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Capítulo 1
1. Sistema Nervoso Visto a Olho Nu
Pode ser dividido em duas partes: SNC, que possui a maioria das células nervosas, e SNP, que possui os prolongamentos (quando agrupados em feixes, chamados de nervos).
0. Sistema Nervoso Periférico
Constituído além dos nervos pelos gânglios, que são células nervosas agrupadas que podem dar origem a outras fibras nervosas não provenientes diretamente do SNC.
Os nervos podem ser espinhais e cranianos, e as duas classes podem ser classificadas como sensitivas, motoras, somáticos e viscerais, ou ainda mistos. As fibras dos espinhais podem estar situadas na medula ou próximos a ela e as dos cranianos podem estar em núcleos do encéfalo ou próximos a ele. As fibras sensitivas quando chegam à medula dividem-se em raízes dorsais sensitivas ou ventrais motoras. Já no encéfalo penetram por forames específicos em diferentes pontos. 
Os receptores sensoriais são os responsáveis pela captação das várias formas de energia produzida no ambiente ou no próprio organismo e pela tradução para impulsos elétricos.
0. O Sistema Nervoso Central
	É onde se situa a maioria dos neurônios dos animais. Denomina-se encéfalo a parte do SNC, de formato irregular com algumas cavidades internas preenchidas por líquor (ventrículos), que é contida no interior da caixa craniana, e medula espinhal a parte que se continua a partir do encéfalo no interior do canal da coluna vertebral, que possui formato cilíndrico com um canal estreito no centro também preenchido LCR.
	O encéfalo pode ser dividido em 3 partes: cérebro, constituído por 2 hemisférios justapostos e separados por um sulco profundo; cerebelo, constituído por 2 hemisférios sem sulco de divisão aparente; e tronco encefálico, estrutura em forma de haste. No cérebro, a superfície cheia de sulcos e giros é o córtex cerebral, dividido em lobos. No interior dos hemisférios estão os núcleos da base e o diencéfalo. O cerebelo também possui superfície enrugada mas os giros são chamados de folhas e os sulcos de fissuras. O tronco encefálico, local de onde saem a maioria dos nervos cranianos, se subdivide em mesencéfalo, ponte e bulbo. 
	O SNC possui meninges, membranas cheias de liquido (LCR) onde o encéfalo e a medula flutuam. São responsáveis pela proteção mecânica contra traumatismos e pela nutrição e manutenção do meio bioquímico ótimo para o funcionamento neural.
	Possui, quando cortado, porções internas de coloração mais clara – substância branca, região de maior concentração de fibras nervosas com mielina, e externas de coloração mais escura – onde há maior concentração de células nervosas. Essa conformação se mantém no córtex cerebral e cerebelar, em outras regiões é invertida.
1. Sistema Nervoso Visto ao Microscópio
1. O Neurônio
	As unidades funcionais e estruturais do sistema nervosos são os neurônios e os gliócitos. Os neurônios, sendo unidades funcionais de informação, operam em grandes conjuntos que são chamados de circuitos ou redes neurais. 
	Como toda célula, o neurônio possui uma membrana plasmática que envolve um citoplasma contendo organelas que desempenham diferentes funções: o núcleo, repositório do material genético; as mitocôndrias, usinas de energia para o funcionamento celular; o reticulo endoplasmático, sistema de cisternas onde ocorre a síntese e o armazenamento de substancias que participam do metabolismo celular; entre outras. 
	Pode-se observar um soma ou corpo neuronal, que apresenta múltiplos prolongamentos, que são os dendritos. É através dos dendritos que cada neurônio recebe as informações provenientes dos demais neurônios a que se associa. Dos prolongamentos, destaca-se um que é mais longo e mais fino, pouco ramificado no trajeto e muito na porção terminal: o axônio. É por ele que saem as informações eferentes dirigidas às outras células do circuito neural e por essa razão ele se ramifica profusamente dando origem ao telodendro com inúmeros botões sinápticos. 
	Nos axônios é essencial uma condução de sinais em alta velocidade e por isso muitas fibras associam-se a certas células gliais que estabelecem em torno da fibra uma espessa camada isolante chamada de bainha de mielina. A região de contato entre os neurônios é chamada de sinapse e é aonde os sinais elétricos chegam para serem bloqueados parcial ou completamente ou então multiplicados. Para serem enviados adiante.
	A mais importante das propriedades da célula nervosa é a produção de sinais elétricos devido a sua membrana plasmática excitável. O interior da célula é negativo em relação ao seu exterior e a troca dessa polarização em decorrência da abertura de canais iônicos é conhecida como potencial de ação.
2.2 A Neuroglia
	Neuroglia seria a cola neural. Os gliócitos são muito mais numerosos que os neurônios e apresentam também diferentes tipos morfológicos. O corpo celular geralmente é menor que o dos neurônios e possuem inúmeros prolongamentos, porém nenhum axônio. Seus prolongamentos podem contatar vaso sanguíneos e células nervosas, estabelecendo uma ponte metabólica. Podem englobar sinapses, formando cápsulas de isolamento e controlando a concentração iônica e de nutrientes nas proximidades dos neurônios. Frequentemente os prolongamentos de gliócitos se enrolam em torno de fibras nervosas para formar a bainha de mielina e também desempenham funções de proteção contra agentes agressores, de absorção de partes de neurônios que eventualmente degeneram, e até de arcabouço para regeneração de fibras nervosas em casos de lesão.
Capítulo 2
1.	Do Ovo ao Indivíduo Adulto: A Estrutura do Sistema Nervoso Se Transforma
	O espermatozoide penetra no óvulo e é formado o ovo, com a plena carga genética do ser humano, que sofrerá uma série de divisões mitóticas passando pelo estágio de mórula até atingir o útero. Nessa fase surge uma cavidade no interior da mórula e esta passa a ser chamada de blástula, estando prestes a implantar-se. As células da blástula não param de se dividir, mas proliferam-se mais em um dos polos. Ao final da primeira semana de gestação a blástula está firmemente inserida na parede uterina e passa a ser chamada de blastocisto.
	 No estágio de blastocisto, possui dois folhetos embrionários: endoderma e o ectoderma, que dará origem ao SN. Da segunda para a terceira semana forma-se um orifício no ectoderma (fosseta primitiva) por onde as células deste folheto penetram. Dessa invaginação do ectoderma, forma-se o mesoderma. O mesoderma exerce influência sobre o neuroectoderma, fazendo com que suas células se proliferem e se alonguem, tornando-se cilíndricas.
	 A região mais espessa é a placa neural, cuja continuação da divisão das células constituintes levará à formação do sulco e goteira neural. Quando esta se fecha, constitui-se o tubo neural (SNC). No ponto de encontro entre os dois lábios do sulco, algumas células se desprendem e formam as cristas neurais (SNP).
 
	Após o fechamento do tudo neural (4 semanas), a extremidade cranial se dilata formando 3 vesículas encefálicas primitivas devido à intensa proliferação nesta área. A vesícula anterior é o prosencéfalo, a intermediária é o mesencéfalo e a posterior é o rombencéfalo. São ocupadas por fluido orgânico que dará origem aos ventrículos cerebrais e seus canais de comunicação. Durante o segundo mês de gestação, o tubo se curva e as vesículas se subdividem no número de 5.
 
 
 
1- Prosencéfalo
2- Mesencéfalo
3- Rombencéfalo
4- Futura medula espinhal
5- Diencéfalo
6- Telencéfalo
7- Mielencéfalo, futuro bulbo
8- Medula espinhal
9- Hemisfério cerebral
10- Lóbulo olfatório
11- Nervo óptico
12- Cerebelo
13- Metencéfalo
 
	Para trás do mielencéfalo, o tubo neural continua cilíndrico, transformando-se na medula espinhal primitiva.
 
	Transformações morfogenéticas ocorrem durante os 4 primeiros meses de gestação. Nessa fase o córtex cerebral e cerebelar são lisos. O crescimento posterior, mais acelerado que o da caixa craniana, leva à formação de dobraduras, giros e sulcos. Na medula é o oposto. A coluna e o canal onde a medula se aloja alongam-se mais, fazendo com que aextremidade posterior localize-se na altura das primeiras vértebras lombares. Nervos raquidianos lombossacrais de trajeto oblíquo e longitudinal formam a cauda equina.
	
	Durante o período de morfogênese do SNC, a crista neural forma o SNP e outras estruturas de alguns tecidos (ex. melanócitos). As células da crista se proliferam e migram ativamente, se fixando em regiões específicas para formarem gânglios (ex. espinhais e autonômicos), cujas células emitem axônios compactados que formam os nervos. As células da Schwann e a suprarrenal também são formadas da crista neural.
2.	Etapas e Princípios do Desenvolvimento do Sistema Nervoso
2.1.	 Indução Neural: Uma Cadeia de Interações Celulares
	No início da formação do embrião, uma região do ectoderma se transforma em neuroectoderma, dando inicio à neurulação. Isso significa que essa região adquiriu identidade neural e agora está comprometida com um destino neural. O restante das células do ectoderma dará origem às estruturas da pele. Isso acontece devido a um fenômeno chamado de indução neural.
	A diferenciação neural é o caminho normal de toda célula do ectoderma, o que significa que todas as células que não seguem este curso dispõem de um fator bloqueador. Neste caso, foram identificadas moléculas com o nome de proteínas morfogenéticas ósseas (BMPs), que fazem parte de uma grande família de moléculas chamadas fatores tróficas transformantes (TGFs). 
	Os sinais indutores emitidos pela região organizadora bloqueiam o bloqueador, ou seja, suprimem o efeito das BMPs no ectoderma vizinho. Desse modo, a região da placa neural segue a via neutralizante de desenvolvimento. Fatores indutores conhecidos: folistatina, noguina e cordina.
	
2.2.	Explosiva Multiplicação Celular no Sistema Nervoso Embrionário
	No sistema nervoso, a proliferação celular se intensifica após a formação do tubo neural. As transformações morfogenéticas desde o espessamento da parede do tubo até a origem das vesículas primitivas devem-se à intensa proliferação das células precursoras dos neurônios e da neuroglia.
	Cada precursor atravessa as etapas do ciclo celular se divide em células filhas e estas recomeçam o ciclo. Isso no caso das glias. No caso dos precursores neuronais, pode ocorrer que só uma reinicie o ciclo celular. A outra interrompe e inicia um longo movimento de migração para fora das proximidades do ventrículo. Desse modo a parte do tubo neural que é formada por uma fina camada de células passa a ser constituída de várias camadas que originarão as regiões laminadas do sistema nervoso, como o córtex.
	Em outros casos, formam-se aglomerações de neurônios que não apresentam disposição laminar e que vão dar origem aos núcleos do SN, como no diencéfalo. A maioria das células que interrompem o ciclo não reinicia outro posteriormente. Para os neurônios, o fenômeno é denominado neurogênese e para as glias, gliogênese.
2.3.	Neurônios Migrantes: Agregação Nuclear e Formação de Camadas
	Logo que a célula precursora do neurônio para de se dividir, inicia-se um movimento migratório que leva o neurônio juvenil ao local definitivo onde se estabelecerá. Isso ocorre tanto para as células do tubo neural, que formarão as estruturas do SNC, quanto para as células da crista neural, que formarão as estruturas do SNP.
	A migração dos neurônios acontece através da paliçada radial, que fornece os trilhos ao longo dos quais deslizam os neurônios migrantes. Suspeita-se que os sinais de parada dos neurônios migrantes estejam presentes na matriz extracelular ou na membrana de células existentes ao longo do trajeto, e que sejam reconhecidas pela membrana dos prolongamentos lideres dos neurônios migrantes.
	Nas regiões laminadas do SNC, as camadas são formadas pela migração simultânea de conjuntos de neurônios juvenis que param em um certo local sincronizadamente. Nas regiões não laminadas, grupos de neurônios se agregam para formar os núcleos.
2.4.	Diferenciação
	Depois que os neurônios juvenis se estabelecem em seus locais definitivos, inicia-se a diferenciação, que consiste na gradativa expressão dos fenótipos neuronais nos aspectos morfológicos, bioquímicos e funcionais. 
	No plano morfológico, o corpo celular cresce e vão formando os dendritos. Ao mesmo tempo, em um dos polos do somado soma de cada neurônio ocorre a emissão de um axônio que cresce numa direção determinada para buscar alvos sinápticos próximos ou distantes. No plano bioquímico, as células começam a sintetizar as moléculas que garantirão a função neuronal madura (enzimas). No plano funcional, começam a parecer e a amadurecer os diferentes sinais elétricos que serão utilizados pelos neurônios para gerar, receber e transmitir informações.
	A diferenciação da neuroglia é semelhante, porém mais prolongada. As células de glia radial diferenciam-se em astrócitos. Outros tipos celulares se formam a partir de precursores nas proximidades da parede ventricular e se espalham por todo o tecido nervoso. Do mesmo modo, ocorre a diferenciação bioquímica e funcional de modo compatível com as funções da neuroglia.
	A diferenciação deve ser entendida como uma sequência ordenada de expressão de diferentes genes em cada tipo neuronal, que leva as células a se tornarem maduras. Um certo grupo de células passa a sintetizar e a secretar uma molécula difusível que atua a distancia sobre um outro grupo de células, levando-as a produzir sinais intracelulares que ligam ou desligam determinados genes, modificando o padrão de expressão do genoma. O resultado é que esse grupo de células passa a se diferenciar por um caminho distinto do primeiro.
2.5.	Diferenciação Regional
	Fatores indutores e morfogenéticos mesodérmicos ativam genes homeóticos diferentes nos diversos níveis, e estes sintetizam proteínas que aos poucos vão se tornando diferentes a células que inicialmente eram iguais, permitindo o aparecimento de diversos núcleos com sua morfologia típica, seus neurônios e gliócitos característicos e suas conexões específicas. 
2.6.	Novos Circuitos Se Formam
	Ainda durante a migração, o neurônio juvenil pode emitir um axônio, que cresce ao longo de um trajeto preciso e consistente até a proximidade das células-alvo, com as quais estabelece contatos especializados.
	O axônio emerge como um prolongamento do corpo celular, e logo forma uma estrutura característica na sua extremidade chamada cone de crescimento, Ele não só possui uma ultraestrutura especializada para movimentar-se, como também sensores químicos capazes de reconhecer pistas present4es no microambiente no qual o axônio cresce. Os filopódios são “dedos” que tateiam o ambiente para reconhecer as pistas químicas. As membranas que os unem são os lamelipódios, que se movem como bandeiras ao vento durante o deslocamento do cone de crescimento. São constituídos de finos filamentos contendo actina, uma proteína contrátil. A ela se deve a grande mobilidade dos filopódios e por extensão, do cone de crescimento. A região mais interna do cone possui um grande numero de microtúbulos, estruturas que participam também da sua motilidade.
	O axônio em crescimento realiza um percurso específico através de um meio cheio de sinais moleculares que o vão orientando até alcançar o seu alvo também específico. Os receptores são proteínas na membrana do cone, geralmente com uma parte voltada para o exterior (a que reconhece a pista externa) e outra voltada para o citoplasma (que produz sinais intracelulares para modificar o movimento dos filopódios e do próprio cone). Uma mesma molécula sinalizadora pode ter ações distintas sobre diferentes axônios, dependendo do receptor que estes apresentarem na membrana de seus cones. 
	Ao prosseguir sua navegação, o cone se defronta com células que apresentam proteínas de membrana que podem promover sua adesão a elas. Algumas podem promover a repulsão de contato. O axônio pode aderir em outro axônio e assim crescer juntamente com ele, dando origem aos fascículos, feixes e nervos. Existem sinalizadores capazes de atuar a longa distância. Eles geram gradientes de concentração e o conede crescimento os percebe, promovendo a repulsão ou atração. 
	Ao chegar ao alvo, o terminal axônico sofre intensa ramificação. Nesse momento inicia-se a sinaptogênese. Em cada ramo aparecem botões sinápticos que tocam os dendritos e o corpo das células alvo e ali se estabelece a comunicação interneuronal.
2.7.	Processos Regressivos
	O desenvolvimento normal inclui uma fase de morte celular natural e essa fase é de algum modo regulada pela quantidade de tecido-alvo presente no embrião. Os fatores neurotróficos são substâncias capazes de garantir a sobrevivência dos neurônios juvenis e sem estes, morreriam. Os fatores tróficos são produzidos pelos alvos e pelos aferentes. São secretados e capturados pelos neurônios que com eles fazem contato sináptico. No interior do neurônio atuam sobre o DNS bloqueando um processo ativo de suicídio da célula, a apoptose. As células que projetam para uma mesma região alvo competem pelos neurônios com os quais estabelecerão contato. Aqueles que conseguem estabilizar suas sinapses obtem suficiente quantidade de fatores neurotróficos do alvo e sobrevivem. 
	Ocorre também a eliminação seletiva de axônios e sinapses, ambos produzidos em excesso como os neurônios. 
2.8.	Mielinização
	O processo de mielinização marca o estagio final de maturação ontogenética do sistema nervoso. Acontece quando s membrana glial toca as fibras nervosa e vai se enrolando ao redor delas até formar uma espessa espiral que cobre a fibra toda a não ser em alguns pontos. É um dispositivo que permite adquirir maior eficiência na transmissão da informação. 
Capítulo 3
	O sistema nervoso é formado por dois tipos básicos de células: neurônios e neuroglia. A capacidade de gerar sinais elétricos que funcionam como unidades de informação por parte dos neurônios se dá devido a sua excitabilidade. Eles processam informações a respeito do ambiente externo e interno e geram comandos para determinadas áreas do corpo. Já a neuroglia possui menor variedade morfológica e funcional e de acordo com sua forma são chamados de astrócitos ou oligodendrócitos. Tem como função a infraestrutura do sistema nervoso, a sustentação, nutrição, controle bioquímico e armazenamento de glicogênio. 
3.1. A Forma e os Componentes da Célula Nervosa
	O neurônio possui um corpo celular ou soma, onde estão concentradas as principais organelas intracelulares. Os prolongamentos neuronais são o axônio, geralmente único, e um ou mais dendritos, e conferem ao neurônio uma polaridade que é essencial à sua função. O axônio veicula os sinais de saída e os dendritos os recebem. A região de contato entre os axônios é a sinapse.
	O neurônio com seus prolongamentos é uma unidade completamente envolvida por uma membrana que separa o compartimento extracelular do intracelular. Sua permeabilidade seletiva permite intensas trocas de íons entre os dois compartimentos. 
	O citoplasma é composto por um meio liquido denso e por proteínas organizadas na forma de fibrilas que compõem o citoesqueleto, responsável pela manutenção da forma e pela grande mobilidade dos neurônios jovens. O citoesqueleto constitui um sistema de transporte de moléculas sinalizadoras, nutrientes, fatores trópicos e ate mesmo vesículas membranosas. Compõe-se de três estruturas principais: microtúbulos, microfilamentos e neurofilamentos. O núcleo é o local onde se aloja a maior parte do DNA e grande parte do RNA celular. 
	O axônio emerge do soma através do cone de implantação, segmento inicial ou zona de disparo. A membrana do axônio recebe o nome de axolema e seu citoplasma de axoplasma. O fluxo axoplasmático é um movimento continuo de moléculas ou de organelas membranosas que utilizam os microtúbulos como trilhos. Pode ser anterógrado, do soma às extremidades axonais, ou retrógrado, no sentido inverso. É através do fluxo anterógrado rápido que o soma alimenta as extremidades do axônio com as substancias necessárias para sintetizar mais membrana; que disponibiliza os neurotransmissores e outras moléculas. O fluxo retrógrado carrega fragmentos de membrana e outras moléculas dentro de lisossomos para degradação ou reutilização no soma neuronal. No SNC os axônios são envoltos por mielina pelos oligodendrócitos e no SNP pelas células de Schwann. Há proteínas na mielina central que bloqueiam o crescimento regenerativo de axônios lesados que não existem no periférico.
	Na extremidade distal forma-se o telodendro e os botões sinápticos, responsáveis pelas sinapses. 
3.2. A membrana e os Sinais Elétricos do SN 
A bioeletrogênese, responsável pela excitabilidade neuronal, depende do fluxo de íons, moléculas eletricamente carregadas presentes dentro e fora das células.
3.3. Canais Iônicos
	São proteínas integrais da membrana que tem a capacidade de deixar passar íons de modo seletivo, continuamente ou em resposta a estímulos elétricos, químicos ou mecânicos. Podem ser abertos ou controlados por comportas. Os controlados por comportas podem ser voltagem dependentes, ligantes dependentes ou abertos por energia mecânica diretamente sobre a membrana. 
	Possuem domínios intramembranosos, intracelulares - permite ação de substâncias do interior do próprio neurônio que tem a capacidade de abrir ou fechar as comportas, e extracelulares - que expõe à interação com ligantes naturais. 
	A energia que move os íons é eletroquímica. A parte química acontece pela diferença de concentração (gradiente químico) e a parte elétrica pela aglomeração de cátions/íons na superfície externa da membrana que resulta em uma ddp através da membrana (gradiente elétrico).
	Os canais controlados por comportas apresentam uma propriedade típica das proteínas – a alosteria, que é a capacidade de assumir conformações moleculares diferentes, modificando sua disposição espacial. Dependendo dessa conformação os canais podem ser abertos ou fechados. Nos canais voltagem dependentes a ddp pode ser fator de mudança; nos dependentes de ligantes, o fenômeno pode ser causado por reações químicas; e nos mecânicos, pelo estiramento da membrana. 
	Apresentam três estados diferentes: 1) de repouso, quando o canal está fechado mas pode ser aberto; 2) estado ativo, quando o canal está aberto r por ele passa o fluxo iônico, e 3) estado refratário, quando o canal está fechado e não pode ser ativado.
3.4. Neurônios em Silêncio: Potencial de Repouso
	A diferença de potencial constante entre as duas faces da membrana é chamada de potencial de repouso e reflete a separação de cargas elétricas. A separação é mantida pela natureza isolante da bicamada lipídica e pelo gradiente químico.
	Os fluxos iônicos não se interrompem quando a situação do equilíbrio elétrico é atingida. O equilíbrio é dinâmico e os movimentos continuam indefinidamente, o que mudaria as concentrações relativas dentro e fora do neurônio e não acontece por conta da bomba Na+/K+. A bomba é uma proteína integral da membrana formada por suas subunidades diferentes: uma catalítica que atravessa a membrana (α), que tem sítios intracelulares de ligação para Na+ e ATP e sítios extracelulares para K+, e uma glicoproteica reguladora (β). O ATP transfere fosfato para a subunidade α em presença de NA do lado de dentro e K do lado de fora. A energia dessa reação de fosforilação possibilita a exteriorização de 3 moléculas de NA em troca de duas de K levadas ao interior do neurônio. Esses movimentos iônicos se dão contra o gradiente de concentração.
3.5. Neurônios em Atividade: O Potencial de Ação
	A fase de despolarização do PA é causada por uma súbita abertura dos canais de sódio voltagem dependentes, que permite um movimento lento dos íons NA+ para dentro do axônio. Os canais de Na+, então, tornam-se inativos, o que faz cessar em alguns milissegundos a passagem de sódio. Neste momento entra em cena o potássio, cujos canais voltagem dependentes abrem-se mais lentamente que os de sódio. A saída de K+ restaura a polaridade da membrana aos níveis iniciais de repouso, mas durante um certo tempo ela permanece inexcitável, chamado de período refratário. Mais tarde os canais voltam ao estadode repouso e o axônio torna-se outra vez excitável. Além disso, a bomba Na+/K+ se encarrega de restaurar o gradiente eletroquímico original. 
3.6. A propagação dos sinais elétricos dos axônios
	Depois do segmento inicial o axônio assume uma forma cilíndrica e se estende como um tubo sinuoso através do SN até atingir suas células alvo. Alguns ramos, chamados colaterais, emergem próximo ao corpo celular Outros colaterais emergem mais distalmente e podem alcançar diferentes regiões do SN. Na extremidade de cada colateral, o axônio se bifurca e se ramifica varias vezes. Nas extremidades desses ramos que se estabelecem as sinapses com as células alvo. Alguns axônios possuem bainha de mielina, outros não.
	A membrana do axônio mielínico e de seus ramos possui grande densidade de canais iônicos em toda sua extensão, sendo portanto, altamente excitável. Quando se abrem os canais de Na+ da zona de disparo e surge um potencial de ação, a membrana fica com polaridade oposta à das regiões vizinhas. Para o lado do soma, cujo limiar de excitabilidade é mais alto, essas correntes locais não são suficientemente intensas para provocar abertura dos canais iônicos voltagem dependentes. Embora o potencial de ambas as regiões vizinhas ao PA esteja igualmente próximo ao nível de repouso, os canais de trás das regiões excitadas estão em estado inativo porque a membrana dessa região acabou de produzir um PA tornando-se inexcitável (período refratário). Ao contrário, os canais da frente estão excitáveis.
	O potencial de ação é um fenômeno auto-regenerativo ou auto-propagavel, isto é, algo que se multiplica em cada local vizinho da membrana cujo potencial é levado ao limiar pelas correntes locais. Deve-se à essa propriedade o fato de que nos pontos de bifurcação ambos os ramos possuem potencial idêntico. Os axônios mais calibrosos apresentem menor resistência axoplasmatica às correntes iônicas, portanto apresentam maior velocidade de propagação do PA. O intervalo entre as bainhas é chamado nó de Ranvier. O potencial gerado em um dos nós produz uma corrente local do mesmo modo que nos axônios amielínicos. O nó anterior não é excitado porque está em período refratário.
3.7. Potencial de ação é a unidade de código de linguagem do cérebro
	Lei do tudo ou nada: expressão que significa que o PA ocorrerá em um local da membrana ou não ocorrerá de todo. A explicação é a seguinte: emboira os parâmetros do PA não mudem em cada neurônio, o intervalo de tempo entre os PAs é altamente variável e é justamente a variação da frequência de disparo dos nêuronios que lhes permite veicular em código diferentes mensagens.
4. O gliocito e o sistema polivalente do SN
4.1. Células da glia
	No SNC considera-se 2 grandes classes: a macroglia e a micróglia, assim chamadas pelas dimensões de seus corpos celulares. A macroglia é formada pelos astrócitos e oligodendrócitos, tem origem embrionaria ectodérmica como os neurônios. A micróglia é formada por um conjunto homogêneo de células de origem mesodérmica semelhantes a células do sistema imune em estrutura e função.
	Os astrócitos possui prolongamentos muito numerosos que ocupam os meandros do espaço interneuronal, envolvendo sinapses e nós de Ranvier, formando verdadeiras capas envoltórias a partir dos capilares sanguíneos do SN e constituindo o revestimento interno das cavidades intracerebrais e meníngeas. 
	Os prolongamentos dos oligodendrócitos fasciculares formam expansões aplanadas que se enrolam em torno dos axônios centrais formando as bainhas de mielina. As células da micróglia tem corpo pequeno e alongado com poucos prolongamentos que se ramificam moderadamente. Tem origem mesodérmica podendo penetrar no sistema nervoso pela corrente sanguínea e são capazes de fagocitose. Apresentam-se em duas formas básicas: os microgliócitos ramificados, que não proliferam e nem atuam em processos patológicos, e os microgliócitos ameboides, que tem atividade fagocítica e proliferam bastante na vigência de agressões e traumatismos do SNC.
4.2. Nutrição e metabolismo neuronal
	Pedículos astrocíticos rodeiam as sinapses centrais, apresentam moléculas receptoras na membrana capazes de ligar-se a certos neurotransmissores como GABA e glutamato, que são interiorizados pelos astrócitos e exportados de volta aos neurônios para possibilitar a ressíntese de gaba e glutamato. Esse mecanismo atua no controle de excesso de neurotransmissores nas sinapses. Outros pedículos astrociticos estão em contato próximo com os axônios e possuem grande densidade de canais de potássio e proteínas transportadoras de íons como a bomba de Na+/K+. excesso de potássio que alcança o meio extracelular quando o neurônio dispara PAs, é transportado para o citoplasma dos astrócitos restabelecendo mais rápido o ambiente eletroquímico normal. O terceiro grupo de pedículos astrocíticos forma um denso revestimento da parede dos capilares cerebrais, que são fortemente unidas por junções oclusivas que impedem essa troca de moléculas, sendo importantes para o funcionamento da barreira hematoencefálica.
	Os astrócitos apresentam a capacidade proliferativa quando ocorrem lesões no SN. Se deslocam para as proximidades da lesão formando uma cicatriz glial ao seu redor (gliose). Os astrócitos são capazes de produzir fatores tróficos que, se liberados na região da lesão, contribuem para a sobrevida dos neurônios atingidos e os antígenos exteriorizados na membrana astrocítica provocam ação defensiva do sistema imune (linfócitos T).
	
Capitulo 4
Sinapses Elétricas: Sincronizadores Celulares
Existem sinapses elétricas no SNC e elas se dão por junções comunicantes (GAP junctions). A junção comunicante é uma região da membrana que possui canais iônicos especiais, os conexons formados por 6 subunidades proteicas (conexinas), que podem se acoplar quimicamente e formar canais de grande diâmetro. Quando um conexon se acopla ao de outra celular, elas são ditas acopladas, dessa forma quando uma célula entra em atividade as correntes iônicas passam diretamente para a outra célula pelas junções comunicantes. Esse tipo de transmissão é ultrarrápida. O acoplamento pode ser ligado e desligado pela variação de componentes metabólicos como: pH, [] de Cálcio e despolarização de membrana. 
Nesse tipo de transmissão não há processamento da informação, pois os potenciais gerados em uma célula passam sem alteração para a outra. Esse processo acontece durante a diferenciação dos neurônios juvenis e nos adultos em neurônios do tronco encefálico responsáveis pelo controle do ritmo respiratório (área respiratória).
Sinapses Químicas: Processadores de Sinais
O espaço entre as membranas nessa região é a fenda sináptica, ocupada por uma matriz proteica adesiva que favorece a fixação das duas células e a difusão das moléculas no seu interior. A transmissão é unidirecional, assim a primeira célula constitui o elemento pré-sináptico e a segunda célula o elemento pós-sináptico. 
O terminal pré-sináptico possui vesículas sinápticas (menores) e grânulos secretores (maiores e eletro-densos). Além disso, possuem pequenas estruturas de forma cônica ou piramidal chamadas de zonas ativas.
A informação que chega ao pré-sináptico é na forma de potenciais de ação, ou seja, elétrica, ocorre então a conversão em informação química. Os potenciais de ação causam a liberação das substancias do interior das vesículas e grânulos, os chamados neuromediadores. Estes podem causar na pós sináptica duas ações: (1) reconversão em informação elétrica, gerando novo potencial de ação; ou (2) transferência da informação química para uma cadeia de sinais moleculares (variáveis). 
As sinapses químicas permitem a modulação da transmissão, em (1) há interferência no conteúdo durante a sinapse e em (2) a quantidade de neuromediador liberado pode não ser capaz de gerar a mesma atividade no pós-sináptico.
As sinapses podem ser excitatórias ou inibitórias. E ser entre axônio e dendritos (axodendritica), axônio e corpo celular (axossomatica) e entre axônio e axônio (axoaxonica). Podem ser simétricas e assimétricas. Assimétricas são com espessuras de membrana pré e pós-sinápticas iguais com vesículas achatadas e de caráter inibitorio e as assimétricas quando a espessura da pós-sináptica é maior com vesículas esféricas de caráter excitatório.
Transmissão Sináptica
Possui 5 etapas: (1) síntese, transporte e armazenamento de neuromediadores; (2) deflagração e controle da liberação dos neuromediadores; (3) difusão e reconhecimento pela célula pós-sinaptica; (4) deflagração do potencial sináptico; (5) desativação do neuromediador.
A célula recebe milhares de sinapses em seus dendritos e corpo celular, o resultado final depende da interação sináptica entre todas essas sinapses.
1. Síntese, transporte e armazenamento
Existem dois tipos de neuromediadores: os neurotransmissores e os neuromoduladores. Os neurotransmissores são os aminoácidos, aminas e purinas e os neuromoduladores são os peptídeos, lipídios e gases.
O neurônio pré-sináptico deve ser capaz de sintetizar seu neurotransmissor e os neuromoduladores. Os aminoácidos estão disponíveis no citoplasma de todas as células do organismo, sendo sintetizados a partir da decomposição da glicose e proteínas. É o que ocorre com o glutamato e a glicina. O GABA é sintetizado nos terminais a partir do glutamato. As aminas são sintetizadas nos terminais axonicos, a acetilcolina, por exemplo, é sintetizada a partir da colina pela colina-acetiltransferase. As indolaminas, como a serotonina, são sintetizadas a partir do triptofano (aminoácido) através de reações enzimáticas. As catecolaminas, adrenalina e noradrenalina, são produzidas a partir da tirosina (aminoácido). Os neurotransmissores são armazenados em vesículas sinápticas. 
Os neuromoduladores peptidicos são sintetizados no RER e quebrados em moléculas menores e armazenados em grânulos secretores no aparelho de Golgi. Os grânulos são transportados pelo fluxo axoplasmático anterógrado até os terminais sinápticos. Os neuromoduladores lipídicos e gasosos não podem ser armazenados em grânulos e seguem um fluxo retrogrado, agindo sobre o pré-sináptico de forma difusa. 
2. Deflagração e controle da liberação dos neuromediadores
Os potenciais de ação chegam ao terminal sináptico, na forma de ondas de despolarização e alcançam as zonas ativas. A membrana terminal, em espacial a face da fenda sináptica, possui uma grande quantidade de canais de Ca++ dependentes de voltagem. A despolarização provoca a abertura desses canais e promove a passagem de íons Ca em grande quantidade para interior terminal. O aumento súbito da [] de Ca provoca a exocitose e consequente liberação do conteúdo das vesículas na fenda sináptica.
As zonas ativas funcionam como ponto de ancoragem das vesículas. Os grânulos secretores não se ancoram as zonas ativas, tornando a liberação de seu conteúdo mais difícil, para que isso ocorra são necessárias altas frequências de potenciais de ação, que elevem suficientemente a [] de Ca para que aconteça a exocitose.
Assim, baixas frequências provocam exocitose de vesículas, e altas frequências a de mais vesículas e também de grânulos. A frequência dos potenciais de ação controla a quantidade de neurotransmissores e neuromoduladores liberados na fenda sináptica. Essa é a essência da conversão elétrico-química. 
Através da endocitose o terminal pode recaptar neurotransmissores e seus percursores e outras moléculas disponíveis no meio extracelular cirlulante. Mecanismo invalido para os grânulos. 
3. Difusão e reconhecimento pela célula pós-sináptica 
O resultado final é uma alteração no potencial da membrana pós-sináptica, chamado potencial pós-sináptico. Na membrana existem moléculas receptoras de natureza proteica capazes de estabelecer uma ligação especifica com um neurotransmissor ou neuromodulador.
Existem duas classes: (1) os ionotrópicos, são canais iônicos dependentes de ligantes; (2) metabotrópicos, efeitos são produzidos indiretamente pela proteína G ou através de ação enzimática efetuada pelo próprio receptor.
3.1. Ionotrópicos: o neuromediador se liga ao receptor e muda a conformação tridimensional (alosteria), essa reação química causará a abertura do canal. Os receptores não são seletivos para íons específicos, dessa forma, se predominar a o fluxo de Na o receptor terá efeito despolarizante , gerando um potencial pós-sináptico excitatório – PPSE. Se predominar o fluxo de Cl (fora p/ dentro) ou de K (dentro p/ fora) a reação ligante-receptor irá resultar em uma hiperpolarização, gerando um potencial pós-sináptico inibitório – PPSI.
3.2. Metabotrópicos: a transmissão da mensagem é indireta, ou seja, através de reações intracelulares que podem fosforilar os canais iônicos independentes de receptor nas regiões adjacentes ou provocar outro efeitos metabólicos. As reações intracelulares são iniciadas pela proteína G que em repouso possuem 3 subunidades αβγ e uma molécula de GDP. Ao mudar a conformação alostérica do receptor a proteína G troca o GDP por GTP e libera a porção α que irá ligar-se a proteínas efetoras, transformando a mensagem química em um potencial de ação pós-sináptico, seja provocando reações bioquímicas diversas ou abrindo os canais iônicos.
A maior diferença entre os ionotrópicos e metabotrópicos está na velocidade de ação. Os metabotrópicos que utilizam segundo mensageiros são mais lentos. A proteína G tem uma seletividade funcional, isso significa que um mesmo receptor pode, sofrer ativação por substancias exógenas distintas.
4. Deflagração do potencial sináptico
A quantidade de neurotransmissor liberado na fenda sináptica é proporcional a frequência dos potenciais de ação. As mensagens transmitidas no SNC envolvem muitas sinapses sobre um mesmo neurônio. A interação entra as muitas sinapses, que incidem sobre ele é a essência do desempenho do sistema nervoso como um sistema inteligente. Quantidades suficientes de neurotransmissores deflagram o potencial de ação sináptico.
Caso a proteína G não atue sobre um canal iônico vizinho, mas sobre uma enzima da membrana pós-sináptica, cuja função é produzir um mensageiro químico que atue mais longe da membrana, um segundo mensageiro. Desta forma, a transmissão sináptica é mais lenta. 
A ação do segundo mensageiro é ativar uma cascata enzimática que pode produzir alterações metabólicas intracelulares, não produzindo um potencial sináptico, mas produzindo alterações de longo prazo no desempenho funcional do neurônio. Esse mecanismo pode sofrer neuromodulação. Neuromoduladores são substâncias que influenciam na velocidade da ação dos neutransmissores, tornando-as mais rápidas e eficientes.
Os segundos mensageiros são os AMPc, GMPc e o sistema fosfoinositol. O AMPc , formado a partir da degradação do ATP pela proteína G, ativa a proteína-cinase (PKA) que exerce ação fosforilante sobre os canais de K, causando hiperpolarização. No sistema fosfoinositol a proteína G liga-se a fosfolipase (PLC) que tem como substrato o PIP2 que é degrado em duas porções: a DAG e a IP3. A DAG ativa a PKC, enzima fosforilante de substratos metabólicos diversos. A IP3 liga-se a receptores do RE provocando a saída de Ca, que por sua vez irá ativar diversas reações metabólicas. GMPc é utilizados por neuromoduladores de ação retrograda, facilitando a transmissão sináptica que causam a sua liberação, cria-se um mecanismo de retroação positiva (esse mecanismo pode estar ligado a memória).
Os neuromoduladores gasosos (NO e CO) possuem ação sobre o endotélio das arteríolas cerebrais, causando sua vasodilatação e aumento do fluxo sanguíneo local. Os neuromoduladores lipídicos tem ação sobre receptores CB1 e CB2 na membrana pré-sináptica, influenciando a liberação de seus neuromediadores.
5. Desativação do neuromediador
A interrupção da transmissão sináptica ocorre de 3 formas: (1) receptação do neuromediador; (2) degradação enzimática do neuromediador e; (3) difusão lateral.
A receptação é feita pelas proteínas transportadoras especificas presentes na membrana pré-sináptica e nos astrócitos, são dependentes de ATP (energia) para sua atividade e dependem da presença de cátions parafuncionar.
A degradação enzimática é utilizada nas sinapses colinérgicas, adrenérgicas, histaminérgicas e peptidérgicas. É realizada por enzima especificas para cada neuromediador.
A difusão lateral é o mecanismo responsável pelo desligamento dos neuromoduladores peptídicos, que serão degradados por peptidases no meio extracelular.
Integração Sináptica
É a computação de múltiplos sinais sinápticos que dependem da (1) cotransmissão e coativação dos neuromediadores e receptores, respectivamente; (2) da quantidade de potenciais sinápticos inibitórios e excitatórios gerados e; (3) da localização das sinapses (topografia).
A cotransmissão é o processo pelo qual são liberados dois neurotransmissores que em ação conjunta na mesma sinapse provocam a coativação de receptores diferentes, amplificando o potencial sináptico.
Os neuromediadores geram PPSEs e PPSIs que num intervalo de tempo se somam para produzir um potencial sináptico efetivo, isso é chamado de somação temporal. Quando o PPSE é insuficiente e outros potenciais auxiliam na despolarização diz-se que o neurônio sofre facilitação.
Em cada pequena região dos dendritos e da soma estará acontecendo sinapses, dessa forma, quanto mais próxima à sinapse estiver da zona de disparo, mais fácil será gerar um potencial sináptico efetivo, pois o potencial dissipa-se com a distância, assim á fácil de supor que sinapses topograficamente longe da zona de disparo percam amplitude do potencial durante a propagação. Sendo assim, a ponta de um dendrito precisa produzir uma PPSE de grande amplitude para ao menos facilitar a zona de disparo.
Capítulo 5 – Neuroplasticidade
	A capacidade de adaptação dos neurônios ou do sistema nervoso chama-se neuroplasticidade ou plasticidade, um conceito amplo que se estende desde as respostas a lesões traumáticas destrutivas até processos de aprendizagem e memoria.
	Durante o desenvolvimento ontogênico o sistema nervoso é mais plástico pois encontra-se no período critico. Depois que o organismo atinge a maturidade sua capacidade plástica diminui sentado assim chamada plasticidade adulta. Na plasticidade ontogênica os mecanismos celulares são semelhantes aos mecanismos do desenvolvimento normal. Já na plasticidade adulta ocorre uma reativação da expressão dos genes do desenvolvimento. 
	Em alguns casos ocorrem mudanças morfológica resultantes das alterações ambientais: uma plasticidade morfológica. Nesta, novos neurônios são gerados numa dada região, ou neurônios desaparecem por morte celular programada (apoptose). São também novos circuitos neurais que se formam pela alteração do trajeto de fibras nervosas, uma nova configuração da árvore dendrítica do neurônio, ou modificações no numero e na forma das sinapses e das espinhas dendríticas. Em outros casos há mudanças funcionais, sem alterações morfológicas: a plasticidade funcional. Esta está ligada a atividade sináptica de um determinado circuito ou um determinado grupo de neurônios. Essas mudanças produzem mudanças no comportamento: uma plasticidade comportamental. 
Regeneração axônica periférica 
	Os nervos periféricos lesados são suscetíveis a regeneração. A sobrevivência do soma é fundamental, porque sob seu comando ocorre o recrescimento axônico, a partir da reexpressão de genes do desenvolvimento. Isso só ocorre na exixtencia de um microambiente propicio ao crescimento axônico. 
	A lesão do axônio periférico separa-o em dois cotos: coto distal, situado entre a lesão e o alvo denervado; e o coto proximal, que permanece conectado ao corpo celular. O coto distal degenera, a mielina se desorganiza e os produtos da degeneração são removidos por células de Schwann que começam a se proliferar. Além disso, macrófagos começam a sintetizar fatores neurotróficos que estimulam o crescimento do axônio lesado. O coto proximal também sofre alterações morfológicas. No soma a fragmentação e rarefação da substancia de Nissl, processo chamado cromatólise. O corpo celular se recupera e programa uma expressão genica que desenvolve a maquinaria de síntese proteica que recomeça a funcionar sob estímulos dos fatores neurotróficos. O coto proximal se transforma em um cone de crescimento. A estrutura degenerada do coto distal fornece um arcabouço para o crescimento regenerativo, pois os axônios regenerantes seguem os fragmentos do coto distal degenerado e formam sinapses funcionais capazes de restabelecer a função perdida.
Regeneração axonica central 
	A lesão dos axônios centrais provoca a morte de muitos dos neurônios atingidos, os que sobrevivem não conseguem produzir reações degenerativas. Em um microambiente igual ao do sistema nervoso periférico axônios do SNC são capazes de se regenerar. Isso acontece porque os neurônios centrais são fortemente dependentes de fatores tróficos que estão em falta no SNC porque as células gliais que produzem mielina no SNC , os oligodendrócitos, não os produzem, diferentemente das células de Schwann e macrófagos. Os microgliócitos além de não produzirem fatores tróficos, liberam moléculas que inibem a regeneração. 
	Os oligodendrócitos sintetizam proteínas incorporadas à mielina central que apresentam forte efeito inibitório do crescimento axônico. São conhecidas como proteínas Nogo 	que ao se ligarem a moléculas especificas posicionadas na membrana dos cotos proximais, disparam uma cadeia de reações que imobilizam os cones de crescimento. Os astrócitos sintetizam proteoglicanos e glicoproteínas com forte ação antirregenerativa. A intensa proliferação e concentração glial nas redondezas da lesão produz uma matriz extracelular hostil que dificulta mecânica e quimicamente a progressão dos axônios regenerantes. Os gliócitos na fase adulta expressão moléculas inibidoras do crescimento axônico que delimitam bordas permissíveis para o crescimento de fibras nervosas e a formação dos feixes no SNC.
Plasticidade axônica ontogênica
	Este tipo ocorre duramente o período critico, ou seja, dependem da idade do animal, assim animais jovens possuem maior plasticidade, pois seus axônios se desenvolvem sob controle e influência do ambiente. Os períodos críticos são aqueles em que ocorre maior plasticidade. No caso da linguagem o período crítico pode estender-se até a adolescência, para a visão (circuitos binoculares) o período crítico vai até os 10 anos de idade.
Plasticidade axônica adulta
	Os neurônios adultos são capazes de alterar os circuitos axônicos, sendo assim o cérebro adulto seria dotado de plasticidade axônica. Isto pode ser explicado pela existência de brotamento colateral, ou seja, o aparecimento de ramos colaterais dos axônios de regiões não lesadas com posterior crescimento para as regiões cerebrais vazias. 
Plasticidade dendrítica ontogenética 
	O desenvolvimento dendrítico depende da expressa das instruções genéticas próprias do tecido nervoso. Existe uma substancia trófica liberada pelas fibras aferentes situadas em torno do soma, chamada BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro) que seria responsável pelo ajuste da forma dos dendritos pela formação das sinapses sobre eles. No córtex cerebral o crescimento e a arborização do dendrito apical, dos neurônios piramidais, são regulados por moléculas atratoras e repulsoras expressas na superfície do córtex.
Plasticidade dendrítica adulta
	A árvore dendrítica básica de cada neurônio torna-se relativamente consolidada no adulto. Porém, já se encontrou aumento do comprimento e de ramificações dendríticas, como concomitante aumento do numero de sinapses, em adulto submetido a ambientes enriquecidos. A plasticidade estrutural que se pode observam nos dendritos restringe-se às espinhas dendríticas (pequenas protrusões que emergem dos troncos dendríticos, formadas por um talo fino com extremidade esferoide). As espinhas dendríticas não são estáticas mas sim altamente instáveis e móveis, essa intensa motilidade é possibilitada pela grande concentração de actina (molécula contrátil do citoesqueleto) no interior das espinhas.
Plasticidade Sináptica
	 A transmissão de informações entre dois neurônios deve ser facilitadae tornar-se estável quando ocorre coincidência temporal (sincronia) entre os disparos do primeiro e do segundo neurônio. 
	Quando o estimulo é muito fraco o reflexo ocorre nas primeiras vezes em que é aplicado, mas com a repetição a contração diminui e o reflexo acaba desaparecendo, fenômeno chamado habituação. Quando se apresenta um estimulo muito forte uma vez, provocando a imediata retirada da parte estimulada, e logo depois se toca de leve a mesma ou outra região, ocorre uma contração ainda maia forte que a anterior, fenômeno chamado sensibilização. Quando o estimulo forte é aplicado várias vezes, a sensibilização prolonga-se no tempo tornando-se duradoura.
· Habituação e Sensibilização (VIDE Capítulo 18)
· Potenciação de Longa Duração
Pode ser caracterizada pelo seu curso temporal: uma fase inicial (minutos), uma fase precoce (horas) e uma fase tardia (horas, semanas ou vida inteira).
A LTP depende de uma ativação retrógrada de um pré-sináptico pelo pós-sináptico. Isso acontece porque a liberação de neurotransmissores pelo pré-sináptico ativam segundos mensageiros no pós-sináptico que produzem NO, um neuromodulador com sentido retrógrado, que age sobre o pré-sináptico aumentando a liberação do neurotransmissor que o produziu.
No hipocampo isso acontece entre os colaterais de Schaffer e as espinhas dendríticas. Os colaterais liberam glutamato que atuam sob as espinhas dendríticas ativando os receptores não-NMDA que abrem canais de Na+ e K+ provocando uma despolarização esta remove o íon Mg++ do canal NMDA e este de abre, aumentando o influxo de Ca++. Nesse momento também é ativado o receptor glutamatérgico metabotrópico que através da PLC causa liberação de Ca++ do reticulo endoplasmático ativando cinases dependentes de Ca++. Estas ativam a NO-sintase a produzir NO na membrana pós-sináptica que terá efeito sobre a membrana pré-sináptica promovendo a maior liberação de glutamato produzindo mais PPSEs. 
· Depressão de Longa Duração
Nesse caso ocorre a ativação de fosfatases dependentes de Ca++ que são enzimas desfosforilantes que ao contrario das cinases retiram por endocitose receptores glutamatérgicos causando depressão da resposta. 
Plasticidade Somática
	Há evidencias da existência no SN de que um pequeno estoque de células tronco na zona subventricular que circundam os ventrículos laterais e na camada subgranular do giro dentado do hipocampo. Trata-se de regiões localizadas na parede rostral dos ventrículos laterais, que geram neurônios para o bulbo olfatório, e uma camada celular no giro dentado do hipocampo. As células-tronco são capazes de autorregeneração e multipotencialidade, ou seja, são capazes de gerar neurônios e gliócitos de tipos diferentes. 
Capitulo 6
Sensação é a capacidade que os animais apresentam de codificar certos aspectos da energia física e química que os circunda, representando-os como impulsos nervosos capazes de serem compreendidos pelos neurônios. Os sistemas sensoriais representem os conjuntos de regiões do sistema nervoso, conectadas entre si, cuja função é possibilitar as sensações. A percepção é a capacidade de vincular os sentidos a outros aspectos da existência, como o comportamento e o pensamento, ela está presente em todos os sentidos, sendo assim é importante para diferenciar objetos, pessoas e etc. A informação sensorial, além da percepção: (1) permite o controle da motricidade; (2) a regulação das funções orgânicas; e (3) a manutenção da vigília. 
Existem 5 modalidades sensoriais, são elas: visão; audição; somestesia; gustação e olfação, acompanhadas de suas respectivas submodalidades sensoriais que são aspectos qualitativos particulares. Cada modalidade sensorial é caracterizada através de 3 atributos, são eles: (1) localização espacial; (2) intensidade e (3) duração.
O sistema sensorial é composto de neurônios interligados formando circuitos neurais que processam a informação que chega do ambiente, sendo esta o estimulo sensorial. Os estimulo sensoriais são captados através dos receptores que são células de primeira ordem, podendo ser neurônios ou não e se conectam com os neurônios de segunda ordem através de sinapses e estes com os de terceira ordem e assim por diante. As informações que são passadas dos receptores até o córtex cerebral são levadas através de vias aferentes pela região dorsal da medula espinhal. 
Os sistemas sensoriais são responsáveis por realizar a tradução da informação contida nos estímulos ambientais para a linguagem do sistema nervoso. A primeira etapa desta função é realizada pelos receptores e se chama transdução que consiste na transformação da energia do estimulo ambiental em potenciais bioelétricos. Geralmente, o primeiro potencial que resulta da transdução é chamado potencial receptor ou gerador e são responsáveis por provocar a gênese de potenciais de ação que geram a transmissão sináptica.
Princípios gerais e funcionamento dos Receptores
Os receptores são divididos em 5 tipos funcionais, cada um deles subdivididos em diferentes tipos morfológicos, são eles: mecanorreceptores; quimiorreceptores; fotorreceptores; termorreceptores e nociceptores.
Os mecanoceptores são sensíveis a estímulos mecânicos contínuos ou vibratórios. Os nociceptores são sensíveis a estímulos lesivos oriundos de diferentes formas de energia e estão presentes na derme como terminações nervosas livres. Os quimioceptores são sensíveis a estímulos químicos que estão presentes no ar, nos alimentos, no sangue e outros fluidos corporais. Os fotoceptores são sensíveis a estímulos luminosos. Os termoceptores são sensíveis a variações térmicas e estão presentes na superfície corporal e também no próprio hipotálamo. 
Lei das Energias Específicas
Ela considera que cada sentido está relacionado com uma e apenas uma forma de energia. Porém, não são os sentidos que são específicos e sim os receptores. A transdução é realizada pelos receptores moleculares que absorvem a energia ambiental e, ao mudar de conformação tridimensional, geram sinais bioeletricos ou bioquímicos que conteram a informação original, transferindo-a para os neurônios seguintes até o cérebro. Um receptor só será ativado quando a intensidade do estimulo alcançar o limiar de sensibilidade. Cada tipo de receptor ao enviar informações até o córtex cerebral utiliza de vias específicas, chamadas linhas sensoriais exclusivas.
Transdução
A transdução consiste da absorção da energia do estimulo seguida da gênese de um potencial bioeletrico lento que é o potencial receptor ou gerador, e ocorre na membrana do receptor pela abertura dos canais iônicos (diversos). Ela possui característica analógica, ou seja, o potencial gerador é diretamente proporcional à intensidade e duração do estímulo. 
Codificação
Consiste na representação do estimulo sensorial por um código digital, pode ocorrer no receptor, em uma segunda célula conectada com o receptor através de uma sinapse química, ou mesmo em um terceiro ou quarto neurônio da cadeia sensorial. Após o potencial gerador é constatado a presença de salvas de potencias de ação na fibra, cuja frequência de disparo é proporcional à amplitude do potencial receptor a duração é a mesma deste. A codificação é determinada pelo código de frequências e pela duração da salva de potencias de ação da fibra. Assim, os potenciais são recebidos pelo SNC como mapas topográficos que são organizados por meio de: agrupamentos de fibras nervosas e corpos neuronais lado a lado. Na modalidade somestesica chama-se somatotopia e na visual visuotopia ou retinotopia no caso da retina. Toda célula sensorial é ativada por uma porção restrita do ambiente, o campo receptor. Os campos receptores são classicamente definidos como áreas circunscritas do espaço sensorial, capazes de influenciar os neurônios dos diversos níveis do sistema nervoso central. Esses campo são dinâmicos, podendo expandirem-se, contraírem-se ou deslocarem-se em função de diferentes influencias como a tensão, estresse e cansaço.
Adaptação
Quando um estímulo se inicia, o potencial receptor atinge uma certa amplitude e logodecresce a um valor menor que depois se torna estável. Existem duas forma de adaptação: uma lenta e um rápida. A lenta ou tonica é aquela cujo potencial receptor decresce lentamente pouco depois de atingir amplitude proporcional ao estimulo, até atingir um nível estável e cessar quando o estimulo é interrompido, caracterizando estimulo duradouros. Os de adaptação rápida ou fasicos são aqueles cujo potencial receptor decresce muito e rapidamente, depois de atingir a amplitude proporcional ao estimulo, podendo chegar a 0. Quando o estimulo é aplicado, o potencial de repouso atinge um certo nível, mas depois volta a 0 durante a persistência do estimulo. Quando este é interrompido há um segundo pico de potencial de repouso, às vezes de polaridade inversa e finalmente cessa o potencial. Esse tipo de adaptação representa o inicio e o fim de um estimulo, o ligar e o desligar.
O mecanismo de adaptação envolve a inativação de canais de Na e Ca abertos pelo estimulo sensorial, ou a ativação de canais de K, cujo fluxo iônico tem sentido oposto ao dos primeiros. 
Receptores da sensibilidade corporal
Terminações livres: são arborizações responsáveis pelo tato protopatico, dor, temperatura e propriocepção e possuem adaptação lenta pouca ou nenhuma.
Paccini: fibras encapsuladas por tecido conjuntivo responsáveis por estímulos vibratórios rápidos e textura de objetos com adaptação rápida, ficam localizados profunda.
Meissner: são fibras encapsuladas por tecido conjuntivo e responsáveis por estímulos vibratórios lentos e pela identificação de texturas, são de adaptação rápida e se localizam entre a derme e a epiderme. Estão principalmente na polpa digital.
Ruffini: fibras encapsuladas na derme profunda e são responsáveis pela sensação de deformação continua da pele, possuem adaptação lenta. 
Discos de Merkel: são arborizações das extremidades das fibras mielínicas responsáveis pelos estimulo de tato e pressão continuas, possuem adaptação lenta e se localizam na epiderme. Formam o órgão receptor da cúpula de Iggo. 
Bulbos de Krause: são sensíveis ao estimulo do frio e se localizam entre a epiderme e mucosas. 
Terminais dos folículos pilosos: são fibras sensoriais mielínicas que se espiralam em torno da raiz dos pelos são sensíveis ao estimulo de deslocamento dos pelos e também aos movimentos e contatos iniciais dos objetos, possuem adaptação lenta e rápida. 
Receptores da audição e do equilíbrio
Os receptores da audição são células de origem epitelial com estereocílios localizadas no interior da cóclea, especificamente no canal médio, são responsáveis pelo processo de transdução. Estabelecem sinapses com neurônios de segunda ordem que realizam a codificação do estimulo.
A estrutura do ouvido é constituído de 3 partes: externo, médio e interno. O ouvido externo é constituído de pavilhão auricular, concha e no meato acústico externo, responsáveis pela concentração e amplificação dos sons. A membrana timpânica separa o ouvido externo do ouvido médio e responde aos estímulos sonoros através de vibrações. O ouvido médio é uma cavidade preenchida de ar e possui 3 estruturas osseas: martelo, bigorna e estribo; responsáveis por transmitir as vibrações do tímpano para a janela oval, além de possuírem um mecanismo de amplificação do som. O ouvido interno é uma cavidade óssea preenchida de liquido, a cóclea, onde estão localizados os receptores auditivos. A janela oval da cóclea é responsável por transmitir as vibrações dos ossículos do ouvido médio para o meio liquido que preenche a cóclea, a perilinfa (rico em Na e pobre em K) e endolinfa (rico em K e pobre em Na). A perilinfa preenche os canais timpânico e vestibular da cóclea e a endolinfa o canal médio da cóclea, no qual encontram-se os receptores tendo em sua base membrana basilar, muito sensível as vibrações e sobre eles a membrana tectorial rígida e menos sensível as vibrações. Os receptores possuem estereocílios que deslocados pela crista da onda de vibração causam despolarização e quando deslocados pelo vale da onda, causam hiperpolarização, gerando um potencial bifásico.
O órgão vestibular é constituído de 2 partes: os órgãos otoliticos (2) e canais semicirculares (3). Os órgãos otoliticos são responsáveis pela detecção da posição estática e aceleração linear. Os canais semicirculares são responsáveis pela detecção da aceleração rotacional. Os receptores são também células de origem epitelial ciliadas, e estão situado em pontos restritos chamados maculas, no caso dos órgãos otoliticos, e ampolas, no caso dos canais semicirculares. Os estereocilios estão ancorados em espessa lamina gelatinosa sobre os quais estão incrustadas concreções minerais, chamadas otólitos. No caso dos canais semicirculares os estereocilios estão embebidos em uma estrutura gelatinosa chamada cúpula que forma uma espécie de embolo, vedando o canal. 
Receptores da visão
 O olho é estruturado da seguinte forma. A córnea mais externa que é uma calota esférica responsável pela convergência inicial dos raios luminosos. Logo após encontra-se a câmara anterior preenchida pelo humor aquoso que banha a superfície anterior do cristalino, sendo este uma lente biconvexa, transparente e com formato variável, promovendo a focalização da imagem. Na parte anterior do cristalino existe um orifício formado pela íris (região pigmentada do olho) chamado pupila que funciona como um diafragma, variando seu diâmetro e controlando a intensidade luminosa. A câmara posterior ao cristalino é formado pelo humor vítreo que toca a retina. A retina é originada da vesícula prosencefalica embrionária e é rica em neurônios e fotorreceptores. É constituída de 7 camadas: (1) camada fotoceptora; (2) camada nuclear externa; (3) cama plexiforme externa; (4) camada nuclear interna; (5) cama plexiforme interna; (6) camada de células ganglionares; e (7) fibras opticas (que formam o nervo optico). A camada mais externa possui células epiteliais pigmentadas, responsáveis em impedir a reflexão e renovar os receptores.
A camada fotoceptora contem os fotorreceptores que são de 2 tipos: cones e bastonetes. Os cones são mais curtos e responsáveis pela sensibilidade espectral (cores) e estão localizados em sua maioria na região da fóvea, área de maior acuidade visual. Os bastoneste são mais longos, se localizam em sua maior parte na retina periférica e são sensíveis a baixas intensidades luminosas.
Os fotorreceptores possuem um pigmento capaz de absorver seletivamente a luz, este fotopigmento é a rodopsina no caso dos bastonetes. A rodopsina é uma proteína integral de membrana constituída de opsina e retinal, através da absorção da luz ela muda sua conformação alosterica e ativa a transducina (um tipo de proteína G que se liga a opsina) que libera sua subunidade α pela ligação com o GTP formado pela incidência de luz, esta subunidade por sua vez promove a hidrolisação do GPMc, diminuindo a sua concentração intracelular o que fecha os canais de Na e Ca, promovendo a hiperpolarização da célula, gerando um potencial receptor. Com essa hiperpolarização ocorre a inibição da liberação de glutamato da fenda sináptica, promovendo na célula de segunda ordem sinais ainda analógicos que serão codificados somente no neurônio de terceira ordem com a geração de potenciais de ação. Com isso, conclui-se que a despolarização é causada pelo escuro através da recomposição da transducina. 
Receptores da olfação e gustação
Os quimioceptores olfatórios são neurônios bipolares localizados na mucosa olfatória, os dendritos alcançam a superfície interna do nariz e emitem cílios que ficam imersos no muco da cavidade nasal, estes cílios são os receptores da membrana do neurônio e são eles que realizam a transdução através de receptores metabotropicos na membrana, que através da alosteria ativam a proteína G e a adenililciclase promovendo a síntese de AMPc que se liga ao canais de Na e Ca que se abrem provocando o influxo desses ions, o aumento da [] de Ca causa abertura dos canais de Cl, gerando um efluxo dessa ion, acentuando a despolarização. A codificação é realizadano axônio deste neurônio primário. O axônio se projeta para o crânio através da lamina crivosa formando o nervo olfatório que se projeta ao bulbo olfatório. Os neurônios de segunda ordem encontram-se em um gânglio da base. 
Os quimiorreceptores da gustação são células epiteliais localizadas nos botões gustativos da língua, que estão em contato com a saliva, esta por sua vez, dissolve os gustantes que serão reconhecidos pelos receptores de membrana das células que realizam a transdução. Os quimioceptores fazem sinapse com um neurônio de segunda ordem em sua região basal. O neurônio de segunda ordem realiza a codificação do sinal. Os receptores geram os potenciais geradores de acordo com as submodalidades. Salgado e azedo geram potenciais despolarizantes pela abertura de canais iônicos de Na e H, respectivamente. Já as modalidades doce e amargo geram potenciais despolarizantes pela mecanismo de segundo mensageiros, através de receptores matabotropicos. 
Capítulo 9 – A visão das coisas
	A amplitude da luz determina a intensidade (ou brilho) percebido pelo indivíduo enquanto o comprimento de onda se relaciona com a cor. Submodalidades da visão: 1) medida da intensidade da luz ambiente; 2) localização espacial; 3) medida de brilho; 4) discriminação de formas; 5) detecção de movimento e 6) visão das cores.
1. O Olho, uma câmera superautomática
1.1 Posicionamento automático dos olhos
	Há muitos tipos de movimentos oculares, quanto à coordenação binocular podem ser conjugados se os dois olhos se movem com o mesmo sentido e na mesma velocidade, ou disjuntivos, se se movem em sentidos diferentes (convergentes ou divergentes). Quanto à velocidade podem ser sacádicos se forem muito rápidos e independentes do movimento dos objetos externos; de segmento, se forem lentos e “presos’ ao deslocamento de algum objeto; quanto a trajetória podem ser radiais quando o eixo visual se desloca angularmente para qualquer sentido; torcionais, quando o eixo permanece fixo movendo-se os olhos em rotação à sua volta.
	A complexa capacidade motora dos olhos é função de 3 pares de músculos estriados inseridos em pontos estratégicos do globo ocular e no crânio. Esses músculos são comandados por neurônios motores situados no mesencéfalo e no tronco encefálico (oculomotor, troclear e abducente). 
1.2. Autofoco
	O olho possui duas lentes principais que participam da formação da imagem na retina: a córnea e o cristalino. A córnea contribui com o poder de convergência de cerca de 40 dioptrias e o cristalino adiciona cerca de 10 dioptrias. Os raios provenientes da cena visual sofrem grande refração ao entrar na córnea. 
	A focalização da imagem automática dos objetos visuais baseia-se na natureza elástica do cristalino e na sua particular sustentação pelas fibras conjuntivas da zônula. Em repouso, o cristalino fica ligeiramente esticado pela tensão de sua própria elasticidade, que encontra resistência nas fibras da zônula (ligamento) fixadas no corpo ciliar. Quando as fibras musculares (músculo) do corpo ciliar se contraem, diminui a tensão sobre o cristalino e a elasticidade deste faz com que se torne mais esférico e com a curvatura mais acentuada. O mecanismo é contra-intuitivo. Acomodação para longe: cristalino esticado; acomodação para perto: cristalino curvo.
	Acomodação: processo fenômeno-fisiologico de focalização automática da imagem sobre a retina. Depende da vergencia dos olhos e da variação o diâmetro pupilar. A pupila é um orifício formada pela íris e contém dois conjuntos de músculos lisos: fibras circulares, que promovem seu fechamento (miose), e fibras radiais que causam sua abertura (midríase).
	A acomodação para perto envolve uma tríade fisiológica, a tríade da acomodação, composta por: 1) convergência dos olhos, 2) miose e 3) aumento da curvatura do cristalino. A acomodação para longe é exatamente o oposto: 1) divergência dos olhos, 2) midríase e 3) diminuição da curvatura do cristalino. A tríade da acomodação é também um reflexo visuomotor, controlado por núcleos subcorticais situados em uma região do cérebro entre o mesencéfalo e o diencéfalo. Para promover a constrição pupilar e o relaxamento da zônula, os neurônios pé-tectais acionam os neurônios do núcleo de Edinger-Westphal no mesencéfalo, cujos axônios se incorporam ao oculomotor. 
1.3. Filtragem dos raios indesejados e eliminação de reflexos espúrios
	O controle sobre o tipo de energia da radiação incidente envolve a córnea que absorve parte dos raios UV, e o controle da quantidade de energia da radiação envolve o fechamento da pupila. Esse reflexo fotomotor representa um mecanismo de regulação da luminância da imagem que se forma sobre a retina. É utilizado pelos médicos para avaliar o estado funcional do mesencéfalo e do tronco encefálico dos pacientes, mediante observação com uma pequena lanterna subitamente ligada sobre o olho.
	Para evitar a distorção das imagens pelo reflexo da luz, entre a retina e a esclera encontra-se a camada pigmentada que absorve a luz (coroide, rica em vasos sanguíneos que nutrem a retina e coberta por epitélio rico em melanina – pigmento que absorve a luz). 
1.4. Manutenção e lubrificação dos meios transparentes
	A córnea é lavada constantemente pelo fluido lacrimal secretado pelas glândulas lacrimais (controladas pelo nervo facial) e distribuído de modo uniforme por duas cortinas mucosas que descem e sobem sobre ela, as pálpebras. O liquido intraocular é secretado pelas células epiteliais do corpo ciliar na câmara posterior e a maior parte dele distribui-se na câmara anterior, constituindo o humor aquoso. A secreção ativa e continua do liquido intraocular origina uma pressão interna que deve ser mantida em torno de 15 a 16 mmHg. A estabilidade dessa pressão depende do equilíbrio entre a secreção e a drenagem do humor aquoso. Quando ocorre a obstrução do canal de Schlemm aumenta a pressão intraocular causando opacificação dos meios opticos e lesão da retina (glaucoma). A opacificação dos meios opticos é a catarata, que pode ter outras causas além do glaucoma.
2. A Estrutura do Sistema Visual
2.1. Retina e Nervo Óptico
	Existe a visão específica para baixos níveis de luz, a visão escotópica (bastonetes), e outra para altos níveis de luz, a fotópica (cones). Uma região circular com escassos vasos sanguíneos, às vezes amarelada, é a mácula lútea; e em seu centro há uma área de maior acuidade visual, onde só há fotorreceptores, especialmente cones – a fóvea (participa da fotópica). 
	A retina adquiriu a capacidade de regular a sua sensibilidade, um fenômeno que leva o nome de adaptação e acontece em decorrência da variação de luminosidade do ambiente. Além da mudança de diâmetro pupilar para diminuir ou aumentar a quantidade de luz incidente, ocorre também regulação da quantidade de fotopigmento disponível, seja um aumento por ressíntese, no escuro, ou diminuição por ação da luz intensa, no claro.
	O exame de fundo de olho permite observar também uma estrutura importante: o disco óptico ou papila do nervo óptico, um pequeno círculo próximo à máscula lútea, que corresponde ao local de convergência das células ganglionares por onde passam também os vasos sanguíneos que irrigam e drenam a retina. Nesse ponto se forma o nervo óptico, onde não há retina, tratando-se do ponto cego. 
2.2. Diferentes funções, diferentes estímulos
	O nervo óptico reúne um conjunto de fibras das células ganglionares retinianas. De cada globo ocular parte um nervo em direção À linha média e ambos se encontram no quiasma óptico, strutura em forma de x, onde cruzam para o lado oposto, dando origem ao trato óptico. O primeiro destino de algumas fibras retinianas é uma região do hipotálamo, o núcleo supraquiasmático, que participa da sincronização do nosso relógio biológico com o ciclo dia e noite. 
	A maioria das fibras do nervo óptico dirige-se a 3 grandes regiões encefálicas: o diencéfalo, a região limítrofe deste com o mesencéfalo e o mesencéfalo propriamente dito. No diencéfalo esta o alvo mais relevante para a percepção visual, o núcleo geniculado lateral,que recebe fibras provenientes das células ganglionares retinianas de ambos os olhos e envia axônios ao córtex visual primário do mesmo lado. Na junção diencéfalo-mesencefalica ficam conjuntos de diferentes pequenos núcleos, os núcleos pé-tectais, que formam sinapses com fibras retinianas de ambos os olhos participando do mecanismo de acomodação e outros reflexos oculomotores destinados a estabilizar a imagem projetada sobre a retina. No mesencéfalo situa-se o colículo superior, que participa dos reflexos de orientação dos olhos, da cabeça e do corpo em relação aos estímulos visuais. Os neurônios do colículo superior projetam axônios para diversos núcleos motores do tronco encefálico e da medula. 
	O núcleo geniculado lateral apresenta 6 camadas celulares, identificadas por números de 1 a 6 da mais interna para a mais externa. As camadas 2, 3 e 5 são ipsilaterais, e as camadas 1, 4 e 6 são contralaterais. A maioria odos neurônios do núcleo geniculado lateral projetam seus axônios para o córtex. 
2.3. Multiplas áreas do córtex visual
	As fibras que emergem do geniculado em direção ao córtex são as radiações opticas, que entram na capsula interna formando um leque que se reúne novamente na substancia branca cortical. Na altura de V1, as fibras geniculares penetram na substancia cinzenta e terminam na camada 4. 
	A área visual primaria ou V1, também chamada de estriada, recebe maciçamente do núcleo geniculado lateral. Em torno de V1 distribuem-se outras áreas de função visual conhecidas como áreas extra-estriadas, que recebem nomes de V2, V3, V4, V5, V6. 
	As vias de informação distribuídas a partir de V1 são: via dorsal, responsável pelos aspectos espaciais da visão como a localização dos objetos no espaço, identificação da direção dos objetos em movimento e a coordenação visual dos movimentos; e via ventral, responsável pelo reconhecimento dos objetos, suas formas e suas cores.
2. Localização espacial dos objetos no mundo visual
	Campo visual completo resulta da superposição parcial dos campos de cada olho. Uma ampla região à nossa frente é vista simultaneamente por ambos os olhos, é o campo binocular. Além disso, podemos observar para os lados duas regiões vistas apenas por cada um dos olhos: são os campos monoculares direito e esquerdo. Existem portanto mapas retinotópicos no colículo superior, no pretecto e no núcleo geniculado lateral e também nas diferentes áreas corticais. Trata-se de uma representação topográfica (ordenada) do campo visual no tecido nervoso. 
	A retinotopia é também importante para a percepção, principalmente porque a grande amplificação da região de representação da fóvea (como em V1) permite a analise detalhada de cada pequeno segmento da imagem projetada.
3. A medida da intensidade luminosa
	A avaliação da intensidade de um estímulo depende de vários fatores: 1) do nível de adaptação da retina; 2) do nível de “ruído” interno do próprio sistema visual; 3) da cor do estímulo; e 4) das condições de contorno em volta do estímulo. 
	O nível de adaptação da retina é a regulação da sensibilidade à intensidade luminosa. O nível de ruído interno é a atividade espontânea dos neurônios (disparam impulsos mesmo na ausência completa de luz). A cor é a medida de intensidade luminosa que o sistema visual realiza porque os fotorreceptores são mais sensíveis a uma determinada faixa de espectro. A medida de intensidade de um estimulo depende das condições de contorno desse estímulo: uma mesma figura que tenha a mesma luminência pode ser percebida como mais intensa (mais clara) se estiver sobre um fundo escura ou menos intensa (escura) se estiver sobre um fundo claro.
4. Identificação da forma dos objetos
	A identificação da forma dos objetos presentes no mundo visual é realizada da combinação das atividades dos canais M e P do sistema visual e consiste em: identificação de bordos de contraste que delimitam o objeto e avaliação tridimensional do objeto em relação ao ambiente. Ocorre através do mecanismo de inibição lateral propriciado nas células horizontais e amácrinas, que criam uma periferia antagônica ao centro do campo receptor das células bipolares e ganglionares.
	A análise da forma dos objetos é apenas iniciada pelo V1. Essa analise continua ao longo da via ventral das áreas corticais extra-estriadas, seguindo para v2, depois v4 e córtex ínfero-temporal, no giro temporal inferior. Nesse trajeto, os campos receptores vão tornando maiores e a retinotopia menos específica. Mas os requisitos de estimulação para ativar as células passam a ser mais sofisticados. Pacientes com lesões nessas áreas perdem a capacidade de reconhecer objetos e desenhos (agnosias) e alguns perdem a capacidade de reconhecer faces (prosopagnosia), até mesmo a sua própria vista no espelho.
	A detecção da profundidade (visão 3D ou estereoscópica) é uma submodalidade que depende de muitos fatores: cooperação entre os dois olhos (binocularidade) e a distância entre os dois pontos estimulados por uma mesma porção da imagem nas retinas (disparidade). Alguns neurônios do córtex visual são seletivos para a disparidade.
5. A detecção dos movimentos
	O movimento de segmento dos olhos faz com que a imagem se mantenha no mesmo ponto da retina. O objeto em movimento se mantem fixo pelos movimentos dos olhos, mas o cenário de fundo se desloca na direção oposta. O sistema visual para obter informação sobre os objetos que se movem no campo visual utiliza de dois mecanismos: passagem da imagem sobre diferentes locais da retina e informação proprioceptiva e motora originada na ativação dos músculos extraoculares. 
5.1. Canal de movimento
	Os processamentos dos movimentos estendem-se aos grumos da camada 4b de V1, as bandas largas de V2 e as áreas V3 e V5 do córtex visual. A área V5 (também chamada de temporal média) parece ser a região cortical mais específica para o movimento. Pacientes com lesões nessa área apresentam acinetopsia (tornam-se incapazes de perceber visualmente o movimento das coisas). 
6. Visão e Cores
	Os cones possuem 3 tipos diferentes de pigmentos (um para cada cor primária). Os bastonetes possuem um único tipo de pigmento: a rodopsina (para o verde). O modo de operação dos fotorreceptores na visão de cores é necessariamente cooperativo.
6.1. Percepção das cores
	A percepção depende de 4 fatores básicos: a discriminação das cores, a oposição cromática, o contraste de cor e a constância de cor.
Os movimentos podem ser chamados de voluntários ou involuntários, aqueles que temos consciência e os inconsciente, respectivamente. Os involuntários podem ser simples e envolveram poucos músculos (atos reflexos) ou serem complexos e envolverem diferentes músculos num determinado instante (reações reflexas). Os movimentos voluntários e involuntários podem se misturar para controlar a postura (posturais) ou para a execução de atos motores delicados, utilizando-se de músculos axiais (próximos a coluna) e distais (extremidades).
O sistema motor é composto de 4 componentes. Os efetuadores representados pelos músculos, os ordenadores compostos pelos mecanismo de controle neural (medula, tronco encefálico, córtex cerebral e mesencéfalo), os controladores representados pelo cerebelo e os planejadores relacionados as áreas não motoras do córtex cerebral.
EFETUADORES
Os músculos possuem uma capacidade contrátil devido ao citoesqueleto composto por proteínas que se contraem a partir da sinalização molecular de potenciais de ação, tornando as células musculares excitáveis. As células musculares são formadas por fibras constituídas a partir da fusão dos mioblastos durante a embriogênese. As extremidades das fibras são revestidas por tecido conjuntivo fibroso que forma os tendões nas porções distais e a aponeurose no centro dos músculos.
Cada fibra muscular é inervadas por um único neurônio por possuírem fatores tróficos específicos de troca mutua; o axônio se ramifica podendo assim inervar fibras vizinhas com fatores tróficos iguais. A sinapse ocorre numa área chamada de placa motora, que pode ser excitada a partir da liberação

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