de 2019
LIVRO 1984 https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4118309/mod_resource/content/1/1984%20-%20George%20Orwell.pdf 
MCLUHAN, Marshal. The Medium is the Message. California: Gingko Press. 2001
BUCCI, Eugênio. Sobre Ética e Imprensa. São Paulo: Companhia das Letras, 2000
https://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,polarizacao-bolsonaro-haddad-impulsiona-robos,70002512129 
BUCCI, Eugênio, Confira íntegra da entrevista com Eugênio Bucci. Jornal O Povo. Fortaleza. 07 jan. 2018. Disponível em:. Acesso em: 12 julho. 2018. 
SOARES, F. B.; RECUERO, R.; ZAGO, G. Influencers in Polarized Political Networks on Twitter. In: Proceedings for the International Conference for Social Media and Society. Copenhagen, Denmark, 2018. p. 1-10. [ Links ] 
http://www.ihu.unisinos.br/188-noticias/noticias-2018/584446-foram-os-evangelicos-que-elegeram-bolsonaro 
https://exame.abril.com.br/brasil/as-fake-news-seguirao-incontrolaveis-no-segundo-turno/ 
https://www.opovo.com.br/jornal/dom/2018/01/eugenio-bucci-e-evidente-que-caminhamos-para-um-jornalismo-melhor.html acesso em 
https://g1.globo.com/fato-ou-fake/noticia/2018/10/16/e-fake-que-haddad-criou-kit-gay-para-criancas-de-seis-anos.ghtml

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