Gardner e a teoria das inteligências múltiplas

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Capacidade de aprender, compreender e adaptar-se com facilidade. Conjunto de funções
mentais que permitem a compreensão e o conhecimento conceitual pela razão.
Capacidade de solucionar problemas. Termo genérico que designa todas as formas de
organização e equilíbrio das estruturas cognitivas  e dos processos operatórios. 
(QUEIROZ, 2003, P. 153)
Gardner e a teoria das inteligências
múltiplas
PONTUAR AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, DE ACORDO COM A TEORIA DE GARDNER, E SUAS
CONTRIBUIÇÕES PARA A APRENDIZAGEM, VISANDO UM ENSINO DE QUALIDADE.
AUTOR(A): PROF. MARGARETE MOTA
AUTOR(A): PROF. FILOMENA DE CARLO S FABRIN
A teoria das inteligências múltiplas, proposta por Gardner, visa contribuir para a prática docente em todos
os níveis de escolaridade subsidiando o educador a promover um ensino de qualidade. A teoria prima pelo
desenvolvimento das habilidades de cada aluno, respeitando suas especificidades e valorizando suas
potencialidades.
Mas antes de entrar no universo das inteligências múltiplas, vamos entender o que é inteligência.
Pesquisando o significado no Dicionário Prático de Pedagogia temos que  inteligência é
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Legenda: INTELIGêNCIA
Visitando a história
Queiroz, (2013) nos traz a ideia de que a inteligência era inata e se mantinha ao longo da vida do indivíduo,
permeou o cenário acadêmico, por vários anos.   Os famosos testes de Q.I. (quociente intelectual),
quantificava a inteligência pois demonstravam, por meio de questões de cunho linguístico e lógico-
matemático os graus de inteligência das pessoas. O responsável pelos primeiros testes de QI foi Alfred
Binet, no início do século XX. Seus testes classificavam o QI em normal (dentro de uma média obtida pelos
resultados dos testes) acima da média seriam os superdotados e abaixo da média, as pessoas com alguma
deficiência intelectual.
Crítica à quantificação da inteligência
Gardner(2007), um estudioso da psicologia do desenvolvimento cognitivo, criticou a quantificação da
inteligência presente nos testes de Binet, pois era pautada apenas no raciocínio matemático e habilidades
verbais.   Percebeu em seus estudos que as crianças possuíam determinadas habilidades, além das
mencionadas por Binet, as quais ele "batizou" de inteligência.
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 um potencial biopsicológico para processar informações que pode ser ativado num
cenário cultural para solucionar problemas ou criar produtos que sejam valorizados numa
cultura.
(GARDNER, 2001, P. 40)
Com sua teoria, Gardner (2007) questiona o conceito de inteligência como sendo algo puramente inato.
Questiona também os testes de QI, pois duvida do fato de que a inteligência possa ser medida em testes
utilizando-se lápis e papel.
Para Gardner (2001) inteligência refere-se a
Nova visão de homem
Gardner, apud Queiroz, (2013) propõe uma nova visão de homem, descrevendo-o como um ser criativo, com
capacidade de tomar decisões pautadas na ética, equilibrado, não somente na razão, mas demonstrando o
equilíbrio entre a razão e emoção. Para Gardner, a razão é uma emoção que já se tornou consciência. Nessa
premissa, emerge uma pessoa mais inteira, mais feliz, menos egoísta, preocupada com as questões da
sociedade, do outro. 
Inteligência: inata ou adquirida?
Mediante observações e avaliações das atuações de diferentes profissionais das mais diversas áreas,
Gardner (2007) percebeu o variado repertório de habilidades humanas na busca de soluções (culturalmente
apropriadas) para os seus problemas.
Gardner (2007) identificou sete tipos de inteligência, ou competências intelectuais. Segundo o autor, todos
os seres humanos possuem certas habilidades básicas em todas as inteligências, e a linha de
desenvolvimento de cada uma delas será determinada tanto por fatores genéticos e neurobiológicos quanto
pelas condições ambientais/culturais.
A questão cultural é extremamente importante na teoria de Gardner (2007), uma vez que alguns talentos
somente se desenvolvem se forem valorizados pelo ambiente. Dessa forma, cada cultura ressalta
determinados talentos, que devem ser desenvolvidos por certa quantidade de indivíduos e depois passados
de geração para geração.
O desenvolvimento das inteligências começa na infância, e durante a adolescência e a idade adulta é que se
revelam, por meio das ocupações vocacionais ou não vocacionais, nas quais o indivíduo atua em um campo
específico e se realiza em papéis significativos em sua cultura.
As inteligências múltiplas de Gardner
Gardner em seu livro Estruturas da Mente, publicado em 1983 (com publicação mais recente em 2007)
classificou inicialmente sete inteligências.
Inteligência linguística: caracteriza-se por uma sensibilidade para as palavras e para as funções da
linguagem, falada e escrita,   também pelo poder de persuasão. Gardner (2007)   sugere que as crianças
demonstram muito bem essas habilidades no contar histórias e no relato de experiências de vida. Presente
ainda nos escritores, oradores, políticos, contadores de história entre outros.(Armstrong, 2008)
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Inteligência lógico-matemática: é caracterizada pela sensibilidade para reconhecer e resolver problemas.
Também para trabalhar sistematizações, padrões e ordens, por meio da manipulação de objetos e símbolos.
Aflorada por exemplo nos matemáticos, físicos, cientistas, programadores de computador (Armstrong,
2008). A criança demonstra capacidade de cálculos matemáticos, percebe a geometria nos espaços ao
montar quebra-cabeças, consequência do pensamento lógico. (Queiroz, 2013)
Inteligência musical: refere-se a uma sensibilidade para discriminar sons, ritmos, timbres e temas musicais,
além de produzir e reproduzir músicas. Presente nos músicos, maestros, compositores de peças musicais,
por exemplo. Nas crianças percebe-se uma habilidade em diferenciar os vários sons presentes no ambiente,
na reprodução das músicas infantis e interesse em tocar algum instrumento.
Inteligência espacial: constitui-se por uma sensibilidade para perceber o mundo visual e espacial com
precisão. Também se caracteriza por habilidades para manipular formas e objetos mentalmente. Percebe-se
essa manifestação em engenheiros, arquitetos, artistas plásticos, por exemplo, que conseguem criar e
compor, baseados em representações visuais e espaciais. Nas crianças percebe-se esta inteligência na
montagem dos quebra-cabeças e jogos espaciais (Queiroz, 2013).
Inteligência corporal-cinestésica: refere-se a uma sensibilidade de utilizar o corpo ou parte dele para
resolver problemas, criar produtos e manifestar-se, bem como o desenvolvimento das habilidades do corpo
referente a coordenação dos movimentos necessária para executar algumas técnicas corporais. É percebida
nos esportes e nas artes cênicas, por exemplo, e em artistas plásticos e cirurgiões que usam a coordenação
motora grossa e fina com destreza em suas atividades. As crianças que se movimentam com graça e se
expressam corporalmente por estímulos verbais e/ou musicais tem essa inteligência mais desenvolvida
(Queiroz, 2013).
Inteligência interpessoal: identificada por uma sensibilidade para perceber, entender e responder a
sentimentos, desejos, humores, temperamentos e motivações de outras pessoas. Pode ser percebida com
clareza nas atividades exercidas por terapeutas, professores, políticos e vendedores. Nas crianças e no
adulto essa inteligência possibilita uma leitura corporal de intenções e desejos nas expressões faciais das
pessoas ao redor.
Inteligência intrapessoal: composta por uma sensibilidade aos próprios sentimentos. Manifesta-se pelo
reconhecimento de habilidades pessoais, necessidades, desejos e ideias. As pessoas geralmente usam essas
habilidadesao construírem uma imagem precisa de si próprias, usando-a de maneira efetiva a seu favor.
Presente em romancistas e terapeutas, por exemplo. (Queiroz, 2013) Como se trata de uma inteligência
muito pessoal, ela é percebida se associada a outras habilidades das demais inteligências.
Continuando suas pesquisas Gardner, (2001) propõe a oitava inteligência.
Inteligência naturalista: demonstrada pela habilidade e capacidade de classificar várias espécies da natureza
relacionados, principalmente à fauna, a flora, e o meio ambiente. Presente, por exemplo nos biólogos,
ativistas ambientais, ecologistas. Percebe-se essa inteligência nas crianças  pelo interesse em preservar o
meio ambiente, em conhecer animais e plantas.
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o fenômeno é suficientemente  desconcertante e a distância das outras inteligências
suficientemente grande para ditar prudência – pelo menos por ora.
(GARDNER, 2001, P. 85)
Gardner  (2007) salienta que, embora as inteligências sejam de certa forma independentes umas das outras,
elas dificilmente atuam isoladamente. Combinam-se e organizam-se no indivíduo para executar
determinadas funções.
Novas pesquisas sobre inteligências surgiram, porque tanto o mundo como as pessoas estavam mudando,
assim como houve a necessidade de novos estudos sobre o cérebro e suas áreas de inteligência.
Surge o interesse em classificar a nona inteligência, mas Gardner ( 2001), é cauteloso e pondera
As inteligências múltiplas e sua contribuição para a Educação
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"[...] deveriam ter um objetivo mais ambicioso: produzir uma educação para o
entendimento” adaptando os conteúdos a todos os tipos de alunos e a todos os tipos de
inteligências, com a finalidade de “[...] iluminar problemas novos e desconhecidos [...] e
executar projetos novos, revelando neste processo que eles compreenderam e, não apenas
imitaram os ensinamentos [...]".
(GARDNER APUD QUEIROZ, 2013, P. 163/164)
Queiroz, (2013), nos auxilia a perceber a importância de se utilizar a teoria de Gardner na prática docente,
salientando que é responsabilidade da escola proporcionar o conhecimento das várias disciplinas básicas,
como português, matemática, história, geografia e ciências, incentivando os alunos a perceber a
aplicabilidade dos conteúdos dessas disciplinas no seu cotidiano, visando ampliar suas competências e
habilidades, agregando saberes, contribuindo assim para seu desenvolvimento como um todo.
Nota-se que, recentemente, a Teoria das Inteligências Múltiplas, proposta por Gardner, é visualizada na
educação de modo bem mais reflexivo e com olhar mais atento por parte do professor sobre o aluno. O
educador, envolvido   com a qualidade do ensino e preocupado com a aprendizagem e o desenvolvimento
integral do aluno, prima por uma educação na qual as pessoas tenham condições de encontrar sua
identidade, significado e propósito de vida, buscando atender às necessidades desse aluno enquanto pessoa
e cidadão.
Ao interagir com seus alunos, valorizando o que cada um tem de mais evidente em suas habilidades ou
Inteligências como propõe Gardner, o professor valorizará cada aluno nas habilidades mais evidentes e
auxiliará a vencer as possíveis dificuldades em outras inteligências que não estão tão afloradas, como por
exemplo, a linguística e a lógico matemática, presentes principalmente, nas disciplinas de português e
matemática. Disciplinas estas, onde boa parte dos alunos apresenta dificuldades de assimilação.
A teoria das inteligências múltiplas visa também a inclusão, pois percebe as crianças na sua especificidade,
privilegia as potencialidades e valoriza-as na(s) inteligência(s) mais aflorada(s) no aluno, estimulando
ainda as outras ainda latentes.
Urge, na prática docente, quebrar paradigmas de um ensino tradicional, conteudista, que ainda super
valoriza as disciplinas de português e matemática, oferecendo novas possiblidades de aprendizagem.
No cenário educacional, atuar fundamentado na teoria das inteligências múltiplas pode ser um bom
começo.
Para tanto, segundo Gardner, (apud Queiroz, 2013) os professores, com todo conhecimento adquirido ao
longo da carreira profissional, seu poder de criação e flexível em suas ações
DOCUMENTáRIO
Para complementar os estudos sobre Inteligências Múltiplas, você pode adquirir o vídeo que faz
parte da "Coleção Grandes Educadores" 
http://www.attamidia.com.br/produtos.php?/prd/149/grandes-educadores/
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Que tal resolver os exercícios a seguir, para verificar sua aprendizagem?
ATIVIDADE FINAL
Levando-se em conta as implicações educacionais da teoria das
Inteligências Múltiplas, analise as afirmações abaixo e assinale a
alternativa correta.
I- o professor necessita estar mais atento às diferentes formas de
aprender que seus alunos podem apresentar.
II- o conhecimento e a verdade assumem um caráter dinâmico, exigindo
dos participantes  postura crítica e compromisso com a educação
escolar.
III- a escola deve adaptar-se às necessidades de seus alunos para que
estes possam desenvolver-se em todos os aspectos educacionais
A. I, II e III
B. I,  II  apenas
C. II, III  apenas
D. I, III  apenas
Com relação à teoria das inteligências múltiplas proposta por Howard
Gardner, é correto considerar que
A. Gardner elaborou a teoria das Inteligências Múltiplas por acreditar que
somente algumas pessoas são inteligentes.
B. Não podemos estimular as inteligências múltiplas, pois trata-se de uma
característica hereditária.
C. Gardner criticou a quantificação da inteligência conseguida por meio
dos testes de QI.
D. A inteligência corporal-cinestésica refere-se a capacidade em discernir
e apreciar ritmo.
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Gardner, inicialmente, classificou sete inteligências e identificou as
características peculiares de cada uma delas. Destacamos quatro, e em
relação às suas características é correto considerar que
A. Linguística: se caracteriza por uma sensibilidade para perceber o
mundo visual e espacial com precisão.
B. Lógico-matemática: se caracteriza por uma sensibilidade para as
palavras e para as funções da linguagem e também pelo poder de
persuasão.
C. Corporal-cinestésica: refere-se ao desenvolvimento das habilidades do
corpo referente a coordenação dos movimentos necessária para
executar algumas técnicas corporais.
D. Espacial: se caracteriza por uma sensibilidade para reconhecer e
resolver problemas.
REFERÊNCIA
ARMSTRONG, T. Inteligências Múltiplas na sala de aula.2 ed. Porto Alegre, Artes Médicas, 2008, p. 192.
GARDNER, H. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas.2000. p. 257.
__________ Inteligências múltiplas: um conceito reformulado. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 258
_________Estruturas da mente. A teoria das inteligências múltiplas. Trad. Sandra Costa. Porto Alegre: Artes
Médicas, 2007, p. 340.
QUEIROZ, E. O.C.M. Inteligências Múltiplas: um olhar na educação. In MORAL, E. VERCELLI, L. Psicologia
da Educação: múltiplas abordagens. Jundiaí. Paco Editorial, 2013, p. 216, 149-164.
QUEIROZ, T. Dicionário Prático de Pedagogia. São Paulo: Rideel, 2003, p. 255.
SMOLE, K. C. S. Howard Gardner. Documentário. Coleção Grandes Educadores. Direção: Regis Horta, 2006.
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